Aula 00
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Autor:
Tiago Zanolla
06 de Fevereiro de 2023
Índice
1) Apresentação TJ-SP
..............................................................................................................................................................................................3
4) O Ministério Público
..............................................................................................................................................................................................
35
5) Considerações Finais
..............................................................................................................................................................................................
56
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Oi, amigo(a)! Tudo bem?
Meu nome é Tiago Zanolla, Engenheiro de Produção de formação, com duas especializações: uma em
Gestão Empresarial e outra em Gestão de Projetos.
Minha vida no mundo dos concursos públicos começou em 2009, ano em que prestei meus primeiros
concursos. Com pouco mais de quatro meses de estudos fui aprovado no concurso do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná. Fui nomeado em 2011 e exerci até meados de 2020 a função de Técnico
Judiciário Cumpridor de Mandados na comarca de Cascavel. Após, passei a atuar em um Cartório
Criminal da Comarca.
Ainda em 2009, logo após finalizar minha graduação, tive uma breve passagem como professor
acadêmico. Já como professor para concursos públicos, atuo desde 2013 e sou especialista em
legislações institucionais de Tribunais, Ministérios Públicos, Defensorias Públicas, entre outros.
Mas, este curso não é escrito somente por mim. Na verdade, é um curso escrito à quatro mãos. Por mim
e pelo Professor Felipe Petrachini.
O professor Felipe, além de um grande amigo, é formado em Direito pela Universidade de São Paulo,
mais conhecida como Largo São Francisco e atualmente é Agente Fiscal de Rendas do Estado de São
Paulo (vulgo “Fiscal do ICMS”), tendo trabalhado como Chefe de Assistência Fiscal Jurídico Tributária.
Mas também já foi Assistente Técnico Administrativo do Ministério da Fazenda (2009), Técnico
Judiciário Área Administrativa do Tribunal Regional do Trabalho (2012). Fora isso, já foi chamado para
ser Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo e Escrevente Técnico Judiciário na
Circunscrição de Mauá, que também é longe pacas de onde eu moro.
Juntando tudo isso, em parceria com o Estratégia Concursos, que é referência nacional em concursos
públicos, trazemos a você a experiência como servidor público, como professor e como concurseiro.
Essa é uma grande vantagem, pois sempre poderei lhes passar a melhor visão, incrementando as aulas
e as respostas às dúvidas com possíveis dicas sobre as provas, as bancas, o modo de agir em dias de
provas etc.
Antes de começarmos a estudar, é necessário entender como funciona a cobrança em provas desse
conteúdo.
Pois bem, as legislações institucionais (ou específicas) são cobradas na literalidade. Isso quer dizer que,
==2ad67c==
salvo raros momentos, as questões de prova vão cobrar a aplicação ou interpretação dos itens da
norma. O examinador vai cobrar o rito, a estrutura, o procedimento e quem faz o que, e não o
significado e aprofundamento de cada item.
Portanto, para deixar nossa aula mais objetiva, mais produtiva e menos “enrolativa”, não vamos alongar
naquilo que é desnecessário para o curso de legislação. Isso seria extremamente contraproducente.
Explico. Por mais que eu gostaria de detalhar cada um, seria inútil para fins de concurso público e
estaríamos lhe vendendo um curso sem muita utilidade para sua prova.
Assim, vamos trabalhar de forma mais direta, sistematizando as leis e resoluções. Presumo, assim,
que nosso curso será mais didático e produtivo.
Por isso, os assuntos serão tratados ponto a ponto, com LINGUAGEM OBJETIVA, CLARA,
ATUALIZADA e de FÁCIL ABSORÇÃO. Teremos, ainda, videoaulas da matéria para que você possa
complementar o estudo.
Evitaremos, ao máximo, utilizar linguagem técnica. O objetivo aqui é fazer você acercar as questões de
prova!
Alinhado a isso, é imprescindível a leitura da lei seca, por isso, apresentaremos os itens legais e
explicaremos o que é mais importante. Geralmente, transformamos verso (a lei) em prosa (parágrafos).
Essa é uma maneira excelente de tornar o estudo agradável e eficiente.
Existem também assuntos que não valem o aprofundamento. Nesses tópicos, passaremos de maneira
mais rápida, para que possamos nos aprofundar nos assuntos mais importantes e com maior
probabilidade de cair na prova.
Outro ponto de atenção é que as videoaulas contemplam os principais pontos do conteúdo. Isso quer
dizer que, ao contrário do PDF, evidentemente, AS VIDEOAULAS NÃO ATENDEM A TODOS OS
PONTOS QUE VAMOS ANALISAR NOS PDFS, NOSSOS MANUAIS ELETRÔNICOS. Por vezes,
haverá aulas com vários vídeos; outras que terão videoaulas apenas em parte do conteúdo; e
outras, ainda, que não conterão vídeos. Nosso foco é, sempre, o estudo ativo!
Era isso!
FALE COMIGO
@proftiagozanolla
@proftiagozanolla
NOÇÕES PRELIMINARES
natural que o primeiro contato com uma disciplina seja, de certa forma, estranho e confuso. É natural
também que existam dúvidas. Portanto, o objetivo das “noções preliminares” é trazer, de forma
simples, alguns dos conceitos iniciais1 sobre o funcionamento da Advocacia, Ministério Público e do
Poder Judiciário.
Na verdade, o que vamos fazer é falar um pouquinho sobre como funciona um processo judicial. Tenho
certeza de que isso irá “clarear” as coisas ao longo das aulas.
Mãos à obra!
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA 1: Maria utilizava seu veículo Honda Fit para o trabalho. Em um fatídico dia,
trafegava pela Via W3 Sul (iria atender a um cliente), quando José, pilotando sua Range Rover Velar,
não percebeu o sinal vermelho (estava no WhatsApp), vindo a colidir com o carro de Maria.
Como é comum nesse tipo de situação, os dois motoristas discutem e culpam um ao outro pelo ocorrido.
Maria e José não chegam a um acordo sobre o “culpado” e sobre aquele que deve arcar com os prejuízos.
Maria, então, para ser ressarcida dos danos materiais (e dos danos cessantes, pois ficaria alguns dias
sem trabalhar), decide cobrar judicialmente José.
Na maioria dos casos, para ajuizar uma ação, a parte precisar ter capacidade civil e há a necessidade da
contratação de um advogado (se o valor fosse pequeno, Maria poderia ajuizar a ação diretamente no
Juizado Especial). Para tanto, Maria contrata o advogado Dart Veiderson e lhe apresenta todas as provas
admitidas no mundo do direito (testemunhais; imagens de câmeras de segurança; boletim de
ocorrência etc.).
Quem tem a capacidade de decidir quem estava certo e quem estava errado, naturalmente, é o Poder
Judiciário. Mas, por quê?
Pela divisão constitucional de funções, o Judiciário é instituído para assegurar a defesa social, tutelar e
restaurar as relações jurídicas na órbita da sua competência. Para isso, deve ser um poder
independente, no intento de proporcionar efetividade a diversos princípios e garantias constitucionais.
EXECUTIVO ADMINISTRA
PODERES DA
JUDICIÁRIO FUNÇÃO JURISDICIONAL
REPÚBLICA
ELABORA LEIS E
LEGISLATIVO
FISCALIZA EXECUTIVO
Em alguns países, certas matérias não podem ser apreciadas pelo Judiciário. Na França, por exemplo,
as decisões administrativas são definitivas, ou seja, não cabe ao pelo Poder Judiciário das decisões
tomadas no âmbito da Administração Pública. É o que a doutrina denomina de contencioso
administrativo. Portanto, na França, não temos apenas uma jurisdição, mas sim duas: a administrativa
(sistema de contencioso administrativo) e a judiciária (comum).
E, no Brasil, isso acontece? Negativo. De acordo com o que está disposto na Constituição Federal, todo
e qualquer fato pode ser levado ao Poder Judiciário.
