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Crimes Militares em Tempo de Guerra Parte I

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STM

Direito Penal Militar III


Crimes Militares em Tempo de Guerra – parte I

Livro Eletrônico
DIREITO PENAL MILITAR III
Crimes Militares em Tempo de Guerra – Parte I
Prof. Péricles Mendonça

SUMÁRIO
Crimes Militares em Tempo de Guerra............................................................3
Da Traição..................................................................................................9
Traição.......................................................................................................9
Favor ao Inimigo....................................................................................... 10
Tentativa Contra a Soberania do Brasil......................................................... 11
Coação a Comandante............................................................................... 12
Informação ou Auxílio ao Inimigo................................................................. 13
Aliciação de Militar..................................................................................... 13
Ato Prejudicial à Eficiência da Tropa............................................................. 14

Da Traição Imprópria................................................................................. 16
Traição Imprópria...................................................................................... 16
Da Cobardia.............................................................................................. 16
Cobardia.................................................................................................. 16
Cobardia Qualificada.................................................................................. 17
Fuga em Presença do Inimigo..................................................................... 18
Da Espionagem......................................................................................... 19
Espionagem.............................................................................................. 19
Penetração de Estrangeiro.......................................................................... 19
Do Motim e da Revolta............................................................................... 20
Motim, Revolta ou Conspiração.................................................................... 20
Omissão de Lealdade Militar........................................................................ 21
Do Incitamento......................................................................................... 22
Incitamento.............................................................................................. 22

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Incitamento em Presença do Inimigo........................................................... 23


Da Inobservância do Dever Militar............................................................... 23
Rendição ou Capitulação............................................................................. 23
Omissão de Vigilância................................................................................ 24
Descumprimento do Dever Militar................................................................ 25
Falta de Cumprimento de Ordem................................................................. 26
Entrega ou Abandono Culposo..................................................................... 26
Captura ou Sacrifício Culposo...................................................................... 27
Separação Reprovável................................................................................ 28
Abandono de Comboio............................................................................... 29
Separação Culposa de Comando.................................................................. 29

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Prof. Péricles Mendonça

PÉRICLES MENDONÇA
Péricles Mendonça de Rezende Júnior é Agente da Polícia Civil do Dis-
trito Federal (aprovado no concurso realizado pelo CESPE em 2013).
Hoje, com 32 anos, tem em seu histórico aprovações em concursos
como o do BRB, Serpro (Analista), Secretaria de Educação (Analis-
ta de Gestão Educacional), MPU (Técnico e Analista), PMDF/2009 e
PCDF/2013 (Agente e Escrivão).

Crimes Militares em Tempo de Guerra

Recentemente, no final de 2017, tivemos uma alteração na definição dos crimes

militares, pela Lei n. 13.491/2017, mas não podemos confundir o art. 9º, que de-

fine os crimes militares em tempo de paz, com o artigo seguinte, que definirá os

crimes militares em tempo de guerra.

Esse é um assunto muito pouco abordado pelos doutrinadores e, consequente-

mente, muito pouco cobrado pelas bancas de concurso.

Acredito que os doutrinadores não abordam muito essa questão pelo fato do

Brasil não se encontrar em guerra e essa possibilidade ser bastante remota. Outro

ponto abordado por alguns doutrinadores é de que, caso o país se depare com uma

situação de conflito armado, como ocorreu na Segunda Guerra Mundial, será ime-

diatamente editadas leis que se ajustem à nova situação, como ocorreu nos anos

1940.

Ao estudarmos, na parte especial, os crimes militares em tempo de guerra, per-

ceberemos que já vimos alguns deles na parte que trata dos crimes militares em

tempo de paz, porém agora com um tratamento mais severo, podendo até mesmo

atribuir a pena de morte ao autor do delito.

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Mas professor, pena de morte? Quando estudamos Direito Constitucional vimos

que o Brasil proíbe a pena de morte.

