Anatomia MMSS
Anatomia MMSS
Anatomia MMSS
APLICADA A
FISIOTERAPIA
Giulianna da
Rocha Borges
Músculos da cintura
escapular, do braço e
do antebraço, da mão
e dos dedos da mão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai compreender como descrever os músculos
esqueléticos que realizam os movimentos da cintura escapular, do braço,
do antebraço, da mão e dos dedos. Além disso, veremos quais articulações
esses músculos atravessam para realizar suas ações, inclusive suas origens
e inserções, que são informações fundamentais para a compreensão
das ações musculares, bem como a interação de grupos musculares.
A integração funcional entre as regiões dos membros superiores serão
discutidas e veremos também a inervação promovida pelo plexo braquial.
Compreender a importância dos movimentos dos membros superio-
res para a realização das atividades complexas que o ser humano, com
a evolução, foi desenvolvendo é fundamental para a prática profissional
2 Músculos da cintura escapular, do braço e do antebraço, da mão e dos dedos da mão
Músculos escapuloumerais
Vale ressaltar que ainda temos o músculo coracobraquial, que será estudado juntamente
aos músculos do braço, como preconiza Moore (2014), diferente de Tortora e Nielsen
(2017), que o descrevem juntamente aos músculos escapuloumerais.
Figura 1. Nessa vista anterior do tórax e da parte do membro superior, observe, principal-
mente, a porção anterior do músculo deltoide e a parte da porção lateral.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
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Figura 2. Vista posterior da região escapular. Observe os músculos posteriores que formam
o manguito rotador (músculo supraespinal, músculo infraespinal e músculo redondo menor)
e o músculo redondo maior. O músculo deltoide foi seccionado e rebatido.
Fonte: Adaptada de Tank e Gest (2009).
Figura 3. Vistas posterior e anterior da região escapular. Observe que todos os músculos
que compõem o manguito rotador.
Fonte: Adaptada de Tank e Gest (2009).
Músculos da cintura escapular, do braço e do antebraço, da mão e dos dedos da mão 7
Músculos do braço
O braço é a região localizada entre o ombro e o cotovelo, cujo esqueleto é
formado pelo úmero. Proximalmente, a cabeça do úmero articula-se com a
cavidade glenoidal formando a articulação do ombro e, distalmente, o côndilo
do úmero formado pelo capítulo (lateral) e a tróclea (medial) articulam-se
com o rádio e a ulna, respectivamente, formando a articulação do cotovelo.
Os músculos do braço podem atravessar tanto a articulação do ombro como
a articulação do cotovelo e até mesmo ambas articulações e, portanto, agem
sobre elas. As ações desses músculos promovem, basicamente, os movimentos
de flexão e extensão do ombro e do cotovelo (MOORE; DAILEY; AGUR,
2014; TORTORA; NIELSEN, 2017).
Os músculos do braço que têm inervação semelhante estão distribuídos em
dois compartimentos, um anterior e um posterior separados por duas lâminas
de tecido conjuntivo denominadas septos intermusculares medial e lateral.
O compartimento anterior aloja os músculos flexores e o compartimento
posterior aloja os músculos extensores. A distribuição em compartimentos é
melhor identificada em um corte transversal do braço (Figura 4) (MOORE;
DAILEY; AGUR, 2014; TORTORA; NIELSEN, 2017).
O músculo bíceps braquial é um exímio flexor do cotovelo, porém, sua ação pode
variar dependendo da posição dessa articulação. Por exemplo, quando o cotovelo
está flexionado a quase 90° e o antebraço encontra-se em supinação, o músculo
bíceps braquial é capaz de vencer a resistência do movimento para produzir vigorosa
flexão. Entretanto, quando o antebraço está pronado, esse músculo passa a ser um
potente supinador.
