Info - Constitucional - MPE 25.10
Info - Constitucional - MPE 25.10
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A avocação pelo PGJ, prevista no art. 10, IX, “g”, da LONMP, depende
de prévia concordância do membro do Ministério Público, além da
deliberação pelo Conselho Superior
Direito Constitucional Ministério Público Princípios Institucionais do Ministério Público
Origem: STF
Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. Por
outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal em caso de nova legislatura. Ex: o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente
do Senado é de 2 anos. Cada legislatura tem a duração de 4 anos. Imagine que João foi eleito
Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele foi escolhido para
ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa que João não poderá ser reeleito
como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016. Isso porque seria uma reeleição
dentro da mesma legislatura. Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013
a 2016. Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2015-
2016. Em 2016, ele foi reeleito Deputado Federal para a legislatura de 2017 a 2020. Significa
que Pedro poderá ser novamente Presidente da Câmara para no biênio de 2017-2018. Isso
porque seria uma reeleição para nova legislatura. O fundamento para isso está no art. 57, § 4º
da CF/88: § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de
fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo
na eleição imediatamente subsequente. Foi proposta uma ADI com o objetivo de dar
interpretação conforme e dizer que esse dispositivo foi derrogado pela Emenda Constitucional
nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os cargos do Poder Executivo. O STF, contudo, não
concordou com a alegação e manteve a literalidade do art. 57, § 4º. STF. Plenário. ADI 6524,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020.
A Lei nº 13.979/2020 previu, em seu art. 3º, um rol exemplificativo de oito medidas que podem
ser adotadas pelo poder público para o combate ao coronavírus. O art. 3º, VI, “b”, e os §§ 6º e
7º, II, da Lei nº 13.979/2020 estabeleceram que os Estados e Municípios somente poderia
adotar algumas medidas se houvesse autorização da União. O STF, ao apreciar ADI contra a
Lei, decidiu: a) suspender parcialmente, sem redução de texto, o disposto no art. 3º, VI, “b”, e
§§ 6º e 7º, II, da Lei nº 13.979/2020, a fim de excluir estados e municípios da necessidade de
autorização ou de observância ao ente federal; e b) conferir interpretação conforme aos
referidos dispositivos no sentido de que as medidas neles previstas devem ser precedidas de
recomendação técnica e fundamentada, devendo ainda ser resguardada a locomoção dos
produtos e serviços essenciais definidos por decreto da respectiva autoridade federativa,
sempre respeitadas as definições no âmbito da competência constitucional de cada ente
federativo. Assim, os Estados/DF e Municípios podem, mesmo sem autorização da União,
adotar medidas como isolamento, quarentena, exumação, necropsia, cremação e manejo de
cadáver e restrição à locomoção interestadual e intermunicipal em rodovias, portos ou
aeroportos. Vale ressaltar que Estados e Municípios não podem fechar fronteiras, pois sairiam
de suas competências constitucionais. A adoção de medidas restritivas relativas à locomoção
e ao transporte, por qualquer dos entes federativos, deve estar embasada em recomendação
técnica fundamentada de órgãos da vigilância sanitária e tem de preservar o transporte de
produtos e serviços essenciais, assim definidos nos decretos da autoridade federativa
competente. STF. Plenário. ADI 6343 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 6/5/2020 (Info 976).
O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de
direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF. Plenário.
RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão geral –
Tema 850) (Info 955). Em provas, tenha cuidado com a redação do art. 1º, parágrafo único, da
Lei nº 7.347/85: Art. 1º (...) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem
ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35/2001) Se for
cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma prova objetiva, provavelmente,
esta será a alternativa correta.
É inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias cobrem “taxa” de
religação no caso de corte de fornecimento de energia por atraso no pagamento. Essa lei
estadual invadiu a competência privativa da União para dispor sobre energia, violando, assim, o
art. 22, IV, da CF/88. Além disso, também interferiu na prestação de um serviço público federal,
considerando que o serviço de energia elétrica é de competência da União, nos termos do art.
21, XII, “b”, da CF/88. Ex: concessionária havia “cortado” (suspendido) o serviço de energia
elétrica em razão de inadimplemento; o consumidor regularizou a situação, quitando os
débitos; a concessionária pode exigir do cliente o pagamento de uma tarifa para efetuar o
religamento do serviço; lei estadual não pode proibir que a concessionária cobre esse valor.
