Patrimônios Despercebidos No Centro Leste de Florianópolis:: Identificação Como Memória Visível
Patrimônios Despercebidos No Centro Leste de Florianópolis:: Identificação Como Memória Visível
Patrimônios Despercebidos No Centro Leste de Florianópolis:: Identificação Como Memória Visível
DEDICATÓRIA
Acadêmico: Eduardo Petry
Orientador: Professor Paolo Colosso, Dr.
Dedico este trabalho àqueles que me antecederam, aos que construíram as
cidades e aos que nelas habitam, mas também a todos e todas que trabalharam
incansavelmente na busca pela resolução dos problemas e no planejamento do espaço
urbano dessas mesmas cidades. Em especial, aos defensores do patrimônio cultural, que
se dedicam de corpo e alma pela causa da valorização da memória comum.
Florianópolis, Outubro 2022
EPÍGRAFE
“Seja como for, o caminho mais seguro para criar, no campo do
patrimônio cultural, condições mais favoráveis para a inclusão
social é, sem qualquer dúvida, o reconhecimento da primazia
do cotidiano e do universo do trabalho nas políticas de
identificação, proteção e valorização [..]”.
Ulpiano T. Bezerra de Meneses, 2006
RESUMO SUMÁRIO
Atualmente a região de Florianópolis conhecida como centro histórico leste, passa CONSIDERAÇÕES INICIAIS ………………………………………………….…………………..………………05
por mais um processo de transição, onde importantes histórias não têm sido Motivação ………………………………………………………………………………………………..………………05
reconhecidas e valorizadas, em detrimento de outras narrativas, que aliadas a outros Questão …………………………………………………………………………………………..……….….……………05
processos em curso, tendem a potencializar o apagamento dos valores culturais que
Objetivo Geral …………………………………………………………………………………………..……...……05
permanecem resistindo nessa parte da cidade e que são essenciais para a vitalidade da
mesma frente às transformações a que está sujeita. Num contexto de ausência de Objetivos Específicos……………………………………………….…………………………..……………05
políticas de educação patrimonial efetivas, de limitações das políticas públicas de Introdução…………………………………………………………………………………..……………..……………06
proteção e crise econômica e social, a mobilização de atores sociais desponta como uma
alternativa a esse processo, em especial aqueles que se relacionam diretamente com os PATRIMÔNIO CULTURAL………………………………………………………………………...…………….……07
espaços, como os frequentadores do centro leste. No entanto, há um hiato entre a Evolução do Conceito de Patrimônio Cultural……………..….…………………07
existência dos valores culturais e a percepção destes, que é potencializado pela pouca Patrimônio cultural em Florianópolis …………………………….…..….…………………11
visibilidade das memórias coletivas, em especial pela falta de identificação física dos
Com Meneses: necessidade de uma agenda comum…………………14
lugares portadores de valores culturais intangíveis. Nesse sentido, promover a
visibilidade e valorização dos patrimônios despercebidos dessa região, com suas
histórias, significados e valores, pode fazer frente a esse processo de apagamento da CENTRO LESTE ………………………………………….…………………………………………..…………….……………16
identidade dessa importante parte da cidade. Um desses patrimônios histórico-culturais Breve Histórico …………………………….…………….………………………………..…………………………17
com pouca visibilidade e que corre risco de apagamento é o Instituto Arco-Íris de Processo em Curso………………….…………….………………………………..…….……………………23
Direitos Humanos, que paradoxalmente é um dos lugares mais simbólicos da essência Diferentes Narrativas…………….…………….……..…………………………..…….……………………25
dessa parte da cidade, e ao mesmo tempo o mais sensível. Outras Visões…………….…………………..………….………………………………..…….……………………28
Um Centro abandonado? ……..………….………………………………..……….…………………29
Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Florianópolis. Educação Patrimonial. Visibilidade. Diagnóstico Comum ……..………….…………………………………………..………..…………………31
Delimitação do Recorte …..……….…………………………………………..…………………………32
Patrimônios Oficiais do Recorte ……………………………………..……….…………………35
Uma vez definido sobre qual recorte territorial do Centro Leste o trabalho irá se
apoiar, são analisados os bens culturais já reconhecidos legalmente no recorte,
considerando as legislações vigentes nas três esferas de poder. Os trabalhos de Adams
(2001) e Dias (2005) constituem as bases de compreensão dessa etapa. Inicia-se também
uma reflexão crítica sobre as disputas em curso, em especial pelas narrativas e
permanências, através de um mapeamento amostral de trabalhos acadêmicos propostos
para a região que apresentam diferentes leituras e propostas.
Dessa base comum é construída uma análise do processo em curso e dos riscos
percebidos em relação a permanência de outros patrimônios não reconhecidos e
protegidos via legislação, e que dependem do engajamento de atores sociais para serem
mantidos frentes aos diferentes projetos de cidade que são propostos para o setor leste.
6
2.PATRIMÔNIO CULTURAL 2.1: Evolução do conceito de patrimônio cultural
8
Figura 03 - Vista da Cidade de Desterro em 1867. Disponível em: MASP(lista figuras).
moderna já se fazerem presentes, como o excepcional Edifício do MES[6] no Rio de De certa forma a legislação de 1937 foi bastante ousada para sua época, produziu
Janeiro, o ecletismo e suas variações ainda estavam em alta, e constituíam o repertório da resultados satisfatórios, se mantendo atual pelos anos seguintes, apesar de reproduzir
arquitetura popular - no sentido de não acadêmica - amplamente difundido, uma interpretação bastante limitada acerca do patrimônio, como pode ser percebido
principalmente nas cidades mais afastadas das grandes metrópoles, onde as novidades pelo critério de inscrições em livros-categorias, ou seja, caixinhas. Cabe ressaltar, que o
demoravam a chegar. Desse modo, frente ao desafio monumental de selecionar e SEPHAN, enquanto órgão da estrutura federal, concentrava sozinho a função de proceder
proteger os exemplares constituintes da identidade nacional, todos os demais com os reconhecimentos e tombamentos, em uma época onde as distâncias territoriais e
exemplares foram preteridos, especialmente os de tendência eclética e feitio limitações práticas ditavam o ritmo do trabalho, de modo que essa primeira fase de
contemporâneo. atuação do órgão ficou conhecida como a fase heróica, dada a dimensão do desafio e as
circunstâncias. Para se ter idéia, os processos eram totalmente analógicos, não havia
As primeiras legislações possuíam caráter centralizador, eram tomadas na Capital comunicação instantânea nem arquivos digitais; fotografias levavam dias para serem
Federal, e buscavam responder às demandas de então: bens isolados, distinguíveis por reveladas.
valores e atributos de excepcionalidade, e que corriam risco de desaparecer pela
substituição e demolição frente a renovação arquitetônica, urbanística e estilística. É o Santa Catarina ilustra bem a postura preservacionista da época em que havia
caso por exemplo do tombamento da Casa Natal de Victor Meirelles (figura 05), que seria apenas um único órgão público tratando do tema. Diferente de Minas Gerais e da Bahia,
demolida em meados da década de 1940 para alargamento da rua, que ironicamente leva que experimentaram ciclos de crescimento e desenvolvimento ainda no séc. XVIII e
o mesmo nome do artista. A compra e tombamento do imóvel se deram com participação possuíam cidades em decadência, as três cidades mais antigas do estado estavam em
ativa do diretor do SEPHAN, Rodrigo M. Franco de Andrade, e faziam parte de uma pleno desenvolvimento - São Francisco do Sul, Laguna e Florianópolis, e as demais
estratégia maior de criação de novos museus dedicados à memória e cultura nacional, cidades, eram todas ainda muito jovens, em pleno processo de formação, como Joinville,
focando nos grandes temas nacionais de então, como império, inconfidência e ciclo do Blumenau, Itajaí, Urussanga, e mais tantas outras que atualmente possuem um vasto
ouro acervo reconhecido. Coube aqui a postura de socorrer justamente os objetos mais
singulares, antigos e arruinados, que eram as fortalezas, mandadas construir no tempo
colonial pela coroa portuguesa dentro de um plano de expansão do território. Em 1938,
as fortalezas estavam em sua maioria sem uso, consideradas obsoletas para fins
militares, deixaram de constituir instalações funcionais, sendo esvaziadas e
eventualmente abandonadas. Tal qual ocorreria em todo território nacional, o
tombamento tinha a função de assegurar a permanência dos bens, mas não resultava na
sua efetiva preservação. As fortalezas permaneceram abandonadas até a década de 70,
quando gradativamente foram restauradas.
__________ No Brasil, por sua vez, o cenário era de industrialização, crescimento das cidades,
6: Ministério de Educação e Saúde, também conhecido como Palácio Capanema, foi a primeira edificação a urbanização desenfreada. Se não houve um pós guerra, ocorreu um período político
incorporar os princípios modernistas defendidos por Le Corbusier, em 1936. bastante conturbado, desde a morte de Getúlio Vargas passando pelo período JK e culmi-
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nando no golpe militar de 1964. A metamorfose das cidades brasileiras se dará no Em meio a esse cenário, em que o patrimônio reconhecido e protegido não
contexto da utopia modernista, da construção de Brasília, da criação da Companhia necessariamente é representativo, se abre espaço para disputas e apagamentos. Lugares,
Siderúrgica Nacional, da popularização do concreto armado e da indústria automotiva. fatos e eventos não considerados pelas políticas oficiais acabam ficando relegados a uma
Assim, a inexistência de uma revisão da legislação, coincide com um período bastante posição de marginalidade, de não oficiais, de menores. Como resposta, a mobilização dos
tumultuado na política nacional, nas décadas de 50 a 70, e expõem as fragilidades da grupos sociais e outros atores políticos, tem cobrado ações mais inclusivas do poder
legislação que foi pensada para atuar em um contexto de país agrário, de centros público, de modo que esse patrimônio invisível, ou melhor, despercebido, passe a ser
urbanos pequenos e consolidados, e principalmente, de limitações construtivas. valorizado e protegido.
Esse período de crescimento desprovido de planejamento será determinante nas Essa fase é um contraponto direto as práticas mais consolidadas do campo do
feições que as cidades assumiram (figura 06), incluindo os centros históricos e a patrimônio cultural, que ainda hoje não superaram alguns cânones como a utilização do
descaracterização de conjuntos que até então se mantinham íntegros. Diante da tombamento como principal instrumento de proteção e o rigor técnico relativo a
complexidade do desafio de fazer frente a esse processo, ficará evidente a necessidade intervenções em bens culturais cujo valor simbólico e social é colocado em segundo plano
de uma nova abordagem para a questão do patrimônio, que vai coincidir com a abertura em detrimento de aspectos de cal e pedra. A evolução efetiva do conceito de patrimônio
democrática e maior participação social. histórico e edificado para patrimônio cultural e urbano é uma transição urgente e
necessária, mas que não ocorre por igual.
Ainda nas décadas de 1970 e 1980, mesmo com a circulação de documentos
programáticos mais progressistas, como a Carta de Amsterdã, causava repulsa, em
vários círculos técnicos, chamar a atenção para a natureza social do patrimônio FASE CARACTERÍSTICA PERÍODO
ambiental urbano – expressão aliás reveladora de mudanças e que, então,
começava a difundir-se. (MENESES, 2006, p. 41) fase 1 monumentos, objetos artísticos e documentos históricos de valor 1808 a déc.
excepcional, ligados ao Brasil colônia e império. 1920
Como já mencionado, a questão cultural é um campo de disputas, estando fase 2 necessidade de uma política de Estado e fase heróica do IPHAN: década de
diretamente ligada à política, seus avanços e retrocessos. Nesse sentido, um dos avanços tombamento como ferramenta: identidade nacional em 1920 a 1950
mais significativos ocorreu com a Constituição Federal promulgada em 1988, fruto de construção
ampla participação popular, e de especialistas, incluindo da área do patrimônio cultural
(MENESES, 2012, p. 33). fase 3 questões próprias da realidade brasileira, cartas de Brasília (70) e década de
Salvador (71), indicando a criação de uma rede institucional 1960 a 1980
Considerando a evolução da preservação no Brasil desde a época colonial até o
momento presente, a título de entendimento do processo, poderia ser distinguir de fase 4 contexto de redemocratização e participação popular, década de
maneira simplista e generalizada, em 5 fases (quadro 1), que partem da noção de reconhecimento do patrimônio natural e imaterial, valorização das 1980 a 2000
monumento histórico e artístico, ainda no tempo do império, passando pela primeira diferenças, novos atores sociais, ampliação do debate, ebulição
legislação nacional, baseada na experiência francesa, chegando até década de 1970,
quando as questões do patrimônio nacional passam a exigir maior personalização em fase 5 globalização, economia neo-liberal, mercantilização do uso 2000 até o
relação às especificidades nacionais, como a recém construção de Brasília, que nasce cultural, disputas, diferenças culturais como produto presente
como monumento. A crise atual do campo do patrimônio cultural passa pelo processo de
reabertura democrática, e globalização a partir da década de 1990, onde o neoliberalismo
passa a atuar também no patrimônio, chegando ao momento atual onde é capturado
Quadro 01 - Simplificação dos principais períodos do patrimônio cultural brasileiro.
Do autor, 2022.
como valor de mercado.
10
Figura 06 - Vista do Centro Leste. Acervo Pessoal, registro ago. 2022.
2.2: Patrimônio Cultural em Florianópolis lise sobre o patrimônio cultural em Florianópolis será focada especificamente na figura
municipal, embora a atuação das legislações federal e estadual se façam presentes em
Como desdobramentos do movimento moderno e das mudanças globais ocorridas menor escala desde a década de 1950 e 1980, respectivamente.
no pós-guerra, as cartas patrimoniais internacionais contribuíram para disseminar a Visando subsidiar a compreensão sobre a evolução do conceito de patrimônio
preservação dos bens culturais além dos grandes centros europeus, alcançando em cultural na cidade, foram compiladas as principais legislações que de algum modo se
especial os países em pleno desenvolvimento, como o Brasil. Aqui, as orientações foram relacionam com a construção e fortalecimento das políticas locais (APÊNDICE 01).
traduzidas e interpretadas à luz da realidade nacional, resultando em documentos como
o compromisso de Brasília - 1970, e de Salvador - 1974, que entre outras diretrizes, Além de siglas, números de leis e decretos, importa entender também o
convidava Estados e municípios a criarem instrumentos e órgãos específicos de funcionamento desses mecanismos e as alterações pelas quais passaram ao longo do
preservação do patrimônio cultural em seus respectivos contextos de atuação . Segundo tempo. Atualmente IPUF e SEPHAN costumam ser entendidos como uma mesma
Weissheimer (2021, p. 196), a criação de uma legislação de tombamento em nível estrutura, porém não o são, embora tenham trabalhado em concordância nos últimos
municipal em Florianópolis foi resultado direto do “chamado que o governo federal fez anos. Quando criado em 1974 o órgão competente responsável pela matéria de
aos estados e municípios” naquela mesma década. tombamento era o SEPHAN, que era assistido por uma comissão, responsável por
representar a participação da sociedade e legitimar as decisões. Assim, a Comissão
Os anos 70 e 80 do século XX foram determinantes para a configuração atual do Técnica do Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município -
centro histórico (figura 07), pois foi entre as primeiras iniciativas de reconhecimento e a COTESPHAN, era composta por diversas entidades ligadas à questão cultural no
efetiva proteção dos bens, que ocorreu um verdadeiro surto de novas construções na município, como a UFSC, UDESC, IPHAN, FCC, Fundação Franklin Cascaes, FATMA, IAB,
trama histórica, e que foi acompanhado do abandono intencional dos imóveis históricos. OAB e SUSP - Superintendência de Serviços Públicos do Município. Na época de criação,
Antes de vigorarem as primeiras legislações de patrimônio, estava em curso a SEPHAN e COTESPHAN estavam vinculadas a à Secretaria Municipal de Educação, Saúde e
verticalização do centro da cidade, visto que a centralidade estava espremida entre o Assistência Social, e não ao Instituto de Planejamento Urbano - IPUF.
morro e o mar. Estes primeiros edifícios em altura foram construídos no coração do
centro histórico, que conservava simultaneamente a característica de centro comercial, As legislações do campo do patrimônio cultural, tal qual o do planejamento
econômico e social. Assim, as construções mais antigas, já em processo de desuso, foram urbano, são construídas a pequenos passos, em etapas cumulativas. A primeira legislação
percebidas como potencial de investimento, de modo que antes mesmo de ocorrerem os específica de proteção cultural foi então a Lei 1.202/74, que definiu as bases do que viria
primeiros tombamentos de arquiteturas não religiosas ou institucionais, as construtoras a constituir o patrimônio cultural de Florianópolis. Como resultado das limitações de falta
e incorporadoras já haviam se apropriado de inúmeros imóveis do centro, notadamente de um corpo técnico efetivo, as primeiras ações de tombamento ficaram restritas a
os mais antigos (figura 09), os quais permaneceram abandonados e sem uso aguardando unidades individuais, como as principais igrejas da cidade, protegidas em 1975, ou
o momento da demolição. edificações relevantes mais ameaçadas. Tal qual o IPHAN na década de 1930, a equipe de
técnicos do SEPHAN vivenciou uma fase heróica relacionada aos primeiros anos de
O protagonismo da cidade em
legislação, quando a demanda e urgência por ações efetivas frente ao processo de
aderir ao compromisso, resultou na
renovação arquitetônica demandaram ações emergenciais. Uma das ações paliativas foi a
criação da Lei Municipal Nº 1.202/74,
instituição da lei nº 1.715 de 1980, que condicionava a aprovação de reformas ou
que instituiu a figura do tombamento,
demolições de imóveis com mais de 30 anos apenas após anuência do COTESPHAN.
até então restrita a atuação pontual do
IPHAN no estado, além de criar o A vinculação do SEPHAN ao instituto de planejamento ocorreria apenas em 1984,
Serviço do Patrimônio Histórico, no bojo de uma reforma político-administrativa, onde o órgão assume o protagonismo
Artístico e Natural do Município, como estrutura executiva, amparado pelas políticas de planejamento urbano do IPUF,
atualmente SEPHAN. O governo do enquanto o COTESPHAN é transformado em colegiado consultivo, de modo que
Estado, por sua vez, só viria a
regulamentar o tombamento na esfera
Com a sua inserção na esfera do planejamento urbano da cidade e da legislação
estadual a partir de 1980, sendo que urbanística foi dado importante redirecionamento da política de preservação,
as primeiras proteções efetivas se aplicando em âmbito municipal os novos princípios de preservação preconizados
deram apenas no final da década de pela Carta de Veneza, marco nos conceitos internacionais de preservação vigentes.
