Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Direito Penal I - Aula 09 - Conduta - Erro Do Tipo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 4

PROFESSOR(A): Profa. Me.

Luciana Correa

CURSO: Bacharelado em Direito

DISCIPLINA: Direito Penal

TEMA: Erro do Tipo

DATA:

ALUNO:

PLANO DE AULA

ERRO DO TIPO
1. ERRO DE TIPO – ART. 20 DO CP

“O conceito de dolo, definido como conhecer e querer as circunstâncias de fato do

tipo legal, está exposto à relação de exclusão lógica entre conhecimento e erro: se o dolo

exige conhecimento das circunstâncias de fato do tipo legal, então o erro sobre

circunstâncias de fato do tipo legal exclui o dolo. Em qualquer caso, o erro de tipo significa

defeito de conhecimento do tipo legal e, assim, exclui o dolo, porque uma representação

ausente ou incompleta não pode informar o dolo de tipo. Mas é preciso distinguir: o erro

inevitável exclui o dolo e a imprudência; o erro evitável exclui apenas o dolo, admitindo

punição por imprudência.” (SANTOS, 2020)

Exemplo: “Assim, se o autor contrair casamento ignorando a condição de casado do

cônjuge, não responde como participe do crime de bigamia; e não responde tampouco por

furto se supuser abandona (sem dono) coisa alheia.” (QUEIROZ, 2020)

“O erro de tipo consiste, portanto, na ausência de conhecimento ou no falso

conhecimento dos seus elementos constitutivos, motivo pelo qual, uma vez provado o

engano, excluir-se-á o dolo, devendo o agente responder a título de culpa, exclusivamente,

se houver imprudência e se o crime for punível a esse título” (QUEIROZ, 2020)


O erro de tipo, então, pode ser dividido em duas espécies: o erro de tipo essencial

e o erro de tipo acidental.

2. ESSENCIAL

2.1. Escusável: é a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja,

mesmo que ele tivesse agido com a cautela e a prudência de um homem médio,

ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre os elementos

constitutivos do tipo penal. Também conhecido como justificável, escusável ou

invencível, configura o erro imprevisível, excluindo o dolo (por não haver consciência)

e culpa (pois ausente a previsibilidade).

2.2. Inescusável: é a espécie de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele

empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia evitá-lo, uma vez que

seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato. Também conhecido como

injustificável, inescusável ou vencível, cuida-se do erro previsível, só excluindo o dolo

(por não existir consciência), mas punindo a culpa (se prevista como crime), pois havia

possibilidade de o agente conhecer do perigo.

Como aferir? A natureza do erro (escusável ou inescusável) deve ser aferida na análise

do caso concreto, levando-se em consideração as condições em que o fato foi praticado.

3. ACIDENTAL

3.1. Erro sobre o objeto

“Erro sobre o objeto denota um equívoco relativo à identidade do objeto material

sobre o qual recai a ação criminosa.”(SOUZA, 2021). O erro sobre o objeto não tem previsão

legal, mas é discutido pela doutrina. Trata-se da hipótese em que o agente confunde o

objeto material (coisa) visado, atingindo outro que não o desejado. Esse erro é irrelevante,

e não interfere na tipicidade penal.

Adota-se a teoria da concretização.

3.2. Erro sobre pessoa (erro in persona) – Art. 20, §3º do CP


“Erro sobre a pessoa é um erro acidental, não havendo que se falar em afastamento

da pena. Ele está previsto no art. 20, §3º, do Código Penal, e ocorre em razão da má

representação da vítima do delito. É o caso da prática de homicídio de B, quando se queria

matar A. Não há, portanto, qualquer alteração no elemento essencial do tipo, vez que, de

qualquer modo, houve o homicídio de pessoa, sendo tal erro considerado como uma

irrelevância jurídica. No entanto, na análise do crime devem ser consideradas as condições

e as qualidades da pessoa visada pelo crime, e não aquelas da vítima efetivamente

atacada.” (SOUZA,2021)

ATENÇÃO: O erro quanto à pessoa não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta

o agente de pena, mas na sua punição devem ser consideradas as qualidades ou condições

pessoais da vítima virtual (pretendida).

3.3. Erro na execução (aberratio ictus) – Art. 73, CP

“No erro na execução, não ocorre uma equivocada representação da realidade. O

agente visa atingir a pessoa corretamente identificada, mas há uma falha ou acidente, na

execução, isto é, no iter criminis, que faz com que se atinja pessoa diversa. Por esta razão,

o instituto é também denominado erro no golpe ou desvio na execução. Por sua vez, no já

apresentado erro sobre pessoa, há uma equivocada representação da realidade, vez que o

agente confunde a pessoa visada com outra. Este engano pode decorrer de diversas razões,

como a semelhança física entre a vítima pretendida e a vítima efetiva, a falta e luminosidade

no momento da ação, a ausência de maiores dados da vítima, etc.” (SOUZA,2021)

“O erro na execução pode ter resultado único ou duplo. Ocorre o resultado único

(ou unidade simples) quando se atinge apenas a pessoa não esperada, caso em que, como

visto, o agente responderá como se tivesse atingido a pessoa que queria, ignorando-se,

assim, as qualidades e as condições da pessoa efetivamente atingida (e.g., se queria matar

o estuprador da filha e erra a pontaria e atinge uma mulher grávida. vai responder por

homicídio privilegiado, consoante a dicção do artigo 121, sem incidência da agravante do

artigo 61, II, h, in fine). O erro na execução com resultado duplo (ou unidade complexa), por

sua vez, dá-se no caso de se atingir tanto a pessoa visada quanto um terceiro. Neste caso,
consoante previsão expressa trazida ao final do artigo 73, aplica-se a regra do concurso

formal próprio.” (SOUZA,2021)

ATENÇÃO: Esse erro não exclui o dolo, não exclui a culpa e não gera isenção de pena.

Cumpre destacar que, a doutrina mais moderna diferencia a aberratio ictus em duas

espécies:

• aberratio ictus por acidente, caracteriza-se por não haver erro no golpe, mas desvio

na execução, podendo a pessoa visada estar ou não no local .

• erro no uso dos meios (in strumentos) de execução, existe erro no golpe, ou, em

outras palavras, desvio na execução em razão da inabilidade do agente no manuseio

ou uso dos meios utilizados na execução do crime. Neste caso, a vítima se encontra

no local da execução do delito.

4. REFERÊNCIAS

QUEIROZ, Paulo. Curso de direito penal: parte geral. 14. ed. rev.. ampl. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2020. v. 1.

SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. 9. ed., rev. atual. e ampl..
Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2020.

SOUZA, Luciano Anderson de. Direito penal: parte geral - vol. 1/ Luciano Anderson de
Souza. « - 2. ed. rev, atual, e ampl, -- São Paulo : Thomson Reuters Brasil, 2021.

TAVARES, Juarez. Fundamentos de teoria do delito [livro eletrônico]. 2.ed. - São Paulo :
Tirant lo Blanch, 2020.

Você também pode gostar