TCC - Versão Final - 25.11.2019
TCC - Versão Final - 25.11.2019
TCC - Versão Final - 25.11.2019
Arcos
2019
Magno Bueno Ferreira
Arcos
2019
Magno Bueno Ferreira
Profª. Drª. Késia Aparecida Teixeira Silva – PUC Minas (Banca Examinadora)
Arcos
2019
À Deus que sustenta minha vida em todos os aspectos.
À minha esposa Lilian e sua família, por todo carinho e apoio.
À minha família, em especial minha mãe Dalila, por toda a dedicação.
Aos meus professores pela contribuição em minha formação.
Ao PROUNI, que tornou possível a minha graduação.
"Em tudo quanto se empreende, há que atribuir dois terços à razão e o outro terço
ao acaso. Se aumentardes a primeira fracção, sereis pusilânime. Aumentai a
segunda, sereis temerário.” (Napoleão Bonaparte).
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
1.1 Problema de pesquisa .................................................................................... 12
1.2 Objetivos .......................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 13
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 13
1.3 Justificativa ..................................................................................................... 13
2 CONSTRUTO TEÓRICO ..................................................................................... 15
2.1 Administração financeira ............................................................................... 15
2.1.1 Análise econômico-financeira de empresas.............................................. 17
2.1.1.1 Indicadores de Liquidez .............................................................................. 19
2.1.1.2 Indicadores de Endividamento .................................................................... 22
2.1.1.3 Indicadores econômicos – rentabilidade e Lucratividade ............................ 25
2.2 Recuperação Judicial ..................................................................................... 27
2.2.1 Aspectos jurídicos ....................................................................................... 28
2.2.2 Aspectos gerenciais e administrativos ...................................................... 30
2.3 Telecomunicações no Brasil .......................................................................... 32
2.3.1 Apanhado histórico ..................................................................................... 32
2.3.2 A privatização e seus efeitos ...................................................................... 33
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 35
3.1 Natureza da pesquisa ..................................................................................... 35
3.2 Tipo de pesquisa ............................................................................................. 35
3.3 Abordagem da pesquisa ................................................................................ 36
3.4 Instrumento de coleta de dados .................................................................... 37
3.5 Técnica de análise dos dados........................................................................ 37
4 APRESETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................................... 39
4.1 Caracterização das Empresas ....................................................................... 39
4.2 Apresentação dos resultados ........................................................................ 40
4.2.1 Indicadores de Liquidez .............................................................................. 40
4.2.1.1 Índice de Liquidez Geral (LG) ..................................................................... 41
4.2.1.2 Índice de Liquidez Corrente (LC) ................................................................ 44
4.2.2 Indicadores de Endividamento ................................................................... 46
4.2.2.1 Índice de Endividamento Geral ................................................................... 47
4.2.2.2 Índice de Participação de Capital de Terceiros (PCT) ................................ 49
4.2.2.3 Composição do Endividamento (CE) .......................................................... 52
4.2.3 Indicadores econômicos – rentabilidade e Lucratividade ........................ 55
4.2.3.1 Margem de Lucro Bruta (MLB) .................................................................... 55
4.2.3.2 Margem de Lucro Operacional (MLO) ......................................................... 58
4.2.3.3 Margem de Lucro Líquida (MLL) ................................................................. 60
4.2.3.4 Retorno sobre Investimento (ROI) .............................................................. 62
4.2.3.5 Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE).................................................... 64
4.2.3.6 Giro do Ativo (GA) ....................................................................................... 66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 69
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71
11
1 INTRODUÇÃO
Para este fim, as finanças contam com múltiplas ferramentas de análise que
permitem vislumbrar a conjuntura financeira em que uma empresa se encontra.
Indicadores de liquidez, de endividamento, de rentabilidade, dentre outros,
funcionam como um painel de bordo aos gestores de finanças.
Dentro dessa perspectiva e utilizando tais ferramentas o presente trabalho
abordou as finanças da empresa de telecomunicação Oi S.A.
Essa empresa atua no ramo de telefonia fixa (seu principal seguimento),
telefonia móvel, internet banda larga e TV por assinatura, sendo uma das maiores
empresas do ramo e tendo a maior malha de telecomunicação do país; tem capital
aberto e suas ações são negociadas na bolsa de valores BM&FBOVESPA e desde
2016 enfrenta uma crise financeira que a levou ao pedido de Recuperação Judicial.
