Estudo 36 CB 2019 PDF
Estudo 36 CB 2019 PDF
Estudo 36 CB 2019 PDF
de Balanços 36
Quadros do setor
e quadros da empresa
e do setor
Fevereiro 2019
Estudos da Central
de Balanços 36
Quadros do setor
e quadros da empresa
e do setor
Fevereiro 2019
Av. Almirante Reis, 71 | 1150-012 Lisboa • www.bportugal.pt • Edição Departamento de Estatística • Design Departamento
3 Notas metodológicas | 31
3.1 Demonstrações financeiras e rácios económico-financeiros | 31
3.1.1 Balanço | 31
3.1.2 Demonstração dos resultados | 32
3.1.3 Fluxos de caixa | 35
3.1.4 Rácios económico-financeiros | 38
3.2 Metodologia estatística | 43
3.2.1 Fontes de informação | 43
3.2.2 Universo de referência | 44
3.2.3 Tratamento de não resposta | 45
3.2.4 Critérios de classificação | 45
3.2.5 Métricas e unidades de medida | 46
3.2.6 Condições de divulgação e confidencialidade | 47
II Anexos | 49
1 Formulários de indicadores e rácios | 51
Siglas e acrónimos | 81
Referências | 82
Os quadros do setor (QS), disponíveis para o público em geral no site do Banco de Portugal,
incluem um conjunto de indicadores económico-financeiros sobre as empresas portuguesas,
apresentados por setor de atividade económica e por classe de dimensão, acompanhados de
alguns rácios de outros países europeus para cada setor de atividade.
Os quadros da empresa e do setor (QES), que podem ser consultados gratuitamente pelas
empresas, na área “Empresas” do site do Banco de Portugal, permitem aos gestores comparar o
desempenho da sua empresa com o das empresas do mesmo setor e da mesma classe de
dimensão.
Os novos quadros distinguem-se dos anteriores por serem mais interativos e fáceis de consultar.
A nova ferramenta disponibilizada permite aos utilizadores analisarem graficamente os principais
resultados publicados, exportarem os dados para Excel e descarregarem um relatório com um
conjunto alargado de indicadores sobre as empresas portuguesas.
Adicionalmente, com a nova publicação foram também revistos alguns conceitos e introduzidas
algumas alterações metodológicas, que são apresentados neste Estudo.
No Capítulo 2 são apresentados os novos quadros, com destaque para a exploração gráfica dos
dados. A apresentação dos quadros é acompanhada da análise dos indicadores, que incide, a
título ilustrativo, sobre os dados relativos ao ano de 2017, publicados no final de novembro de
2018. Uma análise mais aprofundada sobre a evolução dos dados das empresas, para este ou
outros anos, poderá ser consultada nos Estudos da Central de Balanços sobre a Análise Setorial
das Sociedades não Financeiras em Portugal.
No Capítulo 3 é apresentado o detalhe metodológico dos QS. Na Secção 3.1 são apresentadas as
demonstrações financeiras utilizadas e os rácios económico-financeiros. Na Secção 3.2 são
apresentadas as fontes de informação e a metodologia utilizada para apuramento do universo de
referência e das estatísticas.
9
2 Apresentação dos quadros
do setor e quadros da empresa
e do setor
2.1 Quadros do setor e quadros da empresa e do
setor
2.1.1 Quadros do setor (QS)
Os QS apresentam um conjunto alargado de indicadores económico-financeiros sobre as
empresas não financeiras portuguesas, complementado com um conjunto mais restrito de
indicadores de outros países europeus. A informação disponível nos QS possibilita a análise da
situação económico-financeira das empresas para um largo conjunto de combinações de setor
de atividade económica e classe de dimensão.
Os QS estão disponíveis para o público em geral e podem ser acedidos através da página das
Estatísticas no site do Banco de Portugal (Figuras I.2.1 e I.2.2).
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
10
Figura I.2.2 • Acesso aos quadros do setor (passo 2)
Os QES estão disponíveis para consulta das empresas na área “Empresas”, mediante
autentificação, no site do Banco de Portugal (Figuras I.2.3 e I.2.4).
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
11
Figura I.2.3 • Acesso aos quadros da empresa e do setor (passo 1)
12
financiamento; indicadores de risco; estrutura do balanço; informação de quartis; e comparação
internacional (Figura I.2.5).
A apresentação da informação nos QES é semelhante à dos QS, tendo sido adaptada para permitir
a visualização dos dados da empresa e do setor em simultâneo. Os QES incluem um dashboard
adicional sobre o posicionamento da empresa, que permite o enquadramento da empresa na
distribuição por quartis para um conjunto de indicadores síntese, indicador a indicador
(Figura I.2.6).
Os dashboards sintetizam, numa forma gráfica, a informação para um conjunto de cinco anos.
13
Em complemento à navegação nos dashboards, é possível exportar para um ficheiro Excel um
conjunto mais alargado de indicadores, para a combinação de setor de atividade económica e
classe de dimensão selecionados. Está ainda disponível a possibilidade de exportar um relatório
em formato PDF (Figura I.2.7).
Nos dados exportados para Excel (Figura I.2.8) inclui-se um conjunto mais vasto de indicadores
do que os apresentados nos dashboards. Destaca-se que para as demonstrações financeiras é
exportado um conjunto adicional de detalhes de balanço, demonstração de resultados e fluxos
de caixa. Para estes indicadores são apresentados os valores totais e os valores médios do setor.
No caso dos rácios económico-financeiros, também em número mais alargado, são apresentados
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
O QES exportado inclui ainda, para cada indicador, os valores do setor e classe de dimensão
selecionados e os valores da empresa.
14
No relatório em formato PDF (Figura I.2.9) incluem-se os valores do setor, para cinco anos, de
todos os rácios económico-financeiros disponíveis e ainda de alguns indicadores das
demonstrações financeiras. Os indicadores das demonstrações financeiras são apresentados em
valores totais.
No QES, este relatório inclui os valores da empresa, lado a lado com os valores médios do
agregado selecionado, para um conjunto de três anos.
15
2.2 Navegação nos dashboards
Ao aceder aos QS, o utilizador é posicionado no dashboard “Destaques gerais”, que apresenta a
informação para o último ano disponível e para o conjunto de todas as atividades económicas e
todas as classes de dimensão (total do setor das sociedades não financeiras1).
Através do painel localizado no topo do ecrã, o utilizador pode selecionar outro período de
referência ou outra combinação de setor de atividade económica e classe de dimensão das
empresas para análise (Figura I.2.10). Esta seleção está disponível em qualquer um dos dashboards
e, quando alterada, aplica-se a todos a partir do momento em que a atualização é efetuada.
