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Demonstrações Financeiras

Presentation · June 2022


DOI: 10.13140/RG.2.2.33901.46569

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Cicero Pereira
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Demonstrações Financeiras

Nesta Unidade você conhecerá as Demonstrações Financeiras Obrigatórias,


aprofundando seu conhecimento na composição da estrutura das demonstrações financei-

ras básicas. Para tanto apresentaremos três tópicos centrais:

• conhecer as Normas e Padronização das Demonstrações Financeiras Obrigatórias;

• conhecer quais são as Demonstrações Financeiras e

• entender a composição patrimonial e do Resultado do Exercício, bem como a definição

dos itens que compõem as demonstrações financeiras básicas.

Esses temas serão trabalhados nas próximas três seções, por meio das quais você co-

nhecerá as Demonstrações Financeiras Obrigatórias e estudará detalhadamente a estrutura

das demonstrações financeiras básicas e a classificação e definição dos itens que as com-

põem.

As Normas e Padronização

A padronização das demonstrações financeiras para fins de análise tem por finalidade

levar as peças contábeis a um padrão que atenda às diretrizes técnicas internas da institui-

ção ou do profissional, facilitando o trabalho do analista financeiro, independentemente de

que o mesmo esteja desenvolvendo a análise para tomar a decisão de investimentos, a deci-

são de crédito ou tenha qualquer outro objetivo.

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Há todo um aparato legal e conceitual que orienta os profissionais da área contábil
na elaboração das demonstrações financeiras, isto é, do balanço, da demonstração de resul-
tado do exercício, da demonstração das mutações do patrimônio líquido e da demonstração
de fluxo de caixa, quando for o caso.

Segundo Martins (1996), a legislação comercial, tributária, a Comissão de Valores


Mobiliários (CVM), o Conselho Federal de Contabilidade, o Instituto Brasileiro de Conta-
dores (Ibracon), são alguns dos órgãos nacionais que cuidam de normas contábeis. Na
esfera internacional o Ifac (Internacional Federation of Accounting), o Iasc (Internacional
Accouting Standards Committee) e até a Organização das Nações Unidas são exemplos de
instituições que têm preocupação com a qualidade das informações e que emitem normas e
orientações de natureza contábil.

Assim sendo, as exigências externas, da legislação, dos princípios contábeis geral-


mente aceitos e de outras normas visando a regulamentar os procedimentos contábeis têm
grande validade na medida em que podem transmitir segurança ao analista quanto às técni-
cas e padronizações adotadas pela empresa na elaboração das demonstrações financeiras.

As Principais Demonstrações Financeiras

Para melhor entendermos este tópico, vamos realizar alguns esclarecimentos sobre
terminologias adotadas na análise financeira: o resultado do exercício corresponde ao valor
obtido da diferença entre receitas e despesas, e pode representar lucro se as receitas forem
maiores que as despesas, ou prejuízo, sendo estas menores que as despesas.

Outra terminologia utilizada refere-se a exercício social. Esta representa um período


de 12 meses, que é a base para apurar o resultado ou levantar o balanço da empresa, poden-
do iniciar e terminar em qualquer época do ano. Ressalta-se, no entanto, que o mais usual
é que o exercício social comece em 1º de janeiro e termine em 31 de dezembro.
Ainda exercícios futuros, exercícios seguintes e exercícios subseqüentes têm a mesma

definição e referem-se a períodos posteriores ao levantamento da demonstração, não sendo

necessariamente o próximo.

A Lei 6.404/76, segundo Silva (2005), obriga à elaboração de algumas demonstrações


financeiras. Vejamos o que diz em seu artigo 176, o qual foi alterado em 28 de dezembro de
2007 pela Lei 11.638:

Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração

mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com

clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I – balanço patrimonial;

II – demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados;

III – demonstração do resultado do exercício;

IV – demonstração de fluxo de caixa e

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

Ressalte-se que uma companhia fechada, com patrimônio líquido, na data do balan-
ço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e pu-

blicação da demonstração do fluxo de caixa.

