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Noções Básicas de Toxicologia Aplicadas Às Emergências Químicas

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15/11/2017 CEPIS/OPAS, Curso de Auto-instrução "Prevenção, Preparação e Resposta para Desastres envolvendo Produtos Químicos"

NOÇÕES BÁSICAS DE TOXICOLOGIA APLICADAS ÀS


EMERGÊNCIAS QUÍMICAS
Nilda A.G.G. de Fernícola

Acidentes químicos | Classificação dos acidentes químicos| Aspetos toxicológicos para a


assistência de um acidente químico | Toxicologia | Conclusões | Bibliografia

Unidade Power Point Modulo de Imprimir Indice de Seguinte


anterior perguntas unidades unidade
e respostas

1. Acidentes químicos

A Organização Mundial da Saúde - OMS, utiliza os termos acidente químico e emergência


química para se referir a um acontecimento ou situação perigosa que resulta da liberação de
uma substância ou substâncias que representam um risco para a saúde humana e/ou o meio
ambiente, a curto ou longo prazo. Estes acontecimentos ou situações incluem incêndios,
explosões, fugas ou liberações de substâncias tóxicas que podem provocar doenças, lesões,
invalidez ou a morte, freqüentemente de grande quantidade de seres humanos.

Embora a contaminação da água ou da cadeia alimentar por causa de um acidente químico


possa afetar populações dispersas, freqüentemente a população exposta está dentro ou muito
próxima de uma zona industrial. Em uma área urbana, a população exposta pode estar próxima
a um veículo acidentado que transportava substâncias perigosas. Com menos freqüência, a
população exposta está a uma certa distância do lugar do acidente, incluindo zonas do outro
lado das fronteiras nacionais.

Esta definição deve ser proposta junto com o conceito de "incidente químico", na qual uma
exposição originada por liberações de uma substância ou substâncias químicas podem se tornar
em doença ou possibilidade desta. A quantidade de pessoas afetadas por um acidente químico
pode ser mínima (mesmo uma só), a doença, incapacidade ou morte pode se manifestar em um
lapso de tempo longo, por exemplo anos depois do acidente.

Além dos efeitos para a saúde humana, os acidentes químicos podem provocar um dano
considerável ao meio ambiente a longo prazo, com numerosos custos humanos e econômicos
(IPCS/ OECD/ UNEP/ WHO 1994).

2. Classificação dos acidentes químicos


Sob o ponto de vista da saúde, existem várias maneiras de classificar os acidentes químicos,
das quais nenhuma é completa ou mutuamente excluente. Por exemplo, a classificação poderia
estar baseada nas substâncias químicas envolvidas, na quantidade, na forma física, onde e
como aconteceu a fuga; nas fontes de liberação; na extensão da área contaminada; na
quantidade de pessoas expostas; nas vias de exposição; e nas conseqüências à saúde ligadas
à exposição. Algumas considerações são necessárias para esclarecer esta classificação e são
apresentadas a seguir:

Substâncias envolvidas

As substâncias envolvidas em um acidente podem ser agrupadas considerando:

se são substâncias perigosas, por exemplo explosivas, líquidos ou sólidos,


inflamáveis, agentes oxidantes, substâncias tóxicas ou corrosivas;
se são aditivos, contaminantes e adulterantes, por exemplo na água
encanada, bebidas ou alimentos, medicamentos e bens de consumo; e
se são produtos radioativos que não são considerados nesta apresentação.

A quantidade da substância química liberada e as suas propriedades tóxicas


deveriam também ser consideradas. Por exemplo um quilo de cianeto de sódio é
mais perigoso que um quilo de gás de cloro.
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Fontes de liberação

As liberações podem ser originadas pela atividade humana ou naturalmente; em


outras palavras, podem ser antropogênicas ou naturais. Entre as antropogênicas
incluem-se: manufatura, armazenagem, manipulação, transporte (ferrovia,
rodovias, água e tubulação), uso e eliminação. Entre as fontes de origem natural
incluem-se a atividade vulcânica, incêndios e toxinas de origem animal, vegetal ou
microbiano.

Extensão da área contaminada

Os acidentes podem ser classificados considerando se: foram delimitados à área


de uma instalação e que não afetaram ninguém no exterior; afetaram somente a
vizinhança próxima de uma usina; afetaram uma zona extensa das redondezas da
instalação ou se foram muito dispersas.