Existem mais de 5000 combinações disponíveis por ano, com diferentes níveis de detalhe de
atividade económica, segundo a Classificação das Atividades Económicas (CAE Rev. 3) e classe da
dimensão das empresas (microempresas, pequenas empresas, médias empresas ou grandes
empresas)2. Algumas combinações de setor de atividade económica e classe de dimensão não
têm dados disponíveis, devido a motivos de confidencialidade estatística ou à inexistência de
empresas enquadradas nessa combinação.
Figura I.2.10 • Painel de seleção do período, setor e classe de dimensão para análise no QS
Os dashboards disponíveis nos QS e nos QES organizam-se de acordo com os temas apresentados
na Quadro I.2.1.
1
O universo das sociedades não financeiras incluído nos quadros do setor é detalhado no Subsecção I3.2.2.
2
Os critérios de classificação subjacentes aos quadros estão disponíveis no Subsecção I3.2.4.
3
Nos casos em que o setor de atividade económica ou a classe de dimensão selecionados pelo utilizador para comparação não contenham o setor ou
classe de dimensão da empresa, esta não estará incluída nos indicadores calculados para o agregado selecionado.
16
Quadro I.2.1 • Dashboards divulgados nos quadros do setor e nos quadros da empresa
e do setor
Quadros da empresa
Dashboard Quadros do setor
e do setor
Destaques gerais X
Posicionamento da empresa X
Caraterização do setor X X
Atividade e rendibilidade4 X X
Liquidez e tesouraria X X
Fluxos de caixa X X
Fontes de financiamento X X
Risco X X
Balanço (estrutura) X X
Quartis X X
Comparação internacional X X
Informação auxiliar X X
Nos pontos seguintes apresenta-se com mais detalhe cada um dos dashboards, incluindo-se
informação de contexto, cujo objetivo é o de auxiliar a sua interpretação. Para esse efeito, nos
exemplos dados é apresentada a combinação de “Todas as atividades” e “Todas as dimensões”,
correspondendo ao total das empresas não financeiras, enquadradas nos QS.
A autonomia financeira é medida pelo capital próprio em percentagem do ativo total. Este
indicador relaciona-se com o nível de endividamento das empresas, já que o seu complementar
identifica a parcela de ativos financiada por capitais alheios. Os financiamentos obtidos, que
4
Este dashboard está repartido em dois dashboards no QES, conforme apresentado no Anexo II3.
17
correspondem aos passivos remunerados, são uma das fontes de financiamento por capitais
alheios. Como exemplo destes passivos têm-se os empréstimos bancários ou os empréstimos
obtidos junto de empresas participantes ou participadas. O segundo rácio apresentado identifica
o peso desta componente no ativo. Adicionalmente, o custo dos financiamentos obtidos mede o
seu custo anual relativo, i.e. os gastos de financiamento em percentagem dos financiamentos
obtidos.
No exemplo apresentado (Figura I.2.11), pode verificar-se que em 2017 estavam em atividade
cerca de 428 mil sociedades não financeiras, no conjunto de todos os setores de atividade
económica e classes de dimensão (1).
1 3
2
5
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
Em 2017, nasceram 35 146 empresas e cessaram atividade 28 018 (2). Note-se que, para além
dos nascimentos e cessações de empresas, podem existir outros fenómenos com impacto sobre
o número de empresas de um agregado, como são os casos de alterações de setor de atividade
económica ou de dimensão de empresas existentes, ou até mesmo de setor institucional. Por
exemplo, se uma empresa deixar de pertencer ao setor das sociedades não financeiras, haverá
uma redução no número de empresas em atividade no setor, mantendo tudo o resto constante,
que não decorre de uma cessação de atividade.
O volume de negócios pode ser gerado no mercado interno ou, alternativamente, destinado à
exportação para mercados externos. Do volume de negócios gerado em 2017, quase 22% foi
18
destinado a exportações. Por comparação, o peso das importações nas compras totais de bens e
serviços das empresas do setor era de 27%5 (4).
• Autonomia financeira;
• Custo dos financiamentos obtidos;
• Financiamentos obtidos em percentagem do ativo;
• Liquidez geral;
• Margem bruta em percentagem dos rendimentos;
• Peso do mercado externo nas compras de bens e serviços;
• Peso do mercado externo nas vendas e serviços prestados;
• Rendibilidade bruta dos capitais investidos;
• Rendibilidade do ativo;
• Rendibilidade dos capitais próprios.
Quando o indicador é alterado, os dois gráficos apresentados são atualizados para esse mesmo
indicador.
O primeiro gráfico, à esquerda, apresenta o indicador selecionado numa reta que ordena e
posiciona, para um determinado ano, o valor da empresa e o valor médio e quartis do setor em
análise. Os valores dos quartis permitem às empresas compreenderem melhor como se
posicionam face ao setor em análise. Por exemplo, se o valor da empresa está abaixo do Q1
(primeiro quartil), isso significa que pelo menos 75% das empresas têm um valor para esse
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
indicador superior ao da empresa. Por outro lado, se o valor da empresa estiver acima do Q3
(terceiro quartil), tal significa que para esse indicador pelo menos 75% das empresas apresentam
um valor inferior ao da empresa6. O valor do setor apresenta o valor do rácio calculado para o
conjunto das empresas que integram o agregado em análise.
O segundo gráfico, à direita, compreende a série temporal, para os últimos cinco anos, sendo o
ano mais recente o ano selecionado.
5
Ao longo dos vários dashboards, ao passar com o rato sobre os gráficos, visualizam-se os valores que lhes estão subjacentes.
6
As medidas estatísticas apresentadas são descritas com mais detalhe no Subsecção I3.2.5.
19
Figura I.2.12 • Dashboard posicionamento da empresa
1 3
No exemplo (Figura I.2.12), para o rácio de autonomia financeira, que identifica a percentagem
dos ativos que são financiados por capital próprio (1), observa-se que, no ano selecionado, o valor
da empresa (29,4%) se apresentava superior ao valor médio do setor (25,0%). Este facto indica
que existia uma maior predominância de capitais próprios na empresa, do que para a média do
setor.
O gráfico temporal permite-nos observar que, para os últimos cinco anos, a empresa média do
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
setor distanciou-se ligeiramente do valor da empresa a partir de 2014 que marcou uma evolução
mais favorável da autonomia financeira, apresentando em 2017 um valor superior ao observado
no início da série (3)7.
7
Ao longo dos vários dashboards, ao passar com o rato sobre os gráficos, visualizam-se os valores que lhes estão subjacentes.
8
As empresas são ordenadas por ordem decrescente das suas vendas e serviços prestados.
