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Biologia Celular II

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_______________________________Faculdade de Ciências e Tecnologias______________________________ Justin Pereira____

BIOLOGIA CELULAR
2009/2010

Licenciatura em Biologia

Justin Pereira
1º Semestre

Professor: João Carlos Loureiro


_______________________________Faculdade de Ciências e Tecnologias______________________________ Justin Pereira____

Índice

Revisão de conceitos ................................................................................................... 3


Núcleo ......................................................................................................................... 4
Organização funcional do núcleo ................................................................................ 8
Membranas celulares ................................................................................................ 18
Transporte de proteínas I – Núcleo - Citoplasma ...................................................... 32
Transporte de proteínas II – Mitocôndrias – Cloroplastos - Peroxissomas ................ 44
Transporte de proteínas III – Retículo Endoplasmático ............................................. 74
O Retículo Endoplasmático Liso e a Síntese de Lípidos .............................................. 83
Via de Secreção ......................................................................................................... 86
Transporte vesicular .................................................................................................. 88
Tráfego Vesicular entre RE e o Complexo de Golgi ................................................... 105
Transporte da Rede Trans-Golgiana para os Lisossomas ......................................... 118
Transporte para a célula desde a Membrana Plasmática ......................................... 126
Exocitose .................................................................................................................. 130
Citoesqueleto .......................................................................................................... 132
Matriz extracelular .................................................................................................. 150
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Biologia Celular
Revisão de conceitos

Células

As células são as unidades estruturais e funcionais de todos os organismos vivos.

Organismos compostos por uma única célula – Unicelulares (muito diversificados e podem ser
encontrados em qualquer ambiente)

Os organismos de maiores dimensões são e compostos por mais do que uma célula –
multicelulares (contêm muitos tipos de células, que variam em tamanho, forma e função.)

Características estruturais de todas a células

Membrana plasmática:
Camada hidrofóbica composta por lípidos e proteínas que envolve a célula e que separa o
conteúdo celular do meio envolvente.

Citoplasma:
Composto pelo citosol (solução aquosa altamente concentrada) e por uma variedade de
partículas insolúveis em suspensão (complexos supramoleculares - organelos).

Núcleo (células eucarióticas) ou nucleóide (células procarióticas):


Local onde o genoma (DNA + proteínas) é guardado e replicado

Células eucarióticas vs. células procarióticas

Células eucarióticas (grego eu, “verdadeiro”, karion “núcleo”):


O material genético é separado através de uma dupla membrana, o invólucro nuclear.

Núcleo
Células procarióticas (grego pro, “antes”, karion “núcleo”):
O material genético não se encontra separado do citoplasma por uma membrana.

Nucleóide
Contrariamente aos organismos procarióticos, os eucariontes apresentam compartimentos
envoltos por uma membrana no citoplasma (organelos):

 retículo endoplasmático,
 complexo de Golgi,
 lisossomas e vacúolos (nas plantas),
 cloroplastos (em células fotossintéticas),
 etc.
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Principais características estruturais das células eucarióticas

 As células eucarióticas típicas são muito maiores do que as células procarióticas.


 As células eucarióticas contêm um conjunto básico de organelos envoltos por uma
membrana - compartimentação intracelular.
 Separação, regulação e optimização das diversas vias metabólicas e funções celulares
o Em geral cada organelo realiza a mesma função em tipos de células distintas.
No entanto, podem variar bastante em abundância.
o Cada organelo contém um conjunto característico de enzimas e de outras
moléculas especializadas que são transportadas de organelo para organelo
através de um complexo sistema de distribuição.

Principais compartimentos celulares


 Núcleo
 Sistema de membranas:
 Membrana plasmática
 Retículo endoplasmático
 Complexo de Golgi
 Lisossomas/Vacúolos
 Peroxissomas
 Mitocôndria
 Citoesqueleto

Organelos típicos das células vegetais:


 Parede celular
 Cloroplastos
 Vacúolo

Núcleo

 O núcleo contém o genoma (excluindo o DNA mitocondrial e cloroplastidial) e é o


principal local de síntese do DNA e RNA.
 O núcleo encontra se separado do citoplasma pelo encontra-invólucro nuclear que é
composto por duas membranas.
 Os conteúdos nucleares comunicam com o citosol através de aberturas no envelope
nuclear - poros nucleares

Retículo endoplasmático (RE)

 Constitui cerca de metade da área de


membranas da célula.
 Composto por membranas em forma de
folhas achatadas, sacos ou tubos que se
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estendem pelo citoplasma, e que apresentam um espaço intracelular de grandes


dimensões. 5
 A membrana do RE encontra-se em continuidade estrutural com a membrana externa
do invólucro nuclear.
 Divide-se em retículo endoplasmático rugoso (RER) e liso (REL), consoante a presença
ou ausência de ribossomas ligados à superfície de contacto com citosol,
respectivamente.
 O RE tem como função a síntese e o transporte de lípidos (REL) e de proteínas
membranares e solúveis (RER). É igualmente um local de armazenamento de iões Ca2+.

