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Intensivo I

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INTENSIVO I

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 03

ROTEIRO DE AULA

Pessoa natural (continuação)

1.3. Direitos da personalidade na perspectiva civil-constitucional (continuação)


Os direitos da personalidade previstos no Código Civil de 2002 estão em rol exemplificativo (“numerus apertus”),
conforme Enunciado n. 274 – IV Jornada de Direito Civil.

Enunciado 274, IV JDC: “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da
dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar
a técnica da ponderação.
✓ Existem direitos de personalidade previstos na CF/88 como direitos fundamentais. Exemplo: direitos de autor
(art. 5º, CF).
✓ Existem direitos da personalidade que sequer estão escritos. Exemplo: “direito ao esquecimento” - nesse
sentido, Enunciado n. 5311– VI Jornada de Direito Civil e STJ .

REsp n. 1.334.097/RJ (“Linha Direta” e Chacina da Candelária) – Disponível, na íntegra, neste link.
“EMENTA - RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA
PERSONALIDADE. LITÍGIO DE SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM REDE NACIONAL. LINHA DIRETA-JUSTIÇA. SEQUÊNCIA DE HOMICÍDIOS CONHECIDA

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Enunciado 531, VI JDC. “A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.”

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COMO CHACINA DA CANDELÁRIA. REPORTAGEM QUE REACENDE O TEMA TREZE ANOS DEPOIS DO FATO. VEICULAÇÃO
INCONSENTIDA DE NOME E IMAGEM DE INDICIADO NOS CRIMES. ABSOLVIÇÃO POSTERIOR POR NEGATIVA DE AUTORIA.
DIREITO AO ESQUECIMENTO DOS CONDENADOS QUE CUMPRIRAM PENA E DOS ABSOLVIDOS. ACOLHIMENTO.
DECORRÊNCIA DA PROTEÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DAS LIMITAÇÕES
POSITIVADAS À ATIVIDADE INFORMATIVA. PRESUNÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO DA PESSOA.
PONDERAÇÃO DE VALORES. PRECEDENTES DE DIREITO COMPARADO. (...) 7. Assim, a liberdade de imprensa há de ser
analisada a partir de dois paradigmas jurídicos bem distantes um do outro. O primeiro, de completo menosprezo tanto
da dignidade da pessoa humana quanto da liberdade de imprensa; e o segundo, o atual, de dupla tutela
constitucional de ambos os valores. 8. Nesse passo, a explícita contenção constitucional à liberdade de informação,
fundada na inviolabilidade da vida privada, intimidade, honra, imagem e, de resto, nos valores da pessoa e da
família, prevista no art. 220, § 1º, art. 221 e no § 3º do art. 222 da Carta de 1988, parece sinalizar que, no conflito
aparente entre esses bens jurídicos de especialíssima grandeza, há, de regra, uma inclinação ou predileção
constitucional para soluções protetivas da pessoa humana, embora o melhor equacionamento deva sempre
observar as particularidades do caso concreto. (...)” (REsp 1334097/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 10/09/2013).

O STF, no RE 1.010.606, julgado em 11/02/2021, decidiu que não há direito ao esquecimento (Superação do Enunciado
531 da VI Jornada de Direito Civil e do entendimento contido no REsp 1.334.097/RJ).
✓ Matéria no site Migalhas disponível neste link.
“Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 786 da repercussão geral, negou provimento ao recurso
extraordinário e indeferiu o pedido de reparação de danos formulado contra a recorrida, nos termos do voto do Relator,
vencidos parcialmente os Ministros Nunes Marques, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Em seguida, por maioria, foi fixada
a seguinte tese:
‘É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar,
em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em
meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de
expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais - especialmente
os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral - e as expressas e
específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível’, vencidos o Ministro Edson Fachin e, em parte, o Ministro Marco
Aurélio. Afirmou suspeição o Ministro Roberto Barroso. Presidência do Ministro Luiz Fux. Plenário, 11.02.2021 (Sessão
realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).”

O Enunciado n. 274 prevê que, em caso de colisão entre direitos da personalidade, deve-se adotar a técnica da
ponderação.
✓ A técnica da ponderação foi desenvolvida, na Alemanha, por Robert Alexy, com a finalidade de resolver casos
de colisão entre direitos fundamentais (Caso Lebach).
✓ No Brasil, a técnica da ponderação foi positivada pelo art. 489, § 2º do CPC. Trata-se da chamada “ponderação

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à brasileira” (colisão entre normas).

CPC, art. 489, §2º:“ No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que
fundamentam a conclusão.”
No Brasil, o principal exemplo de ponderação envolve a liberdade de expressão/pensamento versus o direito à imagem
e à intimidade.

Fórmula da ponderação - Alexy

P1 e P2 = Princípios em colisão.

T1, T2, T3... Tn = São os fatores fáticos que influenciam a colisão.

C = Conclusão = Condições de precedência de um princípio sobre o outro.

A conclusão deve ser motivada/fundamentada, de preferência, em critérios objetivos.

➢ Exemplo: direito à liberdade de imprensa, de pensamento e de expressão e direito à informação (CF, art. 5º, IV, IX e
XIV2) x direito à imagem , à intimidade e à vida privada (CF, art. 5º, V e X3). Considerações:
Há uma tendência no STF de decidir de maneira favorável à liberdade de imprensa (exemplo: direito ao esquecimento e
caso das biografias – ADIN 4815).