STF. Plenário. ADI 5610/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/8/2019 (Info 946).
A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2
(dois) salários-mínimos,prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das
passagens, abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que
se incluem as tarifas de pedágio e de utilização dos terminais. STJ. 1ª Turma. REsp 1543465-
RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018 (Info 641).
Coexistência de ADI no TJ e ADI no STF, sendo a ADI estadual julgada primeiro Coexistindo
duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e
outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda –
do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal de Justiça
for pela procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com
preceito da Constituição do Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o
parâmetro do controle de constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal,
subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. Viola a igualdade
a exigência de que o cargo público seja ocupado por indivíduo com curso de administração
pública mantido por instituição pública credenciada no respectivo Estado É inconstitucional lei
estadual que, ao criar o cargo de administrador público, exige que ele seja ocupado por
profissional graduado em Curso de Administração Pública mantido por Instituição Pública de
Ensino Superior, credenciada no respectivo Estado. Essa previsão da lei estadual ofende o
princípio constitucional da igualdade no acesso a cargos públicos. Além disso, essa regra
também viola o art. 19, III, da Constituição Federal, que proíbe a criação de distinções
ilegítimas entre brasileiros. STF. Plenário. ADI 3659/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 13/12/2018 (Info 927).
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A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado pelo
Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato
normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo
Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018
(Info 899).
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre
veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da
proteção ao meio ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com
amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de
proteção ambiental, como forma de assegurar o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de MP que importe em
diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de
diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente
danosas e graves ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material
implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das
limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. STF. 2ª
Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/11/2016 (Info 849).
É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum
procedimento, tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual
prevendo que, se o plano de saúde recusar algum procedimento, tratamento ou internação, ele
deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um comprovante fundamentado expondo as razões da
negativa. O STF entendeu que essa norma não viola competência privativa da União,
considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria inserida na competência
concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 7/2/2018 (Info 890).
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação?
Neste caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do
dispositivo impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na
redação original. A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao
autor o ônus de apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a
inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. Se o autor não fizer
isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado o pedido em razão da perda
superveniente do objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
7/2/2018 (Info 890).
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A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-
Presidente da República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o
exercício regular desses cargos, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se
encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-
segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).
Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, essa
decisão, assim como acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e
efeitos vinculantes. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle incidental, essa
decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e
vinculante. Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve
ser a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle
difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado
com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF.
Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info
886). Obs: vale fazer o alerta de que esse tema ainda não está pacificado e ainda irá produzirá
intensos debates, inclusive quanto à nomenclatura das teorias que foram adotadas pelo STF.
O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria,
as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em
flagrante delito por crime inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas
menos gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no
caso de Deputados Federais e Senadores, a competência para impor tais medidas cautelares é
do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medida
cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou
Senador exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua
decisão, no prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a
respectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida.
Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares
previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente,
que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado
poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário.
Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares
diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881).
Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações
bancárias de titularidade de Prefeitura para fins de apurar supostos crimes praticados por
agentes públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público
de informações bancárias de contas de titularidade da Prefeitura, com o fim de proteger o
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. O sigilo de
informações necessário à preservação da intimidade é relativizado quando há interesse da
sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos. Diante da existência de indícios da
prática de ilícitos penais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no exercício de seus
poderes investigatórios (art. 129, VIII, da CF/88), requisitar os registros de operações
financeiras relativos aos recursos movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da
Prefeitura. Essa requisição compreende, por extensão, o acesso aos registros das operações
bancárias sucessivas, ainda que realizadas por particulares, e objetiva garantir o acesso ao real
destino desses recursos públicos. STJ. 5ª Turma. HC 308493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 20/10/2015 (Info 572). STF. 2ª Turma.RHC 133118/CE, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 26/9/2017 (Info 879).