Assim sendo, a legislação obriga às sociedades anônimas e demais sociedades mer-


cantis à elaboração destas demonstrações financeiras, que por sua vez são complementadas

por notas explicativas e outros quadros analíticos necessários para o esclarecimento da


situação patrimonial e dos resultados do exercício.

Obviamente, o ideal seria que as empresas dispusessem de informações sobre seus

resultados e sua solidez, independentemente de qualquer obrigatoriedade legal, de modo

que houvesse a imposição cultural e profissional no sentido de orientar suas decisões a

partir de análises realistas e fundamentadas em informações fidedignas.

27
Demonstrações Financeiras Básicas

As demonstrações financeiras básicas são duas:

1) Balanço Patrimonial e

2) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

A primeira evidencia as informações do ponto de vista patrimonial,

isto é, bens, direitos e obrigações; já a segunda apresenta o com-

portamento dos itens que compõem o resultado (as receitas e despesas) em um determinado
período. A seguir você conhecerá cada uma delas em detalhe.

3.3.1 – BALANÇO PATRIMONIAL

A Contabilidade retrata, por meio do balanço, a situação patrimonial da empresa em

determinada data, propiciando aos analistas o conhecimento de seus bens e direitos, de

suas obrigações e de sua estrutura patrimonial. Sinteticamente, o balanço retrata a posição

patrimonial da empresa em determinado momento, composta por bens, direitos e obriga-

ções. É a fotografia da empresa em determinado momento, normalmente por ocasião do

encerramento do exercício social (Silva, 2005). Para melhor compreendê-lo,vamos dividir

seu estudo em duas partes: Composição Patrimonial e Estrutura do Balanço Patrimonial.

3.3.1.1 – Composição Patrimonial

O Balanço Patrimonial é dividido em dois grandes blocos: ativo e passivo. O ativo

mostra tudo o que existe concretamente na empresa, na estática patrimonial; representa as

aplicações de recursos. Todos os bens ou direitos devem ser comprovados por documentos,

28
que podem ser tocados ou vistos. Ainda encontram-se no Balanço Patrimonial as despesas
antecipadas e as diferidas, as quais representam investimentos que beneficiarão exercícios
futuros.

O passivo é expresso pelo passivo exigível e pelo patrimônio líquido, que mostram as
origens dos recursos que se encontram investidos no ativo. É preciso lembrar, porém, que as
demonstrações mostram apenas os fatos registráveis, segundo os princípios contábeis, ou
seja, os fatos objetivamente mensuráveis em dinheiro, como compras, vendas, pagamentos,
recebimentos, depósitos, débitos em conta, despesas incorridas, receitas faturadas, etc., dei-
xando de lado uma série inumerável de fatos, como marcas, participação de mercado, ima-
gem, tecnologia, os quais só podem ser contabilizados, isto é, registrados, quando forem
avaliados por técnicos especialistas, com capacidade para determinar o valor destes intan-
gíveis.

Conforme a Lei 6.404/76 alterada em 28 de dezembro de 2007 pela Lei 11.638, o Ba-
lanço Patrimonial deve conter os seguintes grupos de contas:

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Resultado de Exercícios Futuros
Investimentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imobilizado Capital Social
Diferido Reservas de Capital
Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Figura 3: Estrutura Patrimonial Resumida
Fonte: Lei 6404/76

A seguir vamos detalhar cada um destes subitens.

ATIVO

O Ativo representa as aplicações dos recursos. São de natureza devedora, isto é, au-
mentam quando são debitadas e diminuem quando são creditadas. Estas contas estão dis-
postas segundo a ordem de liquidez. Assim, as contas com maior liquidez são as que apare-
cem na parte superior do ativo, e as de mais difícil realização, na parte inferior. Por isso é

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que o dinheiro aparece em primeiro lugar, por representar o ativo de liquidez imediata. Fa-
zem parte deste grupo os Bens, representados pelo caixa, estoques, veículos, máquinas,
entre outros, e os Direitos, sendo representados pelos valores a receber, ações de outras
empresas, depósitos bancários, entre outros.