➢ Reação da doutrina à tendência do STF:


Enunciado n. 6134 da VIII Jornada de Direito Civil (Anderson Schreiber): a liberdade de expressão não goza de posição
preferencial em relação aos direitos da personalidade (imagem e intimidade) (técnica da ponderação).
Em suma, o Enunciado 279 prevê o uso da técnica de ponderação e o Enunciado 613 dispõe que a liberdade de
expressão não prevalece sempre, ou seja, não goza de posição preferencial.

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CF, art. 5º, IV, IX e XIV: “IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o
direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) IX - é livre
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
(...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...) XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”
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CF, art. 5º, V e V: “(...). V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
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Enunciado 613, VIII JDC. “art. 12: A liberdade de expressão não goza de posição preferencial em relação aos direitos
da personalidade no ordenamento jurídico brasileiro.”

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Enunciado 279, IV JDC: “A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda,
as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a
divulgação de informações.”

➢ Outro exemplo de ponderação: REsp 1.195.995/SP - direito de “não saber” x “direito à saúde” (individual e
coletiva):
EMENTA: “ RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DA
REALIZAÇÃO DE EXAME DE HIV NÃO SOLICITADO, POR MEIO DO QUAL O PACIENTE OBTEVE A INFORMAÇÃO DE SER
SOROPOSITIVO - VIOLAÇÃO AO DIREITO À INTIMIDADE - NÃO OCORRÊNCIA - INFORMAÇÃO CORRETA E SIGILOSA SOBRE
SEU ESTADO DE SAÚDE - FATO QUE PROPORCIONA AO PACIENTE A PROTEÇÃO A UM DIREITO MAIOR, SOB O ENFOQUE
INDIVIDUAL E PÚBLICO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - O direito à intimidade não é absoluto, aliás, como todo e
qualquer direito individual. Na verdade, é de se admitir, excepcionalmente, a tangibilidade ao direito à intimidade,
em hipóteses em que esta se revele necessária à preservação de um direito maior, seja sob o prisma individual, seja
sob o enfoque do interesse público. Tal exame, é certo, não prescinde, em hipótese alguma, da adoção do princípio
da dignidade da pessoa humana, como princípio basilar e norteador do Estado Democrático de Direito, e da
razoabilidade, como critério axiológico; II - Sob o prisma individual, o direito de o indivíduo não saber que é portador do
vírus HIV (caso se entenda que este seja um direito seu, decorrente da sua intimidade), sucumbe, é suplantado por um
direito maior, qual seja, o direito à vida, o direito à vida com mais saúde, o direito à vida mais longeva e saudável; III -
Mesmo que o indivíduo não tenha interesse ou não queira ter conhecimento sobre a enfermidade que lhe acomete
(seja qual for a razão), a informação correta e sigilosa sobre seu estado de saúde dada pelo Hospital ou Laboratório,
ainda que de forma involuntária, tal como ocorrera na hipótese dos autos, não tem o condão de afrontar sua
intimidade, na medida em que lhe proporciona a proteção a um direito maior; IV - Não se afigura permitido, tão-
pouco razoável que o indivíduo, com o desiderato inequívoco de resguardar sua saúde, após recorrer ao seu médico,
que lhe determinou a realização de uma série de exames, vir à juízo aduzir justamente que tinha o direito de não saber
que é portador de determinada doença, ainda que o conhecimento desta tenha se dado de forma involuntária. Tal
proceder aproxima-se, em muito, da defesa em juízo da própria torpeza, não merecendo, por isso, guarida do
Poder Judiciário; V - No caso dos autos, o exame efetuado pelo Hospital não contém equívoco, o que permite concluir
que o abalo psíquico suportado pelo ora recorrente não decorre da conduta do Hospital, mas sim do fato de o
recorrente ser portador do vírus HIV, no que o Hospital-recorrido, é certo, não possui qualquer responsabilidade; VI -
Sob o enfoque do interesse público, assinala-se que a opção de o paciente se submeter ou não a um tratamento de
combate ao vírus HIV, que, ressalte-se, somente se tornou possível e, certamente, mais eficaz graças ao conhecimento
da doença, dado por ato involuntário do Hospital, é de seu exclusivo arbítrio. Entretanto, o comportamento destinado a
omitir-se sobre o conhecimento da doença, que, em última análise, gera condutas igualmente omissivas quanto à
prevenção e disseminação do vírus HIV, vai de encontro aos anseios sociais; VII - Num momento em que o Poder
Público, por meio de exaustivas campanhas de saúde, incentiva a feitura do exame anti HIV como uma das principais

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formas de prevenção e controle da disseminação do vírus HIV, tem-se que o comando emanado desta augusta Corte,
de repercussão e abrangência nacional, no sentido de que o cidadão teria o direito subjetivo de não saber que é
soropositivo, configuraria indevida sobreposição de um direito individual (que, em si não se sustenta, tal como
demonstrado) sobre o interesse público, o que, data maxima venia, não se afigura escorreito; VII - Recurso Especial
improvido.” (REsp nº 1.195.995/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro MASSAMI UYEDA, Terceira
Turma, Julgado em 22/03/11, DJe 06/04/2011).

Análise dos artigos do Código Civil de 2002 que tratam dos direitos da personalidade

• Artigo 11 do Código Civil - Características dos direitos da personalidade.


