Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Paper Vivência

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

VIVÊNCIAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE


ENSINO
Ezilaine Gonçalves da Silva, Patrícia
Fernandes Cruz, Rosilda de castro de
oliveira e Salete Simone Andrade Lemos ¹
Andréia Dias Lisboa Alves ²

RESUMO

Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão presentes na
humanidade desde o seu início. O presente artigo trata do resgate do lúdico como processo
educativo, demonstrando que ao se trabalhar ludicamente não se está abandonando a seriedade e a
importância dos conteúdos a serem apresentados à criança, pois as atividades lúdicas são
indispensáveis para o seu desenvolvimento sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez
que possibilitam o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos.
Por meio das atividades lúdicas, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a
existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se
integralmente.

Palavras-chave: Lúdico. Educação. Jogos.

1. INTRODUÇÃO

O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas
novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ele nasceu para
aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais
complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser
participativo, crítico e criativo. A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que
damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que
cooperam, comunicam-se e comungam do mesmo saber.
A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em
grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de
inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e
reconstrói o mundo. Destacamos o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o
aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir
e descobrir o mundo que a cerca.
A pesquisa aqui apresentada, O lúdico na educação infantil, tem por objetivo oportunizar ao
educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação
infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo
1 Ezilaine Gonçalves Da Silva, Patrícia Fernandes Cruz, Rosilda de Castro de Oliveira e Salete Simone Andrade Lemos
2 Andréia Dias Lisboa Alves
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Licenciatura em Pedagogia (FLC3918PED) – Prática do
Módulo I – 12/07/2022
2

intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à


aprendizagem infantil. É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta Sneyders
(1996, p.36) que “Educar é ir em direção à alegria.” As técnicas lúdicas fazem com que a criança
aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está
distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.
O presente artigo procura conceituar o lúdico, demonstrar sua importância no
desenvolvimento infantil e dentro da educação como uma metodologia que possibilita mais vida,
prazer e significado ao processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que é particularmente
poderoso para estimular a vida social e o desenvolvimento construtivo da criança.
A problemática que levou-nos a desenvolver este estudo foi saber que com toda riqueza de
utilizar o lúdico como uma metodologia de ensino, constata-se que há muita resistência em
trabalhar com crianças utilizando a ludicidade como ferramenta pedagógica, pois a impregnação as
metodologias tradicionais ainda está muito presente no dia a dia das salas de aulas. Mesmo com
muitos estudos que falam da importância das brincadeiras como ferramenta pedagógica é bastante
comum presenciarmos, nas unidades de ensino, alunos sentados enfileirados e copiando do quadro
atividades no caderno, ou mesmo copiando dever no caderno.
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a importância da utilização dos jogos e
brincadeiras no processo ensino-aprendizagem e da formação dos profissionais da educação no
sentido de promoção do ensino infantil. Dessa forma, tem como objetivo específico destacar a
utilização do lúdico como uma importante metodologia de ensino na prática pedagógica para o
desenvolvimento de habilidades, psicológicas, motora e social.
Iniciou-se o trabalho realizando uma pesquisa bibliográfica, buscando encontrar autores que
nos propiciasse suporte teórico necessário para abordagem do tema proposto como Cristina Rau,
Tizuko Kishimoto, Vygotsky, Adriana Friedmann, Almeida, entre outros que foram escolhidos para
fundamentação teórica do nosso trabalho; também fizeram parte de nossa pesquisa as Leis de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para falarmos sobre o lúdico é necessário primeiro entendermos o significado da palavra, e


em seguida compreendermos sua utilização no decorrer da história, A história do lúdico vem desde
a antiguidade clássica, e defendida por pensadores como Aristóteles Platão que foram à base do
pensamento ocidental. Segundo a concepção platônica a ideia era de que o aluno deveria ser testado
3

em suas habilidades. Já na concepção Aristotélica era de que deveria haver o equilíbrio entre
atividades físicas e intelectuais.
Assim pode-se dizer que:

A palavra lúdica vem do latim ludus e significa brincar. “Nesse brincar estão incluídos os
jogos, brinquedos e brincadeiras e a palavra é relativa também a conduta daquele que joga
que brinca e que se diverte”. Por sua vez, o jogo possibilita a aprendizagem do sujeito e o
seu pleno desenvolvimento, já que conta com conteúdos do cotidiano, como as regras, as
interações com objetos, o meio social e a diversidade de linguagem incluída em sua prática
(RAU, 2011, p. 30).

Portanto quando praticamos o ato de brincar dentro ou fora de sala de aula com os
educandos, estamos proporcionando momentos prazerosos, fazendo com que ele aprenda de forma
agradável e interaja com os outros de forma dinâmica e criativa. A história da humanidade a partir
da Idade Média mostra que os jogos embora presentes nas atividades educacionais, não eram
considerados como recurso pedagógico capaz de contribuir com a aprendizagem, mas sendo visto
apenas como atividades recreativas. Nesse período o jogo foi considerado como “não sério”, por ter
relação com o jogo de azar, bastante conhecido na época. Somente a partir do Renascimento que
surge uma nova visão sobre as atividades lúdicas, o período no qual uma nova concepção de
infância desponta e tem como principal características o desenvolvimento da inteligência através do
brincar, modificando a ideia de que o jogo era visto somente como distração.
Sobre isso pode-se afirmar que:
O Renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da
inteligência e facilita o estudo. Por isso, foi adotada como instrumento de aprendizagem de
conteúdos escolares. Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à
palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos (KISHIMOTO,
2011, p. 32).

