Ling I - Viso Geral Da Lingstica
Ling I - Viso Geral Da Lingstica
Ling I - Viso Geral Da Lingstica
Considerações Iniciais
A maior parte dos livros nos diz que a Linguística é o estudo científico da linguagem
humana e das línguas naturais – línguas faladas por toda a comunidade humana para a
interação social. Aquele que se dedica a este estudo é chamado de linguista. Parece simples
este conceito, entretanto há uma diversidade de definições para o termo linguagem, gerando
muita controvérsia. John Lyons (1997, p.15) diz que a pergunta “o que é linguagem?” é
comparável a “o que é a vida?”. Para estudarmos Linguística, é fundamental conhecermos as
respostas para esta pergunta, ou seja, muito temos a conhecer...
Retomaremos, sempre que oportuno, a definição dos conceitos de língua, de
linguagem e também da Linguística ao longo de nossos estudo linguísticos.
Para o momento vamos pensar sobre o campo de atuação da Linguística.
Ramificações da Linguística
A fim de cumprir o seu objetivo básico, que é determinar a natureza da linguagem e a
estrutura e funcionamento das línguas, a Linguística segue duas direções:
1. Busca desenvolver uma metodologia de trabalho que vai desde a delimitação de
conceitos operatórios até a discussão e montagem de modelos descritivos e/ou explicativos
dos fenômenos linguísticos. Assume assim um caráter teórico e geral, pois não se ocupa de
nenhuma língua em particular, mas dos fatos em geral e a maneira de abordá-los. Suscita
diversas correntes metodológicas e vários níveis de discussão.
2. Busca observar e descrever línguas testando métodos e técnicas visando descobrir
como é a estrutura da língua e como funcionam as línguas. Por estudar um número maior de
línguas, fornece material para, em âmbito mais abstrato, determinar a natureza e os traços que
compõem a linguagem.
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Vamos dar nomes a cada um dessas “direções” que a Linguística segue. Trata-se da
Linguística Geral e da Linguística Descritiva, respectivamente.
Convém ressaltar que a despeito de suas diferenças, elas se complementam, visto que a
Linguística Geral fornece conceitos e categorias em termos dos quais as línguas serão
analisadas; enquanto a Linguística Descritiva fornecerá os dados que confirmam ou refutam
as proposições e teorias colocadas pela Linguística Geral. Quem nos diz isso é John Lyons.
Para ilustrar, vamos ao exemplo:
Linguística Geral formula a hipótese de que em todas as línguas há nomes e verbos.
Linguística Descritiva refuta a hipótese demonstrando, mesmo empiricamente, que
em uma determinada língua os verbos não existem.
Aparentemente, somos levados a pensar que há apenas uma divergência entre
Linguística Geral e Descritiva, mas se observarmos atentamente veremos que há um ponto
comum entre elas. Qual? O NOME e o VERBO. Para confirmar ou refutar a hipótese os
linguísticas precisam operar com estes conceitos que foram fornecidos pela Linguística Geral.
Desse modo, a maior parte das pesquisas que estão sendo feitas atualmente sob o
nome de Linguística é puramente descritiva, visto que é bastante direta em si mesma.
Correspondendo a estudar a linguagem e descrever determinadas línguas, os seus autores
estão procurando clarificar a natureza da linguagem sem usar juízos de valor ou tentar
influenciar o seu desenvolvimento futuro.
Naturalmente há uma diversidade de razões para se descrever uma língua, que não
somente fornecer dados para a Linguística Geral, ou testar teorias e hipóteses que geram
conflito, mas porque querem apresentar uma gramática de referência ou um dicionário para
fins práticos.
Como a linguagem interessa a diversas categorias, convém delimitar com muita
clareza o campo de atuação do linguista, para que não se confunda ou penetre em outras
disciplinas. Para isso, analisaremos agora três dicotomias através das quais os autores dividem
o campo da Linguística:
1. Sincrônica versus diacrônica
2. Teórica versus aplicada
3. Micro linguístico versus macro linguística
1. Uma descrição sincrônica de uma língua descreve esta língua tal qual ela se
encontra em determinada época. Já a descrição diacrônica, preocupa-se com o
desenvolvimento histórico da língua, assim como as mudanças estruturais que nela ocorreram.