Vamos dar uma olhada no estabelece a Constituição sobre esse tipo de pena:

Art. 5º, XLVII – não haverá penas:


de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

O art. 84, XIX, da Constituição, dispõe que compete privativamente ao Pre-

sidente da República a declaração de guerra. Portanto, como expresso em nossa

Carta Magna, podemos ver que realmente temos a vedação da pena de morte,

mas nos casos de guerra (casos que estudaremos em nossa aula), essa pena será

permitida.

Você já deve ter estudado a aplicação dessa pena na parte geral do Código Penal

Militar, mas apenas para relembrá-lo(a), essa pena será executada por fuzilamen-

to, conforme previsão expressa do art. 56 do CPM.

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

O que seria o tempo de guerra? O legislador apresentou esse entendimento no

art. 15 do Código Castrense.

Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa
com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobili-
zação se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada
a cessação das hostilidades.

Veja que esse artigo expõe exatamente quando começa e quando termina o

tempo de guerra, e é exatamente nesse lapso temporal que teremos a aplicação

dos crimes em tempo de guerra.

Conforme preceitua Jorge Romeiro, devemos entender o estado de guerra como

“o estado ou situação que resulta do recurso de um país à luta armada contra ou-

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tro, embora possa existir sem a realização sequer de um ato de força. Seria o caso,

por exemplo, de um estado declarar guerra a outro e, antes do confronto das res-

pectivas milícias, haver um acordo de paz. O que caracteriza o estado de guerra é

o animus bellandi”.

Outra informação importante que podemos perceber com a leitura do art. 15 é

que a declaração do estado de guerra se dá com um ato formal, que seria a decla-

ração ou decreto de mobilização.

A doutrina diverge no que tange ao encerramento do estado de guerra, alguns

doutrinadores entendem que seria também por um ato formal e outros, de forma

contrária, defendem a informalidade do ato.

Vamos iniciar agora o estudo do art. 10 do Código Penal Militar, que define os

crimes militares em tempo de guerra.

Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:


I – os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
II – os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na
lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente:
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiên-
cia ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança
externa do País ou podem expô-la a perigo;
IV – os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território es-
trangeiro, militarmente ocupado.

O legislador apresenta quatro hipóteses para o delito militar em tempo de guerra.

O inciso I define como sendo aqueles especificamente idealizados para o tempo

de guerra, que já estão citados no Livro II. Como vimos no início de nossa aula, são

os crimes que possuem uma maior rigidez tendo como pena até mesmo a morte.

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O próximo inciso, é aquele que será cobrado em sua prova e o seu concorrente

vai errá-lo (rs.). O legislador afirmou que os crimes militares em tempo de paz, ou

seja, aqueles previstos no art. 9º, I, também serão considerados crimes militares

em tempo de guerra e para esses crimes o próprio legislador já previu um aumento

de pena de um terço.

Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se
as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.

Temos que tomar cuidado, porque como vimos anteriormente, alguns crimes

são definidos tanto no título dos crimes em tempo de paz quanto nos crimes em

tempo de guerra, então, nesse caso, prevalecerá a previsão específica para o tem-

po de guerra.

Mas, por exemplo, se for um crime previsto somente no título anterior, a pena

será aumentada de um terço, conforme prevê o art. 20 do Codex.

O inciso seguinte estabelece que serão também crimes militares em tempo de

guerra os crimes militares impróprios, previstos no art. 9º, II, desde que praticados

em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado, ou em qualquer lugar

que comprometa ou possa comprometer a preparação, a eficiência ou as operações

militares ou, de qualquer outra forma, atentar contra a segurança externa do País

ou expô-la a perigo.

Por fim, o último inciso abrange bem mais amplamente os crimes em tempo de

guerra. Todo e qualquer crime, previsto no Código Penal ou na legislação extra-

vagante, poderá ser um crime militar em tempo de guerra desde que praticados

em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente

ocupado.

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Professor, eu entendi até agora o que foi dito, só não entendi porque estamos

estudando a parte geral do CPM, quando os crimes militares em tempo de guerra

estão na parte especial.