20
Figura I.2.13 • Dashboard caraterização do setor
No exemplo apresentado (Figura I.2.13), verifica-se que as 20% maiores empresas em Portugal,
que correspondem a cerca de 86 mil empresas, concentraram 94% das vendas e dos serviços
prestados pelas empresas portuguesas em 2017 (1).
Apesar de não serem as mais numerosas, foram as empresas com mais de 20 anos de atividade as
que mais contribuíram para as vendas e serviços prestados totais (2). Do mesmo modo, foram as
grandes empresas, apesar de em minoria, que geraram a maior fatia do volume de negócios (3).
Por localização da sede, 32% das empresas estavam situadas na área metropolitana de Lisboa e
quase 18% na área metropolitana do Porto; seguindo-se a região do Algarve, que reunia 5% das
empresas (4). Estas duas primeiras regiões concentravam também a maioria do volume de
negócios e pessoas ao serviço do setor.
9
Os dashboards do QES, que em alguns casos foram ligeiramente ajustados em relação aos do QS, podem ser consultados no Anexo II3.
21
A rendibilidade do ativo corresponde ao resultado operacional, gerado antes de juros,
depreciações e impostos (EBITDA) em percentagem do ativo. Este indicador constitui uma medida
de desempenho do setor.
A rendibilidade do capital próprio, medida pelo rácio entre o resultado líquido e o capital próprio,
é uma medida da remuneração do capital investido pelos sócios ou acionistas.
1 2 3
Em 2017, a margem bruta correspondia a 21% dos rendimentos gerados e o resultado líquido a
4%. Observa-se que os gastos com pessoal e as depreciações consumiram as maiores parcelas
da margem bruta das empresas. (4).
10
Os conceitos subjacentes a este dashboard são detalhados no Subsecção I3.1.2, sobre demonstração dos resultados.
11
O dashboard do QES, cuja única diferença reside no facto de não apresentar o indicador de liquidez reduzida, pode ser consultado no Anexo II3.
22
Nos casos em que o rácio de liquidez geral, dado pelo peso do ativo corrente no passivo corrente,
é superior a 1, as obrigações de curto prazo encontram-se cobertas pelos ativos de maior liquidez.
A liquidez reduzida distingue-se da anterior por não incluir os inventários como ativos de curto
prazo, sendo por isso uma medida de liquidez mais restrita.
1 2
3
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
Em 2017 (Figura I.2.15), o conjunto das sociedades não financeiras apresentou um indicador de
liquidez geral superior a 1, o que significa que as obrigações de curto prazo (passivos correntes)
se encontravam cobertas pelos ativos de maior liquidez (ativos correntes) (1).
12
Os conceitos de tesouraria e fundo de maneio são detalhados no Subsecção I3.1.3.
23
As empresas portuguesas recebiam e pagavam, em média, 3 e 4 dias mais cedo, respetivamente,
do que no ano anterior (2). Os prazos médios em 2017 situaram-se nos 60 dias para os
recebimentos e nos 65 para os pagamentos.
Por seu turno, como resultado da existência de necessidades de fundo de maneio superiores ao
fundo de maneio disponível, as empresas apresentaram uma tesouraria líquida negativa (3).
• Free cash flow, que inclui os fluxos que resultam da atividade operacional e de investimento
das empresas; em particular, os fluxos das atividades de investimento consideram a aquisição
e alienação de ativos de longo prazo, assim como os recebimentos de juros, dividendos e
similares;
• Fluxos da atividade de financiamento, que incluem a amortização ou contração de
financiamento, o pagamento de juros, os aumentos ou reduções de capital e o pagamento de
dividendos.
13
Este dashboard está disponível a partir do ano de 2010. Os conceitos subjacentes são detalhados no Subsecção I3.1.3.
14
O dashboard dos QES, que apresenta ligeiras diferenças face aos QS, pode ser consultado no Anexo II3.
24
As empresas não financeiras geraram, em 2017 (Figura I.2.16), um total de 11,4 mil milhões de
euros de free cash flow. Parte desse montante foi utilizado na amortização de financiamento, que
apresentou uma redução líquida de 6 mil milhões de euros (1). O montante positivo gerado de
free cash flow resulta do fluxo de caixa que se originou nas atividades operacionais, tendo as
atividades de investimento consumido cerca de 15 mil milhões (13,8 mil milhões em 2016) (2).
O rácio de cobertura dos gastos de financiamento é dado pelo rácio entre o EBITDA e os gastos
de financiamento e avalia em que medida os gastos de financiamento estão cobertos pelo
resultado no período, antes de juros, depreciações e impostos. Quando o EBITDA é inferior aos
gastos de financiamento, as empresas não geram resultados suficientes para cobrir os gastos de
financiamento da sua atividade, encontrando-se numa situação de elevada pressão financeira.
Apresenta-se ainda o indicador de financiamento por dívida por comercial, calculado a partir da
diferença entre os créditos obtidos (fornecedores) e os créditos concedidos (clientes) pela
empresa em percentagem das vendas e serviços prestados.
25
Figura I.2.17 • Dashboard fontes de financiamento
1 2 3
2.2.9 Risco
O dashboard de risco (disponível nos QS e nos QES15) apresenta um conjunto de indicadores que
captam alguns fatores de risco, medidos pela proporção de empresas que geraram resultados
negativos, que apresentaram capital próprio negativo (ativos insuficientes para fazerem face aos
passivos) ou cujos resultados gerados não foram suficientes para cobrir os gastos de
financiamento.
15
O dashboard dos QES, que apresenta ligeiras diferenças face aos QS, pode ser consultado no Anexo II3.
26
Figura I.2.18 • Dashboard risco
2
1
Em 2017, 26,5% das empresas denotava capitais próprios negativos e 36,2% não gerou
rendimentos suficientes para fazer face a todos os gastos (resultado líquido negativo)
(Figura I.2.18) (1). Apesar disto, é de salientar que nos últimos 5 anos, entre 2013 e 2017, assistiu-
se a uma redução generalizada dos indicadores de risco para o total das empresas (2).
1 2
3 4
16
Os conceitos subjacentes a este dashboard são descritos no Subsecção I3.1.1.
27
Os clientes representavam quase 13% do ativo das empresas em 2017 (Figura I.2.19), valor superior
ao peso de fornecedores (10,8%) (1). Estas rubricas mantiveram-se relativamente estáveis entre 2013
e 2017 (2).
Do lado das fontes de financiamento, o capital próprio (33%) e os financiamentos obtidos (36%) eram
as rubricas com mais relevância em percentagem do ativo (3). Não obstante, o capital próprio
beneficiou de um incremento nos períodos mais recentes, por oposição à redução do peso dos
financiamentos obtidos no ativo (4).
