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RE 1322195 - Inteiro Teor Do Acórdão

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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13

31/03/2022 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.322.195 SÃO


PAULO

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE


RECTE.(S) : SÃO PAULO PREVIDÊNCIA - SPPREV
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
RECDO.(A/S) : MARCAL RODRIGUES
ADV.(A/S) : ROBERTO DUARTE BERTOTTI

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO.


PROMOÇÃO NO MESMO CARGO PARA CLASSE DISTINTA.
APOSENTADORIA. ARTIGO 40, § 1º, INCISO III, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGOS 6º DA EMENDA
CONSTITUCIONAL 41/2003 E 3º DA EMENDA CONSTITUCIONAL
47/2005. CÁLCULO DE PROVENTOS. EXIGÊNCIA DE CINCO ANOS
DE EFETIVO EXERCÍCIO NA CLASSE EM QUE SE DER A
APOSENTADORIA. INEXIGIBILIDADE. PRECEDENTES.
DISTINÇÃO QUANTO AO TEMA 578 DA REPERCUSSÃO GERAL.
REUNIÃO DOS REQUISITOS PARA APOSENTADORIA APÓS
EMENDA CONSTITUCIONAL 20/1998. MULTIPLICIDADE DE
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. CONTROVÉRSIA
CONSTITUCIONAL DOTADA DE REPERCUSSÃO GERAL.
REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a


questão. O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a existência de
repercussão geral da questão constitucional suscitada. No mérito, por
unanimidade, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria.

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Decisão sobre Repercussão Geral

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RE 1322195 RG / SP

Ministro LUIZ FUX


Relator

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Manifestação sobre a Repercussão Geral

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.322.195 SÃO


PAULO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
SERVIDOR PÚBLICO. PROMOÇÃO NO
MESMO CARGO PARA CLASSE
DISTINTA. APOSENTADORIA. ARTIGO
40, § 1º, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. ARTIGOS 6º DA EMENDA
CONSTITUCIONAL 41/2003 E 3º DA
EMENDA CONSTITUCIONAL 47/2005.
CÁLCULO DE PROVENTOS.
EXIGÊNCIA DE CINCO ANOS DE
EFETIVO EXERCÍCIO NA CLASSE EM
QUE SE DER A APOSENTADORIA.
INEXIGIBILIDADE. PRECEDENTES.
DISTINÇÃO QUANTO AO TEMA 578
DA REPERCUSSÃO GERAL. REUNIÃO
DOS REQUISITOS PARA
APOSENTADORIA APÓS EMENDA
CONSTITUCIONAL 20/1998.
MULTIPLICIDADE DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS. CONTROVÉRSIA
CONSTITUCIONAL DOTADA DE
REPERCUSSÃO GERAL.
REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
DESPROVIDO.

MANIFESTAÇÃO: Trata-se de recurso extraordinário interposto por


SÃO PAULO PREVIDÊNCIA – SPPREV, com arrimo na alínea a do permissivo
constitucional, contra acórdão proferido por Colégio Recursal da Fazenda
Pública do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que assentou:

“SERVIDOR PÚBLICO – APOSENTADORIA –

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PROMOÇÃO DE CLASSE DENTRO DO MESMO CARGO –


EXIGÊNCIA DE EXERCÍCIO POR CINCO ANOS NA MESMA
CLASSE PARA FINS DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA –
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA
EXIGÊNCIA – ART. 40, § 1º, III, CF – SENTENÇA MANTIDA.
- A promoção do servidor a classe posterior dentro do
mesmo cargo não caracteriza provimento originário, mas sim
derivado, sendo incabível a exigência de exercício efetivo no
cargo de aposentadoria por cinco anos para cálculo de
proventos de aposentadoria não encontra respaldo no art. 40,
§1º, III, CF.
- Sentença mantida por seus próprios fundamentos.” (Doc.
11, p. 2).

Os embargos de declaração opostos foram desprovidos (Doc. 13).


