Drec Ciencias Humanas PDF
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Émile Durkheim na Sociologia, surgia o conceito de sociedade como organismo vivo13.
14
Já Herbert Spencer (1820-1903) traz, na teoria da
evolução das sociedades. Estudo desenvolvido antes de Darwin pensar o conceito de
evolução, ao construir quadros evolutivos, encaixando diferentes sociedades a partir de
seu modo de vida e tendo como topo a sociedade europeia. Da mesma forma, a História
cumpria a tarefa de construir uma identidade nacional balizada em uma memória coletiva,
a fim de legitimar os Estados-nações; a Sociologia traçava estratégias para ordenar e
reordenar as novas relações sociais; o Direito encarregava-se de construir um aparato
jurídico para a conservação ou renovação da ordem social; a Economia buscava a
otimização da produção e consumo; a Psicologia procurava compreender e curar o ser
humano dos impactos da vida urbana; a Antropologia, a compreensão da diversidade
humana a a Geografia mapeava as
potencialidades dos territórios nacionais e colocava como novas fronteiras aqueles a
serem conquistados.
A partir do século XIX, os pressupostos teóricos de Marx e Engels instituíram
ricos debates na área, sob forte enfoque social, engajados na ação política e de
transformação, pautados na formação de consciência social de classe e na equidade dos
sujeitos. Novas perspectivas teóricas têm auxiliado no enfraquecimento da corrente
teórica positivista, através de uma orientação mais relativista às análises. Assim, a área
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas passou por importante experiência
interdisciplinar como solução aos impasses epistemológicos e metodológicos. Nos
séculos XX e XXI, surgiram abordagens diversas e inovadoras, como Claude Lévi-
Strauss e o estruturalismo, Karl Popper e a lógica das Ciências Sociais, Jurgen Habermas
com a teoria crítica e sua teoria da ação comunicativa. Neste sentido, temos na atualidade
a geopolítica, a etnologia, a geohistória, a sociolinguística, história e geografia
econômicas, dentre outras.
Assim, as Humanidades passam por complexo processo de ressignificação, que
vão desde o seu papel enquanto ciência, a formação de cursos e pós-graduações
interdisciplinares e o surgimento de novas áreas de saber. A área é atravessada pelo papel
proeminente da tecnologia na era da globalização, responsável por gerar fluxos
13
Este termo é encontrado na obra: DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São. Paulo:
Martins Fontes, 34° ed., 2007.
14
A partir das teorias evolucionistas de Darwin esta problemática é encontrada em: ERIKSEN, Thomas;
NIELSEN, Finn. História da Antropologia. Petrópolis: Editora Vozes, 2012.
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comunicacionais locais, globais e glocais15 em espaços geopolíticos diversificados e em
contextos transnacionais, de contatos eivados pela diversidade e pluralidade dos povos.
A necessidade que os indivíduos têm de desenvolver melhor entendimento do
mundo e da humanidade para melhor navegação social faz da área de CHSA16
conhecimento essencial para o presente momento social. A interculturalidade,
transculturalidade e comunicação global são necessárias para a experiência do mundo
digital e para o domínio de ferramentas que se tornaram cada vez mais cotidianas.
No Brasil, as Humanidades tiveram tradição representada nos programas de
ensino do Colégio Pedro II, durante o século XIX e parte do XX. Nesse ensino, visava-
da nação. As disciplinas das Ciências Humanas eram vistas como estratégicas para a
. Esse conhecimento
estava marcado pelo Positivismo
As transformações pelas quais o Brasil passou na virada do século XIX para o
XX, como a proibição da escravidão e o advento da república, geraram a produção de
conhecimentos voltados para as questões sociais, porém com um viés racista. A influência
de teóricos alemães e ingleses refletiu em uma compreensão da sociedade brasileira que
buscava entender a mestiçagem racial como impureza e como forte influência sobre o
atraso no desenvolvimento da nação. O momento
15
- In:
MODEDERO, Juan Carlos (coord.). Cansancio del Leviatán: problemas políticos de la mundialización.
2003, pp. 261-284.
16
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
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para apresentar aos jovens estudantes as instituições da sociedade brasileira e a
organização do Estado, sua Constituição os direitos políticos e deveres do cidadão. Seus
modelos eram a "Instrução Cívica" francesa e a "American Government" estadunidense.
Neste período, o processo de construção das habilidades e competências em Sociologia e
Filosofia foram excluídas do currículo de ensino devido ao processo político ditatorial
militar instituído.
Ao fim da Ditadura Militar, esse currículo foi revogado, buscando-se a uma
endê-
lo em sua complexidade e diversidade étnica, cultural e social. As Humanidades agora
podem contribuir com as Ciências Exatas ao demonstrar que não existe neutralidade
axiológica nas ciências e que nenhum objeto de conhecimento deixa de afetar e ser
afetado pelo pesquisador, em um movimento inverso ao que acontecia no Positivismo no
século XIX.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei N° 9.394/1996,
estabeleceu-se a finalidade da educação
17
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares: Área de Ciências Humanas.
Cuiabá: Secretaria de Estado de Educação e Mato Grosso, 2010.
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Entenda os processos de socialização e coletividade, na reflexão e
problematização das mudanças advindas das tecnologias no
desenvolvimento e na estruturação da sociedade;
Propicia o desenvolvimento da consciência crítica sobre o conhecimento,
razão e realidade sócio-histórica, cultural e política;
Promova apropriação das ferramentas tecnológicas para a produção do
conhecimento e instigar o estudante a entender as relações de produção
e consumo como potencializadoras das desigualdades sociais e o papel
das ideologias nesse contexto.
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Esses documentos remontam os quatro pilares propostos pela Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI, da UNESCO, amparados no aprender
a conhecer, no aprender a fazer, no aprender a conviver e no aprender a ser. A
sensibilidade e criatividade do indivíduo, que superam a padronização, estão presentes no
aprender a conhecer e no aprender a fazer, trazendo a integração entre teoria e prática. A
equidade social, presente na democracia, está corporificada no aprender a conviver, na
construção de uma sociedade mais solidária e cooperativa e menos individualista. O
fortalecimento das identidades é exigido pelo aprender a ser, na constituição de
identidades responsáveis e solidárias. Tais documentos são princípios que dão sentido à
área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
A Base Nacional Comum Curricular da área de Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas (CHSA), composta pelos componentes curriculares de Sociologia18, Filosofia,
Geografia e História, propõe o aprofundamento das aprendizagens essenciais, objetos do
conhecimento e ampliação das habilidades desenvolvidas no Ensino Fundamental,
sempre orientada por uma formação ética, propondo a articulação de temas, conceitos e
teorias. A área tem como princípios: a justiça, a solidariedade, a autonomia, a liberdade
de pensamento e de escolha, também é inerente a área à interculturalidade, à equidade, à
compreensão e ao reconhecimento das diferenças sociais, étnicas, de gênero e culturais,
bem como o respeito e a prática dos direitos humanos, na desnaturalização das
explicações dos fenômenos sociais e o combate aos preconceitos de qualquer natureza.
18
Compreende-se o componente curricular de Sociologia enquanto Ciências Sociais, justamente pela
abrangência deste componente no Ensino Médio, que apresenta também as habilidades e competências da
Antropologia e Ciência Política.
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dá a progressão das habilidades de forma processual e que exige em cada Etapa e fase do
ciclo de aprendizagem o desenvolvimento de certas habilidades. Peguemos por exemplo
a necessidade de desenvolver a alteridade e combate à discriminação e violências
presentes na sociedade atual.
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Educação Básica, desde os primeiros anos de vida das crianças, o cuidado e as
convivências sociais são de suma importância para o seu desenvolvimento. Todo processo
de vivências, saberes e experiências estão intrínsecos à área de Ciências Humanas:
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que a criança se constitui como sujeito pertencente a um grupo social; 5) Espaços,
tempos, quantidades, relações e transformações: para os conhecimentos do mundo
físico e sociocultural (BNCC, 2017).