1990. Desse modo, o município ficou Os atos expandiram-se na área de preservação natural. Apresentavam, também,
responsável por realizar o ênfase nos referenciais urbanos da cidade, através da ampla proteção de conjuntos
urbanos históricos, incorporando-se ao processo (ADAMS, 2002, p. 205).
levantamento e proteção tanto dos
bens de valor na escala do município,
como do estado e da união, uma vez No ano seguinte é aprovado o Plano diretor dos Balneários, que com exceção do Distrito
que a cidade acumula o status de Sede, passa a contar com uma legislação que já prevê a incorporação do patrimônio
capital do estado e possui um relevante histórico. São instituídas pela primeira vez as áreas de Preservação cultural - APC, sendo a
legado histórico. Por conta desse APC-1 destinada a patrimônio histórico. Foi neste mesmo momento que foram criadas as
contexto de protagonismo local, a ana-
Figura 07 - Construção Ed. Meridional, em 1957.
Acervo da Casa da Memória de Florianópolis. 11
três categorias de preservação: P1, P2 e P3. No ano seguinte, ainda de forma
desvinculada do planejamento urbano, é realizado o tombamento dos 10 conjuntos
urbanos (figura 08) do centro histórico através do nº 270/86. A ação que foi ousada para
a época, causou diversas reações, sendo a principal delas a necessidade de uma revisão
de cada um dos imóveis inseridos dentro dos conjuntos, através da classificação de
acordo com uma das três categorias: P1, P2 e P3. Ao final da revisão, em 1990, pelo
menos 278 imóveis inicialmente protegidos por estarem dentro das poligonais dos
conjuntos, foram excluídos e os que permaneceram foram classificados (ADAMS, 2002).
Paralelamente à consolidação das
políticas de preservação municipais,
seguiu-se a crise no setor da construção
civil, de modo que tanto pela legislação
como pelas dinâmicas do mercado, as
demolições cessaram, ao passo que os Figura 10 e 11 - Térreo da edificação Mário Hotel em 1982, com vãos alterados e
tombamentos avançaram. Nesse ínterim, publicidade comercial. Autoria Maria Isabel Kanan. Acervo DPPC / FCC (lista figuras).
o centro da cidade acumulou um passivo
de abandono e degradação: inúmeros
imóveis que perderam sua relação com o
mar após o aterro e ficaram sem uso;
construções deixadas para cair pelos
proprietários, contrários ao tombamento;
imóveis históricos de posse das cons-
trutoras que constituíam uma reserva de
terra; e uma total desregulamentação
sobre conservação, pintura e comu-
nicação visual. Em resposta a esse cená-
rio e com o fortalecimento do SEPHAN,
através do apoio da administração popu-
lar de Sérgio Grando e Afrânio Bopré,
mandato 1993-1997, foi desenvolvido o
Projeto Renovar (figuras 10 a 15), que foi
o responsável por devolver aos rema- Figura 12 e 13 - Ilustração do Manual de Recuperação do Projeto Renovar exemplificando
nescentes arquitetônicos do centro através da edificação nº 148 da Rua Conselheiro Mafra a situação de desvalorização, má
conservação e descaracterização antes da aplicação das diretrizes do projeto, e a
histórico a visibilidade que haviam Figura 08 - Conjuntos de valor histórico e
situação posterior almejada. O cenário “errado” reflete as condições reais do imóvel na
perdido, tanto em termos materiais como
arquitetônico definidos pelo Decreto nº 270
década de 80, porém sem identificar ou caracterizar os respectivos comércios. Retirado de
de 1986.Fonte: Leis Municipais, 2022.
simbólicos. Além da remoção das IPUF, 1993 (lista figuras).
placas publicitárias que encobriram as fachadas, outra medida que teve um grande
impacto foi a reconstituição dos vãos das portas e janelas dos pavimentos térreos, que
em sua grande maioria haviam sido modificados ao longo do tempo.
Uma questão que precisa ser abordada diz respeito à tendência corrente de
conferir usos culturais para objetos de valor cultural, mesmo nos casos em que o objeto
possui potencial de outros usos que não o cultural, como potencial funcional. Predomina
uma visão contemplativa em detrimento de usos práticos e funcionais. Para o autor,
existem três dimensões do patrimônio, a do cotidiano, do trabalho e da cultura, onde
este último seria percebido pelo senso comum dominante como sendo de espírito mais
elevado, e por isso mesmo incompatível com as relações sociais próprias do universo do
cotidiano e do trabalho, que seriam menos nobres, menos dignas. Essa perspectiva
embasa a formação de um universo em separado, formada pelos “produtos e os
produtores culturais, os consumidores culturais, os equipamentos culturais, os órgãos
culturais e assim por diante mas, acima de tudo, os usos culturais” (MENESES, 2006, p.38).
A matriz de valor não está nas coisas em si, mas nas práticas sociais, de modo
que “atuar no campo do patrimônio cultural é se defrontar, antes de mais nada, com a
problemática do valor”, que perpassa todas as esferas do campo (material ou imaterial
(MENESES, 2012, p. 32).
Seja como for, o caminho mais seguro para criar, no campo do patrimônio cultural,
condições mais favoráveis para a inclusão social é, sem qualquer dúvida, o
reconhecimento da primazia do cotidiano e do universo do trabalho nas políticas
de identificação, proteção e valorização, e, conseqüentemente, de maximização do
potencial funcional. (MENESES, 2006, p. 53).
15
3.CENTRO LESTE
O esvaziamento da região leste é uma realidade que tem mobilizado a sociedade
nas últimas duas décadas, e que tem ascendido um amplo debate sobre quais estratégias
deveriam ser adotadas para fazer frente a esse processo, que é seguido de “abandono” e
degradação. Os principais atores sociais são os proprietários, os comerciantes,
moradores e usuários que frequentam a área. Se somam a eles, a participação do poder
Florianópolis, ou melhor, a Grande Florianópolis, é um território em disputa, pelo público e da iniciativa privada. Enquanto comerciantes e moradores cobram do poder
menos desde 1777, quando a coroa espanhola invadiu a região (figura 20), e a freguesia público por soluções imediatas para os problemas percebidos, como ausência de
de São Miguel da Terra Firme, atual Biguaçu, foi provisoriamente sede da Capitania de movimento e degradação do espaço urbano, outros atores como movimentos sociais
Santa Catarina [8]. Posteriormente a capital voltou para a ilha, onde permanece até hoje, percebem que há pouca discussão sobre as consequências do emprego das estratégias
e de lá para cá, embora muito tenha mudado, alguns outros aspectos territoriais oferecidas pelo poder público para esses problemas, que via de regra são de curto prazo
permaneceram praticamente inalterados desde então: as fortalezas, o Palácio do e estão alinhadas a uma visão limitada. A ausência de uma visão comum sobre o Centro
Governo, a Catedral, a Casa de Câmara e Cadeia e o traçado das ruas à leste da Praça da Leste e seu futuro abre espaço para iniciativas exógenas, que a partir de uma leitura
Matriz. superficial se apropriam de espaços e promovem novas dinâmicas, como a especulação
imobiliária, que vem a reboque das propostas da iniciativa privada quanto ao potencial da
Ao longo do tempo essa porção de território que constitui o embrião da economia criativa e inovação.
urbanização da cidade, juntamente com a porção oeste, experimentou diferentes
momentos, sempre em conexão com a cidade, com seus rumos sociais, políticos e Torna-se fundamental problematizar as diferentes estratégias apresentadas pelos
econômicos. Foi ali, por exemplo, que se ensaiou uma pretensa modernização calcada diferentes atores visando chegar a uma visão comum, que até o momento não existe.
em ideais higienistas da primeira república, no início do séc. XX, onde além de vigorosos Nesse sentido, compreender a formação dessa área singular, sua consolidação e papel
processos de remodelação urbana, de inúmeras injustiças sociais e processos de que desempenha na dinâmica urbana é uma alternativa na construção de uma visão
expulsão e apagamento, ocorreram também importantes mudanças sociais, como o comum.
florescimento da cultura de esportes náuticos. Reflexo de uma época, essas práticas
associadas à prática do remo, atualmente estão quase que completamente desapa-
recidas da região, se não fosse a presença de um letreiro no alto de uma das construções
mais interessantes daquela parte da cidade - Clube Náutico Francisco Martinelli.
Qual não teria sido o clima que rodeou aquelas ruas quando na década de 1970 se
decretava a morte ao esporte nos moldes como ocorria? Que debates e disputas não
poderiam ter acompanhado a discussão sobre o futuro da cidade: abraçar aos aterros e
a promessa de modernidade e progresso, ou se agarrar aos seus valores e práticas
consolidadas? No mesmo processo do aterro da Baía Sul (figura 19) outros importantes
marcos simbólicos da memória da cidade foram apagados, como o antigo Miramar, e
outros por pouco foram poupados, como a Fortaleza de Santa Bárbara. Não são estas
respostas que se busca nesse trabalho, mas sim, compreender um outro processo que se
dá nesta mesma região, no século atual, onde diferentes processos e atores possuem
ideias diversas sobre a vocação e futuro dessa parte da cidade, e sobre a permanência
não apenas das construções de pedra e cal, mas principalmente da cultura imaterial.
1777 1876
Figura 20 - Planta da Villa, elaborada em 1777 pela Coroa Espanhola, durante a invasão e Figura 21 - Planta da Cidade, elaborada em 1876 a mando de Alfredo d' Escragnolle Taunay,
ocupação da ilha. Disponível em: FORTALEZAS.ORG (lista figuras). enquanto presidente da Província de Santa Catarina. Disponível em: FORTALEZAS.ORG (lista
figuras). 17
e residência no andar superior. [...] No aspecto geral, o caráter marcou a instalação dos grandes edifícios institucionais que passariam a ocupar a
residencial-comercial foi a regra em quase todas as ruas, salvo algumas exceções, região, em especial o Tribunal de Justiça, o Palácio Santa Catarina, e a Assembléia
sendo a mais expressiva a rua João Pinto, antiga Rua Augusta, tipicamente
comercial. (VEIGA, 2008, p. 190).
Legislativa. A presença do aparato público, somada a outras instituições voltadas ao
ensino, como a Academia de Comércio, a Faculdade de Educação e o Grupo Escolar Dias
Velho, reforça a circulação de pessoas na área, permitindo a consolidação de um centro
Para a autora, foi a combinação das limitações geográficas para expansão da comercial ativo e diversificado.
cidade à leste, como a área pantanosa, o córrego da Fonte Grande e os acidentes
geográficos, que incentivaram a cidade a se desenvolver para o lado oeste, onde a
atividade comercial e marítima passou a se sobrepor a antiga função militar e
demandar novas instalações, como armazéns, mercados, depósitos e estaleiros.
Posteriormente, o saneamento do córrego e a urbanização à leste ajudaram a conservar
o caráter residencial dessa parte da cidade. No mapa de usos e ocupação do solo,
elaborado pelo geógrafo Wilmar Dias em 1947, é possível perceber essa setorização de
funções já consolidada (figura 22).
Figura 22 - Mapa de uso do solo da área central de Florianópolis em 1947, elaborado por
Wilmar Dias. Retirado de: apud SOUZA, 2012, p. 50 (lista figuras).
Ainda sobre o mapa de 1947, interessante notar que o terreno onde seria edificada
a nova sede social do Clube Doze de Agosto, em 1956, já aparece como vago. Os grandes
espaços públicos da cidade à época, eram a Praça XV de Novembro, a Praça General
Osório e o Largo XIII de Maio. O Centro Leste ficava justamente entre estes, funcionando
como uma espécie de corredor (figuras 24 e 25). Na década seguinte, a Praça General
Figura 23 - Vista do Centro Leste na década de 1950 e as diferentes fases da Rua João Pinto
Osório perderia status de maior espaço público da cidade, para se tornar o terreno onde refletida nos afastamentos das edificações. Em verde, período colonial, em amarelo, início
foi edificado o novo prédio do Instituto Estadual de Educação. Antes do aterro da Baía Sul, do séc. XX, em vermelho, a partir da segunda metade do séc. XX. Elaborado pelo autor, sobre
certamente essa foi uma das maiores mudanças na parte central da cidade, e que fotografia do acervo da Casa da Memória de Florianópolis.
18
Figura 24 - Panorama da cidade, por volta de 1905, com o Quartel do Campo do Manejo,futura Praça General Osório, no primeiro plano. Na década de 1960 sofre uma mudança radical, com a construção do
Instituto Estadual de Educação, que inicialmente funcinava no prédio do atual Museu da Escola Catarinense.Foto de Eugen Currlin. Acervo G. Schmidt-Gerlach. Disponível em: FORTALEZAS.ORG (lista figuras).
Figura 25 - Vista panorâmica do centro à leste da Praça XV, tomada a partir da torre da Catedral. Em destaque a recém construída Escola Normal e imediatamente atrás, o Instituto Politécnico em
construção. Considerando 1922 como ano do lançamento da pedra fundamental do Instituto Politécnico e 1924 como de sua ocupação, a fotografia é seguramente da primeira metade da década de 1920. Elaboração
própria (junção de duas imagens distintas) a partir de originais do acervo da Casa da Memória de Florianópolis, coleção Início séc. XX. 19
A década de 1940 marca o início das grandes modificações ocorridas no interior
das quadras, sem maiores alterações nas vias. Antigos lotes coloniais foram
remembrados, possibilitando grandes terrenos destinados a novas arquiteturas. Por
exemplo, o prédio do 5º Distrito Naval, que seria edificado na mesma década sobre a
metade remanescente de casario da quadra delimitada pelas ruas General Bittencourt,
Victor Meirelles, Nunes Machado e avenida Hercílio Luz (figura 27).
Figura 26 - Rua Nunes Machado, esquina com João Pinto, em 2000. Ao fundo, Clube Doze de
Agosto. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis.
Apesar dessas características de uso misto, a região leste, entendida como a leste
e nordeste da Praça XV e com eixo de crescimento pela Rua General Bittencourt, ainda
se caracterizava como setor residencial, não sendo cotada para outras funções em
virtude das limitações tão características, como caixa de rua estreita e alta densidade de
ocupação. Dessa forma, até os anos 2000 (figura 26) o setor conservou três principais
características: condição de centro histórico, de centro comercial e de zona residencial.
Essa diversidade possibilitou a manutenção de aspectos históricos e culturais que foram
mantidos até meados da década de 2000, quando se iniciou o processo de desequilíbrio
que caracteriza a região atualmente.
Figura 27 - Rua Victor Meirelles em 1905, com casario colonial consolidado em ambos os lados
da via. Acervo G. Schmidt-Gerlach. Retirado de: Onde Está Desterro? (lista figuras). 20
Figura 28 - Em primeiro plano, residências humildes da população que outrora ocupava a região baixa, como o entorno do Rio da Bulha e os cortiços do Beco Sujo, ambos desaparecidos com as obras
higienistas do início do séc. XX. Ao fundo, aterro da Baía Sul em andamento, na década de 1960. Ao centro, Instituto Estadual de Educação, inaugurado em 1963.Comparando com a figura 24 é possível
perceber o impacto que a transformação da Praça General Osório, antes Campo do Manejo, causa à dinâmica das ruas do centro leste, representadas em vermelho. Destas, a Fernando Machado é a que sofre a
maior alteração, perdendo a função de via arterial entre as duas principais praças da cidade, cujo trecho final da rua é sentenciado a “gangrenar”. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção 21
Aterros.
Figura 29 - Aterro da Baía Sul, defronte ao centro leste, na década de 1980, antes da construção do Terminal Cidade de Florianópolis, ocorrida em 1988. A presença massiva de veículos, em uma época onde
poucas famílias podiam possuir um, e a presença de linhas de onibus anteriores ao próprio terminal, permite vislumbrar a efervecência da região leste, e que foi diminuindo principalmente após os anos
2000. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Aterros.
22
3.2: Processo em Curso Apesar da ênfase com que os proprietários de imóveis da região atribuem a saída
do terminal urbano como principal motivo pela decadência que a área enfrenta desde
então, eles possuem parte no ônus desse processo de esvaziamento. Ao insistir na
mesma fórmula de exploração dos imóveis, voltados a fins comerciais e altamente
Historicamente, o núcleo fundacional da cidade se desenvolveu paralelamente à dependentes de um fluxo constante de pedestres, repassaram ao poder público a
linha do mar, tendo a Praça da Matriz como centro de referência, de modo que a responsabilidade por trazer novamente o antigo fluxo baseado no movimento
identidade do centro histórico se consolidou ao longo do tempo como uma só, sem transitório de pessoas. De forma que não foram investidos em outros usos, que além de
distinções mais acentuadas. O centro histórico coincidiu com o centro administrativo e conviver com o perfil comercial da região poderiam proporcionar muito mais vitalidade
econômico, que se refletiu em condições singulares de concentração e circulação de para toda a área, como moradias voltadas a públicos mais jovens. Hoje a região é
pessoas, que por sua vez, gerou um centro comercial. Até o início século XXI o equilíbrio caracterizada pela vacância justamente por ser um local onde não são oferecidas
da região se manteve, em especial pelo constante trânsito de pessoas (figura 30) , porém ocupações alternativas para os imóveis, como residências (figura 31).
com a saída de importantes instituições públicas, como a Academia de Comércio de Santa
Catarina, a Faculdade de Educação da UDESC, a Câmara de Vereadores, e também o Essa especialização monofuncional é consequência da visão funcionalista da
Palácio de Santa Catarina a porção a leste da praça XV passou a ter um fluxo menor de cidade, derivada do pensamento moderno, que previa que cada setor da cidade deveria
pessoas. Paralelamente a essas modificações, a principal porta de entrada de pedestres desempenhar uma função, e a do centro histórico seria cultura, artes, arquitetura e
na região, constituída pelas linhas de transporte coletivo concentradas no Terminal comércio. E isso é um problema, pois desencadeou a idéia que essas porções da cidade
Cidade de Florianópolis, foi transferida para um novo terminal, localizado justamente no teriam uma vida à parte do todo, assim áreas que historicamente exerceram alguma
lado oposto da Praça XV de Novembro. centralidade, por concentrar instituições, serviços e comércio - funções vitais da cidade-
passaram a ficar em segundo plano, pois se criaram novas áreas comerciais e pequenas
A combinação desses fatores afetou a dinâmica já consolidada da região como centralidades nos bairros, que mesmo que destituídas das instituições, passaram a
principal centro comercial da região metropolitana, e como a valorização dos endereços desempenhar a função de micro-centralidade, enquanto as antigas áreas centrais e
comerciais é diretamente influenciada pela circulação de pessoas, às ruas à leste da Praça históricas ficaram apenas com a função cultural.