Atenção para o fato de que no grupo do Ativo existem as contas redutoras, que têm
esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o Ativo.

Ativo Circulante

O primeiro grupo de ativo, Ativo Circulante, compreende as seguintes subdivisões:

• Disponibilidades – são compostas por recursos financeiros possuídos pela empresa que
podem ser utilizados imediatamente, sem restrições, tais como: caixa, bancos conta movi-
mento, aplicações de liquidez imediata;

• Créditos – são os direitos que a empresa possui para receber em um futuro próximo. Ex-
pressam as contas a receber de clientes, a provisão para devedores duvidosos e os descon-
tos de duplicatas;

• Despesas de Exercícios Seguintes – são as aplicações de recursos em bens e serviços que


no exercício subseqüente irão se transformar em despesas, tais como contrato de seguro
com prazo de vigência para 12 meses, contrato de aluguel com prazo determinado.

• Estoques – são as aplicações de liquidez não imediata. Para se transformarem em disponi-


bilidades os créditos precisam ser vendidos.

Ativo Realizável a Longo Prazo

No segundo grupo do ativo aparecem os direitos realizáveis a longo prazo, quais


sejam, os direitos realizáveis após o término do exercício social seguinte, que como já referi-
do anteriormente é o mesmo que exercício social subseqüente, tais como os valores a rece-
ber de sociedades coligadas e/ou controladas, contas a receber a longo prazo, entre outras.

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Ativo Permanente

É no terceiro e último grupo que estão os investimentos, o imobilizado e o ativo diferido.

• Os investimentos – neste grupo estão classificados os bens e direitos que não são utiliza-
dos na atividade operacional da empresa, tais como imóveis destinados à locação, obras
de arte, investimentos em ouro e as participações em outras empresas.

• O imobilizado – compreende os itens que tenham por objeto bens destinados à manuten-

ção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de proprie-
dade industrial e comercial. É representado por bens tangíveis ou intangíveis que são

utilizados nas atividades da empresa, que tenham vida superior a um ano, relevância do
valor e que não sejam destinados à venda. São exemplos os imóveis e terrenos, desde que

estejam sendo utilizados na atividade-fim da empresa, máquinas e equipamentos, equi-

pamentos de informática, veículos, móveis e instalações, imobilizações em andamento,


entre outros.

• O ativo diferido – neste grupo do ativo permanente estão as aplicações de recursos em

despesas que contribuirão para a formação de resultados de mais de um exercício social,


compreendendo itens intangíveis, cuja amortização ocorrerá durante o período em que
estiverem contribuindo para a formação do resultado da empresa. Representa basicamen-
te os gastos pré-operacionais que possuem baixa liquidez, sem potencialidade de realiza-
ção direta de seus valores, isto é, a venda. Podemos citar como exemplo os gastos de

preparação do local para funcionamento de uma empresa, efetuados antes de sua abertu-
ra, e ainda os gastos realizados com pesquisa e desenvolvimento de um novo produto.

PASSIVO

O passivo representa as fontes, também conhecidas como origem de recursos utiliza-


das pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes de terceiros (dívidas) ou dos

sócios por meio de aporte de capital ou de lucro gerado pela própria empresa. São de natu-
reza credora, isto é, aumentam com o crédito e diminuem com o débito.

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Como já mencionado no Ativo, também o grupo do Passivo possui contas redutoras;

têm esta denominação por apresentarem natureza contrária ao seu grupo de origem, o

Passivo.

Passivo Circulante

O passivo circulante compreende obrigações vencíveis no exercício social seguinte.

As mais freqüentes são: fornecedores, salários e encargos sociais, impostos e taxas, emprés-

timos em instituições financeiras, debêntures, ou seja, os títulos de créditos. Tais títulos

normalmente são de longo prazo, mas também podem ser negociados no curto prazo.