Articulado com as aprendizagens adquiridas na Educação Infantil através dos
campos de experiência, a criança progride para o Ensino Fundamental, etapa organizada
em duas fases: Anos Iniciais e Anos Finais. No Ensino Fundamental, fase dos Anos
Iniciais, do 1º ao 5º ano, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das
aprendizagens anteriores, nessa fase, ampliam-se as experiências para o desenvolvimento
da oralidade e dos processos de percepção, compreensão e representação, bem como as
experiências sociais e culturais, suas memórias, identidade e sua interação com as
tecnologias da informação e comunicação.
Nos Anos Finais, do 6º ao 9º ano, a área de Ciências Humanas contribui para que
os estudantes desenvolvam a cognição, sem prescindir da contextualização marcada pelas
noções de tempo e espaço, desenvolvendo o raciocínio espaço-temporal. Os anos finais
destacam a crítica sistemática à ação humana, às relações sociais e de poder e a produção
, é possível analisar os indivíduos
como atores inseridos em um mundo em constante movimento de objetos e populações e
, 2018, p. 355).
Deste modo, podemos perceber que o Ensino Fundamental se concentra nos
processos cognitivos e socioemocionais de tomada de consciência do indivíduo perante o
mundo social. Assim, são trabalhados os objetos de conhecimento que proporcionam
ênfase no reconhecimento da identidade do sujeito, da alteridade e da percepção de um
mundo social que envolve os jovens estudantes. São abordados diferentes modos de vida,
organização e estruturas sociais, em seus respectivos tempos e espaço, bem como os
processos de transformação de cada indivíduo, da escola, da comunidade e do mundo.
Estes conhecimentos são abordados inicialmente pela Geografia e História, bem como,
Ensino Religioso19. Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular do Ensino
Fundamental compreende este percurso de competências específicas da área, numa
perspectiva de introduzir, aprofundar e consolidar, uma vez que a formação proposta
transcende o universo tecnológico e realiza como proposição empírica o universo das
vivências e concepções dos estudantes.
19
O Ensino Religioso é componente curricular do Ensino Fundamental na área de Ciências Humanas.
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Na Etapa Ensino Médio, são adicionados a esse currículo os componentes
Sociologia e Filosofia, que corroboram para um aprofundamento e consolidação dos
saberes das CHSA, por exemplo, ao trazer os conceitos de cultura, dinâmicas sociais,
choque cultural, relações de produção, existência, trabalho e poder.
Esses objetos de conhecimento constituem saberes de caráter histórico,
geográfico, econômico, político, jurídico, sociológico, antropológico, psicológico e,
sobretudo, filosófico. E já apontam, por sua própria natureza, para uma organização
interdisciplinar20 e/ou transdisciplinar21. Agrupados e reagrupados, a critério da
unidade escolar, em componentes curriculares específicos, itinerários formativos ou
em projetos, programas e atividades que superem a fragmentação disciplinar.
Da mesma forma, a especificidade dos componentes curriculares também deverá
estar presente, considerando que em alguns momentos o professor/a voltar-se-á para suas
especificidades de formação. A Filosofia poderá trabalhar os debates sobre o indivíduo,
conceitos, noções, estética, Filosofia da Ciência e Filosofia Política. A História deverá
estar presente enquanto História das Ciências, na perspectiva da Nova História Cultural,
que considera o pensamento e o conhecimento nas negociações e conflitos da ação social
entre outros. A Geografia pode observar o pensamento espacial e o raciocínio geográfico
na perspectiva da promoção da cidadania e dos direitos sociais. Enquanto a Sociologia,
no que tange às Ciências Sociais, reflete sobre a desigualdade e a diversidade cultural,
bem como os processos identitários e fenômenos, em articulação com as múltiplas
maneiras de organizações políticas. Sociologia, Geografia, Filosofia e História tornam-se
instrumentos na compreensão das práticas sociais e culturais das linguagens, das ciências,
das tecnologias e das Ciências Sociais Aplicadas.
A presença das Ciências Sociais Aplicadas, na área de Ciências Humanas, dá-
se a partir da amplitude na concepção de área, pois os objetos de conhecimento e saberes
das diferentes disciplinas se constituem enquanto direito de aprendizagem das juventudes.
Portanto, conhecimentos da Economia, Psicologia, Direito e outras perpassam todo o
Ensino Médio e permitem compreensão ampla dos fenômenos sociais e dos processos
tecnológicos diversos, amparados nos conhecimentos das Ciências Humanas. É preciso
distinguir o tratamento que a área de CHSA dá às tecnologias e mídias digitais frente às
20
Interdisciplinar: é um termo utilizado para caracterizar a colaboração existente entre disciplinas diversas
ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência (FAZENDA, 2011, p.73).
21
Transdisciplinar: Trata-se frequentemente de esquemas cognitivos que podem atravessar os componentes
curriculares [...] (MORIN, 2000, p.115).
210
Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Enquanto estas últimas produzem tecnologias
objetivas, configuradas em ferramentas que visam à obtenção de evidências, as CHSA
produzem tecnologias sociais22, que remetem a propostas inovadoras de desenvolvimento
(econômico, social ou ambiental), visando à solução para problemas como: melhorar o
saneamento básico, demanda por água potável, alimentação, educação, energia,
habitação, renda, saúde e meio ambiente, etc.
Outra relação que as CHSA têm com as novas tecnologias é a possibilidade de
utilização de recursos de diferentes áreas, como: satélites e fotografia aérea na cartografia,
mídias sociais enquanto tecnologias sociais, questionários e ferramentas online,
desenvolvimento de softwares e aplicativos utilizando os conceitos da área etc. E, por
fim, cabe ainda à área de Ciências Humanas realizar a reflexão sobre como as tecnologias
interferem sobre a realidade social e cultural, discutindo o seu papel, sua relação com a
produção e o consumo, percepção do tempo e valores, fluidez e comunicação global. Na
organização curricular das unidades escolares, a tecnologia, enquanto tema e/ou
aplicação, produto e/ou processo, constituirá um excelente recurso para as aprendizagens
da área.
Dentro de um leque complexo, podemos trabalhar debates sobre diferença
social, interculturalidade, globalização, consumo consciente, responsabilidade social sob
uma perspectiva mais complexa. Estes elementos tornam-se mais adequados ao Ensino
Médio, dado ao desenvolvimento cognitivo das juventudes. Sendo assim, nesta fase da
Educação Básica, é possível ampliar e consolidar o repertório conceitual dos nossos
estudantes e sua capacidade de realizar análises críticas, articulando e analisando
diferentes informações e conhecimentos interdisciplinares. Assim, a Filosofia pode
colaborar com o processo de ensino aprendizagem ao realizar análises dos fenômenos a
partir de métodos e de conceitos científicos, rompendo com o senso comum, Cultura de
Massa, Fake News, Fake History, isto é, desenvolvendo senso crítico a partir das
competências específicas da área.
Além disso, a área de CHSA propõe que as juventudes desenvolvam a
capacidade de estabelecer diálogos e debates entre indivíduos, diferentes grupos sociais
e indivíduos de diferentes nacionalidades, saberes e culturas distintas , elemento
essencial para o desenvolvimento da noção de alteridade, conhecer e reconhecer que a
22
O desenvolvimento das tecnologias sociais, aquelas que são voltadas para a realidade local é uma solução
para as desigualdades de várias ordens, e para que possa ser feito, os viventes desses contextos devem
formular um método próprio de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, de acordo com Amílcar Herrera.
211
diferença não se pode mensurar em uma escala de melhor ou pior, ou, ainda, em uma
escola de desenvolvido e atrasado adotando assim uma postura ética e embasada no
respeito e na equidade.
As habilidades específicas da área de CHSA se voltam à acepção de noções e
conceitos próprios das Humanidades, que se dão no estudo dos componentes de
Sociologia e Filosofia, mas que também se alargam na História e Geografia. A pesquisa
como prática pedagógica, princípio do Ensino Médio, favorece o desenvolvimento de
habilidades relativas à metodologia científica, e, portanto, permite as juventudes
aprenderem a trabalhar com conceitos, bem como, analisar, organizar, comparar e
interpretar fenômenos. Assim, as CHSA permitem ao estudante entender como se dá a
construção de significados pelas diferentes sociedades, bem como sua transformação,
difusão e/ou desconstrução.