Eu sei que ainda estamos na parte geral do Código Penal Militar, mas tudo isso

é com o intuito de abordar todo o assunto “crimes em tempo de guerra”.

Continuando o nosso estudo, eu pergunto: o civil poderá cometer crimes milita-

res em tempo de guerra?

Como sabemos, um civil poderá ser julgado pela Justiça Militar da União, no

cometimento de um crime militar, mas não cumprirá a sua pena em um estabele-

cimento prisional militar. Vejamos o que dispõe o art. 62 do CPM.

Art. 62. O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento pri-
sional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos
benefícios e concessões, também, poderá gozar.

Mas como estamos percebendo, em tempo de guerra, a legislação se torna mui-

to mais rígida e não seria diferente nesse caso.

O parágrafo único do art. 62 afirma que se o civil for condenado pela prática de

um crime militar em tempo de guerra, ficará sujeito ao cumprimento da pena em

penitenciária militar.

Parágrafo único. Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil
ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em
benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença.

Outra rigidez trazida pelo Código Castrense é quanto à vedação da aplicação da

suspensão condicional da pena, o “sursis” (meu querido(a) operador(a) do Direito,

lembre-se de que não pronunciamos o “s” ao final da palavra, somente o escreve-

mos).

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Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:


I – ao condenado por crime cometido em tempo de guerra;

Você acha que acabou? Ainda não. O livramento condicional também não será

aplicado em caso de crimes cometidos em tempo de guerra.

Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao condenado por crime cometido em


tempo de guerra.

Bom, veja que a parte geral do Código Penal Militar tem informações importan-

tíssimas para a sua prova a respeito dos crimes praticados em tempo de guerra.

Passaremos, agora, ao estudo dos crimes em tempo de guerra, especificados no

livro II do Codex.

Antes de iniciarmos o nosso estudo, faço uma observação importante para a sua

prova. As bancas costumam cobrar exatamente a letra da lei, portanto é de suma

importância a leitura da “lei seca”.

Eu sei que não existe só essa matéria para a sua prova, mas o(a) aconselho a

tirar alguns minutos do seu tempo para a leitura da legislação que será cobrada em

seu certame.

Quando estiver deitado(a), se preparando para dormir, pegue o seu vade me-

cum e leia por 30 minutos as leis que serão cobradas. Faça isso todos os dias até a

data da sua prova e você verá que esse tempo terá sido muito útil.

Vamos às últimas observações feitas sobre a parte geral para enfim entrarmos

na parte especial.

Veremos por diversas vezes o legislador utilizando as expressões “o nacional” e

“na presença do inimigo”. O legislador castrense já tratou de mostrar o significado

dessas expressões, como podemos observar nos arts. 25 e 26 do CPM.

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Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em


zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a “brasileiro” ou “nacional”, compreen-
de as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os
apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.

Da Traição

Querido(a), alguns doutrinadores buscam fazer uma diferenciação entre a trai-

ção e a espionagem, sendo que a traição seria cometida por um brasileiro e a es-

pionagem por um estrangeiro.

Para a nossa prova, essa diferença não é tão relevante. O que devemos saber é

que o Código Castrense adotou o critério da nacionalidade para diferenciar a trai-

ção da traição imprópria.

Então, todos os crimes de traição serão cometidos pelo nacional e a traição im-

própria pelo estrangeiro, como veremos em nossa aula.

Traição

Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço
nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Temos como elemento subjetivo o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente

de servir outras forças que estejam em guerra contra o Brasil.

O autor responderá pela traição, pois passará a defender a nação inimiga, aban-

donando o civismo e o patriotismo.

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Como acabamos de ver, os crimes de traição tem como agente ativo o nacional,

que são as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição Federal.

