Untitled
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www.lulu.com
http://stores.lulu.com/pgerdes
http://www.lulu.com/spotlight/pgerdes
2
Paulus Gerdes
Volume 2:
Explorações educacionais e matemáticas
de desenhos africanos na areia
ISTEG
Belo Horizonte
Boane
Moçambique
2014
3
Ficha técnica
Título:
Geometria Sona de Angola
Volume 2: Explorações educacionais e matemáticas de desenhos
africanos na areia
Edição em Francês:
Une tradition géométrique en Afrique – Les dessins sur le sable
Volume 2: Exploration educative et mathématique (L’Harmattan,
Paris, 1995)
Edição em Alemão:
Ethnomathematik dargestellt am beispiel der Sona Geometrie
Segunda parte: Didaktische und mathematische Exploration
(Spektrum Akademischer Verlag, Heidelberg / Berlin / Oxford, 1997)
4
Edição em Inglês:
Sona Geometry from Angola
Volume 2: Educational and Mathematical Explorations of African
Designs on the Sand (ISTEG-University, Boane, Moçambique, 2013)
Distribuição internacional:
Lulu, Morrisville NC, EUA
http://www.lulu.com/spotlight/pgerdes
5
6
Índice
Página
Prefácio 11
Mohamed El Tom
Introdução ao segundo volume 13
Capítulo 1:
ALGUMAS SUGESTÕES PARA A UTILIZAÇÃO DOS SONA NA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
1.1 Introdução 19
1.2 Relações aritméticas 20
Primeiro exemplo 20
Progressões aritméticas 21
Um trio pitagórico 27
1.3 Ideias geométricas 28
Simetria axial 28
Simetria axial dupla e simetria central 29
Simetria rotacional 29
Semelhança 30
Determinação geométrica do máximo divisor 34
comum de dois números naturais
Rumo ao algoritmo euclidiano 37
Grafos de Euler 37
1.4 Observações 42
1.5 Bibliografia 43
Capítulo 2:
RECREAÇÕES GEOMÉTRICAS
2.1 Introdução 47
2.2 Recreações do tipo “Encontre os padrões que faltam” 50
7
2.3 Bibliografia 50
Capítulo 3:
EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL MATEMÁTICO DOS SONA: UM
EXEMPLO PARA ESTIMULAR A CONSCIÊNCIA CULTURAL
DURANTE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
MATEMÁTICA
Capítulo 4:
SOBRE O NÚMERO DE LINHAS DO TIPO “GALO-EM-FUGA”
4.1 Introdução 93
4.2 Experimentação 94
4.3 Extrapolação 96
4.4 Formulação de uma hipótese 97
4.5 Demonstração 99
Descrição do algoritmo para a construção de 99
linhas do tipo “galo-em-fuga”
Demonstração do Teorema 1 104
Demonstração do Teorema 2 107
Demonstração do Teorema 3 111
Demonstração do Teorema 4 117
Demonstração do Teorema 5 122
8
Capítulo 5:
SONA E A GERAÇÃO E A ANÁLISE DE PADRÕES-DE-
ESPELHO
5.1 A caminho de uma descoberta 127
5.2 Alguns teoremas sobre padrões-de-espelho lisos e 137
monolineares
Introdução 137
Definições 137
Teorema 1 143
Teorema 2 145
Teorema 3 147
Teorema 4 148
5.3 Implicações e questões para reflexão 150
Padrões-de-fita-trançada da classe A 150
Generalização do conceito de padrão-de-espelho 153
Contagem módulo 2 154
Capítulo 6:
GERAÇÃO E CONTAGEM DE PADRÕES-DE-ESPELHO
REGULARES, MONOLINEARES E UNIFORMES
Capítulo 7:
ALGUNS EXEMPLOS DE PADRÕES-DE-ESPELHO
REGULARES, MONOLINEARES E UNIFORMES E DOS
RESPECTIVOS ALGORITMOS GEOMÉTRICOS
173
O autor 187
Livros de Paulus Gerdes em Português 188
9
10
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Prefácio
11
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Além disso, reconhecendo a importância para futuros
professores de matemática a compreender o que significa “fazer
matemática”, o livro apresenta vários exemplos de como se faz
matemática, isto é, experimentar, generalizar, descobrir, formular
hipóteses e provar teoremas (Capítulos 2, 3 e 4). Por exemplo, no
Capítulo 2, apresenta-se ao leitor algumas figuras no estilo da tradição
dos sona e convida-se o leitor a construir as figuras em falta.
Lendo este livro alguns leitores podem ser levados a perguntar-
se o que se passava possivelmente na mente dum homem Cokwe típico
no leste de Angola, enquanto sentado à volta da fogueira contando
uma história e começou a traçar um desenho na areia. O que torna a
questão interessante é a realização de que o povo Cokwe não tinha
estudado “matemática académica”, contudo os seus desenhos na areia
incorporaram padrões tendo conexões significantes com aspectos da
“matemática académica”.
Este livro belamente ilustrado (vide, em especial, Capítulo 7)
representa um recurso educacional importante. Tenho a certeza de que
cada educador de matemática, especialmente nos níveis do ensino
secundário e universitário, podia beneficiar do acesso ao mesmo.
Mohamed E. A. El Tom
Professor catedrático de Matemática
Director, Colégio “Cidade dos Jardins” para Ciência e Tecnologia
Cartum, Sudão
Membro da Academia Africana de Ciências
Membro, Comité Executivo, União Africana de Matemática
12
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Paulus Gerdes
15
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Bibliografia de artigos e livros elaborados pelo autor e
referenciados na introdução ao segundo volume de Geometria
Sona:
17
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
18
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 1
ALGUMAS SUGESTÕES PARA A UTILIZAÇÃO DOS SONA
1
NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
1.1 Introdução
Primeiro exemplo
20
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
5x5
a b
= 4x +1
Figura 1.1
Progressões aritméticas
21
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
1 2 3 4 5
5 4 3 2 1
5x6
a b
Figura 1.2
22
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
6x6
a
b
Figura 1.3
23
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
5
4
3
2
1
2x = +
5
4
3
2
1
= -
6x6 6
Figura 1.4
2 2 2
3 3 +2
a b c
1
3
5 3 1
d e
Figura 1.5
2 2
4 +3
a b
Figura 1.6
25
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
2 2
5 +4
a b
Figura 1.7
b
Figura 1.8
2 2
Por isso, 4 = 1+3+5+7 e 3 = 5+3+1. Pode-se perguntar aos
2 2
alunos se 5 + 4 ou (1+3+5+7+9+7+5+3+1) pode ser repartido da
26
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2
mesma maneira. E haverá outras maneiras para ver que 4 = 1+3+5+7,
2
a partir do rectículo quadrado de 4 pontos (Figura 1.8b)?
A extrapolação leva a:
2
n = 1+3+5+7+ … + (2n–1),
2
ou seja, a soma dos primeiros n números ímpares é igual a n .
Figura 1.9
Figura 1.10
Um trio pitagórico
Figura 1.11
Figura 1.12
28
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
a b c
e
Figura 1.13
Simetria rotacional
29
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b c
Figura 1.14
Semelhança
A Figura 1.15 representa uma leoa com seus dois filhotes (cf.
Vol. 1, Figura 268a). As dimensões 10:3 e 7:2 dos esqueletos
rectangulares da leoa e seus filhotes foram escolhidas de tal maneira
que a leoa e os filhotes sejam figuras mais ou menos semelhantes. Por
isso:
10 : 3 ≈ 7 : 2.
30
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
10
3 7
a b
c d
31
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
10
3 7
a b
Figura 1.16
32
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 1.17
33
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
(ou a : b = c : d)
equivale a:
b×c≈a×d
(ou b × c = a × d)
Figura 1.18
Figura 1.19
o
45
o o
45 45
Figura 1.20
Figura 1.21
Agora os alunos podem experimentar (Figura 1.21) e descobrir
que não é preciso desenhar mais que uma curva fechada para
responder à pergunta:
f (3, 6) = …?