Quantidade de pessoas expostas

Os acidentes poderão ser classificados pela quantidade de pessoas afetadas,


calculado em termos de mortes, feridos e/ou evacuados. Porém, a gravidade de
um acidente químico não pode ser determinada unicamente sobre esta base e
assim deverão ser tomadas as circunstâncias e conseqüências conhecidas.

Vias de exposição

Desde a perspectiva da saúde, as vias de exposição poderiam ser um meio para


classificar os acidentes químicos. Existem quatro vias principais: inalação,
exposição ocular, contato com a pele e ingestão. Nenhuma destas vias é
mutuamente excluente.

Conseqüências para a saúde

Os acidentes químicos também podem ser classificados segundo as


conseqüências médicas ou para a saúde, ou em função do sistema ou órgão
afetado. Exemplos destes são os acidentes que têm efeitos carcinogênicos,
tertogênicos, dermatológicos, imunológicos, hepáticos, neurológicos, pulmonares
ou outros (OPAS/OMS, 1998).

3. Aspetos toxicológicos para a assistência de um acidente químico


Alguns dos desastres que aconteceram mais recentemente revelaram a necessidade do
conhecimento da toxicidade dos compostos utilizados na indústria. Este conhecimento é
essencial para a aplicação de um tratamento efetivo e rápido dos efeitos tóxicos, bem como para
o tratamento de intoxicações acidentais. No caso do acidente de Bhopal, que aconteceu em
1984 na Índia, onde era fabricado o inseticida Carbaril, houve uma liberação de isocianeto de
metila. Nessa época, pouco ou nada se conhecida sobre a toxicidade desta substância e como
conseqüência o tratamento das vítimas foi incerto e possivelmente inadequado.

Frente à grande quantidade de substâncias químicas, a pergunta que surge é: "Todas as


substâncias químicas são tóxicas?". Provavelmente a melhor resposta seria: "Não há
substâncias químicas seguras, mas sim maneiras seguras de utilizá-las (Timbrell, 1989).

No documento OPAS/OMS (1998) aconselha-se que as autoridades locais deveriam estar


preparadas para tomar parte no processo de conscientização e preparação para acidentes
químicos, ou em um programa semelhante, incluindo o intercâmbio de toda a informação
importante com a comunidade e a indústria local. Assim, os hospitais e outras instalações
destinadas ao tratamento, os profissionais de saúde, os centros de informação toxicológica e os
centros para emergências químicas deveriam participar neste processo.

Sob este ponto de vista, considera-se importante que os participantes tenham conhecimentos
básicos de toxicologia para a assistência de uma emergência química. Estes conhecimentos
facilitarão as atividades dos profissionais que participam na assistência da emergência bem
como a proteção adequada para evitar os efeitos tóxicos.

Em 1988, em um artigo publicado por Gajraj, na revista UNEP Industry and Environment, sobre
as necessidades de capacitação na mitigação e contenção para acidentes, já se consideravam
os aspectos toxicológicos entre as atividades desse tipo de capacitação.

4. Toxicologia

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A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos produzidos pelas substâncias químicas
sobre os organismos vivos. Assim, o indivíduo humano, os animais e as plantas podem estar
expostos a uma grande variedade de substâncias químicas. Estas podem ser desde metais e
substâncias inorgânicas até moléculas orgânicas muito complexas.

Segundo o Programa Nacional de toxicologia do Serviço de Saúde Pública dos EUA (EUA,
1999), existem nesse país 80.000 substâncias químicas às quais os habitantes podem estar
expostos através de produtos industriais e de consumo, como também quando estão presentes
nos alimentos, na água encanada e no ar que é respirado. Geralmente, supõe-se que
relativamente poucas destas representam um risco significativo para a saúde humana, nas
concentrações de exposição existentes, e que os efeitos na saúde produzidos pela maioria delas
são geralmente desconhecidos.

Em 1998, segundo outra publicação, o inventário das substâncias químicas comerciais na


Europa registrou 100.000 comercializadas para vários propósitos. Segundo a Associação das
Indústrias Químicas da República Federal da Alemanha somente ao redor de 4.600 substâncias
são produzidas em quantidades superiores a 10.000 ton anuais. O resto das substâncias são
uitizadas no laboratório ou em produtos manufaturados.