Complexo de Golgi

 O complexo de Golgi consiste num conjunto


de compartimentos tipo saco achatados,
designados de cisternas.
 O complexo de Golgi recebe os lípidos e
proteínas do RE.
 Está envolvido na modificação, seriação e
empacotamento destas macromoléculas
para a sua secreção ou distribuição para
outros organelos.
 Em redor do complexo de Golgi podem ser encontradas inúmeras vesículas que
transportam as macromoléculas entre o complexo de Golgi e outros compartimentos
celulares.

Lisossomas e peroxissomas

 Os lisossomas são vesículas envoltas por uma membrana que contêm enzimas
digestivas que degradam organelos intracelulares defuntos e macromoléculas
transportadas para o interior da células ( endocitose).
 Os peroxissomas são vesículas envoltas por uma membrana que contêm enzimas
envolvidas em várias reacções de oxidação (e.g., destruição do peróxido de
hidrogénio).

Mitocôndrias e cloroplastos

 São os organelos envolvidos na obtenção da ATP (por combinação de oxigénio com


determinadas moléculas) que as células usam para realizar as reacções que necessitam
de energia livre.
 Os cloroplastos (plastídios que contêm clorofila) são organelos com uma dupla
membrana encontrados nas plantas superiores.
 Apresentam um sistema elaborado de membranas no seu interior.
 Os cloroplastos contêm toda a maquinaria necessária para a realização da
fotossíntese.
Citoesqueleto
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 O citoesqueleto é composto por conjuntos de filamentos proteicos que se encontram


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no citosol e que formam redes complexas.
 Estas redes conferem a forma da célula e são a base para os movimentos
intracelulares.

Existem três tipos principais de filamentos:


 Microtúbulos
 Filamentos de actina
 Filamentos intermediários

Organelos típicos das células vegetais

 Vacúolo
 Vesícula (envolta por uma só membrana) de grandes dimensões (até 90% do volume
celular envolvida na digestão intracelular.
 Parede celular
 As células vegetais estão envolvidas por uma parede rígida composta por fibrilhas de
celulose imersas numa matriz de outros polissacarídeos.

Evolução das células eucarióticas

Para perceber as relações entre os diversos compartimentos celulares, é importante


considerar a sua origem

As células eucarióticas evoluíram a partir das células procarióticas em diversas etapas:

 1º - as células procarióticas obtêm mais DNA, e adquirem a capacidade de compactá-lo


com proteínas específicas (cromossomas), de o replicarem (replicação do DNA) e de o
dividirem igualmente pelas células filhas (mitose).

 2º - as células aumentam de tamanho e desenvolve-se um sistema de membranas


Intracelulares (incluindo o invólucro nuclear) por invaginações da própria membrana
plasmática:
○ Nas bactérias como não existem membranas internas a membrana plasmática
desempenha todas as funções dependentes das membranas (e.g., síntese de ATP, bomba de
iões, secreção proteica)
○ O aparecimento de membranas internas foi acompanhado de uma especialização de
cada membrana originando os diferentes organelos dos sistemas membranares.

 3º - as células eucarióticas primordiais, incapazes de realizar fotossíntese ou


metabolismo aeróbico, englobaram bactérias aeróbicas ou fotossintéticas (associação
endosimbiótica).
○ Bactérias aeróbicas - mitocôndrias
○ Cianobactérias fotossintéticas - cloroplastos
○ As mitocôndrias e os cloroplastos diferem dos outros organelos por possuírem um
genoma próprio e proteínas que se assemelham às encontradas nas bactérias.
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Grandes grupos de compartimentos

A evolução das células eucarióticas levou ao agrupamento dos compartimentos intracelulares


em 4 grupos distintos:
 Núcleo e citosol (que comunicam pelos poros nucleares e são contínuos)
 Organelos envolvidos
nas vias de secreção e
endocítica (RE,
complexo de Golgi,
endossomas,
lisossomas) – extensa
comunicação entre
organelos e com o
exterior da célula
através de vesículas de
transporte
 Mitocôndrias
 Plastídeos

Transporte de proteínas

 A síntese proteica é realizada no citosol nos ribossomas.


