Teste de DP
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Teste de DP
O DP moderno aparece com a intenção de limitar a ação punitiva do Estado, que para
proteger os interesses vitais da comunidade os torna em tutela penal (para restabelecer
uma paz juridica), este princípio esta hoje em perigo (a essência humana).
O equilíbrio exigido ao DP (que é tutelar os bens jurídicos colocados em perigo por uma
conduta humana negativa e proteger o delinquente) está em perigo de desaparecer face
as novas tendências penalistas em curso: fundamentados em que o ser humano que
delinqua e não se reinsira torna a ser uma doença contagiosa da comunidade.
Vivemos hoje a hipertrofia legislativa do DP que tudo quer tutelar e nada tutela, e esta
gera o fenómeno da popularização.
Em analepse, a codificação do Direito Penal iniciou-se nos séculos 18/19, tendo este
uma forte iniciativa por parte de Napoleão, que pretendia unir o império, mas
respeitando as diferenças de todos.
Por exemplo, a existência de estados confederados estabelece um equilíbrio entre o
direito constitucional e o penal, sendo que existem aspetos consagrados no primeiro,
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
que acabam por ser exceção na legislação do direito penal (apenas para algumas vias),
como as touradas, sendo que se pretendia respeitar todas as culturas.
Ligação forte entre o Direito Constitucional e o Direito Penal:
Direito
- DUDH/CEDH/CDFUE (artigo 8º
CRP)
→ Direito Positivo - Autorizações legislativas
-Decretos lei / decretos
regulamentares
O Direito Penal lida com pessoas enquanto seres livres, independentemente de serem
criminosas, este apenas aplica penas às mesmas.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Antes:
No entanto, a pessoa humana nem sempre foi tratada numa dimensão axiológica, sendo
que existem situações que retratam esta realidade, como a inquisição ou o episódio de
Auschwitz, o que mostra que o ser humano apenas era importante pelo facto de se
encontrar dentro da coletividade, levando assim à coisificação (objetificar) do mesmo.
Depois:
Atualmente, o centro do direito penal é a pessoa humana, sendo que começaram a ser
preservadas as seguintes dimensões: a auto-determinação, a auto-confirmação e a auto-
responsabilidade, o que por sua vez poderá levar à auto-coisificação.
O código penal estabelece uma relação de conformidade com a CRP, uma vez que lhe
deve obediência inclui na sua legislação princípios pertinentes que defendem os direitos
fundamentais do ser humano, como:
1. Princípio da humanidade:
O fundamento de uma lei que se pretende elaborar deve conter o pensamento cultural do
povo que habita determinado estado, sendo que a mesma deve respeitar e defender os
direitos fundamentais dos seres humanos que se encontram expressos na CRP. Neste
sentido, isto significa que o direito deve defender os direitos essenciais à vida desse
povo com toda a sua energia, sendo assim a vontade de um povo essencial, para o
direito penal, que por sinal reconhece a sua auto-determinação em identificar e
manifestar o que é importante para a sociedade do estado. Para além desta aceção do
direito ter a obrigação de defender os direitos fundamentais do ser humano, não deve
interferir onde a ordem social consegue resolver sozinha, deliberando então sobre os
problemas sociais pertinentes à sua ação e de forma equitativa/justa.
Deste modo, verificamos que os pilares do estado são a dignidade humana, cujo
princípio assenta no código penal, e a vontade popular (tem 3 dimensões: auto-
determinação, auto-confirmação e auto-responsabilização) como podemos verificar no
Artigo nº 1 da CRP.
➔ Uma pessoa com problemas psíquicos não pode ser condenada, esta tem de ser
encaminhada para o hospital para que se possa tratar, deste modo aplica-se uma
medida de segurança, passando de um regime penal para um regime de saúde
mental. Isto significa que, se passar 20 anos no hospital não irá depois ser presa
porque a resolução do seu caso se encontra sob outro regime, que se não for
aplicado poderá trazer consequências graves à pessoa em questão.
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“O estado português não compactua com outro estado que vá contra o princípio da
humanidade”
A CRP limita a presunção de autoria, sendo que cada um dos órgãos de soberania possui
funções diferentes, como podemos verificar a competência política e legislativa
compete à Assembleia da República (Artigo 161º), constituída pelos representantes do
povo que tem uma dimensão legitima sociológica que deve ser respeitada.
No entanto, a mesma pode autorizar o Governo a identificar o objeto e o conteúdo da
situação em questão, através de uma autorização legislativa (Artigo 198ºb). De facto,
estas autorizações legislativas têm um valor igual às leis e decretos-leis como podemos
verificar no Artigo 112º nº2, no entanto os órgãos que careçam desta autorização
apenas poderão legislar o que se encontra em reserva relativa, senão o seu ato será
considerado inconstitucional.
Para além disso, o legislador não pode aplicar penas que não estejam previamente na lei,
isto significa que se a lei não tiver escrita nem publicada não poderá ser aplicada, nem
decidir por si, correndo assim o risco de inconstitucionalidade material. Por exemplo
não é possível aplicar uma norma jurisdicional tendo em conta que o tribunal nem
sequer possui o poder legislativo, sendo este considerado apenas um titular dos órgãos
de soberania. Para finalizar, quando um tribunal cria uma norma, pelo facto de não
existir uma para regular uma determinada situação, esta não poderá ser usada
posteriormente e mesmo assim terá de estar dentro dos limites da constituição.
3. Princípio da constitucionalidade:
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Nota: A convenção das nações unidas marca fortemente o direito penal interno.
Não se pode analisar em termos penais o princípio da legalidade penal sem invocar a
igualdade. O Artigo 13º e o Artigo 29º tem de ser analisados conjuntamente no âmbito
penal.
O princípio da legalidade sem certeza e sem determinabilidade viola o princípio da
igualdade porque vai ser aplicado de acordo com a hermenêutica daquele aplicador, isto
significa que é necessário reconhecer se a conduta em questão é mesmo um crime ou
não.
O princípio da igualdade tem duas dimensões que é “tratar igual o que é igual” e
“diferente o que é diferente”, mas nos últimos 20 anos os penalistas discutiram acerca
de outras dimensões:
• Tratar igual o que é diferente, mas deve ser tratado de forma igual (Artigo 2º nº4
do CP e Artigo 29º nº4 CRP).
• Tratar diferente o que é igual, mas deve ser tratado de forma diferente, isto
marcou as alterações legislativas quanto à questão do consumo de drogas.
O criminoso não poderá sofrer uma pena maior do que aquela que lhe foi atribuída no
momento em que foi julgado pela sua conduta, isto significa que a lei reguladora a
aplicar terá de ser sempre a mais favorável ao arguido, uma vez que não é possível ir
contra a liberdade do indivíduo, como podemos ver no Artigo 29º nº4 CRP. Deste modo,
o mesmo encontra-se relacionado com o artigo 2º nº4 CP, uma vez que enunciam que
embora uma lei posterior detenha disposições diferentes da lei antiga, será sempre
aplicado regime mais favorável ao criminoso, até se já tiver transitado em julgado, neste
caso a condenação cessa assim que este tiver cumprido o tempo máximo da pena que se
encontre na lei posterior.
Não faria sentido o transitado em julgado não beneficiar do regime favorável e o
não transitado em julgado beneficiar, isto quebraria o princípio da igualdade.
LA------------------------------------------------LN
Exemplo: Uma mulher abortou em janeiro de 2001, esta foi presa, mas saiu uma lei
posterior, em março do mesmo ano, que enunciava que o aborto não era mais
considerado crime, então esta é libertada.
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De acordo com o Artigo 29º nº2, não se pode esquecer a existência de um direito penal
metapositivo que integra o ius cogens. Embora um determinado elemento objetivo não
seja considerado crime dentro do estado, caso o mesmo tiver assinado e ratificado uma
convenção que integre um princípio geral internacional que assim o considere, então
terá de o respeitar e julgar o agente da conduta criminal que deverá ser punida
independentemente do tempo e do espaço, uma vez que não pode ficar sem jurisdição
penal.
A legalidade tem na sua essência a igualdade e por este motivo o Artigo 13º e o Artigo
29º CRP devem ser analisados juntos, no entanto também poderá ser associado o
Artigo 18, o qual se refere à força jurídica, que por sua vez será aplicada, antes de a lei
estar feita, em todo o processo legislativo. Isto significa que, no momento gradual da
feitura da lei esta terá de respeitar os princípios constitucionais que se destinem aos
direitos do ser humano. - Este imperativo de normas percetivas vincula-se a todos
diretamente, tanto aos cidadãos que as devem respeitar como ao Estado que as devem
proteger e assim que estiver a ser postar em causa, devem agir rapidamente.