XV perderam seu protagonismo, que se refletiu em aluguéis mais acessíveis. Tal cenário
foi favorável à renovação do comércio local, que passou a ser procurado por outras Outra consequência dessa visão funcionalista dos centros históricos como
atividades que antes não teriam condições de se instalar no endereço, em especial espaços essencialmente culturais, é que eles acabam perdendo relevância na vida
atividades mais populares, como comércio de bens de segunda mão: roupas, móveis e cotidiana, justamente por não serem mais vitais, de modo que são preteridos em
principalmente livros e vinis. Igualmente se instalaram novos restaurantes e bares, que relação a outros lugares da vida comum, e acabam por se esvaziar. Aos poucos a
voltados a um público mais diversificado, se somaram aos já existentes e consolidados imagem de centro comercial misto cedeu espaço para o centro cultural vazio.
como representantes da boemia da região, como o Canto do Noel e Kibelândia.
Figura 30 - Movimento intenso de pedestres no entorno do Terminal Cidade de Florianópolis, em Figura 31 - Centro comercial fechado por falta de movimento, onde outrora as salas comerciais
2000. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis eram valorizadas. Fechado sim, abandonado, não, vide cartaz de locação. Acervo Pessoal, ago. 23
2022.
Paulatinamente ao esvaziamento comercial e consolidação cultural, o caráter A reinvenção do Museu da Escola Catarinense pode ser entendida como o
residencial vem perdendo relevância na área nas últimas décadas, em especial a faixa primeiro movimento efetivo de revalorização da região após o esvaziamento da década
média da população economicamente ativa, segundo estudo de Weissheimer (2021). anterior, cujo protagonismo foi fundamental no resgate da memória histórica e cultural
Enquanto a cidade de Florianópolis registrou um crescimento populacional no recorte da região. Esse processo não se deu sem polêmicas. Fruto de um esforço entre
estudado, de 2000 a 2010, o centro como um todo perdeu população fixa. instituição pública e iniciativa privada, a recuperação do edifício do museu inseriu novos
atores e despertou novos debates, que vieram a agregar na diversidade da região, como
Chama atenção nessa pesquisa, mais especificamente o Centro Leste, que o setor da economia criativa.
comparado a outros setores da região, manteve a população jovem, abaixo dos 24 anos,
e que em termos econômicos empobreceu. Quer dizer, realmente os dados Assim como a mudança das linhas de ônibus para o TICEN desequilibraram a
demonstram o que já se percebia empiricamente, que com as mudanças ocorridas na região e permitiram a consolidação momentânea como centro popular com aluguéis
primeira década dos anos 2000, a região empobreceu, e a parcela da população mais menores, a entrada de novos atores sociais ligados diretamente ao setor privado em sua
ativa economicamente (jovens adultos) se deslocou para outras áreas, e justamente vertente tecnológica trouxe novas questões ligadas à valorização imobiliária e a
passou a ser ocupada por outras famílias, inclusive com crianças, de modo que a região mercantilização da cultura local. Aspectos da boemia, do comércio popular, dos
passou a concentrar essa faixa de população. É interessante notar, assumindo que a ambientes artísticos e culturais passaram a ser ressignificados visando uma tentativa de
população que possui maior poder econômico foi em busca de outras regiões que revitalização de uma área que jamais deixou de ser ativa e dinâmica (figura 32 e 33).
reunissem outros atributos de maior atração, que existem alguns outros atributos que Como estratégia de promoção da região em detrimento das demais, foi utilizada a velha
ainda são capazes de segurar uma parcela da população que possui mobilidade social, tática de separar para conquistar. O centro histórico a leste da praça XV passou a ser
mas permanece no Centro Leste. promovido como “distrito criativo”, em alusão a presença do Sapiens Centro e da
proposta de desenvolver a economia criativa naquela parte da cidade. Em resposta,
Considerando que o centro comercial se sobrepõe ao centro histórico, e com a termos como “pedreira” e “bulha” passaram a ser empregados pelos críticos ao projeto
saída do primeiro, o segundo volta a ficar em evidência, a partir da década de 2010 o do distrito criativo, em referência a memória histórica da região. Um meio termo
caráter cultural da região leste fica em maior destaque. É o momento em que se largamente utilizado desde então é “centro-leste”, que transita entre as duas narrativas,
cristaliza a nova identidade da região, caracterizada pelos equipamentos culturais, pelo e que frequentemente tem o vocábulo centro substituído por outro, como: setor, área,
comércio alternativo, pela boemia. Desde a década de 1950, o principal equipamento porção, ala, lado ou trecho. Recentemente o termo leste já apareceu empregado como
cultural da região leste foi o Museu Victor Meirelles, posto apenas recentemente circuito baixo-leste, em referência ao mapeamento realizado pelo Centro Sapiens de
compartilhado com novas instituições vizinhas, como o Museu da Escola Catarinense e o todos os comércios de economia criativa na região.
Museu Cidade de Florianópolis.
Figura 32 - Travessa Ratclif em 2004, já consolidada como espaço diversificado e apropriado Figura 33 - Travessa Ratclif em 2022. Exemplo de resistência e vitalidade nas últimas décadas,
por diferentes usos. Autoria de Graziela N. Monteiro. Retirada de MONTEIRO, 2004 (lista praticamente sem alterações comparada com a situação de 2004. Acervo Pessoal, ago. 2022. 24
figuras).
3.3: Diferentes Narrativas
Como exposto ao longo do trabalho, a região do Centro Leste (figura 34) tem sido
objeto de diferentes transformações nas últimas décadas, das quais as mais recentes
operam sutilmente por meio de narrativas, isto é, um modo de interpretar e promover a
realidade. São pelo menos três narrativas principais, que atendem a interesses que ora
convergem num mesmo projeto, ora seguem caminhos distintos, mas sempre
relacionados ao mesmo recorte territorial - o Centro Leste.
Pelo contrário, o Centro Leste e seus imóveis não foram renunciados pelos proprie-
tários, mas sim estão fechados e disponíveis ao mercado imobiliário (figura 40). Há
inclusive diferentes projetos para essas construções. O Centro Leste está longe de estar Figura 39 - Imóvel histórico que no passado recente abrigou dois comércios e atualmente está
abandonado, está em disputa! com ambos andares desocupados, estando integralmente à venda (figura 39).Acervo Pessoal, ago.
2022. 29
Tiradentes, nº 201
João Pinto esq. , 213 e Victor
Nunes Machado - Meirelles, nº 216 -
Wersten Telégrafo Confeitaria Moritz
Imóvel P2
João Pinto,
nº 211 e 215 João Pinto,
nº 153
Tiradentes, nº 181
- Sociedade Amor
João Pinto, Á Arte
nº 145 Imóvel P2
João Pinto, nº 90 e
Antônio Luz, s/n.
Tiradentes,
nº 92 e 98
Imóvel P2
Figura 40 - Colagem com diversos anúncios de venda e locação de imóveis da região central, em especial das ruas João Pinto e Tiradentes, registrados em 09/09/2022. Fonte: Elaboração própria a partir da 30
plataforma de anúncios online OLX (lista figuras).
3.6: Diagnóstico Comum No entanto, existe um valor agregado que é justamente a localização, a ambiência,
que é irreproduzível. Então não se trata de abandono, mas sim da falta de visão e
inoperância dos proprietários e do mercado imobiliário, que não explora a moradia na
região. Face a isso, possibilidades seriam a prefeitura justamente incentivar esses outros
Como pode ser observado, essa região desempenhou diferentes funções ao longo usos, para que os proprietários abram a mente para essas novas destinações e usos. O
do desenvolvimento da cidade, sofrendo mutações e se adaptando (figura 41). A primeira Centro Sapiens foi uma dessas iniciativas oficiais, porém ocorreu descolada da
delas foi o declínio da função de posto militar para capital da província, quando a cidade participação social dos demais atores sociais que compõem a região.
passa a crescer na direção oeste. No início do século XX, foram as obras de cunho
sanitarista que alteraram as formas de ocupação, e no final desse mesmo século foi o Enquanto não emerge uma nova realidade promovida pelo estado, a população
aterro que desencadeou a maior mutação das dinâmicas historicamente consolidadas. deve assumir o protagonismo, principalmente num cenário de disputas de narrativas,
Por fim, na primeira década do século XXI ocorreram novas alterações, não tão drásticas como tem ocorrido no Centro Leste de Florianópolis. Assim, num cenário de limitações
como o aterro, mas que por serem ainda muito recentes são apontadas como as das políticas públicas de preservação do patrimônio cultural, como ausência de educação,
motivadoras da presente crise de identidade dessa parte da cidade. proteção, promoção e valorização, de revisão de abordagens de escala urbana e de
conflitos de narrativas e projetos, os patrimônios menores e seus atores ficam sujeitos ao
O processo de disputas das visões sobre a região denominada Centro Leste, no apagamento e invisibilização. Nesse sentido, a valorização e identificação desses lugares
centro histórico de Florianópolis, é resultado de um lento processo de transformação que de memória não turística, mas ligada ao universo do trabalho e do cotidiano, são
se inicia nos anos 2000, e se intensifica a partir de 2010, mas cuja visibilidade passa a ser essenciais para a resistência e manutenção da alma do Centro Leste.
maior em 2015. Ao longo desse período a região deixa de ser parte do centro histórico e
passa a ter uma identidade própria, destacada em relação ao centro histórico
fundacional.
Por meio desse contexto singular, que o Centro Leste passou a primeira década do
século XXI em dormência, e foi sem a efetividade de um novo projeto social para a região,
que a partir de 2010 passou a ser percebido como um território em aberto, com forte
vocação cultural. A presença do Museu da Escola Catarinense, criado em 2007, passou a
ser um fator atrativo na região apenas após 2013, quando sediou um evento de
arquitetura, que além de renovar fisicamente o prédio, trouxe grande visibilidade para as
ruas esquecidas do Centro Leste. A partir de então, tanto poder público, como iniciativa
privada se voltaram com grande interesse para essa região, apresentando inúmeros
projetos voltados a desenvolver o caráter cultural da área, bem como introduzir a
economia criativa, como principal alternativa para o esvaziamento comercial. Essas
iniciativas, como criação de incentivos fiscais para instalação de startups, promoção de
feiras e eventos voltados à cultura e a boemia, têm sido amplamente veiculados como
principal alternativa para revitalizar o fluxo de pedestres.
Figura 42 - Planta da cidade de Florianópolis, em 1910. Arquivo Público de Santa Catarina. Figura 43 - Amostra de diferentes poligonais para o centro leste, retiradas dos trabalhos
Adaptado pelo autor (recortada). Retirado de: VEIGA, 2019 (lista figuras). acadêmicos analisados. Fonte: Elaboração própria. 32
Entende-se que essa problematização seja essencial para uma discussão sobre Este é um dos motivos pelos quais o trecho final da rua Fernando Machado é incluído no
essa porção da cidade, pois os recortes tendem a ser mobilizados de acordo com os recorte estudado pelo presente trabalho (figura 46).
interesses sobre a região, sobre seus atores, suas potencialidades e carências. Não coube
no trabalho levantar e analisar todas as interpretações quanto ao termo empregado e ao A delimitação do recorte para o desenvolvimento do trabalho vai considerar a rua
recorte territorial, mas sim questionar a ênfase com que a poligonal é reduzida as ruas do Fernando Machado em toda sua extensão original, tendo o Instituto Estadual de
centro fundacional, que desde a década de 1920 suplantou a barreira natural do Rio da Educação como fronteira. Ao mesmo tempo reconhece a rua General Bittencourt como
Bulha e se consolidou tendo o Campo do Manejo como limite leste, e mais tarde a eixo estruturante do Centro Leste, parte indissociável da sua formação e consolidação
Avenida Mauro Ramos (figuras 44 e 45). Com a expulsão das camadas mais pobres da (figura 47). Desse modo, o recorte não leva em conta apenas aspectos da malha
região saneada do Rio da Bulha, que foram impelidas a se instalarem no morro limítrofe, fundacional, tão bem representada pelas ruas João Pinto, Tiradentes, Victor Meirelles e
a Av. Mauro Ramos passa a ser a fronteira do centro elitizado, como pode ser percebido suas transversais, mas também a malha expandida e consolidada, que se consolida ao
pela própria arquitetura remanescente das ruas Fernando Machado, Anita Garibaldi e longo do século XX e se mantém.
General Bittencourt. Questionar a poligonal do Centro Leste restrito ao centro fundacional e reconhecer
suas costuras imediatas é questionar também as leituras e discursos hegemônicos que
insistem em apresentar o Centro Leste apenas com vocação cultural.
Pensar que o Centro Leste possui atributos únicos e não se integra ao restante da
cidade pode ser muito problemático, pois justamente reforça que ele não está integrado,
quando de fato está, em especial as ruas General Bittencourt, Fernando Machado e Anita
Garibaldi. Um dos pontos mais críticos dessa fronteira imaginária atribuída à Av. Hercílio
Luz é a promoção de que não há moradias no Centro Leste, de que é constituído apenas
de imóveis comerciais e institucionais, de que não é um endereço residencial,.
Figura 47 - Localização do setor leste no Centro histórico de Florianópolis, e poligonal do
recorte considerado no trabalho como sendo o Centro Leste, em lilás. Fonte: Elaboração própria.
33
.L.
.M.
.K.
A
B .J.
C
D
E F G
H
Figura 48 - Vista Aérea da região central na década de 1960,com o perímetro do centro leste, considerado para o recorte, em destaque. Em primeiro plano,a linha do mar, que corresponde a atual Rua Antônio Luz.
Pontos de interesse: A: Estação Elevatória (castelinho); B: Escritório IBGE em Santa Catarina; C: Terreno onde foi construído o edifício da Secretaria Estadual de Educação na déc. 1970; D: Western Telegraph;
E: Cine Imperial; F: Clube de Regatas Aldo Luz; G: Oscar Hotel; H: Clube Náutico Francisco Martinelli (sede de 1935); I: Forte Santa Bárbara, ocupado pela Capitania dos Portos; J: Fábrica de Balas e Confeitaria
Moritz; K: Instituto Arco-Íris; L: 5º Distrito Naval - Marinha do Brasil; M: Edifício Liga Operária Beneficente. Elaboração própria a partir de original do acervo da Casa da Memória de Florianópolis, coleção
Aéreas.
34
3.8: Patrimônios Oficiais do Recorte Além dos imóveis individuais, a região leste possui protegidas integralmente as
ruas João Pinto e Tiradentes, além da Travessa Ratclif. Parcialmente estão tombados
Existem três esferas de tombamento institucionalizadas no Brasil que trechos das ruas Victor Meirelles e Saldanha Marinho. O reconhecimento via legislação
correspondem aos três níveis de poder: municipal, estadual e federal. No caso de desse patrimônio ocorreu em 1990, como resposta à exclusão dos imóveis que foram
Florianópolis, são respectivamente: SEPHAN, FCC e IPHAN. excluídos da proteção dos conjuntos tombados em 1986.
Bens com Tombamento Federal - IPHAN: Dos 10 bens materiais protegidos na Quanto ao patrimônio imaterial, o município conta com iniciativas de registro e
cidade de Florianópolis, 3 estão compreendidos no recorte do Centro Leste: reconhecimento, porém nenhuma especificamente territorializada na área considerada
pelo recorte. Apesar da existência da Política Cultural Locais da Memória, sancionada em
-Casa de Victor Meirelles, categoria material: imóvel, 1950; 2009, não foi identificada nenhuma ação correlata na região central.
-Forte Santa Bárbara, categoria material: imóvel, 1984; Com objetivo de visualizar a espacialização dos patrimônios oficiais do recorte, isto
é, aqueles alvo de políticas e legislações públicas, foi produzido um mapa relativo ao
-Obra pictórica: Vista da baía sul do Desterro, tirada do adro da Igreja do Rosário e perímetro em estudo (figura 49).
São Benedito, de Victor Meirelles, categoria material: móvel, 1986;
Tombamento Municipal - SEPHAN / IPUF: Das três esferas, é a que possui quantidade
mais expressiva de patrimônios sob sua tutela no município de Florianópolis. Como
explorado nos capítulos anteriores, a ação da Prefeitura Municipal através do SEPHAN foi
pioneira. No recorte territorial considerado, há atualmente 45 unidades individuais,
distribuídas entre as categorias de proteção P1, P2 e P3. As novas classificações P4 e P5
ainda não foram aplicadas na região. Os bens reconhecidos pelo IPHAN e pela FCC são
igualmente protegidos pelo SEPHAN.
Figura 51 e 52 - Placa Marrom e Placa Azul, ambas no centro histórico. Acervo Pessoal,
registro ago. 2022 e abril 2013, respectivamente.
denominado Circuito Cultural de Florianópolis (figura 53), lançado em 2000, por iniciativa
da Prefeitura Municipal, na administração Angela Amin 1996 - 2004, com pesquisa, Ainda sobre a iniciativa, cabe ressaltar que apesar do olhar inclusivo sobre o
coordenação e redação da arquiteta Eliane V. da Veiga [12]. O livreto traz 92 verbetes, Centro Leste, não há nenhuma referência à parte continental da cidade, que igualmente
distribuídos em duas abordagens, uma focada no centro histórico e outra ao longo da possui locais de interesse e representatividade. Pode ter sido uma escolha editorial ou
ilha. A obra foi concebida dentro de uma visão que buscava apresentar uma visão mais mesmo uma limitação quanto ao tamanho e formato do guia, que traz um mapa incluso
abrangente do potencial cultural da cidade, onde desejava: (ANEXO 01), mas não deixa de reforçar a narrativa da “Ilha de Florianópolis”, uma
concepção formatada para promover a cidade como restrita a parte insular, e que foi
__________ amplamente explorada pela indústria turística, e está presente nos materiais produzidos
11: Corresponde ao trecho inicial da Rua Fernando Machado, fechado ao trânsito e calçado com petit-pavé
com estes fins.
em 1985. LANER, Márcia Regina Escorteganha; 2007.
12: Trata-se da mesma arquiteta que participou do Projeto Renovar em 1993 e publicou o livro referência
__________
13: O histórico do museu é explorado no verbete sobre o Instituto Arco-Íris de Direitos Humanos. O referido
Memória Urbana, também em 1993.
Instituto não é citado no guia.
