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TEMA: Anemias
DEFINIÇÃO
A OMS define anemia nos adultos como: Hb;13g/dl em homens; Hb;12g/dl em mulheres. A intensidade dos sinais e
sintomas depende da velocidade de instalação e da capacidade do organismo de desenvolver mecanismos
compensatórios. Os principais mecanismos compensatórios das anemias são: aumento do débito cardíaco, redução do
fluxo sanguíneo, aumento de 2,3-difosfoglicerato (molécula que diminui a afinidade da Hb pelo oxigênio, aumentando
sua liberação
para os tecidos.
ANEMIAS MACROCÍTICAS
MEGALOBLÁSTICAS
As anemias megaloblásticas resultam do defeito na síntese de DNA. Consequentemente, a divisão celular prejudicada
gera uma menor produção da medula óssea e células de tamanho aumentado. Também encontramos importante elevação
do DHL e aumento da BI secundários à eritropoese ineficaz. No sangue periférico, encontramos hemácias grandes, com
VCM e HCM aumentados. Caracteristicamente, essas hemácias têm formato ovalado e VCM >110fL (macro-
ovalócitos). O prejuízo na síntese de DNA também pode levar a outras citopenias (ex.: leucopenia, plaquetopenia) e a
formação de neutrófilos hipersegmentados.
Neutrófilos hipersegmentados encontrado em lâmina de sangue periférico
A vitamina B12 ou cobalamina tem como única fonte dietética os compostos de origem animal. O processo de absorção
da B12 é complexo e envolve diversos passos. Inicialmente, a B12 que chega ao estômago precisa sofrer ação da
pepsina para ser liberada. No duodeno, se liga ao fator intrínseco, uma glicoproteína liberada pelas células parietais do
estômago. O complexo cobalamina-FI viaja até o íleo distal, onde é absorvido pelo receptor cubilina e, finalmente, a
B12 é transportada para a circulação sanguínea.
● Etiologias: Gastrite atrófica autoimune, uso de inibidores de bomba de prótons, doença de Crohn, gastrectomia,
cirurgia bariátrica, doença celíaca, dieta estritamente vegana, etanolismo crônico..
● Clínica: Os sinais e sintomas da deficiência de B12 diferem dos demais serem secundários ao acometimento
neurológico (aspecto importante da doença). As parestesias e perda de sensibilidade vibratória nas extremidades é o
sintoma mais precoce. Mas a síndrome neurológica mais específica é a degeneração combinada subaguda (perda de
força, espasticidade, Sinal de Babinski e marcha atáxica).
● Diagnóstico: Confirmado através da dosagem de baixos níveis séricos de B12.
Na anemia perniciosa, podemos encontrar também anticorpos anti-fator intrínseco e anti-célula parietal. O nível sérico
de ácido metilmalônico aumentado, encontrado exclusivamente na deficiência de B12 auxilia na confirmação de casos
duvidosos.
● Tratamento: Reposição de vitamina B12 por via parenteral (IM ou SC). Na maioria dos casos a reposição deverá ser
mantida pelo resto da vida dos pacientes.
● Crise megaloblástica: diminuição importante dos níveis de Ácido fólico impede a transformação do pró-eritroblasto
em reticulócito (perda da “matéria-prima”). Anemia grave + reticulocitopenia. Tratamento com ácido fólico
diariamente!
○ A diferenciação entre as duas crises é feita pela presença de neutrófilos hipersegmentados na crise megaloblástica!
○ Inicialmente doses baixas de folato de 0,1 mg/dia na 1ª semana -> Depois de 1 semana, se o paciente estiver bem,
aumenta a dose.
○ POR QUE INICIAR COM DOSES BAIXAS
DE 0,1 MG/DIA?
ANEMIAS NORMOCÍTICAS
ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA
A anemia da doença crônica não é um
diagnóstico e sim a manifestação de uma doença
subjacente que deve ser descoberta.
● Fisiopatologia: Na homeostase do ferro, a
hepcidina (que é produzida no fígado)
apresenta duas ações principais: diminuir a
absorção de ferro pelo intestino e diminuir
a liberação de ferro pelos macrófagos do
sistema reticuloendotelial (baço). A
presença de inflamação e a sobrecarga de
ferro fazem com que a hepcidina aumente
no sangue. A deficiência de ferro leva à
diminuição da hepcidina, aumentando o
ferro para produção de células.