Foi proposta ADI contra a Lei nº 3.041/2005, do Estado do Mato Grosso do Sul, que tratava
sobre assunto de competência da União. Ocorre que esta Lei havia revogado outras leis
estaduais de mesmo conteúdo. Desse modo, se a Lei nº 3.041/2005 fosse, isoladamente,
declarada inconstitucional, as demais leis revogadas "voltariam" a vigorar mesmo padecendo
de idêntico vício. A fim de evitar essa "eficácia repristinatória indesejada", o PGR, que ajuizou a
ação, impugnou não apenas a Lei nº 3.041/2005, mas também aquelas outras normas por ela
revogadas. O STF concordou com o PGR e, ao declarar inconstitucional a Lei nº 3.041/2005,
afirmou que não deveria haver o efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo
conteúdo. O dispositivo do acórdão ficou, portanto, com a seguinte redação: "O Tribunal, por
maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido formulado para declarar a
inconstitucionalidade da Lei nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do Sul, inexistindo
efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo, (...)" STF. Plenário. ADI
3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838). Vale ressaltar que existe
um julgado recente do STF no qual o Tribunal afirmou que, mesmo que o autor da ADI não
impugne também o ato normativo anterior revogado, o STF poderá, na decisão, afirmar que não
haverá efeito repristinatório. Confira: (...) 3. Não obsta a cognição da ação direta a falta de
impugnação de ato jurídico revogado pela norma tida como inconstitucional, supostamente
padecente do mesmo vício, que se teria por repristinada. Cabe à Corte, ao delimitar a eficácia
da sua decisão, se o caso, excluir dos efeitos da decisão declaratória eventual efeito
repristinatório quando constatada incompatibilidade com a ordem constitucional. (...) STF.
Plenário. ADI 3239, Rel. Min. Cezar Peluso, Relator p/ Acórdão Min. Rosa Weber, julgado em
08/02/2018. Vamos aguardar para verificar como se posicionará o Tribunal em novas
oportunidades.
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Se o CNMP decidir avocar um PAD que está tramitando na Corregedoria local por suspeita de
parcialidade do Corregedor, ele poderá aproveitar os atos instrutórios praticados regularmente
na origem pela Comissão Processante. Não há motivo para se anular os atos instrutórios já
realizados pela Comissão Processante, sem participação do Corregedor, especialmente se o
interessado não demonstra a ocorrência de prejuízo. O princípio do pas de nullité sans grief é
plenamente aplicável no âmbito do Direito Administrativo, inclusive em processos
disciplinares. STF. 2ª Turma. MS 34666 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/8/2017
(Info 875).
O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta
e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente,
em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a
votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando”. Apesar
de o dispositivo falar em “todas as demais deliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não
adotou uma exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas (paralisadas) apenas as
votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre temas que possam ser tratados por
medida provisória. Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisória trancando a pauta
pelo fato de não ter sido apreciada no prazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou
o Senado poderão votar normalmente propostas de emenda constitucional, projetos de lei
complementar, projetos de resolução, projetos de decreto legislativoe até mesmo projetos de
lei ordinária que tratem sobre um dos assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88. Isso porque a MP
somente pode tratar sobre assuntos próprios de lei ordinária e desde que não incida em
nenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 29/6/2017 (Info 870).
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição,
quando se tratar de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por
decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que
emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis. STF. Plenário.RE 194704/MG, rel.
orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo
simples fato de terem se passado vários anos sem o julgamento
Direito Constitucional Direitos e garantias fundamentais Saúde
Origem: STJ
Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba
denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum. Em
outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o Governador do
Estado seja processado por crime comum. Se a Constituição Estadual exigir autorização da
ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa previsão é considerada
inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a
instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa
Legislativa. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará
automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO. O
afastamento do cargo não se dá de forma automática. O STJ, no ato de recebimento da
denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o Governador do
Estado ser ou não afastado do cargo. Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ
poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição
de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. ADI 4777/BA,
ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 9/8/2017 (Info 872). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min.
Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863).
A Administração Pública pode ser obrigada, por decisão do Poder Judiciário, a manter estoque
mínimo de determinado medicamento utilizado no combate a certa doença grave, de modo a
evitar novas interrupções no tratamento. Não há violação ao princípio da separação dos
poderes no caso. Isso porque com essa decisão o Poder Judiciário não está determinando
metas nem prioridades do Estado, nem tampouco interferindo na gestão de suas verbas. O que
se está fazendo é controlar os atos e serviços da Administração Pública que, neste caso, se
mostraram ilegais ou abusivos já que, mesmo o Poder Público se comprometendo a adquirir os
medicamentos, há falta em seu estoque, ocasionando graves prejuízos aos pacientes. Assim,
não tendo a Administração adquirido o medicamento em tempo hábil a dar continuidade ao
tratamento dos pacientes, atuou de forma ilegítima, violando o direito à saúde daqueles
pacientes, o que autoriza a ingerência do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. RE 429903/RJ, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/6/2014 (Info 752).