Logo, com dados financeiros reunidos e organizados, metodologicamente,
aplicaram-se técnicas de análise financeira e interpretação dos resultados. Essas
técnicas consistem em cálculos de indicadores econômicos propostos em
bibliografias especializadas, tendo como alguns autores de referência Lawrence J.
Gitman, José C. Marion, Alexandre Assaf Neto, entre outros.
Assim, adiante estão delineados o problema que norteou o presente estudo,
os objetivos a serem atingido, a justificativa, a base teórica, a metodologia
empregada na análise, a análise dos dados, as considerações finais e, por fim, as
referências bibliográficas.
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
2 CONSTRUTO TEÓRICO
O presente capítulo discorre sobre temas que servirão como base teórica
relevante à construção desta obra, a saber, administração financeira, análise
econômico-financeiro de empresa, recuperação judicial e o setor de
telecomunicações no Brasil.
No geral este índice deve ser superior a 1, todavia faz-se necessário ressaltar
que não se deve considerar tal índice de maneira isolada, pois isso pode levar a
20
Realizável a Longo Prazo (RLP) dividido pelo Passivo Circulante (PC) mais o
Exigível a Longo Prazo (ELP). Segue a fórmula:
aquelas que vencerão em 360 dias, que não se relacionam com a disponibilidade
imediata. Por esta razão, há de se ter atenção no julgamento desse índice, pois um
resultado inferior não significará necessariamente um mau desempenho da
empresa. Nesse sentido a empresa pode estar praticando uma política mais rígida
em relação às disponibilidades, visando com isso minimizar os efeitos da inflação,
que reduz o poder aquisitivo desses ativos (MARION, 2012).
Uma dica para uma interpretação mais adequada seria verificar (através de
informações comerciais obtidas na praça) se sucessivas reduções na Liquidez
Imediata coincidem com constantes atrasos de pagamentos a fornecedores por
parte da empresa. Se isso ocorre, já é um motivo para considerar a LI um indicador
que sinaliza dificuldades financeiras (MARION, 2012).
Ainda vale dizer, que o aumento de Capital de Terceiros pode também ser
utilizado de forma estratégica, como no caso da alavancagem financeira. Esse tipo
de estratégia é utilizado quando se quer aumentar a taxa de retorno sobre o capital
próprio investido. Segundo Gitman (2004), “[...] a utilização de mais capital de
terceiros [na alavancagem financeira] traz mais risco, bem como um retorno
potencialmente mais elevado.” (GITMAN, 2004, p. 49).
Em seguida segue alguns dos indicadores que medem o gral de
endividamento das empresas:
operacionais. Gitman (2004) chama esse resultado de ‘lucro puro’, por representar
“[...] somente o resultado obtido nas operações, ignorando juros, impostos e
dividendos preferenciais.” (GITMAN, 2004, p. 53). Assim como no MLB, quanto
maior a sua margem melhor. Para calculá-lo utiliza-se a seguinte expressão.
Para tanto, os meios pelos quais o devedor pode se valer para restabelecer
sua solvência, fazendo uso da recuperação judicial, são variados. Há, por exemplo,
a possibilidade de reestruturação da dívida, na qual se poderá fazer concessões de
prazos e condições especiais para o cumprimento das obrigações vencidas ou a
vencerem (BRASIL, 2005). Por esse meio, o recuperando tem, junto aos seus
credores, a oportunidade de renegociar suas dívidas.
Há ainda, as opções de cisão, incorporação, fusão ou transformação de
sociedade, alteração do controle societário, substituição dos administradores,
transferência ou arrendamento de estabelecimento para abatimento de dívidas,
redução de custos empregatícios, dação em pagamento, venda parcial dos bens,
etc. (BRASIL, 2005). Todos esses meios, e outros mais previstos no art. 50 da Lei
11.101/2005 (BRASIL, 2005), podem ser empregados com vista a propiciar a
retomada da liquidez ao devedor.
relação dos empregados e suas situações empregatícias, bem como, relação dos
bens particulares dos sócios controladores, etc. (BRASIL, 2005).
Cumprido as exigências do art. 51 da Lei 11.101/2005 a recuperando terá o
processamento da recuperação judicial deferido pelo juiz, o qual nomeará, no
mesmo ato, o administrador judicial, além de determinar a dispensa de apresentação
de certidões negativas, para que o devedor exerça suas atividades, e suspender
todas as ações ou execuções contra o devedor (BRASIL, 2005).