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
A partir da leitura do texto constitucional, desvendamos que não vigora entre nós a existência de duas
jurisdições (como na França); No Brasil, vigora o princípio da unicidade de jurisdição, tendo em vista
que houve, para a formação do nosso sistema, a contribuição do sistema inglês, em que a definitividade
é traço formal do Judiciário (sistema de jurisdição una ou única).
Assim, não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Poder Judiciário (inafastabilidade),
ressalvadas raríssimas exceções postas por ela mesma. Também, não há exigência de esgotamento de
outras instâncias administrativas para se buscar a guarida jurisdicional. A única exceção constitucional
são as questões esportivas (justiça desportiva).
O Poder Judiciário é um poder instituído pela Constituição Federal que tem como
função principal resolver definitivamente conflitos de interesses, aplicando o direito
ao caso concreto.
Se, no Brasil, a Jurisdição é única como supracitado, porque existem várias justiças no país? Na verdade,
não existem várias justiças. O que existe é o a divisão da jurisdição. Os órgãos que integram o Poder
Judiciário NACIONAL estão enumerados no art. 92, da Constituição:
CNJ
JT - Juiz do JD – Juiz de
Juiz Eleitoral JF – Juiz Federal
Trabalho Direito
Trata-se, portanto, de um único e mesmo poder, estruturado por meio de órgãos federais e estaduais,
resultado da divisão da competência.
Com essa divisão, surgem duas alçadas: a Justiça Federal e a Justiça Estadual.
Algumas vezes, a competência é definida em razão do território - no Rio Grande do Sul, por exemplo,
questões entre particulares são julgadas, via de regra, pelo Tribunal de Justiça Estadual do Estado do
Rio Grande do Sul. Conflitos no Estado do Paraná são julgados pelo Poder Judiciário do Estado do
Paraná. Já em conflitos do Distrito Federal, pelo TJDFT.
Outras vezes, é definida em virtude da matéria - questões trabalhistas são julgadas pela Justiça do
Trabalho, independentemente do território; questões eleitorais pela Justiça Eleitoral.
Ainda, a competência pode ser definida em função da pessoa envolvida - causas que envolvam
empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal (CEF), por exemplo, são julgadas pela Justiça
Federal.
E quanto ao STF e ao STJ? De maneira muito sucinta, o STF é o guardião da Constituição Federal e,
por isso, julga demandas que ofendem diretamente o texto constitucional. Julga, ainda, algumas das
principais autoridades do país nos crimes comuns e de responsabilidade. Já o STJ funciona como um
tribunal superior e recebe recursos tanto dos Tribunais Regionais quanto dos Tribunais Estaduais.
Como dito, o Estado, por meio do Poder Judiciário, tem o poder-dever de resolver de forma definitiva
(palavra final), mas não tem o monopólio da resolução de conflitos.
Existem outras formas admitidas em direito pelas quais as partes podem buscar a solução de sua lide.
A isso se dá o nome de equivalentes jurisdicionais (ou formas alternativas de solução de conflitos). São
os modos de solução de conflito não jurisdicionais, ou seja, soluciona o conflito, mas não correspondem
à jurisdição.
AUTOCOMPOSIÇÃO - Forma de resolução em que uma das partes (ou ambas) abre mão do
interesse ou de parte dele (acordo). Também conhecida como conciliação, temos a figura do
conciliador que propõe, de forma simples, que um ou outro abdique de parte de seu direito para
a solução de conflito. Tecnicamente falando, ocorre a transação, a submissão e a renúncia.
Vou contar um exemplo que aconteceu comigo. Um banco cobrou cerca de quatro mil reais
indevidamente. Fundamentado pelo CDC, acionei judicialmente a instituição financeira a pagar a
Durante a transação, o conciliador propôs que ambos abríssemos mão do que estávamos pedindo.
Assim, chegamos a um acordo no valor de 6 mil reais. Eu renunciei a parte de meu pedido e o banco foi
submisso2 ao aceitar pagar um valor maior do que inicialmente estava disposto.
MEDIAÇÃO - A mediação tem por fundamento a vontade das partes. Difere-se da autocomposição,
principalmente porque existe a previsão de benefícios mútuos. Outra grande diferença é que, na
mediação, temos a figura do mediador. Este, diferentemente do conciliador, não propõe solução ao
conflito, apenas guia as partes nesse sentido.
Conciliação - é direcionada àqueles que têm uma relação pontual e é justamente essa relação
que dá origem ao conflito. O exemplo mais comum é a relação consumerista.
Mediação - atua, preferencialmente, nas lides3 em que há uma relação continuada entre as
partes. Por exemplo, um conflito familiar ou de vizinhança.
2
Submissão no processo judicial é denominada como reconhecimento jurídico do pedido. A transação e a denúncia mantêm-se
com o mesmo nome.
3 Segundo Carenelutti, lide é o conflito de interesses qualificados por uma pretensão resistida.
ARBITRAGEM - As partes escolhem um terceiro para que profira uma decisão sobre a sua controvérsia.
Geralmente, este terceiro exerce influência em seu meio. Limita-se a direitos patrimoniais disponíveis.
Ainda, cito uma quinta forma de solução. São os “Tribunais Administrativos” em que a administração
pública julga os conflitos no âmbito do seu poder. Não se trata de jurisdição porque não há
definitividade em suas decisões. Os melhores exemplos são os Tribunais de Contas, CADE, CARF etc.
Quando falamos que um Juiz tem competência para julgar, falamos que ele
tem JURISDIÇÃO!
Jurisdição voluntária - Não existe um conflito entre as partes, mas o negócio jurídico precisa ser
resolvido com a presença de um Juiz (também chamado de administração pública de interesses
privados). O exemplo clássico é a mudança do regime de casamento.
Portanto, jurisdição pode ser entendida como o poder do estado em resolver com definitividade
assuntos levados a sua apreciação.
Outro conceito que me parece caro é sobre o que chamamos de FORO JUDICIAL!
FORO JUDICIAL é a denominação dada a todos os serviços prestados pelo Poder Judiciário,
englobando as varas e ofícios judiciais e toda a estrutura destinada ao funcionamento do Poder
Judiciário. Aos ofícios de justiça incumbem a execução dos serviços do foro judicial, sendo-lhes
atribuídas as funções auxiliares do juízo a que se vinculam.
FORO EXTRAJUDICIAL é o local em que são praticados os atos notariais e registrais. A expressão é
utilizada para designar os serviços prestados pelos Notários e Registradores. São os cartórios que estão
espalhados pela cidade em que se reconhece firma, realiza-se casamento, registram-se nascimentos e
óbitos, fazem-se escrituras etc. A divisão é essa:
O advogado de Maria (também chamado de procurador) tem poderes para requerer em nome do
postulante (esses poderes emanam da procuração firmada). Assim, quem vai fazer um pedido ao Juiz,
expondo os fatos e apresentando a documentação, é o próprio advogado. O pedido é feito por meio do
que chamamos de peça inaugural.
É por meio da peça inaugural que o Juiz é instado a se manifestar, ou seja, é o meio que o
indivíduo provoca o Poder Judiciário e dá início ao processo judicial.
O juiz, ao presenciar um ato que infringe a lei, não pode processar o infrator ou tomar
alguma decisão judicial. Para que ele julgue qualquer que seja o caso, é necessário que haja
uma demanda (alguém peça ao Judiciário, isso é provocar). Esse alguém pode ser o
particular ou, então, o Ministério Público, por exemplo.
Assim, o Poder Judiciário só intervirá em espécie por provocação da parte (regra geral).
Após iniciado, não há mais inércia.
Como estamos falando de um processo cível, o pedido será feito por meio da petição inicial. Se fosse
um processo criminal, em regra, seria uma denúncia e partiria do Ministério Público (os particulares
também podem iniciar uma ação penal por meio da queixa-crime).