Passivo Exigível a Longo Prazo

Estas obrigações de longo prazo são caracterizadas por terem seus vencimentos após

o término do exercício seguinte, isto é, num prazo superior a um ano. As mais freqüentes

são: financiamentos, debêntures de longo prazo, tributos, etc.

Resultado de Exercícios Futuros

Neste grupo são classificadas as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos

e despesas correspondentes a tais receitas. Este grupo quase não aparece mais nas demons-

trações, pois os profissionais têm evitado a utilização desta terminologia.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Por fim, no passivo consta o Patrimônio Líquido, que representa a parte da empresa

que pertence a seus proprietários. Ele representa as fontes próprias à disposição da empresa.

É subdividido em:

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Capital Social

No caso das sociedades anônimas, o capital social pode ser representado pelas ações,
ou por cotas, quando se trata de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada.
Neste grupo encontramos duas contas:

• Capital subscrito – que representa o capital total registrado no ato da abertura da empre-
sa. Na subscrição, ou seja, no registro da empresa, o acionista ou sócio assume o compro-
misso perante a própria empresa de participar de seu capital social, adquirindo determina-
da quantidade de suas ações ou de suas cotas. A integralização do capital ocorre quando o
sócio ou acionista efetua o pagamento à empresa pelas ações ou cotas que havia subscrito.

• Capital a integralizar – esta conta representa as parcelas de capital que foram subscritas
pelos acionistas ou proprietários das empresas e que ainda não foram integralizadas. É
uma conta redutora do capital subscrito. Cabe salientar que as ações em tesouraria (aque-
las adquiridas pela própria empresa) devem ser deduzidas do patrimônio líquido.

Reservas

Representam parte do lucro da empresa deixado à disposição para ser utilizado quan-
do necessário. Fazem parte deste grupo as seguintes contas.

• Reservas de capital – estas constituem-se numa espécie de reforço ao capital social. As-
sim, capital social, reservas e lucros ou prejuízos acumulados compõem o patrimônio lí-
quido da empresa. Estas compreendem: ágio na emissão de ações, alienação de partes
beneficiárias, alienações de bônus de subscrição, prêmio recebido pela emissão de debên-
tures, doação de bens, subvenções recebidas pelas empresas e correção monetária do ca-
pital realizado.

• Reservas de lucros – são constituídas a partir do lucro da empresa no período. Destacam-se:


as reservas legais, estatutárias, para contingência e as reservas de lucros a realizar.

• Lucros ou prejuízos acumulados – nesta conta encontra-se o que restou do lucro da


empresa após a constituição das reservas, distribuição de dividendos e pagamentos das
participações estatutárias no lucro.

33
3.3.1.2 – Estrutura do Balanço Patrimonial

Como referido anteriormente, o Balanço Patrimonial é estruturado por meio do ativo e


do passivo. O ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, quais são os bens e
direitos de que dispõe. O passivo retrata de onde vieram os recursos, isto é, quais são as
fontes ou origens de recursos da empresa.

O quadro a seguir representa a estrutura legal do Balanço Patrimonial:

ATIVO PASSIVO
Circulante – AC Circulante – PC
* Disponibilidades * Fornecedores
** Caixa e bancos * Salários e encargos sociais
**Aplicações de liquidez imediata * Impostos e taxas
*Direitos realizáveis no exerc. social subseqüente * Dividendos a pagar
**Contas a receber de clientes * Impostos de renda a recolher
** (-)Títulos descontados * Instituições de crédito
** (-)Provisão para devedores duvidosos
**Estoques Exigível a longo prazo – PELP
** Adiantamentos a fornecedores * Financiamentos
** Aplicações de liquidez não imediata * Debêntures
** Outros valores a receber * Impostos parcelados
* Despesas do exercício seguinte
** Seguros antecipados Resultados de exercícios futuros – REF
* Receitas de exercícios futuros
Realizável a longo prazo – ARLP * (-) Custos e despesas correspondentes
* Direitos realizáveis após término do exerc. subs.
** Créditos da Eletrobrás PATRIMÔNIO LÍQUIDO
** Depósitos judiciais * Capital Social
** Impostos a recuperar ** Capital subscrito
** Valores a receber de coligadas ** (-) Capital a integralizar
** Valores a receber de acionistas
* Reservas de capital
Permanente – AP ** Ágio na emissão de ações
*Investimentos ** Produto da alienação de partes beneficiárias
** Aplicações permanentes em outras sociedades ** Prêmio na emissão de debêntures
***Controladas e coligadas ** Doações e subvenções
***Outras participações ** Correção monetária do capital
**Direitos não classificáveis no AC e que não se
destinam à atividade da empresa
* Reservas de lucros
*** Outros investimentos
** Reserva legal
*Imobilizado
** Reservas estatutárias
**Imóveis e terrenos
** Reservas para contingências
** Máquinas e equipamentos
** Reservas de lucro a realizar
** Veículos
** Móveis, utensílios e instalações
** Imobilizações em andamento * Lucros ou prejuízos acumulados
** Marcas e patentes
* Diferido
** Gastos pré-operacionais

