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Artigo 17 2021

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VERIFICAÇÃO À FADIGA DE VIGAS DE ROLAMENTO PARA

SUSTENTAÇÃO DE PONTES ROLANTES

Ana Clara Fonseca Rabelo, aluna de Engenharia Mecânica, UIT, anaclara0922@gmail.com


Luís Henrique Teles Silva, aluno de Engenharia Mecânica, UIT, luishenriqueteles@hotmail.com
Ewerton A. de Sousa Nogueira, professor de Engenharia Mecânica, UIT, ewerton@uit.br
José Felipe Dias, professor de Engenharia Mecânica, UIT, jfelipe@uit.br

Resumo: Vigas de rolamento são elementos estruturais que têm por finalidade sustentar o
caminho de rolamento das pontes rolantes e transmitir os esforços por elas causados para as
estruturas suportes. As pontes rolantes provocam, na estrutura de sustentação, cargas dinâmicas
com variação cíclica, exigindo que as vigas de rolamento sejam verificadas à fadiga para que
tenham vida útil igual ou superior aos componentes estruturais da ponte rolante, de acordo com
sua classe. São verificadas à fadiga vigas de rolamento biapoiadas com 6 e 10 metros de vão
para suportar ponte rolantes com 100 e 300 kN, soldadas em aço ASTM A 36 e ASTM A 572
grau 50, respectivamente. Analisou-se a influência na vida à fadiga dos enrijecedores
intermediários soldados na mesa inferior e interrompidos a uma distância do topo da mesa
inferior igual a quatro vezes a espessura da alma, utilizando normas nacionais (AISC, 2005;
ABNT NBR 8800, 2008) e internacionais (IIW, 2008; DNV, 2011). Também foi possível
classificar cada viga de rolamento de acordo com as classes estabelecidas pela normas NBR
8400 (2019) e AISC Design Guide 7 (2005). Conclui-se ainda que os enrijecedores
intermediários, quando prolongados até a mesa inferior, reduzem a vida da viga à fadiga,
confirmando a importância de os mesmos serem interrompidos a uma distância da mesa inferior
que pode variar entre quatro a seis vezes a espessura da alma.

Palavras-chave: Fadiga. Viga de rolamento. Dimensionamento. Estruturas de aço.

1 Introdução

As pontes rolantes são equipamentos utilizados no levantamento e movimentação de cargas e


estão presentes em edifícios industriais, galpões de armazenamentos, hangares, portos e
aeroportos.

As vigas de rolamento sustentam os caminhos de rolamento, constituídos por trilhos ou barras


de seção quadrada, que possibilitam o deslocamento longitudinal das pontes rolantes e
transmitem os esforços por elas causados aos demais elementos estruturais da edificação. As
pontes rolantes provocam na estrutura de sustentação, cargas dinâmicas com variação cíclica,
exigindo que as vigas de rolamento sejam verificadas à fadiga para que tenham vida útil, igual
ou superior, aos componentes estruturais e mecânicos da ponte rolante, de acordo com sua
classe.

O termo fadiga refere-se ao processo gradual de mudança estrutural localizada permanente em


um material sujeito a condições que produzem tensões e deformações flutuantes em algum
ponto, ou pontos, e que pode culminar em trincas ou em fratura, depois de um número suficiente
de flutuações. Cada vez mais, compreende-se que componentes estruturais que operam sob
carregamentos variáveis, choques ou vibrações devem incluir a verificação à fadiga no
dimensionamento dos elementos estruturais como previsto por normas nacionais (AISC, 2005;

1
ABNT NBR 8800, 2008) e pelo International Institute of Welding (IIW, 2008) e pela Det
Norske Veritas (DNV, 2011).

Fisher, autor do AISC Design Guide 7 (2005), estima que 90% dos problemas em vigas de
rolamento estão relacionados com trincas provocadas por fadiga que ocorrem principalmente
nas juntas soldadas. Sendo os enrijecedores intermediários um dos pontos críticos e portanto,
selecionados para estudo neste trabalho.

De acordo com o AISC (2005) e a ABNT NBR 8800 (2008) os enrijecedores intermediários
ilustrados na Figura 1, podem ser de dois tipos:
a) soldados na mesa comprimida, alma e mesa tracionada;
b) soldados na mesa comprimida, alma e interrompidos, a uma distância da mesa tracionada,
entre quatro a seis vezes a espessura da alma, tw. Pois, segundo Salmon; Johnson; Malhas
(2009) soldar o enrijecedor na mesa tracionada aumenta o risco de falha por fadiga ou
fratura frágil.