Características:

• Bem jurídico tutelado: soberania do Estado brasileiro e a segurança nacional;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o Estado brasileiro ou Estado aliado;

• Consumação: o delito se consuma com a entrada do autor nas Forças Arma-

das do país oponente ou até mesmo algum ato beligerante contra o Brasil;

• Delito plurissubsistente, ou seja, admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Favor ao Inimigo

Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional favorecer o inimigo, prejudicar ou tentar


prejudicar o bom êxito das operações militares, comprometer ou tentar comprometer a
eficiência militar:
I – empreendendo ou deixando de empreender ação militar;
II – entregando ao inimigo ou expondo a perigo dessa consequência navio, aeronave,
força ou posição, engenho de guerra motomecanizado, provisões ou qualquer outro
elemento de ação militar;
III – perdendo, destruindo, inutilizando, deteriorando ou expondo a perigo de perda,
destruição, inutilização ou deterioração, navio, aeronave, engenho de guerra motome-
canizado, provisões ou qualquer outro elemento de ação militar;
IV – sacrificando ou expondo a perigo de sacrifício força militar;
V – abandonando posição ou deixando de cumprir missão ou ordem:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

O autor favorece o inimigo, prejudicando o bom andamento das operações mi-

litares. Para se enquadrarem nesse tipo penal, esse favorecimento deve se dar por

meio das ações ou omissões descritas pelo tipo penal em seus incisos.

Esse delito também tem como elemento subjetivo o dolo.

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Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o crime se consumará com a prática ou omissão das condutas

trazidas nos incisos;

• Temos um crime de atentado ou de empreendimento, já que sua própria des-

crição prevê expressamente a conduta de tentar um resultado;

• A ação penal é pública incondicionada.

Tentativa Contra a Soberania do Brasil

Art. 357. Praticar o nacional o crime definido no art. 142:


Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Veja que esse é um dos crimes previstos no Código Penal Militar que, se cometi-

dos em tempo de paz, terão uma pena e, em tempo de guerra, terão outra. Nesse

caso, não será aplicado o aumento de um terço previsto no art. 20 do código.

Temos, aqui, um crime de atentado, no qual o nacional tentará, a mando de

uma autoridade estrangeira, criar um espaço no território nacional onde o Brasil

não teria a sua soberania.

Essa tentativa poderá se dar através da luta armada ou qualquer outro meio.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado, a integridade do território na-

cional e a Federação brasileira;

• Elemento subjetivo: dolo;

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• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma quando o autor tenta qualquer das con-

dutas descritas no tipo penal, ou seja, pratica um ato buscando seu alcance;

• Temos um crime de atentado ou de empreendimento, já que sua própria des-

crição prevê expressamente a conduta de tentar um resultado;

• A ação penal é pública incondicionada.

Coação a Comandante

Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar de violência ou ameaça, provocar tumulto


ou desordem com o fim de obrigar o comandante a não empreender ou a cessar
ação militar, a recuar ou render-se:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Nesse caso, o nacional, tentará usar da conspiração, da violência ou da desor-

dem para forçar o comandante a recuar, a não atacar ou até mesmo a se render.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado, bem como a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo específico;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país, a instituição militar e o comandante;

• Consumação: o delito se consuma com a submissão do comandante ao autor;

• É um crime plurissubsistente, portanto admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

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Informação ou Auxílio ao Inimigo

Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou auxílio que lhe possa facilitar a
ação militar:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Veja que não é necessário que a informação ou o auxílio causem prejuízo ao

Brasil, basta que essa informação sensível seja o suficiente para facilitar a ação

militar inimiga.

Então, se a informação atentar contra a segurança nacional, já teremos o crime

configurado, trata-se de um delito formal.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a segurança nacional;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma com o fornecimento da informação ou au-

xílio ao inimigo;

• É um crime plurissubsistente, portanto admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Aliciação de Militar

Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a passar-se para o inimigo ou prestar-lhe


auxílio para esse fim:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

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O autor do delito faz com que o militar se desvincule de sua moral e ética e pas-

se a atender aos interesses do inimigo, seja lutando a seu lado, seja simplesmente

prestando informações.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma quando o ouvinte se deixa seduzir e con-

corda com o autor;

• A tentativa é discutível pela doutrina, quando o militar não é convencido a

passar para o inimigo ou prestar auxílio;

• A ação penal é pública incondicionada.