Fonte: Adaptado de Silva, 2005, p. 101

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3.3.2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

A primeira demonstração financeira básica que você estudou foi o Balanço Patrimonial.
A segunda é a Demonstração do Resultado do Exercício, que também é reconhecida pela
sigla DRE. Esta demonstração mostra o lucro ou o prejuízo obtido pela empresa no período.
Expressa o desempenho econômico, por meio das receitas dos custos e despesas de um perío-
do, para apurar o resultado. É uma demonstração dos aumentos e reduções causados ao
Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente au-
mento do Ativo, pelo ingresso de novos elementos. As despesas representam redução do
Patrimônio Líquido, por meio da redução do ativo ou do aumento do passivo exigível (Silva,
2005).

Objetivamente a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é o confronto en-


tre receitas e despesas, ou seja, a partir dessa demonstração pode-se obter os valores corres-
pondentes ao lucro ou ao prejuízo da empresa. Quando as receitas do período forem maio-
res que as despesas e custos temos um lucro e quando as despesas e custos forem maiores
que as receitas temos um prejuízo.

Cabe salientar que a DRE retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário
(fluxo de dinheiro). Sendo assim, o resultado obtido pela empresa em um dado período não
representa o saldo da conta caixa desse mesmo período, mas reforça o fato de que lucro não
significa saldo positivo no caixa ou prejuízo pode não representar saldo negativo. Vamos
imaginar uma situação considerando que determinada empresa obteve prejuízo. Esse preju-
ízo e as conseqüentes dificuldades de recursos financeiros levaram essa empresa a buscar
um financiamento. O saldo do caixa será positivo, porém o resultado da empresa continua
sendo negativo.

Para a DRE não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta
apenas que afete o Patrimônio Líquido, entre duas datas. É apresentada de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se os custos e as despesas e em seguida indica-se o
resultado (lucro ou prejuízo).

Para entender melhor a DRE vamos organizar o seu estudo em 3 partes: a composição
dos resultados, as diferentes fases do lucro e a estrutura da DRE.

35
3.3.2.1 – A composição dos resultados

Como o próprio nome indica, para realizarmos


a composição do resultado é necessário uma com-
posição de itens:

a) Receita Operacional;

b) Custos dos Produtos, Mercadorias ou Serviços


Vendidos;

c) Lucro Bruto;

d) Despesas Operacionais;

e) Lucro Operacional;

f) Receitas e Despesas não Operacionais;

g) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações;

h) Imposto de Renda, contribuição social e participações;

i) Lucro Líquido do Exercício.

Vamos agora compreender o significado de cada um desses itens.

a) Receita Operacional

A Receita Operacional decorre das operações normais e habituais da empresa. Se a


empresa é comercial, decorre das vendas das mercadorias, se é de prestação de serviços,
decorre dos serviços prestados.

Dentro do item Receita Operacional você poderá encontrar:

1) Receita operacional bruta;

2) Vendas canceladas;

3) Abatimentos sobre vendas;

4) Impostos incidentes sobre vendas e

5) Receita operacional líquida.