Nas razões do apelo extremo, a parte recorrente sustenta preliminar
de repercussão geral e, no mérito, aponta violação ao artigo 3º da Emenda
Constitucional 47/2005 (Doc. 14). Em relação à repercussão geral, alega
que a questão ultrapassa o interesse subjetivo das partes, pois “atinge
diretamente todos os servidores públicos, sejam federais, estaduais ou
municipais”, de modo que “o efeito multiplicador da decisão é concreto” e
permite que outros servidores pleiteiem “proventos de aposentadoria de
determinado nível de uma carreira sem ter permanecido nele pelo interregno
constitucionalmente exigido”. Aduz, portanto, a existência de “graves
consequências sociais, econômicas e jurídicas”.
Quanto ao mérito, afirma que o ora recorrido “se aposentou após a
vigência da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998” e que,
“conforme interpretação sistemática (...), o servidor deve estar há pelo menos 5
anos no nível em que for se aposentar para fazer jus aos proventos deste nível”.
Argumenta que, “quando se fala em cinco anos de efetivo exercício no cargo em
que se der a aposentadoria, estando os cargos da carreira dispostos em níveis,
como no caso em tela, o funcionário deverá, para preencher o referido requisito,
ter cinco anos de efetivo exercício no nível em que se der a inativação”.
Em contrarrazões, a parte recorrida sustenta que, “para fins de
aposentadoria com proventos integrais, é irrelevante o fato de o Recorrido ter

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permanecido menos de cinco anos como Investigador de Polícia Classe Especial,


uma vez que a mudança de classe não deve ser tratada como mudança de cargo”.
Requer o desprovimento do recurso extraordinário (Doc. 15).
A Presidência do Colégio Recursal de origem negou seguimento ao
recurso extraordinário com fundamento no Tema 578 (Doc. 18, p. 14).
Interposto agravo interno contra referida decisão, a 5ª Turma da Fazenda
Pública deu provimento ao agravo e admitiu o recurso extraordinário, em
acórdão cuja ementa transcrevo, in verbis:

“AGRAVO INTERNO. QUESTÃO DECIDIDA EM SEDE


DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL NO TEMA 578. DIVERGÊNCIA DE
FUNDAMENTO DO DECIDIDO NA REPERCUSSÃO
GERAL (EC 20/98) E A QUESTÃO CONTROVERTIDA
NESTA AÇÃO (EC 41/2003 e EC 47/2005). DISTINÇÃO DE
FUNDAMENTOS. AUSÊNCIA DE PRECEDENTE ATÉ O
MOMENTO – RECURSO PROVIDO.” (Doc. 22, p. 2)

É o relatório. Passo a me manifestar.

Ab initio, cumpre delimitar a questão controvertida nos autos, qual


seja: período mínimo de cinco anos de efetivo exercício no cargo em que
se der a aposentadoria a ser considerado quando o servidor obtiver
promoção mediante acesso a classe mais elevada em carreira
escalonada, aposentando-se pelas regras das Emendas Constitucionais
41/2003 ou 47/2005.
A questão possui densidade constitucional suficiente para o
reconhecimento da existência de repercussão geral, competindo a esta
Suprema Corte manifestar-se sobre a interpretação da exigência de cinco
anos no cargo em que se der aposentadoria, para servidores que
preencheram os requisitos de aposentadoria na vigência dos artigos 6º da
Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional 47/2005,
considerada a ocorrência de promoção por acesso a classe mais elevada
em carreira escalonada por classes.

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Registro, outrossim, que se trata de questão de direito com alto


potencial de repetitividade, podendo repercutir não só sobre os direitos
dos inúmeros servidores públicos do Estado de São Paulo, como também
da União, dos demais Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no
que se refere ao cálculo dos proventos de seus respectivos servidores.
No mérito, releva notar que o Plenário desta Corte, ao apreciar
controvérsia semelhante à versada nos presentes autos, no julgamento do
RE 662.423, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 25/11/2020 (Tema 578 da
Repercussão Geral), no qual se discutia a “aplicação do lapso temporal da
Emenda Constitucional 20/98 a integrante de carreira pública escalonada em
classes, que pleiteia aposentadoria com proventos relativos ao cargo ao qual
promovido, ante o implemento dos requisitos, no cargo originalmente ocupado,
antes do advento da emenda em questão”, fixou as seguintes teses:

“I - Ressalvado o direito de opção, a regra de transição do art. 8º,


inciso II, da Emenda Constitucional nº 20/98, somente se aplica aos
servidores que, quando da sua publicação, ainda não reuniam os
requisitos necessários para a aposentadoria;
II - Em se tratando de carreira pública escalonada em classes, a
exigência instituída pelo art. 8º, inciso II, da Emenda Constitucional
n.º 20/98, de cinco anos de efetivo exercício no cargo no qual se dará a
aposentadoria, deverá ser compreendida como cinco anos de efetivo
exercício na carreira a que pertencente o servidor.”

