Plano Estrategio 2021-2022
Plano Estrategio 2021-2022
Plano Estrategio 2021-2022
O DESENVOLVIMENTO DOS
CUIDADOS PALIATIVOS
2021-2022
Consultores:
Consultores da Pediatria das Comissões Regionais da ARS
Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos
Observatório para os Cuidados Paliativos
Nempal SPMI
Gespal
Comissão Instaladora para a ordem dos Assistentes Sociais; Associação de Profissionais de Serviço Social
Ordem dos Enfermeiros
Ordem dos Psicólogos
2
Siglas Utilizadas
ACES – Agrupamentos de Centros de Saúde
ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde
AMIM - Atestado Médico de Incapacidade Multiusos
ARS – Administração Regional de Saúde
CA – Conselho de Administração
CCI – Cuidados Continuados Integrados
CE – Conselho Executivo
CE/HD - Consulta Externa com Hospital de Dia
CHU – Centro Hospitalar Universitário
CI- Cuidadores Informais
CNCP – Comissão Nacional de Cuidados Paliativos
COVID-19 - Coronavírus SARS-COV-2
CP – Cuidados Paliativos
CPP – Cuidados Paliativos Pediátricos
CSH – Cuidados de Saúde Hospitalares
CSP – Cuidados de Saúde Primários
CRCP- Coordenadores regionais de cuidados paliativos
DAVS - Diretivas antecipadas de vontade
DCC – Doença Crónica Complexa
DGS – Direção Geral de Saúde
EAPC – European Association for Palliative Care
ECCI - Equipa Cuidados Continuados Integrados
ECSCP – Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos
EDSCP – Equipa Domiciliária de Suporte em Cuidados Paliativos
EIHSCP – Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos
EIHSCP-P – Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos Pediátrica
ERPI/D – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas/Dependentes
ETC – Equivalente de Tempo Completo
INE – Instituto Nacional de Estatística
IPO – Instituto Português de Oncologia
LBCP- Lei de Bases dos Cuidados Paliativos
NUTS – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
OMS – Organização Mundial de Saúde
PEDCP – Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos
PIC – Plano Individual de Cuidados
RNCCI – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
RNCP – Rede Nacional de Cuidados Paliativos
SICO – Sistema de Informação dos certificados de óbito
SNS – Serviço Nacional de Saúde
SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
UCP – Unidade de Cuidados Paliativos
UCP-RNCCI – Unidade de Cuidados Paliativos da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
UHD – Unidade Hospitalização Domiciliaria
ULDM–Unidade de Longa Duração e Manutenção
ULS – Unidade Local de Saúde
3
Sumário
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sistemas de saúde são responsáveis pela
integração dos Cuidados Paliativos (CP) na totalidade dos cuidados disponibilizados a pessoas com
doenças crónicas e ameaçadoras da vida. Os Planos Estratégicos de Desenvolvimento dos Cuidados
Paliativos (PEDCP), devem cumprir o desígnio de integrar os CP na estrutura e financiamento do nosso
sistema de saúde, representando intervenções de baixo custo e elevado valor, constituindo propostas
para reforço e expansão da abordagem paliativa, com inclusão desta área do conhecimento nos
currículos escolares e na formação dos novos profissionais de saúde, assim como na educação de
cuidadores formais e informais e população em geral.
Ainda de acordo com a OMS, os CP são tanto mais eficazes quanto mais precocemente integrados no
curso das doenças, não só melhorando a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, como reduzindo
hospitalizações desnecessárias e a (sobre) utilização de serviços de saúde.
Os CP especializados são um dos componentes do Serviço Nacional Saúde (SNS), que se pretende
sustentável, de qualidade e acessível. Integram-se nos cuidados de saúde primários (CSP), cuidados de
saúde hospitalares (CSH) e cuidados continuados integrados (CCI)1.
Em Portugal continental os Cuidados Paliativos já percorreram um importante caminho com os Planos
Estratégicos para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos (PEDCP 2017-2018 e PEDCP 2019-2020)
estabelecendo conceitos e distribuindo recursos no território nacional. No entanto, embora já se
assista a uma distribuição geográfica alargada destes, muitos portugueses com necessidades paliativas
ainda não têm facilidade de acesso a CP.
Defende-se hoje que o acesso aos cuidados paliativos deve ser determinado pelas necessidades da
pessoa e família e não apenas pelo prognóstico e é nessa linha que a evolução futura deve prosseguir.
4
Índice
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 8
2. ENQUADRAMENTO............................................................................................................................. 10
1. Acessibilidade ................................................................................................................................. 26
3.2 Formação para equipas que acompanham um maior número de doentes com necessidades
paliativas (nível 2) ........................................................................................................................... 33
5
3.3 Formação Contínua .................................................................................................................. 33
1. Reuniões entre equipas de Cuidados Paliativos nos vários níveis de cuidados ............................. 35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................... 46
8. ANEXOS ............................................................................................................................................... 49
Anexo III - Mapa conceptual das tipologias de formação e domínios de formação em CP ............... 58
6
Índice de imagens
Índice de tabelas
7
1. INTRODUÇÃO
Em Portugal, desde 2012 que está definida a responsabilidade do Estado em matéria de Cuidados
Paliativos, pela Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (LBCP) (Lei nº 52/2012 de 5 de setembro). Com
esta legislação, estabeleceu-se a Rede Nacional de Cuidados Paliativos (RNCP), sob a tutela do
Ministério da Saúde e definiu-se que a Coordenação da RNCP fica assegurada pela Comissão Nacional
de Cuidados Paliativos (CNCP), em articulação com as Administrações Regionais de Saúde, através dos
respetivos Coordenadores Regionais da RNCP.
A 7 de maio de 2021, pelo Despacho nº 4676/2021, o Gabinete da Ministra da Saúde nomeou a
CNCP que ora inicia funções, na dependência da ACSS, I.P., com a responsabilidade da elaboração e
implementação do Plano Estratégico de Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos (PEDCP) para o
biénio 2021-2022.