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Entretanto, atualmente, essas duas abordagens tendem a uma convergência, por vezes,
tornando-se impossível separá-las.
2. A linguística teórica objetiva a construção de uma teoria geral da estrutura da
língua ou a criação de um arcabouço teórico geral para descrição das línguas. Como o próprio
nome diz, a linguística aplicada é a aplicação das descobertas e técnicas do estudo científico
da língua para fins práticos, principalmente na elaboração de métodos de aperfeiçoamento do
ensino da língua.
A título de esclarecimento, a distinção entre linguística teórica e aplicada independe
das outras duas. Na prática, há pouca ou nenhuma diferença entre os termos linguística teórica
e linguística geral, visto que ambas partem do pressuposto de que o objetivo da teórica é
formular uma teoria satisfatória da estrutura da linguagem em geral. Quanto à linguística
aplicada, observa-se que ela se vale tanto do aspecto geral quanto do descritivo.
A terceira dicotomia refere-se a uma visão mais estreita ou mais ampla dos propósitos
da linguística. Vale lembrar que estes termos ainda não estão estabelecidos definitivamente na
teoria linguística.
3. A microlinguística se refere a uma visão mais restrita, e a macro linguística, a
uma mais ampliada. Na concepção micro linguística, as línguas devem ser analisadas em si
mesmas e sem referência a sua função social, à maneira como são adquiridas pelas crianças e
aos mecanismos psicológicos que subjazem à produção e recepção da fala. Como diria
Saussure, “em si e por si”. De forma mais ampla, a macro linguística trata de tudo o que é
pertinente, de alguma forma seja qual for á linguagem e ás línguas.
Assim temos como campo de atuação:
Microlinguística
Fonética: o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
Fonologia: o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
Morfologia: o estudo da estrutura interna das palavras;
Sintaxe: o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases
gramaticais;
Semântica: ou semântica lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a
integram;
Lexicologia: o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que
contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários,
enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico.
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Macrolinguística
Psicolinguística;
Sociolinguística;
Linguística antropológica;
Dialetologia;
Linguística matemática e computacional;
Estilística, etc.
Não há uma “lista” definitiva deste campo de atuação. Há, inclusive, divergência
quanto a isso na fala de diversos estudiosos.
Para entender como isso ocorreu, podemos fazer uma viagem no tempo, desde a
Antiguidade, quando a curiosidade sobre a linguagem humana começou a inquietar os
filósofos e sábios, até os dias atuais.
Na verdade, a linguagem é tão importante que, sem ela, não seríamos capazes de
pensar, pois todo pensamento estrutura-se na forma de alguma linguagem, seja ela
verbal, visual, gestual, etc. O filósofo grego Parmênides (535-450 a.C.) já dizia que “ser e
pensar são uma só e a mesma coisa”, ideia reafirmada pelo filósofo francês René
Descartes (1596-650) na famosa frase “penso, logo existo”.
sagrados, para que eles tivessem validade sagrada. Neste caso, o que importa é a correção da
descrição de uma qualidade fônica, ou seja, a descrição da forma da língua, nela mesma.
Teremos oportunidade de fazer um estudo mais detido da história da gramática, por
hora vamos dar um salto no tempo e sair direto da Antiguidade para o século XIX, tempo em
que ocorreram muitas mudanças no campo da Linguística.
No início do século XIX, considera-se o trabalho de Franz Bopp, Sobre o Sistema de
Conjugações do Sânscrito, Grego, Latim, Persa e Línguas Germânicas, publicado em 1816,
como um marco para a constituição da linguística comparativa. Outra obra fundamental é a
Gramática Germânica de Grimm, de 1819. Antes deles pode-se considerar o trabalho de
Rasmus Rask de 1811, publicado em 1818. Neste momento, a linguística se apresenta
tomando como objeto a mudança linguística, motivada pela possibilidade de reconstituir o
passado linguístico das línguas europeias e asiáticas.