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Isto mostra que o agente do crime deve ser protegido, senão este será visto como uma
não-pessoa o que não é verdade, este mesmo quando está preso a sua liberdade não
completamente suspensa, uma vez que este por ir, por exemplo, até ao recreio. Se lhe
fosse imposta a restrição máxima da sua liberdade, seria violado o Artigo 18º nº3 CRP.
Artigo 19º CRP – estado de sítio (autoridades administrativas) e de emergência
(forças armadas):
Artigos:
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O pilar central do Direito Penal é o estado de direito democrático, o que significa que
age em conformidade com os mesmos sem os violar.
Em primeiro lugar, a constituição dogmática do direito penal é aquela que foi construída
no pós-revolução Francesa, sendo este direito penal caracterizado como moderno com
200 anos. Este apareceu com o intuito de limitar o poder do estado, neste caso o poder
na linha constitucional, tutelando os interesses da sociedade que a ordem jurídica
converte em bens jurídicos, que caso sejam violados necessitam de tutela penal e, deste
modo, proporciona-se a paz jurídica e mantém-se salvaguardados os direitos
fundamentais da pessoa. No entanto, não podemos dizer que antes não existia direito
penal, uma vez que não estava era sistematizado, ou seja estava enquadrado de um
modo material ao invés de formal, o que no século 19 se modificou com a consolidação
da constituição de 1822. Por exemplo, nos impérios ou até mesmo na bíblia o direito
penal estava presente.
Os aspetos que se mantém hoje é o objetivo de manter a paz jurídica e a paz social, uma
vez que é uma das grandes funções do direito penal, e isto consegue-se através da
função de equilíbrio, por um lado, tutelar os bens jurídicos com o intuito de proteger a
pessoa lesada e por outro lado proteger o agente do crime contra a força punitiva do
estado, uma vez que a função do estado é cuidar dos cidadãos, quer sejam agentes de
crimes ou não, isto mostra que mesmo que uma pessoa vá presa os seus direitos
constitucionais mantém-se como podemos ver no Artigo 30º nº5. Isto mostra ainda que,
a tutela do bem jurídico é iminente à proteção do mesmo, como também à proteção do
agente do crime perante o poder do estado como à reintegração do mesmo na sociedade,
de acordo com o Artigo 40º nº1 CP, o que prova que a finalidade da pena e do penal
prende-se á tutela dos bens jurídicos e não ao bem jurídico em si.
No entanto, este equilíbrio do Direito Penal, que acolhe o princípio humanista, o qual
enuncia que mesmo que a reação penal incida sobre um ser humano, este deve ser
tratado como tal, colide com os valores das novas tendências penalistas como aquela
que defende que a pessoa delinquente deve ser expulsa da sociedade, sendo ainda mais
julgado se cometer crimes “hediondos” ou um delito que provoque uma paneonomia
generalizada na sociedade (técnica jurídica de alteração de normas através do medo e do
terror, para alterar a legislação que legitima a ter o direito do meu lado), com intuito de
se proteger.
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• A ideia positivista de Kelson não e correta, uma vez que a sua teoria tenta
afirmar-se primeiro como defensora do princípio da separação dos poderes.
• Luigi Ferrarioli defende a legalidade estrita e esta pode ser aplicada em estados
autoritários e totalitários.
3 momentos da esquizofrenia e paneonomia (técnica jurídica de alteração de normas
através do medo e do terror, para alterar a legislação (aumentar
penas/neocriminalizar/aumento da censura) que me legitima a ter o direito do meu
lado):
Beccaria enuncia que só com a ameaça é que o povo se porta bem e este não aceita que
as coisas sejam assim, uma vez que qualquer ato de autoridade de um homem para com
outro homem é tirânico. De facto, os homens uniram-se com a intuição de gozar de
segurança e tranquilidade, e em troca cederiam uma parte da sua liberdade, no entanto
não é o que está a acontecer porque “dão-nos a sensação que nos e que temos o poder,
mas na verdade não e nos acabamos por não saber quem é que tem o poder” - polizar
(centralizar) o medo/medo esquizofrénico.
1. Hipercrimininalização:
2. Neocriminalização:
• Existem condutas que já estão previstas noutros sistemas jurídicos como o das
contraordenações e criminalizam-nas sem fazerem um estudo adequado para
saber o porque de o sistema contraordenacional não ter funcionado e por esse
motivo, essas matérias passam para o âmbito penal. Isto significa que as
condutas já se encontravam proibidas, no entanto encontravam-se noutro âmbito.
Exemplo: A matéria que diz respeito aos crimes contra animais, cujos artigos são
o 387º e seguintes, já estava prevista num sistema jurídico contraordenacional,
no entanto passou a enquadrar o âmbito penal, o que mostra que não houve
cuidado logístico.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
3.
• No que diz respeito ao bem jurídico, integridade física, esta já tem uma norma
para a sua regulação que é o artigo 143º C.P, no entanto se for num âmbito de
violência doméstica, esta conduta será criminalizada através do artigo 152º C.P o
que acaba por retirar força jurídica ao bem jurídico, uma vez que são o mesmo
crime, embora diferentes, deveriam estar ao abrigo de uma mesma lei e não cada
uma com a sua penalização. Além do mais, não é por o agente do crime ser
diferente que a lei tem de mudar, esta tem de punir mediante a conduta e não
mediante a qualidade do agente. - A pena varia de acordo o agente o que não
está correto. (Artigo 143º CP: 3anos – Artigo 152º C.P: 5 anos).
• O carjacking já se encontra previsto no artigo 210º C.P, se fosse feita uma lei em
específico para este roubo seria perigoso, uma vez que por em causa o princípio
da segurança jurídica, em que os tribunais depois não iriam conseguir aplicar a
norma concreta. Assim, não vão criar uma norma para condutas que já estão
criminalizadas, promovendo então, ao povo, segurança cognitiva que depois não
tem uma relevância concreta jurídica. (vai contra a lógica Beccaria).
Na verdade, nunca poderão aumentar as penas de uma forma excessiva, sendo que isso
viola o princípio da proporcionalidade, ou seja, o estado não pode ultrapassar os limites.
O objetivo é das penas são:
• Os criminosos cederem uma parte da sua liberdade
• Os estados reeducam-nos para que possam ser reinseridos na sociedade.
De facto, esta lógica de máxima criminalização - “et extrema ratio” do direito penal –
como solução para os problemas da sociedade e para travar a paneonomia generalizada,
face aos crimes de terrorismo e aos crimes conexos com a tipologia de crimes de
organização terrorista (Artigo 83º UE), cede não só ao princípio da “prima sola et única
ratio” do direito penal, assim como se começa a retirar o espaço do agente do crime,
acabando este por ser tratado como uma não pessoa. Isto significa que, se o agente do
crime não se comportar dentro do quadro jurídico estipulado naquela sociedade,
significa que quebrou o contrato social causando a desarmonia na comunidade, por este
motivo não deve ser mais tratado como cidadão e sim como inimigo, e para que seja
estabelecida a paz novamente, o estado terá de combater este indivíduo.
Por outro lado, se o indivíduo não se rege pelas leis da natureza, mas sim por outra regra
senão a da razão e a da equidade, então o mesmo se torna uma criatura nociva para o
género humano, deste modo terá de ser posto fora da sociedade para não causar medo e
assim estabelecer a segurança de todos os cidadãos.
“as ofensas que podem ser cometidas no estado de natureza podem ser também punidas
no estado de natureza com um castigo igual e tão severo como no seio de uma
comunidade política.”
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A comunidade que não acredita no Direito Penal comum, considera que deveriam ser
criados paradigmas de direito penal excecionais para combater os indivíduos que
praticam a tipologia de crimes referida, uma vez que consideram que o direito penal não
previne e não os consegue responsabilizar perante as suas condutas, o que acaba por não
transmitir segurança, quer seja cognitiva assim como real, aos cidadãos. Deste modo,
pretendem que os delinquentes passem a ser não pessoas. Em contraposição, defende-se
que por um lado, não existem sistemas perfeitos e que por outro lado, se o estado fizesse
uma transposição do paradigma garantista para o paradigma do inimigo, então o mesmo
estaria a sobrecarregar os seus cidadãos, o que vai contra os princípios da
proporcionalidade, o artigo 18º nº2 e nº3, da igualdade, etc… Os cidadãos não têm
escrito na testa que são criminosos, e mais tarde ou mais cedo esta coisificação do ser
humano iria acabar por recair sobre todos, principalmente sobre aqueles que a
defendem.
Nota: Consideravam que o direito penal não conseguia responder a todos os crimes o
que não é verdade, o que acontece e que antigamente tinha-se a perceção da
criminalidade, nos dias hoje existe uma maior perceção da descoberta de crimes.
• Ferri: Defende que dos fatores individuais, físicos e sociais nasce o criminoso.
