Libras 4
Libras 4
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APRENDENDO A LÍNGUA
DE SINAIS BRASILEIRA
Autor: Me. Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves
Revisor: Ma. Etna Paloma Nobre
INICIAR
introdução
Introdução
Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a esta unidade. Iniciaremos nossas aulas que terão
como tema geral o aprendizado da língua de sinais brasileira: a Libras. Em um
panorama geral, discutiremos, inicialmente, a respeito dos desaEos atuais que a
educação de surdos encontra em sua efetivação no cenário nacional, bem como os
sujeitos e métodos responsáveis pela promoção da educação especial. Em seguida,
abordaremos as principais diferenças entre os métodos de ensino tradicionais e o
ensino para pessoas surdas. Na sequência, daremos atenção especial à questão do
intérprete de Libras, seu papel e contribuição para a comunidade. Por Em,
encerraremos nossa unidade apresentando alguns modelos de materiais didáticos
que possam favorecer a educação de crianças e jovens surdos. Desejo a você bons
estudos!
Desafios da Educação
de Surdos
Certamente, o desaEo de uma educação inclusiva não deve recair somente sob a
responsabilidade do professor regente, mas de toda a comunidade escolar. Observa-
se, em muitas realidades, que a inclusão veio “de cima para baixo”, de maneira
imposta e quase que indesejável. Não há intenção de dizer que isso é verdade, mas o
modo como acolhe-se e realiza-se a prática da inclusão em nossa sociedade soa como
se o que se pretende é apenas cumprir com uma lei imposta, sem qualquer outra
preocupação aparente.
Em meio às tantas crises pelas quais passamos nos últimos tempos, a crença na
democracia e na pluralidade de ideias e de ideologias que possam conviver em
harmonia tem sido desacreditada. Como consequência, a escola sofre os reVexos de
uma sociedade que vive no limite da tolerância e da justiça e, nestes casos, quem mais
sofre com o período em questão são os grupos minoritários que permeiam a nossa
educação escolar (FERRARI, MENEGHETTI, 2017).
Cercado por uma rede de valores e interpretações sobre o mundo, por vezes opostas
às suas considerações, a pessoa surda sofre constantemente com um ensino que não
foi pensado para ela, tampouco lhe pertence culturalmente, pois foge às suas
concepções e possibilidades de saberes. Os recursos ofertados pelo Estado nem
sempre lhes são úteis, ou pouco contribuem para a sua transformação e descoberta
social, e o resultado, em muitos casos, é a reprovação, o abandono e a evasão escolar,
como se a incapacidade de se adequar fosse responsabilidade do aluno.
Isso ocorre devido às brechas fornecidas pela lei, que permite que o
acompanhamento seja feito por uma intérprete em uma escola regular, ou em salas
bilíngues em instituições regulares. Novamente, nos deparamos com o
questionamento inicial: será que a inclusão de fato acontece nas instituições de
ensino, ou é apenas o reVexo de uma lei que foi imposta e deve ser obedecida?
Uma pequena parcela de autores aErma que o aumento de escolas especiais para
surdos resultaria numa guetização cultural, o que distanciaria ainda mais a pessoa
surda da realidade ouvinte. Não desconsiderando tais perspectivas, o que se observa
é que esses posicionamentos vão de encontro a discursos trazidos pela maioria das
pesquisas, bem como pela própria defesa das pessoas surdas politizadas sobre as
modalidades de ensino que melhor atendem às suas necessidades.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
As políticas voltadas à pessoa com deEciência devem ser consideradas como instrumentos
de representatividade das conquistas históricas alcançadas a seu favor, sobretudo, numa
sociedade com ideais estéticos e padronizantes tão incisivos quanto os nossos. Com isto, os
desaEos de uma educação de qualidade para pessoas surdas enfrentam alguns problemas
evidentes. Sobre estes problemas, assinale a alternativa correta:
Na prática, estamos falando de que modo a pessoa surda será alfabetizada, isto é,
qual caminho a família considera o mais assertivo para que seu Elho com deEciência
auditiva possa aprender a se comunicar formalmente. Pautados em experiências e
resultados alcançados ao longo da história da educação, existem algumas propostas
de ensino que se destacam devido à sua oferta no sistema público de ensino (MORAIS
et al., 2018).
Em outras palavras, o uso do método oralista de ensino, além de não alcançar bons
resultados, gerava sofrimento e incapacidade de aprendizado efetivo da pessoa surda.
