Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
0% acharam este documento útil (0 voto)
55 visualizações6 páginas

Texto Glaucoma

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 6

BAIXAS VISUAIS CRÔNICAS

GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO


GLAUCOMA AGUDO DE ÂNGULO FECHADO
GLAUCOMA SECUNDÁRIO
GLAUCOMA CONGÊNITO
Jailton Vieira Silva1
Erika Andrade Santos2

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

▪ Conhecer fatores de risco e fisiopatologia ;


▪ Identificar pacientes com perfil de risco através de história e exames clínicos;
▪ Reconhecer alterações fundoscópicas, realizando diagnóstico diferencial com outras causas de
atrofia de nervo óptico;
▪ Entender princípios do tratamento clínico e cirúrgico.

RELEVÂNCIA

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, ocupando o segundo lugar dentre
todas as causas. Existem várias formas de glaucoma, sendo as principais: o glaucoma primário de ângulo
aberto, o glaucoma primário de ângulo fechado, o glaucoma congênito e os glaucomas secundários. O
glaucoma primário de ângulo aberto é o tipo mais comum (90%). Trata-se de uma doença insidiosa,
podendo-se, contudo, evitar sua progressão quando pacientes de risco são identificados e encaminhados
para avaliação e tratamento especializados precoce.

INFORMAÇÕES GERAIS de drenagem do humor aquoso (via uveoescleral


Glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva, ou alternativa). O desequilíbrio entre a
caracterizada pela degeneração dos axônios das produção do humor aquoso pelos processos
células ganglionares na papila do nervo óptico ciliares e a drenagem trabecular eleva a pressão
associado a déficit visual. intraocular.

FISIOPATOLOGIA

Não se sabe ainda ao certo o que provoca a


neuropatia encontrada no glaucoma. Supõem-se
que a hipertensão ocular prejudica o fluxo
sanguíneo retiniano, causando prejuízo gradual a
células ganglionares e axônios da retina com
progressiva perda do campo visual (CV), podendo
Figura 1. Desenho esquemático ilustrando as rotas de drenagem
ter como resultado final a cegueira. do humor aquoso. (A) rota trabecular, (B) rota uveo-escleral, (C)
rota irídica, de menor importância.
O humor aquoso está em constante produção
pelo corpo ciliar na câmara posterior. As células GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO
do corpo ciliar secretam sódio, cloreto e
bicarbonato que carreiam água por mecanismo É a forma mais comum de glaucoma no mundo,
osmótico. A secreção de bicarbonato depende sendo responsável por 90% de todos os casos de
da ação da anidrase carbônica que converte glaucoma. É definido pela presença de neuropatia
CO 2+H2 0 em H 2CO 3, que prontamente se dissocia glaucomatosa, ausência de alterações estruturais
em H + e HCO 3 -. Através da pupila, escoa para a obstrutivas no ângulo de filtração do humor aquoso
câmara anterior até alcançar a rede trabecular, (ângulo aberto), ausência de causas secundárias e
localizada no ângulo iridocorneano, seguindo para o início na fase adulta.
canal de Schlemm, de onde flui para o plexo
venoso episcleral (via convencional). Há ainda
uma via acessória através de canais na íris e nos
corpos ciliares, responsável por 10-20% do processo

1 – Professor da disciplina de Oftalmologia – Universidade Federal do Ceará.


2 – Acadêmico de medicina – Universidade Federal do Ceará
2

FATORES DE RISCO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O GPAA é uma patologia de evolução insidiosa,


A hipertensão ocular, isto é, a pressão intraocular
quase sempre bilateral, embora geralmente
(PIO) maior que 20-22mmHg, é o principal fator
assimétrica. É assintomática nas fases iniciais, ou
de risco e o único fator que se pode atuar no
seja, o paciente já apresenta a neuropatia do disco
tratameto do glaucoma, sendo tão maior o risco
óptico, porém, a perda visual não é grande o
quanto maior a PIO. Sugere-se que o aumento
suficiente para que note problemas na sua visão. A
da PIO leva à compressão mecânica do nervo
principal visão comprometida é a periférica que
óptico bloqueando o fluxo axoplasmástico e
progride até a completa tunelização visual.
cortando a conexão com o corpo geniculado
Dessa forma, percebe-se que o glaucoma pode
lateral. Com isso leva à morte as células
permanecer subclínico por tempo prolongado
ganglionares da retina. Outra teoria é a
mesmo na presença de neuropatia. Quando há
vascular, que sugere que a etiologia seria uma
queixas, geralmente já ocorreu lesão óptica
diminuição do fluxo sanguíneo ao nível do nervo
óptico primário ou secundário ao aumento da irreversível (perda de aproximadamente 90% das
PIO, bem como a neurotoxicidade provocada células ganglionares nas fases avançadas) tornando
pelo excesso de glutamato e radiciais livres e importante o screening em pacientes com fatores
fatores imunológicos. de risco – QUADRO 1.

