Pantera Negra: Exu Ou Caboclo?: Ras Agdeabo
Pantera Negra: Exu Ou Caboclo?: Ras Agdeabo
Pantera Negra: Exu Ou Caboclo?: Ras Agdeabo
Ras Agdeabo
Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando muito
terreiro era de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e cuspia no chão.
Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem apertado o
consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria mesmo é trabalhar.
O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado nos
mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está
distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de
Caboclos que atuam na Esquerda.
Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos brasileiras
muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do Caribe, Venezuela, México
e mesmo dos Estados Unidos.
Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, as vezes gostam de marcar seus
“cavalos”, ordenando que coloquem na orelha uma pequena argola e no braço uma
espécie de pulseira de ferro.
Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são: Caboclo Pantera Vermelha, Caboclo
Jiboia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e
Caboclo do Monte.
Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de Arranca-
Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano, entre outros. A
maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos Caboclos Quimbandeiros,
sendo confundidos com frequência.
Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o
mesmo Pantera.
Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidos e no
Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo,
Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.
Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez dezesseis anos,
sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou. Aconselhado
por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da iniciação a seu Orixá, como
de costume no Caribe, foi celebrado um ritual em honra aos ancestrais (eguns). Na
celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo… Batia muito
no seu magro peito e vociferava como se estivesse em uma guerra. Quando foi pedido
o seu nome, disse o indígena: sou Pantera Negra!
Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera, como o
querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.
No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra
pantera e não mais como índio.
A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé, onde era
celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre desta linhagem,
contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai pantera e mãe humana.
YAWARA Ê!
YAWARA Ê!
HEY YAWARA,
YAWARA PIXUNA,
PIXUNA Ê, YAWARA,
YAWARA, YAWARA!
Yawara Pixuna, quer dizer Pantera Negra. Alguns traduzem como Onça Negra. O
canto acima, pode ser utilizado para afastar espíritos maléficos, que fogem ao ouvir
este nome mágico.
RECEITAS TRADICIONAIS
- um imã pequeno
- um pouco de limalha de ferro
- uma pedra de azeviche
- uma Cruz de Caravaca pequena
- uma bolsinha de couro preta.
Em uma noite de Lua Cheia, colocar tudo na bolsinha e fechar. Rezar a Pantera Negra
pedindo proteção. Acender uma vela verde normal e um charuto forte (de capa
escura) como oferenda, depois da oração. A bolsinha fica ao lado da oferenda, até o
dia seguinte.
Faça um triângulo com as velas e as acenda. Coloque ao lado de cada vela, uma garrafa
de água aberta. Peça aos poderosos espíritos panteras para consagrarem as águas.
Quando as velas terminarem, despeje as garrafas em uma tina ou balde limpo. Ferva
a canela e a arruda separadamente em meio litro de água. Adicione esta mistura na
tina de água e coloque o mel. Misture e tome um banho.
- um pouco de pólvora
- uma garrafa de marafo com três raminhos de canela dentro (curtidos dentro da
garrafa por três semanas)
- um pouco de alpiste
- um pouco de olíbano.
Em um prato limpo e branco, colocado atrás da porta principal, fazer uma pequena
cruz de pólvora e queimar (com muito cuidado). Depois de queimada a pólvora, regar
o prato com um pouco de marafo com canela. Invocar a proteção de Pantera Negra,
Pantera Vermelha e a Legião dos espíritos panteras, pedindo limpeza astral e
purificação do lugar. Em um vasinho de barro, queimar carvão e jogar dentro um
pouco de alpiste e olíbano. Defumar todo o ambiente. Despachar as cinzas e o prato
longe de casa. O marafo restante, pode ser usado para benzer as pessoas do lugar.