A curva fechada que começa num dos vértices (Figura 1.22a)
“abraça” sempre um ponto de cada coluna e dois de cada fila de
pontos. Já que há três filas, são precisas três curvas:
f (3, 6) = 3
a b
35
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 1.22
f (4, 6) = …?
Desta vez, a curva fechada (vide a Figura 1.22b) “abraça” dois
pontos de cada seis colunas iniciais e três de cada fila. Já que há quatro
4
filas, são necessárias = 2 curvas. Da mesma forma, já que há 6
2
6
colunas, são necessárias = 2 curvas. Por isso: f (4, 6) = 2.
3
A extrapolação
! leva a:
f (m, n) é um divisor de m,
! f (m, n) é um divisor de n,
ou f (m, n) é um divisor comum de m e n. Mais experimentação leva a:
f (m, n) é o máximo divisor comum de m e n
[= mdc (m, n)].
mdc (12, 9) = 3
3 9
2 =3
mdc (12, 9)
1 2
1 2 3 4
12
=4
mdc (12, 9)
Figura 1.23
36
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
A Figura 1.23 dá uma aplicação deste resultado provisório. A
observação cuidadosa do comportamento da curva fechada desenhada
na Figura 1.23 e a comparação com outros exemplos concretos podem
levar os alunos a descobrir a seguinte generalização interessante:
Grafos de Euler
37
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
passar mais do que uma vez sobre o mesmo segmento se e somente se
existem menos que 3 vértices pertencendo a um número ímpar de
segmentos. A representação de um casal (Figura 1.26, cf. Vol. 1,
Figura 60) é um exemplo de um grafo de Euler deste tipo.
21
15
Figura 1.24a
38
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 1.24b
39
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
3 3 3 3 3
Figura 1.24c
40
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 1.24d
41
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b
c d
Figura 1.25
Figura 1.26
1.4 Observações
1.5 Bibliografia
43
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Eshiwani, George S. (1979), The goals of mathematics teaching in
Africa: A need for re-examination, Prospects, UNESCO, Paris,
346–352.
Fontinha, Mário (1983), Desenhos na areia dos Quiocos do Nordeste
de Angola, Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa,
304 p.
Gay, John & Cole, Michael (1967), The New Mathematics and an Old
Culture: A Study of Learning among the Kpelle of Liberia, Holt,
Rinehart and Winston, New York, 100 p.
Gerdes, Paulus (1985), Conditions and strategies for emancipatory
mathematics education in underdeveloped countries, For the
Learning of Mathematics, Montreal, Vol. 5, 15–20.
—— (1986), On culture, mathematics and curriculum development in
Mozambique, in: Mellin-Olsen, S. & Johnsen Hoines, M. (org.),
Mathematics and Culture, a Seminar Report, Radal, 15–42.
—— (1992), Cultura e o despertar do pensamento geométrico, ISP,
Maputo, 146 p. [Nova edição: Etnogeometria: Cultura e o
Despertar do Pensamento Geométrico, ISTEG, Boane & Lulu,
Morrisville NC, 2012, 230 p.].
Ginsburg, Herbert & R. Russell (1981), Social class and racial
influences on early mathematical thinking, Child Development,
Chicago, Vol. 46, 1–66.
Mellin-Olsen, Stieg (1986), Culture as a Key Theme for Mathematics
Education. Postseminar reflections, in: Mellin-Olsen, S. &
Johnsen Hoines, M. (org.), Mathematics and Culture, a Seminar
Report, Radal, 99–121.
Njock, Georges E. (1985), Mathématiques et environnement socio-
culturel en Afrique Noire, Présence Africaine, Paris, Vol. 125,
3–21.
Redinha, José (1948), As gravuras rupestres do Alto Zambeze e
primeira tentativa da sua interpretação, Publicações Culturais da
Companhia de Diamantes de Angola, Lisboa, Vol. 2, 65-92.
Zaslavsky, Claudia (1973), Africa Counts; Number and Pattern in
African Culture, Prindle, Weber & Schmidt, Boston, 328 p.
(Lawrence Hill, Brooklyn, 1979).
44
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
—— (1979), Symmetry along with other mathematical concepts and
applications in African life, Applications in School Mathematics,
82–97.
—— (1985), Bringing the world into the math class, Curriculum
Review, 82–97.
45
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
46
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 2
RECREAÇÕES GEOMÉTRICAS
2.1 Introdução
b
Figura 2.1
47
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.2
Figura 2.3
48
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.4
49
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
vezes consigo mesma e que abraço todos os pontos da grelha de
referência.
Com esses problemas pretende-se recriar e desenvolver uma
sensibilidade para algoritmos geométricos, generalização e simetria.
Testei os problemas em “Círculos de Interesse” de (futuros)
professores de Matemática. Os participantes mostraram-se muito
interessados e altamente motivados.
2.3 Bibliografia
50
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.5
51
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.6
52
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.7
53
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.8
54
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.9
55
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.10
56
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.11
57
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.12
58
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.13
59
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 2.14
60
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 2.15
61
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
62
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 3
EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL MATEMÁTICO DOS SONA:
UM EXEMPLO PARA ESTIMULAR A CONSCIÊNCIA
CULTURAL DURANTE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
1
DE MATEMÁTICA
64
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
construções axiomáticas alternativas da geometria Euclidiana; o
trançar de funis como fonte de inspiração e um método geral para a
construção de polígonos regulares; o entrelaçamento de botões e o
“Teorema de Pitágoras”; armadilhas de pesca tradicionais e uma
função trigonométrica alternativa, padrões de pavimento e a geração
de poliedros regulares e semi-regulares. Desta vez gostaria de expor
como pesquisas de futuros professores podem ser realizadas ao
examinar o contexto cultural e a História da África Austral, abrindo
uma nova área de investigação matemática. Como ilustração será
explorado o potencial matemático dos sona.
Regras de composição
65
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 3.1
a b
Figura 3.2
Figura 3.3
66
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
* Primeiro exemplo
A Figura 3.3 mostra a metade esquerda dum lusona. Ela pode ser
considerada como construída a partir do “padrão triangular” da Figura
3.4a, ligando os extremos a, b, c, d, A, B, C, e D na ordem
aAbBcCdDa. Muitas questões para posterior reflexão e análise
emergem, tais como:
* Existem outras possibilidades para a ordem em que se ligam os
extremos levando a desenhos monolineares? (A Figura 3.4b dá
um exemplo). Caso si, quantas possibilidades haverá?
* Quantas possibilidades existem para obter desenhos
monolineares, se houver n extremos em cada lado do “padrão
triangular” em vez de 4?
* Quantos destes são simétricos como o lusona na Figura 3.3?
D
C
B
A
a
d
c
b
Figura 3.4
* Segundo exemplo
Figura 3.5
Figura 3.6
68
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 3.7
Figura 3.8
A a
B b
C c d D
Figura 3.9
69
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
A a
B b
C c d D
Figura 3.10
Figura 3.11
70
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Haverá formações de pássaros em V de 5 ou mais filas, que são
simultaneamente simétricas e monolineares?