Nada obstante, conforme salientado pelo Tribunal a quo, verifico que


a matéria suscitada no caso sub examine difere, quanto aos aspectos fático-
normativos, daquela decidida no julgamento supracitado, por se cuidar
de aposentadoria cujo implemento se deu após a Emenda Constitucional
20/1998, pelas disposições do artigo 6º da Emenda Constitucional 41/2003.
Nesse sentido, afastando a similaridade, cito o ARE 1.223.493-AgR, Rel.
Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 22/03/2021 e o ARE 1.266.034-
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 4/9/2020.
In casu, trata-se de ação ajuizada por servidor público aposentado
questionando o enquadramento feito pela ora recorrente, São Paulo

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Previdência – SPPREV, em classe inferior àquela que figurava no


momento da aposentação. Com efeito, aposentado em atividade como
Investigador de Polícia Classe Especial, afirma que seus proventos foram
calculados levando em conta a remuneração de Investigador de Polícia 1ª
Classe, por não ter permanecido na classe superior pelo tempo mínimo de
cinco anos.
A 3ª Turma Recursal da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, mantendo a sentença em sede de recurso
inominado, consignou que a exigência temporal contida no artigo 40, § 1º,
inciso III, da Constituição Federal não se aplica quando o “servidor já está
no efetivo exercício no cargo para [o] qual obteve provimento em momento
anterior, não se confundindo promoção na carreira, isto é, dentro do mesmo
cargo, mas em níveis diversos, com o provimento a cargo novo” (Doc. 11, p. 3).
Opostos embargos de declaração, para que a Turma julgadora se
manifestasse sobre o disposto no artigo 3º da Emenda Constitucional
47/2005 (Doc. 12), a Turma desproveu o recurso, nos termos do voto
condutor, que transcrevo, in verbis:

“O acórdão embargado expressamente mencionou o Art. 40 da


CF, no sentido de que não é aplicável ao caso analisado o
condicionamento ao prazo de 5 anos nele estabelecido, ante a
diferenciação entre classe e cargo, aplicando-se a limitação temporal
apenas quando a promoção se der com o provimento a cargo novo.
Se não há similitude para o caso concreto entre os conceitos de
classe e cargo, não há que se falar em manifestação judicial a respeito
do art. 3º, da EC 47/2005, pois inexistente sua fattispecie.” (Doc. 13,
p. 2)

O acórdão recorrido está em sintonia com a jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal, que se consolidou no sentido de que a
promoção por acesso de servidor a classe distinta não representa
ascensão a cargo diverso daquele em que já estava efetivado, motivo por
que seria inaplicável ao caso o prazo de cinco anos de efetivo exercício no
cargo para fins de aposentadoria, entendimento mantido mesmo nas

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hipóteses de aplicação das Emendas Constitucionais 41/2003 e 47/2005.


Nesse diapasão, colaciono os seguintes julgados:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO
CPC/2015. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA.
EXERCÍCIO MÍNIMO DE CINCO ANOS NO CARGO
EFETIVO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 6º DA
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/2003 E 3º DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 47/2005. CONSONÂNCIA DA
DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA
CRISTALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO
VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. AGRAVO
MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O entendimento
assinalado na decisão agravada não diverge da jurisprudência firmada
no Supremo Tribunal Federal. Para a aposentadoria voluntária de
servidor público, o prazo mínimo de cinco anos de exercício a
que alude o art. 40, § 1º, III, da Constituição Federal, refere-se
ao cargo efetivo ocupado pelo servidor, e não à classe na
carreira alcançada mediante promoção. Precedentes.
Compreensão diversa demandaria a reelaboração da moldura fática
delineada no acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual
ofensa à Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o
conhecimento do recurso extraordinário. 2. As razões do agravo não se
mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão
agravada. 3. Majoração em 10% (dez por cento) dos honorários
anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85, §§
2º, 3º e 11, do CPC/2015, ressalvada eventual concessão do benefício
da gratuidade da Justiça. 4. Agravo interno conhecido e não provido,
com aplicação da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015, calculada à razão de 1% (um por cento) sobre o valor
atualizado da causa, se unânime a votação.” (ARE 1.248.344-AgR,
Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de 20/3/2020)

