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Camões - Poemas Selecionados

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Coordenação do Curso de Letras – Português a Distância

Fundação Universidade Federal do Pampa-UNIPAMPA


Rua Conselheiro Diana, nº 650. Kennedy. Jaguarão/RS.96300-000.
Contato: 053-3266.9400, ramal: 2183.
http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/llpead/

LITERATURAS LUSÓFONAS

POEMAS SELECIONADOS PARA LEITURA

LUÍS VAZ DE CAMÕES


Coordenação do Curso de Letras – Português a Distância
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Características e temas da poesia de Luís Vaz de


Camões:
Conflito existencial: choque entre o espiritual e o carnal, a religião
e a vida material. Presença de visões de mundo distintas.
Sofrimento amoroso: o amor é um sentimento contraditório: produz
contentamento e dor.
Figuras de Linguagem: metáforas, antíteses e paradoxos são
permanentemente trabalhados em seus poemas.
Idealização e contradições marcando a figura feminina: a mulher
é vista como um ser angelical, puro e idealizado e, ao mesmo tempo,
como aquela que causa a dor do sujeito e produz sofrimentos.
Uso do rigor formal: Presença do soneto.

Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa. Local onde está localizado o túmulo de Camões.
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POEMA 1

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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POEMA 2

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros meus, má fortuna, amor ardente


Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente


A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;


Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.


Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
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POEMA 3

Quem vê, Senhora, claro e manifesto

Quem vê, Senhora, claro e manifesto


o lindo ser de vossos olhos belos,
se não perder a vista só em vê-los,
já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;


mas eu, por de vantagem merecê-los,
dei mais a vida e alma por querê-los,
donde já me não fica a mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança


e tudo quanto tenho, tudo é vosso,
e o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança


O dar-vos quanto tenho e quanto posso
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
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POEMA 4

Por que quereis, Senhora, que ofereça

Por que quereis, Senhora, que ofereça


a vida a tanto mal como padeço?
se vos nasce do pouco que mereço,
bem por nascer está quem vos mereça.

Sabei que, enfim, por muito que vos peça,


que posso merecer quanto vos peço;
que não consente Amor, que em baixo preço
tão alto pensamento se conheça.

Assi que a paga igual de minhas dores,


com nada se restaura, mas devei-ma,
por ser capaz de tantos desfavores.

E se o valor de vossos servidores


houver de ser igual convosco mesma,
vós só convosco mesma andai de amores.

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