A a
B b
C c
D d E e F f
Figura 3.12
A a
B b
C c
D d
E e F f G g H h
Figura 3.13
71
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b
c
Figura 3.16
* Primeiro exemplo
73
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b
Figura 3.17
Figura 3.18
n 3 5 7 9 11 13 15 17
m
2 2 1 2 1 2
3 3 1 3 1
4 4 1 4
5 5
6 6 1
7
8
9
74
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Extrapolação na base destes dados experimentais pode levar à
tabela seguinte:
n 3 5 7 9 11 13 15 17
m
2 2 1 2 1 2 1 2 1
3 3 1 3 1 3 1 3 1
4 4 1 4 1 4 1 4 1
5 5 1 5 1 5 1 5 1
6 6 1 6 1 6 1 6 1
7 7 1 7 1 7 1 7 1
8 8 1 8 1 8 1 8 1
9 9 1 9 1 9 1 9 1
Figura 3.19
75
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
* Segundo exemplo
b
Figura 3.20 (Primeira parte)
76
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
d
Figura 3.20 (Segunda parte)
Figura 3.21
largura 4 6 8 10 12 14 16 18
altura
3 1 2 1 2 1 2 1
5 3 1 1 3 1 1 3
7 1 4 1 2 1 4
9 1 1 5 1
11 3 2 1 6
13 1 1
15
17
n 2 3 4 5 6 7 8 9
m
1 1 2 1 2 1 2 1
2 3 1 1 3 1 1 3
3 1 4 1 2 1 4
4 1 1 5 1
5 3 2 1 6
6 1 1
7
8
n 2 3 4 5 6 7 8 9
m
1 1 2 1 2 1 2 1 2
2 3 1 1 3 1 1 3 1
3 1 4 1 2 1 4 1 2
4 1 1 5 1 1 1 1 5
5 3 2 1 6 1 2 3 2
6 1 1 1 1 7 1 1 1
7 1 4 1 2 1 8 1 2
8 3 1 1 3 1 1 9 1
Figura 3.22
Figura 3.23
1
Padrões preto-brancos subjacentes
Figura 3.24a
1
Dei a estes padrões preto-brancos o nome de Lunda-designs e
analiso-os no livro (Gerdes, 1996, 2007).
81
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 3.24b
Figure 3.25
82
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 3.26
b
Figura 3.27
83
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 3.28
84
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 3.29
85
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 3.30
E mais em geral:
* Sendo dado o algoritmo dum desenho monolinear do tipo sona,
será possível predizer como será o padrão preto-branco
subjacente?
* Será possível caracterizar toda a classe de padrões preto-brancos
gerados por desenhos do tipo sona?
Uma vez encontradas as conjecturas, fica a questão de as testar e
provar..
a1 a2
Figura 3.31
87
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
b1
c1
Figura 3.31
88
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b2
c2
Figura 3.31
89
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
d1
Figura 3.31
90
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
d2
Figura 3.31
91
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
3.5 Bibliografia
92
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 4
SOBRE O NÚMERO DE LINHAS DO TIPO
“GALO-EM-FUGA”
4.1 Introdução
b
Figura 4.1
93
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Usando uma rede de referência de dimensões 5 × 10 e aplicando
o mesmo algoritmo, são precisas três linhas do tipo “galo-em-fuga”
para abraçar todos os pontos da rede de referência (vide a Figura 4.2).
Em geral, como dependerá o número de linhas do tipo “galo-em-
fuga” das dimensões da grelha de pontos?
Figura 4.2
4.2 Experimentação
94
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Construa uma tabela dos valores encontrados de f (2m+1, 2n).
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m
1
2
3
4
5
6
7
8
4.3 Extrapolação
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m
1 2 1 2 1 2 1 2 1 2
2 1 3 1 1 3 1 1 3
3 2 1 4 1 2 1 4
4 1 1 1 5 1
5 2 3 2 1 6
6 1 1 1
7
8
96
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m
1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1
2 1 3 1 1 3 1 1 3 1 1
3 2 1 4 1 2 1 4 1 2 1
4 1 1 1 5 1 1 1 1 5 1
5 2 3 2 1 6 1 2 3 2 1
6 1 1 1 1 1 7 1 1 1 1
7 2 1 4 1 2 1 8 1 2 1
8 1 3 1 1 3 1 1 9 1 1
9 2 1 2 5 2 1 2 1 10 1
10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Questões
* Será capaz de completar a tabela até m = n = 20?
* Que relação observa entre os números da terceira fila e o período
da mesma?
* O que acontece no caso da quarta fila? O que acontecerá em
geral?
* O que pensa que será a fórmula para o género? f (2m+1, 2n) =
…?
Questão
* f (2m+1, 2n) parecerá ser um certo divisor comum particular de
m+1 e n+1?
Questão
Tente provar a conjectura
f (2m+1, 2n) = mdc (m+l, n+l)
Sugestões:
* Observe cuidadosamente os passos que nos levaram à
formulação da conjectura. Que passos pode exprimir, em termos
de conjecturas auxiliares, que talvez possa demonstrar
separadamente?
* Por exemplo, prove a conjectura “Cokwe”:
f (2m–1, 2m) = 1.
* Um outro exemplo:
Prove que existe para cada coluna (n = constante) da tabela um
período p, isto é:
f (2m+1, 2n) = f (2m+1+[p], 2n),
onde p = n+1.
* E:
Prove que existe para cada fila (m = constante) da tabela um
período q, ..., etc.
98
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
4.5 Demonstração
Na demonstração que se segue, a conjectura
f (2m+1, 2n) = mdc (m+l, n+l)
é provada como Teorema 5, consequência de quatro teoremas
auxiliares:
T1: f (2m+1, 2m) = m+1
T2: f (2m–1, 2m) = 1
T3: f (2m+1, 2n) = f (2m–2n–1, 2n) se m > n
T4: f (2m+1, 2n) = f (2m+1, 2n–2m–2) se n > m+1.
Antes de começarmos a dar a demonstração de T1, T2, T3 e T4,
apresentaremos em primeiro lugar uma descrição detalhada do
algoritmo geométrico para a construção de linhas do tipo “galo-em-
fuga”.
Passo 1
Uma linha do tipo “galo-em-fuga” arranca ligeiramente acima de
um dos pontos, numerados de par (segundo, quarto, sexto, etc.), da
primeira fila. O referido número par tem de ser diferente de 2n. Vira-
se, para a direita, em torno desse ponto e, em seguida, desce-se
verticalmente em ziguezague, como mostra a Figura 4.3.
Figura 4.3
Se o número par for igual a 2n, então avança-se com o Passo 7.
99
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Passo 2
Quando a linha chega à última fila, vira para a direita à volta do
ponto mais próximo e sobe fazendo um ângulo de 45º com as filas e
colunas, até chegar à primeira fila ou à última coluna (vide a Figura
4.4).
Figura 4.4
Passo 3
Quando a linha chega à primeira fila, vira para a direita à volta
do ponto mais próximo. Se este ponto é o mesmo que aquele acima do
qual a linha arrancou, então para-se; um caminho do tipo “galo-em-
fuga” foi completado. Se o ponto não é nem o mesmo que o ponto de
arranque nem o último ponto da fila, repete-se o passo 1. Se é o último
ponto da fila, então avança-se com o Passo 7.
Passo 4
Quando a linha chega à última coluna, vira, para cima, à volta do
ponto mais próximo e avança em seguida, horizontalmente, da direita
para a esquerda, em ziguezague (vide a Figura 4.5).
Figura 4.5
100
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Passo 5
Quando a linha chega à primeira coluna, vira, se possível, para
cima, à volta do ponto mais próximo, e, em seguida, sobe para a direita
fazendo um ângulo de 45o com as filas e colunas (vide a Figura 4.6).
Figura 4.6
Passo 6
Se não é possível virar para cima, a linha vira para a esquerda e
para baixo à volta do ponto mais próximo, isto é, do primeiro ponto da
primeira coluna, e, em seguida, desce em ziguezague para o último
ponto da primeira coluna, vira em torno deste ponto e sobe para a
direita, fazendo um ângulo de 45o com as filas e colunas (vide a Figura
4.7).
Figura 4.7
101
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Passo 7
Figura 4.8
Teorema 1
102
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
início
não sim
cima? 4 primeira 6
?
não sim
não
sim
última ? 7 5
não
ponto de
partida?
sim
fim
Fluxograma
103
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Demonstração do Teorema 1
1. Considere uma linha que desce verticalmente em ziguezague e que
começa imediatamente à direita do 2q-ésimo ponto da primeira fila
(vide a Figura 4.9): N1 = 2q. Em que lugar será que esta linha
regressa à primeira fila: N8 = ….?