Em regra, a fluência do prazo recursal para o Ministério Público e a Defensoria Pública, ambos
beneficiados com intimação pessoal, tem início com a entrada destes na instituição (e não
com oposição de ciência pelo seu representante). No entanto, se a certidão proferida pela
Serventia do Poder Judiciário registra tão somente o dia da remessa do feito para o Ministério
Público (isto é, da saída do feito do Judiciário), mas não a efetiva data de seu ingresso no setor
de apoio administrativo da referida Instituição, então, neste caso, deverá ser considerado que o
prazo recursal iniciou-se somente no dia em que houve a aposição do "ciente" pelo membro do
MP. STJ. 5a Turma. REsp 1538688/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
03/03/2016.
Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada, a MP é
convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá
ser conhecida e julgada. Como o texto da MP foi mantido, não cabe falar em prejudicialidade
do pedido. Isso porque não há a convalidação ("correção") de eventuais vícios existentes na
norma, razão pela qual permanece a possibilidade de o STF realizar o juízo de
constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade normativa entre o ato legislativo
provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Ex: foi proposta uma ADI contra a MP
449/1994 e, antes de a ação ser julgada, houve a conversão na Lei nº 8.866/94. Vale ressaltar,
no entanto, que o autor da ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o
aditamento da ação. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
15/12/2016 (Info 851).
Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos fora do âmbito da
Instituição, salvo cargo de professor e funções de magistério. A Resolução 72/2011 do CNMP,
ao permitir que membro do Parquet exerça cargos fora do MP, é flagrantemente contrária ao
art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88. Consequentemente, a nomeação de membro do MP para o cargo
de Ministro da Justiça viola o texto constitucional. STF. Plenário. ADPF 388, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 09/03/2016 (Info 817).
Homologação de TAC
Direito Constitucional Ministério Público Conselho Nacional do Ministério Público
Origem: STF
O CNMP não tem competência para examinar a decisão do Conselho Superior do Ministério
Público Estadual que homologa ou não Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),
considerando que essa discussão envolve a atividade-fim do órgão, aspecto que não deve ser
submetido à fiscalização do CNMP. STF. 2ª Turma. MS 28028/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 30/10/2012 (Info 686).
Os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal têm legitimidade para propor e atuar
em recursos e meios de impugnação de decisões judiciais em trâmite no STF e no STJ,
oriundos de processos de sua atribuição, sem prejuízo da atuação do Ministério Público
Federal. STF. Plenário Virtual. RE 985392/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/05/2017
(repercussão geral). Os Ministérios Públicos estaduais não estão vinculados, nem
subordinados, no plano processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério
Público da União, o que lhes confere ampla possibilidade de atuação autônoma nos processos
em que forem partes, inclusive perante os Tribunais Superiores. Assim, por exemplo, o
Ministério Público Estadual possui legitimidade para o ajuizamento de ação rescisória perante
o STJ para impugnar acórdão daquela Corte que julgou processo no qual o parquet estadual
era parte. STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 16/12/2015 (Info 576). STF. 1ª Turma. ACO 2351 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 10/02/2015.
O art. 82, III, do CPC/1973 (art. 178, I, do CPC/2015) estabelece que o MP deverá intervir
obrigatoriamente nas causas em que há interesse público. Segundo a doutrina e jurisprudência,
o inciso refere-se ao interesse público primário. Assim, o Ministério Público não deve
obrigatoriamente intervir em todas as ações de ressarcimento ao erário propostas por entes
públicos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1151639-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
10/9/2014 (Info 548).