Fator social: o tipo de meio que o indivíduo frequentar irá formar o tipo de
pessoa que ele é. - Centra-se no autor.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Ser:
Consideram que o comportamento do cidadão tem de ser apenas um, se este
enveredar por uma conduta negativa deixa de ser cidadão, ou seja, apresenta
consequências maiores para quem não respeitar o quadro jurídico legal.
direito penal do inimigo
Dever ser:
Consideram que o comportamento do cidadão é algo subjetivo, não podemos
controlar o comportamento de todos, deste modo, quem não respeitar o quadro
jurídico legal será punido, mas não deixa de ser tratado com dignidade – Deveria
ser, mas não é, então vamos aplicar uma consequência”. direito penal
garantista
De acordo com este paradigma do direito penal do inimigo, a pressão da imprensa faz
com que o legislador integre no “dever ser” o que deveria estar no “ser”, isto é, no
paradigma garantista o “ser” corresponde à norma que deve refletir o ser na sociedade,
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
enquanto que para o sistema bélico, o “ser” refere-se à cor, nacionalidade, entre outros
que a pessoa apresenta (judeu, cigano, branco, preto, islâmico).
Jescheck e weigend:
Roxin:
O princípio “não há crime nem pena sem lei prévia” (Artigo 165º CRP) não é
respeitado no campo do Direito penal do Autor.
O objetivo do DP é intervir no facto passado, para que se siga para um futuro de não
delinquência do agente do crime.
Figueiredo Dias:
Wezel considera que só pode participar na vida externo-social quem possui ”liberdade1 e
autonomia inter-pessoal” ou “liberdade moral interior”.
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Mete de parte os doentes mentais e as pessoas que não têm a norma a seu favor (delinquentes).
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Figueiredo não concorda com esta teoria uma vez que o DP não supria a liberdade em
função do ato ilícito praticado pelo inimputável, mas sim por possuir uma doença ou
pela incapacidade de se deixar motivar pelas normas.
Esquizofrenia legislativa
Hans Frank:
“Tudo que serve o povo é direito, tudo o que o prejudica é ilícito” Fundamento para
o positivismo defensivo da segurança face à perigosidade do ser humano.
Filippo Grispigni:
Mussolini:
“Nada contra o estado, nada fora do estado, tudo dentro do estado”
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Definições:
No entanto, embora o estado possa dispor sentenças, nas quais o agente do crime é
obrigado a comparecer, nunca se deve esquecer da existência dos direitos fundamentais,
que por sua vez são para todos os cidadãos incluindo os criminosos. Isto significa que, o
processo penal e penitenciário não pretende apenas julgar o cidadão que cometeu o
crime, mas sim fazer com que este possa voltar a ser inserido na sociedade, de modo a
que os seus direitos sejam respeitados. Assim, o intuito do direito penal recai na
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
racionalização das situações, não se trata de uma vingança perante o cidadão, mas sim
de uma função pedagógica.
Exemplo: não é aplicada a pena perpétua porque não teria qualquer vantagem, apenas
originaria complicações sociais e seria prejudicial para a economia do estado.
Segundo Protágoras, o agente do crime não deve ser excluído da sociedade sem lhe
darem a oportunidade de este poder seguir o caminho da justiça e da moral, caso este
envereda-se por este caminho o seu castigo seria num âmbito pedagógico, para que
pudesse aprender os valores essenciais para viver em comunidade. Por outro lado, caso
o mesmo não pretender acolher os valores ou tenha sido condenado e volte a meter a
vivência comunitária em causa, então a sua sanção deixaria de ter uma natureza
pedagógica, mas sim de inocuização (enclausurado).
Os seres não conseguem viver isolados, então para que estes possam viver em reunião
civilizadamente submetem-se a um estado de legalidade, ou seja à lei e à justiça.
Efetivamente, quem quiser viver num estado de ilegalidade, que gera medo aos restantes
membros da sociedade, passa a ser um inimigo e o estado tendo de garantir a paz social
tem de eliminar o medo, com qualquer instrumento que esteja à disposição. Assim, este
considera que quem não se envolver com a legalidade vigente não é membro da
comunidade e deixa de ser cidadão dotado de direitos e deveres próprios. É um inimigo
do estado e deve ser combatido.
De facto, esta é uma visão dura para o lado do agente do crime, basicamente o estado
não o protege, mas, fica contra o mesmo não lhe concedendo qualquer tipo de proteção,
ou seja, o estado combate o cidadão teorizando-o como um inimigo - (contexto que não
foge da realidade atual). Em contraposição, a nível processual e penitenciário o
criminoso é visto como um humano e caso seja possível recorre-se à humanização da
pena, tendo como intuito protege-lo. No entanto, por vezes pensa-se que o garantista
não quer que o culpado seja punido, mas não é verdade, uma vez que este defende que o
culpado tem de ser punido, mas não tem de ser somente punido, não é vingança e
educação, pois existem direitos fundamentais.
Este defende uma tipização das condutas, ou seja, são introduzidos vários níveis de
gravidade nos atos negativos, o que nos dias de hoje seria banal uma vez que, existe um
código penal material. Por outro lado, este estabelece uma ligação entre vários conceitos
como o:
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
• Pecado: Seria lícito matar quem comete-se pecados, uma vez que os indivíduos
pecadores poderiam exterminar a comunidade, então estes mereciam ter penas
máximas ou ser mortos, no entanto este poder apenas compete aos governantes,
que tem autoridade pública e não às pessoas particulares.
S. Tomas de Aquino considera que o facto de este ter uma conduta negativa, que por
sua vez o levará a uma pena de prisão, já tem como efeito uma condenação moral. De
facto, os códigos e processos penais, apresentam conceitos morais, se o agente do crime
se arrepende do crime que cometeu, então este merece que a sua pena seja atenuada e
que merece também voltar a ter contacto com a sociedade.
O sistema penal na era moderna considera que a lei tem de ser provida de eficácia, não
se importando que o delinquente que vai ser punido é uma pessoa com direito,
liberdades e garantias fundamentais. Esta defende que o delinquente é visto como o
inimigo e se o mesmo não é capaz de se reger pelo direito então deve ser expulso da
sociedade, sendo lhe retirado o seu estatuto jurídico político de cidadão. A prioridade do
estado é a segurança publica e a coesão social, no entanto para priorizar essa coesão é
necessário combater o inimigo, deste modo os seus interesses não devem ser
defendidos, se o mesmo quis enveredar por uma conduta negativa, então merece ser
tratado de maneira diferente.
Miguel Polaino - Orts considera que as normas penais materiais e processuais do direito
penal do inimigo foram aprovadas nos estados constitucionais sociais e democráticos,
uma vez que apresentam uma fraqueza da tutela de bens jurídicos pelo direito penal do
cidadão e a necessidade de uma efetiva tutela e de uma efetiva segurança cognitiva
normativa da sociedade.
Axioma:
O contrato social:
A teoria do contrato social de Rosseau está ligada ao direito penal do inimigo, uma vez
que este considera que o indivíduo ao cometer delitos graves e meter o pacto social em
causa é um inimigo, e sendo assim este não detém condição de pessoa moral ou de
cidadão. Segundo Rosseau, o homem deixa o seu estado de natureza para entrar num
estado social, no qual deixará de se reger pelo instinto, mas sim pela razão, através da
qual tomará as suas decisões, para posteriormente se assumir como cidadão.
Quando um indivíduo mete em causa a sobrevivência do estado então este deve ser
eliminado, podendo este ser exilado para ilhas, morto, etc…
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Segundo esta teoria, aquele que violar o contrato social, quer seja intencionalmente ou
por negligência, perde todos os seus direitos como cidadão e como pessoa, devendo este
ser tratado como coisa. Equipara-se o autor de homicídio a um inimigo, que perde os
direitos como ser humano e cidadão, no entanto não lhe é aplicada a pena de morte, mas
sim uma medida de segurança por meio da morte do criminoso, que passou a ser um
animal que deve ser abatido – exclusão do estado (jurídico-física e técnica). A medida
de segurança é declarada pelo estado e não pela lei, sendo que a morte não deve ser
anunciada pela lei, estando esta sob o domínio da polícia. As razões que levam a morte
do homicida devem-se ao facto de ser necessário corrigir o que estava mal na sociedade,
e por outro lado conceder-lhe prisão perpétua seria prejudicial para o estado. A partir do
momento em que o indivíduo não respeita os direitos dos demais cidadãos e o contrato
social, então este e o estado não tem mais nada a ver um com o outro, ou seja,
inexistência de uma relação jurídica.
Por outro lado, considera que aquele que tiver uma conduta negativa, mas que não meta
em causa a pena humana não deve ser excluído da sociedade, sendo este sancionado de
modo a salvaguardar a segurança pública, mas não lhe são retirados todos os seus
direitos. Deste modo, todo o cidadão que praticam crimes que não negam totalmente o
contrato social deve ter a oportunidade de ser reintegrado na sociedade por meio de um
contrato de expiação, sendo que aqui temos uma obrigação do estado para com o agente
do crime.