Dart Veiderson junta toda a papelada e vai ao Fórum apresentar esses documentos e o pedido ao Juiz.
Veja, eu disse papelada e não processo. E é bem isso mesmo! Esses documentos só serão um processo
após serem recebidos pelo Poder Judiciário.
Aliás, quem “trabalha” com processo é o Juiz. Os servidores “trabalham” com os autos do processo. A
diferença é o seguinte: o processo é o instrumento em si, enquanto os autos de processo são os
documentos que integram o processo.
Ah! Acima mencionamos que o advogado levará os documentos ao Fórum para “dar entrada ao
processo judicial”. Sobre isso, atualmente, via processo eletrônico, todas as peças processuais e o
peticionamento são feitos pela rede mundial de computadores (internet). Ou seja, na maioria dos casos,
não é mais necessário que o advogado vá ao fórum para entregar os documentos (embora ainda existam
processos físicos).
Outra informação bastante relevante é que, para que o processo seja peticionado, o autor, em regra,
deve recolher os valores referentes às despesas judiciais.
Diferentemente de outros órgãos ou Poderes que são custeados pelos impostos, o Judiciário é custeado
também pela demanda.
Por isso, fundamentado na autonomia financeira, cabe ao Poder Judiciário criar mecanismos para o
custeio de suas atividades.
[CONSTITUIÇÃO FEDERAL]
Art. 98. § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos
às atividades específicas da Justiça.
Para tanto, como regra geral, a prestação jurisdicional se dá por meio da contrapartida pecuniária do
requerente, ou seja, quando as partes solicitarem um ato judicial, devem pagar por ele (em regra,
antecipadamente).
Nesse sentido, as custas têm como finalidade a remuneração dos serviços forenses (termo relativo aos
serviços judiciais).
Custas é gênero e tem como espécies as custas judiciais, emolumentos (custas extrajudiciais) e a taxa
judiciária. Tendo natureza tributária, são fundamentadas no princípio da legalidade, ou seja, deve haver
previsão em lei para que seja possível a cobrança.
Em linhas gerais, as custas judiciais são devidas pelo processamento de feitos e são fixadas segundo
a natureza do processo e a espécie de recurso, especificados nas tabelas do TJ.
Exemplo: No ajuizamento de uma ação, o réu deve ser convocado a participar da relação processual (a lide, em regra, é
autor versus réu). Para tanto, a citação pode ser feita por meio de correspondência (carta com aviso de recebimento – AR),
pelo oficial de justiça ou por Edital). Independentemente da forma, o custeio desses atos é por meio das custas judiciais.
A parte deverá recolher aos cofres do Tribunal o valor correspondente ao ato. Por exemplo:
Exemplo: Existem várias coisas comuns com as pessoas quando passam em um concurso. Algumas
compram carro, outras um apartamento e outras, acredite, casam (rs). Brincadeiras à parte, todos
esses atos precisam de fé pública e são praticados em cartórios do foro extrajudicial. No caso do carro,
a autenticação por verdadeiro do documento de transferência do carro. Na compra de um
apartamento, a lavratura da escritura e o registro do imóvel. No casamento, a sua habilitação. Se
você quiser uma certidão de casamento, também precisa pagar por ela.
Já a TAXA JUDICIÁRIA é o encargo monetário devido pelas partes pela prestação de serviços de
natureza judiciária, pelos órgãos do Poder Judiciário do Estado. A taxa judiciária é variável e deve ser
recolhida em conformidade com o caso concreto.
Como o processo que estamos discutindo envolve apenas particulares, em regra, o processo deve
tramitar perante o juízo local que tem competência para julgar a lide (conflito).
Para que essa papelada seja analisada pelo Juiz, os autos devem ir para uma Vara Judicial. E para qual
tipo de vara o processo irá? Depende o que está sendo discutido.
JURISDIÇÃO PENAL OU CIVIL - Leva em conta a natureza da demanda. Sendo matéria penal
(crimes, contravenções etc.), o processo tramitará nas varas criminais. Existindo direito material
a ser discutido, a jurisdição será cível. Na prática, a jurisdição cível abrange tudo aquilo que não
seja de matéria penal.
JURISDIÇÃO COMUM E ESPECIAL - A jurisdição especial é aquela exercida pelas justiças que
têm sua competência em virtude do texto constitucional (Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar).
A justiça comum é composta pela Justiça federal (competência constitucional) e pela Justiça
Estadual, que tem competência residual.
O nosso caso envolve um conflito da esfera cível. Então, o processo tramitará em uma vara cível. Mas,
se na comarca da nossa hipótese tiver cinco varas cíveis, quem é que escolhe o juízo?
É necessário que essa papelada seja espaço geográfico (limita a competência). Por exemplo, o Tribunal
de Justiça do Ceará exerce legitimamente sua jurisdição no Estado do Ceará. Naturalmente, pela
extensão territorial do estado, este é fracionado para que cada Juiz atue em determinado local.
Ué? Mas e o princípio do Juiz Natural? Calma! É exatamente isso que eu quero que você entenda! O JUIZ
NÃO SE VINCULA PESSOALMENTE AO PROCESSO. Na verdade, quem está atuando no processo é
o próprio PODER JUDICIÁRIO e não o Juiz fulano de tal. Por isso, ele pode ser substituído em suas
funções (substituições legais).
Além disso, o princípio do Juiz Natural impede que o Presidente do TJ faça designações discricionárias
do magistrado. Isso elimina a figura do julgador por encomenda.
Por exemplo, imagine que determinado Juiz seja titular da “Vara da Fazenda Pública” e esteja julgando
e condenando com frequência a Prefeitura Municipal. Imagine só se o prefeito ligasse para o Presidente
do TJ (digamos que eles eram amigos de infância) e pedisse que o Juiz do feito fosse trocado, pois o
atual estaria “ferrando” com a sua vida.
Se isso fosse possível, o Presidente do TJ poderia, casuisticamente, tirar o processo desse magistrado e
mandar para outro juiz para que este o julgasse. Em razão do princípio do Juiz Natural e da
Independência Funcional, isso não é mais possível em nosso ordenamento jurídico.
Bem, e se prefeito ligar então para o Governador do Estado? Não é ele que manda nesse negócio todo?
Manda não! Explico. O Poder Judiciário goza de autonomia administrativa, funcional e financeira. Não
sou eu que estou dizendo isso não, é a própria Constituição Federal e o CODJ de cada estado:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
CÓDIGO DE ORGANIZAÇÃO
Por outro lado, se o Juiz titular sair de férias, pode outro juiz substituí-lo? Claro que pode. Não seria
racional que os processos ficassem parados aguardando a volta do titular. Essa substituição não é
discricionária. Existem regras predefinidas para isso.
AUTONOMIA FUNCIONAL – A autonomia funcional significa que o Judiciário está isento de qualquer
influência externa no exercício de sua atividade-fim. Ou seja, não obedece ao Poder Executivo e nem
ao Poder Legislativo ou a qualquer outro órgão.
Propor criação/extinção de cargos (mesmo tendo autonomia, o Judiciário deve seguir o rito para
aprovar uma lei. Assim, o Judiciário propõe, o Legislativo vota e o Executivo promulga);
Prover os cargos públicos. Não precisa de autorização do Governador para nomear os aprovados
em concurso;
AUTONOMIA FINANCEIRA – Refere-se ao fato de que cabe ao próprio Tribunal gerir, executar, aplicar
recursos e:
Está sujeita à fiscalização externa pelo Tribunal de Contas (ou Poder Legislativo);
O Executivo NÃO elabora a proposta do TJ e NÃO pode cortar orçamento. O Executivo apenas
consolida e ajusta a proposta.
