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JOHN BURY
A ARQUITETURA DO MANEIRISMO
A arquitetura europeia da Contrarreforma é mais conhecida como “maneirista” e tem relação com o estilo
jesuítico no Brasil. Na Itália, em 1520, teve Michelangelo como pioneiro, a arquitetura maneirista superou o estilo
renascentista e ofuscou-se pelo barroco. O Renascimento visava estabelecer relações entre as proporções do
corpo humano, baseando-se em figuras geométricas simples, com resultados racionais e simétricos. Em
contraponto, o Barroco tinha objetivos emocionais, com resultados turbulentos, hipnóticos, buscando a ilusão da
integridade, com formas e proporções estranhas à geometria. Contudo, ambos os estilos não são ambíguos.
O maneirismo apresenta ambivalência e funções duplas. Os maneiristas estavam empenhados em violar
as normas clássicas (paganismo), transformando os princípios do humanismo em ambiguidades O arquiteto
maneirista estava sujeito a normas de organização de projeto. A planta em cruz latina foi estabelecida como
verdadeiro símbolo cristão e a riqueza na decoração cristã e a fachada com duas torres voltaram, fazendo uma
Igreja acessível à comunidade, veículo para a educação cristã e empreendimentos missionários.
Quando os benefícios do ouro brasileiro e dos tratados com a Inglaterra reavivaram a economia
portuguesa, a influência artística italiana retornou a seu papel anterior. Com a introdução do barroco italiano no
Brasil seguido do rococó francês, vítima da hostilidade de Pombal, a Companhia foi expulsa, em 1759.
DECORAÇÃO INTERIOR
Lúcio Costa ressaltou o caráter paradoxal da expressão “estilo jesuítico” como designação de todo um
estilo artístico e não apenas arquitetônico. Em primeiro lugar, há o estilo jesuítico mais típico, cujo caráter pertence
ao final do maneirismo acadêmico e formal, no tratamento do plano e retangular da composição, com
ornamentação restrita. Em segundo lugar, temos o estilo tipicamente mais franciscano, ornamentos com
esplendor, tratamento tridimensional, volumosas colunas, é protobarroco. E, terceiro lugar, temos o estilo de
caráter autenticamente barroco, com arquivoltas concêntricas transformadas em volutas em erupção, com
elevados e infinitos horizontais, ornamentação elegante e delicada. Em Portugal os interiores são mais bem
elaborados do que na colônia, pois a ornamentação aparece adaptada para conseguir ser construída.
CONCLUSÕES
Em “nenhum lugar” os jesuítas construíram um edifício que possa ser chamado de verdadeira expressão
do barroco, eles expressavam a sua própria maneira, uma indiferença portuguesa pelas influências barrocas, com
adesão conservadora aos preceitos do maneirismo. O papel educativo e missionário, o ideal da igreja acessível a
todos, a aplicação dos sentimentos aos objetivos cristãos, o respeito à disciplina, a determinação de expurgar da
igreja os elementos seculares e pagãos e a tolerância às formas exteriores são princípios característicos dos
jesuítas quinhentistas como dos arquitetos maneiristas.