Ato Prejudicial à Eficiência da Tropa

Art. 361. Provocar o nacional, em presença do inimigo, a debandada de tropa, ou


guarnição, impedir a reunião de uma ou outra ou causar alarme, com o fim de nelas
produzir confusão, desalento ou desordem:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

O autor deverá, na presença do inimigo, provocar tumulto na tropa. Veja que

o legislador cita debandada, impedimento de reunião ou qualquer coisa com o fim

de produzir uma confusão na tropa, produzir desordem.

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Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a segurança nacional;

• Elemento subjetivo: dolo específico;

• Sujeito ativo: o nacional;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma com a debandada da tropa, ou guarnição,

com o impedimento de sua reunião ou com a causa do alarme;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Como eu já havia comentado com você, os crimes de traição são todos prati-

cados por nacional, enquanto o que veremos logo abaixo, de traição imprópria, é

praticado por estrangeiro.

Outro ponto importante que devemos observar é que todos os crimes de traição

têm como pena de morte a aplicação em seu grau máximo.

Somente a título de curiosidade, você sabia que o Brasil já teve duas pessoas

condenadas à pena capital?

Pois é, dois soldados brasileiros foram condenados pelo estupro e homicídio de

uma jovem na Itália enquanto serviam o País na Segunda Guerra Mundial. Mesmo

condenados, a pena não foi executada.

O Presidente da República à época, Getúlio Vargas, comutou a pena, primeiro

para 30 anos de prisão e, posteriormente, para 6 anos de reclusão.

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Da Traição Imprópria

Traição Imprópria

Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes previstos nos arts. 356, ins. I, primeira
parte, II, III e IV, 357 a 361:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau mínimo.

Como comentado anteriormente, a diferença entre os crimes de traição e a

traição imprópria é o sujeito ativo: naqueles é o nacional e, neste, é o estrangeiro.

Então, os crimes permanecem com as mesmas características, porém com o

sujeito ativo é o estrangeiro. Foi adotado o critério da nacionalidade para essa di-

ferenciação.

Da Cobardia

Cobardia

Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o militar, por temor, em presença do ini-


migo, ao cumprimento do dever militar:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.

Já na definição do crime de cobardia, o legislador deixou claro que o sujeito ati-

vo seria o militar, diferente dos outros tipos onde utilizou expressões “o nacional”

e “o estrangeiro”, portanto temos um crime propriamente militar.

O militar deverá furtar-se de seu dever, por medo, e deverá ser na presença do

inimigo.

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A ideia é que o militar teve um treinamento específico para o momento de com-

bate e quando o país mais precisa, o militar se acovarda e abandona seus pares e,

consequentemente, o país.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: o militar;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma quando o militar deixar de cumprir o seu

dever ou tentar se eximir;

• Temos um crime de atentado ou de empreendimento, já que sua própria des-

crição prevê expressamente a conduta de tentar um resultado;

• A ação penal é pública incondicionada.

Cobardia Qualificada

Art. 364. Provocar o militar, por temor, em presença do inimigo, a debandada de


tropa ou guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou causar alarme com o fim de
nelas produzir confusão, desalento ou desordem:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

A ideia é a mesma do delito anterior, mas tem um rigor maior porque aqui, o mi-

litar, ainda por medo, provoca o caos em toda a tropa, provocando uma debandada.

Pelo medo que sente, o autor provoca ações no sentido de prejudicar a eficiên-

cia da tropa.

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Crimes Militares em Tempo de Guerra – Parte I
Prof. Péricles Mendonça

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado;

• Elemento subjetivo: dolo específico;

• Sujeito ativo: o militar;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma com a debandada da tropa, com o impedi-

mento de suas reuniões;

• Diferente do delito de cobardia, a sua forma qualificada admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Fuga em Presença do Inimigo

Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, em presença do inimigo:


Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

O tipo penal é bem direto. É punido aquele militar que, na presença do inimigo,

foge ou incita a fuga aos demais.