Figura 1 – Tipos de enrijicedores intermediários permitidos pela normas AISC (2005) e NBR 8800 (2008)

a) soldados nas mesas e na alma b) soldados na mesa comprimida e na alma: 4 tw≤ z ≤ 6 tw

Fonte: Adaptado de SALMON; JOHNSON; MALHAS (2009, p.555)

É apresentada na Figura 2 a metodologia de verificação à fadiga de elementos estruturais


contendo juntas soldadas proposta por Branco; Fernandes; Castro (1999), que possibilita uma
visão geral das principais etapas do processo.

O dimensionamento ou verificação de estruturas soldadas sujeitas a solicitações cíclicas já está


regulamentado por normas nacionais e internacionais. Para uma visão geral destas normas,
metodologias, aplicações, restrições e limitações, sugerem-se consultar Moura; Fernandes;
Castro (1999); Castro; Meggiolaro (2009); Tremarin; Pravia (2017).

Para a previsão à fadiga de juntas soldadas, o IIW (2008) e a DNV-RP-C203 (2011) utilizam a
Equação (1), a ABNT NBR 8800 (2008) utiliza a Equação (2) e o AISC (2005) a Equação (3):

C
N= ∆σm; ; ∆σ≥∆σL (1)

327 Cf
N= ; σSR ≥σTH (2)
σSR m

329 Cf
N= ; FSR ≥FTH (3)
FSR m

2
Onde:
• N: número de ciclos de variação de tensões durante a vida útil da estrutura, vida à fadiga;
• ; σSR ; FSR: gama de tensões; faixa admissível de variação de tensão, explicitado na
Figura 3;
• C; Cf : constante específica para cada detalhe construtivo, classe ou categoria, conforme
valores apresentados nos Quadros 1 e 2;
• m: expoente ou inclinação:
o m = 3 para AISC (2005) e NBR 8800 (2008);
o m = 3 para IIW (2008) e DNV (2011) para N ≤ 1x107 ciclos;
• L; TH; FTH: limite de fadiga; limite admissível de variação de tensões, para um número
infinito de ciclos de solicitação.

Figura 2 – Etapas do processo de verificação à fadiga de elementos estruturais contendo juntas soldadas

Elemento dimensionado
conforme norma aplicável

Solicitações e Detalhe construtivo


esforços internos aplicável

Espectro de tensões Curva S-N


aplicadas aplicável

Cálculo de danos
acumulados

Duração
calculada

Comparação com
Não atende duração requerida ou
especificada por
norma aplicável

Atende

Fonte: Adaptado de MOURA; FERNANDES; CASTRO (1999, p.692).

3
Figura 3 – Espectro de tensões com amplitude (a) e variação de tensão ( = SR = FSR) constantes e variáveis

Constante Variável
Fonte: Dos autores

As curvas S-N fornecidas pelas normas, em geral são separadas em classe de igual resistência
à fadiga, tipo de junta soldada e qualidade da solda. As curvas S-N do IIW (2008) e DNV (2011)
representam uma probabilidade de sobrevivência de pelo menos 95% ou 5% de probabilidade
de falha. Apresentam-se na Figura 4 curvas S-N normalizadas pelo IIW (2008).

Figura 4 – Curvas S-N de resistência à fadiga de aço, tensão normal, amplitude constante.

Fonte: IIW (2008, p.43)

Embora não seja objetivo deste trabalho aprofundar nos critérios das normas citadas, é
importante destacar que as curvas S-N padronizadas das juntas soldadas, independem da
resistência do material de base, do tipo de eletrodo e da tensão média nominal, desde que as
juntas soldadas estejam aprovadas por critérios de qualidade (CASTRO; MEGGIOLARO,
2009).

De acordo com a metodologia apresentada na Figura 2, para verificar vigas de rolamento à


fadiga é necessário selecionar o detalhe construtivo aplicável aos enrijecedores intermediários
apresentados na Figura 1. Os Quadros 1 e 2 apresentam os parâmetros das Equações (1) a (3)
para os dois tipos de enrijecedores intermediários. A metodologia utilizada para determinar o
acúmulo de danos é definida pela norma de verificação de vida à fadiga ou pela norma
regulamentadora aplicável à ponte rolante suportada pela viga de rolamento.