Vale ressaltar que existe uma série de possíveis


erros ao se tentar diagnosticar o glaucoma
somente pela PIO. Ela é hipoestimada em
córneas mais finas e hiperestimadas em córneas
mais espessas. Além disso, apresenta grande
flutuação durante o dia em pacientes
glaucomatosos.
Outros fatores de risco incluem hipertensão arterial
sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), uso crônico
de corticoides, raça negra ou asiática, antecedente
pessoal ou familiar, predisposição genética e miopia
– QUADRO 1.

QUADRO 1. FATORES DE RISCO PARA GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO


ABERTO.

Fator de risco Comentário

PIO elevada PIO média ao diagnóstico = 23-24mmHg


Aumenta seis vezes a incidência de glaucoma

HAS Presente em 2/3 dos casos

DM Presente em 1/3 dos casos

Uso de corticoide Tópico ou sistêmico

História familiar Em parentes de 1º grau

Outros Negros, asiáticos, miopia, idade avançada

PIO = Pressão intraocular; HAS = Hipertensão arterial sistêmica; DM =


Diabetes mellitus.

ATENÇÃO!
Figura 2. Fases da visão do GPAA.

GPAA com PIO normal

Cerca de 10-30% dos glaucomas são diagnosticados com PIO normal (15 - EXAME CLÍNICO
16mmHg). Metade dos casos associa-se com HAS e 20% com DM. Para
firmar o diagnóstico, primeiramente deve-se excluir glaucoma primário de
ângulo aberto com episódio de PIO normal (variação circadiana) e episódio Palpação. A palpação digital simultânea dos olhos
prévio de elevação da PIO (pode ocorrer neuropatia mesmo com a PIO (palpação bidigital) pode revelar consistência
normal). O tratamento consiste na redução da PIO, que está inadequada
pétrea, sugerindo PIO muito elevada.
para o olho, e na reversão da causa base: antagonistas dos canais de cálcio
(vasoespasmos) e regulagem de anti-hipertensivas. Campimetria de confrontação. A manifestação
clínica mais precocemente detectada é o
aparecimento de déficit visual persistente no CV em
fdfcd
paciente previamente hígido.
Fundoscopia. Com a progressão da doença, há

Texto disponível em: www.ligaoftalmo.wordpress.com


3

aumento da escavação do disco óptico (acima de


50% do diâmetro papilar), por perda de fibras
nervosas. Geralmente, a escavação é assimétrica
comparada ao olho contralateral. Essa alteração é
mais precoce que a perda de CV.
Para avaliar a escavação, umas das técnicas
utilizadas, é dividir o disco óptico subjetivamente
em 10 partes – FIGURA 3. Posteriormente, calcula-
se a relação ESCAVAÇÃO/DISCO ÓPTICO,
imaginando-se o disco óptico dividido em 10 partes
iguais. Uma escavação de 0.4 significa que quatro
décimos do nervo óptico são ocupados pela
escavação – FIGURAS 4 e 5.
Outras alterações do nervo óptico no glaucoma que
são quase patognomônicas incluem presença de
“notch”, entalhe causado por uma perda localizada
do anel neuro retiniano – FIGURA 6; presença de
hemorragia em chama de vela no disco óptico que
indica, quase sempre, progressão da doença Figura 5. A relação escavação/disco é de 0,4.
independente do nível pressórico – FIGURA 7.

IMPORTANTE SABER QUE:

• Escavação menor ou igual a 0,5 provavelmente é normal

• Escavação entre 0.6 a 0.7 é possivelmente anormal, limítrofe

• Esvacação maior que 0.7 provavelmente é anormal

r não reduzir em 25% a PIO, está indicado cirurgia. Figura 6. Presença de “notch”, entalhe.

Figura 3. Calcula-se a relação E/D imaginando-se o disco óptico


dividido em 10 partes iguais.

Figura 7. Hemorragia em chama de vela no disco óptico.

Figura 4. Da mesma forma o tamanho da escavação corresponde


a 0.4 do tamanho do disco.

Texto disponível em: www.ligaoftalmo.wordpress.com


4

Quando refratária com a farmacoterapia, pode-


Gonioscopia se tentar terapia cirúrgica através de
É o exame padrão-ouro para analisar o ângulo iridocorneano e confirmar TRABECULOPLASTIA A LASER ou
ângulo aberto. É realizado observando-se a câmara anterior através da lente TRABECULECTOMIA.
de goldman com auxílio da lâmpada de fenda.