N
1
N
8
N
7
2m+1
N
6
N
5
N
2
N N
3 4
2m
Figura 4.9
2m+1
N
2
N
1
Figura 4.10
105
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
3. Considere agora a linha ziguezagueante que começa imediatamente
à direita do último ponto da primeira fila (vide a Figura 4.11).
Como o número de pontos da última coluna é ímpar, a linha chega
do lado direito ao último ponto. Depois de virar em torno deste
ponto, a linha ziguezagueia horizontalmente para a esquerda.
Quando chega à primeira coluna, vira para cima à volta do segundo
ponto (contado a partir do baixo) e sobe fazendo um ângulo de 45o
com as filas e colunas. Como o número N1 dos pontos restantes da
primeira coluna é igual a 2m–l, temos N2 = N1 = 2m–1. Por isso a
linha chega à primeira fila do lado esquerdo do seu último ponto.
Em seguida vira para a direita à volta do mesmo ponto, regressando
assim ao lugar onde começou.
2m
N
2
N
1
2m+1
Figura 4.11
Demonstração do Teorema 2
N
8
N
7
2m+1
N
6
N
5
N
2
N N
3 4
2m
Figura 4.12
107
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
A linha chega à última fila exactamente à direita do 2q-ésimo
ponto (N2 = 2q), vira à volta do (2q+1)-ésimo ponto (N3 = 2q+l),
deixando à sua direita os 2m–(2q+1) pontos restantes (N4 = 2m–
2q–1). Por conseguinte, chega à última coluna exactamente acima
do seu (2m-2q-1)-ésimo ponto, isto é, N5 = 2m–2q–1. Depois de
um ziguezague horizontal para a esquerda, chega à primeira coluna
exactamente acima do [(2m-2q-1)+2]-ésimo ponto e vira para cima
em torno do ponto seguinte; N6 = (2m–2q–1)+3 = 2m–2q+2. Na
primeira coluna sobram ainda (2m–1)–N6 pontos, quer dizer, N7 =
(2m–1)–N6 = 2q–3. Tendo em conta que N8 = N7, sabemos que a
linha regressa à primeira fila imediatamente à direita do seu (2q–
3)-ésimo ponto, vira à volta do (2q–2)-ésimo ponto e desce mais
uma vez em ziguezague. Por outras palavras, este ziguezague
vertical encontra-se a duas unidades à esquerda do ziguezague
inicial.
N
1
N
6
2m-1
N
5
N N
2 4
N
3
Figura 4.13
108
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2. No caso q=1, temos (vide a Figura 4.13): N2 = N1 = 2, N3 = 3, N4 =
2m–3, N5 = N4 = 2m–3 e N6 = (2m–1)–N5 = 2. Por outras palavras a
linha vira para cima à volta do segundo ponto da última coluna. Em
seguida vêm os passos 4 e 6.
N
8
N
7
Figura 4.14
109
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
N
9
2m+1
Figura 4.15
Volta para a primeira fila (vide a Figura 4.16), onde chega
imediatamente à direita do (2m–3)-ésimo ponto (N10 = N9 = 2m–
3), vira para a direita à volta do (2m–2)-ésimo ponto e começa
uma nova descida em ziguezague (caso q = m–1).
N
10
N
9
Figura 4.16
110
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Por outras palavras, quando a linha começa acima do 2(m–1)-ésimo
ponto da primeira fila, ela passa, ao percorrer a rede de referência,
sucessivamente à volta dos 2q-ésimos pontos da primeira fila (q = m–
2, m–3, ..., 3, 2, 1) até finalmente voltar ao ponto de partida. Desta
maneira a linha abraça todos os pontos da grelha de referência, como
queríamos demonstrar.
Teorema 3
Demonstração do Teorema 3
Rq
N
7
2m+3
2m+2
N
6
N
5
N
2
N N4
3
Figura 4.17
112
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2m+3
N
2
N
1
Figura 4.18
113
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
2n
2n
Figura 4.19
114
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2n
2n+3
2n+2
Figura 4.20
linha fechada
circuito
Figura 4.21
115
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
116
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Teorema 4
O número de linhas do tipo “galo-em-fuga” de que se precisa
para abraçar todos os pontos de uma grelha de referência de
dimensões (2m+1, 2n) não se altera se se juntam ou se retiram
(se possível) da grelha de referência 2m+2 colunas.
Obviamente só é possível retirar se restarem duas ou mais
colunas, quer dizer, se 2n > 2m+3, isto é, se n > m+l.
Por outras palavras:
f (2m+l, 2n) = f (2m+l, 2n+2m+2)
e
f (2m+1, 2n) = f (2m+1, 2n–2m–2)
se n > m+1.
Demonstração do Teorema 4
1. Considere um padrão de linhas do tipo de “galo-em-fuga” de
dimensões (2m+1) × 2n. Imagine que se separa a última coluna
das outras. Sejam A, B, C,... os extremos à esquerda e a, b, c,... os
extremos correspondentes à direita que resultam deste corte (vide a
Figura 4.23).
antes do corte
a
Figura 4.23
117
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
A a
B b
C c
D d
depois do corte
b
Figura 4.23
2n-1 2m+2
2m+1
Figura 4.24
118
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2m+2
2m+4
Figura 4.25
a B
A b
Figura 4.26
3. Seja Y um extremo à esquerda duma linha que sobe e que pode ser
encontrado à direita do (2s+1)-ésimo ponto (contado a partir de
cima) da penúltima coluna original. Há 2s pontos da primeira
coluna inserida, pontos que se encontram acima da fila
considerada: N1 = 2s (vide a Figura 4.27). A linha chega à primeira
fila imediatamente do lado direito do seu 2s-ésimo ponto inserido
(N2 = N1), vira à volta do (2s+1)-ésimo ponto e desce num
ziguezague. Chega à última fila e vira à volta do (2s+2)-ésimo
ponto inserido, deixando à sua direita (2m+2) – (2s+2) = 2m–2s
pontos inseridos (N3 = 2m–2s). Depois de subir para a direita, a
linha atravessa a última das colunas inseridas exactamente acima
do seu (2m–2s)-ésimo ponto (a partir de baixo), e o seu extremo à
direita encontra-se à direita do (2m–2s+1)-ésimo ponto (a partir de
baixo), quer dizer, do (2s+1)-ésimo ponto a partir de cima ou
exactamente no mesmo lugar onde se encontra y. Por outras
palavras, a linha do tipo “galo-em-fuga” que passa pelas colunas
119
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
inseridas, liga Y com y, quer dizer, a ligação original Yy mantém-
se inalterada.
2m+2
N
2
N
1
Y y 2m+1
N3
Figura 4.27
120
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2m+2
T t 2m+1
Figura 4.28
6. Tendo em conta
f (2m+1, 2p) = f (2m+1, 2p+2m+2)
para p = 1, 2, 3, … ,... achamos ao substituir 2p por 2n–2m–2 ou p
por n–m–1, que:
f (2m+l, 2n–2m–2) = f (2m+l, 2n),
se n–m–1 > 0 ou n > m+l, como queríamos demonstrar.
Teorema 5
121
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Por outras palavras:
f (2m+1, 2n) = mdc (m+1, n+l)
Demonstração do Teorema 5
Figura 4.29
k b
k+1 c a
m↓
Figura 4.30
122
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
2a. m = k+1 e n = k+1
2b. m = k e n = k+1
2c. n ≤ k e m = k+1
Corolário
123
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Questões
* Observe um padrão de linhas do tipo de “galo-em-fuga”. O
padrão apresenta uma simetria rotacional de 180°. Se o seu
género é um número par, como se podem subdividir as suas
linhas?