2.2.11 Quartis
O dashboard dos quartis (disponível nos QS e nos QES) permite, para um conjunto de indicadores
pré-definidos (Figura I.2.20) realizar uma análise gráfica relativamente ao valor médio do indicador e
a três medidas de localização da distribuição: 1.º quartil, mediana (2.º quartil) e 3.º quartil17.
Note-se que, no caso dos rácios, a média do setor é o valor que se obtém através dos valores totais
do setor (no numerador e denominador); por este motivo é um indicador mais influenciado pelas
empresas do agregado com valores mais elevados.
1.º quartil 25% das empresas do setor apresentam valores do rácio inferiores ou iguais
ao primeiro quartil (Q1)
Mediana 50% das empresas do setor apresentam valores do rácio inferiores ou iguais
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
3.º quartil 25% das empresas do setor apresentam valores do rácio superiores ou iguais
ao terceiro quartil (Q3)
17
As medidas estatísticas utilizadas nos quadros do setor são detalhadas no Subsecção I3.2.5.
28
Figura I.2.20 • Dashboard quartis
1 2
Analisando o rácio de autonomia financeira para o total das atividades económicas, em 2017, o valor
médio (33%) era bastante próximo do valor da mediana (32%), tendo aumentado desde 2014
(Figura I.2.20) (1). Apesar disso, existiam grupos de empresas com perfis distintos. Entre 2013 e 2016,
o grupo das 25% de empresas com autonomia financeira mais reduzida (1.º quartil) tinha uma
situação de autonomia financeira negativa (2). Por oposição, uma em cada quatro empresas
apresentava uma autonomia financeira superior a 60% (3.º quartil).
Este dashboard apresenta algumas restrições no que respeita ao detalhe por setor de atividade
económica e dimensão empresarial, face aos dashboards anteriores, decorrentes de limitações
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
29
Figura I.2.21 • Opção de seleção múltipla no dashboard de comparação internacional
1 2
( 4
4 4
4 %
% )
)
No indicador de autonomia financeira, Espanha e Polónia registaram os valores mais elevados em
2016 (44% e 49%, respetivamente); já em Portugal a autonomia financeira foi de 32% (Figura I.2.22)
(1). No conjunto destes três países, comparativamente ao ano anterior, foi Portugal que registou
o incremento mais significativo (+ 0,8 pp) face aos restantes, tendo a autonomia financeira na
Polónia decrescido (2).
30
3 Notas metodológicas
3.1 Demonstrações financeiras e rácios económico-
financeiros
Neste capítulo são apresentados os conceitos subjacentes aos indicadores de balanço,
demonstração dos resultados e demonstração de fluxos de caixa que figuram nos QS. Estes
indicadores foram construídos tendo como referência os normativos contabilísticos vigentes.
3.1.1 Balanço
A informação do balanço permite analisar a situação patrimonial das empresas à data do fecho
de contas (que, regra geral, coincide com o final do ano civil).
Na primeira parte do balanço surgem as rubricas do ativo, com uma divisão entre ativo não
corrente e ativo corrente. Na segunda parte surgem as rubricas de capital próprio, seguidas das
rubricas de passivo, também divididas entre passivo não corrente e passivo corrente
(Figura I.3.1)19.
Balanço
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
Ativo não
Ativo corrente Capital Próprio Passivo
corrente
Passivo não
Passivo corrente
corrente
18
No formulário de indicadores, disponível no Anexo 1, encontram-se as definições de cada indicador, bem como as respetivas fórmulas.
19
O modelo de balanço disponível nos quadros do setor é apresentado no Anexo 2.
31
Os ativos correntes incluem, em linhas gerais, os ativos potencialmente realizáveis, vendidos ou
consumidos no decurso do ciclo operacional normal da empresa, ou num período não superior a
doze meses, após a data do balanço. Estes ativos incluem ainda os ativos detidos para negociação
e caixa, ou equivalentes de caixa, cuja troca ou uso não estejam limitados no âmbito desse mesmo
período. Todos os outros ativos são ativos não correntes e incluem, designadamente, ativos não
financeiros de longo prazo, como os ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis e propriedades de
investimento.
Os passivos correntes, por sua vez, incluem os passivos liquidáveis no decurso do ciclo
operacional normal da empresa ou num período não superior a doze meses, após a data do
balanço. Incluem também os passivos detidos para negociação e outros passivos, para os quais
não exista um direito incondicional de diferir a liquidação para um período superior. Todos os
outros passivos são passivos não correntes.
O conceito de ciclo operacional, presente nas definições de ativos e passivos correntes, identifica-
se com o tempo que decorre entre a aquisição de ativos para a produção, a venda de bens e/ou
fornecimento de serviços e a sua realização em caixa e seus equivalentes. Nos casos em que a
duração do ciclo operacional não é facilmente determinável, assume-se que a sua duração é de
doze meses. Por tal facto, o conceito de corrente inclui os inventários e clientes, no caso dos ativos,
e os fornecedores, no caso dos passivos, mesmo que possam vir a ser realizados ou liquidados
num prazo superior a doze meses.
A demonstração dos resultados reúne informação sobre a atividade desenvolvida pelas empresas
em cada exercício económico, identificando os rendimentos e os gastos (Figura I.3.2) que
contribuíram para a formação dos resultados (Figura I.3.3).
20
A estrutura completa da demonstração dos resultados disponível nos quadros do setor pode ser consultada no Anexo II2.
32
rendimentos e de gastos; e outras rubricas, como a produção e os consumos intermédios. São ainda
incluídos indicadores de resultados que não constam dos modelos contabilísticos, nomeadamente
o valor acrescentado bruto (VAB), a margem bruta, o resultado de exploração, o autofinanciamento
e o autofinanciamento operacional. Estes indicadores permitem assim isolar, na análise do
desempenho da empresa, as atividades de exploração e comparar os seus resultados com os que
incorporam outras componentes (financeiras, de financiamento e fiscais).
33
O resultado de exploração corresponde ao resultado que decorre das operações de produção e
venda de bens e/ou fornecimento de serviços que constituem o objeto da atividade da empresa.
Não inclui, por isso, os rendimentos e os gastos relacionados com as restantes atividades das
empresas (financeiras, de financiamento e fiscais). Contudo, engloba, para além da produção e dos
consumos intermédios outros rendimentos e gastos obtidos em atividades mais diretamente
associadas com esse objeto, nomeadamente:
O EBITDA corresponde ao resultado das atividades de exploração e das atividades financeiras das
empresas, incluindo, assim, rendimentos e gastos derivados dos investimentos e outras aplicações
financeiras, as mais-valias ou menos-valias geradas com a venda de ativos de natureza financeira e
os dividendos obtidos.
correspondem ao registo contabilístico da estimativa da perda de valor dos ativos não correntes das
empresas que ocorre principalmente através do seu uso.