Pesquisas comprovam que o método oralista não resultava em conhecimento, mas,
ao contrário, interferia na aquisição da linguagem por parte da pessoa surda.
Vista, geralmente, como pacíEca e ignorante de seus direitos, a pessoa surda era, em
muitos casos, desconsiderada pela própria gestão escolar e regência das aulas. Sem
materiais adaptados, vídeos sem legendas e/ou intérprete e aulas sem apoio
proEssional, a pessoa surda tinha apenas uma de duas opções: ou aceitava ser
“ajudada” por alguns alunos de sua da turma, que, por compaixão, faziam os trabalhos
e incluíam seu nome nas atividades de grupo, porém, sem contar ou pedir a sua
participação; ou então era excluída das atividades e considerada como incapaz de
aprender, de pouca inteligência e, consequentemente, era retida nos exames Enais, a
ponto de repetir a mesma série inúmeras vezes (QUADROS, 2008).
reflita
reflita
Reflita
A exclusão da pessoa com de<ciência
(PCD), de modo especial, a pessoa surda, é
uma situação endêmica em nossa cultura,
tendo em vista os valores morais, éticos e
estéticos aos quais estamos subjugados a
caminhar para tais considerações. Frear
práticas de preconceito e discriminação
contra qualquer pessoa ou grupo é uma
das funções da educação, que, ao ser
promovida a partir de um ensino
multicultural, deve garantir que as
diferenças sejam encaradas como naturais
e passíveis de se relacionarem entre si de
maneira fraterna e solidária.
Provavelmente, você notou que muito falamos sobre os direitos da pessoa surda e
que esta temática ocupa grande parte de nosso material. Isso se dá pela necessidade
atual de garantir que as políticas públicas, inclusive as educacionais, não regridam
para uma condição de esvaziamento dos direitos básicos da pessoa surda. Muito se
fez para que a comunidade surda pudesse encontrar seu espaço numa sociedade que
não a enxergava, portanto, o gene crítico e combatente é apropriado nos documentos,
materiais, eventos e todos os instrumentos de validação da cultura e identidade surda.
Por mais que tenhamos nos ocupado ao longo de nossa unidade com a temática da
educação bilíngue e a necessidade de priorizá-la no atendimento educacional
especializado à pessoa surda, devemos nos lembrar de que ela não é a única
modalidade de ensino existente no país. Há um grande debate no âmbito pedagógico
sobre qual seria a melhor educação para as pessoas surdas. Um grupo aErma que a
inclusão é o melhor caminho, devendo a criança ser matriculada já no primeiro ano
escolar numa instituição regular de ensino, na qual conviverá com alunos não surdos.
Por outro lado, há um outro grupo, no qual a comunidade surda se encontra, que
aErma que os primeiros anos de formação escolar da criança surda devem ser numa
escola bilíngue, na qual ela conviverá com demais crianças surdas como ela.
Com esta lei, a função de Intérprete de Libras sai da informalidade e passa a ser
reconhecida como atividade oEcial e fundamental para a comunicação da pessoa
surda. É a partir do intérprete que o surdo tem acesso aos espaços nos quais se utiliza
a língua oralizada, bem como é por meio dele que o mundo ouvinte reconhece a
cultura e a identidade surda, e consegue exercer o diálogo.
Contudo, foi a partir da Lei nº 10.436/02, que oEcializou a Libras como língua, bem
como o Decreto nº 5626/05, que a regulamentou, que o trabalho do intérprete ganhou
maior atenção. A partir das leis citadas, a presença da pessoa surda em espaços
anteriormente não inclusivos se tornou uma realidade, assim como os tipos de
relações, negócios, estudos etc. se ampliaram, sendo o intérprete o mediador, o canal
de comunicação entre ouvintes e surdos.
saiba
mais
Saiba mais
A proEssão de intérprete de Libras é relativamente
nova, tendo em vista que sua regulamentação
ocorreu somente a partir do ano de 2010, com a
Lei nº 12.319. Além de escassa, essa área de
atuação é uma excelente oportunidade de
proEssionalização para aqueles que desejam se
aprofundar nos conhecimentos sobre a cultura
surda e a língua de sinais. O primeiro passo, além
de conhecer a Libras, bem como a história da
comunidade surda, é saber de que modo a lei
reconhece essa proEssão. Saiba mais lendo a lei:
ACESSAR
Por ser uma lei nova, muitas questões permanecem em desacordo na prática, pois, há
confusões a respeito de quem é o intérprete de Libras e qual a sua real função.