Tonometria Sem tratamento ou com tratamento ineficaz, a


doença progride, com perda de mais fibras
Permite aferir a PIO, o mais importante fator de risco relacionado ao
glaucoma. A PIO tem uma variação diurna fisiológica, deve-se atentar
nervosas , resultando em maior déficit de campo
para medições isoladas, pois podem não corresponder ao pico da PIO. visual, atrofia do nervo óptico e cegueira.
Além disso, até 30% dos pacientes podem apresentar PIO normal na
presença de GPAA. O método mais utilizado é a tonometria de aplanação
através do tonômetro de Goldmann.
QUADRO 2. FÁRMACOS ANTIGLAUCOMATOSOS.
Campimetria computadorizada
Fármaco Comentário
É o método de escolha para avaliar o campo visual. Apesar a perda de CV
não ser a alteração mais precoce, ocorrendo em geral com lesão de 40% Inibidores Agem no músculo ciliar, reduzindo a produção do
das fibras), é imprescindível para diagnóstico e seguimento. adrenérgicos humor aquoso. Indivíduos com íris mais escuras
(Ex.: timolol) necessitam de doses mais elevadas. Efeitos adversos
sistêmicos são mais frequentes que locais e podem
ser evitados pela compressão da carúncula logo
DIAGNÓSTICO
após pingar o colírio.

O diagnóstico de glaucoma é sugerido pela Agonistas São estimulantes alfa e beta que agem em duas
adrenérgicos fases. Inicialmente, ocorre vasoconstrição por ação
história clínica, correlacionando-a à morfologia da (Ex.: brimonidina) alfa agonista, reduzindo a produção de humor
papila e à perda de CV. aquoso. Em um segundo momento, quando os
A partir dos 40 anos, todos os indivíduos efeitos vasoconstritores e midriáticos passam,
ocorre aumento da drenagem do humor aquoso
deveriam realizar screening para glaucoma com pela via úveoescleral, por ação beta agonista. Efeito
medição da PIO pela tonometria e análise do semelhante aos não seletivos. Pode causar boca
disco óptico pelo exame de fundo de olho seca, hiperemia e desconforto ocular.
(bastante importante, uma vez que pode haver Agonistas Parasimpaticomiméticos melhoram o escoamento
glaucoma com pressão normal). Desse modo, é colinérgicos do aquoso por contratura do músculo ciliar e (GPAA)
e pelo efeito miótico no ângulo fechado. Pode
importante o encaminhamento precoce desses
causar miopia induzida, miose, dor frontal e ceratite.
indivíduos ao oftalmologista, especialmente
aqueles com fatores de ri sco. Inibidores da São drogas de uso sistêmico que redução a
anidrase carbônica produção aquosa. Muitos efeitos adversos impedem
(Ex.: acetazolamida) seu uso a longo prazo. Localmente podem causar
CONDUTA miose. Os efeitos adversos sistêmicos são comuns e
levam à suspensão da droga. Aumento da
freqüência urinária e parestesias em mãos, pés e
O tratamento padrão é o controle rigoroso da boca são sentidas por quase todos os pacientes,
PIO, fator de risco mais relevante para a entretanto geralmente são transitórios.
progressão da doença. Mesmo alcançando a PIO
Agentes Usados para reduzir a PIO a curto prazo, por isso são
alvo (< 21mmHg), deve -se fazer o seguimento hiperosmoticos largamente utilizados na emergência (glaucoma
com tonometria, pois a PIO pode variar a (Ex.: manitol) agudo). O mecanismo é a redução do volume vítreo.
qualquer momento, e campimetria, para avaliar a
progressão da doença. O controle da PIO é feito Derivados das Reduz a PIO por aumento do escoamento uveo-
geralmente com fármacos, colírios – QUADRO 2. prostaglandinas escleral. Apresenta efeito semelhante ou melhor
(Ex.: que os betabloqueadores. Pode causar hiperemia,
Vale relembrar que o objetivo final do
latatonoprosta) crescimento dos cílios e alteração da cor da íris.
tratamento da GPAA é estabilizar a lesão
glaucomatosa, contendo a sua progressão. PIO = Pressão intraocular.
Infelizmente, a visão que já foi perdida não pode
ser mais restaurada. GLAUCOMA AGUDO DE ÂNGULO FECHADO