O EBT (resultado antes de impostos) considera os efeitos resultantes dos gastos de financiamento,
não incluídos no EBIT e que igualmente não foram incluídos na determinação do EBITDA. Engloba,
assim, todos os rendimentos e gastos das empresas, com exceção do imposto sobre o rendimento
do período.
O resultado líquido do período é determinado após o EBT, considerando, por fim, o imposto sobre
o rendimento do período. Corresponde, assim, à diferença entre todos os rendimentos obtidos e
todos os gastos suportados pelas empresas durante o exercício económico, representando o valor
líquido (contabilístico) que a empresa obteve do conjunto das atividades desempenhadas.
Adicionalmente, o valor acrescentado bruto (VAB) (Figura 28) corresponde à diferença entre a
produção e os consumos intermédios, e equivale à riqueza gerada pelas empresas durante o
período. A produção e os consumos intermédios são determinados da seguinte forma:
34
lado, os consumos intermédios incluem os custos das mercadorias vendidas e matérias
consumidas, os fornecimentos e serviços externos e os impostos indiretos;
• No caso específico do setor do setor do comércio, a produção compreende o volume de
negócios, os subsídios à exploração, os trabalhos para a própria entidade, a variação nos
inventários da produção e os rendimentos suplementares, deduzidos já dos custos das
mercadorias vendidas e matérias consumidas e impostos indiretos; os consumos intermédios
incluem, assim, especificamente os fornecimentos e serviços externos.
35
Tendo presente tal limitação, o modelo apresentado nos QS não corresponde à demonstração de
fluxos de caixa prevista no normativo contabilístico nacional em vigor (Sistema de Normalização
Contabilística), sendo apresentado um quadro abreviado21. Tal facto deve-se sobretudo às limitações
associadas ao processo de obtenção de dados para as empresas não sujeitas ao reporte obrigatório
da demonstração de fluxos de caixa no âmbito do SNC. O apuramento desta informação resulta
assim da conjugação de dois procedimentos distintos:
• Utilização direta dos dados reportados pelas empresas que reportam a demonstração dos
fluxos de caixa, com qualidade, no quadro de demonstração de fluxos de caixa da declaração
IES (entidades do vulgarmente designado “regime geral” do SNC e entidades que utilizam as
NIC);
• Para as restantes empresas, utilização de uma metodologia de cálculo baseada nas rubricas
de rendimentos e gastos da demonstração dos resultados e na variação das rubricas do
balanço (microentidades e pequenas entidades no âmbito do SNC).
• Os fluxos das atividades operacionais relacionam-se com os fluxos resultantes das operações
habituais da empresa, bem como das atividades que não sejam as de investimento ou de
financiamento; incluem, entre outros, os recebimentos de clientes e os pagamentos a
fornecedores e ao pessoal;
• Os fluxos das atividades de investimento relacionam-se com a aquisição e alienação de ativos
a longo prazo e outros investimentos que não sejam considerados equivalentes de caixa;
incluem, designadamente, os fluxos relacionados com a compra e venda de ativos não
correntes, tais como ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis, propriedades de investimento e
investimentos financeiros, bem como os fluxos por rendimentos derivados da detenção das
referidas participações (como juros e dividendos);
21
O modelo da demonstração dos fluxos de caixa apresentado nos quadros do setor pode ser consultado no Anexo II2.
36
• O free cash flow inclui os fluxos que resultam da atividade operacional e de investimento das
empresas, representando o fluxo de caixa disponível, gerado pelas atividades operacionais e
líquido da atividade de investimento;
• Os fluxos das atividades de financiamento relacionam-se com as atividades que têm como
consequência alterações no capital próprio e nos financiamentos obtidos pela empresa;
incluem, a título de exemplo, os fluxos provenientes de financiamentos obtidos, amortizações
de capital e os custos relacionados com estes, bem como os fluxos provenientes de
realizações e reduções de capital e outros instrumentos de capital próprio e o pagamento de
dividendos aos sócios ou acionistas;
• Os efeitos das diferenças de câmbio não representam fluxos de caixa ou equivalentes de
caixa; estes constituem ganhos ou perdas não realizados, resultantes de alterações do valor
de moeda estrangeira registada no período e que serve de conciliação entre o valor de caixa
e seus equivalentes entre o início e o fim do período.
Estas definições (com exceção do free cash flow) refletem as definições apresentadas na Norma
Contabilística e de Relato Financeiro n.º 2 – “Demonstração dos Fluxos de Caixa” do SNC, não
dispensando a leitura do texto original.
De referir que os fluxos de caixa se baseiam no regime de caixa, ou seja, quantificam os fluxos, por
referência ao momento da produção dos seus efeitos financeiros e não, estritamente, ao momento
da produção dos efeitos económicos. O balanço e a demonstração dos resultados, contrariamente,
baseiam-se no regime do acréscimo, que pressupõe que os efeitos das transações e de outros
acontecimentos sejam reconhecidos quando eles ocorrem (e não quando os movimentos de caixa,
ou seus equivalentes, sejam recebidos ou pagos), sendo registados nos períodos com os quais se
relacionem. Estes envolvem fluxos de caixa, mas também o reconhecimento das obrigações de
pagamento e dos recursos que serão recebidos no futuro.
A informação dos fluxos de caixa constitui, assim, um instrumento adicional de análise aos
indicadores do balanço e da demonstração dos resultados disponíveis, permitindo conciliá-los
(nomeadamente, por comparação entre os rendimentos e gastos gerados e as alterações da posição
financeira).
A relação entre os indicadores de equilíbrio financeiro e a forma como são obtidos encontra-se
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
37
Figura I.3.6 • Esquema dos indicadores de equilíbrio financeiro
Uma diferença positiva entre estes dois indicadores corresponde ao valor que a empresa necessita
para o financiamento das suas atividades de exploração, isto é, tem necessidades de fundo de
maneio, uma vez que os passivos de exploração são inferiores aos ativos necessários às atividades
de exploração. Uma diferença negativa indicia, contrariamente, que os passivos de exploração estão
a financiar as atividades de exploração, logo a empresa apresenta recursos de fundo de maneio.
38
Os rácios dos QS e QES foram agrupados de acordo com a estrutura descrita abaixo.