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A seguir uma breve descrição de cada uma delas.

a.1) Receita operacional bruta – ROB

Representa o faturamento bruto da empresa. É também denominada vendas brutas.


Estas vendas ocorrem durante o ano e os preços unitários da venda de determinados produ-
tos pode variar ao longo do próprio exercício social.

a.2) Vendas canceladas

Vendas canceladas são aquelas decorrentes das devoluções efetuadas pelos clientes,
em função de os produtos não atenderem as suas especificações, apresentarem defeitos ou
por qualquer outra razão. São aquelas vendas que não se efetivaram de fato, e que, por
razões de registro contábil, assim são denominadas.

a.3) Abatimentos sobre vendas

Os abatimentos são decorrentes de descontos especiais concedidos aos clientes em


função de defeitos apresentados, por exemplo.

a.4) Impostos incidentes sobre vendas

No caso de impostos incidentes sobre vendas, trata-se de valores que foram transferi-
dos pela empresa para os governos federal (IPI), estadual (ICMS) ou municipal (ISS), por
exemplo. A empresa é mera depositária destes recursos, porém eles são registrados na Conta-
bilidade.

a.5) Receita operacional líquida – ROL

A receita operacional líquida é efetivamente a parte da receita que ficará para a em-
presa cobrir seus custos e despesas e para gerar lucro. Origina-se da dedução das devolu-
ções, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas da receita operacional bruta.

b) Custo dos Produtos, Mercadorias ou Serviços Vendidos

A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser
especificada por setor da economia:

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• Para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo dos Produtos Vendidos
(CPV)

• Para as empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias
Vendidas (CMV)

• Para as empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos
Serviços Prestados (CSP)

c) Lucro Bruto

É a diferença entre a receita operacional líquida e o custo dos produtos, mercadorias


ou serviços vendidos.

d) Despesas Operacionais

Despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a em-


presa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manu-
tenção da atividade operacional da empresa. Seus principais grupos são:

1) Despesas com vendas;

2) despesas administrativas;

3) despesas financeiras e

4) resultado de equivalência patrimonial.

Na seqüência o conceito que define cada uma desses grupos.

d.1) Despesas com vendas

Abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor


(comercialização e distribuição). São despesas com o pessoal da área de vendas, comissões
sobre vendas, salários e encargos do pessoal da área de vendas, aluguéis relativos aos escri-

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tórios de vendas, material de escritório, propaganda e publicidade, marketing. Também a
provisão para devedores duvidosos é considerada uma despesa operacional com vendas,
porém não dedutível para fins de apuração do lucro tributável.

d.2) Despesas administrativas

São aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são

gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa. Podem-se citar como

exemplo: honorários administrativos, salários e encargos sociais do pessoal administrativo,

aluguéis, materiais e seguro dos escritórios, depreciação de móveis e utensílios, assinatura

de jornais e periódicos, etc.

d.3) Despesas financeiras

São remunerações aos capitais de terceiros, tais como juros pagos ou incorridos, co-

missões bancárias, correção monetária pré-fixada sobre empréstimos, descontos concedi-

dos, juros de mora pagos, etc.

As despesas financeiras devem ser compensadas com as receitas financeiras (conforme

disposição legal), isto é, estas receitas são deduzidas daquelas despesas.

d.4) Resultado de equivalência patrimonial

Conforme o artigo 248 da Lei 6.404, é obrigatório o uso do método da equivalência

patrimonial para avaliação dos investimentos relevantes em sociedades coligadas, sob cuja

administração tenha influência ou de que participe com 20% ou mais do capital social, e em

sociedades controladas. É considerado relevante o investimento em cada sociedade contro-

lada ou coligada se o valor contábil é igual ou superior a 10% do patrimônio líquido da

companhia ou se no conjunto de sociedades controladas e coligadas esse valor for igual ou

superior a 15%. No caso das sociedades anônimas de capital aberto, elas devem avaliar seus

investimentos em sociedades controladas pelo método da equivalência patrimonial, inde-

pendentemente de o investimento ser ou não relevante.