 O destino de algumas proteínas depende da sequência de aminoácidos na proteína,
que contém sinais de seriação que dirigem a proteína para determinados locais fora do
citosol.
 Existem três vias pelas quais as proteínas são dirigidas de um compartimento para
outro.

 Transporte através dos poros nucleares – as proteínas movem-se entre o citosol e o


núcleo através dos poros nucleares. Estes funcionam como portões selectivos.
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 Transporte transmembranar – as
proteínas atravessam a membrana de um 8
organelo através de translocadores
proteicos transmembranares
○ Transporte inicial entre o citosol
e o lúmen do RE ou das mitocôndrias
 Transporte vesicular – transporte das
proteínas em vesículas. Estas podem
originar-se simplesmente pelo brotar da
membrana de um compartimento,
transportando a proteína no seu interior.
A libertação das proteínas ocorre por
fusão com o compartimento alvo.
○ Exemplo: Transporte entre o RE
e o complexo de Golgi

Organização funcional do núcleo

O núcleo

 A presença de um núcleo é a
principal característica que
distingue as células eucarióticas
das procarióticas.
 O núcleo é o local onde se
encontra a informação genética
e o centro de controlo da célula
 É no núcleo que ocorre a
replicação do DNA, a transcrição
e o processamento do RNA.
 Os componentes principais do
núcleo são o invólucro nuclear, o
nucleoplasma, a cromatina
(complexo fibroso composto
pelo DNA e pelas histonas) e o
nucléolo
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Invólucro nuclear
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 O invólucro nuclear separa os conteúdos do núcleo do citoplasma.
 As duas membranas funcionam como uma barreira que impede a passagem livre de
moléculas entre o núcleo e o citoplasma.
 Os únicos canais de passagem são os poros nucleares.
 O aparecimento do invólucro nuclear foi extremamente importante uma vez que
permite um melhor controlo da expressão génica (e.g., limitando o acesso ao material
genético a algumas proteínas, apenas).

Invólucro nuclear – estrutura

 O invólucro nuclear apresenta uma estrutura complexa, composta por duas


membranas nucleares, pela lâmina nuclear (adjacente à membrana interna do núcleo)
e pelos poros nucleares.

Invólucro nuclear – membranas nucleares

 O núcleo é envolto por duas membranas, designadas de membrana nuclear externa e


interna:
 A membrana externa é contínua com o retículo endoplasmático (RE), encontrando-se
directamente ligada ao lúmen deste organelo.
o É funcionalmente similar às membranas do RE, mas difere na composição
proteica – é enriquecida com proteínas que se ligam ao citoesqueleto.
o Apresenta ribossomas ligados à sua superfície.
 A membrana interna contém proteínas específicas do núcleo.
 A função das membranas nucleares é de servirem como uma barreira que separa os
conteúdos do núcleo dos do citoplasma.
 Tal como as outras membranas, as membranas nucleares são uma bicamada
fosfolipídica apenas permeável a moléculas pequenas e não polares.
 A membrana nuclear externa e interna unem-se nos poros nucleares.
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Invólucro nuclear – lâmina nuclear


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 Junto à membrana nuclear interna encontra-se a lâmina nuclear - rede fibrosa que
fornece o suporte estrutural ao núcleo.
 A lâmina nuclear é composta por proteínas fibrosas (lâminas), e por outras proteínas
associadas.
 As lâminas pertencem à classe de proteínas dos filamentos intermédios (que
constituem o citoesqueleto) e associam-se entre si, originado estruturas mais
complexas.
 As lâminas interagem com proteínas da membrana nuclear interna, como a emerina e
o receptor lâmina B, permitindo a ligação da lâmina nuclear ao invólucro nuclear.
 As lâminas também se ligam à cromatina (DNA) através das histonas H2A e H2B.