Investimentos
Investimentos Inventários e Caixa e
não Restantes
financeiros ativos depósitos Clientes (%) Ativo (100%)
financeiros ativos (%)
(%) biológicos (%) bancários (%)
(%)
Financiamen-
Capital Fornecedores Restantes
tos obtidos Ativo (100%)
próprio (%) (%) passivos (%)
(%)
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
39
Figura I.3.9 • Esquema da composição dos financiamentos obtidos
Empréstimos Empréstimos
Empréstimos
de instituições de Financiamen-
Títulos de de outros
de crédito e participadas e tos obtidos
dívida (%) financiadores
sociedades participantes (100%)
(%)
financeiras (%) (%)
Custo das
mercadorias
vendidas e Outros
matérias (componente
consumidas Gastos com o Gastos de Autofinancia- residual / não
Impostos
pessoal financiamento mento atribuída a
e contraparte
fornecimentos e específica)
serviços
externos
5. Rácios de liquidez: os rácios de liquidez permitem avaliar a capacidade das empresas para
cumprir as suas obrigações correntes com base nos ativos também correntes. São
apresentados dois indicadores de liquidez: a liquidez geral, que identifica a relação entre os
ativos correntes e os passivos correntes; e a liquidez reduzida, que se diferencia do anterior
pelo facto de excluir os inventários e ativos biológicos consumíveis (ativos tendencialmente de
menor liquidez) do total de ativos correntes (Figura I.3.11).
40
Figura I.3.11 • Esquema dos rácios de liquidez
Ativo corrente,
exceto inventários e
Ativo
ativos biológicos
corrente
consumíveis
Passivo Passivo
corrente corrente
6. Atividade: os rácios de atividade procuram traduzir a forma como as empresas gerem a sua
atividade, em particular, a forma como é conduzida a gestão de tesouraria e de inventários
através da análise dos prazos médios. Os indicadores de prazos médios incluem três âmbitos
de análise de gestão da atividade, nomeadamente, a análise dos prazos médios de
recebimentos, de pagamentos e de rotação dos inventários. Adicionalmente, é fornecido um
indicador que resulta da combinação dos três últimos, designado de duração líquida do ciclo
de exploração. Este indicador representa o prazo médio que as empresas levam desde à
aquisição e eventual transformação dos inventários até à sua venda, passando pelos influxos
de caixa relacionados (recebimento da venda e pagamento das compras de bens e serviços).
A Figura I.3.12 ilustra a forma como a duração líquida do ciclo de exploração é obtida a partir
da combinação dos indicadores de prazos médios.
Duração
Prazo médio Prazo médio Prazo médio
líquida do
de rotação de de de
ciclo de
inventários recebimentos pagamentos
exploração
tais passivos, do custo do financiamento e do seu impacto nos resultados. Neste sentido, estes
indicadores podem ser encarados como rácios complementares aos indicadores de análise de
risco, designadamente por permitirem identificar a capacidade de geração do EBITDA, por parte
das empresas, para fazer face, quer aos financiamentos obtidos, quer aos gastos provenientes
desta fonte de financiamento.
41
Neste conjunto apresenta-se também a decomposição da rendibilidade dos capitais próprios
segundo o modelo multiplicativo, através do qual são identificados os impactos das diferentes
áreas de atividade das empresas (exploração e financeira, financiamento e fiscal) na formação da
rendibilidade. A Figura I.3.13 ilustra a relação entre os referidos indicadores.
Efeito da
Efeito da Rendibilidade
atividade de
atividade de Efeito fiscal dos capitais
exploração e
financiamento próprios
financeira
42
3.2 Metodologia estatística
3.2.1 Fontes de informação
Os QS e os QES são disponibilizados anualmente pela Central de Balanços do Banco de Portugal.
Os QS podem ser consultados desde 2006, ao passo que os QES apresentam dados das empresas
a partir de 2010.
Desde 2006, a fonte dos dados anuais é a Informação Empresarial Simplificada (IES), que constitui
uma forma de reporte eletrónico integrado de um conjunto de informações de natureza
contabilística, fiscal e estatística. A IES foi formalmente criada pelo Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de
janeiro e resulta de uma parceria entre o Ministério das Finanças, o Ministério da Justiça, o Instituto
Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Portugal. Estas quatro entidades passaram a dispor de
um conjunto diversificado de informação com uma cobertura total das sociedades não financeiras
a operar em território nacional (uma vez que o reporte é obrigatório desde 2007, com dados
relativos a 2006). Com um único reporte anual, as empresas conseguem responder a
necessidades de quatro entidades públicas distintas.
Empresas
Dados anuais
IES – Informação
Empresarial
Simplificada Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
Dos vários anexos que compõem o formulário da IES, a Central de Balanços recorre à informação
contabilística e estatística do Anexo A, reportada numa base não consolidada.
43
alteração teve impactos sobre informação contabilística reportada pelas empresas, em virtude da
reformulação dos conceitos contabilísticos subjacentes (Figura I.3.15).
Para efeitos dos QS consideram-se apenas as empresas pertencentes ao setor das sociedades
não financeiras22, sendo excluídas as entidades pertencentes às secções K – Atividades Financeiras
e de Seguros, O – Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória, T – Atividades das
famílias empregadoras de pessoal doméstico e atividades de produção das famílias para uso
próprio e U – Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais, bem
como à Subclasse 70100 – Atividades das sedes sociais da Classificação Portuguesa das Atividades
Económicas, Revisão 3 (CAE.Rev.3).
22
O setor das sociedades não financeiras (SNF) constitui um dos setores institucionais da economia. A setorização institucional dos agentes económicos
é efetuada de acordo com o Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais de 2010 (SEC 2010), aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho
através do Regulamento n.º 549/2013, de 21 de maio. O SEC 2010 constitui o referencial harmonizado sobre a metodologia de compilação e prazo de
disponibilização das contas nacionais dos países da União Europeia, incluindo estatísticas sob a responsabilidade do Banco de Portugal. As séries em
estudo têm subjacente a delimitação do universo SEC 2010. Tendo por base o normativo das contas nacionais, os empresários em nome individual (ENI)
estão incluídos no setor institucional dos particulares. Desta forma, todos os dados apresentados neste estudo para o setor das SNF excluem os ENI
(representativos de cerca de dois terços do número de empresas em Portugal, mas de apenas 5% do respetivo volume de negócios).
44
3.2.3 Tratamento de não resposta
Apesar de a principal fonte de informação dos QES (IES) ser censitária, existem situações pontuais
que determinam que não seja obtida atempadamente a informação individual de algumas
empresas, que integram o universo de referência dos QS. Nestas situações a informação
produzida pela Central de Balanços beneficia de um processo de tratamento de não resposta que
se baseia em informação da IES de outro período disponível, com um afastamento máximo de 4
anos, e também em informação proveniente de outras fontes de informação, como o Inquérito
Trimestral às Empresas Não Financeiras (ITENF) e a declaração periódica de IVA.