39
Por este método, a empresa investidora irá reconhecer em sua demonstração de resul-
tado uma parcela do lucro ou prejuízo da empresa na qual tem investimentos, na proporção
de sua participação no capital da outra.

e) Lucro Operacional

O lucro operacional é o lucro bruto menos as despesas operacionais, mais o ganho ou


perda por equivalência patrimonial.

f) Receitas e Despesas não Operacionais

Este item que integra a composição do resultado de uma empresa pode se subdividir em 1)
Receitas não operacionais e 2) Despesas não operacionais. Saiba como elas são constituídas.

f.1) Receitas não operacionais

Por receitas não operacionais entendem-se os valores relativos às receitas decorrentes


de transações eventuais, isto é, algo que não é recorrente, que não se repete habitualmente.
Exemplo: lucro obtido na venda de ativo imobilizado, ou ganho na alienação de um inves-
timento, etc.

f.2) Despesas não operacionais

Seriam os valores atinentes às perdas em transações eventuais, como prejuízos na


venda de bens do imobilizado, ou na alienação de investimentos. Perdas eventuais decor-
rentes de incêndios ou inundações, sem que haja cobertura de seguros, também são classi-
ficadas como despesas não operacionais.

g) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações

Compreende o lucro do período antes de deduzir o Imposto de Renda, a Contribuição


Social e as participações estatutárias no lucro.

40
h) Imposto de Renda, Contribuição Social e Participações

O Imposto de Renda do exercício é uma percentagem do lucro tributável. Este se dis-

tingue do lucro contábil que aparece na demonstração de resultado. Segundo a legislação

fiscal, o lucro real (lucro tributável) é o lucro líquido do exercício, mais as despesas não

dedutíveis (consideradas na apuração do lucro líquido), menos os valores autorizados pela

legislação tributária, que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido, me-

nos as receitas não tributáveis.

A provisão constituída pela empresa para o Imposto de Renda é debitada no resulta-

do do exercício e creditada como obrigação no passivo circulante ou no exigível a longo

prazo.

D – Resultado do Exercício
C – Provisão para Imposto de Renda

A contribuição social é outra parcela que é calculada com base no lucro da empresa,

sendo recolhida ao governo federal, conforme determinado na Constituição Brasileira.

As participações estatutárias representam parcelas dos lucros destinadas aos empre-

gados, diretores, debenturistas ou a portadores de partes beneficiárias, por exemplo.

Chegamos ao último dos itens que podem integrar a composição dos resultados de

uma empresa.

i) Lucro Líquido do Exercício

Após a apuração do lucro, já debitados o Imposto de Renda e a contribuição social, faz-

se a dedução das participações previstas nos estatutos e aí se encontra o lucro líquido, que é

a sobra líquida à disposição dos sócios ou acionistas.

41
3.3.2.2 As diferentes fases do lucro

Como indicado no início do estudo da DRE, sua análise


foi dividida em 3 partes para facilitar o entendimento. Após
termos detalhado a primeira parte, constituída pela composi-
ção dos resultados, passamos à segunda parte, que são as di-
ferentes fases do lucro.

Este item, no entanto, também merece uma subdivisão:

a) Lucro Bruto;

b) Lucro Operacional;

c) Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações e

d) Lucro Líquido do Exercício.

Vamos às definições de cada um e à fórmula pela qual se chega a cada um desses


valores.

a. Lucro Bruto

O resultado obtido da diferença entre a receita operacional líquida e o Custo da Mer-


cadoria Vendida – CMV, Custo do Produto Vendido – CPV ou Custo do Serviço Vendido –
CSV, é o chamado lucro bruto. E a margem bruta é a relação percentual entre o lucro bruto
e a receita líquida.