Poros nucleares

 Os poros nucleares são os únicos canais


através dos quais moléculas pequenas
polares, iões e macromoléculas (proteínas
e RNAs) podem mover-se entre o núcleo e
o citoplasma.
 Dependendo do tamanho das moléculas,
estas podem atravessar o poro nuclear de
duas formas:
o Moléculas de pequenas dimensões
atravessam livremente os poros
em ambas as direcções.
o Proteínas e RNAs atravessam o poro nuclear por um processo activo no qual as
proteínas e o RNA são reconhecidos e transportados selectivamente numa
direcção específica.
 Os poros nucleares são estruturas grandes - 120 nm de diâmetro e com um peso
molecular de 125 M Daltons (30x o tamanho dos ribossomas).
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 Cada poro é constituído por:


11
o 2 anéis co-axiais ligados um ao
outro e à membrana do poro
por subestruturas (espículas –
S) que conferem ao conjunto
uma simetria octogonal.
o Transportador que representa
um canal cilíndrico central. É
do transportador que irradiam
oito espículas (S), interligadas
por um colar (anel luminal –
AL) associado à membrana
nuclear.
o Filamentos citoplasmáticos
(FC) e nucleoplasmátics (FN) que se projectam dos anéis. Os filamentos
nucleoplasmáticos podem associar-se entre si originando o anel distal (AD),
formando uma estrutura tipo cesto.
o Partículas citoplasmáticas (PC) que se associam ao anel citoplasmático.

Organização interna do núcleo

 O núcleo apresenta uma estrutura interna que organiza o material genético e localiza
as funções nucleares.
 Nas células animais existe uma matriz de lâminas que se estende para lá da lâmina
nuclear até ao interior do núcleo.
 Estas lâminas funcionam como locais de ligação da cromatina e permitem a
organização das proteínas em corpos nucleares funcionais.
 Têm assim um papel importante na reparação do DNA, regulação de genes e
transdução de sinais.

Organização interna do núcleo – cromossomas e cromatina

 Células eucarióticas vs. Células procarióticas:


o Procarióticas – um único cromossoma composto por uma molécula de DNA
circular
o Eucarióticas – múltiplos cromossomas, cada um com uma molécula de DNA
linear
 O número e tamanho dos cromossomas varia consideravelmente entre as diferentes
espécies.
 O DNA das células eucarióticas está ligado a pequenas proteínas básicas – histonas –
que permitem a compactação do DNA de uma forma organizada.

Organização interna do núcleo – cromatina

 O complexo DNA - proteínas é designado de cromatina.


 A grande maioria das proteínas deste complexo são as histonas – proteínas de
pequenas dimensões que contêm um grande proporção de aminoácidos (a.a.) básicos
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(arginina e lisina) que facilitam a ligação à molécula de DNA que é carregada


negativamente. 12
 As histonas são proteínas muito comuns nas células eucarióticas; conjuntamente a sua
massa equivale à massa do DNA.

 Existem 5 grandes tipos de histonas:

Histonas * Peso molecular Número de Percentagem de


aminoácidos lisina e arginina
H1 22,500 244 30.8
H2A 13,960 129 20.2
H2B 13,774 125 22.4
H3 15,273 135 22.9
H4 11,236 102 24.5
*
Valores de histonas para coelhos (H1) e bovinos

 A unidade estrutural básica da cromatina é


designada de nucleossoma – unidades
repetidas com um tamanho de 200 pb.
 A cromatina organiza-se nos nucleossomas da
seguinte forma:
o O DNA envolve (147 pb) as partículas
do centro do nucleosssoma (2
moléculas das histonas H2A, H2B, H3 e
H4) e é selado por uma molécula da
histona H1 – cromatossoma (no total
tem 166 pb, que corresponde a 2 voltas
de DNA)
o Outras proteínas ligam-se ao DNA (DNA de ligação) que se encontra entre os
centros de nucleossomas

 A compactação do DNA ao redor das histonas forma uma fibra de cromatina com 10
nm de diâmetro, composto pelos cromatossomas e pelos segmentos de DNA de
ligação (50 pb)
 Este empacotamento diminui em 6x o comprimento do DNA
 A cromatina é de seguida compactada pelo enrolamento em fibras de 30 nm,
resultando numa diminuição de 50x do comprimento do DNA. A histona H1 parece ter
um papel importante nesta compactação
 A extensão da condensação da cromatina varia durante o ciclo de vida da célula e
desempenha um papel importante na regulação da expressão génica.
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 A compactação do DNA ao redor das


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histonas forma uma fibra de cromatina
com 10 nm de diâmetro, composto
pelos cromatossomas e pelos
segmentos de DNA de ligação (50 pb)
 Este empacotamento diminui em 6x o
comprimento do DNA
 A cromatina é de seguida compactada
pelo enrolamento em fibras de 30 nm,
resultando numa diminuição de 50x do
comprimento do DNA. A histona H1
parece ter um papel importante nesta
compactação
 A extensão da condensação da
cromatina varia durante o ciclo de vida
da célula e desempenha um papel
importante na regulação da expressão
génica.
 Quando a célula entra na mitose, a
cromatina torna-se altamente
compactada (cromossomas), por
“loops” de cromatina de 30 nm que se
dobram entre si – compactação até
10,000x.

