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Sistema Tegumentocutâneo

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Sistema Tegumentocutâneo

A pele:
 A pele recobre toda a superfície externa do corpo e é contínua
com as mucosas do tracto gastrointestinal, respiratório, urinário
e com as conjuntivas palpebrais.
 A pele corresponde a cerca de 8% da massa total corporal.
 A sua espessura varia entre 1,5 a 4mm, consoante a idade e
especializações regionais. A pele da face ventral (anterior) é
mais fina que a pele da face dorsal (posterior).
 É o maior órgão em superfície do corpo humano
Estrutura da pele
A pele é constituída por duas camadas fundamentais:
 Epiderme: camada externa, mais fina e não vascularizada, rica
em queratinócitos (queratina). Existem outras estruturas
celulares – melanócitos (melanina), células de Langerhans
(sistema imunitário) e células de Merkel (sistema nervoso).
 Derme: camada interna, mais espessa e muito
vascularizada,onde estão ancoradas as glândulas sebáceas,
sudoríparas e folículos pilosos.
 O Tecido subcutâneo ou hipoderme serve de suporte à pele e é
constituído sobretudo por tecido adiposo e tecido linfático.
Epiderme
A epiderme é constituída por cinco camadas:
 Estrato córneo Mais superficial
 Estrato lúcido ou claro
 Estrato granuloso
 Estrato espinhoso
 Estrato basal ou germinativo
Mais profundo

• A célula principal é o queratinócito, responsável pela produçãode


queratina, que confere características de rigidez (barreira) e
impermeabilidade.
• No estrato germinativo, mais profundo existe elevada actividade
mitótica de células-tronco (pluripotentes), que sofrem processo de
queratinização à medidas que afloram as camadas mais superficiais.

Estrato basal ou germinativo


• O estrato germinativo é constituído por epitélio colunar ou cuboide,
com núcleos grandes e feixes de queratina.
• O estrato germinativo encontra-se ligado à lâmina basal (zona de
fronteira com a derme) por hemidesmossomas.
• A epiderme é avascular e por isso recebe a sua nutrição através dos
capilares das cristas dérmicas.
• No estrato germinativo tem lugar a proliferação celular da epiderme
a partir da mitose de células-tronco pluripotentes que se renovam ou
dão origem a células filhas.
• Estas células sofrem posteriormente diferenciação. A maioria
diferencia-se em queratinócitos.
• Os queratinócitos sofrem um processo contínuo de queratinização,
aumentando as suas fibras de queratina e migrando para as camadas
mais superficiais da epiderme.

Estrato espinhoso e granuloso


• O estrato espinhoso é constituído por um epitélio colunar compacto
de queratinócitos, ligados entre si por desmossomas, que lhe
conferem particular resistência.
• Neste estrato os queratinócitos estão intercalados com células de
Langerhans e melanócitos (também presentes no estrato
geminativo).
• No citoplasma dos queratinócitos existem lisossomas contendo
corpos lamelares ricos em fosfolípidos e grânulos proteicos.
• No estrato granuloso, os núcleos e componentes celulares
citoplasmáticos dos queratinócitos degeneraram; os filamentos de
queratina aumentam em espessura e forma-se um envelope proteico
nas membranas celulares.
• O citoplasma dos queratinócitos contém grânulos proteicos
(queratohialina), percursor da queratina e que lhes confere aspecto
granuloso.
• Os corpos lamelares libertam o seu conteúdo lipídico para o meio
extracelular, combinando-se com a filagrina e reforçando a barreira
impermeável nas camadas mais superficiais.

Estrato lucido e córneo


• Nestas camadas os queratinócitos estão diferenciados e possuem
grande quantidade de queratina. O estrato córneo é o produto final
da diferenciação epidérmica.
• Nestes estratos apenas existem células mortas, uma vez que foram
degenerados as suas membranas, núcleos e organelos. São
estruturas apenas constituídas por filamentos de queratina revestidos
por um envelope proteico, e organizadas numa rede de epitélio
escamoso.
• A camada lipídica intercelular persiste.
• Os estratos lúcido e córneo vão sofrendo renovação, através da sua
desagregação na porção mais superficial e removidos por escamação
do epitélio.
Queratinização