Essas autonomias são necessárias para que o Poder Judiciário seja independente. Mas, tais autonomias,
por si só, não bastam. É necessário, também, garantir a atuação de seus membros de forma livre. Para
isso, existem algumas garantias constitucionais asseguradas aos magistrados:
Não é considerado um privilégio e nem fere a isonomia com os demais servidores públicos;
A irredutibilidade não é real, mas apenas nominal, não garante reajuste periódico
(entendimento do STF)!
Há redução pelo Teto do subsídio dos Ministros do STF e deduções legais (IRRF e Contribuições
Previdenciárias)
Eu poderia continuar falando sobre muito mais, mas vamos voltar a nossa “papelada”.
A papelada chegou à Vara Judicial. Uma Vara Judicial (também chamada de cartório, ofício de justiça
ou unidade judicial) é o nome dado a determinada área (foro) em que o juiz atua e exerce sua jurisdição.
Podemos entender que é um CARTÓRIO/VARA com toda a sua estrutura (Juiz, servidores etc.).
Recebidos na unidade judicial, os autos precisam ser autuados. Autuar nada mais é que preparar o
processo para tramitação interna.
Alguns atos podem ser praticados pela própria serventia judicial, outros precisam ser realizados pelo
magistrado.
Aqueles que podem ser feitos pelos servidores são chamados de ATOS ORDINATÓRIOS.
Para que o Juiz de Direito possa se manifestar, nós devemos mandar os autos para ele. O termo
CONCLUSO é utilizado quando o processo é encaminhado ao magistrado para que se pronuncie.
Basicamente, existem três tipos de concluso:
Concluso para Decisão – A decisão Interlocutória é uma simples decisão sobre algo importante
no processo, não sendo a decisão final.
Concluso para Sentença – Essa é a decisão em primeiro grau sobre o que foi pedido pelo autor.
Note que, nessa etapa, já existe um processo e também uma relação jurídica processual. Em que pese,
excepcionalmente, existir processo sem autor ou réu (ações abstratas), a regra é que a relação
processual é tríplice.
OBS: A doutrina entende que, na jurisdição voluntária, não há partes, mas meros interessados.
Intervenção de Terceiros – é ato processual pelo qual uma parte estranha ao processo (terceiro)
ingressa, por autorização legal, na relação processual.
Olha que interessante! Até esse ponto a parte requerida (réu) nada sabe sobre o processo. Veja, o
processo existe? Existe! Já está no Judiciário, tem número de processo e as custas judiciais foram pagas
(se cabível).
O réu (José) deve participar do processo, correto? E como ele será convocado a participar? É por meio
da citação. E é isso que você tem de ter em mente. Quando o acusado/réu não tem ciência do processo
e deve ser chamado a participar, é por meio da citação.
Sendo devidamente citado (seja por carta registrada ou por oficial de justiça), certamente ele vai
apresentar a contestação dos fatos. Qual o próximo passo? Muito provavelmente o Juiz irá determinar
uma audiência, em que ambas as partes devem comparecer. Agora, responda-me: para convocar as
partes para a audiência, será emitida uma citação? NÃO!!! Todo mundo já tem ciência de que existe um
processo. Agora, todos os atos e termos processuais serão comunicados por meio da intimação.
CPC - Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado
para integrar a relação processual.
Veja que, no caso da citação, o requerido não tem conhecimento do processo, por isso, pense no
seguinte: o Autor da ação precisa ser citado? Claro que não, ele já tem ciência/conhecimento do
processo.
Intimação – Agora que o requerido já foi chamado ao processo, ele deve ser comunicado dos
atos e termos do processo. Isso se faz por meio da intimação.
CPC - Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
==2ad67c==
Bem, daqui por diante cada processo tem uma vida própria a depender de sua matéria e complexidade.
Vários atos e termos podem ser praticados. O principal deles é a audiência. Falando em audiência, anote
aí:
Embora mais raro, no segundo grau de jurisdição também podem ocorrer audiências.
A diferença básica entre cada um é que nas audiências dá-se atenção a quem está falando (réu, autor e
advogado). Nas sessões, realizadas pelos órgãos colegiados de segundo grau, assiste-se ao debate
entre os Desembargadores.
Calma aí! Vou te explicar direitinho como isso funciona ao longo do curso.
O processo em epígrafe tramitou perante o primeiro grau de jurisdição. Os graus de jurisdição são
chamados de instâncias. Em cada uma delas é proferida uma decisão. Quando uma das partes não
concorda com a sentença proferida nessa instância, ela recorre. O processo, então, é distribuído à
instância superior para “novo” julgamento.
STJ
VARA TRIBUNAL DE
JUDICIAL JUSTIÇA
2ª INSTÂNCIA
STF
1ª INSTÂNCIA
Em regra, os processos iniciam no primeiro grau e tramitam em uma vara Judicial. Após a sentença, o
interessado pode interpor RECURSO para o segundo grau e, então, o feito tramitará no segundo grau
(segunda instância).
No primeiro grau de jurisdição, o processo é conduzido por um Juiz de Direito. As decisões durante o
processo e a sentença são tomadas somente por ele. Quando o Juiz profere a sentença, o processo
finaliza no primeiro grau de jurisdição. O “sucumbido”, se assim desejar, terá prazo para que possa
interpor recurso. Recurso é REMÉDIO VOLUNTÁRIO que pleiteia, dentro do mesmo processo, a
reforma ou a invalidação da decisão que se impugna.
O recurso é feito para que os Desembargadores (magistrados de segundo grau) possam atacar as
decisões dos magistrados de primeiro grau.
Existem duas formas de o processo chegar ao segundo grau. A primeira e mais tradicional é via recurso.
Recurso nada mais é que a contestação da sentença do juiz de primeiro grau. A segunda é quando algum
órgão do Tribunal tem competência originária para processar e julgar aquela matéria.
Competência originária é a competência para conhecer e julgar pela primeira vez um feito.
Portanto, tanto o juiz, que profere uma sentença singular no primeiro grau, tem competência originária
quanto os Desembargadores que conhecem e julgam diretamente no segundo grau. As hipóteses de
competência originária dos Desembargadores estão expressas no Regimento Interno de cada Tribunal.
Efeito Devolutivo – “Devolve” toda a matéria para ser reexaminada na instância superior, para
que a sentença seja mantida ou anulada em todas as suas etapas anteriores. Os efeitos da
decisão em primeiro grau devem ser cumpridos;
Existem outros, mas esses dois são importantes para o nosso curso. Se o interessado não interpor
recurso, o processo transitará em julgado e será encerrado. Quando falamos em trânsito em julgado,
estamos nos referindo à coisa julgada, ou seja, é a eficácia que torna imutável a sentença, seja definitiva
ou terminativa, não mais sujeita a recurso de qualquer espécie.
Recebido o RECURSO, o processo vai para o órgão de segunda instância competente e lá é distribuído
para um dos membros. Sim, no segundo grau os processos também devem ser distribuídos.
Na prática, todos os processos e atos de competência cumulativa de 2 (dois) ou mais juízes ESTÃO
SUJEITOS À DISTRIBUIÇÃO ALTERNADA E OBRIGATÓRIA, obedecidos os preceitos da legislação
processual.
O Desembargador sorteado será o RELATOR do processo a quem cabe ordenar e dirigir o processo. Na
prática, o Relator irá resumir o processo para que os demais membros do órgão possam votar.
Lembrando que o relator irá produzir o relatório e proferirá seu voto. Os demais membros podem
acompanhar o voto do Relator como podem discordar (o voto do relator não vincula os demais
membros).
Acompanhou o voto do Relator – Quando o magistrado vota de acordo com o voto do Relator.
Após a decisão final do Tribunal (acórdão), havendo a possibilidade de recorrer, o interessado o fará à
instância extraordinária. Se alegar ofensa à lei federal, o recurso é direcionado ao STJ. Se a alegação for
contra ato contrário à Constituição Federal, o recurso será direcionado ao STF.