 Os cromossomas apresentam uma região especializada, o centrómero que


desempenha um papel importante na correcta distribuição dos cromossomas
(duplicados) pelas células filhas durante a mitose.
 Os centrómeros têm a função de unir os dois cromatídeos dos cromossomas e de
serem o local de ligação dos microtúbulos durante a formação do fuso acromático.

Organização interna do núcleo – centrómero

 O centrómero consiste em sequências específicas do DNA, às


quais se ligam proteínas específicas, formando uma estrutura
especializada, o cinetócoro.
 As proteínas do cinetócoro servem como motores
moleculares que guiam o movimento dos cromossomas ao
longo do fuso acromático, segregando os cromatídeos
pelas células filhas
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Organização interna do núcleo – cromatina


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 Nas células interfásicas (não divisão), a maioria da cromatina encontra-se
relativamente descompactada e distribuída por todo o núcleo – eucromatina.
 Durante este período do ciclo celular (interfase), os genes são transcritos e o DNA é
replicado (em preparação para a divisão celular, mitose)

Organização interna do núcleo – cromatina

 A eucromatina nos núcleos interfásicos encontra-se na forma de 30 nm, ou


ligeiramente mais condensada (60 a 130 nm).
 Cerca de 10% da cromatina interfásica encontra-se altamente compactada –
heterocromatina.
 A heterocromatina é transcripcionalmente inactiva e contém uma quantidade elevada
de sequências repetidas de DNA.

Organização interna do núcleo - cromatina

 Apesar da cromatina interfásica parecer estar distribuída uniformemente, os


cromossomas estão dispostos de uma forma organizada no núcleo – regulação da
expressão génica.
 Os cromossomas estão associados com o invólucro nuclear em bastantes locais –
repressão da expressão génica.
 A organização interna do núcleo é igualmente demonstrada pela localização da maior
parte dos processos nucleares em regiões específicas do núcleo – e.g., locais
específicos onde ocorre a replicação do DNA.

Organização interna do núcleo – nucléolo

 O “corpo” nuclear mais proeminente é o nucléolo – local de transcrição e


processamento do RNAr (RNA ribossomal) e de “montagem” dos ribossomas.
 É a fábrica de produção de ribossomas.
 Estudos recentes mostraram que o nucléolo é igualmente importante na modificação
do RNA, e vários tipos de RNAs movem-se para o nucléolo em etapas específicas do
seu processamento.
 Em certas alturas as células necessitam de grandes quantidades de ribossomas para a
realização da síntese proteica – células de mamíferos em crescimento activo contêm 5
a 10M de ribossomas.
 O nucléolo não se encontra envolto por uma membrana e está associado com as
regiões dos cromossomas que contêm os genes para o RNAr 5.8S, 18S e 28S.

Ribossomas

 Os ribossomas são o local de síntese proteica.


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 Como foram detectados por ultracentrifugação, os ribossomas são designados de


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acordo com as taxas de sedimentação: 80S nas células eucarióticas e 70 S nas células
procarióticas
 São compostos por duas subunidades distintas, cada uma contendo proteínas
características e RNAr. Nos organismos eucarióticos:
o A unidade mais pequena (40S) é composta pelo 18S rRNA e por cerca de 30
proteínas;
o A unidade maior (60S) contém o 28S, 5.8S e 5S rRNA e cerca de 45 proteínas.

Ribossomas

 Durante o processo de síntese proteica (tradução), o RNAm é habitualmente traduzido


por um conjunto de ribossomas, localizados a intervalos regulares de cerca de 100 a
200 nucleótidos.
 Ao grupo de ribossomas ligado à molécula de RNAm designa-se de polirribossomas.
 Cada ribossomas neste grupo funciona independentemente na síntese de uma cadeia
polipeptídica em particular.

