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Flechas Na Mão Do Valente - Luciano Subirá: Newsletter

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FLECHAS NA MÃO DO
VALENTE – LUCIANO
SUBIRÁ
# 23/06/2017

“Como =echas na mão do valente, assim


são os Clhos da mocidade. Bem-
aventurado o homem que enche deles a
sua aljava; não serão confundidos,
quando falarem com os seus inimigos à
porta”. (Salmo 127.4,5)

Flechas na mão do valente. Esta é uma aCrmação


bíblica profunda. Vejo nesta frase um princípio a
ser aplicado na criação dos nossos Clhos, e
acredito que o mesmo também se aplique aos
nossos Clhos espirituais, nossos discípulos.

Antes de tudo, quero reconhecer o contexto em que


a aCrmação é feita; o versículo seguinte fala do
homem que enche deles (Clhos-=echas) a sua
aljava e não será envergonhado diante do inimigo à
sua porta. Portanto, isto fala de Clhos literais
ajudando um pai a se proteger; neste sentido,
podemos vê-los como parte da defesa diante do
inimigo e como uma família deve aprender a lutar
junta.

Mas também vejo uma outra aplicação para esta


frase. Precisamos aprender a criar e liberar nossos
Clhos para a vida. O que um valente (outra versão
usa o termo guerreiro) fazia com uma =echa? Ele a
atirava para longe de si. Ele a lançava para atingir
um alvo.

Nós pais (e falo como pai de dois Clhos) temos


uma inclinação natural a sermos super-protetores.
Nunca entendi a preocupação de meus pais
comigo enquanto eu era criança. Não entendia
porque tudo parecia ser tão perigoso aos olhos
deles. Achava que muitas vezes eles me
sufocavam com suas preocupações, orientações,
conselhos, advertências, etc. Mas alguns segundos
depois que meu Clho primogênito nasceu, eu
imediatamente os entendi. Algo inexplicável tomou
conta de mim! Era um amor e preocupação que só
um pai ou mãe entende. Ficava imaginando que se
ele Czesse tudo que Cz quando criança eu me
preocuparia demais…

É engraçado isto. Você promete para si mesmo que


quando crescer e for pai fará tudo diferente do que
seus pais Czeram com você, mas quando chega a
sua vez, sua visão muda! E você se lembra das
palavras que eles proferiam (e você não suportava
ouvir): “Quando você crescer e estiver no meu lugar
vai entender”.

Na infância e na condição de Clhos, abominávamos


a super-proteção. Achávamos que os pais não
tinham que participar de determinadas escolhas,
como relacionamentos de amigo(a)s,
namorada(o)s ou mesmo a escolha da proCssão.
Agora depois de adultos, acabamos por concluir
que os pais estavam certos, deveriam mesmo
proteger seus Clhos. Mas acho que quando chega a
nossa vez de exercer a proteção, acabamos nos
esquecendo de algo importante: o cuidado paterno
(ou materno) não pode ser egoísta.

Às vezes, interferimos na escolha de


relacionamentos (amizade, namoro) como se
estivéssemos escolhendo alguém para nós. Às
vezes, planejamos a vida proCssional de nossos
Clhos querendo compensar nossas próprias
frustrações. A verdade é que temos que preparar
nossos Clhos para a vida. Uma hora eles terão que
sair de casa e viver sua própria vida. E, se os
protegermos deste momento, não apenas
criaremos problemas para eles, mas também
teremos problemas!

Flechas na mão do valente. Um valente atira suas


=echas com força, para atingir o alvo de longe. Se
quisesse atingir o inimigo de perto, um guerreiro
daquela época provavelmente usaria uma espada.
Precisamos aprender a lançar nossos Clhos para a
vida, e desejar lança-los longe. Isto não signiCca
que vamos nos afastar ou que queremos distância,
mas que precisamos pensar grande a respeito
deles. Nossa criação não deve ser egoísta,
centrada em nós mesmos. Não podemos querer
que nossos Clhos Cquem somente por perto. Talvez
uma vida melhor só será provada por eles em outra
cidade, estado ou mesmo país.

Flechas na mão do valente. O valente atira suas


=echas visando acertar um alvo. Como pais,
precisamos ajudar nossos Clhos a entenderem sua
vocação e aptidões proCssionais. Meu pai dizia
desde que eu era criança que eu seria um Clósofo.
Sempre que me via pensativo, ele declarava isto. E
de fato, sempre gostei de pensar e questionar tudo.
Meu pai reconheceu depois de muitos anos que o
palpite dele estava correto, e me encorajou a ser
um pensador e questionador do comportamento
cristão em meu ministério de ensino. Os pais
devem ajudar seus Clhos a entender seu alvo a ser
alcançado e, em acordo com eles, lança-los em
direção a este alvo!