A questão principal aqui são as relações genealógicas entre as línguas, e o objeto do
linguista são as formas no seu processo de mudança. Assume uma forma para saber como
ela era antes, a fim de reconstruir por comparação entre as línguas aparentadas (consideradas
da mesma família), o passado da forma em questão. Este procedimento, que se dá no interior
de uma posição naturalista, biológica, visto que, nesta época, a Linguística é considerada uma
disciplina da Biologia.
Em síntese, é de concordância geral que o fato mais extraordinário dos estudos
linguísticos do séc. XIX foi o desenvolvimento do método comparativo, que resultou num
conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam se comparadas sistematicamente no
tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, demonstrando, assim,
que eram “genealogicamente aparentadas” Do mesmo modo que o francês, o italiano, o
português, o romeno, o espanhol e outras línguas românicas tinham sido originadas do latim;
o latim, o grego e o sânscrito tiveram uma origem. Qual? De alguma língua ainda mais antiga
à qual se costuma denominar de indo-europeu ou proto- indo-europeu.
OBJETO DA LINGUÍSTICA
Este poema nos possibilita fazer uma analogia entre os conceitos de língua e
linguagem, observe:
- a linguagem é ao mesmo tempo um produto social da faculdade de linguagem e um
conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir esse exercício
nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é “ uma cavaleiro de diferentes domínios”-
física, fisiológica e psíquica, visto que pertence ao domínio social e individual, não se
deixando classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir a
sua unidade;
- a língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação – daí a
analogia feita com o poema – desde que lhe demos o primeiro lugar entre os fatos da
linguagem.
Voltando ao mestre Saussure, a língua, para ele, é “um sistema de signos” – ou seja,
um conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de um todo. É a “parte
social da linguagem”, exterior ao indivíduo e obedece às leis do contrato social estabelecido
pelos membros da comunidade.
O conjunto linguagem-língua comporta, ainda, um outro elemento, conforme
Saussure, a fala. A fala é um ato individual, resulta das combinações feitas pelo sujeito
falante utilizando o código da língua; expressada pelos mecanismos psicofísicos (atos de
fonação) necessários à produção dessas combinações.
A distinção linguagem/língua/fala situa, segundo Saussure, o objeto da Linguística.
Decorre daí a divisão do estudo da linguagem em duas partes: uma que investiga a língua
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(langue) e outra que analisa a fala (parole). As duas partes são interdependentes, visto que a
língua é a condição para produzir a fala, assim como não há língua sem o exercício da fala.
Desse modo, ele destaca a necessidade de duas linguísticas – a linguística da língua e a
linguística da fala. Saussure focou seu trabalho na linguística da língua “produto social
depositado no cérebro de cada um”, um sistema supra individual que a sociedade impõe ao
falante.
LÍNGUA FALA
Sistemática - regularidade Assistemática - variedade
Subjacente Concreto
Potencial Real
Supra-individual - coletivo Individual
Língua X Fala
Saussure também efetua, em sua teorização, uma separação entre língua e fala. Para
ele, a língua é um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está depositado como
produto social na mente de cada falante de uma comunidade, possui homogeneidade e por isto
é o objeto da linguística propriamente dita. Diferente da fala que é um ato individual e estão
sujeito a fatores externos, muitos desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise.
Sincronia X Diacronia
Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrônica, um estudo descritivo da
linguística em contraste à visão diacrônica do estudo da linguística histórica, estudo da
mudança dos signos no eixo das sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era
tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrônica, Saussure procurou
entender a estrutura da linguagem como um sistema em funcionamento em um dado ponto do
tempo (recorte sincrônico).
Sintagma X Paradigma
O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas mínimas numa
unidade linguística superior”, e surge a partir da linearidade do signo, ou seja, ele exclui a
possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter
valor a partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento. Já o paradigma é,
como o próprio autor define, um "banco de reservas" da língua fazendo com que suas
unidades se oponham, pois uma exclui a outra. Pois, o signo linguístico constitui-se numa
combinação de significante e significado, como se fossem dois lados de uma moeda.
e fala. Por seu caráter homogêneo, Saussure considera a língua – sistema de signos - como o
objeto específico da Linguística.
