Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

9.3 Transferências Voluntárias e Destinação de Recursos Públicos para o Setor Privado

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Sumário

Unidade 1: Receita Pública................................................................ 5


1.1. Dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e
publicidade da receita pública..................................................... 5

1.2. Isenção de tributos e renúncia de receita............................. 6

1.3. A “Regra de Ouro”................................................................ 6

Unidade 2: Despesa Pública............................................................... 7


2.1. Regras para criação, expansão ou aperfeiçoamento do gasto
governamental............................................................................. 7

2.2. Despesas referentes a pessoal e seguridade social.............. 8

2.3. Mecanismos de correção no descontrole das despesas com


pessoal....................................................................................... 10

Unidade 3: Transferências Voluntárias e Recursos ao Setor Privado. 11


3.1. Transferências voluntárias entre os entes federados.......... 11

3.2. Destinação de recursos públicos ao setor privado.............. 12

Referências...................................................................................... 13

3
4
2
Módulo
Receita, Despesa e
Transferências Voluntárias

Unidade 1: Receita Pública


Objetivo de aprendizagem:
Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF relacionados à efetiva
previsão, arrecadação e publicidade da receita pública.

1.1. Dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e


publicidade da receita pública
As principais receitas públicas advêm da cobrança de tributos à população e às empresas. A
LRF estabelece dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade de tais
receitas, cujos requisitos são necessários à responsabilidade na gestão fiscal.

Esses dispositivos estabelecem que a instituição, previsão e arrecadação de todos os tributos


pelo ente da federação são preponderantes para a responsabilidade na gestão fiscal. Além disso,
no tocante às receitas:

h,
Destaque,h
• São vedadas as transferências voluntárias para aqueles que não instituem e
efetivamente arrecadam os tributos de sua competência.

• As previsões de receita serão acompanhadas de: demonstrativo de sua


evolução nos últimos três anos, projeção para os dois anos seguintes àquele a
que se referirem e metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

• Na previsão de receita, calculam-se as receitas de operações de crédito


contraídas para financiar despesas de capital. Nesse caso, as receitas de
operações de crédito não poderão ser superiores às despesas de capital.

• Haverá metas bimestrais de arrecadação, medidas de combate à evasão e


à sonegação, cobrança da dívida ativa e controle da evolução do montante de
crédito tributário cobrado.

5
O descumprimento desses dispositivos terá como consequência a imediata suspensão das
transferências voluntárias ao ente público que se mostrar negligente nessa questão.

1.2. Isenção de tributos e renúncia de receita


A LRF também aborda as normas relativas aos cuidados que se deve ter com as renúncias fiscais.
Nesse sentido, a lei procurou dificultar a renúncia de receita, garantindo, assim, maior nível de
arrecadação, eliminando a pressão dos contribuintes que visam obter benefícios fiscais sobre o
Executivo e impondo restrições à guerra fiscal entre municípios.

Nesse sentido, a norma estipula que a concessão ou ampliação de incentivo (Renúncia de


Receitas) deve estar prevista na LDO, além de:

h,
Destaque,h
• Ser acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que iniciou sua vigência e nos dois seguintes.

• Prever que a renúncia de receita não afetará o cumprimento das Metas


Fiscais.

• Prever medidas compensadoras nos exercícios seguintes.

1.3. A “Regra de Ouro”

h,
Destaque,h
A “Regra de Ouro” do Orçamento está prevista na Constituição Federal e é
um mecanismo que proíbe o governo de fazer dívidas para pagar despesas
correntes, como salários, benefícios de aposentadoria, contas de luz e outros
custeios da máquina pública.

A LRF reforçou as premissas da “Regra de Ouro” a partir de dispositivos específicos. Ela inclui o
atendimento à “Regra de Ouro” como uma das condições para que entes da federação possam
formalizar seus pleitos, perante o Ministério da Fazenda, com vistas à realização de operações
de crédito.

Assim, a LRF impôs a obrigatoriedade de constituição de reserva específica na Lei Orçamentária


para o exercício seguinte, caso a “Regra de Ouro” não seja atendida no montante equivalente ao
excesso identificado.

E, além disso, a referida Lei definiu que o Relatório Resumido da Execução Orçamentária referente
ao último bimestre do exercício deve ser acompanhado de demonstrativo do atendimento da
“Regra de Ouro”.

6
É válido salientar que, quando a Regra de Ouro é descumprida, os gestores e o presidente da
República ficam sujeitos a serem enquadrados em crime de responsabilidade.

Este Painel da “Regra de Ouro” permite acompanhar, com dados atualizados,


o cumprimento da “Regra de Ouro” pelo governo federal.