4.1 Conceitos básicos de toxicologia

Alguns termos de uso freqüente em toxicologia são importantes e devem ser conhecidos. Por
exemplo: substância perigosa, risco, toxicidade, doses, exposição, absorção, biodisponibilidade,
distribuição, acumulação, biotransformação, eliminação e efeito tóxico.

4.1.1 Substância perigosa

Uma substância perigosa ou um agente perigoso tem a capacidade de causar dano em um


organismo exposto. Um exemplo esclarecerá este conceito: a estricnina é uma substância
química muito tóxica. Quando está dentro de um frasco perfeitamente fechado pode ser
manipulado sem que nehum efeito tóxico seja produzido. A toxicidade não mudou mas quando
não está em contato com um organismo vivo não é possível evidenciar a capacidade de produzir
o efeito tóxico (Ottoboni, 1991).

4.1.2 Risco

O risco é a probabilidade que apareça um efeito nocivo devido à exposição a uma substância
química.

4.1.3 Toxicidade

A toxicidade de uma substância química refere-se à sua capacidade de causar dano em um


órgão determinado, alterar os processos bioquímicos ou alterar um sistema enzimático.

Todas as substâncias, naturais ou sintéticas são tóxicas; em outras palavras, produzem efeitos
adversos para a saúde em alguma condição de exposição. É incorreto denominar algumas
substâncias químicas como tóxicas e outras como não tóxicas. As substâncias diferem muito na
toxicidade. As condições de exposição e a dose são fatores que determinam os efeitos tóxicos
(Ottoboni, 1991).

4.1.4 Dose

Paracelso, no século XVI afirmou: "Todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que não
seja tóxica. A dose estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento". Esta afirmação
ainda é muito importante para a toxicologia e envolve a idéia de dose.

Uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 – DL50 que é a quantidade
de uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral,
expressa em massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50% dos animais
expostos dentro de um período de observação de 14 dias (Swanson, 1997). Na tabela 1 temos a
classificação das substâncias baseadas no valor da DL50.

Tabela 1
DL50 aguda para algumas substâncias químicas (IPCS, 1997)

Substância química DL50 rato macho, via oral; mg/kg de peso corporal

Etanol 7000

Cloreto de sódio 3000

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Sulfato de cobre 1500

DDT 100

Nicotina 60

Tetradotoxina 0,01

Dioxina (TCDD) 0,02

Outro valor é a Concentração Ltal 50-CL50, que é a concentração no ar de uma substância


química que quando é inalada constantemente por 8 horas produz a morte de 50% dos animais
expostos.

Se a dose de uma substância for suficientemente alta poderá ser perigosa para qualquer ser
vivo, assim como também se a dose de uma substância tóxica for muito baixa não produzirá
efeito adverso nenhum. A água (um elemento essencial para a vida) quando é ingerida em
grandes quantidades pode ter um efeito tóxico. A causa é que um volume superior àquele
considerado como ingestão diária normal para um adulto, entre 2 L e 2,5 L, pode causar a
eliminação pela urina de substâncias que são essenciais para o organismo.

O período de tempo no qual uma dose é administrada e a freqüência são informações muito
importantes.

Outro dado importante é aquele denominado concentração de interesse (em inglês: levels of
concern-LOCs), que é a concentração no ar de uma substância extremamente perigosa acima
da qual poderá produzir efeitos graves à saúde ou a morte como resultado de uma única
exposição durante um período relativamente curto. Algumas publicações (USEPA, 1987)
consideram o LOC como a décima parte da concentração denominada de perigo imediato para a
vida ou à saúde (cuja sigla em inglês é IDLH), segundo o publicado pelo National Institute of
Occupational Safety and Health – NIOSH ou de um valor aproximado do IDLH para animais.

4.1.5 Exposição

Para que uma substância química possa produzir um efeito deve estar em contato com o
organismo. As substâncias químicas podem ingressar no organismo por três vias principais:
digestiva, respiratória e cutânea. Depois do ingresso, por qualquer destas vias, as substâncias
químicas podem ser absorvidas e passar para o sangue, seem distribuídas pelo organismo todo,
chegar a determinados órgãos onde são biotransformados, produzir efeitos tóxicos e
posteriormente ser eliminadas do organismo.

Também uma substância química pode entrar no organismo por outras vias, por exemplo, por
injeção venosa ou intramuscular, mas estas vias não são de grande interesse desde o ponto de
vista toxicológico e especialmente quando se trata de acidentes que envolvem substâncias
químicas.