Ao trabalhar com metodologias, metodologias ativas e conceitos próprios da
área, as juventudes se aproximam de um pensamento científico, podendo ser capazes de
elaborar hipóteses e argumentos com base em fontes selecionadas, deixando de lado a
prática de copiar e colar. A exemplo disso, a prática da Imaginação Sociológica (MILLS,
1959) é um passo nesse desenvolvimento cognitivo. Ela significa olhar para as coisas de
uma maneira diferente daquela que estamos habituados na vida cotidiana. Para adquirir
esta forma de visão, é necessário analisar a sociedade onde o indivíduo vive de uma
maneira mais ampla, procurando diminuir suas opiniões e o senso comum na análise, uma
vez que os sujeitos são carregados de valores culturais obtidos ao longo de sua vida. Da
mesma forma, a prática da etnografia permite não apenas aprender uma metodologia ou
uma prática de pesquisa, mas é a própria teoria vivida (PEIRANO, 2006). No fazer
etnográfico, a teoria está, de maneira óbvia, em ação, emaranhada nas evidências
empíricas. A união de etnografia e teoria não se manifesta apenas no exercício da
pesquisa. Ela está presente no dia a dia em sala de aula, nas trocas entre professor e
estudantes, nas dúvidas que surgem, nos debates com colegas e pares, e especialmente
212
podem favorecer o desenvolvimento do conhecimento e da convivência social no mundo
contemporâneo.
Nesse sentido, a área favorece o desenvolvimento do protagonismo juvenil,
pois suas habilidades e objetos de conhecimento permitem que as juventudes sejam
capazes de mobilizar diferentes linguagens (textuais, gráficas, cartográficas, artísticas,
digitais, gestuais, tecnológicas, imagéticas etc.), empreender trabalhos de campo
(entrevistas, aplicação de questionários físicos e on-line, observações, observação
participante etc.), recorrer a diferentes fontes de pesquisa, engajar-se em práticas
cooperativas no exercício da alteridade, para a formulação, análise e resolução de
problemas.
A BNCC da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas está organizada em
quatro categorias, de modo a garantir aprendizagens às juventudes do Ensino Médio,
fundamentais à sua formação enquanto sujeito e agente social: Tempo e Espaço;
Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cultura e Ética; e Política
e Trabalho. Cada categoria pode ser desdobrada em outras ou ainda analisadas à luz da
especificidade e das diversas situações sociais que se apresentam no Estado de Mato
Grosso.
Portanto, devemos considerar as especificidades que a área de CHSA apresenta
nas diferentes modalidades do Ensino Médio, e, a complexa realidade social mato-
grossense. Assim, a área favorece tratar as juventudes em suas diversas características no
que tange ao processo de anseios e projetos de vida acadêmica e profissional. Neste
documento, entendemos e consideramos que a proposta do Novo Ensino Médio propõe
que o direito de aprendizagem não pode fragmentar o currículo educacional apenas aos
quesitos mensuráveis e avaliativos. Deve promover, ,o
processo de autonomia e fator de escolha e flexibilização do currículo ao qual a BNCC
do Ensino Médio propõe se expressar em cada unidade escolar.
Neste sentido, os princípios específicos garantidos na Resolução CNE/CEB Nº
3, de 21 de Novembro de 2018, em seu 5° artigo, justificam a abordagem que a área de
CHSA pretende contribuir: I - formação integral do estudante; II - projeto de vida como
estratégia de reflexão sobre trajetória escolar na construção das dimensões pessoal, cidadã
e profissional do estudante; III - pesquisa como prática pedagógica; IV - respeito aos
direitos humanos; V - compreensão da diversidade e realidade dos sujeitos; VI -
sustentabilidade ambiental; VII - diversificação da oferta de forma a possibilitar múltiplas
trajetórias por parte dos estudantes e a articulação dos saberes com o contexto histórico;
213
VIII - indissociabilidade entre educação e prática social. A garantia destes princípios
coaduna com a ampliação de oferta e oportunidades atreladas ao currículo inerente à área
de CHSA.
Considerando os pressupostos aqui apresentados, em articulação com as
competências gerais da Educação Básica e do Ensino Fundamental, no Ensino Médio, a
área de CHSA deve garantir aos estudantes o desenvolvimento de competências
específicas. Relacionadas a cada uma delas, serão indicadas neste documento
habilidades a serem alcançadas nessa etapa da Educação Básica. Passaremos agora a
pensar a situação desta área na Etapa Ensino Médio na rede de ensino em Mato Grosso.
214
O ENEM é composto por 180 (cento e oitenta) questões de múltipla escolha,
distribuídas de forma equitativa nas 4 (quatro) áreas do conhecimento (Ciências
Humanas; Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e Matemática) e uma avaliação qualitativa (redação). A prova de Ciências
Humanas contém 45 (quarenta e cinco) questões. O resultado do ENEM é baseado no
cálculo da proficiência do participante, a partir de suas respostas às questões de múltipla
escolha da prova objetiva, e tem como parâmetro a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A
Matriz de Referência do ENEM constitui-se por 5 (cinco) eixos cognitivos comuns a todas
as áreas do conhecimento: dominar as linguagens, compreender os fenômenos, enfrentar
as situações problemas, construir argumentação e elaborar propostas e das competências
e habilidades exigidas para cada área do conhecimento. Nesse exame, a área de Ciências
Humanas apresenta 6 (seis) 06 competências que se desdobram em 30 (trinta) habilidades.
Este diagnóstico toma como base os resultados do ENEM através da
apresentação de dados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira). Inicialmente, apresentamos o desempenho dos estudantes
na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no estado de Mato Grosso,
considerando as médias obtidas na prova do ENEM a nível estadual, regional e nacional
no período 2014 a 2018. Nesta análise não serão realizados comparativos de médias de
desempenho com outras áreas.
Figura 1 Evolução das médias de Ciências Humanas e suas Tecnologias no ENEM (20014-2018).
215
Conforme a Figura 1, o desempenho dos estudantes de Ciências Humanas em
Mato Grosso no período de 2014 a 2018 apresentou oscilações, seguindo a tendência
nacional e regional. A menor média verificada foi de 506,39 em 2017 e a maior de 554,94
em 2018. Observa-se que, para todo o intervalo analisado, sempre as médias de Mato
Grosso foram inferiores às da Região Centro-Oeste e do Brasil. Entretanto, nota-se que,
após um período de declínio entre 2015 a 2017, tanto em nível estadual, regional e
nacional, as médias de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas iniciaram uma nova etapa
de crescimento. Entre 2017 e 2018, as médias em Mato Grosso aumentaram de 506,39
para 554,94, na Região Centro-Oeste ampliaram de 518,3 para 565,42 e no nacional, de
518,83 para 568,1, estando assim o estado de Mato Grosso muito próximo à média
nacional.
216
A Figura 2 compara as médias de desempenho em Ciências Humanas obtidas no
ENEM 2018 entre as unidades federativas do Brasil. O estado de Mato Grosso ficou na
17ª posição nesse ranking. A sua média de 554,94 também foi a menor entre as unidades
federativas da Região Centro-Oeste e inferior ao do Brasil, que foi de 568,1.
Segundo os dados apresentados no site do INEP23, as proficiências na área de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em 2018: Proficiência Média Geral 554,94;
Proficiência Mínima 387,2; Proficiência Máxima 850,4; Proficiência Média
Concluintes 561,7; Proficiência Média Egressos 573,4; Proficiência Média Treineiros
575,2. Tomando como base o relatório dos resultados do ENEM entre 2017 e 2018
houve um crescimento no que se refere à proficiência média na área. A proficiência média
em 2017 na Área de Ciências Humanas foi de 506,39 pontos, já em 2018 a média foi de
554,94 pontos.