Como dito, no primeiro grau, o processo é julgado por um juiz, o qual decide de forma monocrática. Em
segundo grau, os Desembargadores formam órgãos colegiados para decidir sobre os processos. A
decisão é pelo voto (por isso chamamos de sessão). Em instâncias extraordinárias, os ministros dos
tribunais superiores se reúnem em turmas para o julgamento dos recursos.
ATIVIDADE
2º GRAU DESEMBARGADORES
JURISDICIONAL
GRAU
MINISTROS
EXTRAORDINÁRIO
Essa estrutura se dá em virtude do duplo grau de jurisdição (tanto na alçada federal quanto na
estadual). No primeiro grau, atuam os juízes nas Varas Judiciais. No 2º grau, tratado como Tribunal de
Justiça, atuam os desembargadores (às vezes designados como membros), que julgam os recursos
interpostos às sentenças preferidas pelos juízes em primeiro grau.
OK! Mas e os Tribunais Superiores, esses são o 3º Grau? Nada disso! Os Tribunais Superiores são
chamados de grau extraordinário.
Ah! Por acaso, você já ouviu falar de concurso para Desembargador ou Ministro?
De todas as carreiras da magistratura (juiz, desembargador e ministro), só existe concurso para o cargo
inicial, Juiz Substituto ou Juiz de Direito Substituto.
Acha que estou falando besteira? Que nada, quem diz isso é a Constituição Federal.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal, sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual,
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Viu? Todos os Ministros têm forma específica ingresso e nenhum deles é via concurso. Não sei se você
notou, mas para ser ministro do STF nem formação jurídica precisa ter. Quem sabe um dia você não
acorda com um telegrama à porta trazendo sua nomeação! Brincadeiras à parte, no começo da
república até tivemos um membro do STF que era médico. Foi o ilustre Cândido Barata Ribeiro.
Outra coisa que pode chamar a atenção é o fato de alguns membros do judiciário serem originados do
Ministério Público ou membros da advocacia. É o que chamamos de membros oriundos do Quinto
Constitucional. Segura aí na cadeira que já vamos falar deles.
Para ser membro da Magistratura de segundo grau, também não há concurso e sim os membros se
originam da carreira ou do quinto constitucional.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação;
Elevação na Carreira;
Desembargador
Quinto Constitucional
Primeiramente, você deve entender que os magistrados ingressam na carreira como juiz substituto e
atuam no primeiro grau de jurisdição. Após dois anos de efetivo exercício, o magistrado torna-se
VITALÍCIO no cargo.
MEMBROS
VITALICIEDADE APÓS 2 ANOS
JUDICÍARIO/MP
Antiguidade - é uma lista que faz o que o nome diz. Enumera, do mais antigo para o mais novo,
a relação de magistrados. Recusado o primeiro nome da relação, pela maioria de dois terços dos
membros do Tribunal (Constituição Federal, artigo 93, II, “d”), repetir-se-á votação do nome
imediato, e assim sucessivamente, até se fixar a indicação.
Membros do Ministério Público com mais de 10 anos de carreira (conta-se após a nomeação
e posse);
Advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional (contados após a inscrição como advogado na OAB).
Verificada a vaga que deva ser provida pelo quinto constitucional, o Presidente do Tribunal de Justiça a
proclamará no Diário da Justiça e oficiará ao Ministério Público ou à Ordem dos Advogados do Brasil,
Secção do Estado, para que indiquem os integrantes em lista sêxtupla, com observância dos requisitos
constitucionais exigidos.
Recebida a lista sêxtupla, o Tribunal transformará a lista com seis nomes em lista tríplice mediante o
voto plurinominal (cada Desembargador vota em 3 nomes) em sessão pública e a enviará ao Chefe do
Poder Executivo (Governador) para que, nos 20 dias subsequentes à remessa, escolha e nomeie um
dos integrantes para o cargo de desembargador.
Em síntese:
ANTIGUIDADE
ELEVAÇÃO DE JUIZ
ACESSO
DE CARREIRA
MERECIMENTO
PROVIMENTO DO
CARGO DE
DESEMBARGADOR MEMBROS DO
MEMBROS ORIUNDOS MINISTÉRIO PÚBLICO
NOMEAÇÃO DO QUINTO
CONSTITUCIONAL MEMBROS DA CLASSE
DE ADVOGADOS
DESEMBARGADORES
MAGISTRADOS
DE CARREIRA
OBS: Nos Tribunais em que for ímpar o número de vagas a serem preenchidas pelo quinto
constitucional, uma delas será, alternada e sucessivamente, preenchida por advogado e por membro
do Ministério Público, em razão do critério da paridade.
Ser “essencial à justiça” é auxiliar o exercício da Jurisdição pelo Poder Judiciário. Isso não quer dizer que
tais entidades pertençam à estrutura do Judiciário. Vamos falar um pouco dessas funções antes de
começar a estudar a estrutura do MP.
A ADVOCACIA PRIVADA
Cabe à advocacia privada a defesa dos particulares, postulando em qualquer órgão do Poder Judiciário
e aos juizados especiais (advocacia contenciosa), bem como atividades de consultoria, assessoria e
direção jurídica.
A ADVOCACIA PÚBLICA
Cabe à advocacia pública a defesa, em juízo, do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário. A advocacia também presta a consultoria jurídica, mas somente ao Poder Executivo.
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
A DEFENSORIA PÚBLICA
Vivemos em um Estado democrático de Direito, o qual deve assegurar o exercício de Direitos pelos
indivíduos. Para tanto, deve contar com um sistema jurídico eficiente e atuar positivamente por meio
de mecanismos que garantam o acesso a esse sistema.
Como vimos acima no nosso “causo”, a regra para postular em juízo é por meio de um advogado.
Entretanto, como você bem sabe, a desigualdade social no Brasil é tamanha que algumas pessoas não
têm condições de pagar por um advogado. E isso nos leva a seguinte questão: a natureza do sistema
jurídico pode criar barreiras ao acesso à justiça (o que torna o exercício do direito de acesso à justiça não
tão fácil assim).
Ocorre que o acesso à justiça é um dos requisitos mais basilares do estado democrático de direito e de
um sistema jurídico eficiente.
Art. 5º [...]
==2ad67c==
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
A assistência jurídica, nesse contexto, envolve o amparo estatal como atividade assistencial aos
hipossuficientes.
Segundo o ordenamento jurídico vigente, essa assistência deve ser prestada pela Defensoria Pública.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, AOS
NECESSITADOS, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
Art. 134. A Defensoria Pública [...] a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e
gratuita, AOS NECESSITADOS, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
A defesa judicial não deixa dúvidas. O requerente vai até a Defensoria e, caso não consiga a solução
extrajudicial, a instituição ajuizará ação no Poder Judiciário (na prática, o Defensor atua como advogado
da parte).
Em razão do advento da EC 80/14, além da defesa judicial, a Defensoria possui a atribuição da defesa
extrajudicial (composição entre os conflitantes por meio da conciliação, mediação, arbitragem ou
outras técnicas de resolução de conflitos).
A possibilidade de TAC advém da previsão da Lei nº 7.347/1985 que disciplina a ação civil pública:
II - a Defensoria Pública;
[...]
Por isso, você deve entender que a Defensoria promove o acesso à Justiça, não somente o acesso ao
Poder Judiciário. Como assim? Senta aí que explico.
Uma pessoa pode ir à Defensoria buscar a simples orientação sobre um direito ou, se vivendo um
conflito, a instituição busca, antes do ajuizamento da ação, a autocomposição (conciliação, mediação
etc.), resolvendo o conflito extrajudicialmente. O ajuizamento da ação perante o Poder Judiciário é
somente uma das formas de atuação da Defensoria.
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Título executivo extrajudicial é o documento hábil para acionar o devedor por meio de uma execução forçada para receber
o montante representado no título.