O administrador judicial, conforme dispõe o art. 21 da Lei de Recuperação,
“[...] será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista,
administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.” (BRASIL,
2005). O seu papel será, além de outras coisas, prestar informações (por meio de
correspondências) aos credores sobre o andamento do processo, fornecer outras
informações requeridas por esses, fiscalizar o cumprimento do plano de
recuperação, requerer a falência em caso de não cumprimento das obrigações
firmadas no plano de recuperação, e fornecer relatório de execução do plano
(BRASIL, 2005).
Após o deferimento do processamento da recuperação judicial, conforme o
disposto no art. 53, o devedor deverá apresentar “[...] em juízo no prazo
improrrogável de 60 dias da publicação da decisão [...]”, (BRASIL, 2005) o plano de
recuperação, sob pena de convolação em falência.
Nesse plano, ainda de acordo com o art. 53, incisos i, ii e iii, deverá conter a
discriminação detalhada “[...] dos meios de recuperação a ser empregados [...], a
demonstração de sua viabilidade econômica, e laudo econômico-financeiro e de
avaliação dos bens e ativos do devedor [...]” (BRASIL, 2005).
Apresentado o plano de recuperação, sob os critérios da Lei, o juiz o
homologará e convocará a assembleia geral de credores para que esta delibere
sobre a proposta. A Assembleia poderá aprovar, rejeitar ou modificar o plano de
recuperação apresentado pelo devedor (BRASIL, 2005). Caso o plano seja rejeitado
o juiz decretará a falência da empresa. Do contrário, sendo aprovado, com ou sem
modificação, e cumpridas as exigências da Lei nº 11.101/2005, o juiz outorgará a
recuperação judicial (BRASIL, 2005).
Uma vez concedida a recuperação, “[...] o devedor permanecerá em
recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano
que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial.”,
30
dispõe o art. 61. Ainda, de acordo com parágrafo 1º do mesmo artigo, “[...] o
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação
da recuperação em fal ncia [...]” (BRASIL, 2005).
Vencido o prazo tratado no art. 61, anteriormente exposto, e cumprido o plano
nos termos da Lei o juiz ordenará por sentença o fim da recuperação judicial e
determinará as incumbências dispostas nos incisos do art. 63 (BRASIL, 2005):
intensa participação dos credores na procura por soluções, as quais também lhes
são de interesse. (BRASIL, 2005).
Nesse sentido, vários acordos são concretizados durante o seu andamento,
como a participação nos lucros vindouros, locação de objetos, a cessão de bens e
estabelecimentos comerciais e outras compensações para as dívidas (BRASIL,
2005). Ainda, pode conseguir, mediante negociação junto aos credores, novos
prazos e condições para o cumprimento das suas obrigações.
Tais concessões tem o potencial de reduzir o montante de dívidas, assim
como o de incrementar os recursos disponíveis. O resultado disso é o ganho de
tempo e fôlego para que a devedora reorganize suas atividades e recupere o
controle da gestão dos seus ativos.
Acordos coletivos de trabalho: a Lei (nº 11.101/2005) que dispõe sobre a
recuperação judicial prevê a possibilidade de acordos e convenções coletivas de
trabalho. No inciso viii do art. 50 da mencionada Lei, dá ocasião para a “[...] redução
de salários, compensação de horários e redução da jornada [...]” (BRASIL, 2005) –
evidentemente por meio de acordo ou convenção coletiva.
Isso dado vale dizer que tal prerrogativa dá a empresa mais um meio de se
reorganizar operacionalmente, reduzindo custos ao enxugar a folha de pagamento.
Outra possibilidade é a alteração na estrutura de
gestão/governança/corporativa, ou seja, por meio de cisão, incorporação, fusão,
transformação de sociedade, alteração do controle societário, substituição de
administradores e ainda de modificação de seus órgãos administrativos (BRASIL,
2005). Tudo isso propicia a remodelagem de negócio e a sua recolocação no
mercado.
Apesar disso, convém destacar que a administração da empresa fica sob a
custódia da justiça e sob a inspeção do administrador judicial, cujo dever inclui a
fiscalização das atividades da devedora e o cumprimento do plano de recuperação,
homologado pelo juiz. (BRASIL, 2005).
32
Hoje, as principais operadoras do ramo são Vivo, Claro, TIM e Oi. Em 2018,
segundo a Anatel (2018), essas operadoras representavam o mercado brasileiro de
telefonia móvel em 31,92%, 24,61%, 24,40% e 16,47% respectivamente, ficando
outras com a parcela de 2,62%.