37
4.1.3: Roteiro Autoguiado do Centro Histórico de Florianópolis colorido se destaca e por estar na calçada, normalmente neutra. Em um dos cantos do
mosaico fica instalado um código de QR Code gravado em uma placa de metal, a qual tem
O projeto foi encampado pela CDL Florianópolis - Câmara dos Dirigentes Lojistas, uma grande durabilidade. Paralelamente ao emprego de materiais de boa qualidade e
que entre outras atribuições defende os interesses dos comerciantes da cidade, em duração, o site desenvolvido, ao qual o código direciona, é simples e proporciona uma
parceria com o Governo do Estado, que forneceu recursos através do Funturismo (CDL, boa experiência de navegabilidade. Por fim, o fato do site estar no ar dez anos depois, e
2012). A iniciativa foi desenvolvida a partir do projeto do professor Antônio Pereira as placas em sua maioria ainda estarem conservadas, demonstra o sucesso dessa
Oliveira, na época presidente da CDL, e que além de atuar profissionalmente no mercado fórmula.
de turismo da cidade desde a década de 1960, possui uma sólida formação acadêmica na
área, segundo IGOR (2022).
Além das placas instaladas nos pontos de interesse, foi elaborado um mapa
Dos locais indicados, 5 ficam no setor leste, e já aparecem no circuito cultural de
artístico, que ao mesmo tempo que dá suporte ao roteiro, é um meio de promover o
2000, porém trazem informações diferentes. Embora não seja o objetivo aqui, em uma
projeto, tendo sido distribuído na época em diferentes pontos da cidade, como folheto
rápida comparação entre verbetes das duas iniciativas, a de 2012 não possui o mesmo
A5, dentro de uma ação integrada com os próprios locais de interesse, como museus.
cuidado com a seleção das fontes, tampouco explora o uso de imagens como a de 2000.
No lançamento do projeto em 2012, o tom que permeia a apresentação do projeto Considerando que esta mais recente se utiliza de recursos online, chama atenção a opção
foi justamente para apresentar uma visão expandida do centro da cidade, para “que o por não explorar o potencial de apresentar mais imagens e fotografias.
turista não pense que Florianópolis é só a Catedral, o Palácio Cruz e Sousa e o Mercado
Público” (CDL, 2012), nas palavras do representante da CDL.
4.1.4: Onde Está Desterro?
A iniciativa foi pioneira, e apesar de não ter sido ampliada para mais pontos,
permanece como um bom exemplo de iniciativa que levou em conta aspectos turísticos, Dos exemplos destacados, é o único que parte de uma iniciativa da sociedade civil,
históricos e econômicos, dialogando com a produção acadêmica e com os órgãos de ou melhor, de um grupo de pessoas físicas. O projeto foi idealizado por Julia Pedrollo
preservação. Houve cuidado quanto à instalação das placas, bem como ao conteúdo. Albertoni e submetido ao Edital Elisabete Anderle, edição 2017, no qual foi selecionado
Embora o projeto não apresente dados referente aos responsáveis pela execução, em primeiro lugar na categoria Educação Patrimonial, com um prêmio de R$ 15.000,00, a
possivelmente houve participação dos técnicos do SEPHAN - Serviço de Patrimônio serem aplicados no desenvolvimento do projeto. O edital de estímulo à cultura é uma
Histórico, vinculado ao IPUF - Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis. política pública do Governo Estadual realizada desde 2009, por meio da Fundação
Catarinense de Cultura - FCC. A autora e proponente é historiadora, formada pela UFSC
Um dos grandes diferenciais do projeto é a execução das placas em si (figura 54). em 2015, onde também concluiu mestrado em 2018. Sua linha de pesquisa estava
Em um quadrado de 40x40cm aproximadamente, foi confeccionado com cacos de piso voltada à história da alimentação, hábitos alimentares veiculados em revistas da década
um mosaico com a figura do Boi de Mamão. Visualmente interessante, o resultado de 1950. Além dela, participaram do projeto Augusto Pedrollo Albertoni (cientista da
computação e fotógrafo) e Isadora Machado (designer gráfica e ilustradora digital).
38
O projeto pode ser definido como um guia turístico sensível pelas histórias O site foi desenhado para dar suporte ao formato de exploração, ponto a ponto.
esquecidas e memórias coletivas do centro histórico de Florianópolis. Foi pensado em Apenas na página inicial é apresentada uma visão do todo representada em um único
três temas principais: estruturas, acontecimentos e vidas, sendo que cada tema possui ao mapa, sendo que nos verbetes apenas é mostrado o trecho seguinte. Essa opção de não
menos 7 pontos cada, totalizando 21 lugares (ANEXO 03). Cada um dos pontos possui um fornecer um mapa completo a todo instante é interessante pois dinamiza a experiência
verbete, que fica hospedado no site próprio do projeto, sendo acessado tanto pela leitura de descoberta e leva o usuário a explorar outros lugares que não necessariamente os
do QR Code como pelo site. Foram desenvolvidos panfletos tipo lambe-lambe, nos quais pontos identificados. Na verdade, os verbetes são mais sobre trechos da cidade do que
foram impressos os códigos respectivos de cada ponto do roteiro. Os códigos foram sobre edificações específicas. Os pontos servem como amarração e suporte ao percurso.
distribuídos apenas na área mapeada pela iniciativa, sendo fixados em estruturas que
fazem parte da cena urbana, como postes, muros e equipamentos urbanos (figura 55). Relativos ao Centro Leste, há pelo menos 7 percursos, que levam o usuário a
percorrer toda a extensão da Rua Antônio Luz e João Pinto, contemplando pontos
relativos aos três temas - estruturas, acontecimentos e vidas. Para análise foi escolhido o
ponto localizado defronte ao prédio do Instituto Arco-Íris de Direitos Humanos, que se
relaciona diretamente a dois percursos: o “senhoras” do roteiro “vidas” e “carnaval” do
percurso “acontecimentos”. O código lambe foi colado em 2018 no poste de iluminação
pública, e em 2022 já não existia mais (figura 56).
Figura 55 - Exemplo de utilização dos códigos, produzidos em papel colados aos postes. Foto
de Vanessa Camassola Sandre, abril de 2018 (lista de figuras). Figura 56 - Mesmo poste em maio de 2018 e janeiro de 2022. Caráter efêmero do
código. Google, ferramenta Street View.
O conteúdo de cada verbete foi construído com base em fontes e referências Sem sombra de dúvidas, esta iniciativa é a que melhor explora o patrimônio
verificadas, como livros, trabalhos científicos e fontes primárias. Ao final de cada item, são cultural da cidade enquanto testemunho de acontecimentos sociais, tensões históricas,
apresentadas as referências utilizadas, e todas as imagens possuem legendas precisas, alegrias e tristezas. Traz uma dimensão muito humana do patrimônio cultural, o
embora não indiquem a fonte. Há uma preocupação em democratizar o conhecimento problematiza, coloca em evidência. Os verbetes não têm a preocupação de promover
sem abrir mão da qualidade das informações, mas para atingir o objetivo de ser um texto uma imagem de cidade palatável ou comercializável como artigo turístico, pelo contrário,
acessível e leve, não indica no corpo do texto de onde veio cada informação, como são um convite aos usuários locais de conhecerem mais a fundo sobre seu passado,
ocorreria em um trabalho acadêmico, por exemplo. Uma das principais qualidades do sobre as vidas dos que vieram antes. É o tipo de projeto que se não fosse o caráter
material textual é a forma fluida como traduz as informações históricas, assuntos efêmero dos códigos QR Code, constituiria a principal iniciativa encontrada como
delicados e memórias coletivas. alternativa à promoção e valorização da memória social da cidade e seu patrimônio
cultural, com potencial de engajar novos atores sociais na defesa do patrimônio cultural.
Em determinado ponto do site, é explicitada a intenção de valorizar o
conhecimento científico já existente, e a origem pública de todo material
Todos os textos deste roteiro foram elaborados com base em pesquisas acadêmicas 4.1.5: Lambe-Lambe no Festival Cidades Pós-Pandemia
das universidades federais ou estaduais brasileiras feitos por outros pesquisadores
e estudantes, sejam elas teses, dissertações ou trabalhos de conclusão de curso,
disponíveis em sua maioria online. Também foram consultados livros de Constitui mais um exemplo da ação de atores sociais mobilizados horizontalmente,
historiadores, arquitetos e antropólogos, assim como dados de Acervo. Nenhum que agem de forma organizada e independente dos interesses da iniciativa privada e do
destes conteúdos é inédito em relação à pesquisa, pois já foram escritos por outros poder público. A produção e colagem dos lambe-lambes foi realizada dentro das
autores. (ALBERTONI, 2018, online)
39
atividades do Festival Cidades Pós-Pandemia, realizado entre abril e maio de 2022 sob o
4.1.6: Destinos Turísticos Inteligentes
lema “colocar no horizonte uma obra em comum”, e que teve entre outras pautas,
discutir o Centro Leste e seu papel na cidade. O evento, que foi organizado pelo
Desenvolvido pela startup Smart Tour Brasil, de Florianópolis, foi executado a
Programa de Pós-Graduação do Curso de Arquitetura da UFSC, sob coordenação do
partir de uma parceria do Sebrae com a Prefeitura Municipal, e ativado na cidade a partir
Professor Paolo Colosso, esteve sediado no Museu da Escola Catarinense, que fica no
de agosto de 2022. Constitui a iniciativa mais recente no que tange a identificação e
Centro Leste, de onde foi irradiado para o entorno. A iniciativa do evento se soma ao
promoção de locais turísticos. Antes de ser implementado na capital, o projeto da startup
Movimento Viva Centro Leste, um coletivo formado em 2020 por arquitetos, jornalistas,
passou por uma fase de validação em parceria com os municípios da rota turística “Costa
artistas, estudantes e outros atores sociais preocupados com o futuro do Centro Leste.
Verde Mar”, no litoral norte catarinense.
A ação de colagem dos cartazes na fachada da antiga Escola Antonieta de Barros
(figura 57) com estampas provocativas e reflexivas, trouxe também um código QR Code
que direciona a uma linha do tempo, que apresenta de forma interativa as principais
notícias relativas ao polêmico projeto do executivo municipal de remover os
paralelepípedos históricos. O recorte temporal trabalhado pelo site vai de fevereiro de
2020 até maio de 2022, e permite compreender o processo de resistência da sociedade
mobilizada e os momentos que marcaram o período.
Figura 58 - Placa instalada no canteiro da praça, próximo aos monumentos. Retirada de: Bom
Dia SC, 2022 (lista de figuras).
O serviço funciona por meio de placas com QR Code instaladas nos locais
identificados pelo projeto, que direcionam ao conteúdo sobre o lugar. Também há o
emprego da tecnologia de georeferenciamento, que segundo a proposta, permite acessar
as informações, mas sem necessidade de escanear os códigos. Esses conteúdos seguem a
mesma ideia de verbete das iniciativas analisadas anteriormente, trazendo informações e
fotos. No entanto, a plataforma inova ao estabelecer uma parceria com um guia turístico
local [14], que garante a qualidade das informações apresentadas, e humaniza a
experiência. No verbete analisado, também existe a opção de ouvir o conteúdo na voz do
guia, necessitando porém que seja feito download e executado como arquivo de áudio.
40
Além de informações bastante conhecidas, o texto do verbete possui um tom 4.3: Referências que se aproximam
crítico e resgata aspectos sociais do lugar, como o fato de ser um local que por anos foi
destinado exclusivamente para a elite. Certamente o conteúdo reflete a abordagem do Apesar de existirem boas iniciativas de identificação de patrimônios culturais na
guia, não necessariamente refletindo uma postura do APP. cidade, nenhuma atende plenamente o que se entende como ferramenta ideal para
Apesar de ser um serviço gratuito, para utilizá-lo é necessário tanto um aparelho promoção e visibilidade das memórias visando despertar novos atores sociais. As
celular conectado a internet, como a instalação de um aplicativo específico. Também é iniciativas que mais se aproximam da abordagem, tem o problema de não deixarem
necessário fazer um cadastro, exclusivamente pelo APP. Diferente de outros projetos marcas permanentes, como placas com código QR Code fixas. Já as placas mais duráveis
similares em que o código QR Code direciona para um site navegável, neste o usuário e resistentes, direcionam a conteúdos limitados e sem profundidade crítica, que não
necessita do intermédio do app, que leva a páginas estáticas, sem possibilidade de problematizam as questões do patrimônio cultural e memória.
interação e navegação. Não há opção de acessar o conteúdo do verbete se não pelo Desse modo, foram também localizadas e avaliadas outras iniciativas de referência
código ou pelo georeferenciamento, não testado até o momento. que se aproximam da abordagem pretendida e que já tenham sido executadas em outras
A iniciativa é bem vinda, porém apenas reforça a hegemonia de pontos turísticos cidades brasileiras. Foram identificados projetos recentes nas capitais Porto Alegre,
consolidados. O principal diferencial da proposta, é que além de fornecer breves Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Também foi incluída uma iniciativa realizada em
informações sobre os locais, os usuários podem interagir com a plataforma, deixar Passo Fundo - RS, como exemplo de cidade média, que exerce influência regional e possui
avaliações, e principalmente, gerar dados que poderão ser utilizados pela prefeitura. instituições universitárias consolidadas, tal qual Florianópolis
Desse modo, a questão de quem acessa esse serviço deve ser problematizada, pois caso
não haja um esforço de popularizar a ferramenta, ela tende a se restringir a um perfil
bastante reduzido da população que frequenta esses espaços. 4.3.1: Patrimônio Cultural Carioca - 2014
Certamente é uma ferramenta com muito potencial e que pode ser explorada O projeto é desenvolvido pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro através do
como aliada na identificação de lugares de memória e representatividade, mas que tem Instituto Rio Patrimônio da Humanidade - IRPH, uma autarquia criada a partir da
problemas de acessibilidade. Também há uma grave fragilidade relativa às placas, que na estrutura do órgão de patrimônio municipal (que já existia desde 1986) com objetivo de
verdade são totens de material não durável, instalados, no caso da Praça XV, em locais gerir o Sítio reconhecido pela UNESCO em 2012. O objetivo do projeto é indicar locais de
inadequados e passíveis de serem facilmente destruídos ou removidos. memória pela cidade (figura 59). Está dividido em diferentes circuitos temáticos, como:
Literatura, Rádio, Sítios Arqueológicos, Diversidade, Botequins, Samba, Bossa Nova, das
Águas, do Porto, da Herança Africana.
Placas de Rua - - - - XX - -
Roteiro 25 X X XXX XX - XX
Autoguiado
Viva Centro 01 XX X X - - -
Leste
Smart Tour 05 XX XX XX X - -
Quadro 02 - Quadro de análise: Um “X” para aplicável, dois “X”, para aplicável e razoável, e Figura 59 - Placa se soma à paisagem urbana como uma nota de rodapé. Retirada de: RIO,
três “X”, para aplicável e satisfatório. Do autor, 2022. 2021(lista de figuras).
41
O circuito do Rádio já foi realizado em três fases (2018, 2019 e 2020), e emprega 4.3.2: Marcas da Memória - Porto Alegre, 2015
uma metodologia de participação popular através de votação. Além disso, utiliza critérios
bem definidos, como somente homenagear “pessoas já falecidas, emissoras, empresas Promovido pelo Poder Executivo e Legislativo de Porto Alegre em parceria com o
ou locais que tenham sua história de alguma forma ligada ao Rádio” (FUNJOR, 2020). Da Movimento da Justiça e dos Direitos Humanos, o projeto é um raro exemplo de promoção
mesma forma há a preocupação com a viabilidade da instalação das placas, que são de memórias sensíveis, ligadas a violência e aos direitos humanos.
instaladas nas fachadas dos locais “definidas de acordo com a maioria dos votantes junto
a Prefeitura do Rio (IRPH) e administradores dos locais sugeridos.” (FUNJOR, 2020). O projeto Marcas da Memória visa sinalizar os locais onde
houve repressão, que tenham servido como prisões ou centros
Dentre os circuitos, merece destaque também o mais recente, dedicado à de detenção, de tortura e de desaparecimentos de pessoas
diversidade, por meio da homenagem de personalidades LGBTQIA+. Em 2021 foram durante a Ditadura Militar. Esses espaços são assinalados na
entregues as três primeiras placas do circuito (figura 59 e 60) paisagem urbana, tornando público que ali aconteceram graves
Cabaret Casanova (Avenida Mem de Sá 25, Centro), palco de violações aos direitos humanos. (JOSEFA, 2021)
apresentações de artistas emblemáticos como Madame Satã; Apesar de ser relacionado a memórias cercadas de dor e tristeza, fazem parte da
Largo da Carioca (endereço do extinto jornal “A Pátria”), em memória coletiva, e portanto da cultura local. A identificação desses locais de memória é
homenagem a João do Rio, jornalista, cronista, contista e fundamental para dar a dimensão material de histórias que muitas vezes quando
teatrólogo que completa seu centenário de morte este ano; aprendidas parecem estar perdidas no espaço-tempo, quando na verdade fazem parte
Parque do Flamengo (em frente à Rua Dois de Dezembro), em do cotidiano das pessoas, da cidade.
referência a Lota de Macedo Soares, importante arquiteta
carioca (RIO, 2021). Segundo reportagem da GZH (2015), seriam instaladas placas em 22 locais.
Atualmente existem ao menos 9 placas indicando locais relacionados ao período da
Apesar do projeto estar categorizado por circuitos temáticos distintos, existe uma repressão do período da ditadura militar 1964-1985.
unidade entre as placas. As placas possuem um padrão comum: formato circular, fundo
azul, letras brancas. Em todas aparece a logo do projeto. Embora não seja possível A instalação dessas placas não se dá sem resistências ou reações. Uma das placas
identificar o material empregado, possivelmente seja algum polímero ou até mesmo um instaladas em 2015 foi danificada pelo proprietário do imóvel onde a mesma foi instalada,
metal leve. Essa opção facilita a eventual reposição das peças, além de desencorajar que sendo que houve um acordo com a justiça (PORTELLA, 2021) que obrigou a re-instalação
sejam furtadas como material reciclado, como ocorre com placas de metais mais nobres. da placa em 2021. Trata-se de um lugar muito simbólico, tido como o primeiro centro
O formato circular confere um destaque maior a placa, e as cores padronizadas remetem clandestino de repressão de toda região do Cone Sul - Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
às antigas placas esmaltadas. Assim, o design da peça é um grande êxito. No entanto, as Paraguai e Uruguai.
placas não trazem nenhum elemento de hyperlink, como códigos QR Code, que poderiam
expandir a quantidade de informações selecionadas.