No que concerne aos crimes praticados contra o estado, o agente do crime terá de ser
excluído, mas admite que se deve dar uma oportunidade celebrando-se um novo
contrato de expiação (contrato de regeneração política) como pena substitutiva da pena
de exclusão. Deste modo, o estado deve respeitar este cidadão e acreditar na sua
regeneração para que possa fazer parte da sociedade novamente.
Thomas Hobbes considera que o inimigo é aquele se encontra num estado de natureza,
sendo estes os que proporcionam perigo e ameaçam a existência da vida humana e a
segurança cognitiva. Deste modo, este reintroduz no pensamento político uma separação
entre o:
outro lado, a razão, sendo esta conhecida como um caminho mais viável à saída deste
estado de natureza, o homem cria regras que proporcionam a paz, de modo a
construírem uma sociedade que é governada pelo estado. Este estado emerge pelo poder
que todos os homens sentem que acaba por gerar guerras, e por outro lado o medo
recíproco entre os homens. Os homens encontram-se assim, submetidos às leis, criadas
pelos mesmos sendo representados por assembleias, que por sua vez estão acima das
leis naturais, no entanto isto não significa que exista concordância, mas sim que os
homens cedem uma parte da sua liberdade para o estado os possa proteger.
Deste modo, o homem que infringir a lei e que não transmita uma segurança futura, ou
seja condições de que vai cumprir a lei civil então a este deverá ser aplicado o direito
penal do inimigo, uma vez que estes voltam novamente ao estado de guerra e quebram o
pacto social, ao contrário do infrator que admitir condições de garantir segurança então
deverá ser aplicado o direito penal do cidadão, estando o poder do estado limitados
pelas leis positivas.
Acrescente-se que nesta teoria o inocente também pode ser punido e isso vai contra a lei
da natureza que se transformou em civil, por outro lado Hobbes também não inclui a
diminuição de garantias processuais para os inimigos, sendo esta uma consequência
necessária ao Direito penal do inimigo.
Immanuel Kant considera que o inimigo é uma ameaça à ordem jurídica instituída, à
segurança jurídica, física e cognitiva. Para este existem dois estados, o estado de
natureza (status naturalis), no qual os homens vivem em estado de guerra, e por outro
lado o estado paz. O estado de paz a ameaça é afastado e os homens conseguem
relacionar-se uns com os outros.
Os membros do estado legal devem respeitar os outros membros, e caso infrinjam as
normas poderão ser obrigados a ser reintegrados no estado social-legal ou então a serem
afastados por terem abandonado os padrões do estado legal. Deste modo, Kant
considera que o inimigo é aquele se encontra em estado de natureza ou mesmo que se
encontre em estado legal, esteja afastado dos comportamentos que consolidam a paz.
No que concerne à pena de morte, Kant não concorda que seja atribuída essa sanção aos
criminosos, uma vez que considera que a melhor solução seria a sua deportação.
O estado legal implica a aplicação da lei sob uma igualdade formal e a ação do estado
sob o princípio da legalidade. Nesta linha de igualdade, Kant propõe a retribuição ética
da ofensa ao bem jurídico lesado, ao contrário de Hegel, que propõe a retribuição
material da ofensa ao bem jurídico lesado.
Relativamente a John Locke, este considera que o homem mesmo estando no estado de
natureza não tem poder para aniquilar outro homem, apenas o podendo fazer em caso de
homicídio, deste modo defende que o agente do crime pode ser destruído, e que as
ofensas cometidas no estado de natureza podem ser punidas no estado de natureza com
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
castigo igual ou pior do que no seio da comunidade política. Se este é um ser nocivo,
então deve estar sujeito a liberdade de decisão de outro ser, ou seja, um juiz, que pode
fazer o que quiser com os seus súbditos. A liberdade do estado de natureza não é total,
mas não se encontra delimitada como no estado legal em que a autoridade legislativa
aplica aos que não são inimigos da sociedade política organizada.
Colaupsou
Dellitti:
A legalidade é a fonte legitima limitadora do ius puniendi (poder do estado).
Trazem valores fundamentais para o DP A legalidade assenta na igualdade
penal e nas garantias do direito penal, material, processual e penitenciário.
Garantia da limitação do poder do estado (ius puniendi).
20
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Novo olhar face ao agente do crime, este como ser humano dotado de responsabilidade,
deve responsabilizar-se pela lesão que provocou ao bem jurídico, no entanto deve se
julgado como cidadão dotado de direito.
O DP passa a obedecer aos princípios da legalidade, sendo este igual para todos os
cidadãos. Esta liberdade leva a um direito penal garantista, que respeita a tortura e as
penas cruéis.
Faria costa:
O DP garantista e humanista assenta na liberdade e de que deve intervir em último
extremo ratio. Segundo Faria Costa, apenas o DP consegue combater crimes, no
entanto, este não é a ferramenta mais importante. Este é um ramo de direito subsidiário
e fragmentado, sendo que em caso de conflito quem intervirá serão outros institutos,
caso estes não sejam eficazes, segue-se então para o DP que julgará o agente do crime
por ter lesado um bem jurídico, não por em si representar um perigo para a comunidade,
mas sim por ter provocado um dano na comunidade. Deste modo, este ser dotado de
direitos, terá de se responsabilizar, mas nunca poderá ser tratado como uma coisa.
Garantismo penal:
Significa a existência do respeito pelas normas penais materiais e processuais, que dão
oportunidade ao inocente de demonstrar a sua inocência ou justificar o seu
comportamento, caso seja responsável pelo facto.
Nota: O garantismo penal não pretende que os delinquentes não sejam punidos, mas sim
preservar os seus direitos e trata-lo como uma pessoa com dignidade.
21
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
No DP do cidadão este deve responsabilizar-se pela sua conduta negativa e ser punido,
não pela própria pessoa em si (opção sexual, religiosa, etc… - quebra o princípio da
igualdade), mas sim pelo facto modelar negativo (O DP aplica-se de modo igualitário a
todos os cidadãos).
2
O DP só deve interferir quando a tutela conferida pelos outros ramos do ordenamento jurídico não for
suficientemente eficaz para manter os bens considerados fundamentais à existência do Estado ou da
sociedade. Deste modo, o DP intervém como última “ratio” no quadro do ordenamento jurídico.
3
O DP não deve intervir para precaver lesões a todos e quaisquer bens, mas só àqueles bens ditos
fundamentais, essenciais e necessários para o equilíbrio social.
4
O DP só deve intervir quando a sua tutela é necessária, útil e eficaz, ou seja, deve-se medir em termos de
proporções a necessidade que há de tutelar um bem fundamental.
22
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Pleonasmo
Crise do sistema penal do cidadão:
Terrorismo:
o Há legislação penal que não prevê o crime de terrorismo nos moldes e
condições definidos pelas nações unidas.
o Se não invocarmos a “tipologia terrorismo” então serão integradas as
suas condutas negativas nos códigos penais, mas se a invocarmos então
temos de procurar prevenir e reprimir sem desfazer da qualidade do ser
humano do terrorismo.
o O terror, a insegurança permanente e o perigo de crimes de terrorismo,
não são suficientes para a mudança de paradigma de persecução penal
(não se pode mudar para uma ação penal mais eficaz e estabelecedora da
paz juridica.)
23
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Direito do autor
Nega a DUDH
Negar a condição pessoa/ser humano a alguém, mesmo que seja alguém que tenha
cometido crimes hediondos é negar o Direito.
Para promover a paz juridica e social são necessários os estados restringirem direitos,
liberdades e garantias fundamentais (artigo 18º - tem limites), principalmente às pessoas
que cometem crimes hediondos, no entanto esta restrição não deve ser feita como um
ato de vingança, mas sim com um ato de justiça.
24
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Não pode ser esquecida a segurança nacional e não pode ser esquecido o respeito pelos
direitos fundamentais.
25
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Artigos:
Artigo 8º nº1 e 2:
o O estado português inclui na sua ordem interna os princípios gerais
internacionais, nº1. Deste modo, a partir do momento em que estas
normas internacionais são aprovadas e ratificadas passam a produzir
efeitos dentro do ordenamento. Embora apenas se possam criminalizar
condutas com lei prévia, não exclui a possibilidade de estas serem
criminalizadas por normas internacionais, como podemos ver no artigo
29º nº1 e 2º - estamos perante uma legalidade material.
