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Aula 01 - Curso de Liturgia (Férias - Mater Ecclesiae)

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O que é "Liturgia"?

"Liturgia" é uma palavra de origem grega (leitourgia), que quer dizer "obra
pública" (junção de laós = povo + érgon = obra);

É, por assim dizer, obra do povo E em favor do povo;

Por que "obra do povo"? Porque o povo toma parte naquilo que está
acontecendo e celebrando;

Por que "em favor do povo"? Porque o povo é beneficiado através daquilo que
celebra, vive;

Definição completa: É a celebração do mistério de Cristo, em particular do seu


Mistério Pascal. Nela - e através dela - acontece a santificação dos homens, e o
Corpo Místico de Cristo celebra um culto agradável a Deus.

Quem celebra a Liturgia?

A Liturgia é "ação do Cristo todo" (Cabeça - Cristo - e seus membros). Toda a


Igreja celebra, ou seja, a assembleia dos batizados, cada qual exercendo seu
ministério sacerdotal (sacerdócio pelo sacramento do Ordem, que configura o
celebrante à Pessoa de Cristo - o Sacerdote por excelência - e o sacerdócio dado
pelo Batismo, comum aos cristãos).

Como celebrar?

Através de sinais e símbolos: O homem necessita de sinais e símbolos para se


comunicar e expressar. O próprio Deus usa de sinais e símbolos para se revelar
ao seu povo; Palavras e ações: Deus fala à Igreja e essa, por sua vez, deve dar
crédito e seguir aquilo que o Senhor diz; Canto e música: Através de louvores, a
Igreja glorifica a Deus e o bendiz; As Sagradas Imagens: A imagem sacra
representa, principalmente, Cristo (imagem do Deus invisível). A imagem nos
transmite a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura nos transmite pelas
letras.

Quando celebrar?

O Domingo, "dia do Senhor", é o dia principal da celebração da Eucaristia por


ser o dia da ressurreição de Jesus Cristo. A Igreja "apresenta todo o mistério de
Cristo durante o ciclo anual (A, B e C), desde a Encarnação e o Natal até a
Ascensão, até o dia de Pentecostes e a expectativa da feliz esperança e retorno
do Senhor (= Parusia).

Onde celebrar?

O culto da Nova Aliança não está ligado a um lugar exclusivo. Nós é que somos
o "Templo do Deus vivo". Contudo, existem edifícios próprios destinados ao culto
divino. Eles significam e manifestam a Igreja viva nesse lugar. Deve ser um lugar
digno, belo e adequado para o culto.
Qual é a importância da Liturgia?

Tudo provém da Sagrada Liturgia e tudo nos remete para ela, pois a Liturgia é a
vida da Igreja. Toda a ação da Igreja se dirige para a Liturgia e é dela que vem
toda a sua força. É na Liturgia que todos os cristãos se unem para ouvir a Palavra
de Deus, comer do Pão da Vida e são convidados a saírem em missão para
continuar o trabalho apostólico de evangelização.

Qual é a ação do Espírito Santo na Liturgia?

O Espírito Santo prepara a Igreja para encontrar seu Senhor, recorda e manifesta
Cristo à fé da assembleia, torna presente e atualiza o mistério de Cristo por seu
poder transformador e, finalmente, une a Igreja à vida e à missão de Cristo. O
Espírito e a Igreja cooperam para manifestar Cristo e sua obra de salvação na
Liturgia, principalmente na Eucaristia, e também nos demais sacramentos. O
Espírito Santo recorda à assembleia litúrgica o sentido do evento da salvação.
Segundo a natureza das ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma
celebração "faz memória" das maravilhas de Deus em uma anamnese
(recordação). "Ao Pai, pelo Filho, no Espírito" - "Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".

"A ação litúrgica inicia-se com a fundação da própria Igreja. Os primeiros


cristãos, com efeito, "eram assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, e à
comum fração do pão e à oração". (At 2,42). Em toda a parte, onde os pastores
possam reunir um núcleo de fiéis, erigem um altar sobre o qual oferecem o
sacrifício, e em torno dele vêm dispostos outros ritos adaptados à santificação
dos homens e à glorificação de Deus. Entre esses ritos estão, em primeiro lugar,
os sacramentos, isto é, as sete principais fontes de salvação; depois, está a
celebração do louvor divino, com o qual os féis reunidos obedecem à exortação
do Apóstolo: "Instruindo-vos e exortando-vos uns aos outros com toda a
sabedoria, cantando a Deus em vosso coração, inspirados pela graça, salmos,
hinos e cânticos espirituais";(Cl 3,16) depois, ainda, a leitura da Lei, dos Profetas,
do Evangelho e das epístolas apostólicas; e, enfim, a prática com a qual o
presidente da assembleia recorda e comenta utilmente os preceitos do divino
Mestre, os acontecimentos principais de sua vida, e admoesta todos os
presentes com exortações oportunas e exemplos". (PIO XII - Mediator Dei.
1947).

"A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício eucarístico, «se opera o fruto
da nossa Redenção», contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na
vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da
verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de
elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no
mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve
ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e
o presente à cidade futura que buscamos. A Liturgia, ao mesmo tempo que
edifica os que estão na Igreja em templo santo no Senhor, em morada de Deus
no Espírito, até à medida da idade da plenitude de Cristo, robustece de modo
admirável as suas energias para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que estão
fora, como sinal erguido entre as nações, para reunir à sua sombra os filhos de
Deus dispersos, até que haja um só rebanho e um só pastor". (SC 2).

"O ano litúrgico não é uma ideia, mas é uma pessoa - Jesus Cristo - e o seu
mistério realizado no tempo e que hoje a Igreja celebra sacramentalmente como
'memória', 'presença', 'profecia'". (BERGAMINI, A. Ano Litúrgico. In: Dicionário
de Liturgia. Paulus, p.58). Celebramos no Ano Litúrgico todo o Mistério de Cristo,
desde a sua encarnação até a sua gloriosa ascensão, pedindo pela sua volta.
Há a celebração de solenidades e festas, também fazendo memória da
Santíssima Virgem e dos Santos. Está dividido em Tempos Litúrgicos, a saber:
Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum.

A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste: "Pela Liturgia da terra


participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de
Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos dirigimos e onde Cristo está
sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo; por
meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército
celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos cuja memória
veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele
aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória". (SC 9).

Lugar da Liturgia na vida da Igreja: "Contudo, a Liturgia é simultaneamente a


meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda
a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos
os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Baptismo se reúnam em
assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e
comam a Ceia do Senhor". (SC 10).

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