Na edição de 2018 do ENEM, também foram apresentados os números de
redações nota zero e nota 1000 em todo o território nacional. Ao todo, apenas 55 dos
participantes obtiveram a nota máxima e 112.559 (2,73%) zeraram a prova dissertativa.
O número de notas zero é bem menor que o de 2017. Conforme o INEP, os principais
motivos para nota zero no Enem 2018 foram: redações em branco (1,12%), fuga ao tema
(0,77%) e cópia do texto motivador (0,36%). Podemos ressaltar que o exame qualitativo,
a redação no ENEM, coaduna com as competências e habilidades trabalhadas por todos
os componentes curriculares da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. No que
se refere ao tema, os conteúdos de opinião, compreensão e construção de argumentos nas
temáticas da área exibem a necessidade de ampliação das aprendizagens e competências
no Ensino Médio, o que pode ocasionar em melhores índices para os estudantes.
Os resultados indicados na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em
Mato Grosso refletem o que tem sido observado em outros índices de avaliação para todo
o Ensino Médio. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Ensino
Médio em Mato Grosso vem apresentando médias inferiores às metas estabelecidas desde
2011 (INEP, 2019). O indicador também tem sido inferior aos da Região Centro-Oeste e
do Brasil. Na última divulgação deste desempenho, o estado de Mato Grosso ocupou a
17ª posição entre as 27 unidades da federação. Entretanto, estes dados não refletem o
diagnóstico específico da área quando tratamos da realidade da educação no Estado de
23
Localizado sobre a URL: http://www.inep.gov.br/
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Mato Grosso e suas características. As diversidades de proficiências específicas na área
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas têm por interesses diversas outras
características e realidades que vão além dos dados quantificados pelo ENEM.
Outra maneira de realizar diagnóstico na Etapa Ensino Médio, sem considerar a
área do conhecimento, é a observação das taxas de rendimentos nesta etapa da Educação
Básica (Taxa de aprovação, Taxa de reprovação e Taxa de abandono) obtidas no Censo
Escolar e disponibilizadas pelo INEP. Conforme o quadro 1, no estado de Mato Grosso,
foi registrada uma taxa de aprovação de 75,8%, de reprovação foi de 14,8% e a de
abandono 9,4%. Nas taxas, estão representadas todas as unidades escolares de oferta de
Ensino Médio no estado, incluindo as de dependências federais e particulares. Entretanto,
quando se separa por fases, nota-se que o 1° ano apresenta os piores indicadores, com
taxas de 20,6% de reprovação e 12,1% de abandono. De maneira que, somente nessa fase,
cerca de 32,7% dos estudantes não progrediram em 2018. Assim, esta fase inicial da Etapa
Ensino Médio constitui um grande desafio a ser superado como forma de garantir os
direitos de aprendizagens nas séries seguintes.
Por outro lado, o estado avançou no quesito de progressão dos estudantes nesta
Etapa, quando se considera todas as séries. Por esse motivo, Mato Grosso ocupou a 5ª
posição no quesito de distorção idade-série (INEP, 2019). Assim, a proficiência dos
estudantes do Ensino Médio constituiu-se em um grande desafio a ser atingido como
forma de garantir os direitos de aprendizagem. As melhorias necessárias para as
aprendizagens de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas requerem a reconstrução de uma
Nova Escola por meio do estabelecimento de um Novo Ensino Médio. O currículo deve
ser flexível, abrangente e conectado com as novas propostas da BNCC.
218
7.4 Realidades cotidianas enfrentadas pelas Juventudes do Ensino
Médio
219
7.5 Estrutura da Área de CHSA na Etapa Ensino Médio
220
científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se
criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e
tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica;
2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as
territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações;
3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e
sociedades com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de
alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental
e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global;
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios,
contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção,
consolidação e transformação das sociedades;
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e
respeitando os Direitos Humanos;
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e
fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
221
habilidades podem ser distribuídas nos três anos e podem ser trabalhadas e (re)trabalhadas
de forma espiralada em momentos diferentes. Essa maneira de atuar pedagogicamente
significa que é possível desenvolver algumas competências e, ao longo da Etapa, abordar
determinados assuntos, ou, ainda, é possível explorar ao máximo certas categorias e
conceitos. Isto não impede as habilidades possam ser novamente trabalhadas em outras
perspectivas ao longo do processo de aprendizagem.
Na Etapa Ensino Médio, as CHSA apresentam-se algumas novidades. A
primeira seria a própria contextualização dos conceitos e noções da própria área, que
marca uma diferenciação de ordem epistemológica. Outro aspecto seria relacionado à
contextualização no tratamento dos temas de modo a sempre situá-los nos contextos e nos
lugares das juventudes, relacionando a ação protagonista dos estudantes com sua ação
autoral/protagonismo no desenvolvimento dos saberes e nos projetos de pesquisa ou de
intervenção, bastante valorizado pela BNCC. Por fim, a área dialoga diretamente com o
desenvolvimento dos projetos de vida dos estudantes.
No Ensino Médio, a área de CHSA está estruturada a partir das seis
competências apresentadas acima, e, trinta e duas habilidades. A primeira competência é
de ordem epistemológica, filosófica e engloba toda a área. Ela problematiza a própria
natureza do conhecimento e os paradigmas dicotômicos ocidentais como: civilização x
barbárie, razão x emoção, material x virtual. Assim, ela opera através do pensamento
complexo24 e explicita o sentido da reflexão crítica e ética que atravessam todas as
competências e habilidades da área de CHSA.
A segunda competência contempla a análise da formação de territórios e
fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder
que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-Nações, abrange
todos os componentes curriculares da área e estimula o olhar crítico dos estudantes para
as estruturas do poder presentes na sociedade contemporânea.
Enquanto isso, a terceira competência trabalha as relações entre sociedade e
natureza numa perspectiva socioambiental e de sustentabilidade, desenvolve o
protagonismo do estudante, a reflexão, a ética socioambiental, o consumo responsável e
a sustentabilidade global. Já na quarta competência, o estudante ao analisar as relações
de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discute o
24
Em suas obras Edgar Morin evidencia a importância da composição de saberes, do constituir-se em
relação ao próprio contexto social e o do estar no mundo percebendo que o todo é maior que a soma das
partes.
222
papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades
estimulando o seu protagonismo, e estabelece premissas a serem desenvolvidas em seu
projeto de vida.
Ao se observar a quinta competência, podemos perceber que ela opera com
visão e concepção de mundo, valores e atitudes que visam o combate às injustiças, um
compromisso e respeito com a democracia e os Direitos Humanos. A partir dela, é
possível desenvolver o protagonismo dos estudantes na proposição de ações éticas de
combate à violência e de formação ética.
E por fim, não menos importante, temos a sexta competência, que busca
desenvolver a atuação protagonista do estudante mediante a participação pública e
coletiva, com respeito à diversidade, fortalecendo a cidadania, promovendo o seu projeto
de vida e a compreensão das demandas de povos indígenas e afrodescendentes no Brasil
atual.
A BNCC das CHSA tem concepção marcada pela diversidade de juventudes e
de narrativas, e, cada componente tem sua especificidade, mas há um diálogo intenso
entre eles. Vemos a Filosofia no seu tratar do Ser Humano e dos Paradigmas do
Pensamento, enquanto a Sociologia trata das Instituições e dos Grupos Sociais, a História
dos processos e dinâmicas em diferentes Tempos e Espaços, e em Geografia as relações
em Sociedade e Natureza, sempre em perspectiva interdisciplinar.
Uma das características fortes da BNCC é o reforço a uma visão de área. Porém
com isso não quer dizer que os componentes curriculares estão dispensados. Devemos
sempre aferir as especificidades de cada componente devido às contribuições que cada
um tem para os estudantes dessa etapa de ensino.