ANEMIAS MICROCÍTICAS
Anemias microcíticas (VCM <80fL) resultam
da síntese deficiente de Hb, além de reduzir o
tamanho das hemácias, é associado com uma baixa
hemoglobina corpuscular média, dando aspecto
hipocrômico ao sangue.
A principal causa de anemia no mundo e na
sua prova. Porém, para entender melhor, vamos
dar uma passada rápida no metabolismo do ferro.
A única forma de excreção natural do ferro é a
descamação de células da pele e das mucosas, de
modo que não há um mecanismo de perda de
ferro renal ou hepático. Já a absorção é feita na
ANEMIA FERROPRIVA
O sangramento crônico é a principal causa
de anemia ferropriva em adultos. As mulheres em
idade fértil, devido às perdas menstruais, estão
sob maior risco.
● Clínica: Pense sempre em um quadro
comum de anemia – taquicardia, cansaço,
sopro sistólico pancardíaco sem frêmito – e
adicione às mais comuns na anemia
ferropriva: glossite atrófica (língua sem
papilas), queilite angular, unhas
quebradiças, esclera azulada, pica
(perversão alimentar conhecida como
pagofagia, em que o paciente come terra,
gelo ou coisas de baixo valor nutricional),
síndrome de Plummer-Vinson ou Paterson-
Kelly (disfagia por surgimento de
membrana esofagiana, anemia ferropriva e
glossite), irritabilidade, déficit cognitivo
(principalmente em crianças e
Clínica Médica
Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos
autorais e/ou de propriedade intelectual.
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ANEMIA SIDEROBLÁSTICA
As anemias sideroblásticas são
caracterizadas pela utilização inapropriada do
ferro pela medula na síntese do heme, apesar da
existência de quantidades adequadas ou
aumentadas de ferro. Algumas vezes, se
caracterizam pela policromatofilia (indicativa de
maior número de reticulócitos) e por eritrócitos
pontilhados (siderócitos).
Tanto na anemia sideroblástica adquirida
(síndrome mielodisplásica, fármacos ou deficiência
de vitamina B6) como na congênita (mutação
autossômicas ou ligadas ao X), a síntese do grupo
heme é prejudicada pela incapacidade de
incorporar ferro à protoporfirina, levando à
formação de sideroblastos em anel.
Sempre suspeitar quando: anemia
hipocrômicas- microcítica + ferro sérico e
saturação de ferritina elevados.
O diagnóstico é feito por presença de mais
de 15% de sideroblastos em anel no aspirado de
medula óssea.
TALASSEMIAS
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Alfatalassemia
Falta de alfa leva a:
● Tetrâmero beta: HbH;
o Anemia hemolítica, esplenomegalia,
alterações esqueléticas devido a
eritropoiese aumentada.
● Tetrâmero gama: Hb de Bart.
o Ausência de produção de cadeia alfa.
Hidropisia fetal > incompatível com a vida.
Betatalassemia
Fenótipos diversos:
● β/ β + – Talassemia minor ou traço talassêmico;
● β + /β + ou β + /β 0 – Talassemia intermediária
● β 0 / β 0 – Talassemia major.
ANEMIAS HEMOLÍTICAS
INTRODUÇÃO
A anemia hemolítica é definida como
anemia devido a uma sobrevida reduzida dos
glóbulos vermelhos circulantes (RBCs) devido à
sua destruição prematura. Existem inúmeras
causas de anemia hemolítica, incluindo condições
herdadas e adquiridas, processos agudos e
crônicos e gravidade leve a potencialmente
fatal. Ocasionalmente, a causa será óbvia na
história, no exame físico ou nos resultados do
esfregaço de sangue periférico, mas geralmente o
diagnóstico final requer uma síntese de todas
essas informações e testes laboratoriais
adicionais.
DEFINIÇÕES
Hemocaterese: processo fisiológico, que ocorre
com hemácias com 120 dias ou mais; ocorre no
baço.
Hemólise: processo patológico que ocorre nas
hemácias com menos de 120 dias; também é mais
comum no baço. O indivíduo com hemólise não
necessariamente tem anemia hemolítica, pois
A anemia hemolítica
ocorre
MO
Pela destruição
precoce das hemácias
(< 20 dias)
CLASSIFICAÇÃO
● Intracorpusculares x extracorpusculares;
● Intravascular VS extravarscular (baço).
A hemólise intravascular vai se diferenciar por
possuir, diferente das outras anemias hemolíticas,
hemoglobinúria, hemoglobina livre no plasma e
esquizócitos.
Investigação da Anemia Hemolítica (AH)
É autoimune?