A cada empresa é atribuída a classificação por setor de atividade económica constante do Sistema
de Informação da Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (SICAE)23. A classificação é
feita ao nível mais detalhado possível (5 dígitos, que corresponde à subclasse), de acordo com a
CAE-Rev.3, que se encontra publicada no site do INE24. A partir da classificação ao nível mais
elementar, as empresas podem ser agregadas em qualquer nível da CAE-Rev.3, designadamente
na classe (4 dígitos), no grupo (3 dígitos), na divisão (2 dígitos) e na secção (1 letra).
Classe de dimensão
• Uma microempresa é definida como uma empresa que emprega menos de 10 pessoas e cujo
volume de negócios ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros;
• Uma pequena empresa é definida como uma empresa que emprega menos de 50 pessoas e
cujo volume de negócios ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros;
• Uma empresa de média dimensão é definida como uma empresa que emprega menos de
250 pessoas e cujo volume de negócios não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço
total anual não excede 43 milhões de euros;
A grande empresa equivale à empresa que não respeita nenhum dos critérios definidos pela
Comissão Europeia para as microempresas, pequenas e médias empresas.
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
Localização da sede
Corresponde à NUTS III (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, versão
NUTS 2013) de localização da sede da empresa e engloba qualquer região de Portugal
Continental, bem como das Regiões Autónomas. Inclui também a categoria “sem localização
identificada”, para os casos em que não há informação sobre a sua localização da sede.
23
Disponível em http://www.sicae.pt/
24
Disponível em http://metaweb.ine.pt/sine
45
Idade
∑𝑁
𝑖=1 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙𝑖
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜:
𝑁
Para apurar os quartis de uma distribuição é necessário ordenar de modo crescente os valores
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
• O primeiro quartil (Q1) corresponde ao valor que se situa acima de 25% dos rácios da
distribuição; i.e., cerca de um quarto das empresas do agregado apresentam valores
inferiores ao primeiro quartil ou, de modo equivalente, três quartos das empresas assumem
valores superiores ao primeiro quartil;
• O segundo quartil (Q2), também denominado como mediana, corresponde ao valor central
da distribuição, i.e., o que divide a distribuição ao meio. Isto significa que metade das
empresas do agregado apresentam valores abaixo/acima deste valor;
• O terceiro quartil (Q3) é o valor que se situa acima de 75% dos rácios da distribuição; i.e.,
cerca de três quartos das empresas assumem valores inferiores ao quartil superior ou,
analogamente, um quarto das empresas apresentam valores superiores ao terceiro quartil.
46
Unidades de medida
Consoante o indicador selecionado, os dados são apresentados nas seguintes unidades de
medida:
• Percentagem (%);
• Euros (€);
• Milhares (m);
• Milhões (M);
• Milhares de milhão (mM).
A aplicação direta das regras referidas determina, numa primeira iteração, a não divulgação de
um conjunto de agregados, sendo que outros ficam com a sua divulgação inibida numa segunda
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
O setor de atividade e classe de dimensão associados por defeito aos QES, tendo por base as
condições anteriores, é o que dispõe do máximo detalhe possível.
47
Condições para o cálculo dos rácios económico-financeiros
Devido à sua natureza, o cálculo dos rácios económico-financeiros está sujeito a um conjunto de
regras específicas. Com estas regras pretende-se garantir que o resultado obtido tem
interpretação económica e que possibilita a correta ordenação dos rácios individuais das
empresas. Assim, não se calculam os rácios quando:
exige a análise conjunta de um grupo de rácios. A leitura apenas tem significado se for feita em
conjunto pelo que a inibição de um desses rácios implica a inibição dos restantes do mesmo bloco.
As regras descritas são aplicadas a todos os resultados dos rácios, independentemente da medida
estatística, o que inclui também a média do agregado. De referir, porém, duas situações
específicas que podem resultar da aplicação destas regras às empresas de determinado
agregado:
Qualquer uma destas situações ocorre com maior probabilidade em agregados com um número
reduzido de empresas.
48
II Anexo
1 Formulários de indicadores
e rácios
2 Listas de indicadores
e rácios por output
Ativo não corrente Correspondem aos ativos não classificáveis como corrente
(conceito residual). Compreendem os ativos fixos tangíveis
(incluindo propriedades de investimento e ativos biológicos
de produção), ativos intangíveis (incluindo goodwill),
investimentos financeiros e outros ativos financeiros não
correntes, designadamente os ativos por impostos diferidos.
Ativos líquidos não Incluem os ativos de longo prazo, tais como ativos fixos
correntes detidos tangíveis e intangíveis, que foram posteriormente
para venda destinados à venda no curto prazo, deduzidos dos
respetivos passivos associados; podem incluir ainda grupos
de ativos e respetivos passivos destinados à mesma
finalidade.
Ativos por impostos São valores referentes a impostos que a empresa espera vir
diferidos a recuperar no futuro, nomeadamente por conta de
prejuízos fiscais passados ou gastos não dedutíveis no
período, mas dedutíveis nos períodos futuros.
51
Indicador Conceito
52
Indicador Conceito
Custo das mercadorias Consiste no custo das saídas por vendas ou consumo de
vendidas e das matérias materiais por integração no processo de produção de
consumidas inventários.
Estado e outros entes São os montantes a pagar ao Estado e outros entes públicos
públicos (passivo) relativos a impostos e taxas.
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
53
Indicador Conceito
Fluxos de caixa das São os pagamentos efetuados no período pela empresa aos
atividades operacionais seus fornecedores.
(pagamentos a
fornecedores)
54
Indicador Conceito
Investimentos São ativos de longo prazo (não correntes) que não sejam
não financeiros investimentos financeiros ou outros ativos financeiros. Os
investimentos não financeiros incluem os ativos fixos
tangíveis, intangíveis, propriedades de investimento e ativos
biológicos de produção.
55
Indicador Conceito
Passivos por impostos São valores referentes a impostos que a empresa espera vir
diferidos a pagar no futuro decorrentes das diferenças entre os
critérios contabilísticos e as regras fiscais, nomeadamente
por conta de rendimentos não tributáveis no período, mas
tributáveis nos períodos futuros.
56
Indicador Conceito
57
Indicador Conceito
58
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
Capital próprio Expressa o peso do capital Capital próprio/ Ativo > 0; valor
Quadros do setor e quadros da empresa e do setor
Clientes (% ativo) Indica o peso dos valores a Clientes/Ativo Ativo > 0; valor
receber por vendas e absoluto do
prestações de serviços a rácio < 10 000%
clientes no total do ativo.