As equipas de cuidados paliativos que integram a RNCP, sofreram um reenquadramento desde que
inicialmente definidas pelo Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de junho. Em consequência da publicação
da LBCP as Equipas Intra-hospitalares de Suporte em Cuidados Paliativos (EIHSCP), as Equipas
Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP) e as Unidades de Cuidados Paliativos (UCP)
passaram a integrar a RNCP, designadas como Equipas Locais de Cuidados Paliativos, e ficaram
enquadradas como equipas especializadas de cuidados paliativos, para resposta a situações paliativas
complexas. As unidades de internamento UCP não integradas em hospitais de agudos, contratualizadas
com o sector privado ou social, foram também integradas na RNCP, mas com alguns procedimentos
partilhados com a RNCCI, segundo regulamentação de acesso na Portaria 75/2017, de 22 de fevereiro.
Os PEDCP para os biénios de 2017-2018 e 2019-2020 permitiram a estruturação de
uma RNCP funcional, com integração nos três níveis de cuidados do SNS (Cuidados de Saúde Primários,
Cuidados de Saúde Hospitalares e Cuidados Continuados Integrados), baseadas em
equipas especializadas de cuidados paliativos, com funções de prestação direta de cuidados, mas
também de assessoria.
Da execução dos planos resultou já uma distribuição geográfica alargada no país (continente), mas
ainda com abrangência populacional limitada. Muitas das equipas existentes ainda têm dotações de
recursos humanos abaixo dos mínimos necessários, bem como apresentam necessidades formativas
por colmatar. A integração dos Cuidados Paliativos Pediátricos na RNCP, nos termos da Portaria nº
66/2018 de 6 de março, permitiu o melhor enquadramento desta população, dando início à construção
de uma resposta de qualidade e integrada nos vários níveis do SNS e adaptada às necessidades da
criança e jovens em situação de doença crónica complexa e suas famílias. Foi então recomendada no
PEDCP 2019-2020 a constituição de 5 equipas intra-hospitalares “especializadas” nos Centros
8
Hospitalares Universitários Lisboa Norte, Lisboa Central, Coimbra, Porto e São João e ponderada a
constituição de uma equipa intra-hospitalar “não especializada” nos restantes serviços/departamento
de Pediatria, equipas que devem articular-se entre si e com as Equipas Comunitárias de Suporte em
Cuidados Paliativos (ECSCP).
Com o início da Pandemia COVID-19, em março de 2020, muitos dos recursos nacionais foram
redirecionados, o mesmo tendo acontecido com os recursos humanos e até infraestruturas das equipas
de CP. No entanto, mesmo com estas condicionantes, as equipas de CP estiveram sempre disponíveis
para os cuidados a doentes vítimas de COVID-19, na colaboração com as demais equipas terapêuticas.
Com este PEDCP 2021-2022, marca-se também uma necessária viragem no sentido de recuperar todos
os recursos para as funções originalmente previstas nas equipas de cuidados paliativos, permitindo-
lhes ao mesmo tempo poder desempenhar o seu papel no apoio às vítimas da pandemia e suas
famílias (BMJ 2020;370:m2710) nos novos doentes crónicos entre os sobreviventes.
9
2. ENQUADRAMENTO
O que são cuidados paliativos
Os Cuidados Paliativos procuram melhorar a qualidade de vida dos doentes, das suas famílias e
cuidadores pela prevenção e alívio do sofrimento, através da identificação precoce, diagnóstico e
tratamento adequado da dor e de outros problemas, sejam estes físicos, psicológicos, sociais ou
espirituais2.
Alvos e tempo
Os CP são cuidados de saúde holísticos, ativos, necessários para as pessoas de todas as idades em
sofrimento (e suas famílias) por todos os tipos de doenças graves/crónicas/complexas/progressivas
em todos os ambientes de cuidados.
Aplicam-se precoce e atempadamente no curso das doenças crónicas, complexas ou limitantes da
vida, em conjugação com terapias modificadoras da doença ou potencialmente curativas, para
recém-nascidos, crianças, jovens e adultos com problemas de saúde graves, congénitos ou
adquiridos.
Modelo de cuidados
Os CP iniciam-se com a avaliação multidimensional das necessidades físicas, emocionais, sociais e
espirituais, tendo em conta os valores e preferências dos doentes e suas famílias, acompanhada de
uma abordagem estruturada dos cuidados nos princípios da compaixão, humildade e honestidade.
Usam princípios éticos e planeamento antecipado de cuidados, para identificação das prioridades
e metas dos doentes.
Não antecipam, nem prolongam o processo de morte.
Fornecem cuidados a familiares e apoio no luto, personalizado, para adultos e crianças, conforme
a necessidade.
Devem estar integrados nas respostas padronizadas para catástrofes humanitárias.
10
Modelo organizativo
Os Cuidados Paliativos devem ser parte integrante da formação de estudantes de medicina,
enfermagem, psicologia e serviço social, assim como de todos os profissionais de saúde.
São prestados por uma equipa interdisciplinar: médicos, enfermeiros, assistentes sociais,
psicólogos, assistentes espirituais/ religiosos e por todos os profissionais de saúde aliados, com
formação e experiência adequadas.
Estrutura-se em abordagem paliativa em todos os contextos de cuidados de saúde, cuidados
paliativos generalistas e cuidados paliativos especializados, com formação adequada.
11
3. VISÃO PARA OS CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL
O Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos, vem perspetivar para Portugal
(continental) a integração dos princípios e filosofia dos Cuidados Paliativos em todos os serviços clínicos
do SNS, prestados por todas as suas equipas, promovendo e garantindo que estas adquiram as
necessárias competências básicas para uma abordagem paliativa de excelência. Estas equipas devem
trabalhar em interligação próxima e com apoio das equipas especializadas, que serão
necessariamente as detentoras de qualificações profissionais, formação teórica e prática
e dimensionamento para permitir o aporte otimizado de cuidados centrados no doente e família3 .
Em Portugal, nos próximos 10 anos, o grande objetivo é conseguir um estado de integração avançada
dos Cuidados Paliativos em todo o sistema de saúde, tal como descrita pela OMS.
Legenda de cores:
Laranja- Recursos da RNCP;
Azul- Níveis de cuidados de saúde;
Castanho-Sistema Social Integrado
Este nível de integração de cuidados, prevê que os CP estejam e sejam acessíveis a nível nacional,
providenciando suporte a todos os níveis de cuidados.