Podemos elencar alguns pontos fundamentais a respeito desse proEssional e sua
função no ambiente escolar:
O Intérprete não é o professor do surdo: em muitos casos, exige-se do
intérprete que ele ensine o conteúdo das disciplinas para o aluno surdo. Esta
não é a sua função, pois a condução das aulas e dos saberes pedagógicos é
de responsabilidade do professor da disciplina. Portanto, o intérprete não
tem o dever de se responsabilizar pelo aprendizado do aluno.
O intérprete deve conhecer Libras e a Língua Portuguesa: o domínio da
Libras não é o su9ciente para a função de intérprete. Além disso, o intérprete
deve conhecer a Língua Portuguesa acerca de sua forma culta de escrita e
pronúncia. Isso é importante porque não é possível traduzir palavras e
contextos que não sejam familiares e/ou compreensíveis a ele. A limitação
linguística do intérprete pode vir a prejudicar o entendimento dos assuntos
por parte da pessoa surda.
O intérprete é um pro9ssional da educação: com a formação devida e os
conhecimentos necessários, o intérprete de Libras é um pro9ssional capaz de
aferir a capacidade de compreensão por parte do aluno, seu
desenvolvimento linguístico e os esforços realizados por ele na realização de
atividades, avaliações etc., sendo fundamental sua participação não somente
em sala de aula, mas em momentos como conselhos de classe.
O intérprete não emite nem omite sua opinião na tradução: seja favorável ou
não àquilo que está sendo ensinado, o intérprete não deve alterar o sentido
do conteúdo presente nos diálogos e nas aulas. Sua função não é a de juiz,
mas de mediador entre a informação e a pessoa surda.
praticar
Vamos Praticar
O trabalho do intérprete é crucial para que a comunicação não seja deturpada, tampouco
sofra alterações grotescas em sua composição. É por isso que este proEssional deve ter
pleno conhecimento da língua de sinais e da língua oralizada, uma vez que sua função será a
de garantir que a tradução simultânea seja bem sucedida e gere comunicação e
entendimento. Há casos, por exemplo, de pessoas surdas que deixam de frequentar
determinados locais em que há um intérprete, porque não conseguem compreender o que
ele sinaliza ou se sentem desconfortáveis com sinais pouco conhecidos ou mal realizados.
Pesquise algum vídeo que contenha uma reportagem, apresentação, música etc. sinalizada
por um(a) intérprete e tente observar quais recursos ele(a) utiliza para garantir a
comunicação efetiva. Ele(a) transmite os sentimentos do diálogo de maneira clara? Como
ele(a) está vestido(a)? Como estão os seus cabelos e unhas? A sua tradução está focada em
quê: sinais? expressões? Pontos de articulação? Você o(a) consideraria um(a) bom(a)
intérprete? Por Em, faça um relatório descrevendo o que você observou.
Materiais Didáticos
que possam
Contribuir com o
Ensino de Crianças
Surdas
Essa deEnição inicial nos orienta numa perspectiva que não culpabiliza o aluno surdo
pelo fracasso escolar. Ou seja, o resultado de seu desenvolvimento escolar não deve
ser medido a partir de sua condição de aluno surdo, mas sim dos métodos
empregados em sua educação formal. Por muito tempo se confundiu a ineEcácia dos
métodos oralistas com a incapacidade da pessoa surda de aprender, o que sabemos
atualmente que não é verdade.
Não apenas para os conteúdos de ciências, como nos sugere a autora acima, o
material didático se torna um forte aliado na educação de surdos para todas as áreas
do saber. A quantidade de materiais encontrados atualmente não é
consideravelmente grande, o que vem a desfavorecer o desenvolvimento futuro de
novas técnicas de ensino a partir daquilo que se tem hoje como objeto de educação.
No campo das letras, por exemplo, a falta de oferta de produtos nas editoras interfere
diretamente no trabalho dos professores. A adaptação de livros, conteúdos, atividades
etc. já faz parte do cotidiano desses proEssionais que, sempre que recebem algum
aluno surdo em suas salas ou então quando trabalham com turmas bilíngues para
surdos, necessitam eles mesmos fazerem as próprias adaptações no material
recebido (BARBOSA, 2018).
A seguir, vejamos alguns materiais didáticos que podem ser utilizados no processo de
ensino e aprendizagem das crianças surdas. Eles são utilizados tanto por professores
surdos quanto ouvintes, o que garante sua funcionalidade na educação escolar. Vale
ressaltar que a escassez de materiais oEciais faz com que a criatividade seja a chave
para desenvolver uma boa aula.