CC, art. 11: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”

Em regra, os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis.


Na realidade, existe uma “parcela” desses direitos que é:
• Transmissível;
• Renunciável; e
• Disponível.
Essa parcela é relacionada a aspectos patrimoniais ou à exploração econômica.

Exemplo 1: uso de imagem para fins econômicos (transmissível, renunciável e disponível).

Exemplo 2: direitos morais do autor estão na parte intransmissível, irrenunciável e indisponível. Os direitos
patrimoniais do autor, por outro lado, estão na parte transmissível, renunciável e disponível.

➢ Ver Lei 9.610/1998.


O Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil prevê que o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação
voluntária, desde que não seja permanente nem geral. (Ex. Contrato de uso perpétuo de imagem é nulo – art. 166, II,

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CC5).

➢ Um julgado importante sobre o tema é o REsp 1.630.851/SP, o qual se refere ao direito de uso da voz.

Ementa: “RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DIREITOS AUTORAIS E DIREITOS DA PERSONALIDADE. GRAVAÇÃO DE
VOZ. COMERCIALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO PELA RÉ. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73. NÃO OCORRÊNCIA. DIREITOS
AUTORAIS. GRAVAÇÃO DE MENSAGEM TELEFÔNICA QUE NÃO CONFIGURA DIREITO CONEXO AO DE AUTOR, NÃO
ESTANDO PROTEGIDA PELA LEI DE DIREITOS AUTORAIS. PROTEÇÃO À VOZ COMO DIREITO DA PERSONALIDADE.

POSSIBILIDADE DE DISPOSIÇÃO VOLUNTÁRIA, DESDE QUE NÃO PERMANENTE NEM GERAL. AUTORIZAÇÃO PARA A
UTILIZAÇÃO DA GRAVAÇÃO DA VOZ QUE PODE SER PRESUMIDA NO PRESENTE CASO. GRAVAÇÃO REALIZADA
ESPECIFICAMENTE PARA AS NECESSIDADES DE QUEM A UTILIZA. UTILIZAÇÃO CORRESPONDENTE AO FIM COM QUE
REALIZADA A GRAVAÇÃO. INDENIZAÇÃO NÃO DEVIDA. 1. Pretensão da autora de condenação da empresa
requerida ao pagamento de indenização pela utilização de gravação de sua voz sem sua autorização, com fins
alegadamente comerciais, por ser ela objeto de proteção tanto da legislação relativa aos direitos autorais, como
aos direitos da personalidade. 2. Ausência de violação do art. 535 do CPC/73, tendo o Tribunal de origem apresentado
fundamentação suficiente para o desprovimento do recurso de apelação da autora. 3. Os direitos do artista executante
ou intérprete são conexos aos direitos de autor e, apesar de sua autonomia, estão intrinsecamente ligados, em sua
origem, a uma obra autoral, e a ela devem sua existência. 4. Nos termos da Lei de Direitos Autorais (Lei n. 9.610/98),
apenas há direitos conexos quando há execução de obra artística ou literária, ou de expressão do folclore. 5.
Gravação de mensagem de voz para central telefônica que não pode ser enquadrada como direito conexo ao de autor,
por não representar execução de obra literária ou artística ou de expressão do folclore. Inaplicabilidade da Lei n.
9.610/98 ao caso em comento. 6. A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como
direito autônomo ou como parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal. 7. Os direitos
da personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não permanente nem geral, estando
seu exercício condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização estar de acordo com o
contrato. Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil. 8. Caso concreto em que a autorização da autora deve ser
presumida, pois realizou gravação de voz a ser precisamente veiculada na central telefônica da ré, atendendo
especificamente às suas necessidades. 9. Gravação que vem sendo utilizada pela ré exatamente para esses fins, em
sua central telefônica, não havendo exploração comercial da voz da autora. 10. Eventual inadimplemento contratual
decorrente do contrato firmado pela autora com a terceira intermediária que deve ser pleiteado em relação a
ela, e não perante a empresa requerida. 11. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.” (REsp 1.630.851/SP, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017,DJe 22/06/2017).

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CC, art. 166, II: “É nulo o negócio jurídico quando: (...) II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;”

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O Enunciado n. 139 da III Jornada de Direito Civil6 afirma que os direitos da personalidade podem sofrer limitação
voluntária além dos casos previstos em lei, não podendo o seu exercício gerar abuso de direito (CC, art. 1877).

• Artigo 12 do Código Civil - Tutela geral da personalidade.


CC, art. 12: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”

➢ O art. 12 do CC traz dois princípios:


Princípio da prevenção: cabem medidas de tutela específica. Exemplo: fixação de multa diária ou “astreintes”.
O art. 497, parágrafo único do CPC8, prevê que essas medidas independem de dolo, culpa e dano.
Princípio da reparação integral dos danos (art. 944, CC9): todos os danos suportados pela vítima devem ser indenizados.
▪ Súmula 37 do STJ10: danos materiais + danos morais.
▪ Súmula 387 do STJ11: danos materiais + danos morais + danos estéticos.
▪ Súmula 403, STJ12: trata do uso indevido de imagem com fins econômicos ou comerciais. O dano moral é
presumido (in re ipsa).

• CC, art.12, parágrafo único13: reconhece os direitos da personalidade do morto.