Cada linha tem uma contraparte simétrica?
Experimente!
Como se pode provar um resultado geral?
Quando o género é um número ímpar, o que acontece?
* Na base do Corolário sabemos quais dos padrões rectangulares
de linhas do tipo de “galo-em-fuga” são monolineares. Existem
padrões não-rectangulares do tipo de “galo-em-fuga” que são
também monolineares?
O que significa não-rectangular neste contexto de grelhas de
referência? Experimente!
Figura 4.31
124
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
* Na demonstração do Teorema 3 usámos o raciocínio segundo o
qual, quando se “colam” circuitos a um padrão de linhas, o
género do padrão não fica alterado. Será possível aplicar o
mesmo raciocínio noutras circunstâncias?
Pode ser utilizado para obter padrões não-rectangulares de linhas
do tipo de “galo-em-fuga” que são monolineares?
Por exemplo, sem desenhar a(s) linha(s) (vide a Figura 4.31),
pensa que o padrão (não-rectangular) de linhas do tipo de “galo-
em-fuga” é monolinear ou não?
Verifique a sua resposta desenhando a(s) linha(s).
* Analise outros exemplos de grelhas não-rectangulares compostas
de grelhas rectangulares sobrepostas.
* Tente agora formular uma conjectura geral.
* Tente demonstrar a conjectura ou encontre um contra-exemplo.
* A monolinearidade dos padrões apresentados na Figura 4.32
explica-se pela conjectura? Se não, tente descobrir outra(s)
conjectura(s).
125
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 4.32
Figura 4.33
126
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 5
SONA E A GERAÇÃO E A ANÁLISE DE PADRÕES-DE-
ESPELHO
Figura 5.1
Mais de uma vez confrontado com a pergunta estudantil de como
eu tinha descoberto os teoremas que se demonstram na secção
seguinte, tentarei agora reabrir o caminho, na esperança de poder
estimular a pesquisa matemática pelas novas gerações de akwa kuta
sona. Reconstruído o caminho, resolve-se o mistério da inspiração.
Para facilitar a execução dos sona que analisava, acostumei-me a
desenhá-los em papel quadriculado com uma distância de duas
unidades entre dois pontos consecutivos da grelha de referência (vide a
Figura 5.1).
127
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Deste modo, um lusona monolinear como o do “galo em fuga”
(vide a Figura 5.2) passa exactamente uma única vez por cada um dos
quadradinhos dentro do rectângulo circunscrito.
Figura 5.2
Isto dá a possibilidade de numerar os quadradinhos: sendo 1 o
número atribuído ao quadradinho em que se inicia o percurso da linha,
e 2 o número do segundo quadradinho pelo qual a linha passa, e assim
sucessivamente até completar a linha fechada. Vide o exemplo
iniciado na Figura 5.3 e concluído na Figura 5.4.
5 6
4 7
3 8
2 9
1 10
11
12
13
Figura 5.3
128
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 5.4
129
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
76 72 8
93
28
113 49 45
Figura 5.5
Convida-se o leitor a achar uma demonstração para a veracidade
desta afirmação. O que acontecerá se se começar a numeração num
outro quadradinho ou numa outra direcção: a soma dos números de
dois quadradinhos correspondentes sob uma rotação de 180°
continuará a ser sempre 121?
130
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
A beleza do lusona reflecte-se também de outras maneiras na
numeração dos quadradinhos?
Ao numerar todos os quadradinhos obtém-se um rectângulo de
números. Este rectângulo numérico será interessante, ou seja, por
exemplo, “mágico”? A um rectângulo numérico chama-se “mágico”
se, para todas as filas, as somas dos números dos seus quadradinhos
são iguais e, ao mesmo tempo, se para todas as colunas as somas dos
números dos seus quadradinhos são iguais. A Figura 5.6 mostra as
somas dos números fila por fila. Somente algumas somas são iguais.
Entrámos num trilho falso?
Figura 5.6
Consideremos um padrão similar, menor, (vide a Figura 5.7) e
enumeremos os quadradinhos a partir do centro. A Figura 5.8 mostra o
resultado. Determinando as somas dos números fila por fila e coluna
por coluna (vide a Figura 5.9), verificamos que as somas de quatro
filas são iguais a 196. Gostaríamos que as seis somas fossem iguais,
mas apenas quatro o são. Azar... O rectângulo numérico não é
“mágico”... ou alguma vez poderá acontecer que
220 = 196 = 172 ?
131
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 5.7
40 39 19 20 36 35 3 4
41 18 38 37 21 2 34 5
17 42 26 25 1 22 6 33
16 43 27 48 24 23 7 32
44 15 47 28 12 11 31 8
45 46 14 13 29 30 10 9
Figura 5.8
40 39 19 20 36 35 3 4 196
41 18 38 37 21 2 34 5 196
17 42 26 25 1 22 6 33 172
16 43 27 48 24 23 7 32 220
44 15 47 28 12 11 31 8 196
45 46 14 13 29 30 10 9 196
203 203 171 171 123 123 91 91
Figura 5.9
132
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Contagem natural: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 …
| | | | | | | | | | | | |
Contagem módulo 4: 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 …
Uma vez que de facto não são iguais, preferíamos que fossem
iguais módulo o mesmo número m.
Por isso, 203–171, ou seja, 32 deve ser múltiplo de m.
Tanto 32 como 24 são múltiplos de m, então 32-24, ou seja, 8 é-o
também. Desta maneira, vemos que m só pode ser 8, 4 ou 2.
Analisemos a possibilidade m = 8.
Em vez de numerar naturalmente os quadradinhos pelos quais a
linha passa, ou seja:
133
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
1, 2, 3, 4, 5, …, 48
enumeremo-los módulo 8:
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 0, ….
A Figura 5.10 mostra o início da enumeração módulo 8 e a
Figura 5.11 o resultado. Nota-se que o rectângulo numérico assim
obtido é “mágico” módulo 8, uma vez que 28=20=36=4 módulo 8 e
11 = 27 = 19 = 3 módulo 8.
Observemos agora atentamente a distribuição dos números 1, 2,
3, 4, 5, 6, 7, 0, pelo rectângulo. O que acontece com os números dos
quatro quadradinhos vizinhos dum mesmo ponto da grelha?
3 4
2 5
1 6
7
3 0
2 1
Figura 5.10
0 7 3 4 4 3 3 4 28
1 2 6 5 5 2 2 5 28
1 2 2 1 1 6 6 1 20
0 3 3 0 0 7 7 0 20
4 7 7 4 4 3 7 0 36
5 6 6 5 5 6 2 1 36
11 27 27 19 19 27 27 11
Figura 5.11
134
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Pode-se constatar que, na maioria dos casos, se encontram quatro
números consecutivos em torno de um mesmo ponto da grelha:
* 3, 4, 5, 6, em torno do segundo ponto da primeira fila da
grelha;
* à volta do terceiro ponto da primeira fila da grelha, etc. …
Apenas em quatro casos isto não acontece. Por exemplo, à volta
do primeiro ponto da primeira fila, encontram-se 0, 1, 2, 7 em vez de
0, 1, 2, 3; à volta do terceiro ponto (da esquerda) da segunda fila
vêem-se 0, 1, 6, 7 em vez de 0, 1, 2, 3. Que fazer?
Só se 6 = 2 e 7 = 3, a situação estaria “normalizada”. Contando
módulo 4 ou módulo 2, temos 6 = 2 e 7 = 3.