Uma forma muito utilizada para classificar as substâncias químicas segundo a toxicidade, está
baseado na duração da exposição. Geralmente, os toxicologistas procuram os efeitos da
exposição aguda, subcrônica e crônica, e também tentam entender o tipo de efeito adverso para
cada uma destas três exposições.

4. 1. 6 Absorção

A absorção implica que a substância química atravesse as membranas biológicas, ou seja


alcance a correnta sangüínea. No caso da ingetão de uma substância, esta pode ser absorvida
em qualquer parte do trato gastrintestinal. A maior absorção ocorre no intestino delgado
passando ao sistema circulatório pela veia porta do fígado, sendo portanto transportada
diretamente ao fígado.

A inalação é a via mais rápida pela qual uma substância química ingressa no organismo. Por
exemplo, a inalação do éter etílico, um gás anestésico, que quando chega ao pulmão é
absorvido, passa para o sangue e logo o efeito é observado. Também substâncias como o
material particulado ou gases podem ingressar pela via respiratória.

A via cutânea é outra via de ingresso importante. A espessura da pele nas distintas regiões do
organismo influi na absorção. Assi, na região do abdómen e do escroto, onde a pele é mais fina,
a absorção é mais rápida que em outras onde a pele é mais gross, como a planta dos pés ou a
palma da mão. O paration é facilmente absorvido pela via cutânea. Quando uma área grande de
pele estiver em contato com uma substância química, a quantidade absorvida será maior do que
aquela de uma superfície pequena. O tempo de contato também é importante, sendo maior a
absorção quanto maior for o tempo de contato.
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4.1.7 Biodisponibilidade

Alguns fatores físicos ou químicos podem afetar a absorção de uma substância em relação à
quantidade que deverá ser absorvida e ao tempo de absorção. Por exemplo, não todas as
formas químicas de um metal são bem absorvidas no intestino; assim no caso de ingerir
mercúrio metálico, pouco será absorvido. Porém, não acontece o mesmo com um composto
orgânico como o metilmercúrio.

Outra situação é a seguinte: os compostos de bário são tóxicos, mas o sulfato de bário é
utilizado, na forma segura, como meio de contraste nas radiografias do cólon devido este sal ser
insolúvel em água e em gordura. Não poderia ser utilizado cloreto de bário porque a sua
solubilidade em água seria suficiente para que uma quantidade que produz efeitos tóxicos fosse
absorvida.

Os anteriores são exemplos da importância da forma química do composto em relação à


absorção.

4.1.8 Distribuição

Depois que a substância química é absorvida ela passa através do sangue por todo o
organismo, causando os efeitos nocivos especialmente no órgão alvo.

Entende-se por órgão alvo o local onde primeiro se evidencia um efeito nocivo. Para produzir
esse efeito a substância química deve atingir uma determinada concentração no órgão, por isso,
é importante a dose. A existência de um órgão alvo não significa que nos outros órgãos não
sejam verificados os efeitos e à medida que aumenta a dose e o tempo de exposição, outros
órgãos poderão ser afetados.

4.1.9 Acumulação

Uma parte da substância química, que é distribuída no organismo, pode ser acumulada. Isto
pode acontecer também no sangue já que algumas substâncias podem se unir às proteínas
sanguíneas. O flúor e o chumbo podem ser acumulados nos ossos, as bifenilenospolicloradas
(segundo a sigla em inglês, PCBs) podem ser acumuladas na gordura; outro exemplo é o
cádmio que une-se à outras proteínas e é acumulado no rim.

4.1.10 Biotransformação

Assim como é utilizada a denominação do metabolismo para indicar a transformação de


diferentes substâncias que são necessárias para a vida, se propôs a denominação de
biotransformação para o processo de conversão das substâncias tóxicas. O termo
biotransformação descreve como os organismos transformam as substâncias tóxicas absorvidas
em outras de menor toxicidade e em geral solúveis em água, ou em metabólitos de maior
toxicidade como é o caso do ácido fórmico na biotransformação do metanol. Neste processo o
fígado cumpre uma função importante.

4.1.11 Eliminação

As substâncias solúveis em água são eliminadas pela urina. As substâncias que são voláteis,
como o etanol e a acetona, e os gases como o monóxido de carbono eliminam-se parcialmente
pelo ar expirado. Algumas também são eliminadas pelo leite e suor.