● Solicitar coombs
direto. Se positivo, é
AH autoimune!
Intravascular
ou
Extravascular?
● Hemólise e
hemocaterese
ocorrem no baço, mas
os exames só
percebem a
destruição dentro dos
vasos!
● Hemoglobinemia
(sangue)
● Hemoglobinúria,
hemossiderinúria
(urina)
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Tratamento crônico
Até agora falamos das complicações agudas, que, sem dúvida, é a parte mais cobrada nas provas. Porém, existem
algumas condutas crônicas importantes, que iremos abordar a partir de agora.
● Suplementação de ácido fólico, podendo ser necessária também a reposição de ferro em alguns casos.
● Profilaxia de infecções graves com Penicilina V (via oral), começando aos 2-3 meses de idade e encerrando aos 5
anos. Esta é uma conduta importantíssima, capaz de modificar a morbimortalidade da doença. As principais bactérias
causadoras de doenças em pacientes com AF são: Pneumococo (principal), H. influenzae e Salmonella (principal em
caso de osteomielite).
● Uso de hidroxiureia. Agente mielossupressor muito utilizado em algumas doenças reumatológicas e que aumenta a
produção de hemoglobina fetal (Hb F), melhorando o quadro da anemia falciforme. Tem como principal efeito colateral
a leucopenia, sendo por isso reservada para casos moderados/graves (pelo menos 3 crises isquêmicas ou 2 síndromes
torácicas agudas no último ano, priapismo recorrente, Hb < 6 mg/dl persistente, etc) em indivíduos com mais de 9
meses de idade.
OBS: ao contrário do que ocorre em várias outras doenças hematológicas, o transplante de medula óssea NÃO é uma
das primeiras opções terapêuticas na AF, sendo reservado para casos graves e refratários. Porém, recentemente o
Ministério da Saúde liberou sua utilização em indivíduos com mais de 16 anos de idade, o que estava proscrito
anteriormente e por isso pode ser cobrado em provas de residência.
● Seguimento
ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA
Causada por um defeito na membrana da hemácia, levando a destruição do baço. Anemia emolítica com
esplenomegalia. Possui história familiar positiva, CHCM aumentado (importante!), colecistopatia calculosa crônica e
microesferócitos no sangue periférico. Ocorre por defeito na ancoragem na membrana da célula. Suspeitar em criança
com esplenomegalia e anemia hipercrômica
● Tratamento: esplenectomia (remissão 80% dos casos), indicada em anemia grave: Hb < 8; Ret > 10% e/ou
repercussões clínicas. E ocasionalmente, transfusão. Além de reposição de ácido fólico (como em todas as anemias
hemolíticas).
▪ Corpúsculos de Howell-Holly: restos de núcleo no citoplasma. É um achado obrigatório pós-esplenectomia bem
sucedida; se não aparecer deve existir baço acessório (procurar c/ cintilografia)
● Vacinar contra encapsulados –
Haemophilus, Pneumococo, Meningococo.
DEFICIÊNCIA DE G6PD
Glicólise na hemácia: nos defeitos enzimáticos o
mais importante é no G6PD, que age protegendo a
hemácia de radicais livres que são liberados
durante a glicólise. A falta de G6PD faz com que o
glutation não seja ativado e os radicais livres
oxidam e rompem a hemácia.
● Causas: infecção (+ comum); G Seis P D: Sulfas,
Primaquina, Dapsona, Naftalina e
Nitrofurantoína
● Quadro clínico: paciente assintomático que,
após entrar em contato com algum
medicamento ou alimento, entra num quadro
de anemia hemolítica aguda grave. Alguns
pacientes podem ter uma forma congênita
crônica.
● Diagnóstico: dosagem da atividade de G6PD.
● Tratamento: evitar gatilhos e suporte
transfusional durante as crises.
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA
● Trombose abdominal + pancitopenia +
hemólise
● Desordem genética adquirida extraútero; a
mutação faz com que as hemácias exponham
na superfície receptores para o complemento,
sofrendo lise. Início dos sintomas, em geral,
dos 30 aos 40 anos; mais frequente no sexo
masculino.
● Diagnóstico: citometria de fluxo com
deficiência de CD55 / CD 59
Tratamento: Eculizumab (inibe complemento).
Lembrar da relação com Budd-Chiari!
INFORMACÕES EXTRAS IMPORTANTES
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● Célula em alvo
o Ocorre em qualquer AH, mas a
hemoglobinopatia SC tem o maior
número!
o AF: retinopatia, necrose cabeça de
fêmur.