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Demonstrações Financeiras
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Cicero Pereira
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Esses temas serão trabalhados nas próximas três seções, por meio das quais você co-
das demonstrações financeiras básicas e a classificação e definição dos itens que as com-
põem.
As Normas e Padronização
A padronização das demonstrações financeiras para fins de análise tem por finalidade
levar as peças contábeis a um padrão que atenda às diretrizes técnicas internas da institui-
que o mesmo esteja desenvolvendo a análise para tomar a decisão de investimentos, a deci-
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Há todo um aparato legal e conceitual que orienta os profissionais da área contábil
na elaboração das demonstrações financeiras, isto é, do balanço, da demonstração de resul-
tado do exercício, da demonstração das mutações do patrimônio líquido e da demonstração
de fluxo de caixa, quando for o caso.
Para melhor entendermos este tópico, vamos realizar alguns esclarecimentos sobre
terminologias adotadas na análise financeira: o resultado do exercício corresponde ao valor
obtido da diferença entre receitas e despesas, e pode representar lucro se as receitas forem
maiores que as despesas, ou prejuízo, sendo estas menores que as despesas.
necessariamente o próximo.
Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração
I – balanço patrimonial;
Ressalte-se que uma companhia fechada, com patrimônio líquido, na data do balan-
ço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e pu-
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Demonstrações Financeiras Básicas
1) Balanço Patrimonial e
portamento dos itens que compõem o resultado (as receitas e despesas) em um determinado
período. A seguir você conhecerá cada uma delas em detalhe.
aplicações de recursos. Todos os bens ou direitos devem ser comprovados por documentos,
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que podem ser tocados ou vistos. Ainda encontram-se no Balanço Patrimonial as despesas
antecipadas e as diferidas, as quais representam investimentos que beneficiarão exercícios
futuros.
O passivo é expresso pelo passivo exigível e pelo patrimônio líquido, que mostram as
origens dos recursos que se encontram investidos no ativo. É preciso lembrar, porém, que as
demonstrações mostram apenas os fatos registráveis, segundo os princípios contábeis, ou
seja, os fatos objetivamente mensuráveis em dinheiro, como compras, vendas, pagamentos,
recebimentos, depósitos, débitos em conta, despesas incorridas, receitas faturadas, etc., dei-
xando de lado uma série inumerável de fatos, como marcas, participação de mercado, ima-
gem, tecnologia, os quais só podem ser contabilizados, isto é, registrados, quando forem
avaliados por técnicos especialistas, com capacidade para determinar o valor destes intan-
gíveis.
Conforme a Lei 6.404/76 alterada em 28 de dezembro de 2007 pela Lei 11.638, o Ba-
lanço Patrimonial deve conter os seguintes grupos de contas:
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Resultado de Exercícios Futuros
Investimentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imobilizado Capital Social
Diferido Reservas de Capital
Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Figura 3: Estrutura Patrimonial Resumida
Fonte: Lei 6404/76
ATIVO
O Ativo representa as aplicações dos recursos. São de natureza devedora, isto é, au-
mentam quando são debitadas e diminuem quando são creditadas. Estas contas estão dis-
postas segundo a ordem de liquidez. Assim, as contas com maior liquidez são as que apare-
cem na parte superior do ativo, e as de mais difícil realização, na parte inferior. Por isso é
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que o dinheiro aparece em primeiro lugar, por representar o ativo de liquidez imediata. Fa-
zem parte deste grupo os Bens, representados pelo caixa, estoques, veículos, máquinas,
entre outros, e os Direitos, sendo representados pelos valores a receber, ações de outras
empresas, depósitos bancários, entre outros.
Atenção para o fato de que no grupo do Ativo existem as contas redutoras, que têm
esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o Ativo.
Ativo Circulante
• Disponibilidades – são compostas por recursos financeiros possuídos pela empresa que
podem ser utilizados imediatamente, sem restrições, tais como: caixa, bancos conta movi-
mento, aplicações de liquidez imediata;
• Créditos – são os direitos que a empresa possui para receber em um futuro próximo. Ex-
pressam as contas a receber de clientes, a provisão para devedores duvidosos e os descon-
tos de duplicatas;
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Ativo Permanente
• Os investimentos – neste grupo estão classificados os bens e direitos que não são utiliza-
dos na atividade operacional da empresa, tais como imóveis destinados à locação, obras
de arte, investimentos em ouro e as participações em outras empresas.
• O imobilizado – compreende os itens que tenham por objeto bens destinados à manuten-
ção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de proprie-
dade industrial e comercial. É representado por bens tangíveis ou intangíveis que são
utilizados nas atividades da empresa, que tenham vida superior a um ano, relevância do
valor e que não sejam destinados à venda. São exemplos os imóveis e terrenos, desde que
preparação do local para funcionamento de uma empresa, efetuados antes de sua abertu-
ra, e ainda os gastos realizados com pesquisa e desenvolvimento de um novo produto.
PASSIVO
sócios por meio de aporte de capital ou de lucro gerado pela própria empresa. São de natu-
reza credora, isto é, aumentam com o crédito e diminuem com o débito.