O militar está fugindo do combate com o inimigo.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e o serviço militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: o militar;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma com a fuga propriamente dita ou com a

incitação;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

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Crimes Militares em Tempo de Guerra – Parte I
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Da Espionagem

Espionagem

Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previstos nos arts. 143 e seu § 1º, 144 e seus
§§ 1º e 2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo a preparação, a efici-
ência ou as operações militares:
Pena – cobardia morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
Parágrafo único. No caso de concurso por culpa, para execução do crime previsto no art.
143, § 2º, ou de revelação culposa (art. 144, § 3º):
Pena – reclusão, de três a seis anos.

Mais uma vez o legislador castrense apresenta um delito que faz referência a

outros, definidos no primeiro livro do Código Penal Militar.

Nesse caso, foi feita a referência aos crimes de consecução de notícia, informa-

ção ou documento para fim de espionagem, revelação de notícia, informação ou

documento e penetração com o fim de espionagem.

Esses delitos têm como objeto jurídico tutelado a segurança externa do Brasil

e caso sejam praticados em tempo de guerra, o legislador atribuiu como pena, em

grau máximo, a morte.

Penetração de Estrangeiro

Art. 367. Entrar o estrangeiro em território nacional, ou insinuar-se em força ou uni-


dade em operações de guerra, ainda que fora do território nacional, a fim de colher
documento, notícia ou informação de caráter militar, em benefício do inimigo, ou
em prejuízo daquelas operações:
Pena – reclusão, de dez a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.

O estrangeiro entra em solo nacional, com a intenção de colher informações ou

documentos militares que prejudiquem a nossa tropa e auxiliem a tropa inimiga.

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Crimes Militares em Tempo de Guerra – Parte I
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O crime poderá ocorrer também fora do território nacional, desde que a tropa

esteja em operações de guerra.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a segurança nacional;

• Elemento subjetivo: dolo específico;

• Sujeito ativo: o estrangeiro;

• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: o delito se consuma com a entrada em território nacional;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Do Motim e da Revolta

Motim, Revolta ou Conspiração

Art. 368. Praticar qualquer dos crimes definidos nos arts. 149 e seu parágrafo único,
e 152:
Pena – aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo. Aos
coautores, reclusão, de dez a trinta anos.
Parágrafo único. Se o fato é praticado em presença do inimigo:
Pena – aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos
coautores, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.

Ao chegar no estudo desses crimes em tempo de guerra, você provavelmente já

os estudou enquanto estudava os crimes militares em tempo de paz.

Mas vamos lembrar de alguns detalhes sobre esses delitos. O sujeito ativo é

o militar e o motim é a rebelião de militares contra seus superiores, com ou sem

armas (revolta).

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Lembre-se de que essa reunião deverá ter como objetivo agir contra a ordem de

superior ou negar o cumprimento de ordem, refutar obediência a superior, agindo

por conta própria, concordar em não aceitar ordem dos superiores e ocupar unida-

des militares, desatendendo ordem superior ou a disciplina militar.

O motim é um crime formal, ou seja, não é necessário comprovar o efetivo pre-

juízo a disciplina militar, que é o bem jurídico tutelado.

A revolta, de que trata esse artigo, seria um “motim qualificado” pelo uso da arma.

A conspiração, tratada no art. 152, é a punição da preparação do crime de mo-

tim ou revolta. A concentração trazida no caput do artigo seria o ajuste, a combi-

nação entre os militares.

É importante lembrá-lo(a) de quem seriam os cabeças, que nos dois casos te-

riam como pena, a morte, em grau máximo.

O art. 53 desse Código apresenta a definição da coautoria e dos cabeças. O co-

autor é aquele que concorre para o crime de qualquer modo.

Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este co-
minadas. (coautor)
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que
dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes con-
siderados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

Omissão de Lealdade Militar

Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo 151:


Pena – reclusão, de quatro a doze anos.

Esse é mais um delito relacionado ao crime de motim. A omissão de lealdade

militar se dá quando o militar tem ciência da preparação de um motim ou revolta e

não faz a comunicação a seu superior.