Este mesmo autor nos diz que um signo é combinação de um conceito com uma
imagem sonora. Observe que quando alguém lhe diz: “coração” o que acontece
imediatamente? Você mentalmente cria uma imagem mental e “visualiza” a escrita da
palavra. Este é o conceito de signo linguístico. Ou seja, um conjunto formado de duas partes:
uma perceptível, ou imagem acústica - o significante - e uma inteligível, ou a ideia que o
complexo sonoro desperta no ouvinte, o conceito – o significado.
Observe a ilustração:
IMAGEM ACÚSTICA CONCEITO
↓ ↓
C-OR-A-Ç-Ã-0 ( )
↓ ↓
Significante Significado
É importante destacar que o signo não é uma “coisa e uma palavra”, mas um conceito
e uma imagem acústica. Esta imagem sonora é algo mental, visto que é possível a uma pessoa
falar consigo própria sem mover os lábios. Mas, em geral, as imagens sonoras são usadas para
produzir uma elocução.
Para definir a relação de que a língua e pensamento são indissociáveis, Saussure criou
uma analogia com a folha de papel: se rasgarmos o papel, afetamos ambos os lados da folha –
verso e anverso. Podemos ampliar este exemplo também para os componentes do signo, o
significado e o significante. A língua, para Saussure, é a expressão do pensamento que,
sem ela, é uma “massa amorfa e indistinta”. A expressão não se dá diretamente do
pensamento aos sons: ela é mediada pela língua, que é um sistema de signos.
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É nesta relação que se estabelece no sistema que os signos adquirem seu valor, que
significam. A língua não é um sistema de signos justapostos, mas uma rede de signos que se
relacionam e, assim, significam.
Para melhor compreender esta relação, Saussure estabeleceu dois princípios: o da
arbitrariedade dos signos e o caráter linear dos significantes.
Vamos a eles:
1. Por que os signos são arbitrários? Será que ao pensar em coração poderíamos
criar outra sequência de sons que não O /c/-/o/-/r/-/a/-/ç/-/ã/- /o/ que lhe serve de significante?
A resposta será não, se considerarmos que a língua é um conjunto de convenções – e
realmente precisa ser assim – adotada por uma comunidade linguística para se comunicar.
Entretanto, em outras línguas tal ideia pode ser representada por outros significantes, cor
(inglês), por exemplo.
2. O segundo princípio se refere ao caráter linear do significante. Sendo o
significante de natureza auditiva, desenvolve-se na cadeia do tempo de modo que os signos se
apresentam obrigatoriamente uns após os outros, formando assim uma cadeia – a da fala, cuja
estrutura linear em virtude disto, é analisável e quantificável.
O signo linguístico traz ainda como características, segundo Saussure, a mutabilidade
e imutabilidade do signo. Paradoxalmente, o signo linguístico é simultaneamente mutável e
imutável. Parece ser uma contradição, mas a contradição desaparece atendendo às diferentes
perspectivas em que o signo é mutável e imutável. O signo é imutável pela simples razão de
que “relativamente à comunidade linguística que o emprega, o signo não é livre, mas
imposto”. O povo não é consultado, e o significante escolhido pela língua não poderia ser
substituído por qualquer outro.
provocada pelo tempo sobre a língua consiste fundamentalmente num desvio na relação entre
significante e significado.
O próprio Saussure, através de uma analogia com o jogo de xadrez se encarrega de
ilustrar, o que, a princípio pode parecer uma contradição. Ele nos diz que se substituirmos as
peças de madeira por peças de marfim, a troca não fará nenhuma diferença. Entretanto, se
diminuirmos ou aumentarmos o número de peças, essa mudança, com certeza, afetará a
“gramática do xadrez”...
