Carta Juliano 2023
Carta Juliano 2023
Carta Juliano 2023
reconsideração de reprovação
Prezados Srs.,
Fomos informados que o aluno Juliano Monteiro Trindade, foi reprovado, retido
no ano escolar de 2022, segundo colegial, desde já, informamos nossa insatisfação e
inconformismo com a medida adotada pela instituição. E através desta carta iremos
apresentar algumas de nossas razões e argumentos para que seja reconsiderada a
reprovação.
Os pais do aluno Juliano são separados, ato este que já acarretaria sequelas em
qualquer criança ou adolescente, e no ano de 2021, a mãe do aluno, que é detentora da
guarda do estudante que é menor de idade, por questões de trabalho teve que mudar para
o Estado de São Paulo. E devido a esta situação o aluno, teve de mudar de Escola e se
afastar de amigos e de alguns familiares, como pai, tios e primos. Isso ocorreu em plena
pandemia e início de um novo ciclo, que seria o colegial.
O trauma do Juliano foi tão intenso que ele não desejava mais retornar aos estudos
naquela escola, e apesar das tentativas não foi possível a família (mãe e irmãos) retornar
à Cidade de origem, bem como, pelo fato de que ainda estávamos sofrendo os efeitos da
pandemia e o isolamento era necessário, sob risco de morte.
Por maiores que tenham sido os esforços, nada neste mundo conseguiu compensar
a ausência da presença de um professor na sala de aula, do contato e aprendizado que o J
Juliano teria diretamente com um professor em sala de aula, em convívio com demais
alunos, e ainda as sequelas psicológicas de isolamento. Nunca poderemos reparar isso
para esta geração sobrevivente da pandemia de coronavírus!
Inclusive não iremos citar todos os textos legais, bem como, textos de grandes
educadores nesta carta, para que a apreciação e a leitura não se tornem exaustivas, mas
iremos destacar que devido a pandemia inúmeros psicólogos, educadores, professores e
demais entes públicos como o MEC (Ministério da Educação) defenderam a tese de
aprovação automática ou progressão continuada, porque sabem que não podemos colocar
o peso da reprovação nos alunos, vitimas dos efeitos da pandemia e das medidas de
restrição e isolamento.
Em maio de 2022, ainda com uma série de receios, quer seja pela mudança e
adaptação de Estado e colégio, quer seja pelo risco de morte que a pandemia ainda
instaurava no mundo, o Juliano conheceu alguém que havia estudado no Colégio
Mackenzie unidade, e nós o matriculamos nesta instituição, pois esta parecia ser uma
escola com boa reputação quanto ao ensino, ao acompanhamento de alunos e parecia
seguir as medidas mínimas quanto as restrições para proteção contra o vírus corona.
Por seu turno, antes da matrícula, o Colégio Mackenzie aplicou uma prova, tendo
o Juliano tirado nota inferior a 4.0 (quatro) pontos, ficamos extremamente assustados,
mas ainda assim, o Colégio Mackenzie aceitou o aluno e nos tranquilizou informando
que teriam formas de recuperação, aula de reforço, atividades complementares e
trabalhos, prometendo estratégias pedagógicas diferenciadas. O Colégio Mackenzie
informou que teria plano de reposição das notas e conteúdo do primeiro trimestre, aulas
de reforços pós aulas comuns, bem como, que auxiliariam na adaptação social, e das
matérias para que o aluno não tivesse prejuízos e nós confiamos nisso, que iriam seguir
um regimento escolar individual, pela situação atípica deste aluno, mas até agora não
recebemos ao menos as provas e trabalhos que o aluno foi submetido a fazer, para vermos
os critérios de avaliação individuais, ato este que dificulta inclusive nossa analise e defesa.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) determina que o ano escolar tenha pelo menos
200 (duzentos) dias letivos ou 800 (oitocentas) horas “destinados ao trabalho escolar de
docentes com discentes, na escola ou fora dela” . Logo os trabalhos para reposição de
notas e conteúdo do primeiro trimestre, que foram prometidos, iriam abater as horas para
que fosse cumprida a determinação legal pelo Colégio Mackenzie que aceitou o aluno.