Figura 60 - Unidade entre as placas resulta em uma identidade forte: formato, diagramação, tipo
Figura 61 - Placa reinstalada em frente à casa onde funcionou clandestinamente um centro de
e tamanho de fonte, e principalmente, as cores. Retirada de: FREIRE, 2021(lista de figuras).
tortura, ligado a memória da ditadura militar. Imagem retirada de: G1, 2021(lista de figuras).
42
As placas foram confeccionadas em chapas de granito polido, com os escritos em 4.3.4: Projeto Arquivo - Curitiba, 2018
baixo relevo, destacados com a cor branca ou amarela (figura 61). Ao contrário de outras
placas que utilizam recursos digitais, como QR Code, estas são totalmente analógicas,
Constitui um exemplo de iniciativa entre instituições públicas que compartilham do
sem a possibilidade de incluir informações além do que for gravado no material. Sendo
interesse comum de promover e valorizar o patrimônio cultural edificado. O Projeto
temas complexos e merecedores de maiores informações, as placas naturalmente têm
Arquivo é desenvolvido desde 2018 por um grupo de pesquisa ligado ao curso de
limitações quanto a retratar o tema, e pecam pelo excesso de informação. Por estarem
Arquitetura e Urbanismo da UTFPR, e vem sendo implantado em parceria com a
instaladas em locais como as calçadas, têm pouco destaque entre o material e a
Prefeitura Municipal de Curitiba através do projeto Rosto da Cidade. Enquanto o primeiro
informação, e a durabilidade é comprometida considerando que as calçadas
tem enfoque nas questões de arquivo, como fotografias, plantas, desenhos e outros
eventualmente são danificadas pelos mais variados motivos.
documentos relacionados aos imóveis tombados, o segundo busca a revitalização desses
mesmos imóveis, recuperando e promovendo seu uso em parceria com os proprietários.
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O site possui boa navegabilidade, podendo ser acessado igualmente de forma Tanto o projeto Circuito Memória Paulista
online e não apenas pelo código. Os verbetes possuem campo de interação, onde os como o Placas da Memória, foram amparados
usuários podem deixar comentários. Também existe a opção de compartilhamento via pela criação do Inventário Memória Paulistana,
redes sociais. instituído pelo CONPRESP (2019), que tinha
como atribuição promover a “identificação de
Considerando que a cidade possui uma longa tradição na valorização dos narrativas que constituem referências culturais
patrimônios edificados, é comum que os mesmos imóveis possuam mais do que uma da cidade de São Paulo, com posterior
placa, resultado de diferentes iniciativas. Essa característica permite que alguns localização e emplacamento, visando a
exemplares se destaquem ainda mais na paisagem urbana pela quantidade de placas que salvaguarda da diversidade dos grupos
ostentam, agregando um valor distintivo raramente encontrado em outras cidades. Da existentes na cidade”.
mesma forma, essa distinção permite aos usuários identificarem que mesmo entre os
imóveis tombados existem diferentes níveis de tratamento. A participação da sociedade civil foi
inicialmente fomentada em 2019 através da
Como limitações da iniciativa, há de se destacar que se refere apenas a bens já disponibilização de formulários online (ANEXO
acautelados pela legislação, e de valores materiais. Não explora aspectos da cultura 06). Como estratégia de visibilidade, foi
enquanto imaterial. A placa enquanto suporte permanente do código cumpre bem com a promovido também, no ano seguinte, um
função, porém por ser desenvolvida dentro de outro projeto, chamado Rosto da Cidade, concurso dentro das atividades da Jornada do
acaba tendo a área de exposição pouco aproveitada em detrimento do conteúdo que Patrimônio, visando ampliar os verbetes.
poderia apresentar.
O projeto se desdobra tanto na dimensão
física como digital, tendo nas placas a principal
4.3.5: Circuito Memória Paulista - São Paulo, 2021 interface com usuários comuns, do cotidiano.
Assim como a iniciativa do Patrimônio Cultural
É um desdobramento de projetos anteriores, como o Placas da Memória Carioca, as placas possuem uma identidade
Paulistana, que já mapeou mais de 400 locais de memória desde 2019. A partir desse visual marcante: são redondas e utilizam letras
material previamente catalogado e identificado, foram produzidos roteiros na cor branca sobre um fundo azul (figura 65).
disponibilizados em uma plataforma online onde é possível percorrer diferentes circuitos Da mesma forma, possuem a mesma limitação
temáticos, como “ as sociabilidades do cinema, a memória operária, as histórias da de não utilizar ferramentas de hiperlink, como
assistência à saúde na cidade, resistência negra, lutas da população LGBTQIA+, histórias código QR Code. No caso da placa paulistana, o
do teatro, do samba, da arquitetura modernista, o futebol de várzea e os povos indígenas espaço útil da placa é pouco explorado, trazendo
paulistanos” (DPH, 2021). Cada um dos circuitos se apoia em recursos audiovisuais, frases curtas e diretas. O principal diferencial do
possibilitando uma experiência imersiva e mediada. O mapa por sua vez (figura 64), projeto, que é o mapa online, acaba Figura 65 - Placas instaladas em
diferentes pontos da cidade.Acervo
possibilita visualizar todos os locais já inventariados, e seus respectivos textos desvinculado das placas e perde a potência Pessoal, registrada em setembro, 2021.
informativos, que são os mesmos utilizados quando as placas são confeccionadas. como canal de cruzamento de informações.
Outro ponto que não é fomentado pela iniciativa, é possibilitar um espaço online
para troca e interação entre usuários, de modo que os verbetes se tornam estáticos
frente às mudanças de percepção e leituras sociais sobre os eventos, fatos ou
personalidades, afinal a história não é estática. Ainda assim, é a principal iniciativa
mapeada como referência.
44
5.PROPOSIÇÃO
ainda se manifestam só aumenta, e se não forem construídas pontes, o vazio será
preenchido por outras histórias, nem todas preocupadas com o passado social e
importância histórica da região.
E quanto aos que conheceram a região após 2020, quiçá 2022, que referências
descobrirão? Como se dará esse contato? O samba da Travessa Ratclif, o Bar do Noel, o
Sebo da Ivete, os brechós e lojas de usados seguem firmes, outros comércios,
principalmente restaurantes e lanchonetes não. Novos locatários, novos negócios e
histórias tomam o lugar das antigas, se somam as camadas históricas da região, trazem
diversidade, novos usuários.
Nos anos recentes, a redescoberta da vida noturna na região, que por anos foi
solitariamente representada pelos botequins populares, trouxe novos usuários, e
inaugurou um novo capítulo da história social. Enquanto os moradores e comerciantes
não retomam essa parte da cidade, o fosso entre os valores culturais e os lugares em que
Figura 66 - Recorte da área do Centro Leste analisada e locais
catalogados. Elaboração própria.
45
Foram mapeados 10 lugares de memória, que se enquadram na abordagem de Quanto à antiga Fábrica e Confeitaria Moritz, que no passado recente abrigou os
patrimônios culturais despercebidos. Porém, no processo de pesquisa e escolha, foram escritórios do grupo empresarial familiar, trata-se de uma das edificações ociosas com
localizados inúmeros outros locais que possuem igualmente potencial de serem maior visibilidade no Centro Leste, mas cuja memória como local de trabalho não é
trabalhados como verbetes de memória. Inclusive lugares que já não existem fisicamente, percebida, e portanto não valorizada. Na análise de projetos arquitetônicos propostos
porém detentores de memórias potentes, e cuja desterritorialização é problemática. para o Centro Leste, a edificação e seu terreno são constantemente apropriadas como
espaços abandonados e desvinculados de qualquer memória. Nessa mesma linha, o
O principal destes foi o endereço onde viveu Antonieta de Barros, e que abrigou conjunto de edifícios que compunham o 5º Distrito Naval constantemente é percebido
simultaneamente, de 1922 até 1952, seu curso primário. Embora a vida e obra da ilustre apenas enquanto arquitetura e não como lugar portador de memórias, algumas das
catarinense seja tema de constantes trabalhos e releituras, o lugar onde viveu e lecionou quais, sensíveis e carregadas de dor. Por fim, a inclusão das residências remanescentes
está absolutamente apagado. Sabe-se que foi no trecho final da Rua Fernando Machado, do trecho inicial da Rua General Bittencourt, cujos lotes coloniais vem sendo
lado par, entre a Av. Hercílio Luz e General Bittencourt. Além da residência ter sido remembrados, apagando o último resquício residencial do bairro da Pedreira.
demolida, não existe nenhum vinculo do antigo endereço, nº 32, com a numeração atual
da rua, pois ao longo do tempo a numeração dos lotes foi modificada, e a informação se
perdeu. Nem mesmo o IPUF tem esse dado. O mais provável é que corresponda a um dos Verbete Endereço Categoria Período Proteção
imóveis entre os números 140 e 192.
Instituto Arco-Íris de Travessa Ratclif, Direitos Sociais, Desde 1917 Municipal,
Também como exemplo de local já desaparecido, há a sede do Jornal O Estado, Direitos Humanos e nº 56 esquina com Cultura, imóvel P2
que funcionou na Rua João Pinto de 1913 a pelo menos até a década de 1950, e cuja Casa de Arte e Rua João Pinto, Educação, Saúde
presença se liga a diversos fatos da memória comum do Centro Leste. Outro endereço Exposição Metálica nº 187 Pública
cuja memória é muito potente e atualmente passa despercebida, é a primeira sede do
Clube Doze de Agosto, que existiu no mesmo terreno onde atualmente há o Condomínio Fábrica de Balas e Rua Tiradentes, Comércio e década de Municipal,
Joana de Gusmão, na Rua João Pinto, nº 30. Dos salões do clube saíram alguns dos blocos Confeitaria Moritz nº 213 e Victor Alimentos 1920 a 1970 APC-1
mais antigos de carnaval de rua da cidade, que assim como os clubes de remo, marcaram Meirelles, nº 216
época e se somam ao imaginário coletivo da região central.
5º Distrito Naval Rua Nunes Autoridade, 1949 a 1983 Municipal,
Assim, a escolha amostral (quadro 3) se deu levando em conta os resquícios Machado, nº 192 Poder, instituições APC-1
materiais visíveis, a partir dos quais as histórias foram sendo localizadas ao longo do
processo de pesquisa, visto que o levantamento partiu da situação atual, ou seja, Residência Família Rua General Residência 1954 a 1969 Municipal,
praticamente nenhuma informação vinculada aos espaços e construções. Com exceção Soares Bittencourt, nº 12 APC-1
da Casa de Arte e Exposição Metálica, cuja existência foi descoberta ao acaso em 2017
Western Telegraph Rua João Pinto, Trabalho e 1923 a 1973 Municipal,
por meio do guia Circuito Cultural de Florianópolis, e da sede da Liga Operária
Beneficente e da Sociedade Amor À Arte, cujas paredes trazem referências à sua história, Company esquina com Moradia imóvel P2
todos os demais verbetes de memória foram reconhecidos paralelamente ao Nunes Machado,
desenvolvimento do trabalho. lado par
Visando atingir o objetivo inicial de esboçar verbetes de memória, foram escolhidos Editora Lunardelli Rua Victor Cultura, 1965 a 2006 Municipal,
4 dos 10 lugares mapeados, sobre os quais são apontados dados e considerações, com Machado, nº 28 Educação imóvel P3
objetivo de subsidiar a construção de um futuro verbete, que leve em consideração tanto (atual 112)
aspectos históricos como sociais. Essa escolha foi direcionada para aqueles locais onde se
Cine Imperial / Coral Rua João Pinto, Lazer 1932 a déc. Municipal,
percebe um risco maior de desaparecimento e apagamento: Instituto Arco-Íris, Fábrica e
nº 156 90 APC-1
Padaria Moritz, 5º D.N e Residências da General Bittencourt.
Embora o Instituto Arco-Íris seja tombado na categoria P2, o que significa que não Sociedade Musical Rua Tiradentes, Sociabilidade, desde 1911 Municipal,
pode ter a fachada e cobertura modificadas, não há garantias de que após uma eventual Amor à Arte nº 181 Cultura imóvel P2
restauração do espaço, os aspectos materiais sejam mais valorizados do que os
Edifício Liga Operária Rua Tiradentes, Sociabilidade, desde 1935 Municipal,
imateriais, de que a arquitetura histórica seja considerada mais importante do que a
Beneficente nº 100 Trabalho APC-1
memória social. Como é um espaço cedido, possivelmente a responsabilidade pela
manutenção seja do ocupante e não da proprietária, que é a UFSC, e considerando que o Clube de Regatas Rua João Pinto, Sociabilidade, 1921 a 1973 Municipal,
Instituto não possui condições de realizar a recuperação do espaço dentro dos preceitos Aldo Luz s/n, em frente ao Lazer APC-1
da restauração, há o risco de ficar mais degradado até o ponto em que sejam obrigados a nº 145 e 153
deixar o imóvel. Nesse contexto, poderiam perder o uso do espaço, algo impensável, mas
que se não houver mobilização e resistência, pode se tornar uma pauta, tal qual a
remoção dos paralelepípedos. Quadro 03 - Locais mapeados no recorte do Centro Leste. Do autor, 2022.
46
5.2: Instituto Arco-Íris de Direitos Humanos e
Casa de Arte e Exposição Metálica
Figura 67 - Prédio na década de 1940, enquanto funcionava como Centro de Saúde Figura 68 - Aspecto externo do prédio remete a degradação e abandono, no entanto é um dos 47
de Florianópolis. Fonte: Casa da Memória, coleção Edifícios. lugares mais pulsantes da região do centro leste. Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
5.2.1 : Resgate Cronológico 1987 - É constituído o grupo de pesquisa Núcleo de Estudos e Assistência em
Enfermagem e Saúde às Pessoas em Condição Crônica (NUCRON), vinculado ao
Departamento de Enfermagem e ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
1917 - Funciona como Instituto Politécnico de Florianópolis, a primeira instituição de UFSC. Em algum momento, anterior ou posterior, o NUCRON passa a ocupar o andar
ensino superior da cidade, célula mater dos cursos de Farmácia e Odontologia da UFSC. superior do imóvel, com acesso pela Travessa Ratclif.
1925 - O Instituto é transferido para a nova sede construída na Av. H. Luz, atual Casa 1994 - A Editora da UFSC lança um livro sobre a vida e obra de Bicaca, que já funcionava
José Boiteux. no imóvel (figura 71).
2013 - Ano de maior volume de exibições do cine clube. No final do ano Cinemateca deixa
Figura 74 - Rara imagem de utilizar o espaço, e não há registros de novas exibições do cineclube.
colorida das maquetes.
Em primeiro plano a Ponte 2014/15 - Após a sentença final do processo movido pela UFSC contra a ocupação do
Hercílio Luz, seguida do
que possivelmente seja a
prédio pelo Instituto Arco-Íris, que estaria sendo feita de forma ilegal, o Instituto
Colombo Salles, e ao desocupou de forma amigável o imóvel, permitindo que a universidade fizesse a
fundo, ruas e prédios em reintegração de posse, com a condição de devolvê-lo tão logo. A reitora da época,
miniatura. Obra singela,
porém muito simbólica.
Roselane Neckel, se compromete em formalizar a cessão do espaço, pondo fim ao
Fonte: Circuito Cultural imbróglio que havia sido movido por administrações anteriores, em data desconhecida. O
de Florianópolis, 2000 imóvel segue desde então como propriedade da Universidade, mas cedido integralmente
(lista de figuras).
ao Instituto.
2000 - A Casa de Artes e Exposições Metálicas é identificada no guia Circuito Cultural de 2015 - O Ateliê Modelo de Arquitetura - AMA, e o Laboratório de Urbanismo - LabURB do
Florianópolis como principal atração da região, também conhecida como “Museu Bicaca”. Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC passam a desenvolver um projeto de
Entre as atrações do acervo, muitas maquetes representando lugares conhecidos da extensão junto ao Instituto, como resultado do acordo entre a UFSC e o Instituto. O
cidade, como a Ponte Hercílio Luz (figura 74). objetivo inicial foi a revitalização do edifício, posteriormente o foco foi reformulado
2003 - Ano da morte do artista e idealizador da Casa de Artes e Exposição Metálica, Seu visando abarcar também a parte urbana, da qual o Instituto é parte indissociável. O
Bicaca. O endereço funcionava ao mesmo tempo como atelier, Museu e Residência projeto se chamava “Valorização Cultural e Urbana do Instituto Arco Íris”, coordenado
(LOTH, 2006). pela Professora Dra. Soraya Nór.
2006 - Última notícia sobre o acervo do Museu Bicaca. Após a morte do artista, a UFSC 2019 - No dia da Luta
fecha o espaço, organiza uma exposição oficial no Hall da Reitoria, e anuncia a intenção antimanicomial é realizado Bazar
de transferir o acervo para a ilha de Anhatomirim, a mesma da fortaleza, onde ficaria em Vegano, na sua 8º edição, porém
exposição permanente. Também anuncia a pretensão de transformar o antigo espaço pela primeira vez no centro,
ocupado pelo museu em um local cultural voltado ao livro e à leitura no centro da cidade. tendo o prédio do Instituto Arco-
Íris como palco principal (figura
2009 - Última menção ao funcionamento do projeto de extensão do curso de 77), irradiando para as ruas do
enfermagem da UFSC, instalado no pavimento superior, que por último trabalhava na entorno. Constitui um dos
prevenção da violência contra a mulher. inúmeros exemplos onde o
prédio possibilita a realização de
2010 - Criação do Projeto Travessa Cultural, dentro do programa federal Ponto de
atividades que de outro modo
Cultura, do extinto MinC. A principal ação foi o financiamento do Cine Ieda Beck passa a
não teriam um espaço de apoio Figura 77 - Atividade com Paulo Nogueira, o “professor
funcionar no imóvel da Travessa. Sessões gratuitas, tanto dentro do imóvel como na rua
na região. das ruas”, sobre a invisibilidade preta em
(figuras 75 e 76). Florianópolis. Olhar Animal, 2019 (lista de figuras).
Figura 75 - Logo do
projeto Travessa
Cultural. Instituto
Arco-Íris de Direitos
Humanos, 2011.
Figura 76 - Preparativos para exibição externa, do Cineclube Ieda Figura 78 - População carente do centro leste utilizando rede wifi do Instituto Arco-Íris.
Beck, sem data. Fonte: Travessa Cultural (lista de figuras). Retirado de: Floripa Centro, 2020 (lista de figuras).