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

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EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO


ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SERVIDOR
PÚBLICO. APOSENTADORIA. EXERCÍCIO DO CARGO
PELO PERÍODO MÍNIMO DE CINCO ANOS. PROMOÇÃO
POR ACESSO. POSSIBILIDADE. ALEGADA AFRONTA AO
ART. 40, § 1º, III, DA CF. IMPROCEDÊNCIA. PRECEDENTES.
TEMA 578 DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL.
INAPLICABILIDADE. 1. O acórdão recorrido não diverge da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, cujo entendimento
encontra-se pacificado no sentido de que a promoção por acesso de
servidor constitui forma de provimento derivado e não representa
ascensão a cargo diferente daquele em que já estava efetivado. 2. É
inaplicável, ao caso concreto, o Tema 578 da sistemática da
repercussão geral, cujo recurso paradigma é o RE 662.423-RG, de
relatoria do Min. Dias Toffoli, porquanto não guardam semelhanças
entre si, uma vez que a hipótese de incidência do referido Tema
abrange a aplicação ou não, do lapso temporal exigido pela Emenda
Constitucional 20/98 a integrante de carreira pública escalonada em
classes que pleiteia aposentadoria, com proventos relativos ao cargo ao
qual promovido, ante o implemento dos requisitos, no cargo
originalmente ocupado, antes do advento da emenda em questão. No
caso em análise, entretanto, a autora da ação preencheu os
requisitos para a aposentadoria em momento posterior à
vigência da referida Emenda. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento, com aplicação de multa, nos termos do art. 1.021, §4º, do
CPC. Incabível a aplicação do disposto no art. 85, § 11, do CPC, em
virtude da incidência da Súmula 512/STF.” (ARE 1.223.493-AgR,
Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 22/3/2021)

“DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO.
PROMOÇÃO NO MESMO CARGO PARA CLASSE
DISTINTA. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO AO ART. 40,
§ 1º, III, DA CONSTITUIÇÃO. PRECEDENTES. 1. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se orienta no sentido de
que ‘a promoção por acesso de servidor constitui forma de

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provimento derivado e não representa ascensão a cargo


diferente daquele em que já estava efetivado’ (AI 768.895, Relª.
Minª. Cármen Lúcia). Desse modo, a aposentadoria de servidor
público promovido no mesmo cargo, mas em classe distinta, não está
condicionada ao prazo de 5 anos estabelecido no art. 40, § 1º, III, da
Constituição. Precedentes. 2. Ausência de argumentos capazes de
infirmar a decisão agravada. 3. Nos termos do art. 85, § 11, do
CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada
anteriormente, observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do
CPC/2015. 4. Agravo interno a que se nega provimento, com
aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015.” (RE
1.255.987-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe
de 14/5/2020)

“Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Promoção


retroativa. 3. Jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal. 4.
Promoção por acesso do servidor constitui forma de
provimento derivado e não implica ascensão a cargo diferente
daquele em que o servidor já estava efetivado. 5. Inaplicável o
prazo de cinco anos de efetivo exercício no cargo para o cálculo
dos proventos de aposentadoria (art. 40, § 1º, III, da
Constituição Federal). 6. Agravo regimental a que se nega
provimento” (AI 813.763-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, DJe de 17/2/2011)

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO –


SERVIDOR PÚBLICO – APOSENTADORIA – REQUISITO DE
EFETIVO EXERCÍCIO NO CARGO PELO TEMPO MÍNIMO
DE 05 (CINCO) ANOS (CF, ART. 40, § 1º, III) – CARREIRA
PÚBLICA ESCALONADA EM CLASSES – LAPSO
TEMPORAL QUE SE APLICA AO EXERCÍCIO DO CARGO E
NÃO À PERMANÊNCIA NA CLASSE EM QUE SE DÁ A
INATIVAÇÃO – DECISÃO QUE SE AJUSTA À
JURISPRUDÊNCIA PREVALECENTE NO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL – CONSEQUENTE INVIABILIDADE DO
RECURSO QUE A IMPUGNA – SUBSISTÊNCIA DOS

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FUNDAMENTOS QUE DÃO SUPORTE À DECISÃO