3 “National Consensus Project for Quality Palliative Care. Clinical Practice Guidelines for Quality Palliative Care, 4th Edition
12
Valores
Qualidade: Cuidados com alto nível científico e humano, com uma abordagem integral das
Autonomia: A pessoa como eixo dos cuidados assistenciais com participação ativa nos processos de
comunicação e tomada de decisões, assegurando o respeito pelas suas opiniões, valores e direitos.
Precocidade: Deteção atempada das necessidades de cuidados paliativos e atuar de modo adequado
em cada momento.
13
4. ESTRATÉGIA PARA OS CUIDADOS PALIATIVOS 2021-2022
Pretendendo dar-se continuidade ao trabalho já desenvolvido nesta matéria, reiteram-se as linhas
estratégicas já anteriormente definidas, com o desígnio de melhorar a prossecução dos objetivos
definidos e de ampliar a atenção a áreas mais carenciadas de investimento. Adicionalmente, foram
identificadas novas linhas estratégicas, nomeadamente em resposta à necessidade de os cuidados
paliativos estarem presentes de forma disseminada no SNS.
Organização e Coordenação
CNCP em articulação com os coordenadores regionais (CRCP) em cada uma das ARS4.
4 Portaria nº.165/2016 de 14 junho, artº1 ponto 3 e republicação da portaria nº340/2015 de 08 de outubro art.º 1º ponto 3
14
Adequação dos recursos assistenciais especializados em CP
Levantamento da situação atual em termos de disponibilidade de recursos humanos e infraestruturas
capacitados para a prestação de Cuidados Paliativos especializados, com atenção à distribuição
geográfica e acessibilidades da população alvo. Identificação de áreas mais carenciadas para
investimento prioritário.
15
sua atividade. Na perspetiva de centralização dos cuidados na pessoa com necessidades paliativas,
pretende-se uma crescente integração dos vários sistemas de informação do SNS, de modo a permitir
comunicação facilitada entre equipas nos diversos níveis de cuidados.
16
5.CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL CONTINENTAL
5.1 Estimativa da população com necessidades paliativas
Neste plano mantém-se a metodologia de estimativa das necessidades gerais de cuidados paliativos e
cuidados paliativos pediátricos.
I. População adulta
Para a população adulta as necessidades foram calculadas com base nos dados de mortalidade do INE
mais recentes (2020). A metodologia utilizada, proposta por Murtagh e Higginson (2014), tem como
ponto de partida a estimativa da “capacidade de beneficiar” de CP com base na mortalidade e tem sido
a utilizada até agora nos PEDCP, pelo maior consenso na literatura internacional. Este método beneficia
ainda da fiabilidade dos dados no nosso país, atendendo ao método de registo de mortalidade numa
plataforma nacional (SICO). Para um cálculo mais apurado das necessidades seriam necessários dados
de prevalência das patologias e fatores sociodemográficos por região. Na Tabela 1 apresenta-se a
projeção do número de pessoas com necessidades de cuidados paliativos que se cifra, pelo método
referido, entre 81.553 e 96.918. Verifica-se um aumento ligeiro relativamente aos biénios anteriores,
que é consistente com o envelhecimento populacional e com a previsibilidade de necessidades
paliativas na população idosa, independentemente até do aumento paralelo da doença crónica.
17
Âmbito Geográfico Total Óbitos Doentes com necessidade de CP
Ano 2020 Mínimo 69% Máximo 82% Média
NUTS III Região de Leiria 3 365 2 322 2 759 2 541
NUTS III Viseu Dão Lafões 3 520 2 429 2 886 2 658
NUTS III Beira Baixa 1 521 1 049 1 247 1 148
NUTS III Médio Tejo 3 566 2 461 2 924 2 692
NUTS III Beiras e Serra da Estrela 3 621 2 498 2 969 2 734
NUTS II Área Metropolitana de Lisboa 31 252 21 564 25 627 23 595
NUTS III Área Metropolitana de Lisboa 31 252 21 564 25 627 23 595
NUTS II Alentejo 11 271 7 777 9 242 8 510
NUTS III Alentejo Litoral 1 372 947 1 125 1 036
NUTS III Baixo Alentejo 2 074 1 431 1 701 1 566
NUTS III Lezíria do Tejo 3 380 2 332 2 772 2 552
NUTS III Alto Alentejo 2 001 1 381 1 641 1 511
NUTS III Alentejo Central 2 444 1 686 2 004 1 845
NUTS II Algarve 5 402 3 727 4 430 4 079
NUTS III Algarve 5 402 3 727 4 430 4 079
18
Obtemos, assim a um total estimado de 7.268 crianças com necessidades paliativas, em Portugal
Continental.
Importa destacar que a doença crónica complexa na idade pediátrica geralmente é causadora de
grande distress familiar, com impacto em todos os seus elementos, incluindo os irmãos. Este problema
está presente também na população adulta, mas coloca-se aqui com especial importância, já que
interfere com os processos de crescimento e desenvolvimento e obriga a uma difícil adaptação de
esperanças, não esquecendo o risco de luto prolongado. De evolução imprevisível, geralmente muito
longa e associada à sua doença de base, têm diversas comorbilidades e limitações que exigem cuidados
constantes e permanentes, exacerbadas sobretudo pelas intercorrências ou agudizações, nem sempre
reversíveis.
Nesta faixa etária irá ser necessário apoio médico, de enfermagem, psicossocial, mas também de
outros profissionais de saúde. Uma vez que se encontram ainda em fase de crescimento, necessitam
de apoio de fisioterapeutas, terapeutas da fala ou terapeutas ocupacionais, essenciais à aquisição e
desenvolvimento de competências, mas também à reabilitação ou manutenção de funções.
O objetivo é proporcionar uma vida o mais plena possível com uma rotina adequada à sua idade e
capacidade, com inclusão numa sociedade que deve estar preparada para as acolher.
19
Tabela 3:ECSCP existentes e por formar, segundo ARS
Constituídas Em falta
ARS
ECSCP EDSCP (uma ECSCP por ACES /ULS)
Norte 8 2 21 ACES + 3 ULS
Centro 2 0 6 ACES + 2 ULS
LVT 8 1 15 ACES
Alentejo 3 0 1 ACES + 3 ULS
Algarve 3 0 3 ACES
Totais 24 3 46 ACES + 8 ULS
Para além do estado identificado na Tabela 3 em termos de número de equipas, continuamos a ter
informação de que a grande maioria das ECSCP estão a funcionar sem a dotação de recursos humanos
considerada necessária para um serviço de qualidade, à luz do preconizado nos PEDCP anteriores.
