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Ofício Da DPU

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5939049v6 08038.002221/2023-00

DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DA UNIÃO


Setor Bancário Norte, Quadra 01, Bloco F, Edifício Palácio da Agricultura - Bairro Asa Norte - CEP 70040-908 - Brasília - DF - www.dpu.def.br
Sede da Defensoria Pública da União

OFÍCIO - Nº 101/2023 - DPU/GABDPGF DPGU

Brasília, 27 de fevereiro de 2023.

A Sua Excelência o Senhor


FERNANDO HADDAD
Ministro da Fazenda
Ministério da Fazenda
Esplanada dos Ministérios, Bloco P
CEP 70.048-900 - Brasília/DF
E-mail: gabinete.ministro@economia.gov.br

Assunto: Nova âncora fiscal e os desafios da DPU frente à Emenda Constitucional nº 80/2014.
Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 08038.002221/2023-00.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Cumprimentando-o cordialmente, na qualidade de Defensor Público-Geral Federal, em


exercício, representante da Defensoria Pulica da União, sirvo-me do presente para levar a conhecimento de
Vossa Excelência o que se segue.

A Defensoria Pública da União é um dos órgãos federais que detém autonomia financeira
e orçamentária, e a única Defensoria Pública submetida aos efeitos do atual teto de gastos criado pela
Emenda Constitucional nº 95. Ocorre que nosso órgão sofreu um impacto desproporcional com a regra
atualmente vigente, mormente porque seu diminuto orçamento (em comparação com os demais órgãos do
Sistema de Justiça), que vinha recebendo incrementos para alcançar a interiorização determinada pela
louvável Emenda Constitucional batizada de “Defensoria para todos”, foi congelado precocemente.

A garantia do direito constitucional de acesso à justiça passa, sem dúvidas, pelo efetivo
cumprimento da Emenda Constitucional nº 80/2014. A Constituição Federal, em seu art. 98 do ADCT
(introduzido pelo art. 2º da EC nº 80/2014), prevê a existência de Defensores/as Públicos/as em todas as
unidades jurisdicionais:
Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo
serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
§ 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores
públicos em todas as unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo.

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§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos defensores públicos ocorrerá,
prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional.

Ocorre que o prazo estabelecido constitucionalmente expirou em julho do ano passado,


com pouquíssimo avanço na interiorização da DPU, em especial nos últimos seis anos, uma vez que as
Emendas Constitucionais nº 95/2016 e nº 113/2021 impuseram rígidas limitações à necessária expansão
orçamentária que o cumprimento do art. 98 do ADCT demandava no tocante à DPU.

Sob essa ótica, cabe ressaltar em números as necessidades da instituição frente ao seu
cenário, vejamos

• a DPU está presente em apenas 29% dos municípios que são sedes de seções ou subseções
judiciárias federais;
• o número de defensores/as públicos/as federais em atividade (cerca de 680) é absolutamente
insuficiente para posicionar o órgão em todas as unidades jurisdicionais federais: estudo da Assessoria
de Planejamento da DPU aponta que, para cumprir a determinação da EC nº 80, seriam necessários, no
mínimo, 1.483 defensores/as públicos/as federais (o que sugere déficit de mais de 55%) e um
incremento de pelo menos 92,40% de seu orçamento atual;
• o orçamento atual da DPU alcança pouco mais de R$ 700 milhões e, mesmo com o incremento
mínimo sugerida, seria ainda bastante inferior aos dos órgãos perante os quais deve se fazer presente
em igualdade de condições e paridade de armas, a citar a Advocacia Geral da União (AGU), cerca de
R$ 4 bilhões; o Ministério Público da União (MPU), R$ 8 bilhões; e a Justiça Federal da União, com
R$ 14 bilhões; e
• os impactos da EC nº 95/2016 são maiores à DPU em comparação aos demais órgãos do sistema de
justiça, o que se agrava com o estado de coisas inconstitucional gerado pelo descumprimento da EC nº
80/2014.

Mantidas e eventualmente aplicadas as citadas restrições à Defensoria Pública, restará


paralisado, quiçá inviabilizado, o cumprimento da Constituição no tocante à ampliação do acesso à justiça
por meio da Defensoria Pública, uma vez que, em âmbito federal, não poderão ser instaladas novas
unidades da DPU, tampouco nomeados novos/as defensores/as públicos/as ou servidores/as públicos/as.

Veja que, para se garantir o pleno acesso à justiça nos moldes da EC nº 80/2014, são
imperiosas a adoção de medidas de universalização e a interiorização do acesso ao Poder Judiciário por
meio da Defensoria Pública, sem perder de vista o equilíbrio das contas públicas.

A construção da nova âncora fiscal determinada após a aprovação da PEC da transição


(32/22) não pode ignorar os efeitos nefastos do teto de gastos vigente sobre as políticas de direitos
humanos, como o exemplo do impacto desproporcional sobre a Defensoria Pública da União e a imposição
do estado de coisas inconstitucional na assistência jurídica gratuita e integral no âmbito federal, devendo-
se construir solução que permita a correção desse erro histórico ao longo dos próximos anos.

Portanto, roga-se a V. Ex.ª e sua respeitável equipe que reflitam sobre soluções que
atendam a situação especial e alarmante da assistência jurídica gratuita e integral no âmbito federal.

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Reiteramos protestos de admiração e, diante do exposto, solicitamos uma reunião com


Vossa Excelência para o aprofundamento do tema.

Atenciosamente,

FERNANDO MAURO BARBOSA DE OLIVEIRA JUNIOR


Defensor Público-Geral Federal, em exercício

Documento assinado eletronicamente por Fernando Mauro Barbosa de Oliveira Junior, Defensor
Público-Geral Federal, em exercício, em 16/03/2023, às 15:09, conforme o §2º do art. 10 da Medida
Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site http://www.dpu.def.br


/sei/conferir_documento_dpu.html informando o código verificador 5939049 e o código CRC
37A8D9BE.

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