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TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/01/2022

Número: 8000339-55.2018.8.05.0039
Classe: EXECUÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E ADOLESCENTE
Órgão julgador: V DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DE CAMAÇARI
Última distribuição : 30/08/2018
Assuntos: Medidas de proteção
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CONSELHO TUTELAR DE CAMAÇARI (REQUERENTE)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DA BAHIA
(REQUERENTE)
S. D. S. (REQUERIDO)
JULIA DOS SANTOS (REQUERIDO)
ROSALIA (CUSTOS LEGIS)
ROSANE DOS SANTOS (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
80784 09/11/2020 16:44 Decisão Decisão
041
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

Comarca de Camaçari

1ª Vara da Infância e Juventude

Fórum Clemente Mariani, Rua Contorno do Centro Administrativo, Térreo, CEP 42800-000, Fone: (71) 3621-8738, Camaçari-BA
- E-mail: camacarivinfjuv@tjba.jus.br

DECISÃO
[Medidas de proteção]

8000339-55.2018.8.05.0039

CONSELHO TUTELAR DE CAMAÇARI e outros

Vistos, etc.

Trata-se de Ação para aplicação de Medidas de Proteção de acolhimento institucional, intentada pelo Conselho Tutelar, em favor
das crianças SUIANY DOS SANTOS, nascida em 30/08/2010 e JULIA DOS SANTOS, nascida em 18/10/2012,filhas de Rosane
dos Santos.

Aduziu-se que as crianças enfrentaram situação de vulnerabilidade, originada pela conduta da genitora das mesmas, Sra. Roseane,
que apurou-se ser alcoólatra e dependente de substâncias psicoativas, e que deixara as filhas, por dias, sozinhas em casa,
alimentadas, por vezes, com a ajuda de vizinhos. Foi apurado, ainda, que os familiares de Roseane (sua mãe e seu tio Edmilton)
teriam também problemas com o alcoolismo, além de não apresentarem condições de cuidar das crianças, tudo conforme relatado
ao Conselho Tutelar em Ofício (id. 14889839)

Em decisão de id. 15157753, foi determinado o acolhimento institucional das crianças.

Foi proferida decisão deferindo o pedido liminar de suspensão do poder familiar da demandada, requerido pelo Ministério
Público, em face das menores Suiany e Julia, id. 34652743.

Após a instrução processual, foi proferida sentença que julgou procedente a ação, determinando a destituição do poder familiar da
requerida em relação aos menores Suiany, Julia e Rainan, id. 66957913, ficando as crianças Suiany e Julia, reinseridas em família

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extensa, desde o mês de março de 2020, sob a guarda do tio materno das mesmas, Sr Ananias dos Santos e sua esposa a Srª
Adriana Sena Pereira da Conceição. No tocante à criança Rainan, este foi inserido no SNA e vinculado a um casal de
pretendentes, estando sob a guarda dos mesmos.

Os casal guardião das meninas, peticionou através da Defensoria Pública, requerendo a revogação da guarda concedida, cumulada
om aplicação da medida protetiva de acolhimento institucional em favor das crianças, sob a alegação de que a permanência das
crianças sob a guarda do casal se tornou insustentável. O casal não recebe apoio do Município e Adriana sofre com a doença que
lhe acomete, o que inviabiliza a manutenção das crianças sob a guarda de Ananias e de Adriana, id. 76889024.

Em ofício de id. 78705601, a equipe técnica das Aldeias solicitou uma audiência, a pedido da família das crianças supracitadas,
para que se verifique um possível retorno de ambas ao serviço de acolhimento.

A Gerência de Alta Complexidade do município encaminhou ofício, a este Juízo, informando que a Conselheira Tutelar Valdineia
Mota, entrou em contato com a referida gerência, relatando que a Srª Adriana alegou que não teria condições de permanecer com
as crianças. Na ocasião, a equipe da GEALC, solicitou a reavaliação da inclusão das menores na família extensa, id. 80212911.

Instado a se manifestar, o Ministério Público requer o deferimento do pedido de revogação da guarda das crianças Suiany e Julia,
formulado pela Defensoria Pública, com aplicação da medida de proteção de acolhimento institucional em favor das mesmas, id.
80765597.

Conclusos vieram-me os autos.

É O RELATÓRIO. DECIDO.

Considerando que as criança foram submetidas à situação de vulnerabilidade, em razão da conduta de sua genitora,
bem como a família extensa alegou que não tem mais condições de ficar com a guarda das crianças, havendo relatos
de que a situação se tornou insustentável, verifica-se que o acolhimento institucional se afigura como a melhor
medida emergencial a ser adotada, nesse momento processual, até a possível adoção das mesmas, já que a
reintegração na família extensa, infelizmente, não foi exitosa.

No caso em tela, não há informações da existência de algum outro parente, que pudesse ficar com as menores, oferecendo
ambiente seguro e harmonioso para as mesmas.

O art. 3º da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) reza que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo de sua proteção integral, sendo-lhes assegurado todas as oportunidades e facilidades, a
fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Mais adiante o art. 5º do mesmo Diploma Legal prediz que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais”.

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A fim de garantir, ou melhor, defender a criança e o adolescente e dar proteção integral a essas pessoas em desenvolvimento, o
ECA prescreveu, em seu art. 101, medidas de proteção aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos na própria Lei forem
ameaçados ou violados, seja por ação ou omissão do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, ou em razão de
sua conduta, nos termos do art. 98 do ECA.

Assim, tendo em vista a urgência na prevenção da ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente,
revogo a guarda provisória das crianças Suiany dos Santos e Julia dos Santos concedida ao Sr. Ananias dos Santos e à sua esposa,
a Srª Adriana Sena Pereira da Conceição e, determino o acolhimento institucional das mesmas, junto à
instituição Aldeias SOS, deste Município, tendo em vista as informações nos autos de que as mesmas se encontram em
situação de risco e vulnerabilidade, junto à família extensa.

Expeçam-se as guias de acolhimento, na forma do art. 101, §3º, do ECA;

Determino à secretaria da Vara que verifique e certifique sobre o recebimento, pelo Cartório do Registro Civil das Pessoas
Naturais de Camaçari, dos mandados de averbação e da certidão de trânsito em julgado da sentença de destituição do poder
familiar, conforme solicitado no e-mail anexado ao ID n°76691359;

Determino a inserção dos nomes das crianças Julia dos Santos e Suiany dos Santos no SNA, como aptas à adoção.

Atribuo a presente, força de mandado/ofício.

Intimações necessárias. Ciência ao MP.

Cumpra-se.

CAMAçARI, 9 de novembro de 2020

Geórgia Quadros Alves de Britto

Juíza de Direito

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