Uma conduta só poderá ser criminalizada por lei anterior, artigo 29º nº1 e
Artigo 13º artigo 1º nº1. Por outro lado, caso saia uma lei posterior esta, se for mais
Artigo 29º favorável, terá de ser aplicada a todos, não faria sentido aplicar uma lei a
Artigo 18º uns e outro a outros, sendo que viola o princípio da igualdade (artigo 29º
Artigo 27º nº4 e artigo 2º nº4).
Artigo 1º Uma vez que estas leis são restritivas de direitos estas terão de ser
Artigo 2º nº4 abstratas e gerais e não podem ter efeito retroativo (artigo 18º nº3).
Assim, para salvaguardar estes direitos (artigo 18º nº2) encontra-se
estipuladas as exceções ao direito da liberdade (artigo 27º nº2 e 3).
Artigo 25º:
o Nº1 – Princípio da culpa.
o Nº2 – Proíbe penas cruéis, degradantes, desumanas e que a integridade
física das pessoas é inviolável.
26
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Artigo 34º:
o Ninguém pode invadir propriedade/domicilio de outro individuo sem o
ser consentimento.
Artigo 35º:
o Proibição de informação de dados sob origem étnica.
Artigo 30º:
o Proíbe as penas cruéis (humanização de penas).
Artigo 32º:
o O agente do crime é inocente até transito em julgado.
Artigo 27º:
o Consagra-se a liberdade (penitenciário)
27
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Artigo 165º:
o Não há crime nem pena sem lei escrita.
o A AR cria normas incriminatórias.
Artigo 112º:
o As leis e os decretos-leis têm um valor igual, independentemente de ser a
AR ou o Governo.
Artigo 198º:
o B) e C) – O Governo pode legislar em reserva relativa matérias em que a
AR também se encarrega (com autorização expressa da mesma).
Artigo 280º:
o Só se recorre ao TC em última instância.
o Refere-se aos casos concretos, ou seja, aos casos em tribunal.
Artigo 281º:
o É obrigatório recorrer ao TC.
Artigo 282º:
o Os efeitos são para a fiscalização abstrata (artigo 281º) e não para a
concreta (artigo 280º).
o Se a norma que foi declarada inconstitucional estiver a violar os
interesses públicos/segurança juridica vai ser posto de fora.
Artigo 288º:
o Limites que terão de respeitar e nunca poderá ser modificado.
Esquema:
Artigo 1º:
o Pilares do Estado:
Dignidade da pessoa humana (artigo 33º e artigo 26º)
Vontade popular:
Autoconfirmação
Autodeterminação
Autoconfirmação
Artigo 2:
o A república funda-se no estado de direito democrático:
Soberania popular
Manter instituições democráticas
28
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Ciência global do DP Sem a política criminal5 não é possível saber quem são os
operadores judiciários de um ser e de um dever ser ativo preventivo e de execução
repressiva.
5
Implica que o legislador, o interprete, aplicador da lei (operadores judiciários e cidadãos) devem fazer
uma hermenêutica da lei tendo em conta que estão perante um ser humano.
29
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Ou seja,
Subordina-se a:
Princípios gerais do direito;
Princípios jus internacionais;
Princípios supraconstitucionais;
Desenhadora do se e do como do DP
Eficácia (fins) –
Legitimidade (meios):
limitadora da
punibilidade
Princípio ne peccetur:
A política criminal detém vetores de orientação e princípios regedores cuja
materialização depende da ação proativa dos operadores judiciários e não
judiciários.
30
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Sistematização:
Vinculados a princípios
As medidas da polícia estão orientadores da sua atividade Pilar do estado de direito
previstas na lei e só podem ser (página 23) – princípios de material, social e democrático –
usadas quando necessário, sem ferir defesa e garantia dos direitos e artigo 1º
a dignidade da pessoa humana – liberdades fundamentais e
artigo 272ºnº2/ artigo 3º nº2/ artigo Fundamento, razão, fim e limite
proteção da dignidade da pessoa
18º nº1 da aplicação dos operadores
humana.
judiciários no âmbito do direito
Não é permitido arranjar provas penal, material e penitenciário.
ferindo os direitos, liberdades e
garantias fundamentais – artigo 32º
nº8 Polícia criminal concretização de:
Princípios:
Legalidade material
ampla;
Culpabilidade;
Humanidade;
Ressocialização do
delinquente.
Dignidade da pessoa humana:
31
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
L+J=S
Política criminal – Para muitos autores, a política criminal não é uma ciência, mas uma
técnica, um método de trabalho ou ate mais exatamente uma arte.
É um conjunto de meios e critérios empregados ou a empregar pelo DP para o
tratamento da criminalidade, ou seja, os meios jurídicos utilizados ou a utilizar para a Submetem a aç
consecução dos fins concretos de uma comunidade juridica. repressiva e
Cada sistema jurídico responde uma determinada orientação politico-criminal e traduz preventiva
uma concreta política criminal.
Cada sistema jurídico responde a uma determinada orientação político-jurídica e traduz
uma concreta política de direito.
32
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Considerações gerais:
Criminologia
Política criminal
33
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Luigi Ferrajoli
7
É uma ação repressiva, material e processual, a qual pertence ao estado, que detém os operadores
judiciários necessários para a concretização da aprovação e execução de uma política criminal garantistica
e humanista.
34
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Considerações especificas:
8
Órgão autónomo de administração da justiça.
9
Coadjuvado pelos olhos e brações e demais.
35
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
13. A dignidade da pessoa humana como fonte de uma política criminal integradora
dos poderes em concorrência constitucional e da comunidade (página 73):
37
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
15. A política criminal como ciência intrasistemática em Franz Von Liszt: princípios,
investigação, crime, pena e instituições (página 80):
Critério assenta na pena Determina no que respeita ao género e à
medida tendo em conta a natureza do delinquente, uma vez que a pena
vai infligir sobre ele um mal, que afeta bens jurídicos individuais.
Pena privativa de liberdade (pena de prisão) Para jovens/infratores,
deve propor e optar por prescrever medidas educativas
38
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Delmas- Marty 20. A política criminal como ciência com vetores e princípios integrantes
Reinhart Maurach do macrossistema de justiça criminal (página 97):
Heinz Zipf
Luigi Ferrajoli Tempo e espaço Elementos fundamentais para uma hermenêutica e
Paulo Pinto de praxis equitativa do DP.
Albuquerque
39
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
25. A prevenção criminal como desiderato essência da política criminal com reflexo
(i)mediato no DP material, processual penitenciário:
DP – afirma-se como um DP de tutela de bens jurídicos e como limite
legitimante do direito punitivo. Limite do poder de punir.
40
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
2. Conceitos básicos das doutrinas do facto punível muito para alem de serem
“penetrados” ou “influenciados” devem ser determinados e cunhados a partir de
proposições político criminais e da função que esta lhes é assinalada no sistema.
32. A recomposição da ciência global do DP por meio de uma política criminal que
dita o se e o como da dogmática jurídico criminal (página 132):
Bem jurídico não só não é verosímil, como também não detém
dignidade penal.
Criminalização de maus tratos e abandono de animais (artigos 387º e
389º CP)
33. O “meio” legislativo preventivo ou, tao só, preventivo como marca de uma
política criminal avessa a funcionalizar normativamente o DP (página 135):
Determinação das consequências jurídicas do crime Depende da
prova obtida na fase de inquérito e, nos casos em que seja requerida, na
fase de instrução e produzida em sede de julgamento. Obtenção de
provas permite eficácia quantos aos fins do DP. A eficácia depende da
Frank Von Liszt legitimidade quanto aos meios empregues na prossecução da política
Figueiredo Dias criminal (meios):
Anabela M Rodrigues
Legislativo preventivo
41
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Legislativo penal
Legislativo processual
Legislativo sancionario
Legislativo penitenciário
34. A constituição como repositório dos bens jurídicos dignos de tutela penal e as
mutações legislativas influenciadas por uma política criminal internacional e
europeia (página 147):
Constituição é o repositório dos valores fundamentais da comunidade –
direitos humanos Reflexos de um pensar de uma agir e de estar
próprios de uma comunidade organizada, e que, sem os quais, não detém
a garantia, a segurança e a coesão social necessária à sua afirmação e
sobrevivência em liberdade. Bens jurídicos dignos de tutela penal.
DUDH Hino à condição humana e é um pilar de construção
comunitária global centrada na defesa e na garantia do ser humano.
CEDH Reafirmação no espaço europeu da condição humana e da
dignidade que em si mesmo encerra.
Figueiredo Dias
Jescheck
Weigend
Reinhart Maurach
Heinz Zipf Estes 2 instrumentos alteram a condição de sujeito de direito atribuída ao
Faria Costa cidadão: confinada ao espaço nacional/estatal
Cezar Roberto
Bitencourt
42
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
38. O abandono do padrão critico da política criminal, que deve dizer o se e o como
da dogmática jurídico-criminal e influencia a ação de todos os operadores do
sistema de justiça criminal, sendo mais visível na atuação da polícia de um
estado (página 171):
43
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Humanidade
Ressocialização
40. O vetor legitimidade num estado de direito material social e democrático tem de
Não confundir com o princípio da eficácia de intervenção do DP para a tutela de bens jurídicos.