20
As EIHSCP-P especializadas têm dotação superior de recursos humanos e são constituídas por
elementos com maior formação prática, ficando assim responsáveis por prestar cuidados a crianças
com necessidades paliativas de maior complexidade.
As EIHSCP-P não especializadas, prestam cuidados paliativos generalistas a crianças residentes na sua
área de influência, podendo referenciar, sempre que necessário, às EIHSCP-P especializadas.
Neste plano para 2021-2022, alteramos o termo “não especializada” para “generalista”5.
Nos hospitais/ ULS, enquanto não for possível a constituição das EIHSCP-P, poderão ser criados núcleos
de CPP para consultoria. Estes núcleos são constituídos por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente
social com formação intermédia em CP e devem apresentar um plano de ação para o crescimento da
equipa, no sentido de atingir os requisitos mínimos necessários para poderem vir a integrar a RNCP.
As EIHSCP-P trabalham em estreita articulação entre si e com as ECSCP, bem como com os restantes
profissionais que acompanham a criança, nomeadamente as Equipas de Cuidados Continuados
Integrados (ECCI), médico e enfermeiro de família e saúde escolar.
A diferenciação em CPP, tal como nos adultos, exige uma formação teórica e prática exigente. Sendo
os CPP uma área relativamente recente, ainda existem poucos profissionais com a formação necessária
não só para a prática clínica, mas também como veículo de formação de novos profissionais.
Pretendemos apoiar estas equipas para que haja tempo para garantir que, progressivamente e de
forma estruturada, se vão constituindo equipas com formação em cuidados paliativos pediátricos para
que todas as crianças com doença crónica complexa possam ter as suas necessidades asseguradas.
Segundo o relatório de 2020, relativamente às EIHSCP-P “especializadas”, estas já se encontram em
funcionamento nos 5 Centros Hospitalares Universitários e estão constituídas duas EIHSCP-P “não
especializadas nos IPO do Porto e de Lisboa. No entanto, nenhuma destas equipas cumpria as dotações
e os requisitos formativos mínimos determinados.
Até ao final de 2022, devem todas as equipas pediátricas especializadas estar em funcionamento
cumprindo todos os requisitos tanto a nível de dotação de recursos humanos e infraestruturas, como
formativo.
5 Timothy E. Quill, M.D., and Amy P. Abernethy, M.D. Generalist plus Specialist Palliative Care. Creating a More Sustainable Model.
N Engl J Med. 2013, 28;368(13):1173-5.
21
5.2.3 Unidades de Cuidados Paliativos (UCP)
I. População adulta
Em atualização do plano 2019-2020 quanto às necessidades de camas de CP, chegamos aos seguintes
números:
Tabela 4: Estimativa da necessidade de camas de UCP hospitalares em Portugal
22
Apesar da atualização para a população residente com os dados mais recentes6, mantêm-
se praticamente na mesma ordem de grandeza as necessidades de camas UCP hospitalares, ou seja 392
a 490 camas. No entanto, considerando que a população de doentes não oncológicos com necessidades
paliativas se encontra em aumento, assim como a prevalência da doença crónica resultante do
envelhecimento populacional, estudos apontam para que o número de camas poderá ser
aproximadamente o dobro7. Apesar deste facto, opta-se por manter a fórmula de cálculo dos planos
anteriores, sabendo que a médio prazo esta a ordem de grandeza desta estimativa vai previsivelmente
subir para acompanhar este crescimento da população com necessidade de CP.
Em finais de 2020, também de acordo com o “Inquérito Nacional-Equipas Locais de CP 2020”, a
distribuição de UCP de internamento nos hospitais do SNS era como se mostra na tabela 5.
Constata-se que apenas duas regiões (Centro e Algarve) demonstram disponibilidade de camas em
número próximo do que são as necessidades estimadas. A região da ARS LVT também atinge esses
números, mas em grande medida devido ao elevado número de UCP-RNCCI. Embora estas tenham a
importante função de permitir o internamento de doentes com necessidade de continuidade de
cuidados paliativos e de apoio em casos de exaustão do cuidador, essa realidade não se poderá, no
entanto, considerar inteiramente supletiva das necessidades paliativas complexas ou intermitentes da
população que servem.
Tabela 5: Distribuição de UCP hospitalares/ RNCP segundo dados ARS
23
realidade, verifica-se uma grande lacuna nesta área, existindo uma extrema dificuldade na integração
de crianças nestes internamentos, principalmente nas idades mais jovens.
Neste sentido irá ser feito um esforço para a criação de camas para pediatria em UCP-RNCCI. Propõe-
se a criação de uma unidade por cada ARS, de forma gradual, dando prioridade aos locais com maior
densidade populacional e maior número de doentes. Estas unidades poderão ser inseridas em
estruturas já existentes nas UCP-RNCCI desde que adequadas ao doente pediátrico, tendo em conta a
sua condição clínica e o seu grupo etário, garantindo a separação dos circuitos do doente adulto. Os
cuidados deverão ser prestados por profissionais com formação em cuidados paliativos
pediátricos, contando com o apoio da EIHSCP-P mais próxima ou ECSCP do respetivo ACES/ ULS.
Referência Objetivo
Camas UCP hospitalar (SNS) 40-50 camas por 1.000.000 habitantes 441
24
6. EIXOS PRIORITÁRIOS DE INTERVENÇÃO
O processo de cuidados e atenção centrada na pessoa e seu núcleo familiar implica que se integre uma
partilha de responsabilidades8 em aspetos como autocuidado e acompanhamento clínico, juntamente
com o suporte de que necessitam para realizar essa mesma responsabilidade, assegurando que as
transições entre os prestadores de cuidados, departamentos e instituições de saúde são respeitadas,
coordenadas e eficientes9.
Numa análise das relações no cuidado à família, todas as partes interessadas têm o mesmo objetivo:
cuidados de alta qualidade, oportunos e eficientes, pelo que a abordagem colaborativa é a estratégia
para integrar a diversidade de conhecimentos dos prestadores de cuidados, reduzindo as ineficiências.