3 0
2 1
1 2
3
3 0
2 1
Figura 5.12
135
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
0 3 3 0 0 3 3 0
1 2 2 1 1 2 2 1
1 2 2 1 1 2 2 1
0 3 3 0 0 3 3 0
0 3 3 0 0 3 3 0
1 2 2 1 1 2 2 1
Figura 5.13
0 3 3 0 0 3 3 0
1 2 2 1 1 2 2 1
1 2 2 1 1 2 2 1
0 3 3 0 0 3 3 0
0 3 3 0 0 3 3 0
1 2 2 1 1 2 2 1
Figura 5.14
Figura 5.15
136
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Introdução
Definições
1
Tradução do capítulo 15 de Estudos Etnomatemáticos (em alemão),
ISP, 1989, p. 288-297.
137
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
A
Figura 5.16
138
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 5.17
D[5, 3] D[6, 3]
a b
Figura 5.18
Um padrão diagonal pode ser considerado como a união das
“linhas poligonais de reflexo”, que são traçadas por raios de luz
emitidos a partir dos pontos (2s–1, 0) na direcção de (2s, 1) e que são
reflectidos nos lados do rectângulo (s = 1, 2, …, m).
Chamamos um padrão diagonal de p-linear, se é composto por p
“linhas poligonais de reflexo” fechadas.
Por exemplo, D[6, 3] é 3-linear e D[5, 3] é monolinear.
Quando se colocam, nos pontos médios entre pontos horizontal
ou verticalmente vizinhos num padrão diagonal, espelhos duplos
horizontais ou verticais, de comprimento igual a uma unidade,
chamamos-lhe de padrão-de-espelho rectangular.
139
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Um padrão diagonal pode ser considerado como a união das
“linhas poligonais de reflexo”, que são traçadas por raios de luz
emitidos a partir dos pontos (2s–1, 2t) na direcção de (2s, 2t+1) e que
são reflectidos nos espelhos colocados e nos lados do rectângulo (s =
1, …. m; t = 1 …. n–1).
Chamamos um padrão diagonal de p-linear, se é constituído por
p caminhos poligonais fechados e distintos.
Um padrão-de-espelho rectangular chama-se regular quando
todos os espelhos entre pontos horizontalmente vizinhos estão sempre
na posição vertical e quando, ao mesmo tempo, todos os espelhos entre
pontos verticalmente vizinhos estão sempre na posição horizontal:
a b
c d
Regras de transformação
Figura 5.19
140
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
ímpar par
3 2 2 3
ímpar
0 1 1 0
t
0 1 1 0
par
3 2 2 3
Numeração-Q (módulo 4)
Figura 5.21
141
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2
3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
142
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
0 1
3 2
2 3
0 1 1 0
a b
0 1 1 0 0 1 1 0
3 2 2 3 3 2 2 3
3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 1 0
0 1 1 0 0 1 1 0
3 2 2 3 3 2 2 3
3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 1 0
c
Numeração-P dum padrão-de-espelho monolinear
Figura 5.23
Teorema 1
Demonstração do Teorema 1
143
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
grelha de tal maneira que estes quadrados vizinhos são diagonalmente
opostos (vide a Figura 5.25).
Figura 5.24
ou
Figura 5.25
144
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Teorema 2
Demonstração do Teorema 2
Corolário 1
Demonstração
145
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
I II III IV
d d c c d d
c d
a a b b a a d d c d
a b
a b a a b b a a b b
b a
b a b b
a b
Figura 5.26
Quando se percorre o segmento curvado III (vide a Figura 5.26b)
no sentido a * c (para cima), então isto implica, em consequência da
definição da numeração-Q, que a = 3 e c = 0 ou a = 1 e c = 2. No
primeiro caso obtém-se b = 2 e d = 1, isto é, o segmento curvado IV é
percorrido no sentido d * b (para baixo). No segundo caso é válido b
= 0 e d = 3 e o segmento curvado IV é percorrido no sentido d * b
(para baixo). Por outras palavras, em ambos os casos os segmentos
vizinhos curvados são percorridos em sentidos opostos.
Corolário 2
Dois segmentos secantes dum padrão-de-espelho liso, regular e
monolinear percorrem-se sempre no mesmo sentido (isto é,
ambos para cima ou ambos para baixo).
Demonstração
Quando o segmento I é percorrido no sentido a * b, então o
segmento II só pode ser percorrido no mesmo sentido (vide a Figura
5.27). No caso de b * a, o raciocínio é o mesmo.
II I
b b
b b
a a
a a
Figura 5.27
146
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Teorema 3
A
A
Demonstração do Teorema 3:
Quando se inicia, subindo para a direita, o percurso do padrão-
de-espelho monolinear a partir do ponto de intersecção a ser eliminado
(A) (vide a Figura 5.28), então, ao continuar o percurso, volta-se para
A, de acordo com o Corolário 2, a partir de baixo, à direita; passa-se,
em seguida, por A e volta-se finalmente a partir de baixo, à esquerda
para A. Isto implica que, quando se “corta” a linha em A, se obtêm
duas curvas fechadas.
A Figura 5.29 apresenta dois exemplos.
Figura 5.29
147
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Corolário 3
Teorema 4
X
A
A
Corolário 4
149
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Figura 5.32
Padrões-de-fita-trançada da classe A
3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 1 0
0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 0
3 2 2 3 3 2 3 2 2 3 3 2 2 3
3 2 2 3 3 2 3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 0
Figura 5.33
150
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
A Figura 5.34 mostra alguns outros sona (vide Vol. 1, Figuras
192c e 231b) que são padrões-de-espelho, regulares e monolineares.
Figura 5.34
Problema 1
Sugestão:
Mostre que qualquer padrão-de-fita-trançada monolinear da
classe A gera o pretendido padrão subjacente de 0, 1, 2 e 3’s e
que a colocação de um ou mais espelhos não altera a posição dos
0, 1, 2 e 3’s.
Problema 2 1
Considere um padrão-de-espelho liso, resultado da colocação de
um número máximo de espelhos numa grelha rectangular R[m,
n] (abreviadamente: Max[m, n]). Cada ponto da grelha tem ao
seu redor um quadrado de espelhos e o padrão é mn-linear, sendo
composto por um conjunto de mn circunferências. A Figura 5.35
1
Este problema foi-me sugerido pelo professor Robert Lange do
Departamento de Física da Universidade Brandeis, Waltham Ma,
Estados Unidos da América.
151
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
mostra os exemplos Max[3, 2] e Max[4, 3]. Ao contar (módulo
4) os quadradinhos pelos quais as circunferências passam, tem-se
a liberdade de escolher de cada vez em qual dos quatro
quadradinhos se começa. Desta forma pode-se fazê-lo de tal
modo que o resultado seja a numeração-Q. A Figura 5.36 ilustra
a contagem no caso dos exemplos Max[3, 2] e Max[4, 3].