RECEITA BRUTA
( – ) DEDUÇÕES
( = ) RECEITA LÍQUIDA
( – ) CUSTOS DAS VENDAS
( = ) LUCRO BRUTO

Ou ainda:

(Receita bruta) – (Deduções) = Receita líquida


(Receita líquida) – (Custos das vendas) = Lucro bruto

42
b. Lucro Operacional

O lucro operacional é o lucro bruto menos as despesas operacionais, mais ou menos o


efeito (ganho ou perda) de equivalência patrimonial. Pode ser visualizado pelo seguinte
esquema, que parte do anterior:

LUCRO BRUTO
( – ) DESPESAS OPERACIONAIS
(+/-) RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
( =) LUCRO OPERACIONAL

Ou ainda:

(Lucro bruto) – (despesas operacionais) -/+ (resultado de equivalência patrimonial)


= Lucro operacional

c. Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações

Compreende o lucro do período antes de deduzir o Imposto de Renda, a contribuição


social e as participações estatutárias no lucro. É o mesmo que o lucro operacional mais as
receitas não operacionais, menos as despesas não operacionais.

LUCRO OPERACIONAL
( – ) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Ou ainda:

(Lucro operacional) – (despesas não operacionais) + (receitas não operacionais)


= Lucro antes do IR, contribuição social e participações

d. Lucro Líquido do Exercício

O lucro líquido é obtido depois de computarmos todas as receitas e deduzirmos os


custos e despesas. O lucro líquido, portanto, é a parcela do resultado do período que sobrou
para os acionistas ou sócios.

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O lucro líquido terá sua destinação orientada segundo os estatutos ou contrato social
da empresa, segundo a assembléia dos acionistas ou decisão dos sócios e de acordo com a
Lei das Sociedades Anônimas, que determina que 5% do lucro líquido do exercício, antes de
qualquer destinação, deverão constituir a reserva legal, que não pode exceder 20% do capi-
tal social.

Seguramente o lucro líquido é um dos itens mais importantes para os proprietários da


empresa, pois possibilitará o retorno sobre os investimentos.

LUCRO ANTES DO IR, CONTRIB. SOCIAL E PARTICIPAÇÕES


( – ) PROVISÃO PARA IR, CONTRIB. SOCIAL E PARTICIPAÇÕES

3.3.2.3 – A estrutura da DRE

Chegamos ao final do estudo da DRE, dividido em 3 partes das quais já vencemos


duas. Nesta última vamos conhecer a estrutura legal sugerida para elaboração da DRE.

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


( – ) Vendas canceladas
( – ) Abatimentos sobre vendas
( – ) Impostos sobre vendas
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
( – ) Custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos
LUCRO BRUTO
( – ) Despesas com vendas
( – ) Despesas administrativas
( – ) Despesas financeiras (líquidas das receitas)
( – ) outras receitas e despesas operacionais
( + ou – ) Resultado da equivalência patrimonial
LUCRO OPERACIONAL
( + ) Receitas não operacionais
( – ) Despesas não operacionais
LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS, CONTRIBUIÇÕES E PARTICIPAÇÕES
( – ) Provisão para o Imposto de Renda
( – ) Provisão para a contribuição social sobre o lucro
( – ) Participações
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
LUCRO LÍQUIDO POR AÇÃO

Fonte: Silva, 2005, p. 136

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Síntese Final

Após a terceira unidade você conhecerá as de-


monstrações financeiras obrigatórias, bem como
os itens que compõem as demonstrações financeiras básicas (Ba-
lanço Patrimonial e DRE) e suas definições.

É imprescindível que o aluno tenha claro a estrutura


patrimonial, a composição de capital (próprio de terceiros) e a
composição do resultado, os quais foram amplamente discutidos
no tópico que abordou o Balanço Patrimonial e a Demonstração
de Resultados.

Ressaltamos a importância de não seguir em frente sem o


claro entendimento de tais demonstrações, bem como dos termos
técnicos utilizados, uma vez que estes servirão de base efetiva-
mente para qualquer análise financeira.

Referências

MARTINS, Eliseu. Administração financeira. São Paulo: Atlas,


1996.

SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 7. ed.


São Paulo: Atlas, 2005.

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