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Resumo: Endereço para Correspondência: Iberê Caldas Souza Leão, Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico de

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Revista Brasileira do Esporte Coletivo – v. 1, n,2, 2017.

Artigo Original

DESENVOLVIMENTO DE TESTES PARA Título resumido:


AVALIAÇÃO DE VELOCIDADE E AGILIDADE DE Velocidade e agilidade de jogadores de
JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO voleibol sentado

1 2 2 2 1
Saulo Oliveira ; Inês Oliveira ; Ronaldo Severien ; Ery Araújo ; Josiete Santos ;
1 3
Ramon Milano ; Manoel Costa
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RESUMO

Objetivo: Nosso objetivo foi desenvolver e validar testes para avaliação da velocidade e agilidade de jogadores
de voleibol sentado. Método: A criação foi baseada nas características da modalidade (deslocamento sentado
com três apoios e utilização dos braços e do quadril). A investigação teve três fases de análise: a) avaliação por
experts; b) objetividade e reprodutibilidade teste-reteste (sete dias); e c) validade discriminante. Fase 1: cinco
experts assistiram a vídeos de jogadores executando os testes e responderam um formulário baseado em escala
Likert de cinco pontos. Fase 2: seis jogadores experientes executaram os testes e foram avaliados por três
pesquisadores independentes, em um intervalo de sete dias. Fase 3: os atletas foram comparados a seis
congêneres destreinados. Para objetividade foi usado o teste de Wilcoxon. Quanto à reprodutibilidade, optamos
pelo coeficiente de correlação intraclasse. Para a validade discriminante, consideramos o teste U-Mann Whitney.
Observaram-se níveis excelentes de validade de conteúdo (ICV: 0,96). Resultados: Os três avaliadores
apresentaram objetividade satisfatória para a velocidade (avaliador A: 4,20s; avaliador B: 3,96s; avaliador C:
3,98s; p=0,301) e para agilidade (avaliador A: 14,41s; avaliador B: 13,24; avaliador C: 13,52; p=0,134). A
reprodutibilidade foi considerada excelente para a velocidade (CCI: 0,96; p<0.001) e agilidade (CCI: 0,79;
p=0,052). Ao compararmos com um grupo destreinado, os jogadores apresentaram melhores resultados para a
velocidade (3,72s contra 5,89s; p=0,002) e agilidade (12,78s contra 15,74s; p=0,002). Conclusão: Concluímos
que os testes são válidos e sensíveis para controle, acompanhamento e avaliação de atletas da modalidade,
sendo uma ferramenta viável para aplicação prática do treinamento esportivo.
Palavras-chave: Pessoas com deficiência, esporte, treinamento esportivo.
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Revista Brasileira do esporte coletivo. Ano 2. Volume I. 2017

ABSTRACT

Objective: Our goal was to develop and validate tests to assess the speed and agility of sitting volleyball players.
Method: The creation was based on the characteristics of the modality (seated displacement with three supports
and use of arms and hip). The research had three phases of analysis: a) evaluation by experts; B) test-retest
objectivity and reproducibility (seven days); And c) discriminant validity. Phase 1: Five experts watched videos of
players running the tests and answered a form based on a five-point Likert scale. Phase 2: Six experienced
players performed the tests and were evaluated by three independent researchers within a seven-day interval.
Phase 3: athletes were compared to six untrained congeners. The Kruskal-Walis test was used for objectivity.
Regarding reproducibility, we chose the intraclass correlation coefficient. For the discriminant validity, we consider
the U-Mann Whitney test. Excellent levels of content validity (ICV: 0.96) were observed. Results: The three
evaluators presented satisfactory objectivity for the velocity (evaluator A: 4,20s, evaluator B: 3,96s, evaluator C:
3,98s, p = 0,301) and for agility (evaluator A: 14,41s, evaluator B: 13 , 24, evaluator C: 13.52, p = 0.134).
Reproducibility was considered excellent for speed (ICC: 0.96, p <0.001) and agility (ICC: 0.79, p = 0.052). When
compared to an untrained group, the players presented better results for speed (3.72s versus 5.89s, p = 0.002)
and agility (12.78s versus 15.74s, p = 0.002). Conclusion: We conclude that the tests are valid and sensitive for
the control, monitoring and evaluation of athletes of the sport, being a possible tool to be applied in the practice of
sports training.
Keywords: People with disabilities, sport, Sports training.
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1 Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitoria, Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte,
Vitoria de Santo Antão, Pernambuco, Brasil.
e-mail: saulofmoliveira@gmail.com; josiete-maria@bol.com.br; ramon_atroch@hotmail.com
2 Universidade de Pernambuco, Escola Superior de Educação Física, Recife, Pernambuco, Brasil.
e-mail: inesgloliveira@gmail.com; ronaldo.severien@hotmail.com; ery-araujo@hotmail.com
3 Universidade de Pernambuco, Laboratório de Avaliação da Performance Humana, Recife, Pernambuco, Brasil.
e-mail: mcosta2@gmail.com
Endereço para correspondência: Iberê Caldas Souza Leão, Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico de
Vitoria, Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte. Rua: Alto do Reservatório, S/N, Bela Vista CEP: 55608-680 - Vitoria
de Santo Antão, PE – Brasil. Fone: 81-35233351 / 997746783. E-mail: iberecaldas@gmail.com
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VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO

INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Deficiência vem a ser uma perda, carência ou Pesquisa e delineamento
anormalidade de estrutura ou função psicológica, Esta pesquisa trata-se de uma pesquisa de
fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. caráter descritivo comparativo, protocolada aprovada
Incluem-se nessas a incidência de uma anomalia, pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou Humanos da Universidade de Pernambuco, sob o
qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das número 078/11. Após a criação dos protocolos, com
funções mentais e neurais (CHAN e ZOELLICK, base na dimensão da quadra e do tipo de
2011). deslocamento dos atletas, a pesquisa foi dividida em
No Brasil, o desenvolvimento do esporte para pessoas três etapas: a) validação por experts; b) verificação da
portadoras de deficiência física teve início a partir de reprodutibilidade e objetividade; e c) validação
1958 com a elaboração da fundação do Clube dos discriminante. Inicialmente os testes foram
Paraplégicos em São Paulo e do Clube do Otimismo desenvolvidos utilizando como parâmetros a maneira
no Rio de Janeiro. No fim da década de 50, os de deslocamento na quadra de jogo dos atletas, bem
educadores físicos começaram a ter uma visão como as dimensões da quadra. Adiante uma descrição
diferenciada e mais focada para esse público com o dos protocolos é apresentada, com ilustrações para
início das atividades adaptadas. Sendo introduzidas visualizar a sua maneira de execução.
no meio desportivo através de programas médicos que
tinham como fins a prevenção de doenças e Teste de velocidade em 8 metros (V8m): posicionar
reabilitação para a população portadora de deficiência o atleta com o quadril atrás da linha de saída. Ao sinal
física ou motora (PEDRINELLI, 1994; ADAMS et al., do avaliador ele deverá percorrer na sua maior
1985). velocidade a distancia estabelecida em direção ao
O esporte adaptado pode ser contextualizado como terceiro cone. O avaliador acionará o cronômetro no
terapêutico, recreacional e de alto rendimento, tendo primeiro movimento do atleta e desligará após o
uma contribuição com o desenvolvimento da mesmo ultrapassar com o quadril a linha do segundo
autoestima, da autoconfiança, das condições e cone cujo objetivo será percorrer a distância
capacidades físicas de seus praticantes, atuando estabelecida no menor tempo entre duas tentativas.
como um estímulo positivo em relação à auto-imagem,
independência, superação e ainda prevenindo Teste de agilidade em cruz (TACRUZ): posicionar o
deficiências secundárias ((BRAZUNA e CASTRO, atleta no centro do percurso demarcado em forma de
Revista Brasileira do esporte coletivo. Ano 2. Volume I. 2017