Entre as drogas mais utilizadas podemos dividir:


aquelas que aumentam o escoamento do humor Glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF), ou
aquoso e aquelas que diminuem a sua produção. glaucoma agudo, é uma urgência oftalmológica
que consiste no aumento súbito da PIO devido a
Entre as que aumentam o escoamento, temos a aposição da íris sobre o trabeculado causando
PILOCARPINA (colinérgico) e a PROSTAGLANDINA uma obstrução completa da drenagem do humor
(latanoprosta). Esta última age aumentando a aquoso pela via convencional.
drenagem do HA pela via uveoescleral. A condição para o desenvolvimento de GPAF é o
ângulo estreito da câmara anterior. A pupila em
Entre as que diminuem a produção do humor midríase média determina maior contato entre a
aquoso estão a BRIMONIDINA (alfa-2-agonista), face posterior da íris e a cápsula anterior do
o TIMOLOL (beta-bloqueador), a cristalino, dificultando a passagem do HA da
ACETAZOLAMIDA (inibidor na anidrase câmara posterior através da pupila, impedindo a
carbônica). drenagem pela via convencional e consequente
aumento da PIO.

Texto disponível em: www.ligaoftalmo.wordpress.com


5

Geralmente acomete adultos e idosos, em Vale ressaltar que o tratamento definitivo do


especial asiáticos e hipermétropes. Pode ser GPAF é a IRIDECTOMIA A YAG LASER, devendo ser
desencadeada por condições que causam realizada tanto no olho que desenvolveu a crise
dilatação pupilar, levando ao fechamento do quanto no olho contralateral, após melhora das
ângulo de drenagem do humor aquoso durante o condições clínicas do paciente. É criado um
retorno à abertura fisiológica (ambiente de baixa orifício por laser na borda periférica do quadrante
luminosidade, situações estressantes, uso de superior da íris para que o HA possa passar da
medicações anticolinérgicas e midríase câmara posterior para a anterior desfazendo o
farmacológica com colírios para exame bloqueio pupilar.
oftalmológico).

QUADRO 3. MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO GPAF


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Fator de risco Comentário

O principal sintoma do GPAF é a dor ocular, de Manitol EV 1 a 2g por kg

forte intensidade, muitas vezes referida como


cefaleia do lado acometido, associado a náuseas, Acetazolamida 2cp de ataque e 1 cp 6/6h
250mg
vômitos e alterações visuais.
Pilocarpina 2% a 4% 1 gota 15/15min na 1ª hora até miose. Depois 1 gota
Ao exame, nota-se olho vermelho, a íris 6/6h
apresenta o aspecto característico em bombé – Timolol 0,5% 1 gota 12/12h
Figura 8. A pupila encontra-se em midríase média Brimonidina 0.2% 1 gota 8/8h
e não reagente à luz, porque a PIO é maior que a
pressão de perfusão do músculo esfíncter da
pupila, causando sua isquemia.
GLAUCOMA SECUNDÁRIO
A PIO encontra-se em níveis elevados > 40mmHg.
A gonioscopia evidencia ângulo fechado, sem o
FACOGLAUCOMA
reconhecimento de qualquer estrutura. O olho
encontra-se endurecido à palpação bidigital e
É uma complicação rara da catarata madura ou
meia midríase.
hipermadura. Existem três tipos, a saber:
GLAUCOMA FACOLÍTICO (extravasa proteínas do
cristalino ao HA bloqueando mecanicamente a
drenagem e aumentando a PIO, ângulo aberto);
GLAUCOMA FACOANAFILÁTICO (reação imunológica
local por proteínas que extravasaram do cristalino
por uma cápsula rôta, ângulo aberto); GLAUCOMA
FACOMÓRFICO (intumescência de uma catarata
madura que bloqueia a pupila e fecha o ângulo
iridocorneano, ângulo fechado).
O glaucoma facolítico e o glaucoma facomórfico
manifestam-se de forma aguda, com sintomas de
olho vermelho, dor ocular, cefaleia, borramento
Figura 8. Aspecto íris bombé. É a aderência da íris no visual e percepção de halos, com importante
cristalino, causando um abaulamento da íris, que impede que elevação da PIO. O paciente deve ser tratado com
o HA flua da câmara posterior para a câmara anterior. hipotensores para evitar perda visual irreversível.
A cirurgia para extrair a catarata deve ser
CONDUTA programada o mais breve possível.