4.1.12 Efeitos nocivos

Os efeitos tóxicos observados podem ser: dano aos tecidos e outras modificações patológicas,
lesões bioquímicas, efeitos teratogênicos, efeitos na reprodução, mutagenicidade,
teratogenicidade, efeitos irritantes e reações alérgicas. Os três primeiros pontos de contato entre
substâncias químicas presentes no ambiente e o organismo são o trato gastrintestinal, o sistema
respiratório e a pele. Deve-se lembrar que, as substâncias químicas são absorvidas e passam
para o sangue, logo seguem para o fígado, rins, sistema nervoso e o sistema reprodutor, entre
outros.

Não é possível descrever todos os efeitos que podem ser produzidos pela grande quantidade de
substâncias tóxicas; portanto, em seguida será apresentada uma breve explicação.

Sistema respiratório

O efeito observado na exposição à substâncias químicas por via respiratória é a


irritação causada por gases como amoníaco, cloro, formaldeído, dióxido de
enxôfre e pós que podem ter metais como o cromo. A resposta típica à exposição
a altas concentrações destas substâncias é a constrição dos brônquios e isto está
acompanhado pela dispnéia ou uma sensação de não poder respirar. Com esta
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situação de constrição das vias aéreas, o oxigênio não pode chegar tão rápido
como é necessário para satisfazer a demanda do organismo.

Uma segunda categoria dos efeitos no sistema respiratório é o dano causado nas
células do trato respiratório. Esse dano pode produzir a liberação de líquido para
os espaços internos e pode resultar em acúmulo denominado edema. Este edema
pode acontecer como um efeito retardado, que aparece depois da exposição
crônica ou subcrônica.

O dióxido de nitrogênio (NO2) é um bom exemplo deste efeito. Uma exposição de


longa duração pode causar enfisema, com perda da capacidade do intercâmbio
gasoso respiratório.

A terceira categoria de efeito e de interesse na exposição causada por acidentes


que envolvem substâncias químicas, são as alergias. As reações alérgicas são um
grupo especial de efeitos adversos. A exposição à uma substância química
antigênica resulta na interação desta com algumas proteínas para formar
complexos denominados antígenos que provocam a formação de anticorpos. As
exposições posteriores à substância química provocarão uma reação entre os
antígenos e os anticorpos presentes, o que conduz a um série de efeitos
bioquímicos e fisiológicos, até produzir a morte.

Trato gastrintestinal e pele

As outras duas áreas do organismo que entram em contato primeiro com as


substâncias químicas presentes no ambiente são o trato gastrintestinal e a pele. O
trato gastrintestinal é a entrada principal de substâncias ambientais presentes nos
alimentos, na água e também no solo e no pó.

As substâncias muito cáusticas, como o hidróxido de sódio, quando ingeridas


podem causar um efeito grave no trato gastrintestinal já que alteram a constituição
química das células das membranas.

A irritação da pele pode ser produzida por um série de substâncias químicas e é


caracterizada pelo avermelhamento, inchaço e coceira que geralmente diminuim
depois que termina a exposição.

As reações alérgicas podem ser produzidas pelo mesmo mecanismo que foi
mencionado anteriormente.

Sistema circulatório

As substâncias químicas são absorvidas e passam para o sangue que as


transporta aos distintos órgãos. Quando a concentração das substâncias químicas
ou dos produtos de biotransformação atinge níveis altos, pode acontecer uma
intoxicação sistêmica. Algumas substâncias químicas são diretamente tóxicas para
os diferentes elementos do sangue e outras produzem mudancas em certos
elementos do sangue que provocam alterações em outros sistemas do organismo.
Um exemplo pode ser o monóxido de carbono (CO) que quando é inalado une-se
à hemoglobina produzindo carboxihemoglobina que impede o transporte de
oxigênio pelo sangue para os tecidos.

Fígado

As substâncias químicas que ingressam pela via digestiva são absorvidas e


através da veia porta chegam ao fígado. As células hepáticas têm uma capacidade
muito grande para biotransformar agentes xenobióticos, sendo convertidos
geralmente em substâncias mais hidrossolúveis que são eliminadas pela via renal.