Células da epiderme: Melanócitos


• Os melanócitos são células derivadas da crista neural (células de
fase precoce da embriogénese) e formadoras de um pigmento – a
melanina – a partir do aminoácido tirosina.
• Nos melanócitos do estrato germinativo, os pigmentos de melanina
são formados no complexo de Golgi e armazenados nos lisossomas –
os melanossomas. Os lisossomas exportam melanina através da
membrana celular para os queratinócitos adjacentes.
• À medida que há desintegração dos organelos celulares nas
camadas mais superficiais da epiderme, a melanina difundese ficando
exposta.
• A melanina confere cor à pele e cabelo, existindo também nas
mucosas, sistema nervoso central e na camada coroide do olho,
conferindo cor à íris.
• A melanina protege contra a radiação UV. Os bronzeado surge por
fotoxidação da melanina e por aumento da sua produção.
• A quantidade de melanina produzida é influenciada pela exposição à
luz, ACTH (hormona adrenocorticotrópica), estrogénio e
progesterona. As diferenças de cor de pele também têm influência
genética, que afectam sobretudo a estrutura dos pigmentos (e não a
quantidade de melanina).
Células da epiderme- células de Langerhans
• As células de Langerhans são células imunitárias apresentadoras
de antigénio, presentes no estrato basal e espinhoso.
• Quando estimuladas por um antigénio estas células recolhem os
epítopos e migram para os tecidos linfoides, alcançando os gânglios
linfáticos, onde apresentam estes antigénio aos linfócitos B.
• A reposição de células de Langerhans é mantida pela medula óssea.
• Estas células também estão presentes noutros epitélios e tecidos.

Células da epiderme- células de Merkel


• As células de Merkel estão presentes no estrato germinativo e
espinhoso, e na bainha radicular do folículo piloso.
• Tem a função de receptor sensitivo, que responde à pressão
contínua e deformação da pele
Derme
 A derme é constituída por tecido conjuntivo, com uma matriz
de proteínas extracelular bem desenvolvida e intensa
vascularização e enervação.
 Tem duas zonas essenciais:
o Derme papilar: zona mais externa, composta por tecido
conjuntivo laxo, que contacta com a lâmina basal
(fronteira com a epiderme), onde possui um arranjo
celular com projecções citoplasmáticas que lhe dão nome
– papilas dérmicas.
o Derme reticular: zona mais interna que contacta com o
tecido subcutâneo, composta por tecido conjuntivo denso,
fibroblastos, colagénio e elastina.
 É na derme que se localizam os folículos pilosos, as glândulas
sebáceas e sudoríparas e a maioria dos receptores sensitivos.

Derme Papilar
• A derme papilar serve de ancoragem da membrana basal e
epiderme pelos hemidesmossomas e por feixes de colagénio, que lhe
conferem resistência.
• Cada crista ou papila dérmica possui uma arcada capilar que tem
como funções o suporte metabólico (mitocôndrias) e trófico da
epiderme.
• A derme papilar é importante na termorregulação, sendo a
zona efectora inicial dos processos de vasoconstrição e vasodilatação
periférica.
• A estrutura papilar é a responsável pelas impressões digitais que
formam padrões distintos, mesmo em gémeos idênticos.

Derme Reticular
• A derme reticular dá suporte a todas as outras zonas da pele, com
tecido conjuntivo denso, fibroblastos, fibras de colagénio e elastina e
adipócitos (células de gordura).
• O arranjo das fibras de colagénio está orientado em sentidos
diferentes, formando linhas de clivagem ou linhas de tensão. Estas
linhas de tensão formam-se a partir dos movimentos de padrão do
corpo e da tensão dos tecidos. As rugas, estrias e cicatrizes formam-
se de acordo com a afetação destas linhas.

Tecido Subcutâneo
• O tecido subcutâneo ou hipoderme é uma camada de tecido
conjuntivo que liga a pele às restantes estruturas: músculos, fáscias,
ligamentos e tendões.
• O tecido subcutâneo tem predominância de adipócitos – células com
vacúolos abundantes contendo lípidos – e que formam o designado –
panículo adiposo.
• O tecido subcutâneo é mais desenvolvido nas mulheres e em
algumas raças, por determinantes genéticos. As zonas de maior
espessura deste tecido tendem a ser centrais, sobretudo na região
abdominal, pélvica, inguinal, glúteos, coxas e mamas.