Ocorre que, recentemente vimos no boletim do aluno, que não consta as notas do
primeiro trimestre, mas ressalto que a instituição havia prometido que teriam trabalhos
para reposição da nota e do conteúdo do primeiro trimestre (acreditávamos que iriam
fazer isso até dezembro de 2022), ou seja, a instituição somente poderia receber o aluno
se lhe garantisse o prometido e o determinado em Lei, e inclusive para que ele conseguisse
a média nos trabalhos para lograr com aprovação.
Outro fato que merece destaque é que a instituição não cumpriu o prometido, pois
nós, a família do Juliano, nunca fomos chamados na escola, de forma individual, para que
nos informassem sobre quaisquer dificuldades dele. Ressaltamos que na escola do Estado
de origem do Juliano é este o procedimento realizado de forma individual com os pais e
responsáveis.
O Colégio Mackenzie sabia que o aluno sempre havia estudado em rede pública,
que era de outro Estado, que teve uma nota baixa na prova de inclusão, que ocorreu antes
da matrícula, bem como, dos efeitos que a pandemia causou em seus estudos, dentre os
demais atos descritos nesta carta. Logo era nítido que o Juliano precisaria de ajuda e foi
prometido que ele teria, inclusive atividades de reforço, mas agora nos questionamos
quais foram as medidas de adaptação e de auxílio que o Colégio Mackenzie utilizou com
o Juliano? Acreditamos até que o Juliano iria estudar em dezembro de 2022 e talvez em
janeiro de 2023, por isso, estamos extremamente abalados com a reprovação do Juliano.
Cumpre lembrar que o aluno, tem origem de outro Estado, e recentemente ele nos
informou que sofreu muito, nos últimos meses, ato que a princípio pareceu ser até
“xenofobia” ou bullying (ainda estamos analisando ao que melhor se encaixe). Seguem
frases do aluno, em recente conversa conosco:
(...)
Cada ser humano é um ser único e deve ser tratado dentro de suas
limitações, por isso o corpo diretivo e educativo de cada escola
deve compreender a realidade de cada aluno de forma individual,
e o ensino também deve ser adaptado a cada aluno de forma
individual, para que se possa avaliar e auxiliar a cada caso,
contribuindo assim para qualidade de ensino, desenvolvimento e
aprendizado, fortalecendo a construção do conhecimento, mas se
não forem adotadas tais medidas o estudante pode se tornar
apenas um número de matrícula dentro de uma escola.
(...)
De acordo com todos os atos, descritos em toda esta carta, inclusive com as
agravantes da pandemia vocês acham que não trariam alterações na capacidade de um
aluno? E acham que a punição da reprovação irá corrigir isso?
Sabemos que a maior parte do tempo dos estudos no terceiro ano do colegial é
dedicada para preparar o aluno ao vestibular, tendo a revisão das atividades dos anos
anteriores, e havíamos escolhido o Colégio Mackenzie para auxiliar o Juliano a trilhar
este caminho. E ainda acreditamos que se corrigidas ou tomadas as medidas quanto aos
atos que o ofenderam, novos esforços para adaptá-lo, e se cumpridas as promessas dadas
durante a matrícula para que ele seja aprovado podendo ser matriculado no terceiro ano
do colegial, poderíamos tentar prosseguir com essa relação.
Fazemos um último apelo, para que reflitam quanto a reprovação neste momento
ao aluno Juliano, diante de tudo que foi narrado nesta carta, pois não haverá nenhum
benefício ao Colégio Mackenzie ou ao aluno ao manterem essa reprovação, apenas
acarretará em tantos transtornos, ao aluno, que talvez a suplência será o caminho para que
ele possa conclui os estudos no prazo correto, na mesma idade de seus semelhantes,
tentando minimizar os danos que uma reprovação pode trazer ao psicológico de um jovem
que sofreu todo o descrito nesta carta, mas ressalto que uma suplência poderá retirar do
aluno Juliano, o direito dele de ter um bom preparo para prestar vestibular em uma
faculdade renomada.
Por fim, fica mantido o apelo de toda nossa família para que seja
reconsiderada a decisão de reprovar o aluno, Juliano. Certos de Vossas
compreensões e sem mais para o momento encerramos a presente carta e
informamos que estamos aguardando a resposta. Muito obrigado.