44
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
O legislador optou por apurar o âmbito da aplicação das penas alternativas à pena de
prisão e de multa.
Substituição da pena de prisão até 1 ano pela pena de multa ou de outra pena não
privativa da liberdade – Artigo 43º nº1 CP
Pena de prisão não superior a 3 anos pode ser substituída por uma pena de proibição de
exercício de atividades, profissão ou função, desde que o crime fosse cometido no
respetivo exercício – Artigo 43º nº3 CP
Princípio da legalidade
46
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
47
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
P= [B + (- D)] = B = BJ = D
P= - C
P= [- (- NJC)] =NJC
Princípio da culpabilidade
49
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Trazer para o processo todos os elementos materiais e todas as informações obtidas por
testemunhos ou por recolha de elementos materiais no local do crime.
Princípio da humanidade
50
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
51
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
52
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
53
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Critério da subsidiariedade não pode ser visto nem de uma perspetiva ampla (lato senso)
– pois implicaria que o direito penal interferisse também nos casos onde não há extrema
necessidade. Nem estrita (estrito senso) pois implicaria um carácter mais fragmentado,
surgiria como limite do legislador ordinário e como garantia dos possíveis delinquentes.
O critério deve na verdade:
-Discricionariedade do legislador ordinário;
-Recurso à pena
- Legislador vinculado à certeza da necessidade do recurso à pena.
Legislador- deve ter provas/certezas e aplicar uma pena proporcional. Cabe-lhe ainda o
onus probandi, ou seja, a tutela penal deve ser eficaz, isto é exigido pela dignidade penal
da lesão e pelo princípio da subsidiariedade.
EFICÁCIA
A eficácia obriga a que se faça uma análise dialética entre custos (restrições de direito
do agente do crime) e benefícios (proteção eficaz do bem jurídico).
Este princípio prescreve que a enumeração dos comportamentos a punir não pode ser
orientada pelo princípio das cifras negras, a análise depende também da verificação de
maior ou menos eficácia, não devendo a eficácia ser condição absoluta e única para a
criminalização ou descriminalização de uma conduta desviante.
A eficácia é uma condição necessária, mas não suficiente.
Na análise da eficácia devem introduzir-se os fatores do plano pragmático e espiritual
direito penal, (isto inclusive no campo das drogas).
A opinião pública pode servir de arma legitimadora da intervenção ou não intervenção
do direito penal. E como mostra a história pode ser perigosa.
O argumento que o cidadão deve dispor livremente do seu corpo não é válido para o
consumo de drogas porque desse modo nada seria crime.
DIREITO PENAL
Legitimidade do direito penal- concretização dos fundamentos (pressupostos), fins e
limites jurídico-constitucionais criminais.
Se e como do direito penal ditados pela política criminal do ser humano, que deve ser
sociológica e jus normativo constitucional, para que a axiologia e teleologia a sí
54
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Antes destas leis vigorava o artigo 40º do Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro onde
havia a proibição criminal do consumo, da aquisição e da posse para o consumo.
Alterou-se face às convenções internacionais, que proibiam o consumo excluindo-se a
hipótese de legalização do mesmo, mas não impõe a criminalização.
55
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
56
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Conclui-se que a criminalização do consumo de drogas não é justificável por não ser um
meio absolutamente necessário ou até adequado para enfrentar o problema do consumo
de drogas e dos seus efeitos.
A ENLCD acrescenta ainda (a favor da descriminalização) que a opção pelo ilícito de
mera ordenação social potencia, uma mais profunda utilização de certas manifestações
do princípio de oportunidade, permitindo introduzir um sistema sancionatório mais
flexível com vista a um melhor tratamento processual do caso concreto.
Legitimidade Eficácia
TERCEIRA VIA
Havendo a dúvida quanto a penalizar ou não o consumo de drogas, o legislador
português escolheu uma terceira via. Via que se segue em Portugal, que se trata de uma
descriminalização do consumo de droga no sentido lacto e estrito, não despenalizou a
conduta consumir e não descriminalizou de facto a conduta humana em si.
O legislador português procurou encontrar uma via que não protelasse indefinidamente
a aparente criminalização, e transmitisse a ideia de que seria a única saída.
Ordem juridica
Resultado e reflexo da estrutura cognitiva da sociedade face aos valores, morais e
éticos, aos costumes e à visão abrangente ou minimalista dos problemas que a abarcam
e circundam.
57
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Segundo Eduardo Correia uma das grandes mais valias disto é: a possibilidade de
uma enorme amplitude de aplicabilidade do princípio da oportunidade e de
simplificação processual, cujo recurso das decisões sancionatórias administrativas deve
ser para os tribunais administrativos.
Consideramos que na base para a criminalização ou descriminalização do consumo de
drogas deve ter-se em conta o campo de ofensas a bens jurídicos extra-pessoais (saúde-
pública, segurança...) e não um campo de reprovação moral.
58
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
59
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Consideramos que não existe nenhum vazio sancionatório como defende RUI
PEREIRA, nos termos no artigo 2º da Lei nº 30/2000.
Tipo incriminador do artigo 25º e do artigo 21º do DL nº 15/93, sendo que só o artigo 25
é incriminador.
Esfera criminal DL nº15/93
Esfera contra-ordenacional Lei nº 30/2000
60
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Um consumidor só pode deter e adquirir uma quantidade de droga que não ultrapasse o
consumo médio individual para 10 dias (nº2 do art.2º da lei nº 30/2000).
61
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
No caso das seringas estamos perante subsidiariedade explicita, pois, a própria norma
diz que se deve aplicar a pena mais grave, citando diz “se pena mais grave não lhe
couber por força de outras disposições legais”.
Deixar a seringa em algum lugar quando se tem uma doença contagiosa pode significar
dois crimes o de conduta dolosa ou negligência ou conduta negligente de um perigo
(crimes de natureza pública).
62
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
64
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
2. Nullum crimen, nulla poena sine lege certa – A norma penal incriminadora
tem de ser certa, ou seja, determinar com suficiente precisão o facto criminoso, o
crime não pode consistir numa situação, numa qualidade ou atitude pessoal. O
facto (ação ou omissão) não pode ser inferido da lei, tem de ser definido na lei.
Proibição das leis penais em branco, pois a ratio de garantia do princípio é
violada quando a lei seja de tal modo incompleta que exija de outro facto
normativo não a sua integração, mas a própria definição do comportamento
típico.
3. Nullum crimen, nulla poena sine lege scripta – A lei do Estado é a fonte das
normas que definem as incriminações e as sanções, fica excluído o costume
como facto normativo.
No que toca a lei do estado como fonte da lei penal, o artigo 168º nº1 alínea c) CRP
dispõe que constitui matéria da reserva legislativa da AR a definição dos crimes, penas e
medidas de segurança e respetivos pressupostos. Já o artigo 164º alínea g) compete lhe
conceder amnistias e perdões genéricos.
No que refere a definição dos crimes, penas e medidas de segurança, trata-se de reserva
relativa do Parlamento e não de reserva absoluta, mediante autorização legislativa
concedida pela AR, o Governo pode legislar em matéria penal.
Ao dizer-se que a fonte do direito penal é a lei do estado, significa que apenas a AR e o
Governo, mediante autorização legislativa, têm competências para legislar em matéria
penal.
O princípio da legalidade exige a conexão formal entre os pressupostos das penas e das
medidas de segurança e as respetivas penas e medidas de segurança aplicáveis – artigo
29º CRP.
O artigo 8º da CRP e o artigo 29º nº2 falam do Direito Internacional. O direito penal
interno sofre os efeitos da prevalência das normas comunitárias e por isso não deve ser
aplicada pelo tribunal a norma penal que esteja em conflito com um regulamento
comunitário. Os tratados são diretamente aplicáveis quando as suas normas tenham
65
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Elementos da interpretação:
Elemento gramatical
Elemento logico
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
o Racional ou teológico
o Sistémico
o Histórico
O professor castanheira neves diz que o teor verbal das leis, considerado na perspetiva
da problemática da interpretação juridica, não tem significação diferente da que lhe
determina essa interpretação.
Princípio in dúbio pro reo – Há que buscar o verdadeiro sentido da lei, o pensamento
legislativo, e não um sentido mais ou menos desfavorável.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
No entanto, pode decorrer que no momento do julgamento a lei vigente à data da prática
dos factos já tenha sido alterada ou revogada. Isto não significa, porém, que o facto que
era antes punível deixe sempre de o ser, pode acontecer que:
O facto continue a ser punível por força de outra lei, publicada posteriormente à
prática do facto;
Que se tratasse de uma lei de natureza temporária.