Meus pais sofreram quando aos meus dezoito


anos de idade passei a estar longe deles viajando
para pregar o Evangelho, e logo depois, quando me
mudei para outro estado onde casei-me e tive meus
Clhos. Eles preferiam que eu morasse e vivesse por
perto, mas entenderam que Deus tinha um plano
para a minha vida (um alvo) e me atiraram em
direção a este plano. Há o tempo em que as =echas
(Clhos) Ccam na aljava e há também o tempo em
que devem ser atiradas para o alvo.

Quando pedi a Kelly em casamento, cada um de


nós morava num estado diferente; eu no Paraná e
ela em São Paulo. Eu já estava pastoreando e a
Kelly estava entrando na Universidade. Conversei
seriamente com ela que a única forma de levarmos
adiante nosso relacionamento era com ela vindo
para o Paraná, e ela decidiu isto. Lá em São Paulo,
ela tinha passado no vestibular da Universidade e
curso que queria fazer, mas decidiu fazer outro
curso no Paraná apostando não só no nosso
relacionamento, mas no chamado de Deus para
nós no sul do país. Foi uma decisão difícil. Eu sei
disto, saí cedo de casa, e não cresci planejando
isto.

Nesta fase difícil de decisão, a Kelly conversou com


seus pais. O pai dela perguntou se era isto que ela
queria e, ao saber que sim, disse-lhe que a amava e
como queria o melhor para ela, então ele a
abençoava. A mãe dela sofreu mais, pois elas
sempre foram muito ligadas. Minha sogra não
conseguiu ser racional como meu sogro, uma vez
que as mulheres são mais emocionais mesmo.
Mas ela foi orar a respeito, e naqueles dias teve um
sonho. Sonhou que a Kelly estava diante de um
trem que passava em velocidade, sem parar e, de
repente, pulava dentro dele. Era uma questão de
vida ou morte; acertar ou não a porta aberta do
trem poderia por Cm a tudo, e ainda havia a
questão da queda no interior do vagão que passava
em velocidade. Porém, no momento em que a Kelly
pulou, a cena Ccou como um Clme em câmera
lenta; minha sogra viu a sua Clha passando
direitinho pela porta aberta do trem, viu que o
vagão era todo almofadado – o que fazia com que
soubesse que ela não se machucaria ao cair dentro
– e quando a Kelly caiu dentro do vagão tudo voltou
a Ccar depressa e ela viu o trem indo embora.
Minha sogra entendeu que a Clha estava diante de
uma oportunidade única, e ainda que decidindo de
forma repentina e não planejada Deus estava no
controle e tudo iria Ccar bem – apesar da Kelly
estar sendo levada para longe dos pais. Então ela
entendeu o alvo e atirou sua =echa; abençoou a
partida da Clha (e eu agradeci muito a Deus).

Foi o que os pais de Rebeca Czeram. Quando o


servo de Abraão saiu atrás de uma esposa para
Isaque, encontrou Rebeca e lhe fez a proposta,
tanto a ela como à sua família (Gn 24.15-49). E o
que o relato bíblico diz que Czeram? Ouviram o que
Rebeca desejava, concordaram que Deus estava
naquilo e a abençoaram para que vivesse o melhor
de Deus! Observe:

“Disseram: Chamemos a moça e ouçamo-


la pessoalmente. Chamaram, pois, a
Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com
este homem? Ela respondeu: Irei. Então,
despediram a Rebeca, sua irmã, e a sua
ama, e ao servo de Abraão, e a seus
homens. Abençoaram a Rebeca e lhe
disseram: És nossa irmã; sê tu a mãe de
milhares de milhares, e que a tua
descendência possua a porta dos seus
inimigos. Então, se levantou Rebeca com
suas moças e, montando os camelos,
seguiram o homem. O servo tomou a
Rebeca e partiu”. (Gênesis 24.57-61)

O mesmo vale para nossos Clhos espirituais. Há


líderes que querem ter consigo para sempre os
ministérios que os auxiliam. Mas não podemos ser
egoístas, não podemos pensar somente em nós e
nosso conforto. Devemos lançar nossos Clhos para
atingirem o alvo. Temos exemplos bíblicos disto:

“Havia na igreja de Antioquia profetas e


mestres: Barnabé, Simeão, por
sobrenome Níger, Lúcio de Cirene,
Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e
Saulo. E, servindo eles ao Senhor e
jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-
me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a
que os tenho chamado. Então, jejuando, e
orando, e impondo sobre eles as mãos, os
despediram”. (Atos 13.1-3)

Quando chega o momento de alguém seguir o


plano de Deus para a sua vida, precisamos ter a
coragem de toma-los como =echas e atira-los em
direção ao alvo do seu chamado em Deus. Não
acredito numa mesma equipe ministerial
envelhecendo junta. Alguém sempre será enviado a
realizar algo mais. Faz parte da dinâmica do Reino
de Deus. As =echas não existem para
permanecerem sempre na aljava. Ficam ali só até
que a hora de serem lançadas chegue.