2011). cruz por cones com distâncias iguais a 2,5 metros. Ao


Nesse contexto, o voleibol sentado surgiu em 1956 na sinal do avaliador ele deve se deslocar em direção ao
Holanda e teve sua estreia nos Jogos Paralímpicos primeiro cone à sua frente, contorná-lo e em seguida
em 1976 (Toronto, Canadá) como esporte de exibição. retornar de costas ao ponto central. Após o seu
Em 1980 é incorporado ao programa oficial dos Jogos retorno, o mesmo percurso deverá ser realizado em
Paralímpicos e iniciou suas atividades no Brasil em direção ao cone posicionado às suas costas, que
2002 (MELO e WINCKLER, 2012). Um esporte também deverá ser contornado com retorno de frente
adaptado que surgiu partir da união do voleibol ao ponto central. Em seguida, o avaliado deverá
convencional com o Sitzball, o qual era jogado deslocar-se lateralmente em direção ao cone
sentado no chão e sem rede. Até as Paraolimpíadas localizado no seu lado direito, contornando-o e
de Sydney (2000) o voleibol sentado era dividido em retornando novamente ao ponto central. O ultimo
duas categorias, sendo elas, sentado e em pé. A partir percurso deverá ser realizado também lateralmente,
dos jogos de Atenas 2004, passou a ser disputado em direção ao cone à sua esquerda, para contorná-lo
apenas sentado, e tornou-se permitida a participação com retorno em seguida ao ponto central. O
das mulheres (CPB, 2017). cronômetro é acionado pelo avaliador ao primeiro
A tecnologia vem evoluindo e acompanhando o movimento do avaliado á sua frente e desligado após
voleibol convencional, mas no voleibol sentado, por o retorno do ultimo cone. Na figura 1 são
ser uma modalidade criada bem recente, todas as apresentadas ilustrações dos protocolos
informações produzidas são ainda baseadas pelo desenvolvidos.
conhecimento informal dos integrantes da comissão
técnica e atletas o que vem dificultando a produção de
informações precisas, relevantes e confiáveis
(COLLET et al., 2011). Quando se é produzido
indicadores de rendimento que venham a trazer
delineamento de modelos competitivos de jogos, tanto
os profissionais como os atletas poderão ter um
entendimento mais preciso e dinâmico da modalidade,
dando assim um norte para a elaboração de
planejamentos, rotinas de treinamento físico e tático.
Tendo em vista o déficit de parâmetros de avaliação
para atletas de voleibol sentado o presente estudo tem
como objetivo desenvolver e validar testes específicos
para jogadores da modalidade, que visam medir a
agilidade e velocidade através de um teste fidedigno e
de fácil aplicabilidade buscando proximidade com a
modalidade.
VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO
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A B

Figura 1. Ilustrações dos testes de velocidade (A) e agilidade (B) para avaliação de jogadores de voleibol
sentado

Estudo 1: validação por experts Os testes foram elaborados por dois experts
No primeiro momento foi realizado o processo da área que já vinham a mais de dois anos na prática
de validação dos testes de cruz e 8m, para esse de treinamento esportivo com o público deficiente e na
processo de validação arquivos foram criados modalidade de voleibol. Além desse critério foram
(questionário contendo cinco questões baseadas na utilizados os critérios que vinham a trazer o teste o
escala de Lickert). Que juntamente com os vídeos mais próximo da realidade, como dimensões de
contendo cenas dos atletas de voleibol sentado quadra e movimentações dos atletas de acordo com a
executando os testes de agilidade e velocidade que demanda prevista na modalidade buscando sempre a
foram mostrados para banca examinadora. Foram semelhança tanto da movimentação quando do
convidados cinco professores de educação física do esforço exercido pelos atletas.
estado de Pernambuco especialistas em avaliação e
com proximidade com esportes coletivos através Estudo 3: validação discriminante
contato pessoal para participarem do teste de maneira Foi realizada a verificação da validade
voluntária, foi assinado o termo de consentimento livre discriminante dos testes de 8m e cruz, onde
e esclarecido. Contamos com a experiência de participaram do estudo 12 sujeitos, sendo divididos em
profissionais da área para elaboração dos testes, seis jogadores de voleibol sentado, com experiência
levando em consideração a importância das média de cinco anos de prática, e seis homens
capacidades envolvidas de acordo com as exigências destreinados, mas fisicamente ativos.
da modalidade. Na primeira visita, os voluntários passaram
Revista Brasileira do esporte coletivo. Ano 2. Volume I. 2017