• Esta camada de adipócitos permite aumentar isolamento térmico e


o amortecimento de insultos exteriores, bem como constitui uma
reserva energética do metabolismo.
• Além dos adipócitos, coexiste uma extensa rede linfática, além da
rede vascular e nervosa (menos desenvolvida).

Funções da pele:
 Função de Barreira e Proteção
o barreira física com permeabilidade selectiva à água,
prevenindo a desidratação;
o barreira física e imunológica de protecção contra
microrganismos;
o barreira física e produção de melanina, para protecção
radiação (UV);
o barreira física de protecção contra o trauma mecânico e
agentes químicos.
 Função Endócrina: intervém na síntese de vitamina D.
 Função Sensorial: integra vias sensoriais da sensibilidade
discriminativa (tacto), álgica, térmica e vibratória.
 Excreção de água, iões e produtos metabólicos: intervém na
excreção de água, cloreto de sódio e produtos nitrogenados do
catabolismo proteico (ureia, ácido úrico e amónia).
 Termorregulação: intervém nos processos de regulação da
temperatura, através dos mecanismos de vasoconstrição e
vasodilatação periférica e da sudorese.

Função da pele- Função Endócrina


A síntese de vitamina D é a principal função endócrina da pele.
A vitamina D é sintetizada a partir de um tipo de colesterol presente
na pele (7-dehidrocolesterol) através da exposição à radiação
ultravioleta da luz solar.
Forma-se assim o colecalciferol, uma forma não ativada da vitamina
D (D3).
O colecalciferol (D3) formado na pele e ingerido é armazenado nos
adipócitos.
A ativação do colecalciferol faz-se através de hidroxilação no fígado
(forma-se 25-hidroxi-vitamina D ou calcidiol) e uma segunda
hidroxilação no rim (forma-se 1,25-hidroxivitamina D ou calcitriol).
O calcitriol é a forma ativa da vitamina D.
O calcitriol tem os seus efeitos a nível antioxidante e como regulador
da expressão genética (zona VDRE – vitamin D responsive element),
tendo influência direta no metabolismo do fósforo-cálcio
(metabolismo do osso) e no sistema imunitário.

Função da pele- Função Sensorial


A pele desempenha uma importante função sensorial, uma vez que é
responsável pela captação e transmissão de estímulos ao sistema
nervoso.
Os diferentes receptores na pele são especializados quanto ao tipo de
estímulo que recebem e transmitem. A figura ao lado resume os
estímulos sensitivos identificados pelos diferentes receptores.
As terminações nervosas livres e as células de Merkel existem na
derme e na porção mais profunda da epiderme. Os restantes
receptores localizam-se apenas na derme.

O tato discriminativo (capacidade de distinguir dois estímulos tácteis


a curta distância entre si) é sobretudo da responsabilidade dos
corpúsculos de Meissner e Paccini e é mais desenvolvido nos dedos,
mãos e pés e face.
Os estímulos s são transmitidos ao sistema nervoso central através
de uma rede de neurónios sensitivos aferentes. Estes estímulos
sofrem modulação nos gânglios nervosos (sinapses pré e pós
ganglionares) e na medula espinal antes de serem transmitidos ao
cérebro (figura).
Os diferentes estímulos combinam-se entre si – são integrados,
modulados e ascendem ao córtex cerebral por vias específicas. Assim,
alguns estímulos podem inibir ou alterar a perceção de outros. (ex:
alívio do estímulo doloroso com massagem e frio/calor).
O arco reflexo corresponde a um estímulo que é percecionado pelos
recetores sensitivos, transportado a corno da raiz dorsal da medula
por fibras rápidas, gerando uma resposta motora através das vias
eferentes, ainda antes do estímulo chegar ao cérebro. Este arco
reflexo é protetor de alterações súbitas ameaçadoras do organismo
(ex: queimadura e reflexo de retirada).
Anatomia e Fisiologia das Glândulas Cutâneas e Faneras
Unhas
A unha consiste numa estrutura derivada do estrato córneo, com um
tipo de queratina altamente resistente. É por isso uma estrutura sem
células vivas.
A unha cresce da zona da matriz até atingir o bordo livre.
O prato ungueal tem duas pregas laterais que se encerram da pele
circundante. A camada epitelial que recobre a unha proximalmente
designa-se por cutícula.
A lúnula é uma região proximal mais densa do prato ungueal, em que
não se verem os vasos presentes na derme, pelo que adquire uma
coloração esbranquiçada.
O leito ungueal é uma camada de tecido do estrato córneo epitelial
onde assenta o prato ungueal.
As unhas crescem 0,5 – 1,2mm por dia (maior crescimento no Verão
e mão dominante).
As unhas crescem a partir da matriz e leito ungueal. A maior
contribuição é da matriz.
As células da matriz sofrem mitose e migram para a raiz da unha,
onde se diferenciam em tecido córneo com queratina resistente e
espessa. A crescente migração de células e produção de queratina faz
com que a unha se expanda proximalmente (crescimento).
O crescimento da unha acontece durante toda a vida.