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O delito trata ainda daquele militar que está presente no ato e não busca impe-

dir a sua realização.

Do Incitamento

Incitamento

Art. 370. Incitar militar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:


Pena – reclusão, de três a dez anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar
sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fo-
tocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no
artigo.

Aqui temos a mesma tipificação do art. 155 do CPM, alterando somente o pre-

ceito secundário. Enquanto naquele a pena é de dois a quatro anos; neste, temos

uma pena de três a dez anos.

O parágrafo único apresenta uma das formas de incitação, que seria a distribui-

ção ou fixação de impressos, manuscritos, e quaisquer outros materiais que conte-

nham um conteúdo de incitamento à prática dos atos previstos no caput.

Mesmo que o código só trata meios escritos, a figura do parágrafo único poderá

se dar por qualquer meio hábil de transmitir a mensagem. Trazendo para os dias

atuais poderia até mesmo ser uma mensagem enviada num grupo de WhatsApp.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: qualquer pessoa;

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• Sujeito passivo: o país;

• Consumação: é um crime formal, portanto a consumação ocorre com a inci-

tação à desobediência, indisciplina ou prática de crime militar;

• Admite-se tentativa quando o autor envia uma mensagem ao militar e ela é

interceptada;

• A ação penal é pública incondicionada.

Incitamento em Presença do Inimigo

Art. 371. Praticar qualquer dos crimes previstos no art. 370 e seu parágrafo, em pre-
sença do inimigo:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau mínimo.

Os comentários pertinentes a esse artigo são os mesmos do artigo anterior, a

única diferença é que as condutas se darão na presença do inimigo, aumentando a

fragilidade da força militar.

Como consequência disso temos uma alteração no preceito secundário, poden-

do o autor, em grau máximo, ser condenado a pena de morte.

Da Inobservância do Dever Militar

Rendição ou Capitulação

Art. 372. Render-se o comandante, sem ter esgotado os recursos extremos de ação


militar; ou, em caso de capitulação, não se conduzir de acordo com o dever militar:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

O comandante da tropa fere a essência do militar. O militar é treinado para não

se render e lutar até o fim.

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Então, esse delito ocorre quando o comandante, enquanto ainda tinha condi-

ções de combate, se entrega ao inimigo. O comandante entrega a soberania de sua

própria pátria ao inimigo, furtando-se do seu dever ético e moral.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: militar que seja comandante;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com a rendição ou inobservância do dever militar;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Omissão de Vigilância

Art. 373. Deixar-se o comandante surpreender pelo inimigo.


Pena – detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o fato compromete as operações militares:
Pena – reclusão, de cinco a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Esse é mais um delito voltado para o comandante. No crime anterior, o coman-

dante se entrega ao inimigo, já aqui é punida a inércia do comando. Não é neces-

sário que ele nem seus subordinados sejam capturados, basta que sejam surpre-

endidos.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

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• Sujeito ativo: militar que seja comandante;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma no momento em que a tropa é surpreendida sob o

comando do comandante;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Descumprimento do Dever Militar

Art. 374. Deixar, em presença do inimigo, de conduzir-se de acordo com o dever


militar:
Pena – reclusão, até cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

O militar deixa de cumprir o seu dever militar na presença do inimigo. Ao estu-

darmos esses tipos penais, podemos pensar que são bem rigorosos e excessivos,

mas temos que compreender que num momento no qual o caos está instalado,

muitas vezes, serão necessários meios severos para a garantia da ordem.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: militar;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com a ação ou omissão contrária ao dever militar;

• Não será admitida tentativa na postura omissa do militar, somente na comis-

siva;

• A ação penal é pública incondicionada.

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Falta de Cumprimento de Ordem

Art. 375. Dar causa, por falta de cumprimento de ordem, à ação militar do inimigo:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo força, posição ou outros elementos de ação
militar:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

O autor permite que o inimigo promova uma ação militar. Essa permissão deve

ainda ser dada pelo descumprimento de ordem.