O critério de inclusão e exclusão adotados por uma familiarização com a execução dos testes. Já
para esse primeiro momento foram, para ser incluso segunda visita, após um intervalo de tempo de sete
teriam que ser professores/treinadores com o mínimo dias, os sujeitos foram avaliados novamente para que
de dois anos de experiência no âmbito da prática de as medidas reais de agilidade e velocidade fossem
atividade física/esportes, por parte de pessoas com consideradas. Para cada teste foram realizadas duas
algum tipo de deficiência, além de ter experiência na tentativas, sendo considerada sempre a que obtinha
área de avaliação do desempenho atlético. Para a melhor medida de agilidade e velocidade. Todos os
exclusão, foram excluídos aqueles profissionais que procedimentos foram realizados pela mesma equipe
não responderam ao questionário de maneira correta, treinada.
não compreenderam o processo de análise e
respostas do questionário de validação e atrasaram Análise Estatística
em mais de quinze dias o envio das respostas. Para as análises de dados da primeira fase
do presente estudo foram utilizados o índice de
Estudo 2: reprodutibilidade e objetividade validação de conteúdo. O ICV intende-se como um
Foi realizada a verificação dos pressupostos método muito utilizado na área de saúde para medir a
de autenticidade científica de reprodutibilidade e proporção ou porcentagem de juízes que estão em
objetividade dos testes de 8m e cruz, para a concordância sobre determinados aspectos do
verificação foram aplicados os devidos testes da instrumento e de seus itens. Permite inicialmente
seguinte maneira. O ambiente de aplicação foi o analisar cada item individualmente e depois o
mesmo no qual os atletas realizam seus treinos instrumento como um todo. Este modelo de avaliação
(quadra com solo em cimento), os avaliados foram 6 vem a utilizar uma escala tipo Likert com pontuação de
praticantes de voleibol sentado, com média de prática um a cinco. Para coleta das informações dos experts
da modalidade de aproximadamente 07 anos, a coleta foi utilizada uma ficha apropriada para este fim,
foi dividida em duas partes, sendo a primeira o teste e contendo itens que procuram identificar as percepções
a segunda o reteste, o reteste foi aplicado entre um dos avaliadores sobre os testes desenvolvidos.
tempo superior a 2 dias e inferior a 7 dias. Antes de O escore do índice é calculado por meio da
serem submetidos a realização do teste, os atletas soma de concordância dos itens que foram marcados
passaram por um reconhecimento do mesmo no por “3” ou “4” pelos especialistas. Os itens que
devido local de aplicabilidade, foram utilizados três receberam pontuação “1” ou “2” devem ser revisados
avaliadores devidamente treinados no qual se ou eliminados. Dessa forma, o IVC tem sido também
revezaram na administração do teste, o teste inicial definido como “a proporção de itens que recebe uma
serviu para verificar a objetividade, já o reteste vem pontuação de 4 ou 5 pelos juízes”. A fórmula para
verificar a reprodutibilidade. avaliar cada item individualmente fica assim:
VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO
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Em todas as análises considerou-se significante um


valor de P<0.05.
Na terceira e última fase do estudo foram
Para determinação da validade, foi utilizados verificação de pressupostos de normalidade,
considerado aceitável um valor de ICV maior que 0.75, por meio do teste de Shapiro-Wilk. Em virtude do
conforme indicações de Alexandre (8). resultado de normalidade do teste, devido ao baixo
Na segunda fase do mesmo estudo foram adotados número de sujeitos em ambos os grupos, optou-se por
métodos de análises de dados diferente tendo em utilizar o teste U de Mann-Withney para comparação
vista que tinham que avaliar a objetividade e dos resultados de agilidade e velocidade entre os
reprodutibilidade do teste. Foram utilizados grupos. Para todas as análises foi utilizado o software
inicialmente para analisar a objetividade dos dois Prism, versão 6.0, e considerou-se um nível de
testes, o teste de comparações de postos de significância de 5% (p<0.05).
Wilcoxon. Para verificar a reprodutibilidade dos
protocolos optou-se pela utilização do coeficiente de RESULTADOS
correlação de Spearman, da análise gráfica de Bland-
Altman e da comparação de postos de Wilcoxon. A Primeira fase: Na validação por expert inicialmente
escolha dos protocolos deu-se devido ao reduzido foram recolhidos alguns dados demográficos dos
número de sujeitos na pesquisa, optou-se por realizar avaliadores, que estão presente na tabela abaixo.
as análises considerando testes não-paramétricos.

Tabela 1. Dados demográficos dos avaliadores que participaram da pesquisa


Idade Graduação
Avaliadores Tempo de experiência (Anos) Sexo
(Anos) (Curso)
1 34 Ed.Física 7 M
2 51 Ed.Física 16 M
3 26 Ed.Física 4 M
4 25 Ed.Física 2 M
5 41 Ed.Física 21 F
Ed.Física: educação física; M: masculino; F: feminino

Mais adiante após serem visualizados os vídeos e ser atribuídos às notas de cada expert foi elaborada a tabela
com as notas mediante cada questão abordada.

Tabela 2. Respostas às questões formuladas após a visualização dos vídeos.