Pelo e Folículo Piloso


O pelo é comum aos mamíferos e recobre todo o corpo, exceto
palmas, plantas, mucosas e extremidade digital.
A distribuição pilosa é maior nos homens do que nas mulheres.
Durante o desenvolvimento o pelo muda de estrutura, desde o pelo
fino e despigmentado que cobre o feto (lanugo), até ao pelo definitivo
e pigmentado que se desenvolve na puberdade com o surgimento dos
caracteres sexuais secundários. À maturidade sexual correspondem
os estádios de Tanner.
A haste capilar (shaft) é a porção do pelo acima da epiderme. A raiz é
a porção abaixo da mesma.
O folículo piloso (bulb) é a sua porção mais interna, localizada na
derme.
Cada pêlo é constituído por 3 camadas:
 Cutícula – camada externa
 Córtex – camada intermédia Queratina espessa
 Medula – camada interna
O folículo piloso contém internamente a matriz – zona de crescimento
do pelo. A matriz contém células epiteliais indiferenciadas. Através de
divisão mitótica, estas vão ser a base do crescimento piloso. O pelo
cresce aproximadamente 0,3mm por dia.
Abaixo do folículo piloso existe uma zona de invaginação da derme
que se projeta para dentro do folículo. Esta papila dérmica está
associada a vasos capilares que nutrem o pelo, à semelhança do que
encontramos nas cristas dérmicas.
Glândulas Sebáceas
A cada unidade pilossebácea corresponde um pelo, músculo erector
do pêlo e uma glândula sebácea. Encontram-se localizadas na derme.
Tem estrutura de ácino glandular, com um ducto sebáceo que se abre
no canal piloso ou diretamente na epiderme (lábios, pálpebras,
ouvido, mamas e órgãos sexuais).
O sebo produzido deriva dos lípidos que são acumulados nos grandes
vacúolos das células e dos restos celulares após a sua diferenciação e
degeneração.
As células produtoras de sebo são semelhantes a queratinócitos,
diferenciado-se a partir de células tronco na base da glândula. À
medida que se diferenciam, os organelos celulares degeneram e os
vacúolos lipídicos tornam-se mais largos. Estes produtos são
secretados pelo ducto sebáceo, atingindo o pelo e a epiderme.
O sebo é constituído por triglicéridos, colesterol, ácidos gordos livres
e detritos celulares.
Tem função de proteção contra microrganismos, participa na
impermeabilização (lípidos) e produz odor característico. Na
adolescência, o estímulo androgénico aumenta a atividade.