Unidade 2: Despesa Pública


Objetivo de aprendizagem:
Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF relacionados à efetiva
previsão, arrecadação e publicidade da receita pública.

2.1. Regras para criação, expansão ou aperfeiçoamento do


gasto governamental
A LRF prevê critérios a serem observados para a criação e expansão da despesa pública, além
de dispositivos referentes às despesas de caráter continuado e às despesas com pessoal e
seguridade social.

h,
Destaque,h
A criação, a expansão ou a implementação de despesa de caráter continuado
só será possível mediante acompanhamento de:

• Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva


entrar em vigor e nos dois subsequentes.

• Declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação


orçamentária e financeira com a Lei Orçamentária Anual (LOA) e compatibilidade
com o Plano Plurianual (PPA) e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Segundo a LRF, considera-se:

Adequada com a lei orçamentária anual

A despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico,
de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no
programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício.

7
Compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias

A despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses
instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

h,
Destaque,h
A LRF também instituiu o conceito de despesa obrigatória de caráter
continuado como sendo a despesa corrente derivada de lei, medida provisória
ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de
sua execução por um período superior a dois exercícios.

Para a execução dessas despesas, o ente federativo fica obrigado a adotar um conjunto de medidas
preventivas a fim de não comprometer o equilíbrio fiscal, tais como demonstrar a origem dos
recursos para seu custeio e comprovar que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas
de resultados fiscais.

As exceções à apresentação de estimativa de impacto orçamentário-financeiro ocorrem quando


a despesa for destinada ao serviço da dívida e ao reajustamento de remuneração de pessoal.

2.2. Despesas referentes a pessoal e seguridade social


A despesa com pessoal é o somatório dos gastos do ente da federação com os ativos, os inativos
e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares
e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive
adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como
encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

h,
Destaque,h
ASegundo a LRF, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração
e em cada ente da federação, não poderá exceder os percentuais da receita
corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinquenta por cento).

II - Estados: 60% (sessenta por cento).

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Excluem-se da despesa total de pessoal:

• Indenização por demissão de servidores ou empregados.

8
• Incentivo à demissão voluntária.
• Despesa para a convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de
urgência ou interesse público relevante.
• Despesa decorrente de decisão judicial e de competência anterior.
• Despesa com pessoal, do Distrito Federal e dos estados do Amapá e Roraima,
custeadas com recursos transferidos pela União.
• Despesa com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas
por recursos provenientes:
o Da arrecadação de contribuições dos segurados.
o Da compensação financeira de que trata o § 9° do art. 201 da Constituição
Federal.
o Das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal
finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem
como seu superávit financeiro.

No que tange aos limites individualizados por ente público, a seguinte tabela explicita até quanto
cada órgão poderá gastar de seu orçamento com pessoal:

9
2.3. Mecanismos de correção no descontrole das despesas com
pessoal
Segundo a LRF, é tornado nulo de pleno direito o ato que provoque aumento de despesa com
pessoal, que não respeite o limite estabelecido e que não atenda aos requisitos legais.

h,
Destaque,h
Para isso, a verificação do cumprimento dos limites da despesa com pessoal
será realizada ao final de cada quadrimestre, e, caso constatado que a despesa
total com pessoal excede a 95% do total permitido, fica vedado ao ente
federativo:

I - Concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração


a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação
legal ou contratual.

II - Criação de cargo, emprego ou função.

III - Alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa.

IV - Provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança.

V - Contratação de hora extra, salvo no caso da convocação extraordinária do


Congresso Nacional em caso de urgência ou interesse público relevante.

Se a despesa total com pessoal ultrapassar os limites previstos pela Lei, o percentual excedente
deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo menos, um terço no primeiro
deles.

h,
Destaque,h
A forma como os entes federativos reduzirão as despesas são as seguintes:

• Redução em, pelo menos, vinte por cento das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança.

• Exoneração dos servidores não estáveis.

Ainda, segundo a LRF, se as medidas anteriores não forem suficientes para


assegurar o cumprimento Lei, o servidor estável poderá perder o cargo.

10
Vale ressaltar que os contratos de terceirização que visem a substituição de servidores também são
contabilizados como despesa de pessoal.

A LRF prevê ainda que caso o órgão ou poder não alcance a redução das despesas com pessoal no
prazo estabelecido, o ente não poderá receber transferências voluntárias, obter garantia direta ou
indireta de outro ente, nem contratar operações de crédito.

Unidade 3: Transferências Voluntárias e Recursos ao


Setor Privado
Objetivo de aprendizagem:
Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos legais relacionados às
transferências voluntárias entre os entes federativos.