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Como já mencionado no Ativo, também o grupo do Passivo possui contas redutoras;
têm esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o
Passivo.
Passivo Circulante
As mais freqüentes são: fornecedores, salários e encargos sociais, impostos e taxas, emprés-
normalmente são de longo prazo, mas também podem ser negociados no curto prazo.
Estas obrigações de longo prazo são caracterizadas por terem seus vencimentos após
o término do exercício seguinte, isto é, num prazo superior a um ano. As mais freqüentes
Neste grupo são classificadas as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos
e despesas correspondentes a tais receitas. Este grupo quase não aparece mais nas demons-
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Por fim, no passivo consta o Patrimônio Líquido, que representa a parte da empresa
que pertence a seus proprietários. Ele representa as fontes próprias à disposição da empresa.
É subdividido em:
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Capital Social
No caso das sociedades anônimas, o capital social pode ser representado pelas ações,
ou por cotas, quando se trata de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada.
Neste grupo encontramos duas contas:
• Capital subscrito – que representa o capital total registrado no ato da abertura da empre-
sa. Na subscrição, ou seja, no registro da empresa, o acionista ou sócio assume o compro-
misso perante a própria empresa de participar de seu capital social, adquirindo determina-
da quantidade de suas ações ou de suas cotas. A integralização do capital ocorre quando o
sócio ou acionista efetua o pagamento à empresa pelas ações ou cotas que havia subscrito.
• Capital a integralizar – esta conta representa as parcelas de capital que foram subscritas
pelos acionistas ou proprietários das empresas e que ainda não foram integralizadas. É
uma conta redutora do capital subscrito. Cabe salientar que as ações em tesouraria (aque-
las adquiridas pela própria empresa) devem ser deduzidas do patrimônio líquido.
Reservas
Representam parte do lucro da empresa deixado à disposição para ser utilizado quan-
do necessário. Fazem parte deste grupo as seguintes contas.
• Reservas de capital – estas constituem-se numa espécie de reforço ao capital social. As-
sim, capital social, reservas e lucros ou prejuízos acumulados compõem o patrimônio lí-
quido da empresa. Estas compreendem: ágio na emissão de ações, alienação de partes
beneficiárias, alienações de bônus de subscrição, prêmio recebido pela emissão de debên-
tures, doação de bens, subvenções recebidas pelas empresas e correção monetária do ca-
pital realizado.
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3.3.1.2 – Estrutura do Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
Circulante – AC Circulante – PC
* Disponibilidades * Fornecedores
** Caixa e bancos * Salários e encargos sociais
**Aplicações de liquidez imediata * Impostos e taxas
*Direitos realizáveis no exerc. social subseqüente * Dividendos a pagar
**Contas a receber de clientes * Impostos de renda a recolher
** (-)Títulos descontados * Instituições de crédito
** (-)Provisão para devedores duvidosos
**Estoques Exigível a longo prazo – PELP
** Adiantamentos a fornecedores * Financiamentos
** Aplicações de liquidez não imediata * Debêntures
** Outros valores a receber * Impostos parcelados
* Despesas do exercício seguinte
** Seguros antecipados Resultados de exercícios futuros – REF
* Receitas de exercícios futuros
Realizável a longo prazo – ARLP * (-) Custos e despesas correspondentes
* Direitos realizáveis após término do exerc. subs.
** Créditos da Eletrobrás PATRIMÔNIO LÍQUIDO
** Depósitos judiciais * Capital Social
** Impostos a recuperar ** Capital subscrito
** Valores a receber de coligadas ** (-) Capital a integralizar
** Valores a receber de acionistas
* Reservas de capital
Permanente – AP ** Ágio na emissão de ações
*Investimentos ** Produto da alienação de partes beneficiárias
** Aplicações permanentes em outras sociedades ** Prêmio na emissão de debêntures
***Controladas e coligadas ** Doações e subvenções
***Outras participações ** Correção monetária do capital
**Direitos não classificáveis no AC e que não se
destinam à atividade da empresa
* Reservas de lucros
*** Outros investimentos
** Reserva legal
*Imobilizado
** Reservas estatutárias
**Imóveis e terrenos
** Reservas para contingências
** Máquinas e equipamentos
** Reservas de lucro a realizar
** Veículos
** Móveis, utensílios e instalações
** Imobilizações em andamento * Lucros ou prejuízos acumulados
** Marcas e patentes
* Diferido
** Gastos pré-operacionais
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3.3.2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)
A primeira demonstração financeira básica que você estudou foi o Balanço Patrimonial.
A segunda é a Demonstração do Resultado do Exercício, que também é reconhecida pela
sigla DRE. Esta demonstração mostra o lucro ou o prejuízo obtido pela empresa no período.
Expressa o desempenho econômico, por meio das receitas dos custos e despesas de um perío-
do, para apurar o resultado. É uma demonstração dos aumentos e reduções causados ao
Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente au-
mento do Ativo, pelo ingresso de novos elementos. As despesas representam redução do
Patrimônio Líquido, por meio da redução do ativo ou do aumento do passivo exigível (Silva,
2005).