Razões que justificam este facto: Acontece que deixa de haver razão para a punição do
agente, considerando que a pena tem como fim:
A prevenção geral (positiva ou negativa) ou especial: se o facto deixa de ser
considerado crime já não há razão para o prevenir, sendo que este deixa de ter
relevância penal;
Retribuição ou a reintegração social do delinquente, deixa de haver razão para a
penalização, porque a própria ordem jurídica reconhece ao descriminalizar o ato
que não há motivo que justifique o castigo pela prática, não há motivo que
justifique o castigo pela sua prática nem o agente deve ser convencido pelo
sofrimento da pena que o facto é desvalioso.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Pode haver uma sucessão de leis temporárias (pode não haver modificação da lei
anterior nestas sucessões), ou seja, duas leis que se sucedem no tempo, neste caso
impera o princípio geral da aplicação retroativa da lei mais favorável, salvo se a nova
lei estabelecer expressamente ou resultar da sua interpretação que a alteração justifica
um regime diverso (ainda que também temporário).
69
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Se um facto não cabia na descrição da lei anterior, mas passa a caber na lei nova= nova
incriminação
Quando o facto era punível na lei anterior e continua a sê-lo na lei nova (ainda que as
consequências possam divergir) = sucessão de leis (é a este facto que se refere o art.2º
nº4 C.P e parte final do número 4 do artigo 29º da constituição)
70
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
71
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Há que realçar que isto não é uniforme nas diversas ordens jurídicas. Ex: o código
alemão dispõe que à medida de segurança se aplique a lei em vigor no momento da
decisão; o francês dispõe que o princípio da não retroatividade não se aplica às medidas
de segurança.
Aplicação no tempo das leis processuais penais
A regra sobre a aplicação no tempo destas leis conta do art. 5º do código de processo
penal, que dispõe que a lei processual penal é de aplicação imediata, sem prejuízo da
validade dos atos realizados na vigência da lei anterior. No entanto há leis de natureza
mista (processual e substantiva), a estas leis deve aplicar-se o regime substantivo,
enquanto concretamente for mais favorável ao arguido (ex: prescrição do procedimento
criminal e sobre condições de procedibilidade).
A solução apresentada por Taipa de Carvalho é a que tem sido seguida pela
jurisprudência e que parece tutelar também o interesse das vítimas. Esta orientação
parece impor-se pelo direito constitucional de acesso aos tribunais e de proteção contra
a vitimização secundária (arts.20 nº1 e 32º nº9 CRP).
Situação especial é a que resulta de à data da alteração da lei que converte o crime
público em semipúblico ou particular para haver procedimento criminal há dependência
de queixa, já houver um processo instaurado. Neste caso o processo mantem-se válido
pois as normas são de aplicação imediata, mas não retroativa.
72
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Sobre esta questão dos prazos de apresentação da queixa, importa bastante a fase em
que o processo se encontra:
Se se encontra na fase de inquérito, não nos parece que o ministério público
possa deduzir acusação sem prévia queixa, pois a legitimidade não é imutável;
Se o processo se encontrar na fase de instrução ou de julgamento e o crime
público passou a semi-público ou particular, esta alteração já não tem efeitos no
que respeita à validade da acusação, mas a nova natureza do crime tem
implicações, nomeadamente no que diz respeito à extinção do procedimento pela
via de desistência da queixa (renuncia ao procedimento).
73
Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Temos sempre que considerar o regime global e não a pena aplicável a cada
crime, para determinar qual o regime mais favorável.
O crime continuado não constitui um comportamento unitário.
A solução que preconizamos nada tem a ver com as normas sobre prescrição
porque para esta temos norma expressa a determinar que corre desde a data do
último facto (art.119 C.P), o que muitas vezes faz com que crimes que estariam
prescritos, se considerados isoladamente, deixam de o estar em razão da
unificação jurídica resultante da continuação;
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Imunidades
A lei é igual para todos e não existem privilégios pessoas que limitem a aplicabilidade
da lei, mas, há pessoas que em virtude das suas funções na orgânica do estado ou em
rezão de regras de direito internacional gozam de imunidades.
Imunidades são privilégios por força dos quais as pessoas a quem são atribuídas não
ficam sujeitas à jurisdição do estado ou não lhes são aplicadas as sanções previstas na
lei penal.
Discute-se na doutrina a natureza destes privilégios se é substantiva (as pessoas gozam
de uma isenção quanto à inaplicabilidade das suas penas penais, quando segundo os
princípios gerais seria aplicada a lei penal portuguesa) ou natureza adjetiva quando
simplesmente gozam do privilégio de não se submeterem à jurisdição portuguesa.
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O código penal português no seu art.5º nº1 deixa claro que pais se pode recusar a
extraditar, mas que haverá julgamento em Portugal.
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Introdução:
Uma das decorrências do princípio da legalidade é que não há crime sem uma lei
anterior ao momento da prática do facto que declare esse comportamento como crime e
estabeleça para ele a correspondente sanção.
Em Direito Penal vigora, portanto, a lei do momento da prática do facto. Mas a
aplicação externa ou exacerbada deste princípio poderia levar a situações injustas.
Donde o princípio geral em matéria penal é de que as leis penais mais favoráveis
aplicam-se sempre retroativamente.
Aplicação da lei:
Qual é a lei que no momento do julgamento o juiz devia aplicar ao arguido? É a lei do
momento da prática do facto, que é a, mas favorável, do que a lei posterior, ainda que
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essa lei tenha revogado aquela. Existe ultra-actividade da lei penal, porque se aplica
sempre a lei penal de conteúdo mais favorável ao arguido.
O momento da prática do facto é sempre aquele em que, no caso de se tratar de um
crime comissivo ou por ação, o agente atuou, ou, no caso de se tratar de um crime
omissivo, no momento em que o agente deveria ter atuado.
Duas situações:
Uma nova lei vem descriminalizar uma determinada conduta. Como deve reagir a
ordem jurídica? Se a conduta vier a ser descriminalizada não deve ser condenado por
essa conduta, mesmo que o agente tenha já sido condenado e se encontre detido (artigo
2º nº2 CP). Cessa os efeitos penais – princípio da aplicação da lei mais favorável.
Regime que se revela concretamente mais favorável, deve-se aplicar este regime ao
agente.
No entanto a lei no artigo 2º nº4 CP coloca um limite para o efeito retroativo – “salvo se
este já tiver sido condenado por sentença transitada em julgado”. É diferente dos efeitos
da descriminalização.
Há autores que defendem a inconstitucionalidade do artigo 2º nº4 CP, outros defendem a
sua constitucionalidade.
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Teoria da ubiquidade:
Visa abranger os delitos à distância.
O artigo 7º CP é importante: se considerar que a conduta ou o resultado típico tiveram
lugar em Portugal, então pode-se considerar que o facto ocorreu em território nacional;
e aí poder-se-á aplicar a lei penal portuguesa por força do preceituado no artigo 4º CP e
que consagra o princípio da territorialidade, uma vez precisamente que este princípio
vem dizer que a lei penal portuguesa é aplicável a factos praticados no território
nacional.
Uma vez em sede do artigo 5º CP vai-se analisar caso a caso:
- Se será o princípio da proteção dos interesses nacionais, poderá ser um dos
crimes elencados no aliena a);
- Se haverá afloramento do princípio da universalidade (alínea b));
- Se será eventualmente o princípio da nacionalidade ativa ou passiva previsto na
alínea c); e aqui verificar se estão reunidas todas as condições previstas e se existem ou
não restrições à aplicabilidade da lei portuguesa
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- Princípio de que ninguém pode ser responsabilizado por um facto mais do que
uma vez (artigo 29º CRP);
- Artigo 6º nº2 CRP, depois de ver que lei penal é competente, tem-se que ter em
atenção a lei do lugar onde o facto foi cometido, e mais favorável, mas que puna o facto.
As condições no artigo 6º nº2 CP não funciona quando está em causa o princípio da
proteção dos interesses nacionais (artigo 6º nº3 CP).
• que existam normas que se contraponham deste modo, dispõe regras que
• que uma pessoa seja julgada mais do que previnem o conflito entre as
uma vez pela prática do mesmo crime (bis in idem) normas.
Quando o facto viola duas normas distintas e autónomas não se pode falar de conflito,
uma vez que todas as normas violadas têm aplicabilidade simultânea, mas se o facto
incide sobre várias normas, mas estas apresentam uma relação de hierarquia, podendo
apenas uma ser aplicável a outra terá de ser absorvida. Neste caso, já nos podemos
dirigir ao conflito aparente porque o sistema jurídico detém mecanismos que
determinam qual das normas é mais adequada ao facto,
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Para que ocorra um concurso de normas, quer seja aparente ou real, é necessário existir
uma pluralidade de normas e um só facto, a que estas normas sejam aplicáveis.