4
Quadro 1 – Detalhe construtivo e parâmetros de fadiga das normas selecionadas, aplicáveis a enrijecedor
intermediário soldado às mesas e à alma da viga de rolamento, Figura 1a
L;
Categoria Constante
Norma Nº Detalhe construtivo
ou classe C ou Cf  TH; FTH Observação
(MPa)
Enrijecedor
transversal não
IIW carregado. Sem
511 80 1,024 x 1012 46,78
(2008) acabamento na
junta soldada.

E 1,024 x 1012 46,78 de  10 mm


DNV
9
(2011)
F 7,16 x 1011 41,52 de < 10 mm

Metal-base em
almas ou mesas
AISC
de vigas, no pé
(2005)
de filetes de
5.7 C 44 x 108 69,00 solda
NBR
adjacentes a
8800
enrijecedores
(2008)
transversais
soldados.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir das normas citadas.

Quadro 2 – Detalhe construtivo e parâmetros de fadiga das normas selecionadas, aplicáveis a enrijecedor
intermediário soldado à mesa comprimida e à alma da viga de rolamento, Figura 1b
L;
Categoria Constante
Norma Nº Detalhe construtivo TH; FTH Observação
ou classe C ou Cf
(MPa)
Utilizar tensão
IIW 12 principal para
512 80 1,024 x 10 46,78
(2008) calcular .

Utilizar tensão
principal para
calcular
DNV  quando o
9 E 1,024 x 1012 46,78
(2011) enrijecedor
terminar na
alma

Metal-base em
almas ou mesas
AISC
de vigas, no pé
(2005)
de filetes de
5.7 C 44 x 108 69,00 solda
NBR
adjacentes a
8800
enrijecedores
(2008)
transversais
soldados.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir das normas citadas.

5
Após determinar a vida à fadiga da viga de rolamento é necessário verificar se o valor obtido é
adequado à duração total do uso da ponte rolante. Os equipamentos de elevação e
movimentação de cargas são classificados em grupos com base em classes de utilização,
espectro de carga ou condição de serviço. A norma ABNT NBR 8400 (2019) com base na
duração total do uso utiliza dez classes conforme Quadro 3. O AISI Design Guide 7 (2005)
segue a classificação utilizada pelo Crane Manufactures Association of Amercia (CMMA 70)
que utiliza seis classes, Quadro 4. Ambas as normas apresentam metodologia para cálculo do
número de ciclos equivalentes para cargas inferiores à carga máxima.

Quadro 3 – Classes de utilização de equipamentos Quadro 4 – Classificação de equipamentos em função


conforme norma ABNT NBR 8400 da vida de projeto, conforme CMAA 70
Duração total do uso
Símbolo Classificação Vida de projeto
número n máx de ciclos de elevação
A 20.000
U0 n máx. < 16.000
B 50.000
U1 16.000 < n máx. < 32.000
C 100.000
U2 32.000 < n máx. < 63.000
D 500.000
U3 63.000 < n máx. < 125.000
E 1.500.000
U4 125.000 < n máx. < 250.000
F > 2.000.000
U5 250.000 < n máx. < 500.000
U6 500.000 < n máx. < 1.000.000 Fonte: AISI Design Guide 7 (2005, p. 46)
U7 1.000.000 < n máx. < 2.000.000
U8 2.000.000 < n máx. < 4.000.000
U9 4.000.000 < n máx. <
Fonte: ABNT NBR 8400 (2019, p. 8)

Infelizmente a verificação à fadiga de elementos estruturais e especificamente elementos


contendo juntas soldadas, como as vigas de rolamento, não são abordadas na maioria dos cursos
de graduação em Engenharia Mecânica ou Civil, apesar da existência de normas nacionais e
internacionais. Portanto, os objetivos deste trabalho são:
a) utilizar e comparar metodologias de verificação à fadiga de juntas soldadas disponíveis em
normas nacionais (ABNT NBR 8800, 2008; AISC, 2005) e internacionais (IIW, 2008 e
DNV, 2011) aplicando-as na verificação à fadiga de vigas de rolamento contendo dois tipos
de enrijecedores intermediários;
b) classificar as vigas de rolamento, em função da vida à fadiga, com as classes de
equipamentos estabelecidas pela norma NBR 8400 (2019) e o AISI Design Guide 7 (2005);
c) proporcionar um material inicial de consulta para estudantes e profissionais da área de
projeto.