Também, além da defesa individual, possui a Defensoria a atribuição da defesa coletiva, com
legitimidade para o ajuizamento de ações coletivas e ações civis públicas. Nesse caso, a Defensoria pode
atuar mesmo sem o requerimento de algum necessitado.
Como visto, à DP cabe a defesa judicial, extrajudicial e, primordialmente, a orientação jurídica dos
necessitados, o que nos remete ao inciso LXXIV do art. 5º, que assim dispõe: “o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos."
O conceito de insuficiência de recursos precisa ser analisado com base no princípio da dignidade da
pessoa humana (CF/88, art. 1º, III). Portanto, a Defensoria Pública deve atuar voltada à prestação de
assistência jurídica ao necessitado, assim entendido aquele que não tem condições de arcar com as
despesas inerentes aos serviços jurídicos de que necessita (contratação de advogado e despesas
processuais) sem prejuízo de sua subsistência.
Nesse sentido, a Defensoria Pública não atua somente na defesa de “pobres”, mas sim de todo aquele
que necessita ser assistido por ela. Um exemplo é o processo penal.
Segundo a LC Nº 80/94, sempre que alguém é preso e não constitui advogado, os autos de prisão em
flagrante devem ser remetidos à Defensoria. Mas, e se o preso não for pobre? Não importa, nesse caso,
não há análise de renda, pois a defesa técnica é obrigatória no processo penal.
JÁ CAIU EM
PROVA!
Q01. (MPE-RS – 2008 – MPE-RS) A Constituição Federal vigente situa o Ministério Público
a) dentro do Poder Judiciário.
b) dentro do Poder Executivo, em capítulo especial.
c) em capítulo especial, fora da estrutura dos demais poderes da República.
d) dentro do Poder Legislativo.
e) como órgão de cooperação das atividades do Poder Executivo.
COMENTÁRIOS
O Ministério Público não integra nenhum dos três poderes (judiciário, executivo e legislativo). Em nossa
Constituição Federal, o MP é colocado em um capítulo especial, tratado como instituição permanente
essencial à função jurisdicional do Estado, sendo dotado de independência funcional.
Desta forma, apenas a LETRA C está correta.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
SEÇÃO I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
GABARITO: Letra C
O MINISTÉRIO PÚBLICO
Digamos que, no nosso “causo”, Maria, em decorrência do acidente de trânsito, viesse a óbito. O
inquérito policial concluiu que José e Maria eram recém-divorciados e aquele não aceitava o fim do
relacionamento e, por isso, agiu com dolo “jogando o carro em cima” do carro de Maria.
Um homicídio tem grande repercussão na sociedade, por isso, extrapola o âmbito individual da vítima e
interessa a toda a sociedade que o crime seja apurado e o autor punido. Outros, por sua natureza e
menor gravidade, interessam mais à vítima que à sociedade.
No primeiro caso, cabe ao ESTADO promover a ação penal para punir o criminoso. E não é o Judiciário
que promove a ação. Lembre-se de que o Judiciário é regido pelo princípio da inércia. Então, alguém tem
de ir lá e exercer o papel de autor dessa ação (provocando o Judiciário). Esse alguém, em regra, é o
Ministério Público.
Existem três (ou quatro, dependendo da vertente) espécies de ação penal. Em apertada síntese (porque
não é nosso objetivo aqui esmiuçar as nuances do direito) podemos conceituá-las assim:
AÇÃO PENAL PÚBLICA: Em síntese, sendo bastante preciso, a ação penal é o dever-direito que o
estado tem ou o direito do ofendido de solicitar a aplicação da lei em casos concretos. A pretensão é
punir o infrator. Por expressa previsão Constitucional, é de iniciativa exclusiva do Ministério Público,
representando o interesse social. A ação penal pública não depende da vontade da vítima. Ela pode ser
incondicionada ou condicionada.
AÇÃO PENAL PRIVADA: é promovida pelo ofendido ou por quem possa representá-lo. É oferecida
mediante QUEIXA. Ex. Calúnia, difamação etc.
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Ela não é privada, mas pública. Originariamente,
cabia ao MP, entretanto, este fica inerte, ou seja, não adota nenhuma medida. Assim, abre-se a
possibilidade para que o ofendido, o seu representante legal ou os seus sucessores ingressem com a
ação penal privada subsidiária da pública, assumindo a titularidade da ação penal.
Uma vez finalizado o processo criminal em primeira instância, o condenado tem igualmente a
oportunidade de contestar a sentença via recurso.
Como você viu, o Ministério Público exerce funções diferentes daquelas exercidas pelo Poder
Judiciário. O MP é composto pelos seus membros, chamados de promotores ou de
procuradores, os quais NÃO SÃO membros do Judiciário!
Um erro comum sobre a natureza do Ministério Público é associá-lo ao Poder Judiciário. Esse é um erro
grave, inclusive. O Ministério Público NÃO pertence à estrutura do Poder Judiciário, nem do Poder
Legislativo, muito menos do Poder Executivo.
CF conferiu elevado status constitucional ao MP, assim não é um 4º Poder e nem vinculado ao
Legislativo, Judiciário e Executivo. Também não é um ente (União, Estados, DF e Municípios). É o que,
então? É uma instituição INDEPENDENTE, essencial à função Jurisdicional do Estado, ou seja, é essencial
à execução do poder jurisdicional. Estudaremos isso em seguida.
Para identificarmos sua estrutura, o ponto de partida é o Art. 128 da Constituição Federal:
Perceba que o artigo 128 trata do Ministério Público brasileiro que abrange o MPU e os Ministérios
Públicos Estaduais. O MPU é um só, dividido em quatro ramos e tem atuação em todo o território
nacional. Já o Ministério Público dos Estados tem atuação nos limites territoriais da respectiva unidade
da federação. Graficamente, a estrutura do Ministério Público é esta:
Quando falamos “Ministério Público”, em regra, estamos nos referindo a toda a estrutura do MP, ou
seja, MPU + MP Estaduais. Algumas bancas costumam se referir a essa estrutura como Ministério
Público brasileiro, Ministério Público comum ou Ministério Público nacional.
Por sua vez, algumas vezes você encontrará o termo “Ministério Público especial”. Essa menção refere-
se aos Ministérios Públicos que atuam perante os Tribunais de Contas que, como veremos a frente, não
pertencem a estrutura do Ministério Público.
Ah! Já anote aí: O Ministério Público NÃO TEM UM CHEFE. Cada MP tem o próprio. Assim, o Procurador-
Geral da República é o chefe do MPU e os Procuradores-Gerais de Justiça Estaduais são chefes dos MPs
Estaduais respectivos.
Por não existir hierarquia entre o MPU e o MP DOS ESTADOS, naturalmente, o PGR não é
hierarquicamente superior aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados.
O Ministério Público da União é regido pela Lei Complementar nº 75/1993. O MPU atua em todo o
território nacional. A atuação de cada um dos ramos está ligada às “especialidades” do Poder Judiciário.
“Coincidentemente”, nós temos quase que as mesmas opções no Ministério Público. É isso aí mesmo
que você está pensando: cada ramo do MPU atua perante uma especialidade da justiça brasileira e os
Ministérios Públicos Estaduais perante o Poder Judiciário dos Estados.
O MPF tem competência para atuar em qualquer tribunal ou juízo do país quando a causa for
relacionada a direito das populações indígenas, do meio ambiente, de bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, integrantes do patrimônio nacional.
Outra informação bem importante é que, em regra, quem atua no STF é o PGR, mas ele pode designar
Subprocuradores-gerais da república (membros da carreira do MPF) para atuar lá também. No STJ,
atuam, precipuamente, o PGR e os MPF.
Entretanto, segundo jurisprudência do STF, os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios podem postular diretamente no STF e no STJ, em recursos e meios de impugnação oriundos
de processos nos quais o ramo Estadual tem atribuição para atuar. Ainda, detém legitimidade ativa
autônoma para propor reclamação constitucional perante o Supremo Tribunal Federal.