3 METODOLOGIA
0,50 0,50
0,48
0,40 0,40
0,30
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
operadora, embora tenha tido uma queda expressiva no índice em 2016, é a que
tem melhor desempenho no índice de Liquidez Geral frente às concorrentes e à
média de mercado.
Já o comportamento do índice da Telefônica, embora pontue, em sua
prevalência, abaixo do da TIM, segue uma tendência de certa estabilidade. Em 2007
o índice marca 0,71, atinge o seu máximo de 0,96 em 2010 e termina 2018 com
0,84. Prevalece pontuando abaixo do índice da TIM e acima do da Oi, ao mesmo
tempo em que cruza com a média (máximo de 1,03 em 2010 e mínimo de 0,64 em
2017) em praticamente todo o período acompanhando-a de perto.
Em 2018 fecha com o índice superior aos das concorrentes, marcando 0,84.
Tendo por base a oscilação consideravelmente baixa de sua LG na serie histórica
(quase sempre na casa dos 0,70 e 0,80) é razoável inferir que a operadora
compromete-se a uma gestão dos ativos e passivos no sentido de manter uma
capacidade de pagamento geral entre as casas dos 70 e 80 centavos para cada 1
real de dívida.
O índice da Oi, contudo, desde 2012 opera em baixa (0,5), sendo inferior aos
das concorrentes e ao da média de mercado. Em 2014 e 2015 tem uma subida
passageira, atingindo 0,78 e 0,79, respectivamente, quando despenca novamente,
caindo para 0,4 em 2017. De imediato já é possível perceber o contraste de
desempenho do índice da Oi em relação ao restante do mercado.
De 2007 a 2010 verifica-se uma tendência de subida dos indicadores no
mercado como um todo. As três companhias partem de números inferiores a 0,72
em 2007 e seguem escalando progressivamente até 2010 atingindo pontuações
superiores a 0,95. Em 2011 começa uma tendência regressiva do índice que
acomete o mercado em geral (exceto a TIM que segue subindo e atinge 1,15 em
2012). Entretanto o que se percebe nesse cenário é um distanciamento negativo do
índice da Oi em relação ao restante do mercado.
A começar de 2012 o índice da empresa se isola negativamente dos seus
comparados chegando a atingir 0,5 e (depois de uma momentânea reação) chega
ao seu nível mais baixo em 2017 com 0,4, ao passo que o restante do mercado tem
mínimo de 0,77 em 2012 e 0,67 em 2017.
Todavia, cabe ressaltar, que nem sempre a queda do índice de LG significa
um risco à solvência de uma empresa. Segundo Marion (2012), investimentos no
ativo permanente podem, no curto prazo, desidratar o indicador. Porém, isso
43
1,70
1,50 1,49
1,42
1,36 1,35 1,39
1,30 1,24 1,26 Oi
1,22
1,09 1,10 1,20 TIM
1,10 1,11 1,10 1,07
1,05 1,05 Telefônica/Vivo
0,99 0,97 0,90
0,90 0,90 Média mercado
0,90
0,85
0,70 0,76
0,50 0,44
0,35
0,30
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
mercado e a Telefônica abaixo da média. Contudo, nos anos que se seguem (2017
e 2018) a LC da TIM tem uma acentuada queda que atinge 0,85 em 2018, ficando
inclusive abaixo da média de mercado que terminou 2018 com 1,22.
Uma variável que pode supor o retrocesso do índice da TIM é a queda do
lucro que a empresa sofreu em 2016 – de R$ 2,1 bilhões em 2015 seu resultado foi
para R$ 750 milhões em 2016. Este mau desempenho nos lucros da TIM pode ter
comprometido o seu caixa e consequentemente afetado sua capacidade de
pagamentos achados no curto prazo. Em sentido oposto a Telefônica, nesse mesmo
período, vê o seu indicador sair de 0,90 em 2016 para atingir 1,07 em 2018.
A Oi, na maior parte entre os exercícios de 2007 e 2015, tem a LC (acima de
1,10) superior aos das suas concorrentes e ao da média de mercado, todavia
despenca em 2016 (0,44) seguindo 2017 em queda, cujo índice chega a 0,35,
ficando abaixo da média de 0,76. Esse declínio supera com vigor o resultado das
suas concorrentes, mesmo essas tendo resultados também decrescentes – contudo
superiores ao da média.
