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Universidade Federal Do Abc: Centro de Engenharia, Modelagem E Ciências Sociais Aplicadas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES

ENSAIOS MECÂNICOS –
ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO
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1. INTRODUÇÃO

Algumas das principais propriedades mecânicas comumente medidas nos


materiais incluem: constantes elásticas (módulo de elasticidade ou de Young,
coeficiente de Poisson), resistência mecânica (limite de escoamento, limite de
resistência, resistência à fratura) e ductilidade (alongamento, redução em área).
O tipo de equipamento mais usado para determinação destas propriedades
é a máquina universal de ensaios mecânicos (o termo “universal” refere-se à
variedade de estados de tensão que pode ser estudada). Estas máquinas são
projetadas para aplicar força (tração ou compressão) com taxas (velocidades)
controladas e ensaiar materiais usualmente em tração, compressão ou flexão. O
tensionamento do corpo-de-prova (CP) pode ser por carregamento contínuo e
monotônico ou em modo cíclico (fadiga). Os principais tipos de máquinas
universais de ensaios mecânicos são eletromecânicos e servo-hidráulicos. O
mecanismo de aplicação de carga (força) nos servo-hidráulicos pode ser com
pistão e cilindro hidráulicos, tendo um sistema de fonte de potência hidráulica, e
nos eletromecânicos pode ser transmitido por roscas precisas com movimento
controlado por engrenagens, redutores e um motor elétrico.
A Fig. 1 apresenta uma imagem da máquina universal do tipo
eletromecânica e a Fig. 2 apresenta esquematicamente os principais componentes
desta máquina (ambas em configuração vertical). Nos barramentos verticais estão
contidas as roscas que movimentam a travessa (travessão) horizontal, que pode
se movimentar para cima ou para baixo (em condições usuais de ensaios,
resultam em carregamento em tração e compressão, respectivamente). O CP para
ensaio de tração é posicionado de tal forma que seu eixo longitudinal fique
alinhado na vertical e fixado em uma extremidade na garra presa à travessa
horizontal móvel e na outra extremidade na garra presa à base horizontal inferior
fixa da máquina.
Dois acessórios importantes usados nas máquinas de ensaios mecânicos
são a célula de carga, que mede com precisão a força aplicada no material, e o
extensômetro, que mede com precisão a variação dimensional ou a deformação
do material em decorrência da tensão aplicada. A Fig. 3 mostra um extensômetro
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de vídeo, do tipo sem contato com a amostra, que mede o comprimento de dois
pontos pintados sobre o CP durante o ensaio. Com a máquina de ensaios
mecânicos e estes acessórios, são obtidas as curvas tensão versus deformação
do CP.
As propriedades mecânicas (módulo de elasticidade, limite de escoamento,
limite de resistência, alongamento e redução em área) de materiais com
comportamento dúctil usualmente são determinadas em ensaio de tração. No caso
de materiais com comportamento mecânico frágil, como as cerâmicas, usualmente
determina-se a resistência à fratura em ensaio de flexão. Estas propriedades são
determinadas em testes com velocidades de carregamento relativamente baixas
(taxas de deformação usualmente na faixa de 10 -5 a 10-1 s-1) e, por isso, são
chamadas de testes em condições (quase-) estáticas.

Fig. 1 – Imagem de uma máquina universal de ensaios mecânicos do tipo


eletromecânica (Instron Inc.).
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Fig. 2 – Componentes de uma máquina universal de ensaios mecânicos com


sistema de carregamento eletromecânico.
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Fig. 3 – Imagem mostrando o extensômetro de vídeo, do tipo sem contato (AVE –


Advanced Video Extensometer, Instron Inc.).

A Fig. 4 apresenta esquematicamente as principais dimensões de um CP


típico de tração, que pode ter seção transversal circular (cilíndrica) ou retangular
(chapa). O CP apresenta extremidades com maior seção (dimensão C), uma
região interna com seção reduzida (dimensões D e A) e uma região de transição
(indicada com raio R) para evitar concentração de tensão entre estas duas
seções; a dimensão G indica o comprimento útil da seção reduzida.

Fig. 4 – Principais dimensões de um CP de tração. A seção transversal pode ser


circular (cilíndrica) ou retangular (chapa, com espessura t).
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A Fig. 5 apresenta esquematicamente a curva tensão-deformação de


engenharia de um metal submetido ao ensaio de tração e algumas propriedades
mecânicas determinadas nesta curva.

Fig. 5 – Curva tensão-deformação de engenharia esquemática de um metal


ensaiado em tração.