Primeiro: os Tribunais de Contas não pertencem à estrutura do Poder Judiciário brasileiro. São “Cortes”
especializadas na análise das contas públicas.
Algumas questões mencionam “Ministério Público Especial”. Esse tipo de termo refere-se
aos Ministérios Públicos junto aos Tribunais de Contas.
Os Ministérios Públicos junto aos Tribunais de Contas são incumbidos de controle externo e da
fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial da administração pública.
Os MPs que oficiam perante os Tribunais de Contas da União (TCU) e Tribunais de Contas Estaduais
(TCEs) não fazem parte do Ministério Público Brasileiro.
Embora sejam instituições distintas e uma não pertença à estrutura da outra, por previsão
constitucional, os direitos, vedações e formas de investidura do Ministério Público
estendem-se aos MP junto aos Tribunais de Contas.
CF-88: Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-
se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura
Se você voltar na redação do Art. 128, da Constituição Federal, não irá encontrar menção a um ramo
chamado Ministério Público Eleitoral. De fato, ele não existe. Se não tem um ramo, também não há
carreira ou estrutura própria.
Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à Justiça Eleitoral, as
‘funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo eleitoral.
Na verdade, a “função eleitoral” é dividida entre o Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos
Estaduais.
Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas Eleitorais serão
exercidas pelo Promotor Eleitoral.
Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo
incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.
Apesar de sua semelhança, o MPDFT pertence à estrutura do MPU, portanto, não pode ser tratado como
um Ministério Público Estadual (isso cai bastante em provas).
Cai muito em provas a alegação que o MPDFT é um Ministério Público equivalente aos
estaduais, o que é errado, pois o MPDFT é um dos ramos do MPU.
Se você observar bem, o MPU e os Ministérios Públicos Estaduais estão no mesmo plano, portanto, NÃO
HÁ HIERARQUIA ENTRE ELES.
Os Ministérios Públicos dos Estados são regulados pela Lei nº 8.625/93. Esse diploma, intitulado de Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público (LONMP para os mais íntimos), dispõe sobre normas gerais para
a organização do Ministério Público dos Estados.
Por trazer normas gerais de organização dos MPs Estaduais, a competência legislativa é privativa do
Presidente da República.
II - disponham sobre:
Um aspecto que me parece muito importante ressaltar é o fato de que pode existir, em cada estado,
uma Lei Orgânica do Ministério Público. Essa, de iniciativa FACULTATIVA dos chefes dos respectivos
MPs, trata de normas específicas do Ministério Público local (quando você ouvir Ministério Público local,
estamos falando do Ministério Público do estado).
[LEI N. 8.625/1993]
Art. 2º Lei complementar, denominada Lei Orgânica do Ministério Público, cuja iniciativa é facultada
aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados, estabelecerá, no âmbito de cada uma dessas
unidades federativas, normas específicas de organização, atribuições e estatuto do respectivo
Ministério Público.
Perceba que aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados (chefes dos respectivos MPs Estaduais) tem
a iniciativa de lei, ou seja, os chefes fazem a PROPOSTA de lei para a Assembleia Legislativa respectiva
(mesmo o MP tendo autonomia, tudo o que depender de lei precisa ser aprovada pelo Poder Legislativo
local).
Ah! Acredito eu você já saiba, mas a LONMP ressalta que a organização do MPDFT, por pertencer à
estrutura do MPU, NÃO é abrangida por essas leis.
[LEI N. 8.625/1993]
Art. 2º Parágrafo único. A organização, atribuições e estatuto do Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios serão objeto da Lei Orgânica do Ministério Público da União.
Falando nisso, há alguns aspectos que precisamos diferenciar desde já. O MPU é organizado pela Lei nº
75/93, enquanto os MPs dos Estados pela Lei nº 8.625/93 + Leis estaduais.
MINISTÉRIO PÚBLICO DA
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
UNIÃO
Rege-se CF88 + LC nº 75/93 CF88 + Lei nº 8.625/93 e Lei Estadual
Mister destacar que as normas constantes na LC 75/93 se aplicam, SUBSIDIARIAMENTE, aos Ministérios
Públicos dos Estados.
[LEI N. 8.625/1993]
Art. 80. Aplicam-se aos Ministérios Públicos dos Estados, subsidiariamente, as normas da Lei Orgânica
do Ministério Público da União.
Tudo certo até aqui? Lembre-se: qualquer dúvida, estamos lá no fórum de dúvidas. Por mais simples que
possa parecer, nos chame por lá.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
Anote ainda:
NÃO são aplicáveis ao MP os decretos e regulamentos expedidos pelo Poder Executivo, uma
vez que a instituição não se submete ao poder regulamentar deste.
2. (FGV – 2016 – MPE-RJ - ADAPTADA) Estevão e Pantaleão debatiam a respeito dos distintos aspectos
que caracterizam o Ministério Público no Brasil. Ao fim, não alcançaram um consenso a respeito da
posição dessa instituição no âmbito das estruturas de poder e das funções que deve desempenhar.
A esse respeito, é correto afirmar que o Ministério Público é instituição constitucionalmente
autônoma, sem qualquer subordinação aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
Comentário
GABARITO: Correta
3. (FGV – 2016 – MPE-RJ - ADAPTADA) Marta, viúva e mãe de cinco crianças, procura o Promotor de
Justiça da sua Comarca e informa que fornecera salgadinhos para um restaurante durante todo o
mês. Ao final desse período, foi comunicada que não seria paga porque os clientes do restaurante
não consumiram os salgadinhos na quantidade esperada pela direção. O problema é que, sem esse
dinheiro, ela terá dificuldades para arcar com as despesas da casa.
O Promotor de Justiça, ao receber o pedido de Marta, deve eximir-se de adotar qualquer medida
em favor de Marta, limitando-se a orientá-la para que procure um advogado ou Defensor Público.
Comentário
ACHOU DIFÍCIL? Por isso precisei passar alguns aspectos básicos sobre o funcionamento do judiciário e
das funções essenciais à justiça. Isso cai em provas!
O promotor pode representar em juízo hipossuficientes? Claro que não! Isso cabe à Defensoria Pública.
Por isso, o Promotor deve eximir-se de adotar qualquer medida em favor de Marta, limitando-se a
orientá-la para que procure um advogado ou Defensor Público;
GABARITO: Correta
Agora que já estamos familiarizados com o Ministério Público, precisamos saber sobre sua natureza.
Para isso, a Constituição Federal, a Lei n. 8.625/93 e a LC Estadual têm a seguinte disposição:
NORMATIVO DISPOSIÇÃO
Isso é sempre objeto de cobrança em provas. Então, a primeira tarefa com essa informação é
MEMORIZÁ-LA:
Apesar de ser pequeno, o artigo supra nos diz muito sobre o Ministério Público. Vejamos:
a) INSTITUIÇÃO INDEPENDENTE
O MP deve sempre ser tratado como uma INSTITUIÇÃO, nunca como Poder, ente ou órgão.
Não é um poder porque, de acordo com a Constituição, temos apenas o Judiciário, Legislativo e
Executivo. É isso o que diz a CF 88:
Ademais, o MP não se vincula a nenhum poder, por isso é chamada de INSTITUIÇÃO INDEPENDENTE.
Imagine, se por acaso, o MP fosse vinculado a algum Poder ou órgão. Nesse caso, a atuação da instituição
seria restrita em razão da dependência hierárquica. Sendo independente, o MP pode agir contra quem
quiser.
Não é um ente, pois não se equipara à União, estados, Distrito Federal ou municípios.
Não é um órgão, pois órgão público é uma unidade com atribuição específica e pertence a estrutura
orgânica de determinada organização. Portanto, não podemos tratar o MP como órgão, pois o próprio
MP é a organização.