2 Metodologia

Foi utilizada a metodologia de verificação à fadiga de elementos estruturais contendo juntas


soldadas proposta por Branco; Fernandes; Castro (1999) já apresentada na Figura 2. Foram
selecionadas duas vigas de rolamento biapoiadas: uma dimensionada por Bellei (2010), e outra
por Fabeane; Ficanha; Pravia (2012). Os dados utilizados para cada uma estão na Figura 5 e no
Quadro 5.

6
Figura 5 – Seção transversal da viga

Fonte: Dos autores

Quadro 5 – Dados utilizados para cada viga de rolamento

Descrição VSA 600x81 kg/m Seção I soldada


Vão da viga de rolamento, L (m) (Figura 7) 6 10
Distância entre rodas, a (m) (Figura 7) 3,4 3,15
Fator de impacto vertical 25% 25%
Carga máxima na roda, P1, P2 (kN) (Figura 7) 115 255,13 e 224,13
d (mm) 600 1300
di (mm) 351,9 650
bfs (mm) 300 300
bfi (mm) 200 300
tfs (mm) 12,5 12,5
tfi (mm) 9,5 12,5
tw (mm) 8 9,5
z = 4tw (mm) (Figura 1b) 32 38
Distância y do pé do enrijecedor interrompido
310,4 599,5
ao eixo neutro (mm) (Figura 6)
Distância y do pé do enrijecedor soldado à
342,4 637,5
mesa inferior ao eixo neutro (mm) (Figura 6)
FABEANE; FICANHA;
Fonte BELLEI (2010)
PRAVIA (2012)
Fonte: Dos autores

Foi analisada a influência na vida à fadiga dos enrijecedores intermediários soldados às mesas
e à alma da viga, e dos enrijecedores intermediários soldados à mesa superior e à alma,
interrompidos a uma distância do topo da mesa inferior igual a quatro vezes a espessura da
alma.
Figura 6 – Vigas com enrijecedor intermediário, com representação das tensões no pé do enrijecedor em
um quadrado elementar

Fonte: Dos autores

7
2.1 Solicitações, esforços internos e espectro de tensões aplicadas

As rodas da ponte rolante provocam variações de momento fletor na viga rolamento, de acordo
com a posição em que estão. A Figura 7 apresenta essa posição para o momento fletor máximo,
e os dados para cada viga estão no Quadro 6.

Figura 7 – Posição das rodas da ponte rolante que provocam momento fletor máximo na viga de rolamento

Fonte: Dos autores

Quadro 6 – Dados para a situação de momento fletor máximo nas vigas com vão de 6 e 10 metros

L (m) 6 10
x (m) 2,2 4,3
a (m) 3,4 3,1
P1 (kN) 115 255,13
P2 (kN) 115 224,13
Fonte: Dos autores

A variação de tensão normal ∆σx e a variação de tensão cisalhante ∆τxy nas vigas correspondem
à diferença entre a tensão máxima (gerada pelo peso próprio da viga somado à carga máxima
com impacto da ponte rolante) e a tensão mínima (gerada pelo peso próprio da viga de
rolamento).

A variação de tensão normal ∆σx , conforme Figura 3, é dada pela equação:


M.y
∆σx = (4)
Ix

Onde:
• M equivale ao momento fletor máximo na viga gerado pela ponte rolante, já calculado pelas
referências citadas e conferido pelos autores;
• y é a distância do pé do enrijecedor até o eixo neutro, ilustrado na Figura 6;
• Ix é o momento de inércia da viga em relação ao eixo x.

A variação de tensão cisalhante ∆τxy é dada pela equação:

V.Q
∆τxy = I (5)
x .tw

Onde:
• V é a força cortante para quando o momento fletor é máximo;
• Q é o momento estático da seção em relação ao pé do enrijecedor;
• Ix é o momento de inércia em relação ao eixo x;
• tw é a espessura da alma da viga.

8
Já a variação das tensões principais ∆σ1,2 é calculada pela equação:

∆σx +∆σy ∆σx -∆σy 2


∆σ1,2 = ±√( ) + ∆τxy 2 (6)
2 2

Onde:
• ∆σx equivale à variação de tensão normal no eixo x, calculada pela Equação (4);
• ∆σy é a variação da tensão normal no eixo y;
• ∆τxy é a variação da tensão cisalhante, calculada pela Equação (5).