A resistência mecânica dos materiais cerâmicos usualmente é avaliada por


meio do ensaio de flexão (em três ou quatro pontos), devido ao seu
comportamento frágil.
Informações adicionais sobre ensaios de tração e de flexão devem ser
obtidas no material de aula e nas referências indicadas no final deste roteiro.
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2. OBJETIVOS

Os objetivos desta aula prática são:


i) Compreender o funcionamento de uma máquina universal de ensaios
mecânicos;
ii) Compreender o ensaio de tração e analisar as curvas tensão-deformação;
iii) Compreender o método de ensaio de flexão e determinar a resistência à
fratura.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 Ensaio de tração

3.1.1 Materiais
Serão ensaiados corpos-de-prova fornecidos durante a aula.

3.1.2 Metodologia de ensaio


a) Meça as dimensões do corpo de prova (CP) com um paquímetro; em
particular meça em pelo menos 5 posições diferentes da seção reduzida o
diâmetro (para o CP cilíndrico) ou a largura e a espessura (para o CP na
forma de chapa) e calcule os valores médios das dimensões e da área;
b) Fixe o CP nas garras da máquina de ensaios mecânicos, mantendo
alinhado o eixo longitudinal do CP com a vertical;
c) Escolha o programa adequado para o ensaio, entre com os dados
necessários e realize o ensaio até a fratura do CP; obtenha os dados de
força e deslocamento ou deformação;
(itens b e c: realizado pelos técnicos – anotar as informações!)
d) Junte cuidadosamente as duas partes fraturadas e meça as distâncias
entre os pontos de referência;
e) Meça as dimensões da seção reduzida ao redor da região da fratura;
f) Observe o aspecto do CP após ensaio, em particular as superfícies de topo
e lateral da fratura; se for possível, registre uma foto do CP rompido.
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3.1.3 Cálculos e determinações


i) Trace as curvas tensão versus deformação de engenharia:
a) Com detalhe da região elástica; e
b) Curva total;
ii) Determine nestas curvas:
a) Módulo de elasticidade;
b) Limite de proporcionalidade (limite elástico);
c) Limite de escoamento em deformação de 0,1% e 0,2%;
d) Limite de resistência;
e) Tensão de ruptura;
f) Deformação (alongamento) uniforme; e
g) Deformação (alongamento) total;
iii) Determine com base nas medidas experimentais:
a) Redução em área;
iv) Determine a curva tensão versus deformação real, considerando que:
a) Deformação real é dada por: R=ln(+1), onde  é a deformação de
engenharia;
b) Tensão real é dada por: R=(+1), onde  é a tensão de engenharia; e
c) Trace as curvas real e de engenharia sobrepostas;
v) Descreva o aspecto da fratura.

3.2 Ensaio de flexão

3.2.1 Material
Serão ensaiados corpos-de-prova de um revestimento cerâmico.

3.2.2 Metodologia de ensaio


a) Apoie o CP sobre o dispositivo de flexão em 3-pontos e aproxime com
cuidado o cutelo superior;
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b) Escolha o programa adequado e realize o ensaio até a fratura do CP;


registre a força de ruptura;
(itens a e b: realizado pelos técnicos – anotar as informações!)
c) Meça as dimensões médias da seção do CP próximo à fratura;
d) Observe o aspecto do CP após ensaio, em particular as superfícies de topo
e lateral da fratura; se for possível, registre uma foto do CP rompido.

3.2.3 Cálculos e determinações


i) Calcule a resistência à flexão em 3-pontos (média, desvio-padrão e
coeficiente de variação);
ii) Trace as curvas tensão-extensão de todos os CPs em um gráfico;
iii) Descreva o aspecto da fratura.

Analise criticamente os resultados obtidos comparando-os com dados


reportados em literatura.

No relatório:

Introdução (importância do estudo de propriedades mecânicas para o


materiais analisados, e quais são essas propriedades)
Objetivos
Materiais – lembrar que para todos os equipamentos devem ser
apresentados modelo e marca; tipo de corpo de prova (material e geometria)
Procedimento experimental, com todas as variáveis envolvidas
Resultados: todos os cálculos e determinações solicitados. Apresentar
todos os valores, e não somente o resultado final.
Um exemplo prático de dispositivo, entre os materiais analisados, que tenha
passado por uma falha.
Todas as referências consultadas devem constar no relatório.
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REFERÊNCIAS

[1] Callister, W. D. Jr, Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução; Editora


LTC, 7ª. Edição 2008.
[2] ASM Handbook, v. 8 – Mechanical Testing and Evaluation. Ed. H. Khun e D.
Medlin. Materials Park: ASM International, 2000.
[3] ASTM E8/E8M – 09, Standard Test Methods for Tension Testing of Metallic
Materials, ASTM International, 2009.
[4] ASTM D638 – 10, Standard Test Methods for Tensile Properties of Plastics,
ASTM International, 2010.

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