Anote aí que o MP NÃO pode ser tratado com um poder, ente ou órgão;
b) INSTITUIÇÃO PERMANENTE
Por permanente, entende-se que o MP não é uma instituição temporária e que está sempre disponível.
Não, não é cláusula pétrea. Trata-se de uma vedação implícita. Explico. Precipuamente, cabe ao
Ministério Público a defesa da sociedade, principalmente os direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos. Nesse caso, extinguir o MP é atacar tais direitos e garantias. Daí, entende-se que o MP não
pode ser extinto por Emenda Constitucional.
Nós podemos ter uma EC alterando procedimentos ou ampliando a atuação do Ministério Público.
Suprimir funções é ferir os direitos e garantias fundamentais do cidadão.
É mister destacar que o MP não tem Jurisdição. Quem tem jurisdição é o Poder Judiciário. Por exemplo:
se durante a investigação um membro do MP constatar indícios de tráfico de drogas e também de
exploração sexual infantil. Nessa situação, dada a urgência e periculosidade dos crimes, o Ministério
Público poderá decretar a prisão dos suspeitos?
Claro que não!!!! De acordo com a organização constitucional, quem tem o poder de “dizer o direito” é
o Poder Judiciário. Nessa hipótese, cabe ao MP representar ao juízo competente SOLICITANDO a prisão
dos suspeitos.
O MP não manda prender e nem solta. O MP acusa e aí cabe ao Poder Judiciário processar e julgar o
suspeito.
Infere-se que o MP exerce funções distintas das do Poder Judiciário. O MP é uma Instituição que atua
paralelamente ao Judiciário, cuja finalidade é auxiliar no exercício da Jurisdição, seja como parte ou
como fiscal do cumprimento da lei no processo (custos legis).
O Ministério Público NÃO defende os interesses do governo. Em sua atuação, o MP está SEMPRE
DEFENDENDO OS INTERESSES DA SOCIEDADE, e nunca de um indivíduo isoladamente ou do Governo.
Essencialmente, o MP atua:
Defesa da Ordem Jurídica Conjunto de leis e constituição federal (ADI, fiscal etc.); Fiscaliza o
efetivo cumprimento das leis e dos atos praticados pelos órgãos do Estado (pode ser como autor
ou custos legis);
Defesa do Regime Democrático de Direito Observância dos princípios que garantem a
participação popular na condução do país. O MP também atua quando atos contrários à
democracia são praticados (ex. ação interventiva);
Defesa dos interesses sociais … direit8os em que esteja presente o interesse geral, da
coletividade; Direitos difusos, coletivos, de interesse social. São aqueles que os beneficiários são
indetermináveis (ex. meio ambiente, patrimônio público, consumidor etc.).
Defesa dos Individuais Indisponíveis – aqueles que não podem ser dispostos, abdicados,
vendidos etc.
O MP atua também na defesa dos direitos individuais disponíveis pode atuar quando
forem homogêneos (tem origem comum, atinge mais de uma pessoa e tem relevância social.
Ex. Direito do Consumidor etc.)
Sobre a defesa dos direitos individuais disponíveis HOMOGÊNEOS, o STJ teve a oportunidade de se
posicionar de forma concreta:
Súmula 601 STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público.
E também o STF:
O Ministério Público tem legitimidade ativa para a defesa, em juízo, dos direitos e interesses individuais
homogêneos, quando impregnados de relevante natureza social, como sucede com o direito de petição
e o direito de obtenção de certidão em repartições públicas.
[RE 472.489 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 29-4-2008, 2ª T, DJE de 29-8-2008.]
Para que o MP possa atuar na defesa dos direitos individuais homogêneos é necessário que
haja interesse social.
Segundo leciona o professor VASLIN, a súmula foi uma concretização do pensamento já assente nos
Tribunais no sentido de que o Ministério Público tem legitimidade ativa para intentar ação civil pública
para defesa de:
Uma das funções institucionais do MP, segundo à CF, é zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos
e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na CF e promover as medidas necessárias
à sua garantia. Essa é função autenticamente de defensor do povo, o chamado ombudsman.
OBS: O fato do MP ser ombudsman ou defensor do povo não impede a sociedade civil de buscar
diretamente seus direitos.
Comentários
O MP é essencial à função jurisdicional do Estado, mas não integra a estrutura do Poder Judiciário.
GABARITO: Errada
Comentários
O MP é uma instituição incumbida da defesa do regime democrático e da ordem jurídica, mas não integra
a estrutura do Poder Executivo.
GABARITO: Errada
6. (FCC – 2015 – TCE-CE - adaptada) O MP é responsável, privativamente, pela defesa dos direitos
sociais e individuais indisponíveis em Juízo.
Comentários
O MP defende os interesses socais e individuais indisponíveis e também não tem essa prerrogativa
privativamente.
GABARITO: Errada
7. (FCC – 2015 – TCE-CE - adaptada) o MP responsável pela defesa do regime democrático e da ordem
jurídica, integrando a estrutura do Poder Legislativo.
Comentários
O MP é instituição responsável pela defesa do regime democrático e da ordem jurídica, mas não integra
a estrutura do Poder Legislativo.
GABARITO: Errada
8. (FGV - 2016 - MPE-RJ) Ernesto, estudante de direito, decidiu inteirar-se a respeito da sistemática
legal afeta à organização do Ministério Público, mais especificamente em relação à natureza jurídica
e ao fundamento de validade das leis existentes. É correto afirmar que a organização do Ministério
Público Estadual é disciplinada:
e) na Constituição da República Federativa do Brasil, em lei ordinária federal e em lei ordinária estadual.
Comentários
Os MPs estaduais são disciplinados pela CF 88, Lei ordinária n. 8.625/93 e por Lei complementar
estadual.
GABARITO - Letra C
9. (CESPE – 2018 – PC-MA) A instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, à qual
incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis é o(a)
a) advocacia pública.
c) polícia judiciária.
d) Defensoria Pública.
e) Ministério Público.
Comentários
GABARITO - Letra E
10. (CESPE – 2016 – TCE-PR) O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União é órgão
integrante do Ministério Público da União (MPU), e a seus membros aplicam-se os mesmos direitos,
vedações e forma de investidura aplicados ao MPU.
Comentários
Embora tenham os mesmos direitos, vedações e forma de investidura, o MP que oficia perante os
Tribunais de Contas não são órgãos do Ministério Público da União
GABARITO: Errada
11. (CESPE – 2017 – PC-GO) A CF descreve as carreiras abrangidas pelo Ministério Público e, entre
elas, elenca a do Ministério Público Eleitoral.
Comentários
Não existe um ramo chamado Ministério Público Eleitoral, portanto, não há carreira específica.
GABARITO: Errada
12. (IADES - 2017 – Hemocentro BSB) O Ministério Público abrange o Ministério Público da União,
que compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público
Militar e o Ministério Público dos Estados, que engloba os Ministérios Públicos dos Estados e o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Comentários
O MPU e o MP dos Estados não têm essa estrutura. Como vimos, a estrutura é a seguinte:
GABARITO: Errada
13. (CESPE – 2010 – MPE-SE - Adaptada) Acerca das autonomias constitucionais, da estrutura
organizacional e do regime jurídico do MP na CF, julgue os itens a seguir.
É possível a delegação legislativa em matéria relativa à organização do MP, à carreira e à garantia
de seus membros.
Comentários
Vamos analisar:
Art. 128. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente
a seus membros:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos aqui a nossa aula demonstrativa. Espero que tenham gostado e compreendido nossa
proposta de curso.
Hoje não teremos questões comentadas, pois fizemos uma pequena introdução ao conteúdo.
Saiba que ao optar pelo Estratégia Concursos fará a escolha certa. Isso será perceptível no decorrer do
curso, a medida em que formos desenvolvendo os assuntos.
Tiago Zanolla