É importante o cuidado com o estado geral do GLAUCOMA NEOVASCULAR (Glaucoma da


paciente. Analgésicos, antieméticos e sedativos Retinopatia Diabética Proliferativa – ângulo
por VO ou EV são o início do tratamento. fechado)
A primeira medida hipotensora ocular é
administração de MANITOL (EV) e É de prognóstico reservado e difícil tratamento. Está
ACETAZOLAMIDA (VO) aos pacientes que não associado à retinopatia diabética proliferativa e à
tiverem contraindicação. Quando os níveis oclusão da veia central da retina. A patôgenese
pressóricos tiverem reduzidos para 30mmHg ou consiste na isquemia crônica dos tecidos oculares,
menos, inicia-se o tratamento tópico com provocando a liberação de fatores angiogênicos que
agentes hipotensores oculares: PILORCARPINA são responsáveis pela formação de neovasos na
para promover miose e inibidores da produção do retina, disco óptico, corpo ciliar, íris e ângulo
humor aquoso (TIMOLOL, BRIMONIDINA) – iridocorneano. A raiz da íris torna-se espessada e
QUADRO 3. O paciente receberá alta quando ocasiona o estreitamento do ângulo. A conduta
estiver com PIO em níveis fisiológicos e a pupila usada é a panfotocoagulação a laser.
em miose.

Texto disponível em: www.ligaoftalmo.wordpress.com


6

GLAUCOMA CONGÊNITO 8. SAKATA, K. et al . Projeto glaucoma: resultados parciais


2000 na região de Piraquara - PR. Arquivos Brasileiros
de Oftalmologia, São Paulo, v. 65, n. 3, Jun. 2002.
Doença congênita, na qual a criança nasce com um Disponível em <http://www.scielo
.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0004 -
defeito na formação do ângulo de filtração 27492002000300010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 08
iridocorneano. O ângulo encontra-se aberto, mas Nov. 2012.

possui alterações estruturais que dificultam a 9. CARLOS SOUZA-DIAS. Manual de Residência de


Oftalmologia. SP: Manole, 2018.
drenagem do HA. Os sinais e sintomas podem
10. VIEIRA, J. M. et al. Glaucoma congênito – Desafios
aparecer ao nascimento (glaucoma congênito do diagnóstico precoce, tratamento e
verdadeiro) ou durante os primeiros 2-3 anos de acompanhamento. Disponível em:
<http://rmmg.org/artigo/detalhes/2471>. Acesso em
vida (glaucoma infantil). A tríade do glaucoma 23/03/2020.
congênito é: EPÍFORA (lacrimejamento excessivo
crônico) + FOTOFOBIA + BLEFAROESPASMO. Dentre
outros, temos edema corneano, alargamento de
córnea, escavaçao do nervo óptico e buftalmia
(distensão do globo ocular) – FIGURA 9.
O diagnóstico do glaucoma congênito é suspeitado
clinicamente e deve ser confirmado pela medida da
pressão intraocular (PIO), por meio da tonometria
(feita com a criança dormindo) e da fundoscopia,
que irá revelar a escavação da papila óptica. O
tratamento consiste em CIRURGIA sempre, podendo
ser usado duas técnicas: GONIOTOMIA (corte sobre a
rede trabecular) ou TRABECULOTOMIA (abertura do
canal de Schlemm).

Figura 9. Buftalmo. Também chamada de hidroftalmia é uma má-


formação congênita caracterizada por uma distensão do globo
ocular.

REFERÊNCIAS

1. KANSKI, J. J. Oftalmologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier,


2004.
2. REY, L. Dicionário de Termos Técnicos de Medicina e
Saúde . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
3. VILELA M. Condutas em oftalmologia: ambulatoriais e
emergenciais. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1998.
4. DALL´COLL, M. Olho vermelho. In: CAVALCANTI, E. F. A.;
MARTINS, H. S. Clínica Médica: dos sinais e sintomas ao
diagnóstico e tratamento. Barueri: Manole, 2007.
5. HITCHINGS, R. A. Normal-Tension Glaucoma. In: MYRON,
Y.; DUKER, J. S. Ophthalmology. Saint Louis: Elsevier,
2009.
6. TAN, J. C.; KAUFMAN, P. L. Primary Open-Angle
Glaucoma. In: MYRON, Y.; DUKER, J. S. Ophthalmology.
Saint Louis: Elsevier, 2009.
7. OLIVEIRA, A.; PARANHOS JUNIOR, A.; PRATA JUNIOR, J. A.
Características dos pacientes atendidos pela primeira vez
no Setor de Glaucoma da Universidade Federal de São
Paulo - UNIFESP. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia,
São Paulo, v. 66, n. 6, Dez. 2003 . Disponível em:
<http://www.scielo
.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004 -
27492003000700010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 08
Nov. 2012.

Texto disponível em: www.ligaoftalmo.wordpress.com

Você também pode gostar