A Preparação das Flechas

As =echas naqueles dias eram feitas manualmente.


Exigiam trabalho artesanal e personalizado. Se o
guerreiro quisesse ser bem-sucedido ao atirar suas
=echas, deveria antes ter investido nelas. Também
vejo um paralelo nesta verdade. Acredito que os
Clhos devem aprender a trabalhar com seus pais.
Mesmo antes de sair de casa, nossos Clhos devem
aprender a trabalhar e a não serem preguiçosos:

“O que ajunta no verão é Clho sábio, mas


o que dorme na sega é Clho que
envergonha”. (Provérbios 10.5)

Também vemos numa parábola contada por Jesus


(que usava ilustrações do dia-a-dia do povo) que
um pai pede a seus Clhos que o ajudem no trabalho
da vinha:

“E que vos parece? Um homem tinha dois


Clhos. Chegando-se ao primeiro, disse:
Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele
respondeu: Sim, senhor; porém não foi.
Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a
mesma coisa. Mas este respondeu: Não
quero; depois, arrependido, foi. Qual dos
dois fez a vontade do pai? Disseram: O
segundo. Declarou-lhes Jesus: Em
verdade vos digo que publicanos e
meretrizes vos precedem no reino de
Deus”. (Mateus 21.28-31)

Nos tempos antigos, era normal que um Clho


aprendesse o ofício de seu pai. Por exemplo, Jesus
foi chamado de carpinteiro do mesmo modo como
José, seu pai (adotivo) também foi; em Mt 13.55
ele é chamado de o Clho do carpinteiro, enquanto
que em Mc 6.3 é chamado de carpinteiro. Mas
alguns Clhos, ao crescerem, vão desenvolver
aptidões próprias dos dons e talentos que Deus
deu a eles; portanto, acredito que não devemos
apenas ensina-los a fazer o que fazemos, mas tudo
o que for bom e importante para seu futuro. A Bíblia
fala de Lameque, que teve três Clhos e cada um
desenvolveu uma aptidão diferente, embora depois
passassem a ensinar as mesmas atividades aos
seus Clhos:

“Lameque tomou para si duas esposas: o


nome de uma era Ada, a outra se
chamava Zilá. Ada deu à luz a Jabal; este
foi o pai dos que habitam em tendas e
possuem gado. O nome de seu irmão era
Jubal; este foi o pai de todos os que
tocam harpa e =auta. Zilá, por sua vez,
deu à luz a Tubalcaim, artíCce de todo
instrumento cortante, de bronze e de
ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá”.
(Gênesis 4.19-22)

Os Clhos devem ser ensinados e preparados a


serem auto-sustentáveis antes de estabelecerem a
própria família. Este também é um princípio bíblico:

“Cuida dos teus negócios lá fora, apronta


a lavoura no campo e, depois, ediCca a
tua casa”. (Provérbios 24.27)

Ninguém deve se casar sem ter condições de se


manter. O texto sagrado revela que os negócios
devem ser preparados, o campo deve estar em
ordem para somente depois se ediCcar a casa!

Muitos se casam ainda dependendo de seus pais


para se manter. Isto é errado. O cordão umbilical
deve ser cortado! Deus estabeleceu isto desde o
princípio; o homem deve DEIXAR seu pai e sua mãe
e constituir nova família com sua mulher:

“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se


une à sua mulher, tornando-se os dois
uma só carne”. (Gênesis 2.24)

A palavra hebraica traduzida como “deixar” é “azab”


e, segundo a Concordância de Strong, signiCca:
“deixar, soltar, abandonar, afastar-se de, deixar para
trás”. Não é difícil entender isto. Criamos nossos
Clhos para que eles nos deixem, para que sigam
suas vidas e devemos prepará-los (e também a
nós) para tal.

Acredito que com a mesma mentalidade devemos


formar os Clhos espirituais e ministeriais. Devemos
prepará-los para serem enviados e para
encontrarem o melhor de Deus para si. Nossos
Clhos são =echas. E os valentes responsáveis por
atira-los somos nós. Que Deus nos dê graça para
isto!
––––––––––––––––––––
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo
Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao
Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade
Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de
dois Clhos: Israel e Lissa.

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