Esta abordagem é tão emergente para as pessoas, para o seu núcleo familiar e cuidadores, quanto para
o sistema de saúde.
25
1. Acessibilidade
Os CP devem estar disponíveis para todas as pessoas a partir do momento do diagnóstico de risco de
vida ou debilidade, o que exige que as equipas não se constituam como entidades isoladas, mas em
articulação eficaz entre serviços10.
I. Definir uma linha orientadora de critérios para a referenciação de doentes para, e entre, todos
os recursos de CP11
10 European Association for Palliative Care. White Paper on Standards and norms for Hospice and Palliative Care in Europe: Part 1/ 2.
European Journal of Palliative Care
11 Unidades de cuidados paliativos; Equipas intra -hospitalares de suporte em cuidados paliativos/ pediátrica; Equipas comunitárias
de suporte em cuidados paliativos
26
1.2 Plano Individual de Cuidados Paliativos
27
a) Definição de critérios de priorização na admissão do doente em CP nas diversas
valências de apoio13;
b) Desenvolvimento de programas de descanso do cuidador do doente em CP e CPP.
13 Serviço de apoio domiciliário; Centro de dia; ERPI; Lar Residencial, entre outros
28
Indicador Unidade de intervenção
Entidade
À semelhança de No modelo de documento e atividade inclusiva,
outros recursos educativos desenvolver e clarificar conceitos sobre CP; quais os
desenvolver e recursos disponíveis e onde/ como procurar ajuda
disponibilizar o “Kit
básico dos CP”
No âmbito do quadro Integração de livros no Plano Nacional de Leitura que
Estratégico Plano Nacional abordem os conceitos:
de Leitura (PNL) ▪ Vida e Morte
(ponto 3.3 Promoção ▪ Sentido da Vida
Projetos Literacia em Saúde)
Comunicação Promover, clarificar e divulgar sobre conceitos de CP
Social
e Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV, sob a
forma de Testamento Vital, nomeação de
procurador de cuidados de saúde)
29
EIXO PRIORITÁRIO II – FORMAÇÃO
Conhecer o enquadramento atual dos cuidados paliativos é uma exigência estratégica em saúde que
passa pela utilização da definição de cuidados paliativos da OMS e capacita os cidadãos a tomar
decisões nos diversos contextos de doença.
Para mobilizarmos a sociedade civil a longo prazo para esta temática, precisamos de agir junto dos
mais novos, introduzindo na formação escolar o conceito do ciclo de vida e conhecimento sobre
doenças crónicas complexas e as suas implicações na vida.
Todo o trabalho informativo e formativo deve ser feito junto das crianças, dos jovens e dos professores,
que necessitam frequentemente de abordar estas matérias. Importa ajudar as crianças a
compreenderem a perda, dor e sofrimento e a reconhecer as implicações no crescimento.
Além deste trabalho junto da sociedade civil, as diversas organizações internacionais, comunitárias,
associativas e académicas chamam a atenção para a necessidade de formação especializada em
cuidados paliativos.
A formação é fundamental para a constituição de novas equipas/ unidades, para o desenvolvimento de
competências em CP das equipas multidisciplinares e para garantir os diferentes graus de complexidade
das intervenções, sendo por isso um eixo estratégico.
Contribuir para um melhor conforto e bem-estar da pessoa só pode ocorrer quando o cuidador
compreende as intervenções e acompanha o ritmo da equipa. A dificuldade na comunicação, desafios
de adaptação especificidade do plano de cuidados e o conhecimento sobre o nível de complexidade da
intervenção em cuidados paliativos pode ser um constrangimento no ato de cuidar.
Neste sentido é crucial a formação para cuidadores formais e informais para colmatar estas
dificuldades. Para tal, será necessário:
30
2.Formação pré-graduada
3. Formação pós-graduada
A formação pós-graduada é a área de maior exigência na preparação das equipas de cuidados
paliativos. Reconhecendo os diversos níveis de complexidade das intervenções em cuidados paliativos
é fundamental desenvolver competências técnicas para o exercício da atividade.
31
Imagem 3: Mapa conceptual das tipologias de formação e domínios de formação em CP
32
Para este efeito importa:
▪ Após a elaboração do programa e como meta para aplicar em 2022, aproveitar as novas
tecnologias de informação e comunicação (“b-learning”), onde possível, como instrumento
de formação em cuidados paliativos.
A maioria dos adultos com necessidade de cuidados paliativos apresenta doenças crónicas como
doenças cardiovasculares (38,5%), cancro (34%), doenças respiratórias crónicas (10,3%), SIDA (5,7%) e
diabetes (4,6%). Outras condições clínicas, incluindo insuficiência renal, doença hepática crónica,
esclerose múltipla, doença de Parkinson, doenças autoimunes (artrite reumatoide, doenças do
interstício pulmonar), doença neurológica (neurodegenerativas, neuromusculares, desmielinizantes e
demências), anomalias congénitas e tuberculose resistente a medicamentos, podem exigir cuidados
paliativos14.
Proporcionar formação em cuidados paliativos aos profissionais de saúde que acompanham uma
grande proporção de pessoas com necessidades paliativas, é um dos eixos fundamentais deste
processo. Para tal, é necessário integrar os profissionais de saúde nos programas de formação
intermédia em cuidados paliativos (nível 2). Procura-se, assim, dar continuidade ao trabalho realizado
pelas cinco ARS na formação intermédia em cuidados paliativos e trabalhar na elaboração de novos
cursos de formação nível 2.
É importante que cada elemento de cada equipa de cuidados paliativos possa desenhar um programa
de formação contínua que integre a especificidade de cada área profissional.
Pretende-se assim estimular a criação de programas de formação específicos para os diversos
profissionais de saúde que integram as equipas de cuidados paliativos.
33
A elaboração dos programas de formação deve dar uma resposta adequada às exigências de
intervenção específicas de cada grupo profissional: médicos, enfermeiros, assistentes sociais,
psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas.