Neste sentido, devemos pensar na organização das categorias da área e o que
cada uma delas possibilita na mediação do conhecimento escolar, que permite a melhor
compreensão de mundo em que o jovem está inserido, realizando conexão com o seu
projeto de vida. Deste modo, as categorias das CHSA podem ser consideradas:
223
A primeira categoria é Tempo e Espaço, que esclarece os fenômenos nas CHSA
ao identificar contextos, sendo categorias que sempre estão juntas e não se dissociam. Na
Etapa Ensino Médio, os objetos de conhecimento propiciam a análise de acontecimentos
ocorridos em diferentes circunstâncias podendo fazer associações, comparações, assim
como a compreensão dos processos marcados por continuidade, mudanças e rupturas.
Explicar o que é semelhante ou diferente em cada cultura não é um movimento
simples. É tão complexo quanto explicar as razões e os motivos (materiais e imateriais)
responsáveis pela formação de uma sociedade, sua língua, usos e costumes. Explicar a
humana seria considerado atividade difícil (BRASIL,
2018, p. 563). Nesse sentido, o próprio conceito de tempo e espaço pode adquirir
diferentes significados, sendo considerado um desafio sobre o qual se debruçaram
diferentes áreas do saber, como a Filosofia, a Matemática, a Biologia, e a própria área de
CHSA. O Tempo pode assumir significados diferentes e não é homogêneo, nem
tampouco linear, salutar é a compreensão que o tempo assume significados e importância
variados.
É salutar que na Etapa Ensino Médio os estudantes possam adquirir
conhecimentos necessários que os levem à compreensão das diferentes dimensões da
cronologia do tempo, sejam estas simbólicas ou abstratas, da concepção e noções do
tempo e espaço para diferentes povos e sociedades. O espaço não deve ser representado
somente pelas cartografias, mas, sim, deve ser contemplado pelas dimensões históricas e
culturais, estar associado aos diferentes arranjos de diversas naturezas que contemplem o
ir e vir de povos e sociedades com seus eventos, disputas, tradições e ou denominações.
Assume também o espaço um lugar na distribuição e circulação das mercadorias dos
insumos e consumo, realiza-se fluxos e estabelece-se relações de trocas e trabalho com
seus ritmos variados.
A segunda categoria é Território e Fronteira, a qual pode ser considerada
bastante ampla. Na BNCC, essas duas categorias estão descritas da seguinte forma:
224
também é uma categoria construída historicamente. Ao expressar uma cultura,
povos definem fronteiras, formas de organização social e, por vezes, áreas de
confronto com outros grupos. A conformação dos impérios coloniais, a
formação dos Estados Nacionais e os processos de globalização problematizam
a discussão sobre limites culturais e fronteiras nacionais. Os limites, por
exemplo, entre civilização e barbárie geraram, não raro, a destruição daqueles
indivíduos considerados bárbaros. Temos aí uma fronteira sangrenta. Povos
com culturas e saberes distintos em muitos casos foram separados ou
reagrupados de forma a resolver ou agravar conflitos, facilitar ou dificultar
deslocamentos humanos, favorecer ou impedir a integração territorial de
populações com identidades semelhantes (BRASIL, 2018, p. 564).
225
governar. Ou seja, os seres humanos têm uma necessidade vital da convivência
coletiva. (BRASIL, 2018, p.565).
Mas, para além de sua condição social e política, o ser humano tem a condição de
subsistir, nesse viés, a busca constante pela sobrevivência. Para isso, coexiste em uma
ligação direta com a natureza no sentido de transformá-la, o que permite a interação com
outros indivíduos, no agrupamento com outros, delineiam sua forma de vida, hábitos,
costumes, tradição e valores como ser social, dentro de um grupo específico, apropriando-
se e interagindo em uma determinada cultura. Nas relações com demais indivíduos, passa
a estabelecer ligações e interações sociais, constrói visão e compreensão do mundo, com
signos, símbolos, significados e representações.
As diferentes formas de organização do espaço físico territorial presentes no
mundo, com suas organizações próprias, culturas e tradições, apontam as formas diversas
como esses grupos e povos se relacionam com a natureza, no sentido de protegê-la e
preservar, bem como, dos problemas ambientais decorrentes do mau uso e mal cuidado
da mesma, demonstra o grau cognitivo no que tange a sustentabilidade e a preservação da
226
diversas, como no ambiente de trabalho, familiar, bairro, religião e outros, como também
em relação a outros povos.
Importante garantir aos estudantes de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas o
olhar cuidadoso a essas diferenças, permitindo o entendimento de que os povos são
diversos e devem coexistir em suas diversidades ao reconhecer os pontos de vistas e de
mundo diferentes. Desse modo, o aprofundamento das questões sociais, culturais e
individuais permite enraizar, no Ensino Médio, a discussão sobre a ética. A fim de
permitir aos estudantes aprofundamentos sobre questões básicas que envolvem o respeito
às diferenças, a convivência e o bem comum na perspectiva de pensar a ética dentre os
princípios dos direitos humanos, como estímulo do acolhimento das diferenças entre
diferentes povos com intuito de promover o convívio social e o respeito às pessoas, à
coletividade e ao bem público.
Para tanto, tendo em vista o conhecimento do Outro, da outra cultura, isso
possibilita o desenvolvimento da empatia ao se indagar e indagar ao Outro, atitude
fundamental a ser
é o primeiro passo para a formação de sujeitos protagonistas tanto no processo de
construção do conhecimento como da ação ética diante do mundo real e virtual, marcado
por uma multiplicidade de culturas (BRASIL, 2018, p. 567).
A categoria Política e Trabalho também ocupa posição de destaque nas
Ciências Humanas, uma vez que a vida em sociedade depreende práticas individuais e
coletivas que são mediadas pela política e pelo trabalho. Alguns dos temas que incitam a
produção de conhecimento nessa área são: o diálogo sobre o bem comum e do público,
dos regimes políticos e dos modelos de organização em sociedade, as lógicas de poder
deliberadas em diferentes grupos, a micropolítica, as conjecturas a respeito do Estado e
seus artifícios de legitimação, bem como a interferência da tecnologia nas formas de
sistematização da sociedade.
A política está na gênese do pensamento filosófico na Grécia Antiga, quando a
prática da argumentação e o diálogo a respeito dos destinos das cidades e suas leis
impulsionaram a retórica (in. Rheloric. fr. Rhétorique. ai. Rhetorik it. Retórica,
ABBAGNANO, 2007, p. 856). Arte de persuadir com o uso de instrumentos linguísticos
e a abstração como técnicas indispensáveis para a discussão sobre o bem comum. Nesse
sentido, a política é compreendida como ação e inclusão do indivíduo na sociedade e no
mundo, inserindo o viver coletivo e a cidadania.
227
Essa prática possibilitou ao cidadão da pólis perceber a política como uma
edificação humana que é capaz de oportunizar as relações entre indivíduos e povos, bem
como fomentar a crítica a procedimentos políticos, como a demagogia e a manipulação
do interesse público. Assim, a política é uma ferramenta empregada para lutar contra os
autoritarismos, as tiranias, os terrores, as violências e as inúmeras maneiras de demolição
da vida pública. Na atualidade, as questões ligadas à política ganham maior visibilidade
na geopolítica tanto em escala local quanto global, uma vez que apontam os conflitos
entre pessoas, grupos, países e blocos transnacionais. Desta forma, a política se configura
como uma categoria imprescindível a ser examinada, conhecida e compreendida pelos
estudantes.
Destarte, as discussões no que tange os modelos de sistematização do Estado, de
governo e do poder são temáticas proferidas no Ensino Fundamental e aprofundadas e
consolidadas no Ensino Médio, principalmente em seu aspecto formal e como sistemas
jurídicos complexos. Desta forma, são apresentados alguns elementos capazes de
conciliar vários temas de ordem econômica, social, política, cultural e ambiental, que
possibilitam principalmente o debate a respeito dos conceitos difundidos por diferentes
sociedades e culturas.