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Enunciado 139, III JDC. “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente
previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos
bons costumes.”
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CC, art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
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CPC, art. 497, §único. “Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência
de culpa ou dolo.”
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CC, art. 944: “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.”
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Súmula 37, STJ. “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
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Súmula 387, STJ. “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”
12
Súmula 403, STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa
com fins econômicos ou comerciais.”
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CC, art. 12, § único: “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”

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O art. 12, § único do CC reconhece legitimidade aos “lesados indiretos”, que sofrem um dano indireto ou “em
ricochete” (Maria Helena Diniz):
o Cônjuge. o Descendentes.
o Ascendentes. o Colaterais até o 4º grau.
O Enunciado n. 275 da IV Jornada de Direito Civil incluiu o companheiro no rol dos legitimados do art. 12, parágrafo
único, CC.
Enunciado n. 275 da IV Jornada de Direito Civil: “O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20,
parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro”.
✓ Os direitos dos legitimados (lesados indiretos) são autônomos.
✓ O CPC/2015 também pode ser utilizado como fundamento para a inclusão do cônjuge no rol dos legitimados.
O REsp n. 1.209.474/SP (2013) afirma que o artigo 12, § único do Código Civil é exceção à regra de que a personalidade
termina com a morte (CC, art. 6º14) – Eficácia “post mortem” dos direitos da personalidade.
✓ Esse entendimento é adotado pela doutrina majoritária.
EMENTA: “RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO
CELEBRADO APÓS A MORTE DO USUÁRIO. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EFICÁCIA
POST MORTEM DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA VIÚVA PARA POSTULAR A REPARAÇÃO
DOS PREJUÍZOS CAUSADOS À IMAGEM DO FALECIDO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 12, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
CIVIL. 1. Contratação de cartão de crédito após a morte do usuário, ensejando a inscrição do seu nome nos cadastros de
devedores inadimplentes. 2. Propositura de ação declaratória de inexistência de contrato de cartão de crédito,
cumulada com pedido de indenização por danos morais, pelo espólio e pela viúva. 3. Legitimidade ativa da viúva tanto
para o pedido declaratório como para o pedido de indenização pelos prejuízos decorrentes da ofensa à imagem do
falecido marido, conforme previsto no art. 12, parágrafo único, do Código Civil. 4. Ausência de legitimidade ativa do
espólio para o pedido indenizatório, pois a personalidade do "de cujus" se encerrara com seu óbito, tendo sido o
contrato celebrado posteriormente. 5. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 6. Restabelecimento dos comandos da
sentença acerca da indenização por dano moral. 7. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO” (REsp 1209474/SP,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 23/09/2013).

Atenção: Segundo o art. 20, parágrafo único, CC15, são legitimados: cônjuge, ascendentes e descendentes.
Tabela comparativa
Art. 12, §único, CC (dispositivo geral) Art. 20, § único (dispositivo específico sobre a imagem)

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CC, art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
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CC, art. 20, § único: “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.”

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São legitimados: São legitimados:
Cônjuge; Cônjuge;
Ascendentes; Ascendentes;
Descendentes; Descendentes.
Colaterais até o 4º grau. *Não há menção expressa aos colaterais até o 4º grau.

Observação: é importante destacar que, apesar de o art. 12, § único, e o art. 20, § único, não terem listado o
companheiro no rol de legitimados, ele deve ser incluído. Sobre o tema, há o Enunciado 275, IV JDC16, que indica tal
inclusão.
➢ Sobre o tema, há o julgado do STJ que versa sobre o livro “Estrela solitária – um brasileiro chamado Garrincha” –
REsp 521.697/RJ.
EMENTA: “CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. DIREITO À IMAGEM E À HONRA DE PAI FALECIDO. Os direitos da
personalidade, de que o direito à imagem é um deles, guardam como principal característica a sua intransmissibilidade.
Nem por isso, contudo, deixa de merecer proteção a imagem e a honra de quem falece, como se fossem coisas de
ninguém, porque elas permanecem perenemente lembradas nas memórias, como bens imortais que se prolongam para
muito além da vida, estando até acima desta, como sentenciou Ariosto. Daí porque não se pode subtrair dos filhos o
direito de defender a imagem e a honra de seu falecido pai, pois eles, em linha de normalidade, são os que mais se
desvanecem com a exaltação feita à sua memória, como são os que mais se abatem e se deprimem por qualquer
agressão que lhe possa trazer mácula. Ademais, a imagem de pessoa famosa projeta efeitos econômicos para além de
sua morte, pelo que os seus sucessores passam a ter, por direito próprio, legitimidade para postularem indenização em
juízo, seja por dano moral, seja por dano material. Primeiro recurso especial das autoras parcialmente conhecido e,
nessa parte, parcialmente provido. Segundo recurso especial das autoras não conhecido. Recurso da ré conhecido pelo
dissídio, mas improvido.” (REsp nº 521.697/ RJ – Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, Julgado em
16/02/2006, DJ 20/03/2006).

• Artigo 13 do Código Civil - Tutela da integridade físico-psíquica (direito ao corpo vivo e disposições do corpo em
vida).
CC, art. 13: “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei
especial.”

São vedadas as disposições do corpo que geram perda permanente da integridade física ou que contrariam os bons
costumes, salvo por exigência médica.
Exemplo: pessoa trans/transexual ou transgênero.