Aqui vale uma observação: como já apontado anteriormente na análise da LG
(gráfico 2) a Oi teve sucessivos exercícios com resultados negativos (prejuízos) – de
2013 à 2017. O resultado disso é um desfalque no caixa da empresa prejudicando a
sua capacidade de honrar os compromissos vincendos no curto prazo, o que pode
explicar a degradação do índice de Liquidez Corrente em 2016.
Também, é interessante observar que a baixa preocupante da Liquidez Geral
(gráfico 2) da operadora acontece em 2017, quando atinge seu menor nível de 0,40,
porém a baixa significativa da Liquidez Corrente acontece já em 2016, um ano antes
da LG, quando marca 0,44. Isso pode se explicar devido ao fato de baixas no caixa
impactar mais imediatamente as contas com vencimentos no curto prazo (liquidez
corrente), só refletindo mais adiante na liquidez geral.
Feitas tais reflexões e examinando o gráfico é notável a disparidade do
comportamento da LC da Oi em relação aos das suas concorrentes, e até mesmo ao
da média de mercado que, inclusive, teve o seu menor índice em 2017, atingindo
0,76. (Vale ressaltar que o declínio da média se deu pela forte influência do baixo
índice da própria Oi). A pesar disso, nesse mesmo ano, o indicador da Oi superou
negativamente a LC da média, marcando 0,35.
Portanto, expostos tais fatos, e considerando o desempenho da LC da Oi
muito abaixo aos das suas comparáveis, é uma hipótese ser este o motivo pelo qual
46
1,20 1,20
1,00
0,84
0,80 Oi
0,67
0,64 0,63 0,65 TIM
0,60 0,58
0,53 0,51 Telefônica/Vivo
0,53 0,43
Média mercado
0,40 0,48
0,38
0,30
0,20
0,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
retorno for maior que o custo da dívida. Em contrapartida, para um analista externo –
um investidor, por exemplo – um endividamento excessivo é sempre um fator de
risco.
Nessa perspectiva analisar-se-á em que medida as empresas em análise
utilizam esse tipo de capital, para financiarem suas atividades. O gráfico 5, abaixo,
demonstra a configuração desse índice dentro do mercado/amostra estudado. Veja-
se:
6,00 6,08
5,10
5,00
4,00 Oi
TIM
3,00 2,75 Telefônica/Vivo
2,51
Média mercado
1,99
2,00 1,79 1,86
1,18 1,30 1,05 1,13
1,00 0,96 0,93
0,88 0,91 1,03 0,81 0,80
0,63 0,61
0,51 0,43
0,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
R$ 12
1209% 10,3
R$ 10
R$ 8 7,1
5,9
R$ 6 645%
4,5 4,6 4,7
R$ 4
1,5
R$ 2 1,1
R$ 0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
0,90 0,87
0,10
0,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
A partir desse apanhado o que se pode notar é que, embora a TIM e a Vivo
(comparativamente ao mercado) operem, na maior parte dos exercícios em tela, com
um volume mais elevado de dívidas de curto prazo, em relação às dívidas totais,
vêm ao longo do tempo diminuindo essa participação.
Entretanto, a Oi é acometida em 2016 por um aumento expressivo no seu
volume de dívidas de curto prazo. Para entender esse fenômeno é necessário voltar
ao gráfico 5 da PCT, anteriormente analisado. Nessa análise foi constatada
utilização elevada de recursos de terceiros por parte da Oi. Conjecturou-se ainda
que a elevada PCT somado à persistente deterioração da LG (gráfico 2) indicara
inadimplência por parte da recuperanda. Isso implica em que algum momento as
obrigações de longo prazo vencidas passariam do PNC para o PC. Nesse sentido, o
aumento repentino e vultoso do índice de CE da operadora, em 2016, pode ser
explicado por essa premissa.
Para corroborar a esse raciocínio, segue, abaixo, tabela demonstrando a
movimentação no Passivo no Balanço Patrimonial da Oi, especificamente nas
contas de financiamentos de CP e de LP:
34
31
29,35
28
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
25,2
R$ 25
22,1
R$ 20
16,8
15,3 15,6
Rec. Líq.
R$ 15 12,7 L. Bruto
9,2 C. S. V.