A categoria trabalho, no que lhe concerne, abarca múltiplos aspectos
antropológico, filosófico, econômico, sociológico ou histórico: como virtude; maneira de
gerar riqueza, de controlar e de transformar a natureza; como mercadoria; ou como
mecanismo de alienação. Também é possível abordar a esfera trabalho como categoria
examinada por diversos autores, como: trabalho como valor (Karl Marx); como
racionalidade capitalista (Max Weber); ou elemento de interação do indivíduo na
sociedade em suas dimensões tanto corporativa como de integração social (Émile
Durkheim). O percurso ou os percursos definidos para desenvolver o tema deve salientar
a correlação sujeito/trabalho, do mesmo modo que toda a sua teia de relações sociais.
Na atualidade, as mudanças na sociedade são amplas, principalmente por conta
do emprego de novas tecnologias. Desta forma, pode se perceber alterações nas maneiras
de atuação dos trabalhadores nas diferentes esferas da produção, a diversificação das
relações de trabalho, a variação índices de emprego e desemprego, o uso do trabalho
inconstante, ou seja, temporário, a dispersão dos locais de trabalho, e o crescimento global
da riqueza, suas diversas maneiras de concentração e divisão, e suas implicações a
respeito das desigualdades sociais.
228
Existe hoje mais oportunidade para o empreendedorismo em todas as classes
sociais, o que aumenta, desta forma, a relevância da educação financeira e do
entendimento do sistema monetário nacional e mundial, que são primordiais para inclusão
crítica e consciente no mundo atual. Instituem-se, nessa conjuntura, novos desafios às
Ciências Humanas, abrangendo o entendimento dos efeitos das inovações tecnológicas
nas relações de produção, trabalho e consumo.
Assim, o conhecimento das categorias Política e Trabalho, ao longo do Ensino
Médio, deve proporcionar aos estudantes examinar e entender a realidade, identificando
os diversos projetos políticos e econômicos em disputa nas diferentes sociedades. Por
conseguinte, a heterogeneidade de concepções de mundo e a convivência com a
diversidade propiciam ao estudante o desenvolvimento da sensibilidade, da autocrítica e
da criatividade, resultando em ganhos éticos relacionados, ao protagonismo juvenil, isto
é, à autonomia das deliberações em consonância com valores como liberdade, justiça
social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade.
Isso posto, para desenvolver de forma significativa as categorias inerentes à área
de Ciências Humanas, faz-se necessário o conhecimento da Base Nacional Comum
Curricular e do Documento de Referência Curricular para Mato Grosso, etapas do Ensino
Fundamental e Ensino Médio, para que as escolas possam reestruturar seu Projeto Político
Pedagógico junto com a comunidade escolar. Esse processo é de suma importância para
a democracia e autonomia da escola, uma vez que o projeto pedagógico deve considerar
as especificidades das escolas urbanas, do campo, quilombolas, indígenas e
especializadas, possibilitando ao estudante: refletir criticamente sobre a realidade em que
está inserido; ser protagonista e solidário; orientar a construção de seu projeto de vida e
de sociedade; usar os conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos para
resolver problemas e intervir criticamente nas questões sociais.
229
Categorias: Tempo e Espaço, Territórios e Fronteiras, Indivíduo, Natureza, Sociedade,
Cultura e Ética e Política e Trabalho, conforme ampliaremos nossos horizontes abaixo:
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1:
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de
procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e
posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista
e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
HABILIDADES
HABILIDADES OBJETOS DO CONHECIMENTO
PRÉVIAS
230
(EM13CHS102A.MT) cultural; Emancipação e opressão no mundo moderno;
Identificar, analisar e discutir as Organização e regionalização de um mundo desigual;
circunstâncias históricas,
A configuração política da organização e produção do
geográficas, políticas,
econômicas, sociais, ambientais e espaço; Natureza, sociedade e espaço geográfico;
culturais de Mato Grosso. Racismo e Sociedade; Definição e características do
(EM13CHS102B.MT) refletir, racismo Racismo na ciência (racialismo científico e
compreender e protagonizar as eugenia); Ideias e estereótipos racistas na cultura;
referências culturais de matrizes Implicações sociais e políticas do racismo; Lutas e
conceituais (etnocentrismo, ideias antirracistas. Filosofia moral e relativismo;
racismo, evolução, modernidade,
A dialética como um processo de obtenção de
cooperativismo/desenvolvimento,
etc.), avaliando criticamente seu conhecimento; Diversidade cultural; Movimentos
significado histórico e social Sociais; Sociedades indígenas e o mundo
comparando-as a narrativas que contemporâneo; A diversidade e o direito à diferença.
contemplem os diversos agentes e Formação da Antropologia como ciência;
expressões de Mato Grosso. Evolucionismo e diferença; Darwinismo Social;
Mitos, narrativas e estruturalismo; A Cultura para a
Antropologia; Etnocentrismo e Alteridade;
231
identidade e a diversidade espaço de poder; Geopolítica de Mato Grosso;
cultural em MT. Geoeconomia de Mato Grosso Antropologia
filosófica: identidade e diversidade; Ética e diversidade
cultural, a questão dos valores; Cultura erudita e cultura
popular: o papel da escola na formação; "Cosmovisões
indígenas e africanas no Brasil"; Filosofias e visões de
mundo dos povos indígenas e africanos no Brasil;
Saberes, crenças e pensamentos acerca do ser humano,
da sociedade, da natureza e da cultura; Perspectivismo;
Ancestralidade; A crítica
filosófica do mito; Mito e religião; Mito e política;
Antropologia filosófica; Cultura e natureza. Hannah
Arendt; Patrimônio cultural; Relativismo Cultural;
Identidade; Parentesco e modos de organização
social; Religiosidade; Correntes teóricas da
antropologia; A cultura popular; Apropriação
cultural, ressignificação e reestruturação das culturas
indígenas e quilombolas no Brasil e no Mato Grosso;
Arqueologia dos povos originários; Tradições
rupestres: pré-colombianos; Sociologia do Brasil;
232
(EM13CHS106) Utilizar as Conhecimento histórico; Diversidade de linguagens (EF04HI01)
linguagens cartográfica, gráfica e históricas (quadrinhos, cinematográfica, fotográfica, (EF05HI06)
iconográfica, diferentes gêneros charges etc.); Reprodutibilidade técnica da cultura: (EF06HI01)
textuais e tecnologias digitais de (EF06HI02)
aspectos positivos e negativos; Massificação e
informação e comunicação de (EF07HI11)
forma crítica, significativa, popularização; Meios de difusão: informação e (EF01GE08)
reflexiva e ética nas diversas desinformação; História e cultura de Mato Grosso; A (EF01GE09)
práticas sociais, incluindo as linguagem geografia e a leitura do mundo; O espaço (EF02GE08)
escolares, para se comunicar, geográfico; O espaço geográfico contemporâneo; A (EF02GE09)
acessar e difundir informações, transformação do Espaço geográfico; Espaço Global e (EF02GE10)
produzir conhecimentos, resolver Loca; Introdução à cartografia; Georreferenciamento (EF03GE06)
problemas e exercer protagonismo (EF03GE07)
Sistema de Informação Geográfica - SIG;
e autoria na vida pessoal e coletiva. (EF04GE09)
Representações cartográficas, escalas e projeções; (EF04GE10)
Mapas temáticos e gráficos; Iconografia; Estado (EF05GE08)
Nação; Globalização e Mundialização; Modernas (EF05GE09)
tecnologias na Geografia; O espaço geográfico (EF06GE08)
contemporâneo no Brasil O espaço geográfico (EF06GE09)
(EF07GE09)
contemporâneo no Estado de Mato Grosso;
(EF07GE10)
Comunicação e Semiótica; Ética na comunicação; (EF08GE18)
Conceitos de Verdade, Fake News e o papel da mídia; (EF08GE19)
Poder de comunicação e poder político; Educação, (EF09GE14)
mídia e política; "Indústria cultural"; Filosofia da (EF09GE15)
linguagem; Lógica: argumentação e escrita filosófica;
Desigualdades Sociais e dominação (gênero, étnica,
econômica); A segregação territorial; Classes
Sociais; As Representações So
O conceito de Etnicidade; O conceito de Identidade;
A Etnografia; Cultura popular e Cultura Erudita; O
Multiculturalismo; Educação e transformações sociais;
Educação e ensino como Direitos; A educação para
o presente; A Escola como espaço de socialização;
233
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2:
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialidades
e o papel geopolítico dos Estados-Nações.