3.1. Transferências voluntárias entre os entes federados


A LRF estabeleceu uma nova forma de relação ou cooperação entre os entes federativos trazendo
o instituto da transferência voluntária.

h,
Destaque,h
Por transferência voluntária, entende-se a entrega de recursos correntes
ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou
assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal
ou os destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a realização da transferência voluntária, é preciso:

 Existir dotação orçamentária específica.

 Que se cumpram as disposições da LDO sobre a matéria.

 Comprovação pelo beneficiário de que se acha em dia quanto ao pagamento


de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, assim como
quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos.

 Que o beneficiário demonstre o cumprimento dos limites constitucionais relativos


à educação e à saúde, a observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em restos a
pagar e de despesa total com pessoal.

11
 Previsão orçamentária de contrapartida que não pode ser destinada ao pagamento
de despesa de pessoal.

h,
Destaque,h
Vale assinalar que não se aplica a sanção de suspensão de transferência
voluntária quando esta for relativa à ações de educação, saúde e assistência
social.

3.2. Destinação de recursos públicos ao setor privado


A LRF também disciplinou e restringiu as transferências de recursos públicos para o setor privado.

h,
Destaque,h
Segundo a LRF, a destinação de recursos para cobrir, direta ou indiretamente,
necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas ocorrerá tão
somente se:

• Autorizada por lei específica.

• Atendidas as condições estabelecidas na LDO.

• Estiver prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

O artigo 28 da LRF também proibiu expressamente a destinação de recursos públicos a instituições


do Sistema Financeiro Nacional (SFN), ainda que mediante a concessão de empréstimos de
recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

O objetivo foi impedir o que ocorreu na década de 90 com o PROER (O Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), que destinou bilhões de
reais a bancos privados. A LRF estabelece que somente será possível empregar recursos públicos
nessas instituições mediante lei autorizativa específica.

12
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Publicado
em 05/10/1988.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, alterou o Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário
Oficial da União.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modificou o regime e dispõe


sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de
despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. Diário Oficial da
União.

BRASIL. Lei Complementar Federal nº 101, de 04 de maio de 2000, estabeleceu normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
Diário Oficial da União.

BRASIL. Lei Federal nº 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração
da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001.
Diário Oficial da União.

BRASIL. Nota Técnica nº 23, de maio de 2017. Repercussões da Emenda Constitucional nº 95/2016
no Processo Orçamentário. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos
Deputados.

BRASIL. Estudo Técnico nº 26, 22 de dezembro de 2016. Novo Regime Fiscal - Emenda
Constitucional 95/2016 Comentada. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da
Câmara dos Deputados.

BRASIL. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resolução nº 03, de 26 de


agosto de 2019. Estimativas Populacionais para os Municípios e para as Unidades da Federação
brasileiros em 01.07.2019. Diário Oficial da União.

BRASIL. Artigos - Responsabilidade Fiscal e Dívida Pública Federal. Secretaria do Tesouro Nacional
(STN).

CRUZ, Flávio da. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complementar nº 101,
de 4 de maio de 2000. São Paulo: Atlas, 2000.

CRUZ NETO, Nilo. Lei de Responsabilidade Fiscal.

HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2010.

KHAIR, Amir Antônio. Lei de Responsabilidade Fiscal: guia de orientação para as prefeituras.

13
Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; BNDES, 2000.

NASCIMENTO, Edson Ronaldo. DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal.


Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional (STN), 2001.

OLIVEIRA, Weder de. Curso de Responsabilidade Fiscal: direito, orçamento e finanças públicas.
Belo Horizonte: Fórum, 2015, v.1, 1136p.

PERNAMBUCO. Infosocial nº 069//2015. Limite Prudencial de Despesa de Pessoal.

PETTER, Lafayete Josué. Direito Financeiro. Doutrina, jurisprudência e questões de concursos. 4.


ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009.

LAPORTA, Taís. ALVARENGA, Darlan. Um Teto para os Gastos Públicos. Portal de Notícias
G1 - Economia. Disponível em: http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241-
umtetoparaosgastospblicos/. Acesso em: 25 jun. 2020.

RIBAS, Paulo Henrique. GELBECKE, Daniel Barreto. OLIVEIRA, Ester dos Santos. Lei de
Responsabilidade Fiscal. Paraná: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná
(IFPR), 2012, v.1, 144p.

SILVA, Daniel Salgueiro da. LRF Fácil: guia contábil da Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo:
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, 2001.

VOLPE, Ricardo. Emenda Constitucional nº 095: as diversas interpretações. Consultoria de


Orçamento e Fiscalização Financeira (CONOF) da Câmara dos Deputados.

14

Você também pode gostar