PDF Adamastor
PDF Adamastor
PDF Adamastor
º Ano – ASA
Carla Marques e Inês Silva
Para estudar Os Lusíadas
O Adamastor (Canto V, estâncias 37-60)
O episódio do gigante Adamastor é central n’Os Lusíadas, pois localiza-se no Canto V, marcando o meio
do poema épico. Com este episódio encerra-se o primeiro cicio épico do poema.
A figura do gigante surge como uma personificação dos perigos e castigos do mar, dos monstros que
se acreditava habitarem nas zonas desconhecidas. Trata-se, em suma, de uma personificação que condensa
os medos que dominavam os homens da época relativamente ao desconhecido.
4.ª parte: Interpelação de Vasco da Gama e 2.º discurso do Adamastor (est. 49-59)
Vasco da Gama Interrompe o primeiro discurso do gigante, mostrando-se não aterrorizado mas
«maravilhado» (est. 49), e pergunta-lhe «Quem és tu?» (est. 49). Esta questão afeta profundamente o
Adamastor, pois uai obrigá-lo a Identificar-se, a desvendar a sua história pessoal. Daí a inesperada mudança
que se produz nele: abandona o tom de voz ameaçador para passar a falar com mágoa e dor («voz pesada e
amara» - est. 49).
O Adamastor passa então a relatar a sua história de amor triste e infeliz. Apaixonou-se por Tétis, que
um dia tinha visto «Sair nua na praia» (est. 52). Foi este sentimento que levou o gigante, que estava envolvido
com os seus irmãos numa luta contra Júpiter, a abandonar tudo. Como era muito feio (est. 53), decidiu
conquistar a ninfa pela força («Determinei por armas de tomá-la» - est. 53). Porém, a ninfa nunca poderia
amar um ser gigantesco e feio (est. 53), mas, ainda assim, marca com ele um encontro. Perdido de amor,
julgando encontrar-se frente a Tétis, o Adamastor beija um penedo. Quando se apercebe que tinha sido
enganado, pois a ninfa não tinha comparecido ao encontro, o gigante reconhece a sua ilusão. A dor que sente
é tão forte que acaba por se transformar num penedo, que deu origem ao Cabo que ele é hoje. Todavia, o
seu sofrimento não está já acabado, uma vez que continua rodeado por Tétis: «por mais dobradas mágoas,
/ Me anda Tétis cercando destas águas» (est. 59).
O momento de maior intensidade de sofrimento do Adamastor surge quando este se dirige à ninfa,
dizendo «Já que minha presença não te agrada, / Que te custava ter-me neste engano, / Ou fosse monte,
nuvem, sonho, ou nada?» (est. 57). A gradação final - monte, nuvem, sonho, nada - é extremamente
expressiva.
RECURSOS EXPRESSIVOS
Recursos diversos
• Adjetivação expressiva: «grandíssima estatura», «olhos encovados», «postura / Medonha e má» (est. - ao
longo de todo o episódio, a adjetivação e muito expressiva, em particular na descrição do gigante.
Figuras
• Aliteração: «Bramindo, o negro mar de longe brada» (est. 38) - repetição expressiva do som -r-, que evoca
os sons do mar agitado.
• Comparação do Adamastor à estátua de Rodes, no que respeita à estatura desmesurada.
• Comparação: «Tão grande era de membros, que bem posso / Certificar-te que este era o segundo / De
Rodes estranhíssimo Colosso» (est.
• Metáfora: «as almas soltarão / Da fermosa e misérrima prisão» (est. 48) - o corpo é associado a uma prisão
da alma, pelo que a morte permitirá a libertação da alma.
• Metáfora: «Nunca arados d'estranho ou próprio Lenho» (est. 41) - sugere a fragilidade de um barco ao
mar face a força cios elementos da natureza; a expressão arados é também ela uma metáfora, extraída
do universo agrícola, que permite associar a navegação dos barcos no mar ao sulcar da terra por alfaias
agrícolas.