49
2022 - Reabertura da sede do Instituto Arco-Íris, após um período fechado, e uma 5.2.2 : Pontos para desenvolver e relacionar:
pequena reforma, visando otimização do espaço interno. A data coincide com a
comemoração dos 25 anos de funcionamento da instituição, que atualmente ocupa todo
Gênese da UFSC: enquanto primeira instituição de ensino do Estado, no coração do
o térreo do imóvel, dividido em dois grandes salões. Não foi localizada nenhuma
Centro Leste, foi onde germinou a primeira iniciativa que lançou as bases das primeiras
informação específica quanto ao pavimento superior, porém é de se supor que foi cedido
faculdades independentes, posteriormente agrupadas como universidade. Embora a
ao Instituto após a reintegração de posse de 2014, devendo permanecer sem uso por
Faculdade de Direito, criada como tal em 1932, seja considerada a primeira faculdade, ela
falta de condições físicas. Quanto ao andar térreo, segue sendo utilizado ativamente, por
se originou dentro do instituto Politécnico, que embora não levasse o nome de
diferentes atividades (figuras 79 a 83).
“faculdade”, foi definitivamente a primeira instituição de ensino superior do Estado com
os cursos técnicos de Farmácia e Odontologia, que foram promovidos a “Faculdade” em
1946,
REIS, Osvaldo Lopes. Arte, Vida e Recordação de Osvaldo Lopes Reis. Florianópolis: Editora da UFSC,
1994.
SANTOS, André Luiz et al. Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis.
Tese de doutorado em Geografia apresentada ao programa de pós-graduação em Geografia do
Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009. Disponível
em: https://labcs.ufsc.br/files/2011/12/Tese-03-PGCN0383-T.pdf. Acesso em: 22/05/22.
SINDICATO DOS JORNALISTAS. Cine Ieda Beck realiza ciclo sobre festivais em 7 de agosto. In: Cultura.
Sindicato dos jornalistas de Santa Catarina. Florianópolis, 2013. Publicado em 05/08/2013. disponível em:
https://sjsc.org.br/05/08/2013/cine-ieda-beck-realiza-ciclo-sobre-festivais-com-exibicao-de-filmes-do-catavid
eo-na-abertura/. Acesso em: 22/05/22.
VELLOSO, Verônica Pimenta. Instituto Politécnico de Florianópolis. In: Dicionário Histórico-Biográfico das
Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, [2002]. Disponível
em: http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/instpolytflo.htm. Acesso em: 22/05/22.
Figura 84 - As três portas de entrada do imóvel em 2022. A primeira corresponde à escada de
acesso ao piso superior, a segunda ao Instituto Arco-Íris e a terceira à antiga Casa de Arte e
Esposição Metálica, atualmente ocupada pelo instituto. Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
51
5.3: Fábrica de Balas e Confeitaria Moritz Neste mesmo endereço funcionou por um longo período a fábrica, a loja e a
residência da família. Se destacou pela produção de doces, e em especial as balas
Rocôco/Rococó e Azedinha. Posteriormente a família abriu novas padarias e outros
empreendimentos pela região central, e no final da década de 1970 a fábrica da Rua
Endereço: Rua Tiradentes, nº 213 e Victor Meirelles, nº 216 Tiradentes foi fechada após um incêndio.
Categoria: Trabalho, Comércio e Alimentos Da Nunes Machado, virando a esquina da Tiradentes, como quem vai para a
Hercílio Luz, via-se a vitrine mais linda da cidade. A Confeitaria Moritz. [...]
Período de atuação no endereço: década de 1920 a 1970 Uma porta grande no meio, uma vitrine de cada lado. Dentro, por toda volta,
prateleiras, fechadas com vidros, guardavam as latas que tinham um vidro
na frente, para se ver os biscoitos fabricados lá - Cream Craker, Fofô, Língua
5.3.1 : Breve Histórico de Gato, Côco, Tareco, Amanteigados, Santa Fé, Joelho de Moça… Lá de
dentro, dos fundos, vinham os pães, os doces, as balas, os biscoitos, e mais
tarde, as massas. O cheiro era meio quente, adocicado, sempre provocando
Foi uma das poucas iniciativas industriais na cidade, possuía caráter familiar, o nosso apetite. [...] Moravam todos em cima da confeitaria, onde também
funcionavam a fábrica de macarrão, de balas e a estufa para secagem de
estando voltada à produção de doces e pães. A família era de origem alemã, e importou macarrão. (RAMOS, 1999, p. 44).
os equipamentos e tecnologia necessários para o negócio. Ao lado dos Hoepcke, foram
uma das famílias que se destacaram pelo empreendedorismo industrial, numa época
em que as principais atividades econômicas da cidade estavam ligadas ao mar, serviços No mesmo local funcionaram posteriormente outras atividades ligadas a empresa
ou ao funcionalismo público. familiar, que se consolidou a partir dos anos 60 como um grupo empresarial. Existem
poucas informações sobre o endereço após o incêndio que destruiu parcialmente a
confeitaria em 1976 (figura 85 a 87). Possivelmente abrigou também os escritórios do
Balas Rococo e Uva do Norte – Produzidas e vendidas pela padaria Moritz,
no final da rua Tiradentes, ainda dão água na boca em quem experimentou
grupo João Moritz Participacoes Ltda, que implantaram os primeiros supermercados da
o seu sabor. (SCHMITZ, 2019, online). cidade, chamados de A Soberana, outra memória afetiva da cidade ligada ao universo do
cotidiano e trabalho.
Um fato curioso é que quando a fabriqueta foi instalada, em 1927, a região do rio
da Bulha já havia sido saneada, e o endereço que já era uma das principais ruas da
cidade, ficava próximo a principal avenida de então e de acordo com o mapa de usos do
solo da cidade, 1947, a pequena indústria estava inserida dentro de uma vizinhança de
caráter predominantemente residencial.
A edificação que não é tombada, está dentro da APC, podendo ser modificada
desde que respeitando os gabaritos e projeções existentes. Até o ano de 2016 o prédio de
três pavimentos ainda conservava as características da entrada e as vitrines laterais, com
acabamento em granilite texturizado em diferentes cores e formato de arco (figura 88).
Posteriormente recebeu revestimentos que ocultaram as características marcantes da
vitrine tão vividamente descrita pelo memorialista Ramos (1999, p. 44).
SOARES, Maura. Na Rua da Pedreira. Revista Ágora. Ano XV, n. 31, v. 15, Florianópolis:
Figura 88 - Aspectos interessantes da antiga vitrine preservados até 2016,
Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, 2000. disponível
já removidos na captura de 2017. Google, Street View, outubro 2016. em: https://agora.emnuvens.com.br/ra/issue/view/30. Acesso em: 27 ago. 2022.
53
5.4: 5º Distrito Naval
Com a perda de
relevância do porto da
cidade e mais tarde a
chegada do aterro, a sede
da repartição da Marinha
foi transferida para o
município de Porto Alegre
ainda na década de 1980.
Posteriormente o prédio
foi reaproveitado por
outro órgão federal, o
Ministério da Fazenda em
Santa Catarina. Figura 91 - Esquina da Rua Nunes Machado com Victor Meirelles, Figura 93 - Instalações da antiga 5º DN ocupam mais da metade da quadra, e constituem um
em 1931. Casa da Memória de Florianópolis, Coleção Ruas. paredão na fachada voltada à Rua General Bittencourt. Google, ferramenta Street View, 2022.
54
Apesar de não haver nenhuma menção ao endereço do 5º DN na Rua Nunes cessão de uso do forte Santa Bárbara em troca da construção de uma nova sede para a
Machado, é de se supor que o braço das forças armadas no centro da cidade Capitania dos Portos. No antigo prédio passou a funcionar a Fundação Franklin Cascaes,
desempenhou um papel ativo nas ações do regime. que foi responsável pelo resgate da memória do forte, bem como sua preservação e
valorização. Foi sob sua ocupação que o prédio foi inteiramente restaurado e inserido
nos roteiros culturais. Anos mais tarde, em 2013 a Marinha assumiria novamente o
Na época do golpe, a quantidade de gente fazendo delação era
imóvel com a intenção de instalar um centro cultural, pois caso não o fizesse a União
tão grande, que o almirante do 5º distrito naval, baixou uma
retornaria o controle sobre o patrimônio.
portaria que só aceitava delação com nome e firma
reconhecida (MALHEIROS, p. 105)
DAMIÃO, Carlos. Memória de Florianópolis: Marinha está há 170 anos na cidade. In:
Notícias. Jornal Notícias do Dia. Publicado em 29/08/2015. Disponível em:
https://ndmais.com.br/noticias/memoria-de-florianopolis-marinha-esta-ha-170-anos-na-ci
dade/. Acesso em: 07 set. 2022.
DE LUCA, Derlei Catarina. Relato: A BUSCA DA VERDADE. In: Relatório final. Comissão
Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright. Florianópolis, 2014. disponível em:
https://coletivomemoriaverdadejusticasc.wordpress.com/relato-a-busca-da-verdade-por-
derlei-catarina-de-luca-membro-da-comissao-estadual-da-verdade-sc-e-militante-do-coleti
vo-catarinense-memoria-verdade-justica/ . Acesso em: 04 set. 2022.
MARINHA. Você sabe o que é um Distrito Naval (DN)? In: Notícias. Marinha do Brasil.
Disponível em:
https://www.marinha.mil.br/sspm/?q=noticias/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-um-distri
to-naval-dn. Acesso em: 07 set. 2022.
PEREIRA, Juliano Cabral. Santa Catarina Sob Suspeita: A Atuação Dos Órgãos De
Segurança E Informação Da Ditadura Militar Em Território Catarinense (1964-1985).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do
Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
História, área de concentração em História do Tempo Presente. Florianópolis, UDESC,
2021. Disponível em:
https://www.udesc.br/arquivos/faed/id_cpmenu/6182/PEREIRA__Juliano_C___Disserta__o_1
6478891615606_6182.pdf. Acesso em: 07 set. 2022.
Figura 96 - Como não foi localizada nenhuma imagem referente ao período em que o prédio
abrigou o 5º D.N, fica a interrogação sobre qual a memória do lugar. O espaço fica
reservado para futuramente receber essa imagem. Fonte: Grátis.PNG
56
5.5: Residência Família Soares
Categoria: Residência
Figura 97 - Trecho da Rua Victor Meirelles, antiga Rua da Pedreira, no trecho onde se
Os limites do Centro Leste coincidem com o do antigo bairro da Pedreira, que inicia a General Bittencourt, em 1940. Casa da Memória de Florianópolis, Coleção Ruas.
possuía tal nome em virtude da afloração de rochas que por anos foi o limite nordeste
da região central. Foi nessa área da cidade, de terreno acidentado, próxima ao córrego
5.5.2 : Situação Atual:
da Bulha, que a população mais pobre construiu residências humildes, de porta e janela
(figura 97) num primeiro momento da ocupação da região do centro fundacional. Foi
Pela descrição da memorialista no texto biográfico, a casa da família seria a
nesta mesma região que se deram as mudanças mais radicais quando da renovação
segunda do início da Rua General Bittencourt, que corresponde ao imóvel de nº 12.
urbana promovida no governo de Hercílio Luz.
Analisando a captura do Street View de 2011, quando o conjunto se encontrava
Das residências humildes, poucas foram poupadas pela valorização que se deu na preservado, e havia o imóvel vizinho, de nº 16, é de se supor que o imóvel da família
região, sendo o trecho inicial da Rua General Bittencourt um raro remanescente. De Soares já estivesse descaracterizado quanto às aberturas, devendo ter ter aspecto
acordo com o mapa de usos do solo da cidade, de 1947, a quadra era totalmente semelhante aos vizinhos, caracterizados pelo lote estreito, e fachada mínima, composta
residencial. Em contraste com as residências das elites, as casas urbanas destinadas às de porta e janela, como descrito no texto.
classes menos favorecidas eram densas e exíguas, beirando o que atualmente seria
Dessa forma, o relato combinado com as imagens permite visualizar um lado
considerado insalubre.
pouco explorado das habitações do Centro Leste, quando eram ocupadas por famílias
numerosas famílias. Os imóveis não são tombados, estando parcialmente protegidos pela
APC. Apesar da relevância histórica e cultural que representam as residências dos menos
O trecho da Rua da Pedreira [trecho inicial da General Bittencourt], onde
nasci, só tinha um lado com casas. O outro lado era tomado pela abastados, o casario singelo já foi radicalmente alterado, quando não demolido (figuras
construção do 5° Distrito Naval. [...] Minha casa era a segunda da rua. Porta 98 e 99). Atualmente no endereço onde 50 anos atrás viveu uma família de doze pessoas,
e janela fronteira. Um corredor não muito estreito ligava a sala de entrada em que se passa o relato da srª Maura, existe uma região vazia, que paulatinamente vem
aos outros cômodos. A sala principal foi dividida e ali meus pais dormiam sendo ocupada pelos bares da moda.
quando a família começou a aumentar. No quarto seguinte as meninas,
três a princípio, e no outro, o dos rapazes, cinco à época em que me
recordo para início desta narrativa - ano de 1954. O quarto das meninas,
com camas individuais e o dos meninos, com beliche, para melhor
acomodação. A sala de jantar. Ah, a sala de jantar! Era o lugar dos
encontros, local onde se discutia política, arte, os últimos acontecimentos
familiares e sociais, a recepção aos parentes. Uma cadeira de balanço ao
lado do rádio marca ABC. À mesa todos se sentavam em um banco
comprido, de um lado, em cadeiras, de outro, a fim de caber toda a família.
O almoço era partilhado, a comida dividida irmamente. Operário da Força e
Luz [...], somente meu pai sustentava a família. O orçamento doméstico era
complementado com as costuras que minha mãe fazia para fora. Uma
cristaleira em um canto com vidro de cristal jateado e ornado de flores, em
que a louça comum ficava ao lado dos poucos cristais e porcelanas.
Naquela época podia se comprar! A água para beber era colocada em um
Figura 98 e 99 - Comparativo do conjunto correspondente à localização da casa da Família
filtro de louça [...] (SOARES, 2000, p. 08). Soares, em 2011 e 2022. Fonte: Google, ferramenta Street View
O relato singelo apresenta elementos do cotidiano familiar, e permite vislumbrar 5.5.3 : Referência do Verbete
uma outra dinâmica do Centro Leste, que em plena década de 1960 remete a condições
SOARES, Maura. Na Rua da Pedreira. Revista Ágora. Ano XV, n. 31, v. 15, Florianópolis: Associação
físicas e sociais que normalmente passam ao largo das discussões sobre a precariedade dos Amigos do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, 2000. disponível em:
das habitações urbanas das famílias menos favorecidas da época. https://agora.emnuvens.com.br/ra/issue/view/30. Acesso em: 27 ago. 2022.
57
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como é explorado no capítulo 3, está em curso uma crise referente a qual o
projeto comum para a região, que consiga em um só tempo atender a diferentes atores,
cujas demandas e interesses muitas vezes não conversam e são divergentes. São pelo
menos três narrativas principais que se destacam: o poder público, a iniciativa privada e a
sociedade civil. Enquanto não emerge uma agenda comum, o processo de esvaziamento
e degradação da área histórica se acentua, e coloca em xeque a viabilidade da
6.1: Conclusão manutenção tanto da vitalidade da região, como sua memória comum. A própria
narrativa do abandono abre espaço para concessões a soluções exógenas, como a
De modo geral os patrimônios culturais são primeiramente reconhecidos por instalação do distrito criativo, ou para a especulação imobiliária.
pessoas com olhar mais sensível e treinado, em geral especialistas, como arquitetos,
historiadores, pesquisadores, e até mesmo outros usuários que vivenciam a cidade de
forma mais plena, como artistas (figura 100), fotógrafos, jornalistas, entre outros. No
entanto, esses valores culturais acabam não sendo tão facilmente identificáveis pelas
pessoas comuns, que são justamente aquelas que se relacionam diretamente com esses
bens, como moradores, inquilinos, proprietários e turistas. Essa falta de conexão entre
objeto e conhecimento, acaba por enfraquecer uma das abordagens que têm se
mostrado como alternativa às limitações das políticas de proteção oficiais, que é o
envolvimento da população como agente ativo no processo de valorização dos
patrimônios culturais do meio em que se insere (MENESES, 2006). Percebe-se que o
enfraquecimento do patrimônio comum abre espaço para diversas situações, como a
perda da memória coletiva, o apagamento de histórias, lugares, pessoas, fatos ou feitos,
cujo reconhecimento é fundamental para coesão social. Dessa constatação nasce a
questão que o trabalho buscou responder no seu desenvolvimento.
Enquanto alternativa a esse cenário, foi proposto que a educação patrimonial seja
trabalhada como ferramenta de preservação cultural voltada aos usuários da região, à
medida que conecta espaços físicos de uso corrente a memórias e valores intangíveis.
Dessa forma, ao longo do capítulo 4 foram identificadas iniciativas locais que de alguma
forma já atuam na promoção desses valores, e que contribuam na circulação de
conhecimento entre os diferentes atores sociais que se relacionam com a cidade. Apesar
de terem sido mapeadas diferentes iniciativas, não foi identificada nenhuma que
respondesse a necessidade de promover a visibilidade permanente dos lugares de
memória que atualmente estão invisibilidades, despercebidos. Foi percebida a existência
de muito material, principalmente no ambiente digital, mas que está dissociado do
espaço na sua dimensão física. As poucas placas e códigos utilizados possuem diferentes
limitações, como acessibilidade e durabilidade,
Aos amigos de longa data, que acompanharam todas as etapas dessa aventura
insana que foi estudar na UFSC, e que foram essenciais para não perder a perspectiva
nem o ânimo ao longo dos últimos 9 anos. Juntos crescemos e nos transformamos.
Meu carinho aos colegas do curso, com os quais dividi tantos momentos e pude
aprender lições que não se aprendem em livros. Foram momentos inesquecíveis.
CONPRESP. Resolução Nº 13 de 2019. Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural FLORIANÓPOLIS. Decreto nº 23.080/2021: Regulamenta A Comissão Técnica Do Serviço Do Patrimônio
e Ambiental da Cidade de São Paulo. Prefeitura Do Município De São Paulo. Histórico, Artístico E Natural Do Município (COTESPHAN). Disponível em:
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a1/sc/f/florianopolis/decreto/2021/2308/23080/decreto-n-23080-2021-regula
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-luca-membro-da-comissao-estadual-da-verdade-sc-e-militante-do-coletivo-catarinense-memoria-verdade-j <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2015/08/placa-identificando-local-de-tortura-em-port
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Folha de Rosto: Esquina da Rua João Pinto com a Travessa Ratclif, em frente ao prédio do Instituto Arco-ìris. Fonte: Acervo Pessoal,
Figura 18: Detalhe da fachada do imóvel histórico onde funciona atualmente o Instituto Arco-Íris de Direitos Humanos. Fonte: Acervo
registrada em 17/08/2022.
Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Figura 01: Pistas esquecidas. Sob a camada de tinta, a numeração original da Livraria Lunardelli, localizada no nº 28 da rua Victor
Figura 19: Obras do Aterro da Baía Sul, entre 1970 e 1975, na altura do centro leste. Ao fundo, na lateral direita, o antigo Trapiche
Meirelles. Atualmente corresponde ao nº 112, igualmente coberto por tinta. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Miramar. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Aterros.
Figura 02: Desenho urbano retratando rua Victor Meirelles, de autoria de Sérgio Luiz de Castro Bonson, realizado em 27/01/2000, por
Figura 20: “Plano da vila de Nossa Senhora do Destierro”, elaborado em 1777, no contexto da invasão da ilha pela pela Coroa
meio da técnica crayon sobre papel. Retirado de: Petry, Michele Bete. Entre desenhos, aquarelas e expressões gráficas de humor: a
Espanhola. A invasão ocorreu em fevereiro de 1777 e o mapa é datado de dezembro do mesmo ano. Catalogado pelo Projeto
cidade e o cotidiano de Florianópolis (SC) na obra de Sérgio Bonson. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina,
Fortalezas.org. Disponível em: https://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=17 .
Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2011. p. 112. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/94832 .
Figura 21: Planta Topográfica da Cidade do Desterro, levantada pelo Major Engenheiro Antônio Florêncio Pereira do Lago e Carlos
Othom Schlappal, em 1876, a mando de Alfredo d' Escragnolle Taunay, enquanto presidente da Província de Santa Catarina.
Figura 03: Pintura de Victor Meirelles, realizada em 1851 retratando a Rua Augusta, atual João Pinto, durante o período de estudos do
Catalogado pelo Projeto Fortalezas.org. Disponível em: https://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=17 .
artista da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Imagem recortada pelo autor. Retirado de: DAMIÃO, Carlos. Uma
viagem colorida à antiga Nossa Senhora do Desterro. In: Notícias. Jornal Notícias do Dia. Publicado em 04/12/2016. Disponível em:
Figura 22: Mapa de uso do solo da área central de Florianópolis em 1947. Autoria: Wilmar Dias, publicado originalmente em DIAS,
https://ndmais.com.br/noticias/uma-viagem-colorida-a-antiga-nossa-senhora-do-desterro/.
Wilmar. “Florianópolis, ensaio de geografia”. In: DECG: Boletim Geográfico. Florianópolis, ano 1, n°2, julho,1947. Retirado de: SOUZA,
Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis. Dissertação submetida ao
Figura 04: Vista de Desterro, atual Florianópolis, em 1867. Pintura de Joseph Bruggemann. Acervo do MASP. Imagem recortada pelo
Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, PGAU-Cidade da UFSC, como parte dos requisitos para a
autor. Disponível em:
obtenção do título de Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, Linha de Pesquisa em Urbanismo, Cultura e História da
https://masp.org.br/acervo/obra/vista-de-desterro-florianopolis.
Cidade. 2012. p. 50. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/94156 .
Figura 05: Casa Natal de Victor Meirelles antes de ser transformada em museu, na década de 1940. Retirada de: MUSEU VICTOR
Figura 23: Vista do Centro Leste na década de 1950. Provavelmente tomada a partir do recém construído Edifício Meridional,
MEIRELLES, 6ª Edição do Projeto Armazém. Florianópolis, 2015. disponível em:
1954-1959, cuja angulação corresponde à perspectiva da fotografia. Autoria Foto Postal Colombo. Fonte: Elaboração própria a partir
https://museuvictormeirelles.museus.gov.br/2015-2/6a-edicao-do-projeto-armazem/.
de original do acervo da Casa da Memória de Florianópolis, coleção Panorâmicas.
Figura 06: Vista da região do Centro Leste a partir do aterro da Baía Sul. Fotografia tomada da passarela de pedestres sobre a Rod.
Figura 24: “Panorama da cidade, por volta de 1905, com o Quartel do Campo do Manejo no primeiro plano”. Foto de Eugen Currlin.
Gustavo Richard. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Acervo G. Schmidt-Gerlach. Reproduzido do livro "Ilha de Santa Catarina: Florianópolis" (GERLACH, 2015: p. 178-179), digitalização:
Renato Rizzaro. Catalogado pelo Projeto Fortalezas.org. Disponível em: https://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=990.
Figura 07: Construção do primeiro edifício reconhecido como "arranha céu” em Florianópolis, com térreo e sobreloja comercial mais
nove andares de unidades residenciais. Registo de 1957. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Edifícios.
Figura 25: Vista panorâmica do centro à leste da Praça XV, tomada a partir da torre da Catedral. Em destaque a recém construída
Escola Normal e imediatamente atrás, o Instituto Politécnico em construção. Considerando 1922 como ano do lançamento da pedra
Figura 08: Conjuntos de valor histórico e arquitetônico definidos pelo Decreto nº 270 de 1986. Anexo disponibilizado no Diário Oficial,
fundamental do Instituto Politécnico e 1924 como de sua ocupação, a fotografia é seguramente da primeira metade da década de
nº 13.117, edição de 05/01/1987. Disponível em:
1920. Elaboração própria a partir de original do acervo da Casa da Memória de Florianópolis, coleção Início séc. XX.
https://leismunicipais.com.br/a1/sc/f/florianopolis/decreto/1986/27/270/decreto-n-270-1986-tomba-como-patrimonio-historico-e-artist
ico-do-municipio-conjuntos-de-edificacoes-existentes-na-area-central-do-territorio-municipal-1986-12-30-versao-original .
Figura 26: Rua Nunes Machado, esquina com João Pinto, em 2000. Ao fundo, Clube Doze de Agosto. Fonte: Casa da Memória de
Florianópolis, coleção Ruas.
Figura 09: Trecho numeração par da Rua Fernando Machado, esquina com a Rua General Bittencourt em 1979. No local do imóvel
colonial atualmente existe o condomínio San Marco Residence. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Ruas.
Figura 27: “Rua Victor Meirelles em 1905, antiga Rua da Pedreira, dos Artigos Bélicos”. Retirada de Ilha de Santa Catarina, livro
iconográfico por Gilberto Gerlach publicado em 2015, Tomo I e II, e disponibilizada por Onde Está Desterro, em
Figura 10: Térreo da edificação Mário Hotel em 1982, com vãos alterados e publicidade comercial. Registro de Maria Isabel Kanan.
https://www.ondeestadesterro.com.br/o_massacre.html.
Fonte: Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural - DPPC, da Fundação Catarinense de Cultura - FCC.
Figura 28: Aterro da Baía Sul, na década de 1960. Ao centro, Instituto Estadual de Educação, inaugurado em 1963, e logo atrás o
Figura 11: Edificação Mário Hotel em 1982, com vãos alterados e publicidade comercial. Registro de Maria Isabel Kanan. Fonte:
Edifício Trabalhador Catarinense (r. General Bittencourt, nº 127) em construção. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção
Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural - DPPC, da Fundação Catarinense de Cultura - FCC.
Aterros.
Figura 12: Ilustração da cartilha Projeto Renovar, mostrando a situação anterior a recuperação do imóvel histórico degradado e com
Figura 29: Aterro da Baía Sul, defronte ao centro leste, na década de 1980, antes da construção do Terminal Cidade de Florianópolis,
características arquitetônicas ocultas ou descaracterizadas.
ocorrida em 1988. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Aterros.
Retirado de: IPUF, 1993. Disponível em:
http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/18_06_2015_23.55.19.47ea075a39d1880afba38c32562b95ef.pdf .
Figura 30: Movimento intenso de pedestres no entorno do Terminal Cidade de Florianópolis, em 2000.
Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, coleção Edifícios.
Figura 13: Ilustração da cartilha Projeto Renovar, mostrando a situação almejada após a recuperação do imóvel histórico e suas
características arquitetônicas originais.
Figura 31: Centro comercial fechado por falta de movimento, onde outrora as salas comerciais eram disputadas e valorizadas. Fonte:
Retirado de: IPUF, 1993. Disponível em:
Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/18_06_2015_23.55.19.47ea075a39d1880afba38c32562b95ef.pdf .
Figura 32: Travessa Ratclif em 2004, autoria de Graziela Naldi Monteiro. Retirada de MONTEIRO, Graziela Naldi. Revitalização de parte
Figura 14: Edificação do antigo Mário Hotel em 1994, com as características recuperadas após o Projeto Renovar. Fonte: Casa da
do centro histórico de Florianópolis antigo bairro da Pedreira : um novo olhar sobre as ruas da área. Trabalho de Conclusão de Curso,
Memória de Florianópolis, coleção Edifícios.
em Arquitetura e Urbanismo, pela UFSC. Florianópolis, 2004. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/221040 .
Figura 15: Edificação do antigo Mário Hotel, com as características recuperadas após o Projeto Renovar mantidas por mais de duas
décadas. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 30/04/2013. 63
Figura 32: Travessa Ratclif em 2004, autoria de Graziela Naldi Monteiro. Retirada de MONTEIRO, Graziela Naldi. Revitalização de parte Figura 45: Foto Aérea da região central, em 1938. Acervo do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis. Retirado de: IPHAN,
do centro histórico de Florianópolis antigo bairro da Pedreira : um novo olhar sobre as ruas da área. Trabalho de Conclusão de Curso, Procissão do Senhor dos Passos
em Arquitetura e Urbanismo, pela UFSC. Florianópolis, 2004. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/221040 . (Florianópolis, SC): dossiê de registro. Brasília, 2018. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/dossie_procissao_sr_dos_passos_flp_2018(1).pdf pg 224.
Figura 33: Travessa Ratclif em 2022. em comparação com a fotografia de 18 anos antes, a travessa foi um dos poucos endereços do
centro leste que praticamente não sofreu alterações, seguindo como espaço apropriado e movimentado. Fonte: Acervo Pessoal, Figura 46: Vista panorâmica da cidade, em 1915. Poligonal do centro leste destacada em rosa. Registro de José Ruhland, Acervo
registrada em 17/08/2022. Roberto Lacerda Westrupp. Retirado de: DAMIÃO, Carlos. In: Notícias. Jornal Notícias do Dia. Publicado em 10/12/2016. Disponível em:
https://ndmais.com.br/noticias/vistas-panoramicas-resgatam-a-originalidade-de-florianopolis/ .
Figura 34: Edifício Sede da Liga Operária Beneficente. No prédio funciona até hoje o salão de dominó, e no passado funcionou uma
biblioteca voltada à classe trabalhadora. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022. Figura 47: Localização do setor leste no Centro histórico de Florianópolis, e poligonal do recorte considerado no trabalho como sendo
o Centro Leste, em lilás. Fonte: Elaboração própria.
Figura 35: Mapa de lançamento do Sapiens Miramar, posteriormente Centro Sapiens. Retirado de: FLORIANÓPOLIS. PMF lança projeto
Centro Sapiens na segunda. In: Notícias. Prefeitura Municipal de Florianópolis. Publicado em 10/09/2015. Figura 48: Vista Aérea da região central na década de 1960, com o perímetro do centro leste, considerado para o recorte, em
Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/noticias/index.php?pagina=notpagina¬i=15213. Acesso destaque. Elaboração própria a partir de original do acervo da Casa da Memória de Florianópolis, coleção Aéreas.
Figura 36: Colagem com pequena amostra de diversas manchetes veiculadas na imprensa entre 2018 e 2022, e os principais discursos Figura 49: Legislações de proteção patrimonial vigentes em 2022, considerando as três esferas: municipal, estadual e federal.
veiculados: Elaboração própria, a partir de DIAS (2005), FLORIANÓPOLIS (2014), FLORIANÓPOLIS (1990) e IPHAN (2018).
AMANHÃ, Floripa. Projeto Distrito 48 vai transformar área central de Floripa através da economia criativa. Publicado em: 31/08/2020. Figura 50: Mapa Ilustrado de Florianópolis, 2010. Autoria Maurizio Di Reda, a pedido da Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Disponível em: Disponível em: http://mzdireda.blogspot.com/2010/03/mapa-ilustrado-de-florianopolis.html.
https://floripamanha.org/2020/08/projeto-distrito-48-vai-transformar-area-central-de-floripa-atraves-da-economia-criativa/v
Figura 51: Placa marrom referente a rua João Pinto. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
GADOTTI, Fábio. Centro Histórico: Pedras mantidas. In: Colunistas. Jornal Notícias do Dia. Publicado em 29/07/2022. Disponível em:
https://floripamanha.org/2022/07/centro-historico-pedras-mantidas/ Figura 52: Placa azul, referente a Rua Jerônimo Coelho. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em abril de 2022.
GONÇALVES, Michael. Degradação do centro histórico de Florianópolis provoca a falência do comércio local. In: Notícias. Jornal Notícias Figura 53: Capa do guia Circuito Cultural de Florianópolis, editado nos anos 2000, e página do verbete relativo a Travessa Ratclif e a
do Dia. Publicado em 12/06/2018. Disponível em: Casa de Arte e Exposição Metálica. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em setembro de 2022.
https://ndmais.com.br/noticias/degradacao-do-centro-historico-de-florianopolis-provoca-a-falencia-do-comercio-local/ .
Figura 54: Placa instalada em um dos pontos do roteiro, nos Jardins do MHSC. Fotografia de autoria de Karla Leal, publicada no blog de
FLORIANÓPOLIS, Prefeitura Municipal. Vem aí o novo centro leste. Publicado em 18/11/2021, no perfil da Prefeitura na Rede Social viagens, em outubro de 2017. Disponível em:
Facebook. Disponível em: http://www.cariocandoporai.com.br/2017/10/florianopolis-em-familia-roteiro-de-4-dias.html.
https://m.facebook.com/watch/?v=3088879691396130&paipv=0&eav=AfYdKWgQSwmCR26vwu7neYF7lsxKSTrq9aoemDYEmIjk_q-NF4tf
W-2bw-h0aHYUzSc&_rdr. Figura 55: Exemplo de utilização dos códigos, produzidos em papel colados aos postes. Foto de Vanessa Camassola Sandre, publicada
em abril de 2018 no perfil do facebook do projeto. Disponível em:
ARMANDINHO. Pela manutenção dos paralelepípedos do Centro Histórico Leste, de Florianópolis. https://www.facebook.com/flamboia/photos/a.280749988953216/596520467376165/.
Rua Victor Meirelles. Praça XV; Museu Victor Meirelles; Escola Estadual Profª. Antonieta de Barros. Publicado em 07/11/2021, no perfil
Armandinho, na Rede Social Facebook. Disponível em: Figura 56: Mesmo poste em maio de 2018 e janeiro de 2022. Caráter efêmero do código. Google, ferramenta Street View.
https://www.facebook.com/488356901209621/posts/4942032579175342/ .
Figura 57: aplicação dos lambe-lambe na área central com estampas críticas e códigos QR Code. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em
Figura 37: Outros projetos para o centro leste: Moradia estudantil, moradia transitória (hostel) e habitação de interesse social. Autor maio de 2022.
do projeto: Arquiteto Marcelo Carlos Monteiro. Retirado de: MONTEIRO, Marcelo Carlos. Pedreira: repensando a área histórica.
Trabalho de Conclusão de Curso, em Arquitetura e Urbanismo, pela UFSC. Florianópolis, 2016. p. 27. Disponível em: Figura 58: Placa instalada no canteiro da praça, próximo aos monumentos. Retirada de: Bom Dia SC. Florianópolis amplia roteiros
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/213833. autoguiados. In: Turismo. Bom Dia SC, publicada em 14/08/2022. Disponível em:
https://bomdiasc.com.br/turismo/florianopolis-amplia-roteiros-turisticos-autoguiados/.
Figura 38: Resgate e valorização dos cinemas de rua e da produção audiovisual local. Autor do projeto: Arquiteto Lucas Luciani da
Silva. Retirado de: LUCIANI DA SILVA, Lucas. Cine Pedreira: cinema de rua e centro audiovisual no centro histórico de Florianópolis. Figura 59: Placa se soma à paisagem urbana como uma nota de rodapé. Retirada de: RIO. Prefeitura inaugura três primeiras placas do
Trabalho de Conclusão de Curso, em Arquitetura e Urbanismo, pela UFSC. Florianópolis, 2021. p. 56. Disponível em: Patrimônio Cultural Carioca do Circuito da Diversidade. In: Cidade. Prefeitura do rio de Janeiro. Publicado em 28/06/2021. Disponível
http://150.162.242.35/handle/123456789/223342. em: https://prefeitura.rio/cidade/prefeitura-inaugura-tres-primeiras-placas-do-patrimonio-cultural-carioca-do-circuito-da-diversidade/ .
Acesso em: 22 ago. 2022.
Figura 39: Imóvel histórico que no passado recente abrigou dois comércios e atualmente está com ambos andares desocupados e
disponíveis para locação. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022. Figura 60: Unidade entre as placas resulta em uma identidade forte. Retirada de: FREIRE, Quintino Gomes. Prefeitura do Rio lança
Circuito da Diversidade e instala placas. In: Geral. Diário do Rio, publicado em 24 de junho de 2021. disponível em:
Figura 40: Colagem com diversos anúncios de venda e locação de imóveis da região central, em especial das ruas João Pinto e https://diariodorio.com/prefeitura-do-rio-lanca-circuito-da-diversidade-e-instala-placas/.
Tiradentes, registrados em 09/09/2022. Fonte: Elaboração própria a partir da plataforma de anúncios online OLX. Disponível para
consulta em: https://sc.olx.com.br/florianopolis-e-regiao/centro/centro/imoveis/comercio-e-industria. Figura 61: Placa reinstalada em frente à casa onde funcionava clandestinamente um centro de tortura, local ligado a memória da
ditadura militar. Imagem retirada de: G1 RS. Recolocada placa que indica local de antigo centro de tortura da Ditadura Militar em Porto
Figura 41: Centro Leste destacado do entorno, segundo a delimitação mais comum, restrita a malha histórico-fundacional. Autoria: Alegre. In: Notícia. Publicada em 29/04/2021. disponível em:
Marcelo Carlos Monteiro. Retirado de: MONTEIRO, Marcelo Carlos. Pedreira: repensando a área histórica. Trabalho de Conclusão de https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/04/29/recolocada-placa-que-indica-local-de-antigo-centro-de-tortura-da-ditadur
Curso em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Santa Catarina. 2016. Disponível em: a-militar-em-porto-alegre.ghtml
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/213833.