2.2 Detalhe construtivo, curva S-N aplicável e cálculo de danos acumulados

Os detalhes construtivos e as curvas S-N para cada enrijecedor já foram definidos conforme
Quadros 1 e 2 e Figura 4. O cálculo dos danos acumulados foi determinado como o número de
ciclos equivalentes.

3 Apresentação e discussão dos resultados

3.1 Esforços internos, propriedades geométricas e tensões nas vigas

Para o enrijecedor intermediário soldado à mesa comprimida e à alma, considerou-se a faixa


admissível de variações de tensões igual à variação de tensão principal na viga ∆σ1 . Já para o
enrijecedor intermediário soldado às mesas e à alma, consideraram-se a faixa admissível de
variações de tensões igual à variação de tensão normal na viga ∆σx e a variação de tensões
cisalhantes igual a zero, não sendo necessário o cálculo do momento estático Q.

Quadro 7 – Esforços internos, propriedades geométricas e tensões nas vigas, localizadas na Figura 6

Fonte: Dos autores Fonte: Dos autores

9
3.2 Duração calculada para as vigas e classificação de pontes rolantes

A duração das vigas à fadiga foi calculada por meio do número de ciclos, N, conforme as
Equações (1), (2) e (3) de cada norma. Como os resultados da norma AISC (2005) foram muito
semelhantes aos da ABNT NBR 8800 (2008), são apresentados nos Quadro 8 e 9 apenas os
ciclos calculados pela norma brasileira.

Utilizaram-se as normas NBR 8400 (2019) e Design Guide 7 (2019) para classificação das
pontes rolantes, cujos resultados são apresentados no Quadros 3 e 4.

Quadro 8 – Classificação de pontes rolantes com capacidade de 100 kN suportadas pela viga de rolamento com
6 metros de vão

Enrijecedor intermediário soldado à mesa comprimida e à alma


Normas Nº Ciclos NBR 8400 (2019) AISI Design Guide 7 (2005)
ABNT NBR 8800 (2008) 1.681.329 Classe U7 Classe E
IIW (2008) 1.196.609 Classe U7 Classe D
DNV-RP-C203 (2011) 1.196.609 Classe U7 Classe D
Enrijecedor intermediário soldado às mesas e à alma
Nº Ciclos NBR 8400 (2019) AISI Design Guide 7 (2005)
ABNT NBR 8800 (2008) 1.325.179 Classe U7 Classe D
IIW (2008) 943.135 Classe U6 Classe D
DNV-RP-C203 de 10mm 943.135 Classe U6 Classe D
(2011) de< 10mm 659.458 Classe U6 Classe D
Fonte: Dos autores

Quadro 9 – Classificação de pontes rolantes com capacidade de 300 kN suportadas pela viga de rolamento com
10 metros de vão

Enrijecedor intermediário soldado à mesa comprimida e à alma


Nº Ciclos NBR 8400 (2019) AISI Design Guide 7 (2005)
ABNT NBR 8800 (2008) 1.049.766 Classe U7 Classe D
IIW (2008) 747.163 Classe U6 Classe D
DNV-RP-C203 (2011) 747.163 Classe U6 Classe D
Enrijecedor intermediário soldado às mesas e à alma
Nº Ciclos NBR 8400 (2019) AISI Design Guide 7 (2005)
ABNT NBR 8800 (2008) 904.127 Classe U6 Classe D
IIW (2008) 643.471 Classe U6 Classe D
DNV-RP-C203 de 10mm 643.471 Classe U6 Classe D
(2011) de< 10mm 449.927 Classe U5 Classe C
Fonte: Dos autores

As vigas com os enrijecedores intermediários soldados à mesa superior e interrompidos na alma


apresentaram maior vida útil na verificação à fadiga, conforme Quadros 8 e 9. Os dados obtidos
em relação ao número de ciclos estão de acordo com a recomendação de Salmon; Johnson;

10
Malhas (2009), comprovando que soldar o enrijecedor na mesa tracionada aumenta o risco de
falha por fadiga, diminuindo a vida útil da viga.