Jogos Didáticos na Educação de Surdos.
Os jogos didáticos são uma excelente ferramenta, pois agregam ao saber cientíEco
uma atividade prazerosa e descontraída que, ao mesmo tempo em que ensina,
também entretém. O exemplo que trazemos alia o aprendizado à tecnologia, área tão
próxima das crianças e jovens; trata-se de um Quiz sobre a Libras.
Sendo possível utilizá-lo em sala de aula como recurso didático, o professor poderá
projetar esse aplicativo com a ajuda de um projetor e desenvolver suas aulas
utilizando as imagens, comparando-as e, até mesmo, jogando com seus alunos.
Com isso, a autora pode trabalhar a geograEa local, regional e estadual com os alunos
surdos, de maneira criativa e lúdica. Utilizar slides, DVDs e tantos outros materiais
visuais facilita o processo de aprendizagem da pessoa surda, sobretudo, nas primeiras
séries de sua educação formal.
Com a disciplina de Biologia, o material empregado por Macedo (2017) foi a produção
de um vídeo narrando uma história para crianças sobre uma lagarta surda que nasceu
em uma família de ouvintes. Além de trabalhar a alfabetização e letramento das
crianças, o material aborda questões próprias do conteúdo de biologia, por exemplo,
a anatomia desses animais, sua classe familiar etc.
Com isso, as gravações foram feitas em Libras, acompanhadas das animações sobre a
lagarta e sua família, suas diEculdades em compreender aquilo que o professor
ensinava e a angústia da família por não entender o que se passava com a lagarta
surda. Ou seja, a história retrata exatamente aquilo que é vivido por muitos surdos e
seus familiares antes de receberem um diagnóstico médico.
Essas questões práticas esbarram nas teorias que tanto aprendemos ao longo de
nossa formação docente, sendo, portanto, indispensável que o fator humano se faça
presente em nossa atuação proEssional. Em outras palavras, diante da necessidade de
ensinar e aprender, se faz necessário o senso crítico do proEssional da educação
acerca de como suas aulas devem ser elaboradas e conduzidas. Preocupar-se em
questionar os sistemas, reVetir sobre as possibilidades de aprendizagem, bem como
primar pela efetivação da educação, com ou sem auxílio institucional, transforma a
atuação docente e a vida do aluno, a qual, certamente, será afetada pela dedicação e
zelo de um bom proEssional preocupado com ele e com seu desenvolvimento integral.
praticar
Vamos Praticar
A produção de materiais didáticos ainda é uma grande necessidade na formação de crianças
e jovens surdos. Como componente indispensável à facilitação dos temas abordados em sala
de aula, reVetir e praticar uma educação criativa é papel crucial daqueles proEssionais que
desejam atuar na modalidade da educação especial. Além da ludicidade, a comunicação e
entendimento são privilegiados com o uso de tais instrumentos no processo de alfabetização
e letramento.
FILME
Crisálida
Ano: 2018
TRAILER
LIVRO
Editora: Appris
ISBN: 978-65-552-3165-6
conclusão
conclusão
Conclusão
Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar a respeito dos desaEos que a
pessoa surda encontra no processo de alfabetização por meio de uma educação
formal. As diversas tentativas e modalidades de ensino, por vezes, interferem na
busca de bons resultados pedagógicos, que são sentidos pela sociedade como um
todo. Vimos também sobre a aquisição da linguagem e os sistemas de ensino bilíngue
e oralizado, nos quais a Língua Portuguesa está sempre presente, mas a Libras não.
Na sequência, nos ocupamos em discutir a respeito da função do intérprete de Libras
e o modo como sua presença em espaços formais e informais da sociedade contribui
para a promoção de uma sociedade mais justa e democrática. Por Em, discorremos a
respeito dos materiais didáticos na educação de crianças surdas e o quão importantes
eles são na construção dos saberes e conteúdos escolares.
referências
Referências
Bibliográficas
BAGGIO, M. A.; CASA NOVA, M. da G. Libras. Curitiba: Intersaberes, 2017.[Livro
eletrônico].
PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos: desaEo contemporâneo. Educar
em Revista , Curitiba, edição especial, n. 2, p. 17-31, 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/er/nspe-2/03.pdf . Acesso em: 07 nov. 2020.
TRAILER oEcial série Crisálida. [ S. l.: s. n. ],2018. 1 vídeo (2 min 30 s). Publicado pelo
canal Série Crisálida. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=C4j-FzNUo-8 .
Acesso em: 24 dez. 2020.