Determinado banco ajuizou ação de reintegração de posse contra Maria pedindo que o imóvel
onde ela reside com seus dois filhos menores fosse desocupado, já que ela não teria pago as
prestações do financiamento realizado. O juiz julgou o pedido procedente, tendo ocorrido a
reintegração. O Ministério Público alegou que houve a nulidade do processo considerando que
o feito envolveria interesse de incapazes (pessoas menores de 18 anos) e não houve intimação
do Parquet para atuar como fiscal da ordem jurídica. O pedido do MP deve ser aceito? O fato
de morarem menores de idade no imóvel faz com que seja obrigatória a intervenção do MP na
ação reintegração de posse? NÃO. O fato de a ré residir com seus filhos menores no imóvel
não torna, por si só, obrigatória a intervenção do Ministério Público (MP) em ação de
reintegração de posse. Segundo prevê o CPC, o MP deve intervir nas causas em que houver
interesse de incapazes, hipótese em que deve diligenciar pelos direitos daqueles que não
podem agir sozinhos em juízo. Logo, o que legitima a intervenção do MP nessas situações é a
possibilidade de desequilíbrio da relação jurídica e eventual comprometimento do contraditório
em função da existência de parte absoluta ou relativamente incapaz. Nesses casos, cabe ao
MP aferir se os interesses do incapaz estão sendo assegurados e respeitados a contento, seja
do ponto de vista processual ou material. Na hipótese em tela, a ação de reintegração de posse
foi ajuizada tão somente contra a genitora dos menores, não veiculando, portanto, pretensão
em desfavor dos incapazes. A simples possibilidade de os filhos virem a ser atingidos pelas
consequências fáticas oriundas da ação de reintegração de posse não justifica a intervenção
do MP no processo como custos legis. STJ. 3ª Turma. REsp 1243425-RS, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 18/8/2015 (Info 567).
O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de
criança ou adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou de o
infante se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência
da Defensoria Pública na comarca. STJ. 2ª Seção. REsp 1265821-BA e REsp 1.327.471-MT, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 14/5/2014 (recurso repetitivo) (Info 541).
Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações
bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes
praticados por agentes públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo
Ministério Público de informações bancárias de contas de titularidade da Prefeitura Municipal,
com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo
bancário. STJ. 5ª Turma. HC 308493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
20/10/2015 (Info 572).
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual foi
eleito, ele perderá o cargo que ocupa? a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO A perda
do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo
sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo
eleitor. No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não
importando o quociente eleitoral nem o quociente partidário. Nos pleitos dessa natureza, os
eleitores votam no candidato e não no seu partido político. Desse modo, no sistema
majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidade partidária é antagônica
(contrária) à soberania popular. b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIM O mandato
parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional pertence ao partido político. Assim,
se o parlamentar eleito decidir mudar de partido político, ele sofrerá um processo na Justiça
Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. Neste processo, com contraditório e
ampla defesa, será analisado se havia justa causa para essa mudança. STF. Plenário. ADI
5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787). Quais as hipóteses que
atualmente podem ser consideradas como justa causa para a mudança de partido? As
situações estão elencadas no art. 22-A da Lei nº 9.096/95 (Incluído pela Lei nº 13.165/2015).
Importante citar também a exceção prevista no § 5º do art. 17 da CF/88 (Incluído pela EC
97/2017).
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a
polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o
MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-
se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa,
julgado em 3/4/2014 (Info 741).
Não cabe arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) contra decisão judicial
transitada em julgado. Este instituto de controle concentrado de constitucionalidade não tem
como função desconstituir a coisa julgada. STF. Decisão monocrática. ADPF 81 MC, Rel. Min.
Celso de Mello, julgado em 27/10/2015 (Info 810).
As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as
movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º
da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se
caracteriza como "quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos
bancos ao Fisco. Vale ressaltar que os Estados-Membros e os Municípios somente podem
obter as informações previstas no art. 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria
de forma análoga ao Decreto Federal nº 3.724/2001, observados os seguintes parâmetros: a)
pertinência temática entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de
cobrança no procedimento administrativo instaurado; b) prévia notificação do contribuinte
quanto à instauração do processo e a todos os demais atos, garantido o mais amplo acesso
do contribuinte aos autos, permitindo-lhe tirar cópias, não apenas de documentos, mas
também de decisões; c) sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico; d) existência
de sistemas eletrônicos de segurança que fossem certificados e com o registro de acesso; e,
finalmente, e) estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios. A
Receita Federal, atualmente, já pode requisitar tais informações bancárias porque possui esse
regulamento. Trata-se justamente do Decreto 3.724/2001 acima mencionada, que regulamenta
o art. 6º da LC 105/2001. O art. 5º da LC 105/2001, que permite obrigar as instituições
financeiras a informarem periodicamente à Receita Federal as operações financeiras
realizadas acima de determinado valor, também é considerado constitucional. STF. Plenário.
ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em
24/2/2016 (Info 815). STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/2/2016 (repercussão geral) (Info 815).