Na viga de 6 metros de vão, pelas normas ABNT NBR 8800, IIW e DNV (2011), quando a
distância de é maior ou igual a 10mm, houve uma queda de aproximadamente 21,2% da vida
útil da viga quando o enrijecedor foi soldado à mesa tracionada. Pela norma DNV (2001),
quando a distância de é menor que 10mm, essa queda foi de aproximadamente 45%. Na viga de
10 metros de vão, pelas normas ABNT NBR 8800, IIW e DNV (2011), quando a distância de é
maior ou igual a 10mm, houve uma queda de aproximadamente 14% da vida útil da viga quando
o enrijecedor foi soldado à mesa tracionada. Pela norma DNV (2011), quando a distância de é
menor que 10mm, essa queda foi de aproximadamente 40%.

O número de ciclos resistidos pela viga de rolamento também é utilizado para classificar os
equipamentos de elevação e movimentação de cargas, pontes rolantes no caso em questão, que
as mesmas suportam, conforme normas ABNT NBR 8400 (2019) e AISI Design Guide 7
(2005), Quadros 3 e 4. Portanto, quanto maior o número de ciclos suportados pela viga, também
maior a vida útil da ponte rolante e, consequentemente, sua classificação.

5 Conclusão

De acordo com a bibliografia referenciada, os cálculos realizados e os resultados obtidos, pode-


se afirmar que o uso de enrijecedores intermediários soldados à mesa superior e interrompidos
na alma possibilitam uma maior vida à fadiga das vigas de rolamento.

A diferença do número de ciclos entre as normas indica que a IIW (2008) e a DNV (2011) são
mais conservadoras na determinação da vida à fadiga quando comparadas com a ABNT NBR
8800 e a AISC. A DNV (2011) é a única das normas utilizadas que prevê a diminuição da vida
à fadiga da viga quando o enrijecedor intermediário é soldado à mesa inferior a uma distância
menor que 10 mm da borda.

Além da importância de determinar a vida útil em relação à fadiga da viga, o número de ciclos
também é necessário para selecionar os elementos de elevação e movimentação de cargas
compatíveis com a solicitação da viga de rolamento e vice-versa.

Como a verificação à fadiga de elementos contendo juntas soldadas ainda não é um assunto
abordado na maioria dos cursos de graduação na área de Engenharia, espera-se que a realização
desta pesquisa e a divulgação dos resultados proporcionem um material inicial de consulta para
estudantes e profissionais de Engenharia.

Referências

AMERICAN INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION. ANSI/AISC 360-05:


Specification for Structural Steel Buildings. 13.ed. Chicago, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas


de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.

11
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400 - Equipamentos de
elevação e movimentação de carga - Regras para projeto. Rio de Janeiro, 2019.

BELLEI, I.H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. 6 ed. São Paulo: Pini, 2010.

BRANCO, C.A.M; FERNANDES, A.A; CASTRO, P.M.S. Fadiga de estruturas soldadas.


2.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.

CASTRO, J. T. P.; MEGGIOLARO, M. A. Fadiga - técnicas e práticas de


dimensionamento estrutural sobre cargas reais de serviço: Volume 1 - iniciação de
trincas. [s. l.]: [s. n.], 2009.

DET NORSKE VERITAS. Recommended Practice. DNV-RP-C203: Fatigue Design of


Offshore Steel Structures. Oslo, 2011.

FABEANE, R.; FICANHA, R. A.; PRAVIA, Z. M. C. Verificação à fadiga de vigas de


rolamento de pontes rolantes industriais. In: CONSTRUMETAL – CONGRESSO
LATINOAMERICANO DA CONSTRUÇÃO METÁLICA, 2012, São Paulo. Anais, São
Paulo, 2012.

FISHER, J. M. AISC Design Guide 7. Industrial Building: Roofs to Anchor Rods. 2.ed.
Chicago: AISC, 2005.

INTERNACIONAL INSTITUTE OF WELDING. Recommendations for Fatigue design of


welded Joints and components. Paris: IIW, 2008.

SALMON, C. G.; JOHNSON, J.E; MALHAS F.A. Steel structures: Design and Behavior.
5.ed. Upper Sadler River: Pearson Prentice Hall, 2009.

TREMARIN, R.C.; PRAVIA, Z.M.C. Previsões de vida fadiga segundo normas técnicas: uma
revisão crítica. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v.22, n. 3, p.281-299, 2017.

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