Max[3, 2] Max[4, 3]
Figura 5.35
3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 1 0
0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 0
3 2 2 3 3 2 3 2 2 3 3 2 2 3
3 2 2 3 3 2 3 2 2 3 3 2 2 3
0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 0
Figura 5.36
152
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Generalização do conceito de padrão-de-espelho
Figura 5.37
Problema 3
153
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b
c d
Figura 5.38
Contagem módulo 2
154
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
3 2 2 3 3 2 2 3 1 0 0 1 1 0 0 1
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0
3 2 2 3 3 2 2 3 1 0 0 1 1 0 0 1
3 2 2 3 3 2 2 3 1 0 0 1 1 0 0 1
0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0
Figura 5.39
Figura 5.40
155
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
2
1
3
0
0
2 2
11
3
b
2
1
0
(Primeira parte)
Figura 5.41
156
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
0 11 00 11 00 11 00 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
3 22 33 22 33 22 33 2 3 2 2 3 3 2 2 3 3 0 2 3 3 0
3 22 33 22 33 22 33 2 3 2 2 3 3 2 2 3 3 0 2 3 3 0
0 11 00 11 00 11 00 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
Figura 5.41
0 11 00 11 00 11 00 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
(Segunda parte)
3 22 33 22 33 22 33 2 3 2 2 3 3 2 2 3 3 0 2 3 3 0
3 22 33 22 33 22 33 2 3 2 2 3 3 2 2 3 3 0 2 3 3 0
0 11 00 11 00 11 00 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
3 22 33 2 3 2 2 3 3 0
0 11 00 1 0 1 1 0 0 1
c d
157
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
158
2 30 12 31 0
1 30 12 20 3
2 01 03 32 1
1 23 30 10 2
3 02 21 03 1
0 13 21 03 2
a1 a2 a3 a4
3 23 20 13 2
0 01 31 02 1
1 12 00 10 3
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
2 21 33 32 0
3 32 02 21 3
Figura 5.42
0 10 13 21 0
(Primeira parte)
b1 b2 b3 b4
3 21 00 12 3
0 21 33 12 0
3 12 00 21 3
0 21 33 12 0
3 12 00 21 3
0 12 33 21 0
c1 c2 c3 c4
3 22 30 11 0
0 11 30 22 3
0 12 03 12 3
3 21 30 21 0
3 22 03 11 0
0 11 03 22 3
d1 d2 d3 d4
0 12 33 21 0
3 12 00 12 3
0 21 30 12 3
3 21 03 12 0
3 21 00 21 3
Figura 5.42
0 12 33 21 0
(Segunda parte)
e1 e2 e3 e4
3 23 23 21 0
0 01 01 12 3
1 12 30 02 3
2 21 30 13 0
3 32 02 31 2
0 10 13 20 1
f1 f2 f3 f4
159
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
* Qual é a particularidade dos padrões preto-brancos subjacentes?
Na Figura 5.42 observa-se que em cada fila há quatro
quadradinhos pretos e quatro brancos; em cada coluna há três
quadradinhos pretos e três brancos. Com outras dimensões
acontecerá uma coisa semelhante? Qual será o teorema geral que
se pode adivinhar? Como demonstrá-lo?
* Sendo dado um padrão preto-branco com quatro quadradinhos
brancos e quatro pretos em cada fila e três brancos e três pretos
em cada coluna, será possível saber se existe ou não um padrão-
de-espelho que gera este padrão preto-branco? (vide o exemplo
na Figura 5.43) Se existir, será possível construí-lo?
Figura 5.43
* Quantos padrões preto-brancos existem com quatro quadradinhos
brancos e quatro pretos em cada fila e três brancos e três pretos
em cada coluna? E mais em geral, quantos padrões preto-brancos
existem com m quadradinhos brancos e m pretos em cada fila e n
brancos e n pretos em cada coluna? Quantos destes são
simétricos?
* Conhecendo apenas a posição dos espelhos, será possível saber
se se gera um padrão-de-espelho monolinear, e será possível
construir o padrão preto-branco subjacente, isto é, sem construir
o padrão-de-espelho e sem contar os quadradinhos pelos quais a
linha passa?
* Sob que condições um padrão preto-branco apresenta uma
simetria axial? Uma simetria de rotação de 180°?
* A Figura 5.42c4 apresenta uma simetria axial vertical e uma anti-
simetria axial horizontal (anti-simetria porque a cada
quadradinho preto corresponde um quadradinho branco e vice
versa); no caso de d4 observam-se uma anti-simetria vertical e
uma anti-simetria horizontal. Sob que condições será que os
padrões preto-brancos subjacentes apresentam anti-simetrias?
160
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 6
GERAÇÃO E CONTAGEM DE PADRÕES-DE-ESPELHO
REGULARES, MONOLINEARES E UNIFORMES
Figura 6.1
a b c
Figura 6.2
Figura 6.3
161
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Na Figura 6.4 ilustram-se os sete padrões-de-espelho regulares e
monolineares de dimensões de 2 × 3, descontando os padrões-de-
espelho que se obtêm reflectindo os desenhos mostrados em torno do
eixo horizontal ou vertical da grelha de referência, ou rodando-os
sobre um ângulo raso. Dois apresentam dois eixos e outros dois apenas
um eixo de simetria; um apresenta apenas uma simetria rotacional de
180° e os dois últimos não são simétricos.
a b c d
e f g
Figura 6.4
162
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Figura 6.5
Figura 6.6
Problemas e questões
* Quantos espelhos podem ser colocados numa grelha de
referência de dimensões 2 por 3 para gerar padrões-de-espelho
regulares?
E caso as dimensões forem de 3 × 3?
De 4 × 3 ? E, em geral, de m × n?
163
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 6.7
164
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 6.7
* De quantas maneiras se podem colocar dois espelhos numa
grelha de referência de dimensões de 4 × 3 para gerar padrões-
de-espelho regulares?
E caso as dimensões forem de 5 × 6? De 7 × 9? E, em geral, de m
× n?
* De quantas maneiras se podem colocar três espelhos numa grelha
de referência de dimensões de 4 × 3 para gerar padrões-de-
espelho regulares?
E caso as dimensões forem de 5 × 6? De 7 × 9? E, em geral, de m
× n?
* De quantas maneiras se podem colocar quatro espelhos numa
grelha de referência de dimensões de 4 × 3 para gerar padrões-
de-espelho regulares?
E caso as dimensões forem de 5 × 6? De 7 × 9? E, em geral, de m
× n?
* Será possível gerar padrões-de-espelho regulares e monolineares,
colocando um, três ou cinco espelhos num grelha de referência
de dimensões de 3 × 3?
* Quantos padrões-de-espelho regulares diferentes de dimensões
de 3 × 3 existem?
De dimensões de 4 × 3?
E, em geral, de dimensões de m × n?
165
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
* Quantos padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de 4 × 3 existem, que têm:
a) dois eixos de simetria;
b) apenas um eixo de simetria;
c) apenas uma simetria rotacional?
Construa os referidos padrões.
* Quantos padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de 5 × 3 existem, que têm:
a) dois eixos de simetria;
b) apenas um eixo de simetria;
c) apenas uma simetria rotacional?
Construa os referidos padrões.
* Quantos padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de 4 × 4 existem, que têm:
a) dois eixos de simetria;
b) apenas um eixo de simetria;
c) apenas uma simetria rotacional?
Construa os referidos padrões.
* Quantos padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de:
a) 4 × 4; b) 5 × 5; c) 6 × 6; d) m × m, em geral,
têm uma simetria rotacional de 90°?
Nos casos a, b e c, construa-os.
Figura 6.8
a b
Figura 6.9
Figura 6.10
167
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a b
Figura 6.11
Na Figura 6.12 apresentam-se exemplos de padrões-de-espelho
monolineares e uniformes.
Questões e problemas
* Como se pode definir o conceito de uniforme de p × q para
padrões-de-espelho regulares, sendo p e q dois números naturais
quaisquer?
* Dos sona apresentados no primeiro volume, quais são
uniformes?
* Construa padrões-de-espelho regulares, monolineares e
uniformes de dimensões:
a) 1 × 1 b) 1 × 2 c) 2 × 2
d) 2 × 3 e) 3 × 3 f) 3 × 4
* Construa padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de 5 × 5 que são uniformes de 1 × 1. Quantos há ao
todo?
* Construa padrões-de-espelho regulares e monolineares de
dimensões de
a) 6 × 7,
b) 7 × 8, ou de
c) 8 × 10;
e que são ao mesmo tempo uniformes de
i) 1 × 2; ii) 2 × 1; iii) 2 × 2, ou de iv) 2 × 3.
Quantos são?
168
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
al a2
dimensões: 3 × 6, uniforme de 1 × 1
b1 b2
dimensões: 6 × 5, uniforme de 2 × 2
cl
c2
dimensões: 4 × 9, uniforme de 2 × 2
Figura 6.12
169
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
d1
d2
dimensões: 9 × 7, uniforme de 2 × 3
Figura 6.12 (d)
170
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
e1
e2
dimensões: 9 × 8, uniforme de 2 × 3
Figura 6.12
171
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
172
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
Capítulo 7
EXEMPLOS DE PADRÕES-DE-ESPELHO REGULARES,
MONOLINEARES E UNIFORMES E DOS RESPECTIVOS
ALGORITMOS GEOMÉTRICOS
1
C. Pickover (org.), The pattern book: Recipes of beauty, IBM, Nova
Iorque, 1991.
