Stj. Suspensão Cnh. RHC 99
Stj. Suspensão Cnh. RHC 99
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RELATÓRIO
VOTO
4. DA HIPÓTESE CONCRETA
Na hipótese em exame, o juiz de primeiro grau de jurisdição aplicou
medidas coercitivas indiretas ao pagamento sem observar o contraditório prévio
exigido pelo art. 9º do CPC/15 e sem motivação adequada à incidência da medida
de “expedição de ofício à polícia federal para anotação de restrição de saída do
país sem prévia garantia da execução” (e-STJ, fl. 21).
A falta de atendimento a essas exigências seria suficiente para
macular a validade de referido ato processual e, por conseguinte, impedir a
utilização desse meio de coerção indireta.
Contudo, na hipótese dos autos, na impugnação apresentada pelo
impetrante em favor do paciente (e-STJ, fls. 1-15), a determinação do art. 805,
parágrafo único, do CPC/15 não foi atendida, o que também representa violação
aos deveres de boa-fé processual e colaboração, previstos nos arts. 5º e 6º do
CPC/15.
Documento: 89783403 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 21 de 22
Superior Tribunal de Justiça
Desse modo, a despeito de se poder questionar a validade do ato que
impôs a medida constritiva indireta, como o impetrante ou mesmo o paciente, ao
arguirem violação ao princípio da menor onerosidade da execução para o
executado, não propuseram meio menos gravoso e mais eficaz ao cumprimento da
obrigação exigida, a única solução aplicável ao caso concreto é a manutenção da
medida restritiva impugnada (anotação de restrição à saída do país sem prévia
garantia da execução), ressalvada a possibilidade de sua modificação
superveniente pelo juízo competente na hipótese de ser apresentada sugestão de
meio alternativo.
Com efeito, sob a égide do CPC/15, não pode mais o executado se
limitar a alegar a invalidade dos atos executivos, sobretudo na hipótese de adoção
de meios que lhe sejam gravosos, sem apresentar proposta de cumprimento da
obrigação exigida de forma que lhe seja menos onerosa, mas, ao mesmo tempo,
mais eficaz à satisfação do crédito reconhecido do exequente.
Como esse dever de boa-fé e de cooperação não foi atendido na
hipótese concreta, não há manifesta ilegalidade ou abuso de poder a ser
reconhecido pela via do habeas corpus, razão pela qual a ordem não pode ser
concedida no ponto.
5. DISPOSITIVO
Forte nessas razões, NEGO PROVIMENTO ao recurso em habeas
corpus.