Músculos da cintura escapular, do braço e do antebraço, da mão e dos dedos da mão 9
Músculos do antebraço
O antebraço é a porção do membro superior entre o braço e a mão. Seu es-
queleto é formado por dois ossos paralelos, o rádio (lateral) e a ulna (medial),
que, por sua vez, são unidos entre si por uma forte membrana interóssea que
serve de inserção a vários músculos do antebraço e auxilia nos movimentos
de pronação e supinação. Basicamente, o antebraço auxilia o ombro a aplicar
força e a controlar a posição da mão para realizar suas funções finas. Assim
como no braço, os músculos do antebraço que têm inervação semelhante estão
distribuídos em dois compartimentos diferentes, um compartimento anterior
(anteromedial), denominado também de flexor-pronador e outro comparti-
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A partir de uma fixação comum, pelo tendão comum dos flexores, no epicôndilo
medial em direção lateral, temos quatro músculos esqueléticos nessa camada,
o músculo pronador redondo, o músculo flexor radial do carpo, o músculo
palmar longo e o músculo flexor ulnar do carpo. Todos eles são inervados pelo
nervo mediano, exceto o músculo flexor ulnar do carpo que é inervado pelo
nervo ulnar (MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
O túnel do carpo
É um canal formado superiormente pelo ligamento transverso do carpo e retináculo
dos músculos flexores e inferiormente pela fileira distal de ossos do carpo. O túnel do
carpo contém os tendões dos músculos flexores superficial e profundo dos dedos, o
tendão do músculo flexor longo do polegar, bem como as bainhas tendíneas sinoviais
que envolvem esses músculos e o nervo mediano. Este último é um nervo sensitivo
e motor (misto), responsável por desencadear a dor e a restrição dos movimentos
durante inflamações das bainhas sinoviais em razão do atrito excessivo entre elas,
caracterizando a síndrome do túnel do carpo. Veja a Figura 13.
Músculos da mão
A mão é a porção da parte livre do membro superior mais distal. Está conectada
ao antebraço proximalmente e tem a capacidade de realizar movimentos extre-
mamente complexos que deram a capacidade ao ser humano de segurar objetos,
30 Músculos da cintura escapular, do braço e do antebraço, da mão e dos dedos da mão
fazer oposição, escrever e muitos outros. Tais movimentos finos somente são
possíveis devido ao grande número de músculos esqueléticos destinados à mão,
além da integração neuronal desenvolvida pelo sistema motor e, claro, do tipo
de inervação motora que esses músculos recebem. Dessa forma, temos muitos
músculos inervados dos muitos neurônios e sabemos que quanto mais um
músculo é inervado por mais neurônios, mais unidades motoras são formadas
e maior é a capacidade de recrutá-las durante um movimento específico. Além
disso, um maior número de unidades motoras confere uma maior capacidade
de modulação pelos sistemas de controle motor (SILVERTHORN, 2017).
O esqueleto da mão é formado por 27 ossos, os quais formam articulações
sinoviais entre si e permitem ampla mobilidade à essa região. São oito ossos
carpais formando o carpo, cinco ossos metacarpais formando a palma e o dorso
da mão e 14 falanges formando os dedos da mão. Para que cada articulação se
movimente de forma adequada, temos músculos localizados fora da estrutura
da mão (extrínsecos) e músculos localizados na própria mão (intrínsecos)
(MOORE; DAILEY; AGUR, 2014).
É essencial que profissionais da área da saúde, principalmente os fisiotera-
peutas e os terapeutas ocupacionais, tenham o conhecimento da morfologia e
da função da mão. É de esperar que indivíduos que apresentam incapacidade ou
dificuldade de realizar tarefas ou redução da habilidade manual desenvolvem
diversos prejuízos, principalmente às atividades da vida diária. Para tanto,
vamos fazer uma breve explanação sobre as atividades realizadas pela mão.
Músculos tenares
Músculos hipotenares
Figura 16. Vistas posterior e anterior da mão. Músculos intrínsecos da mão e tendões dos
músculos extrínsecos.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
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MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. (Série Martini).
MOORE, K.; DAILEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009.
TORTORA, G. J.; NIELSEN, M. T. Princípios de anatomia humana. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.
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