R$ 10
6,5
4,6
R$ 5
R$ 0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
1
Foi investido cerca de R$ 40 bi no Ativo da empresa no primeiro trimestre de 2012 (no fechamento de 2011 o
ativo era de R$ 31,7 bi e foi para R$ 71 bi em 2012, conforme consta na DRE Consolidada da Oi, disponível no
site da BM&FBovespa).
58
-10 -9,92
-11,68
-15
-20
-25 -23,88
A Vivo opera com MLO, por quase todos os períodos, acima da média de
mercado. A desenvoltura do seu indicador vai de uma extremidade a outra com
17,43% em 2007 e 21,74% em 2018. Durante esse percurso atinge sua máxima de
22,51% em 2010 e sua mínima de 13,01% em 2015. No geral mantém a sua
margem operacional superior ao do mercado.
A TIM, no entanto, opera abaixo da média de mercado e das suas
concorrentes na maior parte do período em recorte. Contudo, sua MLO segue
crescendo paulatinamente até chegar a 2018 com 14,24% – partiu de 2007 com
margem de 4,19% –, momento em que já é superior à margem da média de
mercado e à da Supertele.
Já a Oi, de maneira contrária às suas concorrentes, segue perdendo a MLO
desde 2015 em franca descida até chegar em 2018 atingindo margem negativa de
23,88%. O desempenho da margem dessa operadora situou-se bem entre os anos
de 2007 e 2014, período em que operou acima da média – exceto em 2009, cujo
índice marcou -11,68%, devido a um aumento excepcional (de R$ 4 bi) de despesas
operacionais, resultando num lucro operacional negativo de R$ 1,3 bilhões.
Anteriormente constatou-se uma MLB reduzida em decorrência de um
elevado custo dos serviços prestados. Com base nisso, antecipou-se que tal
desempenho comprometeria a MLO da Oi – já que um lucro bruto deficiente sofre
60
maior impacto das despesas operacionais – e realmente esse fato corroborou para o
seu declínio. Todavia, ao examinar a DRE da empresa, verificou-se uma agravante:
as despesas operacionais crescem a partir do exercício de 2015. Veja essa
ocorrência ilustrada no gráfico 11, abaixo:
25
20
Rec. Líq.
15 L. Bruto
C. S. V.
10 Desp. Op.
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Esse indicador, mais comumente conhecido por ROI, sigla do inglês return on
investiment, tem a finalidade de apurar o quanto se gera de lucros com os ativos
totais que a empresa se dispõe. Como afirma GITMAN (2004, p. 55), “[...] [esse
indicador] mede a eficácia geral da administração [...]” na geração de lucros a partir
dos ativos da empresa. Esse índice é achado pela divisão do Lucro Líquido pelo
Ativo Total.
Abaixo, segue o gráfico 13 que dispõe o desempenho do ROI das operadoras
de telecomunicações Vivo, TIM e Oi, comparativamente à média de mercado.
63
30
25
20 Oi
18,0
TIM
15
12,5 11,4 Telefônica/Vivo
10 10,6 8,7 Média mercado
6,6 9,9 6,7 5,9 8,0
5,8 4,5
5 5,1 2,1 7,35,5 4,0 3,8
0,5 1,0 3,4 2,2
2,1
0 1,2
-1,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
-5 -5,0 -4,3
-10 -9,3
30 TIM
23,9 21,5
19,5 15,8
13,0 11,0 12,2 Telefônica/Vivo
15 12,9
14,0 4,2 17,4 10,5 8,7 6,6 12,5
9,9 Média mercado
0 1,0 2,6 5,0
-5,8
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
-15 -10,3
-18,0
-22,8
-30
-45
-60 -57,2
0,60 Oi
TIM
0,53
0,50 Telefônica/Vivo
0,45
0,40 0,42 Média mercado
0,44
0,40 0,41
0,36 0,34
0,30
0,27
0,20
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
servir como referência na gestão das suas finanças, e assim, poderem evitar repetir
um modelo de gestão financeira que coloque em risco a sua liquidez.
REFERÊNCIAS
OI S.A. Relações com investidores: Histórico. Site da Oi, 2019. Disponível em:
<http://ir.oi.com.br/mobile/conteudo_mobile.asp?idioma=0&conta=28&tipo=43303>.
Acesso em: 09 nov. 2019.
OI S.A. Relatório do auditor independente. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <
https://www.oi.com.br/ri/download_arquivos.asp?id_arquivo=2CBC3E7C-B40A-
484C-949C-7D929D2041FB>. Acesso em: 03 out. 2019.