173
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.1
174
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.1
175
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.2
176
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.2
177
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.3
178
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.3
179
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.4
180
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.4
181
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.5
182
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.5
183
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
a
Figura 7.6
184
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
b
Figura 7.6
185
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
186
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
O autor
187
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
Livros de Paulus Gerdes em Português
*
Distribuição pela editora Lulu, Morrisville NC:
http://www.lulu.com/spotlight/pgerdes
188
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
(Prefácio: Marcelo Borba, Universidade Estadual de São Paulo, Rio
Claro, Brasil; Posfácio: Ubiratan D’Ambrosio, Universidade de São
Paulo, Brasil)
# Tinhlèlo, Entrecruzando Arte e Matemática: Peneiras Coloridas
do Sul de Moçambique, Alcance Editores, Maputo, 2012, 132 p.
(Colorido)
(Prefácio: Aires Ali, Primeiro Ministro de Moçambique)
[Primeira edição: Lulu, 2010, 132 p.] *
# Otthava: Fazer Cestos e Geometria na Cultura Makhuwa do
Nordeste de Moçambique, ISTEG, Boane, 2012, 292 p. (Colorido)
*
(Prefácio: Abdulcarimo Ismael, Universidade Lúrio, Nampula,
Moçambique; Posfácio: Mateus Katupha, antigo Ministro da
Cultura de Moçambique)
[Primeira edição a preto e branco: Universidade Lúrio, Nampula,
2007] *
# Geometria e Cestaria dos Bora na Amazónia Peruana, Centro
Moçambicano de Pesquisa Etnomatemática (CMPE), Maputo,
Moçambique, 2013, 176 p. (Colorido) *
(Prefácio: Dubner Tuesta, Instituto Superior Pedagógico de Loreto,
Iquitos, Peru)
[Edições anteriores a preto e branco: Geometria dos Trançados
Bora na Amazônia Peruana, Livraria da Física, São Paulo, Brasil,
2011; CMPE, Maputo, 2007]
# Etnogeometria: Cultura e o Despertar do Pensamento
Geométrico, ISTEG, Boane, 2012, 230 p. *
(Prefácios: Ubiratan D’Ambrosio, Universidade de Campinas,
Brasil; Dirk Struik, Massachusetts Institute of Technology,
Cambridge MA, EUA)
[Edições anteriores: Sobre o despertar do pensamento geométrico,
Universidade Federal de Paraná, Curitiba, Brasil, 1992; Cultura e o
Despertar do Pensamento Geométrico, PIE-UP, Maputo, 1992;
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Maputo, 1986]
# Etnomatemática: Cultura, Matemática, Educação, ISTEG, Boane,
2012, 172 p. *
(Prefácio: Ubiratan D’Ambrosio, Universidade de Campinas)
[Edição anterior: PIE-UP, Maputo, 1992, 115 p.]
189
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
# Mundial de Futebol e de Trançados, Lulu, 2011, 76 p. (Colorido)*
(Prefácio: Maria do Carmo Domite, Rodrigo Abreu, Eliane dos
Santos, Universidade de São Paulo, Brasil) (Livro infantil)
# Mulheres, Cultura e Geometria na África Austral, Centro
Moçambicano de Pesquisa Etnomatemática, Maputo, 2011, 200 p. *
# Pitágoras Africano: Um estudo em Cultura e Educação
Matemática, CMPE, Maputo, 2011, 118 p. (Colorido) *
[Primeira edição a preto e branco: PIE-UP, Maputo, 1992]
# Aventuras no Mundo dos Triângulos, Alcance Editores, Maputo,
2013, 104 p.
(Prefácio: Marcos Cherinda, UP, Maputo, Moçambique)
[Edições anteriores: Lulu, 2008 *; Ministério da Educação e
Cultura, Maputo, 2005]
# Aventuras no Mundo das Matrizes, Lulu, 2011, 258 p.
(Prefácio: Sarifa Magide Fagilde, UP, Maputo)
# Exemplos de aplicações da matemática na agricultura e na
veterinária, Lulu, 2008, 72 p. *
[Primeira edição: UEM, Maputo, 1982]
# Os manuscritos filosófico-matemáticos de Karl Marx sobre o
cálculo diferencial. Uma introdução, Lulu, 2008, 108 p. *
[Primeira edição: Karl Marx: Arrancar o véu misterioso à
matemática, UEM, Maputo, 1983]
# Etnomatemática: Reflexões sobre Matemática e Diversidade
Cultural, Edições Húmus, Ribeirão, Portugal, 2007, 281 p.
(Prefácio: Jaime Carvalho e Silva, Universidade de Coimbra,
Portugal)
# Sipatsi: Cestaria e Geometria na Cultura Tonga de Inhambane,
Moçambique Editora, Maputo & Texto Editora, Lisboa, 2003, 176
p. (Cap. 1: Gildo Bulafo) (Edição actualizada)
(Prefácio: Alcido Nguenha, Ministro da Educação de Moçambique)
[Primeira edição: Sipatsi: Tecnologia, Arte e Geometria em
Inhambane, PIE-UP, Maputo, 1994, 102 p.]
# A ciência matemática, ISTEG, Boane, 2014, 60 p. *
[Primeiras edições: Ministério da Educação e Cultura (MEC),
Maputo, 1980; Instituto Nacional para o Desenvolvimento da
Educação (INDE), Maputo, 64 p.]
190
Volume 2: Explorações Educacionais e Matemáticas
# Teoremas famosos da Geometria (coautor Marcos Cherinda), UP,
Maputo, 1992, 120 p.
# Trigonometria, Manual da 11ª classe, MEC, Maputo, 1981, 105 p.
# Trigonometria, Manual da 10ª classe, MEC, Maputo, 1980, 188 p.
# Teses de Doutoramento de Moçambicanos ou sobre Moçambique,
Academia de Ciências de Moçambique (ACM), Maputo, 2011, 177
p. (Segunda edição)
(Prefácio: Orlando Quilambo, Presidente da ACM)
[Primeira edição: Ministério da Ciência e Tecnologia, Maputo,
2006, 115 p. (Prefácio: Venâncio Massingue, Ministro da Ciência e
Tecnologia de Moçambique)]
Livros de puzzles:
# Aprende brincando: Puzzles de bisos e biLLies, Alcance Editores,
Maputo, 2014, 208 p.
# Mais divertimento com puzzles de biLLies, Lulu, 2010, 76 p. *
# Divertimento com puzzles de biLLies, Lulu, 2010, 76 p. *
# Divirta-se com puzzles de biLLies, Lulu, 2010, 250 p. *
# Jogo dos bisos. Puzzles e divertimentos, Lulu, 2008, 68 p. *
# Puzzles e jogos de bitrapézios, Lulu, 2008, 99 p. *
# Jogos e puzzles de meioquadrados, Lulu, 2008, 92 p. *
# Jogo de bissemis. Mais que cem puzzles, Lulu, 2008, 87 p. *
# Puzzles de tetrisos e outras aventuras no mundo dos poliisos,
Lulu, 2008, 188 p. *
Livros organizados:
# A numeração em Moçambique: Contribuição para uma reflexão
sobre cultura, língua e educação matemática, Centro
Moçambicano de Pesquisa Etnomatemática (CEMPE), Maputo,
2008, 186 p. *
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# Matemática? Claro!, Manual Experimental da 8ª Classe, Instituto
Nacional para o Desenvolvimento da Educação (INDE), Maputo,
1990, 96 p.
191
Paulus Gerdes: Geometria Sona de Angola
192