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Enunciado 275, IV JDC. “O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do
Código Civil também compreende o companheiro.”

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✓ Antes, o STJ entendia que era possível a alteração do sexo e do nome no registro civil após a cirurgia de
mudança de sexo, desde que existisse laudo médico. Este entendimento consta nos Informativos 409 e 411 do
STJ.

✓ Atualmente, está pacificada no STF e no STJ a ideia de “despatologização” (substituição do termo


“transexualismo” por “transexualidade”). É possível a alteração do nome e do sexo no registro civil mesmo sem
cirurgia (“direito ao gênero”).
✓ 2017: STJ – REsp 1.626.739/RS
EMENTA: “RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO DE NASCIMENTO PARA A TROCA DE PRENOME E
DO SEXO (GÊNERO) MASCULINO PARA O FEMININO. PESSOA TRANSEXUAL. DESNECESSIDADE DE CIRURGIA DE
TRANSGENITALIZAÇÃO. 1. À luz do disposto nos artigos 55, 57 e 58 da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), infere-se
que o princípio da imutabilidade do nome, conquanto de ordem pública, pode ser mitigado quando sobressair o
interesse individual ou o benefício social da alteração, o que reclama, em todo caso, autorização judicial, devidamente
motivada, após audiência do Ministério Público. 2. Nessa perspectiva, observada a necessidade de intervenção do Poder
Judiciário, admite-se a mudança do nome ensejador de situação vexatória ou degradação social ao indivíduo, como
ocorre com aqueles cujos prenomes são notoriamente enquadrados como pertencentes ao gênero masculino ou ao
gênero feminino, mas que possuem aparência física e fenótipo comportamental em total desconformidade com o
disposto no ato registral. 3. Contudo, em se tratando de pessoas transexuais, a mera alteração do prenome não alcança
o escopo protetivo encartado na norma jurídica infralegal, além de descurar da imperiosa exigência de concretização do
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, que traduz a máxima antiutilitarista segundo a qual cada ser
humano deve ser compreendido como um fim em si mesmo e não como um meio para a realização de finalidades
alheias ou de metas coletivas. 4. Isso porque, se a mudança do prenome configura alteração de gênero (masculino para
feminino ou vice-versa), a manutenção do sexo constante no registro civil preservará a incongruência entre os dados
assentados e a identidade de gênero da pessoa, a qual continuará suscetível a toda sorte de constrangimentos na vida
civil, configurando-se flagrante atentado a direito existencial inerente à personalidade. 5. Assim, a segurança jurídica
pretendida com a individualização da pessoa perante a família e a sociedade - ratio essendi do registro público,
norteado pelos princípios da publicidade e da veracidade registral - deve ser compatibilizada com o princípio
fundamental da dignidade da pessoa humana, que constitui vetor interpretativo de toda a ordem jurídico-
constitucional. 6. Nessa compreensão, o STJ, ao apreciar casos de transexuais submetidos a cirurgias de
transgenitalização, já vinha permitindo a alteração do nome e do sexo/gênero no registro civil (REsp 1.008.398/SP, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 15.10.2009, DJe 18.11.2009; e REsp 737.993/MG, Rel. Ministro
João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 10.11.2009, DJe 18.12.2009). 7. A citada jurisprudência deve evoluir
para alcançar também os transexuais não operados, conferindo-se, assim, a máxima efetividade ao princípio
constitucional da promoção da dignidade da pessoa humana, cláusula geral de tutela dos direitos existenciais inerentes
à personalidade, a qual, hodiernamente, é concebida como valor fundamental do ordenamento jurídico, o que implica o
dever inarredável de respeito às diferenças. 8. Tal valor (e princípio normativo) supremo envolve um complexo de
direitos e deveres fundamentais de todas as dimensões que protegem o indivíduo de qualquer tratamento degradante

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ou desumano, garantindo-lhe condições existenciais mínimas para uma vida digna e preservando-lhe a individualidade e
a autonomia contra qualquer tipo de interferência estatal ou de terceiros (eficácias vertical e horizontal dos direitos
fundamentais). 9. Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas transexuais não
operadas à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade de gênero), à liberdade de desenvolvimento e
de expressão da personalidade humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante a lei
(independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e à privacidade (proteção das escolhas de
vida), à igualdade e à não discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocá-los em situação de
inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e à felicidade (bem-estar geral). 10. Consequentemente, à
luz dos direitos fundamentais corolários do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, infere-se que o
direito dos transexuais à retificação do sexo no registro civil não pode ficar condicionado à exigência de realização da
cirurgia de transgenitalização, para muitos inatingível do ponto de vista financeiro (como parece ser o caso em exame)
ou mesmo inviável do ponto de vista médico. 11. Ademais, o chamado sexo jurídico (aquele constante no registro civil
de nascimento, atribuído, na primeira infância, com base no aspecto morfológico, gonádico ou cromossômico) não pode
olvidar o aspecto psicossocial defluente da identidade de gênero autodefinido por cada indivíduo, o qual, tendo em
vista a ratio essendi dos registros públicos, é o critério que deve, na hipótese, reger as relações do indivíduo perante a
sociedade. 12. Exegese contrária revela-se incoerente diante da consagração jurisprudencial do direito de retificação do
sexo registral conferido aos transexuais operados, que, nada obstante, continuam vinculados ao sexo
biológico/cromossômico repudiado. Ou seja, independentemente da realidade biológica, o registro civil deve retratar a
identidade de gênero psicossocial da pessoa transexual, de quem não se pode exigir a cirurgia de transgenitalização
para o gozo de um direito. 13. Recurso especial provido a fim de julgar integralmente procedente a pretensão deduzida
na inicial, autorizando a retificação do registro civil da autora, no qual deve ser averbado, além do prenome indicado, o
sexo/gênero feminino, assinalada a existência de determinação judicial, sem menção à razão ou ao conteúdo das
alterações procedidas, resguardando-se a publicidade dos registros e a intimidade da autora” (REsp 1626739/RS, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 09/05/2017, DJe 01/08/2017).