Deste modo, é fundamental levantar as necessidades formativas específicas de cada grupo profissional
e trabalhar na criação destes programas formativos, pelo que as áreas de intervenção poderão incluir:
15
DR nº135 2ª série de 16 julho 2018 – Regulamento nº 429/2018
34
EIXO PRIORITÁRIO III – QUALIDADE
O estabelecimento de elevados padrões de qualidade na atividade junto dos doentes/ famílias em CP
constitui garantia de uma melhor resposta às suas necessidades. Assim, é de toda importância o
estabelecimento progressivo de um sistema de qualidade, de resto necessário e presente em todos os
aspetos dos cuidados de saúde.
Com o objetivo de alcançar a excelência do serviço, baseamo-nos em critérios como:
▪ Responsabilidade pública.
35
Deste modo, devem ser realizadas reuniões entre as equipas locais concretas (UCP, EIHSCP, EIHSCP-P
e ECSCP) que partilhem responsabilidades por doentes, de forma mensal (presencial ou virtual),
intervalo ajustável consoante as necessidades, para revisão e discussão de casos clínicos (inicialmente
abordando 3 casos), tendo em conta a complexidade dos mesmos (com aplicação prévia da escala IDC-
Pal), integrando num registo clínico a definição do local de viver/ morrer preferencial do doente e a
possibilidade da sua concretização.
Doentes e Famílias
Designação Tipo
Avaliação inicial das necessidades Processo
Plano Unificado de Cuidados (PUC) Processo
Identificação do cuidador principal Processo
Discussão dos objetivos dos cuidados com doente e família Processo
36
Tabela 10: Indicadores de Estrutura e Organização
Estrutura e Organização
Designação Tipo
Constituição da equipa multidisciplinar com formação e treino em CP Estrutura
Funcionamento da equipa multidisciplinar Processo
Espaço físico (dedicado à equipa de saúde, aos doentes e aos Estrutura
familiares/cuidadores)
Possibilidade da presença da família Estrutura
Confidencialidade dos dados Estrutura
Acessibilidade aos CP Estrutura
Trabalho em Equipa
Designação Tipo
37
3. Definição de normas e critérios de qualidade
Para uma melhoria da qualidade deve ser implementada uma estratégia transversal a todas as equipas
locais de cuidados paliativos. Considera-se pertinente a definição de normas e critérios de qualidade a
cumprir pelas equipas, pois só com a utilização de normas e critérios idênticos se pode analisar práticas
e comparar resultados numa perspetiva de melhoria contínua.
38
6. Criar centros de excelência
A criação de centros de excelência a nível nacional considera-se de primordial importância tendo em
conta que a complexidade das situações clínicas, a pluralidade das patologias, o manuseamento
terapêutico e uma eficaz gestão global do sofrimento intenso e total exigem uma preparação sólida e
bem diferenciada a nível profissional.
Estas estruturas idealmente devem criar programas de formação contínua devidamente reconhecidos
e com idoneidade formativa, apoiar a investigação e a especialização em CP, cumprindo as dotações
seguras em profissionais de saúde e cuidados de qualidade.
39
EIXO PRIORITÁRIO IV - ORGANIZAÇÃO
Para o desenvolvimento, com sucesso, dos cuidados paliativos é fundamental uma estratégia de
organização. Assim, em todas as suas dimensões, incluindo cuidados de saúde hospitalares, cuidados
de saúde primários e cuidados continuados integrados, as equipas locais de CP devem promover entre
si ligações formais, para que se garanta não só o suporte e continuidade da formação das equipas, mas
também melhore a continuidade nos cuidados à pessoa e ao seu núcleo familiar.
O Conselho da Europa afirma que a qualidade do atendimento em determinada região não depende
apenas da qualidade das instituições e serviços, mas da articulação de e entre serviços de cuidados (em
todos os seus níveis), ou seja, se os serviços forem organizados dentro de uma rede nacional funcional
coerente, melhora o acesso aos cuidados paliativos e aumenta a qualidade, bem como a continuidade
de cuidados, permitindo que uma proporção maior de pessoas possa morrer em casa, se assim o
desejarem.
Esta articulação, deve estar sempre presenta, particularmente desde o momento em que se identifique
necessidade de CP e sempre que ocorra alteração do nível de complexidade, de um nível menos severo
para mais severo e vice-versa.
Centrado numa cultura organizacional, dinâmica e de personalização de acordo com as necessidades
específicas da pessoa, importa ressalvar que:
Potenciando a excelência desta articulação, o ideal será uma disponibilidade de cuidados nas 24 horas
do dia, sete dias por semana e que, independentemente do seu nível de complexidade, estejam
previstos todos os recursos para ir de encontro às necessidades do doente e família.
Os cuidados paliativos devem ser equitativos, planeados de forma sustentável e apropriados à idade
dos utentes, às suas necessidades e preferências.
40
1. Dotações de recursos humanos das equipas da RNCP
Tendo em conta a realidade atual da RNCP, procedemos a uma atualização das necessidades mínimas
de recursos humanos destas equipas no sentido de nos aproximarmos das necessidades reais, que
permitam o seu normal funcionamento e uma adequada resposta às necessidades paliativas da
população.
Dotação mínima
por equipa de Localização Dotação de profissionais
CP/CPP (mínimo recomendado)
ETC Nº profissionais
a
ECSCP Médico 1,5 2 ou 3
(Rácio para ACES ou ULS Enfermeiro 2 2 ou 3
100.000 Psicólogo 1 2
habitantes) Assistente Social 1 2
ETC Nº profissionais
EIHSCP + Hospitais Médico 1,5 2 ou 3
CE/HD b (consultoria a todos Enfermeiro 2 2 ou 3
(Profissionais por os serviços clínicos) Psicólogo 1 2
250 camas) Assistente Social 1 2
ETC Nº profissionais
c Médico ≥0,2 /cama ≥2
UCP Hospitais
(Profissionais por (8-20 camas/UCP) Enfermeiro 1,3 / cama ≥ 11
cama) Psicólogo 1/ 8-20 camas ≥1
Assistente Social 1/ 8-20 camas ≥1
a) ECSCP - A dotação indicada não inclui a consulta de CP no ACES ou ULS e deve cumprir no mínimo o
rácio indicado para 100.000 habitantes, de acordo com características sociodemográficas. Cada equipa
pode ter mais que um polo (cada um com dotação equivalente à de uma equipa)
41
b) EIHSCP - Em hospitais com >250 camas, a dotação aumenta em proporção do número camas (se
<250 camas mantem-se a dotação mínima)
c) UCP - em todos os hospitais com >200 camas e/ou com Serviço de Oncologia. Nos hospitais com <200
camas, a abertura de UCP deve ser decidida a nível regional.
d) EIHSCP-P especializada - Pode incluir médico e enfermeiro de referência da Neonatologia e de
Cuidados Intensivos Pediátricos.