Glândulas Sudoríparas e Sudação


As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme e possuem uma
estrutura tubular, com uma porção secretora em novelo e um ducto
excretor.
Existem dois tipos de glândulas sudoríparas:
• Écrinas/merócrinas – mais comuns em toda pele, com excreção
directamente para a epiderme através de um poro. Relacionam-
se intimamente com a regulação térmica.
• Apócrinas – existem sobretudo nas axilas, região inguinal e
perineal, com excreção para um ducto piloso. Libertam
substâncias que são metabolizadas pelas bactérias cutâneas e
produzem odor característico. Relacionam-se com os caracteres
sexuais secundários, hormonas androgénicas e função
reprodutiva.
• As glândulas sudoríparas écrinas ou merócinas produzem suor
(sudação) através do estímulo mediado pelo hipotálamo e sistema
nervoso autonómico (entre outros).
• Há passagem de água (aquaporinas) e cloreto de sódio (canais de
iões) através das células secretoras para o lúmen da glândula.
• Na região dos ductos, o lúmen reabsorve parte dos iões cloreto e
sódio, por acção da aldosterona, formando um fluido mais hipotónico.
• O suor é constituído por água e sais de cloreto de sódio, bem como
ureia, ácido úrico e ácido láctico.
• O suor actua por arrefecimento da pele e potencia a libertação de
calor através dos mecanismos de convexão e evaporação.

Mecanismos de Termorregulação
Temperatura Corporal Normal
• A espécie humana faz parte do grupo dos animais homeotérmicos,
também chamados animais de sangue quente, ou seja, que mantém
a sua temperatura num intervalo estreito de temperatura.
• A temperatura corporal permanece estável apesar de grandes
variações de temperatura externa. Isto torna possível a vida em
habitats e amplitudes térmicas que são extremas em algumas
localizações.
• A temperatura central normal é mantida numa faixa 37ºC ± 1ºC.
Esta definição de normal é efetuada com uma base estatística, sendo
que variações genéticas, epigenéticas e metabólicas individuais
contribuem para este largo intervalo.
• A temperatura varia ao longo do dia – variação circadiana – sendo
mais baixa na madrugada e atingindo o seu pico ao longo entre no
fim da tarde / início da noite (geralmente entre as 18h e as 22h).
• Na mulher, o ciclo menstrual também influencia a temperatura,
sendo mais elevada (geralmente + 0,5ºC) durante o período de
ovulação e pós-ovulatório.
A temperatura central normal é mantida numa faixa 37ºC ± 1ºC.
• A temperatura central é melhor estimada pela avaliação rectal ou
timpânica.
• A temperatura axilar é aproximadamente inferior em 1ºC.
• A temperatura oral é aproximadamente inferior em 0,5ºC.
• Os termómetros cutâneos podem apresentar grandes variações de
temperatura. São o método mais influenciado pelo ambiente externe
pelo local de avaliação.
• A temperatura corporal é produto do balanço entre a produção e a
perda de calor.
• A produção de calor dá-se através do movimento e contracção
muscular – mecanismo de curto prazo – e por processos metabólicos
que são mediados pela adrenalina e hormona tiroideia, e que
constituem mecanismos de estabilização no médio/longo prazo.
• A perda de calor dá-se maioritariamente através do fluxo sanguíneo
e da pele (pode corresponder até 30% do débito cardíaco), através
de fenómenos de:
o Vasodilatação periférica – aumento do calibre dos vasos
periféricos, permitindo um maior aporte de sangue à pele
(maior perda de calor)
o Vasoconstrição periférica – diminuição do calibre dos vasos
periféricos, limitando o aporte de sangue à pele (menor perda
de calor)
Nota: O débito cardíaco (quantidade de sangue que é bombeada pelo
coração em 1 minuto) também interfere na produção e perda de
calor.

Mecanismos de Ganho e Perda de Calor


• Radiação: a emissão de radiação infravermelha é responsável por
60% da perda de calor. Todas as substâncias com temperatura
superior ao zero absoluto (0ºK ou -273ºF) emitem radiação
infravermelha.
• Condução e Convexão: a perda de calor por contacto, seja
diretamente pelo ar e água adjacente ao corpo, seja pelo contacto
com estruturas ou objetos.
• Evaporação: corresponde à passagem do estado líquido para o
estado gasoso e que acontece na pele (evaporação do suor), mas
também através da respiração (saída de gás aquecido e vapor de
água). Necessita de grande gasto energético.
Corresponde a cerca de 20% da eliminação de calor.

Nota:

Se a temperatura externa for superior à temperatura interna, a radiação,


condução e convexão passam a ser mecanismos de ganho de calor! (risco
de golpe de calor em ambientes quentes).