✓ 2018: STF (publicada no Informativo n. 892 – ADI n. 4.275/DF – confirma o direito ao gênero e o direito à
despatologização). Segundo o STF, cabe a alteração do nome no registro civil independentemente de:

• Ação judicial.
• Laudo médico.
• Cirurgia.

Sobre a “Despatologização”:
• OMS (junho de 2018): CID -11: a transexualidade deixou de ser doença mental e passou a ser uma
incongruência de gênero.
• CFM (setembro de 2019) – Resolução 2265.

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• Artigo 14 do Código Civil - Disposições “post mortem” de partes do corpo (direito ao corpo morto).
CC, art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.”

As disposições “post mortem” somente são possíveis para fins científicos ou de transplantes, sendo vedada a venda de
órgãos (Lei n. 9.434/97 – Lei de Transplantes).
Em matéria de transplantes, há o princípio do consenso afirmativo: para o transplante, há necessidade de um “sim”
(documento).

Questão: Qual a vontade que prevalece? A do doador ou a dos familiares?


✓ 1ª Corrente: Doador - Enunciado n. 277 – IV Jornada de Direito Civil. A vontade dos familiares somente será
levada em conta no silêncio do doador (Prevalece na doutrina).
✓ 2ª Corrente: Familiares - art. 4º da Lei 9.434/9717 e Decreto n. 9.175/17 (Prevalece na prática).

Enunciado 277, IV JDC: “O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com
objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos
em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à
hipótese de silêncio do potencial doador.”

Observação: O ato de disposição é plenamente revogável.

• Artigo 15 do Código Civil - Direitos do paciente.


CC, art. 15:“Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica.”

O art. 15 do CC consagra dois princípios:


o Princípio da beneficência.
o Princípio da não maleficência.
O profissional da área da saúde deve fazer o bem e não pode fazer o mal. Exemplo: médicos.
✓ Responsabilidade civil subjetiva – art. 951 do CC18 e art. 14, §4º do CDC19.

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Lei 9.434/97, art. 4º: “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra
finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória,
reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte.”

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Artigos 16 a 19 do Código Civil - Tutela do nome.
Nome é o sinal representativo da pessoa.

➢ Pelo art. 16 do CC20, todos os elementos do nome estão protegidos:


• Prenome (1º nome): simples ou composto.
• Sobrenome ou patronímico (nome de família): simples ou composto.
• Partícula: da, dos, de...
• Agnome: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho, II.
• Pseudônimo (art. 19, CC/200221): é o nome atrás do qual se esconde o autor de obra intelectual ou cultural.
Essa previsão já estava no art. 24, II da Lei 9.610/98.22
✓ Nome artístico – TJSP, AI 4.021.314/300.

“Medida cautelar. Cautela inominada. Utilização de nome artístico do autor em nova dupla sertaneja. Impedimento.
Requisitos legais. Presença. Pseudônimo adotado para atividades lícitas que goza da mesma proteção dada ao nome.
Artigo 19, do Código Civil. Recurso improvido” (TJSP, Agravo de Instrumento 4.021.314/3-00, São Paulo, 9.ª Câmara de
Direito Privado, Rel. Des. Osni de Souza, j. 13.12.2005).

➢ Artigo 17, CC23- Veda a utilização indevida do nome (sem autorização de seu titular). São irrelevantes para a
tutela do nome o desprezo público e a intenção difamatória. Vide a Súmula 403 do STJ24.

➢ Artigo 18, CC25- Sem a autorização do seu titular, não se pode utilizar o nome alheio em publicidade.

18
CC, art. 951: “O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o
mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.”
19
CDC, art. 14, §4º: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
20
CC, art. 16: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.”
21
CC, art. 19. “O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.”
22
Lei n. 9.610/98, art. 24, II: “São direitos morais do autor: (...). II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional
indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; (...)”.
23
CC, artigo 17: “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.”
24
STJ, art. 403: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa
com fins econômicos ou comerciais.”
25
CC, artigo 18: “Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.”

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O Enunciado 278 da IV Jornada de Direito Civil26 prevê que essa proteção também existe no caso de publicidade que
divulga qualidades inerentes a determinada pessoa, mesmo se não se mencionar expressamente o seu nome.
Exemplo: utilização de sósia.

Jurisprudência em Teses – STJ – Edição 137


Tese 7 – “A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem
mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado n. 278
da IV Jornada de Direito Civil do CJF)”

✓ Caso de sósia – TJSP - Cazé Peçanha versus CNA- Apelação: 994.03.015985-0 - Obs.: Acórdão disponível neste
link.