Período Pré-socrático
Sócrates, Aristóteles e Platão
Nesta época, a língua não era uma preocupação independente, encontrando-se esparsa
na obra de cada pensador do período. As reflexões sobre a língua eram feitas a partir de um
cunho filosófico. Platão discute a origem das línguas escrevendo um diálogo (Crátilo)
dedicado à origem da língua: “todo enunciado tem dois elementos principais: um tema e uma
rema” (rema – aquilo que se fala sobre o tema) – ou seja, cria-se aí a divisão da oração em um
elemento nominal e um elemento verbal, estabelecendo-se, consequentemente, as classes do
nome e do verbo. Platão lança três classes gramaticais: substantivo, verbo e o adjetivo.
Aristóteles acrescentou a estas duas classes as conjunções – que as considerava como um
elemento de ligação, não as distinguia, assim, das preposições, artigos e pronomes.
estóicos de inserir nos casos (como fizera Aristóteles) a distinção do verbo em presente,
passado e futuro.
Gramática Normativa
Recomenda como se deve falar e escrever, segundo o uso e a autoridade dos escritores
corretos – gramáticos e dicionaristas esclarecidos. (BECHARA, 2001). É sinônimo de
Gramática Tradicional, visto que normatiza e prescreve as regras do “bem escrever”.
Gramática Estrutural
Estuda a língua como um sistema; propões definições precisas, visto que se
fundamenta em critérios formais e distribucionais; apresenta unidades linguísticas em
construções diversas. Como falha, apresenta um tratamento insuficiente para a análise
sintática.
Gramática Transformacional
Representa uma concepção mais precisa e completa que outros modelos de gramática;
dá regras explícitas e ordenadas; geram um número infinito de construções gramaticais. Como
falhas aponta-se o não fornecimento de elementos para exercícios estruturais e a preocupação
com a competência e não com o desempenho.
Gramática Funcional
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Gramática Gerativa
Parte da teoria linguística elaborada por Chomsky e pelos linguistas do MIT -
Massachusssets Institute of Technolonogy - entre 1960 e 1965. Chomsky define uma teoria
capaz de dar conta da criatividade do falante e sua capacidade de emitir e de compreender
frases inéditas. Nessa perspectiva, a gramática é um mecanismo finito que permite gerar um
conjunto infinito de frases de uma língua.
Você observou que as gramáticas mudam de conceito, conforme a teoria utilizada para
explicar a língua? Pausa para respirar! Como são tratadas as palavras? Quatro abordagens...
Estruturalismo
O Estruturalismo é uma corrente teórica da linguística baseada nos princípios do
Cours de Linguistique Générale (1916) de Ferdinand de Saussure, que se desenvolveu na
Europa e nos Estados Unidos da América a partir dos anos 30 do século XX. Assim, o
estruturalismo é a modalidade de pensar e um método de análise praticado nas ciências do
século XX, especialmente nas áreas das humanidades.
Saussure é considerado o fundador do estruturalismo, embora tivesse preferido a
designação de sistema em vez da de estrutura para definir a língua como um todo cujas partes
se relacionam entre si e concorrem para a sua organização global. As relações entre as partes
do sistema ou estrutura foram descritas por Saussure em termos de relações sintagmáticas (no
plano do sintagma, num eixo horizontal) e paradigmáticas (no plano da semântica, num eixo
vertical).
É com as teorias defendidas pelo Círculo Linguístico de Praga (1929) e ventiladas
no Congresso Internacional de Haia (1930) que surge o termo estrutura, inicialmente aplicado
à fonologia por Troubetzkoy, mas rapidamente alargado aos outros domínios da linguística e
até mesmo à antropologia dita estrutural com Claude Levi-Strauss (1958).
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Estruturalismo Europeu
Os intelectuais da época não ficaram indiferentes ao mundo que os circundava. Na
França, poderiam ser encontrados os mais brilhantes pensadores do século XX. Paris mais
parecia à capital intelectual da Europa. Estavam em pleno ativismo político figuras como
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Estruturalismo Americano
O estruturalismo americano, por seu turno, nasceu dos estudos das línguas
ameríndias de F. Boas (1940) e de E. Sapir (1921, 1949), tendo conhecido desenvolvimentos
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