PERGUNTAS FORMULADAS RESPOSTAS*
a) Sobre a cena analisada, a imagem é apresentada de maneira visualmente
4,60
clara?
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b) Você acha que no vídeo 1 (teste da cruz), a agilidade está sendo testada em
4,20
que medida?
c) Você acha que no vídeo 2 (teste de sprint), a velocidade está sendo testada
4,40
em que medida?
d) Sobre os dois testes, você acha que eles proporcionam AO ATLETA um
4,60
entendimento de sua execução em que medida?
e) Sobre os dois testes analisados, você acha que eles proporcionam AO
5,00
TREINADOR facilidade em sua administração em que medida?
Legenda: *representa a média dos itens que foram respondidos pelos avaliadores. A escala Lickert variou de 1
(“nada”, nas perguntas de [a] a [c]; e “difícil”, nas perguntas [d] e [e]) a 5 (“totalmente”, nas perguntas de [a] a [c];
e “fácil”, nas perguntas [d] e [e]).

Como podemos analisar a tabela a pontuação atribuída foi entre 4 e 5, portanto foi utilizado a metodologia
proposta por Alexandre, sendo assim a verificação do índice de validade de conteúdo foi considerado aceitável
com uma media de (ICV = 0,96), tendo em vista que (IVC = 0,75) foi a proposta valida mencionada por Alexandre
e Coluci (ALEXANDRE e COLUCI, 2011).

Segunda fase: Na segunda fase foram analisadas a objetividade e reprodutibilidade, ao analisar os dados
chegamos no seguinte resultado.
Para o teste de velocidade (Painel A) não foi observada diferença significante entre os três avaliadores.
Contudo, para o teste de agilidade (Painel B), foi observada diferença significante apenas nas medidas do
avaliador A e B. Percebeu-se que para os valores de velocidade (figura 2, A), a média da execução do teste
diminuiu ao longo das três tentativas. Já para o teste de agilidade (figura 2, B) houve uma queda entre a medida
A e a medida B, e uma estabilização entre a medida B e a medida C.
VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO 34

Figura 2. Análise da objetividade dos testes de velocidade (painel A) e agilidade (painel B) em jogadores de
voleibol sentado; *Diferença estatisticamente significante.

No que concerne à avaliação da reprodutibilidade, os dados são apresentados na figura 3. Para ambos os testes
não foram observadas diferenças significantes entre os dias de execução (figura 3, A e B).
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Figura 3. Análise da reprodutibilidade das medidas para os testes de velocidade (A) e agilidade (B); p teste de
Wilcoxon para medidas independentes; r correlação de Spearman.

Analisando a relação entre as medidas, foi observado que o teste de velocidade apresenta uma correlação alta e
valores concordantes pela análise gráfica de Bland-Altman na a execução teste-reteste (figura 4, painel A). Para
o teste de agilidade, foi verificado que os valores de correlação entre as medidas 1 e 2 foi moderado, sendo as
medidas concordantes (figura 4, painel B).

Figura 4. Análise gráfica de Bland-Altman entre as medidas do teste e do reteste para o protocolo de avaliação
da velocidade (A) e da agilidade (B); +1DP limite superior de concordância determinado em 95% de IC; -1DP
limite de concordância inferior determinado em 95% de IC; todos os valores para ambos os testes se encontram
dentro dos limites de concordância estabelecidos pelo método.
VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO
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Terceira fase: Na terceira fase foi analisado verificação da validade discriminante, levando em consideração aos
valores medianos, observou-se que houve diferença estatisticamente significante entre os grupos para ambos os
testes. O grupo de atletas apresentou valores de agilidade e velocidade sempre superiores aos obtidos pelo
grupo de não atletas (p<0.05).

Figura 5. Comparação dos valores obtidos de agilidade e velocidade dos testes entre os grupos (atletas e não
atletas). Foram observados valores superiores em ambos os testes para os atletas de voleibol sentado (p<0.05)