HABILIDADES
HABILIDADES OBJETOS DO CONHECIMENTO
PRÉVIAS
234
e protagonizar as soluções e direitos internacionais; Juventude e tecnologia; (EF09GE11)
influências das tecnologias Capitalismo dependente; Globalização; Tecnologias da
nas dinâmicas de grupos,
Informação e Comunicaçã As Desigualdades
povos e sociedades em MT
(fluxos populacionais, sociais no mundo do trabalho; Opinião pública e política;
financeiros, de mercadorias, As Redes Sociais e a Socialização; Antropologia visual;
de informações, de valores Modernidade, pós-modernidade e hipermodernidade; A
éticos e culturais etc.), bem Teoria do agir comunicativo; O meio ambiente e inovações
como suas interferências nas tecnológicas no Mato Grosso;
decisões políticas, sociais,
ambientais, econômicas e
culturais regionais.
235
(EM13CHS205) Analisar a O protagonismo feminino; O protagonismo negro; (EF05HI09)
produção de diferentes Movimentos de contracultura; Movimento Hippie; (EF09HI22)
territorialidades em suas (EF09HI23)
Movimento Caras-Pintadas; Movimentos Sociais no
dimensões culturais, (EF09HI24)
econômicas, ambientais, Brasil e em Mato Grosso; Reforma Agrária; Movimento (EF09HI25)
políticas e sociais, no Brasil e Sem-Terra no Brasil e em Mato Grosso; Movimento (EF09HI27)
no mundo contemporâneo, camponês no Brasil e em Mato Grosso; Movimento (EF01GE03)
com destaque para as culturas estudantil no Brasil e em Mato Grosso; Cultura popular; (EF02GE02)
juvenis. Desigualdade social no Brasil e em Mato Grosso; (EF03GE02)
(EM13CHS205.MT) Globalização e desemprego; Geopolítica. Geografia da (EF05GE02)
Analisar a produção de (EF09GE03)
produção; O Espaço de produção Geografia da produção
diferentes territorialidades (EF09GE04)
em suas dimensões culturais, industrial; Revoluções Industriais Tipos de Produção
econômicas, ambientais, Modelos de Indústria Reorganização do espaço industrial
políticas e sociais em Mato Espaço Industrial Brasileiro Evolução Industrial no Brasil
Grosso. Reorganização do Espaço Brasileiro Características
regionais. Geografia da Produção industrial em Mato
Grosso Organização do Espaço agroindustrial em Mato
Grosso. O espaço da Cidadania O Espaço de reprodução
das desigualdades sociais A População Economicamente
Ativa e os setores ativos. A geografia Social do Brasil A
Distribuição de Renda no Brasil A Geografia social em
Mato Grosso A Distribuição de Renda em Mato Grosso;
Produção de subjetividades no mundo contemporâneo; O
papel da filosofia e da educação frente ao mercado capitalista;
Atualizando a indústria cultural (Escola de Frankfurt);
Movimentos de contracultura, subculturas e ritos de
passagem; Desenvolvimento capitalista e meio-ambiente;
Antropologia Urbana; Pobreza e desigualdade no Brasil:
composições territoriais e diferenças de renda entre unidades
federativas; Movimento Caras-Pintadas. Cultura popular
e Cultura erudita; Movimentos Sociais Ambientais;
Juventudes e Sociedade; Ecossistemas e mudanças globais;
O jovem no Brasil e em Mato Grosso; Indústria Cultural
e práticas culturais; Sociedades simples e complexas;
Valorização e financeirização do Capital; Ciência Política
e a nova visão do poder;
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3:
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades
com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e
socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam
a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional, nacional e global.
236
HABILIDADES
HABILIDADES OBJETOS DO CONHECIMENTO
PRÉVIAS
237
impactos econômicos etnocentrismo; A Ciência Política e os Movimentos Sociais;
e socioambientais de Luta pela terra; Movimento negro e quilombola no Brasil e no
cadeias produtivas
Mato Grosso; As políticas latino-americanas de organização da
ligadas à exploração
de recursos naturais e produção; Os conflitos agrários na América Latina e no Brasil;
às atividades Sociedade de Risco e Sustentabilidade; Processo de emancipação
agropecuárias em social; Organização social do trabalho no século XX; Ciência
diferentes ambientes e Política e os valores pós-modernistas; Aspectos estruturais e
escalas de análise, conjunturais da Sociologia; Natureza Cultura e Controle Social;
considerando o modo
de vida das
populações locais
entre elas as
indígenas,
camponesas,
quilombolas e demais
comunidades
tradicionais.
(EM13CHS302B.MT)
Avaliar e
Compreender as
práticas
agroextrativistas,
culturais e o
compromisso com a
sustentabilidade das
diversas expressões
étnicas do Estado de
Mato Grosso, o
conceito de sociedade,
identidade e
participação política
na realidade local e
sua relação com a
produtividade.
238
(EM13CHS304) As crises do absolutismo e do capital; Os blocos econômicos: (EF08HI06)
Analisar os impactos Alianças militares, capitalista e socialista; Período Republicano em (EF09HI04)
socioambientais (EF09HI05)
Mato Grosso; O processo de emancipação do Mato Grosso; Os
decorrentes de práticas (EF09HI07)
rumos econômicos do Mato Grosso frente à sustentabilidade;
de instituições (EF09HI10)
governamentais, de Divisão geopolítica do Estado Mato Grosso/Mato Grosso do Sul; (EF09HI18)
empresas e de Globalização e industrialização; Geopolítica e meio ambiente; (EF09HI24)
indivíduos, discutindo Sustentabilidade e matrizes energéticas; Políticas de conservação (EF02GE07)
as origens dessas ambiental e Economia; Localização, tempo e representação do (EF03GE11)
práticas, selecionando, espaço geográfico; Urbanização mundial e urbanização brasileira; (EF06GE06)
incorporando e Produção agropecuária e os problemas ambientais relacionados aos (EF06GE07)
promovendo aquelas (EF07GE05)
seus derivados modais de produção; Temas éticos na
que favoreçam a (EF07GE06)
consciência e a ética contemporaneidade questões ambientais, tecnologia e saúde (EF07GE12)
socioambiental e o Ciência, política, Filosofia e poder; Filosofia da Produção; (EF09GE10)
consumo responsável. Relação entre ser humano e natureza na cultura ocidental; Ser (EF09GE11)
(EM13CHS304.MT) humano e natureza nas culturas indígenas e afro-brasileiras;
Analisar os impactos Antropocentrismo: raízes filosóficas e culturais; Contrato
socioambientais Natural; As mudanças e permanências sociais; O processo de
decorrentes de transformação social; Produção e tecnologia na sociedade de
práticas de
consumo; Os movimentos sociais e a questão ambiental e
instituições
governamentais, de sustentável no Mato Grosso; Gênero e o espaço da mulher na
empresas e de organização econômica da sociedade. Aspectos ideológicos e
indivíduos, discutindo políticos dos movimentos sociais ambientais. A Sustentabilidade;
as origens dessas Sistemas de produção; Instituições sociais. Os quatro poderes
práticas, (Legislativo, Executivo, Judiciário e Mídia) e a Democracia;
selecionando, Globalização e política: a governança global;
incorporando e Subdesenvolvimento e dependência econômica; Ecossistemas e
promovendo aquelas
que favoreçam a mudanças globais; Instrumentalização e desnaturalização dos
consciência e a ética conceitos científicos: a formação do Consenso;
socioambiental e o
consumo responsável
em Mato Grosso.
