República Velha
República Velha
República Velha
República Velha é o período da história do nosso país que se estendeu de 1889 a 1930. Os
marcos que estipulam o início e o fim desse período são a Proclamação da República e
a Revolução de 1930. Esse período é mais conhecido entre os historiadores
como Primeira República, por se tratar do primeiro período da República no Brasil.
Resumo
→ A República Velha é chamada pelos historiadores de Primeira República.
→ Esse período foi iniciado com a Proclamação da República, que fez com que Deodoro da
Fonseca assumisse a presidência.
→ A República Velha contou, ao todo, com treze presidentes e com outros dois que não puderam
assumir a presidência.
→ A política dos governadores e a política do café com leite foram práticas importantes do arranjo
político das oligarquias.
→ A Revolução de 1930 foi o acontecimento que precipitou o fim desse período e inaugurou a
Era Vargas.
Contexto histórico
A República Velha iniciou-se em 1889, quando aconteceu a Proclamação da República, no
dia 15 de novembro. Esse acontecimento iniciou-se pela manhã do dia citado quando os
militares liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca derrubaram o Visconde de Ouro
Preto do Gabinete Ministerial. Na sequência do dia, José do Patrocínio, vereador no Rio de
Janeiro, proclamou a República.
Características
A grande marca da República Velha e pela qual todos a conhece é o domínio que as
oligarquias exerciam no país. As oligarquias eram pequenos grupos (a maioria deles era
associada com a agricultura e pecuária) que detinham grande poderio econômico e político. O
controle das oligarquias no Brasil dava-se por meio de práticas conhecidas
como mandonismo, coronelismo e clientelismo.
Outro ponto importante sobre a Primeira República é o que diz respeito a duas práticas bastante
conhecidas: a política do café com leite e a política dos governadores, dois mecanismos que
davam sustentação ao domínio político das oligarquias.
A política dos governadores (ou política dos estados) foi criada durante o governo de Campos
Sales e estruturou o funcionamento de toda a política brasileira durante o período da República
Velha. Sua atuação foi responsável por consolidar uma aliança entre Executivo e Legislativo ao
longo da República Velha.
Nessa política, o Governo Federal dava seu apoio para a oligarquia mais poderosa de cada
estado como forma de reduzir as disputas locais entre diferentes oligarquias. Em troca do apoio,
as oligarquias tinham como dever eleger deputados e orientá-los a apoiar as pautas do Executivo
no Legislativo.
Para que a política dos governadores desse certo, o coronel era uma figura essencial, uma vez
que todo o arranjo para conquistar votos para eleger os deputados da oligarquia era feito por
essa figura. O coronel, enquanto figura de poder local, utilizava-se do seu poderio financeiro para
exercer pressão para que os eleitores votassem no candidato desejado. A intimidação de
candidatos ficou conhecida como “voto de cabresto”.
Os coronéis, por sua vez, não obtinham a quantidade de votos desejados somente
pela intimidação mas também por meio da manipulação eleitoral. Duas práticas muito comuns
eram: utilizar o registro de pessoas mortas (para que uma mesma pessoa pudesse votar
diversas vezes) e manipular as atas eleitorais.
A política do café com leite é um dos conceitos mais conhecidos desse período e faz referência
ao acordo que existia entre as oligarquias de São Paulo e de Minas Gerais a respeito da escolha
dos presidentes. Esse acordo estipulava que as oligarquias citadas revezariam os
candidatos que concorreriam à presidência.
Um ponto importante a respeito da política do café com leite é que os historiadores têm apontado
limites para seu uso, uma vez que a atuação dessa prática de revezamento não se estendeu por
toda a República Velha, já que representantes de outras oligarquias também foram eleitos no
curso desse período.
Características socioeconômicas
A República Velha foi um período em que o Brasil esboçou um desenvolvimento industrial,
mesmo que bastante tímido. Os reflexos do desenvolvimento industrial do país deram-se de
maneira concentrada, destacando-se principalmente a cidade de São Paulo, que teve um
grande salto populacional no período.
Revoltas
Quando o assunto é sobre os direitos sociais, a República Velha é marcada como um período
em que esses direitos foram bastante desrespeitados. O desrespeitos aos direitos sociais e a
existência de uma desigualdade evidente fizeram com que esse período também fosse de luta
para muitos que buscavam uma condição de vida mais digna e que estavam insatisfeitos com as
ações praticadas pelos governos.
Existe, inclusive, uma frase que geralmente é atribuída ao presidente Washington Luís e que dá
o tom da forma como a questão era tratada na República Velha. A suposta frase dita pelo
presidente foi: “Questão social é caso de polícia.” As tensões existentes resultaram em
diversas revoltas, como:
1. Guerra de Canudos;
2. Revolta da Armada;
3. Revolta da Vacina;
4. Revolta da Chibata;
5. Guerra do Contestado;
8. Coluna Prestes.
Acesse também: Saiba o que era a prática da degola durante a Primeira República
A política da República Velha entrou em crise porque a estrutura política que sustentava as
oligarquias no poder começou a ruir. A decadência da política da República Velha está
relacionada com as disputas pelo poder entre as oligarquias e com o surgimento de movimentos
de oposição, que lutavam por impor uma alternativa ao modelo oligárquico.
Diretamente, o fim da República Velha está atrelado com a disputa na eleição presidencial de
1930. Nessa disputa, paulistas e mineiros romperam com seu acordo, pois os primeiros não
queriam realizar o revezamento, conforme estipulava a política do café com leite. Sendo assim,
os paulistas lançaram Júlio Prestes, e os mineiros aliaram-se com outras oligarquias e
lançaram Getúlio Vargas como candidato à presidência.
Após serem derrotados, a chapa de Vargas — chamada Aliança Liberal — rebelou-se quando
o vice de Vargas, chamado João Pessoa, foi assassinado. O assassinato de João Pessoa não
teve relações com a disputa eleitoral daquele ano, mas foi utilizado como justificativa para o
levante contra o presidente Washington Luís.
Exercício resolvido
A questão abaixo foi retirada do Enem realizado no ano de 2018. Segue a questão:
Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma das mesas eleitorais. Pôs o revólver
na cintura, uma caixa de balas no bolso e encaminhou-se para seu posto. A chamada dos
eleitores começou às sete da manhã. Plantados junto da porta, os capangas do Trindade
ofereciam cédulas com o nome dos candidatos oficiais a todos os eleitores que entravam. Estes,
em sua quase totalidade, tomavam docilmente os papeluchos e depositavam-nos na urna, depois
de assinar a autêntica. Os que se recusavam a isso tinham seus nomes acintosamente anotados.
Erico Veríssimo tematiza em obra ficcional o seguinte aspecto característico da vida política
durante a Primeira República:
RESPOSTA: LETRA C
A questão faz referência a uma prática conhecida como “voto de cabresto”, que é aquela na qual
os eleitores são coagidos a votar em determinado candidato. Dentro do voto de cabresto, aqueles
que não atendiam a orientação da oligarquia sofriam represália, que incluíam agressões físicas
ou até mesmo demissão de seus empregos, caso ocupassem um cargo que estivesse na
influência do coronel. A existência das fraudes nas eleições desse período pode ser percebida
nas votações presidenciais, em que o candidato do vencedor, por diversas vezes, teve mais de
90% dos votos. Assim, como podemos identificar, o voto de cabresto é uma prática de repressão
contra um direito (de voto).
*Créditos da imagem: MarkauMark e Shutterstock
**Créditos da imagem: FGV/CPDOC