DISCUSSÃO realização do contato na bola, de acordo com a


Objetivo do nosso estudo foi validar os situação de jogo (SINGHAL et al., 2013).
testes de cruz e 8M, que visam medir a agilidade e Por tratar-se de uma modalidade que exige
velocidade através de um teste fidedigno e de fácil grande velocidade de deslocamento, associada as
aplicabilidade buscando proximidade com a mudanças rápidas de direção, o voleibol sentado
modalidade, tendo em vista o déficit de parâmetros para o deficiente físico requer bom nível de força
de avaliação para atletas de voleibol sentado. rápida (potência) de membros superiores,
A elaboração desta pesquisa juntamente com especialmente da musculatura específica envolvida
outras correlacionadas à mesma área de atuação na propulsão do deslocamento em três apoios
vem a somar buscando contribuir para o vencendo o atrito com o solo. Além disso, a
desenvolvimento do voleibol sentado em nosso agilidade exerce elevada importância na
país. O estudo trabalha de uma maneira particular modalidade esportiva, já que possibilita mudanças
as capacidades físicas exigidas por esse esporte, de direção sem perda de velocidade ou ritmo
quanto esporte coletivo e suas demandas, sendo (WINNICK, 2004).
Revista Brasileira do esporte coletivo. Ano 2. Volume I. 2017

abordadas as capacidades agilidade e velocidade, Em um estudo realizado com atletas de


que tem o propósito de servir como orientação para basquetebol em cadeira de rodas, Brasile propôs
professores e treinadores na aplicação de testes, um teste de 20 metros de corrida máxima, para
com a finalidade de mensurar e melhorar estas medir a capacidade máxima de deslocamento em
capacidades físicas em seus atletas. velocidade dos atletas, embora este mecanismo
Mediante os resultados positivos das três não inclua a direção na trajetória, o mesmo é um
etapas do estudo, que vieram a ser bastante dos poucos encontrados na literatura científica
satisfatórias, mostrando assim o grau de tratando sobre a avaliação de desempenho motor
reprodutibilidade e objetividade dos testes em atletas deste desporto (BRASILE, 1990).
executados, tornando-os viáveis para profissionais Santos e Chagas adaptaram alguns testes
de modalidades adaptadas. neuromotores a fim de avaliar a evolução de atletas
No voleibol sentado, são poucas as lesados medulares e amputados de membro inferior
ferramentas desenvolvidas para análise de uma após dois meses de treinamento de basquetebol
habilidade específica para o jogo (MOLIK et em cadeira de rodas. Porém nesta ocasião não foi
al.,2008). Na investigação de Molik et al., testes de testado a validade científica do mesmo, sendo
velocidade, potência e agilidade foram aplicados assim os autores consideraram que fatores como
sugerindo uma bateria simples para a modalidade. tipo de quadra e cadeira de rodas podem ter
Entretanto, a distância sugerida para o teste de interferido nos resultados (SANTOS e CHAGAS,
agilidade é elevada, incompatível com as 2001).
peculiaridades do voleibol sentado, uma vez que os Tendo em vista a fácil aplicabilidade e
autores utilizaram uma metragem adaptada do reprodutibilidade dos testes, o mesmo vem a ser
basquetebol. Além disso, estes autores não uma ferramenta muito importante em meio aos
analisaram características psicométricas dos testes, profissionais e treinadores envolvidos com
limitando a discussão com o presente estudo. modalidades adaptadas, por poder estar
Percebe-se, contudo, que outros fatores mensurando rendimento e qualidade dos atletas
estão associados à agilidade, sobretudo, referente mediantes os treinos, podendo avaliar por
ao voleibol sentado. O posicionamento das mãos, temporadas.
por exemplo, é essencial não somente para Outro ponto de vista bastante importante é
melhorar a força de propulsão contra o solo e, por de que o estudo beneficia as descobertas de novos
consequência, a velocidade do movimento, mas talentos, através dos testes trazendo resultados e
para fazer com que os atletas tenham reações mais mostrando assim destaques nas modalidades que
rápidas e adequadas para coordenar as ações na podem mais á frente ser novas descorbertas em
meio à modalidade.
VELOCIDADE E AGILIDADE DE JOGADORES DE VOLEIBOL SENTADO
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No decorrer do estudo foram encontradas atletas de voleibol sentado, veio por sua vez somar
algumas limitações, dentre elas, a principal através de beneficio e fácil aplicabilidade dos testes
limitação foi a quantidade reduzida de atletas para com atletas da modalidade citada. Trazendo assim,
serem avaliados tornando a amostra do estudo uma maneira de avaliar e preparar as equipes da
bastante reduzida. modalidade e dentre outras modalidades
adaptadas, facilitando o trabalho dos profissionais e
CONCLUSÃO
treinadores ligados a essa área, levando-os além
O presente estudo através da elaboração e
da avaliação também a obter novas descobertas de
validação de testes de agilidade e velocidade com
futuros atletas.
.....................................................................................................................................................................................
REFERÊNCIAS

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