RECORRIDA – SUCUMBÊNCIA RECURSAL (CPC, ART. 85, §
11) – NÃO DECRETAÇÃO, NO CASO, POR TRATAR-SE DE
RECURSO DEDUZIDO SOB A ÉGIDE DO CPC/73 – AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO.” (ARE 1.155.684-AgR, Rel. Min. Celso
de Mello, Segunda Turma, DJe de 13/2/2019)

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO.
APOSENTADORIA DE SERVIDOR PÚBLICO. PROMOÇÃO
NO MESMO CARGO PARA CLASSE DISTINTA: AUSÊNCIA
DE CONTRARIEDADE AO INC. III DO § 1º DO ART. 40 DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.” (ARE
1.254.446-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe
14/5/2020)

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA
VOLUNTÁRIA. AUDITOR FISCAL DO ESTADO DA BAHIA.
CARGO DE CARREIRA. CINCO ANOS NO CARGO E NÃO
NA CLASSE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 40, § 1°,
III, DA CONSTITUIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. I – O entendimento firmado pelo Tribunal de origem
encontra-se em harmonia com a jurisprudência desta Corte, no
sentido de que a promoção por acesso de servidor constitui
forma de provimento derivado e não representa ascensão a
cargo diferente daquele em que já estava efetivado (ARE
1.248.344-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber e ARE 1.189.015-AgR/SP,
Rel. Min. Edson Fachin). II – A promoção na carreira do servidor
público se dá no mesmo cargo originalmente ocupado pelo servidor,
não estando a sua aposentadoria condicionada ao prazo de 5 anos
estabelecido no art. 40, § 1º, III, da Constituição Federal, que se refere
à ocupação de novo cargo pelo agente público. III – Agravo regimental

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a que se nega provimento.” (ARE 1.266.034-AgR, Ministro Ricardo


Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 4/9/2020)

“AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONFORMIDADE COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STF. 1. O acórdão recorrido está em
conformidade com a jurisprudência desta CORTE, no sentido de que o
prazo de 5 anos estabelecido no art. 40, § 1º, III, da
Constituição refere-se ao tempo em que o servidor se encontra
no cargo efetivo, ainda que a carreira seja organizada em
classes, de modo que o cálculo dos proventos deve ter por base
a remuneração percebida na mesma classe ocupada quando da
aposentadoria. 2. Agravo interno a que se nega provimento.” (RE
1.337.044-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma,
DJe de 24/9/2021)

Destarte, é certo que a vexata quaestio transcende os limites subjetivos


da causa, porquanto o tema em apreço sobressai do ponto de vista
constitucional, especialmente em razão da necessidade de garantir a
aplicação uniforme da Constituição Federal com previsibilidade para os
jurisdicionados, notadamente quando se verifica a multiplicidade de
feitos semelhantes.
Desse modo, com o fim de atribuir racionalidade ao sistema de
precedentes qualificados, assegurar o relevante papel deste Supremo
Tribunal como Corte Constitucional e de prevenir tanto o recebimento de
novos recursos extraordinários como a prolação desnecessária de
múltiplas decisões sobre idêntica controvérsia, é mister a reafirmação da
jurisprudência dominante desta Corte pela sistemática da repercussão
geral.
Para os fins da repercussão geral, proponho a seguinte tese:

“A promoção por acesso de servidor a classe distinta na carreira


não representa ascensão a cargo diverso daquele em que já estava
efetivado, de modo que, para fins de aposentadoria, o prazo mínimo de
cinco anos no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40, § 1º, inciso III, da

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Supremo Tribunal Federal
Manifestação sobre a Repercussão Geral

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 13

RE 1322195 RG / SP

Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998,


e pelos artigos 6º da Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda
Constitucional 47/2005, não recomeça a contar pela alteração de
classe.”

Ex positis, nos termos dos artigos 323 e 323-A do Regimento Interno


do Supremo Tribunal Federal, manifesto-me pela EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL da questão constitucional suscitada e pela
REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE, fixando-se a
tese supramencionada.
Por fim, conforme fundamentação acima exposta, DESPROVEJO o
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Ante a condenação ao pagamento de
honorários advocatícios no máximo legal pelo Tribunal a quo, fica
impossibilitada a sua majoração, nos termos do artigo 85, § 11, do
CPC/2015.
Submeto a matéria à apreciação dos demais Ministros da Suprema
Corte.
Brasília, 11 de março de 2022.
Ministro LUIZ FUX
Presidente
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