O presente modelo adota uma abordagem em que se reconhece que o tempo de dedicação
de cada grupo profissional (médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais) é
interdependente. Idealmente, de forma gradual, outros profissionais devem ser incluídos,
nomeadamente assistentes espirituais, nutricionistas e fisioterapeutas.
Do mesmo modo, reforça-se que, além da sua atividade assistencial, as equipas devem ver
assegurado, no seu horário de trabalho, tempo para a atividade não assistencial, a saber:
1. Responsabilidades assistenciais
Cuidados diretos ao doente e família/cuidador, incluindo consulta ou acompanhamento
partilhado com outras especialidades de acordo com as necessidades no momento.
2. Responsabilidades não assistenciais
Organização: Reuniões clínicas multidisciplinares, consultadoria a profissionais de saúde.
Formação: Formação contínua, acompanhamento de ensaios clínicos e/ou trabalhos de
investigação científica.
Gestão: Plano de monitorização e melhoria contínua da qualidade.
Existe ainda trabalho por fazer para que os Cuidados Paliativos estejam acessíveis a todos os que dele
precisam e se consiga captar e reter profissionais de saúde para esta área de cuidados. O risco da não
progressão na carreira ao integrar uma equipa a tempo completo; o próprio modelo de contratação e
a não priorização da alocação de recursos pela respetiva gestão de topo de cada organização, são
algumas das limitações à atração de profissionais.
42
Será desejável que as instituições de origem das equipas sejam responsáveis pelo financiamento das
ações / cursos de formação necessários para a obtenção do grau de qualificação indispensável para o
exercício das suas funções. Estes custos devem estar contemplados no orçamento de implementação
das equipas quando se estiverem a iniciar ou identificados nos planos de ação anuais nas equipas já
constituídas.
Relativamente às dificuldades existentes a nível de formação, especialmente prática, dos elementos
das equipas de CP já formadas será elaborado um mapa da situação a nível nacional até final de 2021,
com contributos das ARS/ CRCP e das próprias equipas. Desta forma irá ser estabelecido um plano
prático de recuperação a nível nacional, com propostas de estágios e de cursos de formação.
▪ Avaliar a possibilidade de, mantendo o indicador de avaliação das EIHSCP e das EIHSCP-P,
concretizar um estímulo à sua produção.
UCP hospitalar 1 - - 2 -
EIHSCP - - - 1 -
6 5 2 1 -
ECSCP
+ 1 EDSCP + 1 EDSCP-P
EDSCP-P: EDSCP Pediátrica
ECSCP da ULSNA, do ACES Alentejo Central e da ULS Baixo Alentejo necessitam de 2 polos
Equipas ECSCP Barlavento e Central com défice de recursos humanos que não permite abertura 7 dias/ semana
43
A nível hospitalar e das ULS, sempre que existirem dois ou mais equipas de CP na mesma instituição
devem estas agrupar-se num único serviço integrado, agregando todas as valências de cuidados
paliativos (EIHSCP, UCP, CE/ HD, ECSCP).
44
7. Promover a Investigação em Cuidados Paliativos
Nos últimos anos constata-se um crescente interesse pela formação na área dos Cuidados Paliativos,
verificando-se o aumento da formação avançada, nomeadamente, mestrados e doutoramentos nas
mais diversas áreas disciplinares, o que eleva o nível da investigação realizada bem como a sua
complexidade. É importante manter/ criar protocolos com universidades, associações de cuidados
paliativos nacionais e internacionais, bem como outras entidades para a continuidade da investigação
na área sobretudo para validação de escalas, indicadores de qualidade, dotações de equipas, avaliação
de custo-benefício bem como outras temáticas de elevado interesse.
A promoção da investigação deve ser contínua e acompanhar a evolução e as necessidades dos
Cuidados Paliativos.
45
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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quality in health care. Canberra: Australian Institute of Health and Welfare, 2009.
• Atlas of World Health Organization (WHO) 2nd Edition, 2020.
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de cuidados paliativos em Portugal. Cadernos de Saúde. 2018, 10 (2):11-24
• CHRISTENSEN, Judith (1993) - Nursing Partnership. A model for Nursing Practice. London,
Churchill Livingstone.
• Costa, M.P. Indicadores de qualidade para a contratualização de cuidados paliativos. Tese
Mestrado em Gestão Unidades de Saúde. Escola Nacional de Saúde Publica, 2011.
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Press, 2003.
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Care Service 3rd Edition IAHPC Press Houston, 2021.
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Palliative Care in Europe: Part 1/ 2. Eur J Palliat Care. 2010, 17(1):22-33
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and Voluntary Sector”, 1999.
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Sectional Analysis. J Pain and Symptom Manage. 2017, (53)2.
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Advocacy is published by the Journal of Palliative Medicine. 2018
(https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ jpm.2018.0248)
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Guidelines, PCA, Canberra. 2018.
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– Paediatric Palliative Care, PCA, Canberra, 2018.
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• World Health Organization (WHO). Palliative Care Definition (cancer), 2020. Accessed from:
http://www.Who.int/cancer/palliative/definition/en/.