EMENTA: “UTILIZAÇÃO SIMULADA DA IMAGEM DO AUTOR EM PUBLICIDADE - DANO MORAL CONFIGURADO -


ADEQUAÇÃO DO VALOR DOS DANOS MORAIS.” (TJSP; Apelação 9230436-97.2003.8.26.0000 (994.03.015985-0); Relator
(a): Antonio Vilenilson; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 27.VARA CIVEL; Data do
Julgamento: 02/02/2010; Data de Registro: 07/04/2010).

Conforme o art. 58 da Lei nº 6.015/7327 (Lei de registros públicos), o nome, em regra, é imutável. Porém, em alguns
casos, justifica-se a sua alteração.
Principais hipóteses:
a) Nome que expõe a pessoa ao ridículo, inclusive em casos de homonímias (nomes iguais). Exemplos: João Um
Dois Três de Oliveira Quatro, Jacinto Aquino Rego, Bráulio Pinto e Sum Tim Am.
Exemplo de homonímia: Francisco de Assis Pereira (“Maníaco do parque”).
b) Erro crasso de grafia – Exemplos: Fravio, Craudio e Osvardo.
c) Adequação de sexo ou gênero.
d) Introdução de alcunhas, apelidos sociais ou cognomes – Exemplos: Xuxa e Pelé.
✓ O STJ admitiu a alteração do prenome (REsp 1.217.166/MT).
EMENTA: “CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE SUPRESSÃO DE PRENOME. CONSTRANGIMENTO. COMPROVAÇÃO.
PRENOME UTILIZADO NO MEIO SOCIAL E PROFISSIONAL DIVERSO DO CONSTANTE NO REGISTRO DE NASCIMENTO.
PATRONÍMICOS. MANUTENÇÃO. PREJUÍZO A TERCEIROS. AUSÊNCIA. BOA-FÉ. ALTERAÇÃO DO NOME. JUSTO MOTIVO.

26
Enunciado 278 da IV JDC: “A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa,
ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.”
27
LRP, art. 58: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios.
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da
colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério
Público. “

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RECURSO PROVIDO. 1. "A regra da inalterabilidade relativa do nome civil preconiza que o nome (prenome e
sobrenome), estabelecido por ocasião do nascimento, reveste-se de definitividade, admitindo-se sua modificação,
excepcionalmente, nas hipóteses expressamente previstas em lei ou reconhecidas como excepcionais por decisão
judicial (art. 57, Lei 6.015/75), exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros" (REsp
1138103/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 29/09/2011). 2. O art.
57 da Lei n. 6.015/1973 prevê a possibilidade de o juiz a que estiver sujeito o registro, após audiência do Ministério
Público, determinar a alteração posterior de nome, de forma excepcional e motivada. Por sua vez, o art. 1.109 do
CPC/1973, ao tratar dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária, dispõe que "o juiz decidirá o pedido no prazo
de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que reputar mais conveniente ou oportuna". 3. Assim, é possível que o magistrado, fundamentadamente e por
equidade, determine a modificação de prenome ou patronímico da parte requerente. 4. No caso dos autos, há
justificado motivo para alteração do prenome, seja pelo fato de a recorrente ser conhecida em seu meio social e
profissional por nome diverso do constante no registro de nascimento, seja em razão da escolha do prenome pelo
genitor remetê-la a história de abandono paternal, causa de grande sofrimento. 5. Ademais, a exclusão do prenome não
ocasiona insegurança jurídica nas relações cíveis, sobretudo porque inalterados os patronímicos da recorrente. 6.
Recurso especial provido para restabelecer o disposto na sentença.” (REsp 1514382/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 27/10/2020)

e) Casamento, união estável, reconhecimento de filho e adoção.


f) Tradução de nomes estrangeiros - Exemplos: John (João), Joseph (José).
g) Proteção de testemunhas (Lei 9.807/1999).
h) Inclusão de nome familiar remoto para obtenção de cidadania (STJ – REsp n. 1.310.088/MG).

“EMENTA: RECURSO ESPECIAL. REGISTRO CIVIL. NOME CIVIL. RETIFICAÇÃO. DUPLA CIDADANIA. ADEQUAÇÃO DO
NOME BRASILEIRO AO ITALIANO. ALTERAÇÃO DO SOBRENOME INTERMEDIÁRIO. JUSTA CAUSA. PRINCÍPIO DA
SIMETRIA. RAZOABILIDADE DO REQUERIMENTO.1. Pedido de retificação de registro civil, em decorrência da
obtenção da nacionalidade italiana (dupla cidadania), ensejando a existência de sobrenomes intermediários
diferentes (Tristão ou Rodrigues) nos documentos brasileiros e italianos. 2. Reconhecimento da ocorrência de justa
causa, em face dos princípios da verdade real, da simetria e da segurança jurídica, inexistindo prejuízo a terceiros. 3.
Precedentes do STJ. 4. Recurso especial provido.” (REsp 1310088 / MG, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
Relator para Acórdão: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, T3 - TERCEIRA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe
19/08/2016).

i) Inclusão de sobrenome de padrasto ou madrasta por enteado ou enteada (Lei de registros públicos, art. 57,

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§8º28, incluído pela Lei n. 11.924/09 – Lei Clodovil).

O STJ tem exigido fundamentação para alterar o nome. Não basta o pedido baseado apenas na vontade (REsp
1.728.039/SC).