Cabe salientar que a DRE retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário
(fluxo de dinheiro). Sendo assim, o resultado obtido pela empresa em um dado período não
representa o saldo da conta caixa desse mesmo período, mas reforça o fato de que lucro não
significa saldo positivo no caixa ou prejuízo pode não representar saldo negativo. Vamos
imaginar uma situação considerando que determinada empresa obteve prejuízo. Esse preju-
ízo e as conseqüentes dificuldades de recursos financeiros levaram essa empresa a buscar
um financiamento. O saldo do caixa será positivo, porém o resultado da empresa continua
sendo negativo.
Para a DRE não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta
apenas que afete o Patrimônio Líquido, entre duas datas. É apresentada de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se os custos e as despesas e em seguida indica-se o
resultado (lucro ou prejuízo).
Para entender melhor a DRE vamos organizar o seu estudo em 3 partes: a composição
dos resultados, as diferentes fases do lucro e a estrutura da DRE.
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3.3.2.1 – A composição dos resultados
a) Receita Operacional;
c) Lucro Bruto;
d) Despesas Operacionais;
e) Lucro Operacional;
a) Receita Operacional
2) Vendas canceladas;
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A seguir uma breve descrição de cada uma delas.
Vendas canceladas são aquelas decorrentes das devoluções efetuadas pelos clientes,
em função de os produtos não atenderem as suas especificações, apresentarem defeitos ou
por qualquer outra razão. São aquelas vendas que não se efetivaram de fato, e que, por
razões de registro contábil, assim são denominadas.
No caso de impostos incidentes sobre vendas, trata-se de valores que foram transferi-
dos pela empresa para os governos federal (IPI), estadual (ICMS) ou municipal (ISS), por
exemplo. A empresa é mera depositária destes recursos, porém eles são registrados na Conta-
bilidade.
A receita operacional líquida é efetivamente a parte da receita que ficará para a em-
presa cobrir seus custos e despesas e para gerar lucro. Origina-se da dedução das devolu-
ções, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas da receita operacional bruta.
A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser
especificada por setor da economia:
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• Para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo dos Produtos Vendidos
(CPV)
• Para as empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias
Vendidas (CMV)
• Para as empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos
Serviços Prestados (CSP)
c) Lucro Bruto
d) Despesas Operacionais
2) despesas administrativas;
3) despesas financeiras e
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tórios de vendas, material de escritório, propaganda e publicidade, marketing. Também a
provisão para devedores duvidosos é considerada uma despesa operacional com vendas,
porém não dedutível para fins de apuração do lucro tributável.
São aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são
gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa. Podem-se citar como
São remunerações aos capitais de terceiros, tais como juros pagos ou incorridos, co-
patrimonial para avaliação dos investimentos relevantes em sociedades coligadas, sob cuja
administração tenha influência ou de que participe com 20% ou mais do capital social, e em
superior a 15%. No caso das sociedades anônimas de capital aberto, elas devem avaliar seus
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Por este método, a empresa investidora irá reconhecer em sua demonstração de resul-
tado uma parcela do lucro ou prejuízo da empresa na qual tem investimentos, na proporção
de sua participação no capital da outra.
e) Lucro Operacional
Este item que integra a composição do resultado de uma empresa pode se subdividir em 1)
Receitas não operacionais e 2) Despesas não operacionais. Saiba como elas são constituídas.
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h) Imposto de Renda, Contribuição Social e Participações
fiscal, o lucro real (lucro tributável) é o lucro líquido do exercício, mais as despesas não
legislação tributária, que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido, me-
prazo.
D – Resultado do Exercício
C – Provisão para Imposto de Renda
A contribuição social é outra parcela que é calculada com base no lucro da empresa,
Chegamos ao último dos itens que podem integrar a composição dos resultados de
uma empresa.
se a dedução das participações previstas nos estatutos e aí se encontra o lucro líquido, que é
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3.3.2.2 As diferentes fases do lucro
a) Lucro Bruto;
b) Lucro Operacional;
a. Lucro Bruto
RECEITA BRUTA
( – ) DEDUÇÕES
( = ) RECEITA LÍQUIDA
( – ) CUSTOS DAS VENDAS
( = ) LUCRO BRUTO
Ou ainda:
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b. Lucro Operacional
LUCRO BRUTO
( – ) DESPESAS OPERACIONAIS
(+/-) RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
( =) LUCRO OPERACIONAL
Ou ainda:
LUCRO OPERACIONAL
( – ) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
Ou ainda:
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O lucro líquido terá sua destinação orientada segundo os estatutos ou contrato social
da empresa, segundo a assembléia dos acionistas ou decisão dos sócios e de acordo com a
Lei das Sociedades Anônimas, que determina que 5% do lucro líquido do exercício, antes de
qualquer destinação, deverão constituir a reserva legal, que não pode exceder 20% do capi-
tal social.
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Síntese Final
Referências
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