A autora confirma a informação de que durante o Renascimento o jogo teve grande utilidade
para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de áreas como 15 história e geografia, com base
de que o lúdico favorecia o desenvolvimento da inteligência, e contribui para facilitar o estudo.
A brincadeira infantil permite à criança a representar por meio da imitação, diversos papéis
presentes em seu cotidiano. Quando brinca de faz de conta, a criança organiza seus pensamentos,
estabelece regras, o que facilita a transferência do mundo adulto para seu universo particular.
Assim, pode-se dizer que:
A brincadeira, por sua vez, encontra fundamento na fala de Kishimoto (1994) quando é
apontada como uma atividade espontânea da criança, sozinha ou em grupo. Ela constrói
uma ponte entre a fantasia e a realidade, o que leva a lidar com complexas dificuldades
psicológicas, como a vivência de papéis e situações não compreendidas e aceitas em seu
universo infantil. A brincadeira na infância leva a criança a solucionar conflitos por meio da
imitação, ampliando suas possibilidades linguísticas, psicomotoras, afetivas, sociais e
cognitivas (RAU, 2011, p. 50).
Dessa forma, o brincar tem grande importância para o desenvolvimento infantil, pois através
das regras internalizadas nos jogos e brincadeiras a criança vai ampliando seu vocabulário,
4

aprendendo a respeitar o outro e se desenvolvendo coletivamente. Esses elementos constituídos nos


jogos contribuem para construção de um sujeito solidário e na formação de sua identidade. Como
podemos verificar, as atividades lúdicas são fontes inesgotáveis de interação, que sempre estiveram
presentes na vida das pessoas, passando de geração em geração, carregando consigo diferentes
formas de relações sociais e o prazer de brincar. Assim sendo, levar em consideração a história da
criança, oferecendo momentos onde possa exercer o direito de ser expressar livremente durante as
brincadeiras de faz de conta, é possibilitar a criança a ampliar seu conhecimento de mundo. Para
que a aprendizagem se torne eficaz, o lúdico é um instrumento importante para facilitar o ensino.
Permitir a criança brincar é uma tarefa essencial do educador.
Nesse sentido destaca-se que:
As crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo utilizando objetos, bem
como desenvolvem a noção de causalidade, 18 chegando a representação e, finalmente, a
lógica. As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem;
assim esforçam-se para superar obstáculos, tanto cognitivos, quanto emocionais. Estando
mais motivados durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente. (OLEQUES,
2009, apud RAU, 2011, p. 58)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo iniciou-se por uma minuciosa pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de materiais já
publicado, constituído principalmente de livros, revista, artigos e materiais disponíveis na internet.
Em relação à sua natureza, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, pois, a mesma permite
trabalhar com os sentimentos e falas do envolvidos no estudo. Como afirma Minayo (1994, p.21 e
22 ) ao dizer que:
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências
sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

4. CONCLUSÃO
No transcorrer deste artigo procuramos nos remeter a reflexões sobre a importância das
atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de extrema
relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver. É relevante
mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar num constante quadro de
inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. É sempre bom que se auto-avaliem
fazendo perguntas como: A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo?
Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma
relação de proximidade cultural e humana? Como estamos agindo diante das crianças? Elas são
5

ouvidas? Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o
educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim,
será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico,
buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência que
possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola,
1995.

BARRETO, Siderley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau: Odorizzi,


1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial


curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. v. 2.

CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.

FRIEDMANN, Adriana. O Brincar na Educação Infantil: Observação, Adequação e inclusão. 1. Ed.


– São Paulo: Moderna, 2012.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 14 Ed. – São
Paulo: Cortez, 2011.

MINAYO, M. C. de S. [et al.] (Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 2. ed. Rio de
Janeiro: Vozes,1994.

RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A Lucidade na Educação: Uma Atitude Pedagógica. – 2. Ed.
Ver., atual. e ampl. – Curitiba: Ibpex, 20211.

RODRIGUES, Farias Janaina. Jogos Lúdicos no Processo Ensino Aprendizagem na Educação


Infantil. Disponível em: http://repositorio.uniceub.br. > Acesso em 07 de jul. de 2022.

SOMMERHALDER, Aline. Jogo e a Educação da Infância: Muito Prazer em Aprender/ Aline


Sommerhalder, Fernando Donizete Alves. – 1. Ed. Curitiba, PR: CRV, 2011.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. O Brincar na Escola: Metodologia Lúdica – vivencial Coletânea
de Jogos. 2. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
6

Você também pode gostar