239
(EM13CHS305B.MT)
Refletir, dialogar e
compreender sobre a
Constituição Federal
de 1988 e a
Constituição do
Estado de Mato
Grosso como garantia
dos direitos sociais e
ambientais bem como,
dos acordos de
fronteiras políticas e
étnicas em relação a
sustentabilidade local.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 4:
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios,
contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação
e transformação das sociedades. Nessa competência específica, pretende-se que os
estudantes compreendam o significado de trabalho em diferentes culturas e
sociedades, suas especificidades e os processos de estratificação social caracterizados
por uma maior ou menor desigualdade econômico-social e participação política.
Além disso, é importante que os indicadores de emprego, trabalho e renda sejam
analisados em contextos específicos que favoreçam a compreensão tanto da
240
sociedade e suas implicações sociais quanto das dinâmicas de mercado delas
decorrentes. Já a investigação a respeito das transformações técnicas, tecnológicas e
informacionais deve enfatizar as novas formas de trabalho, bem como seus efeitos,
especialmente em relação aos jovens e às futuras gerações.
HABILIDADES
HABILIDADES OBJETOS DO CONHECIMENTO
PRÉVIAS
241
(EM13CHS402) Cidadania; Concepção de trabalho; Trabalho e (EF02HI11)
Analisar e comparar alienação; O trabalho como práxis humana; Abolição e (EF03HI11)
indicadores de (EF03HI12)
República; A luta e resistência dos negros no Brasil; 1º e
emprego, trabalho e (EF04HI09)
renda em diferentes 2º Guerra Mundial; A crise de 1929; Era Vargas; (EF04HI10)
espaços, escalas e Estado Novo e a criação da CLT; Capitalismo; (EF04HI11)
tempos, associando-os Neoliberalismo; Trabalho informal no Brasil e em Mato (EF08HI14)
a processos de Grosso; O trabalho escravo em Mato Grosso; Os (EF09HI06)
estratificação e imperialismos; Migrações no mundo, no Brasil e em Mato (EF09HI10)
desigualdade Grosso; Chegada dos haitianos e venezuelanos em Mato (EF09HI12)
socioeconômica. (EF06GE06)
Grosso; A geopolítica brasileira; A produção
(EM13CHS402A.MT) (EF07GE05)
Analisar e comparar agropecuária no Brasil; agricultura e pecuária (evolução, (EF07GE06)
indicadores de modernização e produção); O trabalho da pequena (EF07GE08)
emprego, trabalho e produção familiar no Mato Grosso; Relações de trabalho (EF08GE10)
renda em diferentes na zona rural; As dinâmicas populacionais; A (EF08GE14)
espaços, escalas e Distribuição de renda; Movimentos migratórios e grupo (EF09GE13)
tempos, associando-os (EF09GE14)
de imigrantes em Mato Grosso; Problemas ambientais
a processos de
relacionados à produção e ao consumo de energia;
estratificação e
desigualdade Contratualismo, política e os pensamentos sobre o
socioeconômica em trabalho; As concepções estéticas entre arte e cultura,
Mato Grosso. moderna e contemporânea, opressora e oprimida;
(EM13CHS402B.MT) Filosofia no Brasil e na América Latina tendências do
Identificar, pensamento contemporâneo e o senso crítico; A
compreender e emergência de novos sujeitos; Ideologia do capitalismo;
relacionar os Mais-Valia; Desigualdades Sociais nas relações de
indicadores regionais
de emprego com o trabalho no Mato Grosso; Classes Sociais e a estratificação
processo de conquista social; As diferenças no processo de socialização;
de direitos de Legislação e direitos sociais: os processos de mudanças nas
trabalho e renda em leis trabalhistas no Brasil e no Mundo; Estratificação,
diferentes espaços mobilidade social e consumo; Organização Social do
locais e regionais. trabalho; Sociologia do Trabalho; Modelos de produção
industrial e étnico; Liberalismo e Neoliberalismo; Força
de trabalho e alienação; Taylorismo, Fordismo e
Toyotismo; A divisão da Sociedade e a coesão social;
Classe, estamento e partido; As contradições e dialética em
relação à exploração da força de trabalho;
242
sociais e seguridade desenvolvimento e sustentabilidade; O conceito de
social no MT. Direitos humanos: O respeito à diversidade. Globalização,
Direitos Humanos, precarização do trabalho; Cidadania e
a conquista de direitos; Os processos de socialização:
indivíduo e sociedade; Antropologia: os processos
identitários de resistência cultural; Produção e
subsistência dos povos indígenas e quilombolas no Mato
Grosso; Às novas tecnologias e os movimentos sociais;
A inserção brasileira na produção mundial e desigualdades
sociais; Trabalho informal, economia solidária e terceiro
setor; O trabalho em crise na era da globalização;
Emprego, desemprego, subemprego e tempo livre; A
divisão do trabalho social na Sociologia Contemporânea;
Exploração do trabalho infantil; Violência contra a
mulher; Genocídio dos povos indígenas; Movimentos
Sindicais e Cooperativas rurais; Conceito de Hegemonia;
243
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 05:
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os
Direitos Humanos.
244
avaliar situações da Desconstruindo estereótipos; Estranhamento e desnaturalização
vida cotidiana, estilos de preconceitos; Políticas públicas de combate às violações de
de vida, valores, direito no Mato Grosso; Conceito de cultura e etnicidade no século
condutas etc.,
XX; Sociedade e fundamentalismo religioso;
desnaturalizando e
problematizando
formas de
desigualdade,
preconceito,
intolerância e
discriminação, e
analisar as promoções
de Direitos Humanos,
justiça e solidariedade
em Mato Grosso.
245
impasses ético-
políticos decorrentes
das transformações
culturais, sociais,
históricas, científicas e
tecnológicas em Mato
Grosso, e avaliar seus
desdobramentos nas
atitudes e nos valores
de indivíduos, grupos
sociais, sociedades e
culturas.
246
Mato Grosso no
século XIX.
247
brasileira e mato- Médio: tensão e conflito; A primavera árabe; China: a nova
grossense e de suas potência; Estados Unidos: a superpotência; O conceito de poder;
experiências políticas
A conquista e a reconquista cotidiana da América-latina;
e de exercício da
cidadania, aplicando Democracia e cidadania na Grécia e nos dias Atuais; Atualidade
conceitos políticos política: Estado verso mercado; Conceito de Poder;
básicos (Estado, Contratualismo. Modelos de estados, As formas de dominação:
poder, formas, cidadania, classe social e status; Multiculturalismo e Diversidade
sistemas e regimes de de regimes políticos; Nações, povos e etnias; Estado e poder;
governo, soberania Sociedades tradicionais; A cidadania na constituição brasileira
etc.).
republicana; A redemocratização em Mato Grosso; A
composição do Estado moderno; Os contratualistas e os modelos
políticos; Os partidos políticos no Brasil e no mundo; A
democracia brasileira; Divisão/Criação dos Estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul e seu contexto político-social;
Democracia direta e democracia representativa;
248
direitos em diferentes Adolescente); Raça e cultura; Mudanças e permanências sociais;
espaços de vivência, Educação sem fronteiras e o desenvolvimento global;
respeitando a
identidade de cada
grupo e de cada
indivíduo.
249
vida cotidiana. Sobre esse tema encontramos suporte em Masetto (1996) quando declara
que planejar é produzir e planejar ações para a vida e para a consecução de qualquer
projeto.
A interdisciplinaridade e a contextualização devem ser o mecanismo para
viabilizar a correlação de saberes. Conforme aponta Santomé (1998):
(p. 45).
Através das CHSA, podemos formar um estudante autônomo, crítico e autoral,
que traz conhecimentos advindos de diferentes lugares, esses saberes devem ser
contemplados na escola em uma dinâmica que envolva diferentes metodologias. É
possível ampliar os saberes na construção de um currículo crítico e interdisciplinar que
privilegie a promoção de aprendizagens significativas que expandam esses
conhecimentos.
250
Assim, o planejamento/proposta pedagógica, que perpassa pela teoria dialética
do conhecimento, deve propiciar atividades de investigação, reflexão crítica e
participação ativa dos estudantes na articulação dos novos objetos de conhecimento com
os que eles já trazem.
251