Pluralidade de normas:
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Para que haja concurso aparente de normas tem de haver duas normas concorrentes,
deste modo não há concurso aparente quando um facto viola várias vezes a mesma
norma.
Unidade de facto:
o Para haver um concurso de normas, é necessário que o facto seja só um, mas
esta unidade é estabelecida por um critério jurídico, em função da lei. A
norma pode individualizar um facto, mas existem outros elementos
necessários para individualizar um facto concreto, sendo este o pressuposto
do concurso de normas.
Obs: O código penal não contém critérios de inaplicabilidade de uma das normas
convergentes sobre o mesmo facto e sobre a aplicabilidade de outra norma convergente
que sobre a primeira prevalece e a exclui.
Figura 1:
Representa-se por dois círculos em que o maior inclui um ou mais círculos menores,
representado a maior a norma geral e o menor a norma especial.
Figura 2:
Representa o círculo maior a norma geral e cada um dos menores as normas especiais.
Exemplos:
Na figura 1 podemos aludir aos artigos 131º e 132º do C.P. O conteúdo do artigo 131º é
o crime de homicídio comum, por este motivo corresponderia à norma geral (círculo
maior) e, o artigo 132º refere-se ao homicídio qualificado, que por sua vez corresponde
à norma especial (círculo menor).
Se o facto couber no artigo 132º, então este caberá também no artigo 131º, no entanto se
o artigo 132º não existisse seria aplicado o artigo 131º, mas como o 132º existe é este
que vai ser aplicado porque específica um ou mais elementos do crime, tornando esta
norma mais próxima do caso concreto.
Imaginemos que A mata B, o seu pai. A morte de qualquer pessoa cabe no 131º, no
entanto no 132º refere-se ao crime cometido contra o pai, então seria esta aplicada
porque é a que está mais próxima do caso concreto do que o 131º.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Por outro lado, podem existir várias normas em relação de especialidade com uma
norma comum, deste modo pode-se suceder casos em que as normas especiais
concorrem entre si, verificando-se concorrência de qualificações ou privilegiamentos e
de qualificações e privilegiamentos. Entre estas normas não ocorrem relações de género
a espécie, como acontecia na especialidade, mas sim de subsidiariedade ou de exclusão.
Exemplo:
O artigo 132º e 133º são ambas normas especiais e não cabem uma na outra, então é
necessário verificar qual a norma a ser aplicada.
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O artigo 203º, que prevê o crime de furto (norma geral) constitui normas
especiais:
Princípio da Subsidiariedade:
Uma lei tem caráter subsidiário quando o facto por ela incriminado é também
incriminado por outro, tendo, por isso um âmbito de aplicação comum, no entanto cada
uma delas tem também um campo de aplicação diferenciado não abrangido pela outra.
Isto é, o facto cabe nas duas normas e, por isso estas normas apresentam-se idênticas, no
entanto as suas normas enunciam um conteúdo diferenciado.
Expressa (explícita ou formal): quando uma lei contém no seu próprio texto a
cláusula de que a sua aplicação está subordinada à não aplicação dessa outra.
Tácita (implícita ou material): quando o facto incriminado por uma norma entra
como elemento constitutivo de facto incriminado por outra norma, de modo que
a presença do último exclui a simultânea punição do primeiro.
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
Figura 3:
Representa-se por dois círculos, a parte em que se sobrepõe representa a parte comum
entre as normas, no entanto o facto concreto não corresponde apenas à zona sobreposta,
mas cabe inteiramente em cada uma das normas. O que se sucede é que o mesmo facto
cabe inteiramente nas duas normas, mas a aplicação de ambas desencadearia numa
dupla punição a um só facto concreto, o que não pode acontecer.
Subsidiariedade explícita:
O artigo 215º prevê o crime de usurpação de coisa imóvel por meio de violência
ou ameaça punível com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240
dias, mas se a violência ou ameaça, isto é o meio utilizado constituir crime
punível com pena mais grave, é esta a pena aplicável.
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O artigo 322º prevê os crimes praticados contra pessoa que goze de proteção
internacional, punindo-os com pena de prisão de 1 a 8 anos, mas se os crimes
cometidos, independentemente, da qualidade das vítimas, forem puníveis com
pena mais grave, será esta a aplicável.
Subsidiariedade implícita:
O artigo 347º prevê o crime de coação sobre funcionários, punindo com pena de
prisão até 5 anos que empregar violência contra funcionário para o constranger a
que pratique ato relativo ao exercício das suas funções, mas contrário aos seus
deveres. Se a violência constituir em ofensa contra a integridade física punível
com pena de 2 a 10 – artigo 144º – é esta a ser aplicada.
Exemplo: se A matar o pai, movido por profunda compaixão em face do seu prolongado
sofrimento, admite-se que o facto se enquadra no artigo 132º e 133º. Não estamos
perante um concurso de normas porque a integração do facto no âmbito da norma do
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133º exclui a norma 132º. Posto isto, a qualificação do artigo 132º resulta da especial
censurabilidade do facto e o privilegiamento do artigo 133º da menor censurabilidade,
pelo que são incompatíveis: ou se aplica uma ou outra, uma exclui a outra.
Pela subsidiariedade deveria ser aplicada a 133º porque possui a pena mais
grave, o que seria injusto se o facto se inserisse no 134º, porque possui uma pena
menor.
Quando concorrem duas normas privilegiadas ao facto, deve ser aplicada aquela
que for mais favorável ao delinquente. Trata-se de uma relação material, só
verificável na aplicação da lei ao caso concreto, sendo ambas as normas
aplicáveis em abstrato, mas não o sendo em concreto para evitar o bis in idem, e
porque ambas atenuantes devem ser aplicadas a que procede a uma mais intensa
atenuação.
Figura 4:
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Inês Carvalho Direito Penal I 2º ano – 1º Semestre
✔ O artigo 21º dispõe que os atos preparatórios não são puníveis, mas existem
exceções, uma vez que há normas que punem até os atos preparatórios, como é o
caso dos artigos 271º, 274º, 300º nº5 e 344º. Nestes casos, os atos preparatórios
são puníveis autonomamente, isto é, se o crime que preparam não for executado,
mas se o iter criminis prossegue os atos preparatórios são absorvidos na unidade
do crime que prepara.
Exemplo:
A aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação é um ato preparatório do crime
da passagem de moeda falsa, previsto no artigo 241º como crime autónomo. O facto de
ser punido como crime autónomo não significa que a sua punição deva ter sempre lugar,
pois ela verifica-se quando o agente fique por aí (aquisição) no iter criminis, mas não já
quando do mero perigo de lesão, que a aquisição representa, se passou à execução e
consumação do próprio crime de passagem de moeda falsa, isto é, à lesão concreta do
bem jurídico em causa, dado que nesta hipótese a norma que pune a lesão consome já a
proteção que a outra norma – que pune o perigo da lesão- tem em vista (consumação).
Execução do crime:
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A seguir à fase de preparação vem a fase da execução do crime, esta pode ser
incompleta dando lugar, nos crimes mais graves, à incriminação por tentativa, por força
do artigo 23º do C.P.
Exemplo:
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comete um homicídio (artigo 131º a 132º), na tutela dos bens jurídicos será utilizada as
normas da integridade física e do homicídio, consumindo assim o crime de rixa, uma
vez que no meio de tantos acaba por ser desnecessário.
Exemplo: o crime de ofensas corporais é consumido pelo crime de violação, mas caso o
último não se concretize, o primeiro autonomiza-se (concurso real).
Quando o autor do crime tem uma conduta que lesa o bem jurídico que foi prejudicado
pelo crime anterior, esta conduta não será punida, uma vez que já está abrangida na
tutela do bem em função do crime anterior. Mas, isto já não acontece se a conduta
posterior ao crime prejudicar outro bem senão aquele que foi anteriormente prejudicado.
Exemplo: O autor do crime de furto que depois destrói a coisa furtada não é, em
acumulação, responsável por furto da propriedade e furto de uso ou por furto e dano. A
perda da propriedade da coisa furtada já tinha sido ponderada na tutela jurídica da
incriminação por furto, sendo assim consumida.
Exemplo: O autor da falsificação da moeda não é punível pela passagem da moeda
falsificada, esta constitui facto posterior impune (artigo 262º e 265º).
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Ocorre quando o agente, mediante uma só ação, pratica dois ou mais crimes.
Distinguindo-se do concurso material pela unidade de conduta: no concurso material, o
agente comete dois ou mais crimes por meio de duas os mais condutas distintas.
Exemplo de concurso ideal ou formal: o agente com um só tiro ofende mais de uma
pessoa
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