Rim

Várias substâncias químicas podem produzir efeitos nocivos nos rins por
diferentes mecanismos de ação. Os metais pesados como o mercúrio, cádmio,
crômio e chumbo têm efeitos sobre o túbulo renal. Concentrações altas de metais
presentes no filtrado glomerular podem danificar as funções dos túbulos e produzir
a perda de grandes quantidades de moléculas essenciais para o organismo como
a glicose e aminoácidos. Se a concentração de metais for suficientemente alta
poderá acontecer a morte das células e alterar a função renal como um todo. O
tetracloreto de carbono e o clorofórmio são hepatotóxicos e nefrotóxicos.

Sistema nervoso

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O sistema nervoso está relacionado a praticamente todas as funções mentais e


físicas do organismo. Os neurotoxicologistas geralmente dividem os efeitos tóxicos
segundo o local primário de ação da substância química.

Algumas substâncias químicas como o monóxido de carbono podem produzir falta


de oxigênio ou de glicose no cérebro com graves efeitos para o organismo. Outras
substâncias como o chumbo e o hexaclorobenzeno são capazes de produzir perda
de mielina, e alguns compostos orgânicos do mercúrio podem produzir efeitos nos
neurônis periféricos.

Sistema reprodutor

O sistema reprodutor dos homens e das mulheres pode ser danificado por
determinadas substâncias químicas. Nos homens, algumas substâncias como
DBCP e cádmio, podem reduzir ou impedir a produção de esperma. Podem
acontecer alterações no processo reprodutor, como a indução de modificações
fisiológicas e bioquímicas que reduzem a fertilidade, e impedem totalmente o
desenvolvimento do feto ou do nascimento normal.

Um aspecto muito estudado sobre a toxicidade reprodutora é a chamada


toxicidade do desenvolvimento. Esta área compreende o estudo dos efeitos das
substâncias químicas no desenvolvimento do embrião e do feto durante a
exposição no útero e no desenvolvimento posterior da criança depois do
nascimento. Nesta época a exposição pode cessar ou continuar porque a
substância química recebida pela mãe é transferida ao leite e também pode
continuar toda a vida porque existem fontes adicionais diferentes daquelas as
quais a mãe esteve exposta.

Teratogenicidade

Depois da fertilização do óvulo, começa a proliferação das células que dão origem
ao feto. Nos seres humanos, entorno do nono dia começa o processo de
diferenciação celular e os distintos tipos de células específicas que constituem o
organismo começam a se formar e migram para a sua posição adequada. Isto
acontece até o desenvolvimento completo do feto. Algumas substâncias químicas
podem causar efeitos na descendência, estes não são hereditários e são
denominadas substâncias teratogênicas.

Um medicamento, a talidomida, pode ser mencionado como exemplo de


substância teratogênica. Este medicamento quando foi ingerido pelas mulheres
durante a gravidez, produziu efeitos teratogênicos na descendência.

Carinogenicidade

Os indivíduos estão expostos à substâncias químicas que causam câncer, em


outras palavras, um tumor maligno. Estas podem estar presentes no ar, água,
alimentos, produtos de consumo e mesmo no solo.

Os especialistas em câncer, com poucas exceções, não determinam a causa


específica do câncer nos indivíduos. Em geral os fatores que contribuem para a
ocorrencia do câncer em grandes grupos de população podem ser descobertos.

Considera-se que entre o 70% e 90% do casos de câncer em seres humanos são
de origem ambiental. Este termo é utilizado em um sentido amplo, o qual atinge
substâncias químicas industriais e contaminantes, dieta, hábitos pessoais, fumar,
comportamento e radiações.

Os efeitos referidos são um breve resumo daqueles indicados por Rodrick (1994) e
estas informações têm somente o objetivo de alterar os diferentes efeitos nocivos
das substâncias químicas no organismo humano.

5. Conclusões
Segundo Timbrell, atualmente os toxicologistas conhecem só parcialmente os mecanismos dos
efeitos tóxicos das substâncias químicas. Como conseqüência a avaliação do risco para o
organismo humano é difícil e incerta. Estas limitações precisam ser lembradas pelo público,
industriais, economistas e por aqueles que estão envolvidos nos processos de legislação, além
dos toxicologistas.

Possivelmente, o público espera muito mais dos cientistas em geral e dos toxicologistas
particularmente. Os toxicologistas não podem fornecer todas as respostas às perguntas que o
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público freqüentemente faz, mais ainda quando exige a segurança absoluta em relação aos
compostos químicos.

6. Bibliografia
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Vol. 12. Springer, 1998.

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