48
8. ANEXOS
49
Anexo I - Plano de ação PEDCP 2021-2022
50
Objetivo específico 2 Prevenção de risco psicossocial - Intervenção precoce, suporte psicossocial e apoio à família
Desenvolvimento de programas psico-socio- ACSS (CNCP) 2022 Nº de CI integrados no Programa
educativos de apoio, capacitação e Nº. de programas a nível nacional
acompanhamento especializado para
Cuidadores Informais de doentes em CP e CPP
Estabelecer critérios de priorização na ACSS (CNCP) Dez 2021 Acordos de cooperação
admissão do doente em CP nas diversas CRCP
Ação 2.1
valências da rede
Desenvolver programas de descanso do
cuidador do doente em CP e CP-pediátricos;
Integração dos doentes em CP no Regime ACSS (CNCP) 2021 Integração dos doentes em CP no AMIM
transitório atestado médico de incapacidade Ministério da Saúde
multiuso (AMIM)
Certificado de incapacidade remunerado para ACSS (CNCP) Dez 2021 Documento de recomendação ao
assistência a familiares Ministério do trabalho, Solidariedade e da
Segurança Social
Objetivo específico 3 Articulação e envolvimento da comunidade
Autarquias ACSS (CNCP) 2022 Nº cidades compassivas implementadas
Ação 3.1. Organização das cidades compassivas
Instituições de Saúde ACSS (CNCP) Nº de ACES/Hospitais/ULS com
Disponibilização de informação escrita nas CRCP disponibilização de guias práticos/ notas
Ação 3.2. Instituições de Saúde informativas
Ministério da Educação
Ação 3.3 Sensibilizar para desenvolvimento de Documento de recomendação
programas escolares ACSS (CNCP) 2022 ao Ministério da Educação
Desenvolver e disponibilizar o “Kit básico dos Ministério Educação Disponibilidade em todos os
CP” agrupamentos escolares
Integração de livros no Plano Nacional Nº de livros integrados no PNL
de Leitura (PNL)
Ação 3.4 Comunicação social ACSS (CNCP) 2022 Nº de campanhas dinamizadas pelos
Campanhas de divulgação dos CP e das DAV meios de comunicação
51
Eixo Prioritário II - Formação
Objetivo Geral: A formação é fundamental para a constituição de novas equipas/unidades e para o desenvolvimento de competências em CP das
equipas multidisciplinares.
Objetivo específico 1 Criar programas de formação para Cuidadores Formais e Informais
Fomentar a formação de cuidadores formais Nº de programas de formação realizados
Ação 1.1. e informais - familiares, amigos e voluntários Associações de CP 2022
52
Eixo Prioritário III – Qualidade
Objetivo Geral Garantir a qualidade da organização e prestação de cuidados, através da avaliação e promoção contínua da qualidade
Objetivo específico 1 Reuniões entre equipas de Cuidados Paliativos nos vários níveis de cuidados
Reunião mensal, intervalo ajustável conforme Várias Equipas de CP Nº de reuniões realizadas
Ação 1.1. as necessidades, entre equipas que partilhem 2022
responsabilidades por doentes
Reunião mensal, ou intervalo ajustável Equipas Pediátricas Nº de reuniões realizadas
Ação 1.2. conforme as necessidades, entre as equipas 2022
pediátricas hospitalares
Reunião anual com CNCP e CR e Equipas Equipas
Ação 1.3. CRCP 2021
CNCP
Objetivo específico 2 Definição de Indicadores das atividades das equipas de Cuidados Paliativos
Ação 2.1. Definição de indicadores para EIHSCP ACSS (CNCP) 2021 Grupo de trabalho
Definição de indicadores para UCP (RNCP e 2021 Grupo de trabalho
Ação 2.2.
RNCCI)
Ação 2.3. Definição de indicadores para pediatria 2022 Grupo de trabalho
Definição de indicadores para CE/Hospital de 2021 Grupo de trabalho
Ação 2.4.
dia
Objetivo específico 3 Definição de normas e critérios de qualidade a cumprir pelas equipas
Implementação de modelos de regulamento,
Ação 3.1. de procedimentos, planos de integração,
formação, controlo estrutural, protocolos, ACSS (CNCP) 2022 Implementação de modelo
instruções de trabalho. Equipas CP
Ação 3.2. Elaboração de inquéritos de satisfação às
famílias e aos profissionais
53
Objetivos específicos
Definição de um sistema de certificação das equipas/ Melhoria contínua da atividade das equipas
4e5
Incentivar as equipas a integrar um sistema de CA/ CE das Equipas CP Nº equipas aderentes
Ação 4.1.
gestão que proporcione a certificação DGS
Equipa deve elaborar documentação com Equipas CP Nº equipas com documentos elaborados
Ação 4.2.
vista a certificação
Devem ser realizadas auditorias internas Elementos da equipa 2022 Nº auditorias por cada equipa
Ação 4.3.
pela equipa
Devem ser realizadas auditorias internas Auditores Internos Nº auditorias por cada equipa
Ação 4.4.
pela instituição das próprias instituições
Devem ser realizadas auditorias externas Auditores Externos à Nº auditorias externas por cada equipa
Ação 4.5.
Instituição (DGS)
Trabalho de enquadramento e
Ação 7.1.
regulamentação do uso de fármacos off label ACSS (CNCP)
2022 Relatório do Grupo de Trabalho
Trabalho de incremento da disponibilidade de Infarmed
Ação 7.2.
formulações alternativas
54
Eixo Prioritário IV – Organização
Objetivo Geral Permitir que todas as estruturas da RNCP e todas as do restante SNS, se articulem e otimizem o seu modo de
funcionamento
Objetivo específico 2 Formação mínima dos recursos humanos das equipas da RNCP
Levantar necessidades formativas ACSS (CNCP) Mapa da situação nacional
Ação 2.1. ARS (CRCP) 2021
55
Objetivo específico 4 Implementação de novos Recursos de Cuidados Paliativos (RNCP)
56
Anexo II - Programa psico-socio-educativo de apoio para
Cuidadores Informais
Implementação Nacional
O programa deverá acompanhar doentes e famílias durante e após o processo de doença, sem
nunca pressupor intervenção direta sobre o processo de diagnóstico ou terapêutica
57
Anexo III - Mapa conceptual das tipologias de formação e domínios de formação em CP
58
Anexo IV – Normas e critérios de qualidade a elaborar pelas equipas
59
Controlo de • Local de armazenamento de Medicação
condições • Local de armazenamento de materiais de consumo
ambientais, clínico
temperatura e • Frigoríficos Medicação
humidade
• Diversas áreas do serviço
Higienização
• Unidade do doente
Apoios Sociais
Conferencia familiar
Protocolo para
Protocolos Últimas Horas e Dias
de Vida
Apoio no Luto
Acolhimento do
Folhetos doente e família
Avaliação da Doentes e famílias
Satisfação Colaboradores
60