59
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
60
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
61
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
(% financiamentos)
62
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
63
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
64
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
Liquidez reduzida Traduz em que medida o (Ativo corrente – Inventários e Passivo corrente
endividamento de curto ativos biológicos consumíveis)/ > 0; valor
prazo (corrente) se encontra Passivo corrente absoluto do
coberto por ativos que rácio
podem vir a ser convertidos < 10 000%
em meios financeiros
líquidos também no curto
prazo, com exceção dos
inventários e ativos
biológicos consumíveis.
65
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
66
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
residentes e o respetivo
pagamento.
Prazo médio Indicador que expressa o (Clientes * 365 dias)/(Vendas e Denominador >
de recebimento tempo médio decorrido, em serviços prestados + 0; valor absoluto
dias, entre o momento das Estimativa do IVA recebido do indicador ≤
vendas e/ou serviços sobre: volume de negócios 1825
prestados e o respetivo (parte relativa a residentes))
recebimento.
67
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
Rendibilidade Rácio que pretende aferir o EBITDA/Capital investido com Capital investido
bruta dos capitais desempenho gerado no Capital investido=Capital > 0; valor
investidos período a partir dos capitais próprio + Financiamentos absoluto do
investidos (capital próprio e obtidos rácio
endividamento remunerado) < 10 000%
pela empresa. Este indicador
de desempenho é avaliado
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
Restantes ativos Indica o peso dos restantes Restantes ativos/Ativo Ativo > 0; valor
(% ativo) ativos absoluto do
no total do ativo. Os rácio < 10 000%
restantes ativos excluem as
seguintes rubricas do ativo
na sua composição: caixa e
depósitos bancários,
68
Critérios
Indicador Conceito Fórmula
de divulgação
clientes, investimentos
financeiros e não financeiros
e os inventários e ativos
biológicos consumíveis.
Restantes passivos Indica o peso dos restantes Restantes passivos/Ativo Ativo > 0; valor
(% ativo) passivos no total do ativo. absoluto do
Os restantes passivos rácio < 10 000%
excluem as seguintes
rubricas do passivo na sua
composição: fornecedores e
financiamentos obtidos.
69
2 Listas de indicadores e rácios
por output
Disponível em:
Ficheiro de
Balanço Dashboards Relatório PDF
excel
Ativo X X X
Ativo não corrente X X
Investimentos não financeiros X X
Ativos intangíveis e goodwill X
Investimentos financeiros X X
Restantes ativos não correntes X X
Ativos por impostos diferidos X
Ativo corrente X X
Inventários e ativos biológicos consumíveis X X
Clientes X X
Caixa e depósitos bancários X X
Restantes ativos correntes X X
Ativos líquidos não correntes detidos para venda X
Estado e outros entes públicos (ativo) X
Diferimentos (ativo) X
Instrumentos financeiros líquidos X
Capital próprio X X X
Capital próprio, exceto resultado líquido X X
Capital, prémios de emissão e outros instrumentos de capital próprio X
Reservas e resultados transitados X
Ajustamentos em ativos financeiros e excedentes de revalorização X
Resultado líquido do período X X X
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
Passivo X X X
Passivo não corrente X X
Financiamentos obtidos não correntes X X
Restantes passivos não correntes X X
Responsabilidades por benefícios pós-emprego X
Provisões X
Passivos por impostos diferidos X
Passivo corrente X X
Fornecedores X X
Financiamentos obtidos correntes X X
Restantes passivos correntes X X
Estado e outros entes públicos (passivo) X
Diferimentos (passivo) X
70
Disponível em:
Margem bruta X X
Outros rendimentos, exceto rendimentos financeiros e de financiamento X X
Gastos com o pessoal X X
Remunerações X
Outros gastos, exceto gastos financeiros e de financiamento X X
Imparidades (perdas/reversões) de inventários, clientes e dívidas a receber X
Imparidades e variações de justo valor em ativos fixos não financeiros X
Provisões (aumentos/reduções) X
Resultado de exploração X X
Rendimentos financeiros e de financiamento X X
Outros detalhes:
Financiamentos obtidos X
Rendimentos X X
Gastos X X
Compras X X
Autofinanciamento X X
Autofinanciamento operacional X X
71
Disponível em:
Pagamentos a fornecedores X X
Outros recebimentos líquidos de pagamentos operacionais X X
Tesouraria
Tesouraria líquida X X X
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
72
Disponível em:
Estrutura do ativo
Investimentos não financeiros em percentagem do ativo X X X
Investimentos financeiros em percentagem do ativo X X X
Pessoal (% rendimentos) X X X
Bancos e outros financiadores (% rendimentos) X X X
Estado (% rendimentos) X X
Autofinanciamento (% rendimentos) X X
Outros (% rendimentos) X X
Liquidez reduzida X X X
Atividade
Prazo médio de recebimentos (nº de dias) X X X
Importações (% compras) X X
Financiamento
Financiamento líquido por dívida comercial em percentagem do volume de negócios X X X
73
Disponível em:
Rendibilidade
Rendibilidade do ativo X X X
Risco
Percentagem de Empresas com EBITDA negativo X X X
Outros detalhes
Número de pessoas ao serviço X X
Entradas de empresas (natalidade) (nº) X X X
Número de empresas X X X
74
3 Dashboards dos quadros
da empresa e do setor
Figura II.3.1 • Posicionamento da empresa (QES)
75
Figura II.3.3 • Atividade e rendibilidade (QES)
76
Figura II.3.5 • Liquidez e tesouraria (QES)
77
Figura II.3.7 • Fontes de financiamento (QES)
78
Figura II.3.9 • Balanço (estrutura) (QES)
79
Banco de Portugal Estudos da Central de Balanços 36 fevereiro 2019
80
Figura II.3.11 • Comparação internacional (QES)
Siglas e acrónimos
CAE Classificação Portuguesa das Atividades Económicas
EBITDA Resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (do inglês, Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization)
pp Pontos percentuais
SEC 2010 Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais de 2010 (Regulamento (UE) n.º 549/2013 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de maio de 2013, relativo ao Sistema Europeu de
Contas Nacionais e Regionais na Comunidade)
Banco de Portugal (2013), “Estatísticas das Empresas não Financeiras da Central de Balanços – Notas
metodológicas”, Suplemento ao Boletim Estatístico, 2/2013, outubro de 2013.
https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/suplemento-2-2013.pdf
Banco de Portugal (2014), “Quadros do Setor e Quadros da Empresa e do Setor: Notas Metodológicas
– Série Longa 1995-2013“, Estudos da Central de Balanços, n.º 19, novembro de 2014.
https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/estudo%20da%20cb_19_2014.pdf
Banco de Portugal (2018), “Análise setorial das sociedades não financeiras em Portugal 2017”, Estudos
da Central de Balanços, n.º 34, novembro de 2018.
https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/estudos_da_cb_34_2018.pdf