Figura 62: Marca estilizada do projeto em ponto do roteiro. Foto de Priscila M. Perin, publicada em julho de 2016, na rede social
Figura 42: Planta da cidade de Florianópolis, em 1910. Arquivo Público de Santa Catarina. Adaptado pelo autor (recortada). Retirado instagram. disponível em:
de: VEIGA, Eliane Veras da. A Casa de Chácara da Rua Bocaiúva - Histórias da Praia de Fora. MPSC. Florianópolis, 2019. p. 39. https://www.instagram.com/p/BHxTHmBjQVF/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D.
Figura 43: Amostra de diferentes poligonais para o centro leste, retiradas dos trabalhos acadêmicos analisados. Fonte: Elaboração Figura 63: Placa afixada em imóvel tombado, no largo da Ordem. Área útil da placa é pouco explorada, e o código possui tamanho
própria. diminuto. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em abril de 2022.
Figura 44: Planta da Cidade do Desterro em 1876. Planta Topográfica da Cidade do Desterro, levantada pelo Major Engenheiro Antônio Figura 64: Mapa dos pontos já identificados pelo projeto Placas da Memória Paulistana. Disponível em: DPH. Circuito Memória
Florêncio Pereira do Lago e Carlos Othom Schlappal, em 1876. Copiada por Waldir Fausto Gil em 15 de maio de 1939; e digitalizada por Paulista. In: Jornada do Patrimônio 2021. Secretária Municipal de Cultura - Prefeitura de São Paulo. 2021. Disponível em:
Flávio Andaló, em 2006. Adaptado pelo autor (recortada). Catalogado pelo Projeto Fortalezas.org. Disponível em: https://www.circuitomemoriapaulistana.com.br/sobre. Acesso em: 22 ago. 2022. 64
https://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=15 .
Figura 65: Placas instaladas em diferentes pontos da cidade. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em setembro de 2021. Figura 88: Aspectos interessantes da antiga vitrine preservados até 2016, já removidos na captura de 2017. Google, ferramenta Street
View, outubro 2016.
Figura 66: Recorte da área do Centro Leste analisada e locais catalogados. Fonte: Elaboração própria.
Figura 89: Pátio interno, onde atualmente funciona um estacionamento. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Figura 67: Prédio na década de 1940, enquanto funcionava como Centro de Saúde de Florianópolis. Fonte: Casa da Memória, coleção
Edifícios. Figura 90: Imagem atual da fachada da Rua Victor Meirelles. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Figura 68: Aspecto externo do prédio remete a degradação e abandono, no entanto é um dos lugares mais pulsantes da região do Figura 91: Esquina da Rua Nunes Machado com Victor Meirelles, em 1931. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis, Coleção Ruas.
centro leste. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Figura 92: Rua Victor Meirelles, em 1905. O casario colonial à direita foi destruído para a construção do Grupo Escolar Dias Velho na
Figura 69: Detalhe da placa do Centro de Saúde de Florianópolis, déc. 1940. Fonte: Casa da Memória, coleção Edifícios. década de 30 e para a sede do 5º DN, na década de 40. O prédio da atual Kibelândia já aparece construído. Fonte: Onde está Desterro?
Figura 70: Detalhe do desenho no piso de pedras petit pavê, remetendo a Casa de Artes. Google Street View, captura em fevereiro de Figura 93: Instalações da antiga 5º DN ocupam mais da metade da quadra, e constituem um paredão na fachada voltada à Rua
2022. General Bittencourt. Fonte: Google, ferramenta Street View, 2022.
Figura 71: Única imagem do artista em seu ateliê. Considerando que o livro foi editado pelo próprio artista, possivelmente a fotografia Figura 94: Manifestação pelas Diretas Já no coração do Centro Leste, em 1984, passando pela Rua Tiradentes na altura da Sociedade
por ele escolhida, seja a imagem que gostaria de deixar de si e sua obra. REIS, Osvaldo Lopes. Arte, Vida e Recordação de Osvaldo Amor à Arte. Ao fundo, prédio da padaria Moritz, com seu letreiro visível. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis. Coleção Ruas
Lopes Reis. Florianópolis: Editora da UFSC, 1994. pg 14.
Figura 95: Prédio que foi a sede da Marinha do Brasil no centro de Florianópolis, atualmente Ministério da Fazenda. Fonte: Google,
Figura 72: Placa do projeto Vida & Saúde, em 2016. Google Street View, captada em dezembro de 2016. ferramenta Street View, captura 2022
Figura 73: Placa da inauguração da urbanização do trecho da Travessa, em 2016. Google Street View, captada em dezembro de 2016. Figura 96: Como não foi localizada nenhuma imagem referente ao período em que o prédio abrigou o 5º D.N, fica a interrogação sobre
qual a memória do lugar. O espaço fica reservado para futuramente receber essa imagem. Disponível em:
Figura 74: Rara imagem colorida das maquetes. Em primeiro plano a Ponte Hercílio Luz, seguida do que possivelmente seja a Colombo https://www.gratispng.com/png-gdcxin/.
Salles, e ao fundo, ruas e prédios em miniatura. Fonte: IPUF. Circuito Cultural de Florianópolis. Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Textos de Eliane V. da Veiga, diagramação e projeto gráfico Joel Pacheco. Florianópolis, SETUR, 2000. Figura 97: Trecho da Rua Victor Meirelles, antiga Rua da Pedreira, no trecho onde se inicia a General Bittencourt, em 1940. Casa da
Memória de Florianópolis, Coleção Ruas.
Figura 75: Logo do Projeto Travessa Cultural. Retirado de: Instituto Arco-Íris Direitos Humanos, Perfil na rede social Facebook.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo/?fbid=159886509986819&set=a.159886483320155. Figura 98: Comparativo do conjunto correspondente à localização da casa da Família Soares, em 2011. Fonte: Google, ferramenta
Street View, 2022.
Figura 76: Preparativos para exibição externa, do Cineclube Ieda Beck, sem data. Fonte: Travessa Cultural, sem data ou autoria.
disponível em: Figura 99: Comparativo do conjunto correspondente à localização da casa da Família Soares, em 2022. Fonte: Google, ferramenta
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1745800552113474&set=pb.100082000850757.-2207520000 Street View, 2022.
Figura 77: Atividade com Paulo Nogueira, o “professor das ruas”, sobre a invisibilidade preta em Florianópolis. Fonte: Olhar Animal, Figura 100: Cine Coral, no centro de Florianópolis. Tela de Átila Ramos. Retirado de: BORGES, Leonardo Bertoldi. Centro de Mídia:
30/12/2019, sem autoria. Retirada de: Retomada do cinema de rua. Trabalho de Conclusão de Curso, em Arquitetura e Urbanismo, pela UNISUL. 2018. disponível em:
https://olharanimal.org/pra-fechar-o-ano-balanco-8-bazar-vegano-floripa/ https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/12307.
Figura 78: População utilizando rede wifi do Instituto Arco-Íris. Retirado de: Floripa Centro. Wi-fi gratuito é disponibilizado no Centro Figura 101: Vista parcial do Centro Leste, com Instituto Arco-Íris ao centro, e demais imóveis catalogados destacados. Edição do autor
para população carente e pessoas em situação de rua. Publicado em 02/07/2020. Disponível em: sobre foto de Ricardo Maas, de 28/07/2022, tomada a partir do Edifício da Secretaria de Educação de Santa Catarina.
https://floripacentro.com.br/wi-fi-gratuito-e-disponibilizado-no-centro-para-populacao-carente-e-pessoas-em-situacao-de-rua/
Figura 102: Arte urbana na fachada lateral do Instituto Arco-Íris, representando o personagem Finn, o Humano. Executada antes de
Figura 79: Oficina de ZineColageria realizada em 22.06.22, dentro do Pipa Festival. Retirada de: Festival de Literatura de Florianópolis: dezembro de 2016. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em 17/08/2022.
Pela Ilha Palavra Amplificada, publicada na rede social Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cf4aI3YO_7Q/ .
Figura 80: Oficina de ZineColageria realizada em 22.06.22, dentro do Pipa Festival. Retirada de: Festival de Literatura de Florianópolis:
Pela Ilha Palavra Amplificada, publicada na rede social Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cf4aI3YO_7Q/ .
Figura 81: Apresentação do Grupo Africatarina em 25.06.22 no Instituto. Autoria Luis Antônio Rodrigues. Retirada de: Africatarina,
publicação na rede social Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cfz3M7xsNQ7/.
Figura 82: Oficina de percussão samba-reggae do Grupo Africatarina em 27.07.22, no Instituto. Autoria Ramires Ramos. Retirada de:
Africatarina, publicação na rede social Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cgo4RcSLIMh/
Figura 83: Oficina de percussão samba-reggae do Grupo Africatarina em 27.07.22, em parceria com a Associação de Amigos da Casa
da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó. Autoria Ramires Ramos. Retirada de: Africatarina, publicação na rede social
Instagram. Disponível em:https://www.instagram.com/p/Cgo4RcSLIMh/
Figura 84: As três portas de entrada do imóvel em 2022. A primeira corresponde à escada de acesso ao piso superior, a segunda ao
Instituto Arco-Íris e a terceira à antiga Casa de Arte e Esposição Metálica, atualmente ocupada pelo instituto. Fonte: Acervo Pessoal,
registrada em 17/08/2022.
Figura 85: Detalhes das aberturas do pavimento térreo da antiga Padaria Moritz, em 1995. Fonte: Casa da Memória de Florianópolis,
Coleção Edifícios.
Figura 86: Imagem atual da fachada da Rua Tiradentes, com os pavimentos superiores desocupados. Fonte: Acervo Pessoal, registrada
em 17/08/2022.
Figura 87: Imagem atual da fachada da Rua Tiradentes, com o térreo parcialmente ocupado. Fonte: Acervo Pessoal, registrada em
17/08/2022. 65
Compilado Legislação Municipal
Relativa a Patrimônio Cultural e
APÊNDICE 01 Planejamento Urbano em Florianópolis Decreto nº 190/90 1990 Decreto Municipal nº 190/90, de 29 de maio de 1990
[2º Plano Diretor de Florianópolis] nº 8209 2010 ALTERA EMENTA E DISPOSITIVOS DA LEI Nº 7955 DE
2009
Lei nº 2.193/85 1985 DISPÕE SOBRE O ZONEAMENTO O USO E A OCUPAÇÃO Decreto nº 21.932 2020 REGULAMENTA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO E
DO SOLO NOS BALNEÁRIOS DA ILHA DE SANTA CLASSIFICAÇÃO DE BENS CULTURAIS IMÓVEIS NO
CATARINA DECLARANDO-OS ÁREA ESPECIAL DE MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS.
INTERESSE TURÍSTICO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
[3º Plano Diretor de Florianópolis, com exceção do Decreto nº 23.080 2021 REGULAMENTA A COMISSÃO TÉCNICA DO SERVIÇO DO
Distrito Sede] PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E NATURAL DO
MUNICÍPIO (COTESPHAN).
Decreto nº 270/86 1986 TOMBA, COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
DO MUNICÍPIO, CONJUNTOS DE EDIFICAÇÕES
EXISTENTES NA ÁREA CENTRAL DO TERRITÓRIO
MUNICIPAL. *Os Decretos e Leis cujo conteúdo está disponível online, estão com os respectivos
números sublinhados, sinalizando que há um link vinculado.
Decreto nº 521/89 1989 CLASSIFICA, POR CRITÉRIOS DIFERENCIADOS DE VALOR ** O mapa da Lei 246/55 não está disponível online, tendo sido retirado DELORENZO
HISTÓRICO, ARTÍSTICO E ARQUITETÔNICO, OS PRÉDIOS NETO, 1957 (apud SOUZA, 2012, p. 81).
INTEGRANTES DOS CONJUNTOS HISTÓRICOS
TOMBADOS PELO DECRETO Nº 270/86.
Elaboração própria, a partir de ADAMS (2002), IPUF (2012), IPUF (2022).
66
Trabalhos de Conclusão de Curso em
APÊNDICE 02
Arquitetura e Urbanismo entre 2004 08 2016 - CAVANUS Aline Vicente Cavanus - TCC - UFSC
e 2021 relativos ao Centro Leste
Instituto Arco-Íris: um espaço de resistência no Centro histórico
de Florianópolis
Nº ANO / AUTOR INFORMAÇÕES
https://repositorio.ufsc.br//handle/123456789/217088
01 2004 - MONTEIRO Graziela Naldi Monteiro - TCC - UFSC
09 2016 - MONTEIRO Marcelo Carlos Monteiro - TCC - UFSC
Revitalização de parte do centro histórico de Florianópolis
antigo bairro da Pedreira : um novo olhar sobre as ruas da área Pedreira: repensando a área histórica
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/221040 https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/213833
02 2009 - RAUEN Raquel Regina Rauen - TCC - UFSC 10 2017 - MORALES Angellina Mayer Mengue Morales - TCC - UFSC
Circuito Cultural No Centro Histórico Florianópolis Permitir a diversidade no Centro de Florianópolis: programa de
inclusão social na Pedreira
http://150.162.242.35/handle/123456789/120395
http://150.162.242.35/handle/123456789/217098
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/217779
11 2017 - NASCIMENTO Maria Cristina Kreutz do Nascimento - TCC - UFSC
03 2011 - LINHARES Gabriela Tridapalli F. Linhares - TCC - UFSC
Cidade Subjetiva
Hostel cidade: uma alternativa para o resgate da urbanidade no
Centro Histórico de Florianópolis https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/200788
04 2011 - PACHECO Ellis Monteiro dos Santos Pacheco - TCC UFSC Desenvolvimento Excludente: Gentrificação em Florianópolis
05 2013 - PEDROTTI Gabriel Santiago Pedrotti - TCC - UFSC Uma proposta alternativa para o Centro Histórico de
Florianópolis
Percurso e centro criativo da Bulha: uma proposta de reforma
urbana para o Centro de Florianópolis https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/200800
06 2015 - SOUZA Mariana Rocha Siqueira de Araújo e Souza - TCC - UFSC Casa de Acolhimento ao Migrante
http://150.162.242.35/handle/123456789/213866 https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/12439
07 2016 - RIBEIRO Luisa Ribeiro - TCC - UFSC 16 2018 - FIGUERÓ Isabela de Carvalho Figueiró - TCC - UFSC
Antonieta de Barros: um novo atrativo para o setor leste da Centro Social: equipamentos de acolhimento voltados à
praça XV população em situação de rua no centro de Florianópolis
(Centro social: uma rede equipamentos voltados à população
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/213831 em situação de rua no centro de Florianópolis)
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/217123 67
Trabalhos de Conclusão de Curso em
APÊNDICE 02
Arquitetura e Urbanismo entre 2004 24 2021 - MONDARDO Augusto Benjamin Vito Mondardo - TCC - UNISUL
e 2021 relativos ao Centro Leste*
A propriedade do vazio: dinâmica entre o espaço ocioso e a
vitalidade do centro urbano de Florianópolis
Nº ANO / AUTOR INFORMAÇÕES
Os Ismos do Urbano: ensaios para um urbanismo ativista 25 2021 - CAVALCANTE Luane Cavalcante - TCC - UNISUL
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/200656 https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/15998
19 2020 - DALSENTER Marcella Luiza Vettori Dalsenter - TCC - UFSC 27 2022 - GARGIONI Matheus Moro Gargioni - TCC - UFSC
Cidade, patrimônio e cotidiano: proposta de diretrizes urbanas O transbordar queer como jeito de fazer cidade: o que pode vir
para a valorização das rugosidades da R. General Bittencourt a público? Ensaio sobre a arte-dissenso como potência de
sociabilidades dissidentes em Florianópolis
https://repositorio.ufsc.br//handle/123456789/219723
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234485
20 2020 - RODRIGUES Bárbara dos Santos Rodrigues - TCC - UNISUL
Vila Contemporânea - um complexo gastronômico e cultural no *Como critério foram selecionados apenas trabalhos que estão disponíveis de forma
centro de Florianópolis online, em repositórios de acesso público. Certamente existem muitos outros trabalhos
de conclusão de curso no período analisado, em especial na primeira década dos anos
2000, marcada pela transição do formato analógico para digital.
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/12422
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/16009
http://150.162.242.35/handle/123456789/223342
68
ANEXO 01 Mapa do Circuito Cultural
Mapa do Circuito Cultural de Florianópolis, roteiro 1 - Centro. Editado. (no encarte original existem mais dois mapas, o de localização da cidade e estado e o do roteiro 2, pela ilha) . 69
IPUF. Circuito Gultural de Florianópolis. Prefeitura Municipal de Florianópolis. Textos de Eliane V. da Veiga, diagramação e projeto gráfico Joel Pacheco. Florianópolis, SETUR, 2000.
ANEXO 02 Mapa do Roteiro Autoguiado
Mapa do Roteiro Autoguiado do Centro Histórico de Florianópolis, disponibilizado ao público na forma de folheto tamanho A5. CDL. Roteiro Autoguiado do Centro Histórico 70
de Florianópolis. Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis, 2014. Disponível em: http://www.roteiroautoguiado.com.br/index.php. Acesso em: 22 ago. 2022.
ANEXO 03 Percurso Onde Está Desterro?
Onde Está Desterro? ALBERTONI, J. P. . Onde Está Desterro?. 2018 (Projeto Cultural de Educação Patrimonial). disponível em: <https://www.ondeestadesterro.com.br/index.html>. 71
Acesso em: 14/03/22
ANEXO 04
Linha do Tempo da Luta em Defesa dos
Paralelepípedos
Recorte temporal. GONSALVES, Aghata K. R. Linha do Tempo da Luta em Defesa dos Paralelepípedos. 2022. Projeto realizado como parte de sua tese de doutorado Programa de
Pós-Graduação em Administração da UFSC. Disponível em: https://sites.google.com/view/movimentovivacentroleste/in%C3%ADcio . Acesso em: 14/03/22
72
ANEXO 05 Destinos Turísticos Inteligentes
Verbete Praça XV de Novembro: Destinos Turísticos Inteligentes - Florianópolis. Acesso via QR Code. Hospedado em: https://smarttourjoinville.webnode.page/praca-xv-po/ . 73
ANEXO 06 Inventário Participativo - Memória Paulistana
Formulário disponibilizado pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico (SMC|DPH) em 2019 para receber sugestões de lugares de memória.
Disponível em: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfhtkuOJfPgJyJMTLxNlk9AhmkXjZXbZNY8guWv9NC2sQXI2w/viewform. Acesso em: 26 set. 2022. 74