Ementa: “RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. PEDIDO DE ALTERAÇÃO DO PRENOME DE
TATIANE PARA TATIANA. ARGUMENTO DE QUE A AUTORA É ASSIM RECONHECIDA NA SOCIEDADE, BEM COMO DE QUE
HOUVE ERRO NA GRAFIA DO NOME PELO OFICIAL DO CARTÓRIO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL, BEM COMO DE
FUNDAMENTO RAZOÁVEL PARA SE AFASTAR O PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO PRENOME, PREVISTO NO ART. 58 DA
LEI DE REGISTROS PÚBLICOS. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Nos
termos do que proclama o art. 58 da Lei de Registros Públicos, a regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do
prenome. Todavia, sendo o nome civil um direito da personalidade, por se tratar de elemento que designa o indivíduo e
o identifica perante a sociedade, revela-se possível, nas hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos
admitidos pela jurisprudência, a modificação do prenome. 2. Na hipótese, analisando-se a causa de pedir da ação de
retificação de registro civil, não é possível verificar nenhuma circunstância excepcional apta a justificar a alteração do
prenome da recorrente, porquanto não há que se falar em erro de grafia do nome, tampouco é possível reconhecer que
o mesmo cause qualquer tipo de constrangimento à autora perante a sociedade. 3. A mera alegação de que a
recorrente é conhecida "popularmente" como Tatiana, e não Tatiane, desacompanhada de outros elementos, não é
suficiente para afastar o princípio da imutabilidade do prenome, sob pena de se transformar a exceção em regra. 4.
Recurso especial desprovido.” (REsp 1728039/SC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 12/06/2018, DJe 19/06/2018)

O art. 56 da Lei de Registros Públicos29 prevê o prazo decadencial de 1 ano, contado da maioridade civil, para o
interessado requerer a alteração do nome. Entretanto, o STJ tem entendido que esse prazo não se aplica quando o
nome expõe a pessoa ao ridículo.
➢ REsp 538.187/RS:
EMENTA: “Civil. Recurso especial. Retificação de registro civil. Alteração do prenome. Presença de motivos bastantes.
Possibilidade. Peculiaridades do caso concreto. - Admite-se a alteração do nome civil após o decurso do prazo de um
ano, contado da maioridade civil, somente por exceção e motivadamente, nos termos do art. 57, caput, da Lei 6.015/73.

28
LRP, art. 57, §8º: “O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2º e 7º deste artigo,
poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto
ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família."
29
Lei 6.015/ 1973, art. 56. “O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente
ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração
que será publicada pela imprensa.“

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Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 538.187/RS. Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI. Terceira Turma. J.
02/12/2004. DJ 21/02/2005 p. 170”

• Artigo 20 do Código Civil – Tutela a imagem (imagem-retrato: fisionomia; e imagem-atributo: repercussão


social).

CC, art. 20: “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)”

Na literalidade do dispositivo, em regra, a utilização da imagem alheia depende de autorização do seu titular, sob pena
de caracterização do uso indevido. Exceções:
• Se a pessoa ou o fato interessar à administração da justiça – Exemplo: solução de crimes.
• Se interessar à manutenção da ordem pública.

A aplicação do art. 20 do CC não afasta o direito à informação e à liberdade de expressão/pensamento. Nesse sentido, o
Enunciado n. 279 da IV JDC30 prevê alguns critérios:
• Notoriedade do retratado e dos fatos.
• Características da utilização da imagem.
• Veracidade dos fatos.
• Privilegiando-se medidas que não restrinjam a informação (função social da imagem).
A ponderação foi adotada pelo STF no julgamento da ADIN n. 4.815 (biografias não autorizadas). Segundo o Tribunal,
não cabe censura prévia (“Cala a boca já morreu” – Min. Carmen Lúcia) – A análise sobre as biografias é sempre “a
posteriori” para fins de responsabilidade civil.

*Atenção: O professor ressalta a necessidade de o aluno assistir às aulas e não acompanhar o curso apenas pelo
material em PDF.

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Enunciado 279, IV JDC: “A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda,
as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a
divulgação de informações.”

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MATERIAL COMPLEMENTAR PARA ESTUDO - FERRAMENTA JURISPRUDÊNCIA EM TESES - Edição 137
1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem
geral. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF).
2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.
3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à imprensa não é um
direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da personalidade.
4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão
daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de
uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da vida privada.
5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ)
6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de manifestação popular de
cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico ou comercial, mas tão-somente
informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula n. 403/STJ.
7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar
seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado n. 278 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF)
8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local
público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral
decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular.
9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.
10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou seja, o
direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide
Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise
desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.

Edição 138
1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade
massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual fosse um indivíduo
isolado.
2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter absoluto, devendo
observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da personalidade,
notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que atuem no processo.
3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como parte
integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.

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4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assentado no princípio
da dignidade da pessoa humana.
5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que designa o indivíduo
e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem
como em determinados casos admitidos pela jurisprudência.
6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no
registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da
identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade.
7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a unificar os registros à
luz dos princípios da verdade real e da simetria.
8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela legislação civil,
afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu
entorno social e familiar.
9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento do nome de
solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte.
10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.
11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização pela ofensa ao
nome ou à imagem de alguém.
12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de internet, seja
por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização inequívoca da publicação
(Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se pretende remover.

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