Se a temperatura externa for superior à temperatura interna, a evaporação


é o único método fisiológico eficaz de perda de calor.

Mecanismos Reguladores da Temperatura Corporal


Para a manutenção da temperatura corporal central, existem
termorrecetores.

• Termorrecetores centrais: localizados no sistema nervoso central, órgãos


abdominais e grandes vasos, captam a temperatura do líquido intersticial
(extracelular):

• Recetores para o frio no mesencéfalo


• Recetores para o calor no hipotálamo anterior
• Termorrecetores periféricos: localizados na pele, mucosas (língua, bexiga)
e músculo, atuam por feedback negativo no hipotálamo:

• Recetores para o frio – corpúsculos de Krause


• Recetores para calor e frio – terminações nervosas livres

Nota: As vias nervosas da dor também modulam a termorregulação.

• Hipotálamo e Córtex cerebral:


o Ambos integram o estímulo dos termorrecetores.
o O hipotálamo verifica se está de acordo com o limiar
térmico predefinido e produz hormonas (abaixo).
o Ambos geram respostas através do Sistema Nervoso
Autonómico e Somático.
• Sistema Nervoso Autonómico e Somático:
o estimulam os efetores das ações (vasos, músculos,
glândulas sudoríparas)
• Sistema Endócrino e Hormonas:
o Tiróide e hormona tiroideia: tem papel na resposta ao
frio, através do aumento da produção de TRH
(thyrotropin-releasing hormone ou hormona tireotrópica
>> aumento TSH >> aumento da produção de tiroxina na
glândula tiroideia). (A tiroxina aumenta a taxa
metabólica, aumentando a produção de energia.)
o Glândulas suprarrenais e adrenalina/cortisol: através da
produção de CRH (corticotropin-releasing hormone ou
hormona adenocorticotrófica) >> ACTH >> produção de
cortisol, aldosterona e adrenalina.
o Aldosterona: papel na resposta ao calor, através da
intensificação da reabsorção de cloreto de sódio existente
no suor.
o ADH ou hormona antidiurética: papel no mecanismo da
sede e diminuição da diurese.

• Na exposição a temperaturas elevadas:


o Vasodilatação periférica (aumenta o aporte e
transferência de calor na pele)
o Aumento da sudorese (aumento da convecção e
evaporação)
o Aumento da sede e diminuição da produção de urina
(aumento da hormona antidiurética)
o Aumento da aldosterona (diminui a concentração de
cloreto de sódio no suor)
o Inibição do apetite e da atividade muscular (evicção
atividades que exijam aumento do metabolismo e da
produção de adrenalina)
• Na exposição a temperaturas baixas:
o Vasoconstrição periférica (diminui o aporte e
transferência de calor na pele)
o Inibição da sudorese (diminuição da convecção e
evaporação)
o Piloerecção e Tremor involuntário (produção de calor
transitória – mecanismo acessório)
o Aumento da produção de adrenalina e hormona tiroideia
(aumento do metabolismo e produção de calor)

Febre
 Na presença de uma infeção ou inflamação, apesar uma
temperatura externa adequada, existe um aumento da
temperatura corporal.
 As bactérias podem aumentar o limiar térmico ou
termostato do hipotálamo através de algumas toxinas e
ativação das vias inflamatórias (produção de interferão,
interleucinas e prostaglandinas).
 Ao aumentar o limiar térmico hipotalâmico, são emitidos
estímulos para atingir essa nova temperatura mais alta,
gerando mecanismos que conduzem à febre.
 Na subida térmica são frequentes os arrepios ou calafrio,
sensação de frio intensa e tremor, uma vez que o corpo
ainda está abaixo da temperatura definida como limiar
térmico pelo hipotálamo.
 No plateau térmico ou na descida térmica, é frequente
existir sensação de calor e sudorese, uma vez que o
hipotálamo já desceu o seu limiar térmico e o calor que
foi produzido é agora percecionado, com adoção de
mecanismos de perda de calor.

A febre é um mecanismo fisiológico produto da ativação inflamatória


e que pode ser benéfico no combate a infeções. Contudo, quando a
febre atinge valores elevados (>39ºC) pode ser prejudicial, sobretudo
para o sistema nervoso central (ex: convulsões)

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