Imagine que determinado militar receba a ordem de patrulhar determinada

área durante a noite. Esse militar, descumprindo essa ordem, vai para seu aloja-

mento dormir.

Aproveitando o descuido, o inimigo ataca a tropa, que está despreparada, já

que o militar não estava patrulhando como deveria.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: militar ou civil na esfera Federal;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma no momento da ação do inimigo;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Entrega ou Abandono Culposo

Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono ou à entrega ao inimigo de posição,


navio, aeronave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer outro elemento de ação
militar:
Pena – reclusão, de dez a trinta anos.

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O autor é punido pela sua imprudência, imperícia ou negligência. Por sua culpa,

elementos militares são abandonados (navios, aeronaves etc.) ou entregues ao

inimigo.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: culpa;

• Sujeito ativo: militar ou civil na esfera Federal;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com o abandono ou a entrega ao inimigo;

• Não se admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Captura ou Sacrifício Culposo

Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício ou captura de força sob o seu comando:
Pena – reclusão, de dez a trinta anos.

Mais um tipo penal culposo apresentado pelo legislador, no qual o comandante

dá causa, ou seja, permite que sua tropa seja submetida a sacrifício ou que seja

capturada.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: culpa;

• Sujeito ativo: militar que seja comandante;

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• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com o sacrifício ou captura dos militares sob seu

comando;

• Não se admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Separação Reprovável

Art. 378. Separar o comandante, em caso de capitulação, a sorte própria da dos ofi-


ciais e praças:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

A capitulação exposta pelo legislador é a rendição da tropa. Imagine a seguinte

situação: ocorre a rendição e o comandante consegue fugir, abandonando todos os

seus subordinados lançados à própria sorte.

Essa separação fere os valores de uma tropa militar, que deverá ser um corpo

só do início ao fim do combate.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: dolo;

• Sujeito ativo: militar que seja comandante;

• Sujeito passivo: a instituição militar;

• Consumação: se consuma com a separação do comandante de sua tropa;

• Admite-se tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

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Abandono de Comboio

Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta lhe tenha sido confiada:


Pena – reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Se do fato resulta avaria grave, ou perda total ou parcial do comboio:
Pena – morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
§ 2º Separar-se, por culpa, do comboio ou da escolta:
Pena – reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem, de igual forma, abandona material de guerra,
cuja guarda lhe tenha sido confiada.

O parágrafo primeiro prevê uma qualificadora pelo resultado, dando uma pu-

nição maior ao agente se o abandono resultar em avaria grave ou perda total ou

parcial do comboio.

Já o parágrafo seguinte prevê a modalidade culposa, e o último parágrafo traz

uma conduta equiparada, ou seja, incorrerá nas mesmas penas quem abandonar

material de guerra que estava sob sua responsabilidade, sob sua cautela.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: o dolo e a culpa, expressa no § 2º;

• Sujeito ativo: militar ou civil na esfera federal;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com o abandono do comboio ou material de guerra;

• Não se admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Separação Culposa de Comando

Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa, separado do comando superior:


Pena – reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

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O combate exige unidade e a falta desta poderá comprometer toda a eficiência

militar.

O oficial, se afastado do comando, não gera vínculos, perdendo de certa forma

a hierarquia e a autoridade, enfraquecendo o comando superior.

Características:

• Bem jurídico tutelado: a Soberania do Estado e a disciplina militar;

• Elemento subjetivo: culpa;

• Sujeito ativo: militar desde que seja oficial;

• Sujeito passivo: o país e a instituição militar;

• Consumação: se consuma com a separação do oficial em relação ao comando;

• Não se admite tentativa;

• A ação penal é pública incondicionada.

Meus (minha) querido(a), terminamos a nossa primeira aula de crimes militares

em tempo de guerra.

Na próxima aula, continuaremos vendo a classificação desses crimes e faremos

os exercícios pertinentes à matéria.

Espero que esteja gostando, nos vemos na próxima aula, grande abraço!

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