Biogénese dos ribossomas

 Os rRNAs 5.8S, 18S e 28S são transcritos como unidade única no nucléolo através da
RNA polimerase I – precursor 45S RNAr.
 O 45 pré-rRNA é processado mas diferentes sub-unidades ribossómicas no nucléolo ou
noutras regiões do núcleo.
 As proteínas ribossómicas são sintetizadas no citoplasma e de seguida transportadas
para o núcleo
 Para satisfazer a necessidade de transcrever grandes quantidades de moléculas de
rRNA, todas as células contêm múltiplas cópias de genes rRNA
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o e.g. cerca de 200 cópias do genes 5.8S, 18S e 28S rRNA e 2000 cópias do 5S
rRNA, nos humanos. 16

Nucléolo – Morfologia e génese

 Morfologicamente, podem ser distinguidas três regiões no nucléolo:


o Centro fibrilar (FC) – local onde se encontra o rDNA que contém os genes que
transcrevem para os rRNA
o Componente fibrilar denso (DFC)
o Componente granular (G)
 As regiões representam os locais onde ocorrem as fases progressivas de transcrição,
processamento do RNAr e de montagem dos ribossomas.
 Após cada divisão celular, o nucléolo fica associado às regiões dos cromossomas que
contêm a sequência de nucleótidos do rDNA, a que foi dado o nome de região do
organizador nucleolar (NOR).
 A formação do nucléolo necessita da transcrição de 45s pré-rRNAm, que leva à fusão
de pequenos corpos pré-nucleolares que contêm os factores de processamento e
outros componentes do nucléolo.

Transcrição e processamento do rRNA

 Cada NOR apresenta regiões repetidas de genes rRNA, separadas por um espaçador
de DNA não transcrito.
 Estes genes são transcritos muito activamente pela RNA polimerase I.
 Nesta imagem temos genes rRNA envoltos por densas cadeias de RNA em
crescimento, formando uma configuração em “Árvore de Natal”.

 O primeiro produto da transcrição dos genes rRNA é o 45S pré-RNA, que contém os
rRNAs 18S, 5.8S e 28S e as regiões dos espaçadores transcritos.
 Existem espaçadores transcritos externos (ETS) nas regiões terminais 5’ e 3’, e dois
espaçadores transcritos internos (ITS) entre as sequências de rRNAs.
 O primeiro passo do processamento é a clivagem no ETS perto do terminal 5’ e
remoção do ETS no terminal 3’.
 Clivagens sucessivas resultam na formação dos rRNAs maturos.
 O processamento do pré-rRNA envolve t bé til ã 32 também a metilação de bases
específicas e de resíduos de ribose.
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 O processamento do pre-rRNA necessita da acção de proteínas e de RNAs que estão


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localizadas no nucléolo.
 O nucléolo contém mais de 300 proteínas e de cerca de 200 pequenos RNAs
nucleolares (snoRNAs) que actuam no processamento do pre-rRNA.
 Os snoRNAs encontram-se habitualmente em complexos com proteínas (8 a 10)
snoRNPs.
 Estes ligam-se ao pre-rRNA para desempenharam diversas funções 33

Transcrição e processamento do rRNA

 Alguns snoRNAs são responsáveis pelas clivagens no


pré-rRNA, mas a maioria actua na síntese de rRNA
estando envolvido nas modificações das bases do pré-
rRNA.
 A maioria dos snoRNAs contém pequenas sequências de
15 nucleótidos que são complementares ao rRNA 18S e
28S.
 Estas regiões incluem os locais onde irá ocorrer a
modificação das bases, e assim os snoRNAs actuam
como o local alvo para enzimas responsáveis pela
metilação.

Montagem das subunidades ribossómicas

 A formação dos ribossomas envolve a montagem dos precursores rRNA com proteínas
ribossómicas e 5S rRNA.
 Os genes que codificam as proteínas ribossómicas são transcritos fora do nucléolo pela
RNA polimerase II, obtendo-se mRNAs que são traduzidos nos ribossomas
citoplasmáticos.
 As proteínas são transportadas para o nucléolo onde são montadas com os rRNAs
formando pré-ribossomas.
 Os 5S rRNAs são também transcritos fora do nucléolo (mas no núcleo) e adicionados
aos pré-ribossomas.
 A associação das proteínas ribossomais com o rRNA começa enquanto o pré-RNA
ainda está a ser sintetizado, sendo que metade das proteínas ribossomais são
complexadas antes da clivagem do pré-rRNA.
 As restantes proteínas e o 5S rRNA são incorporados à medida que a clivagem
procede.
 No início da montagem ocorre a separação do processamento das duas subunidades
ribossomais. Em ambos os casos é completada no núcleo.
 As etapas finais de maturação das subunidades ribossomais incluem a exportação dos
pré-ribossomas para o citoplasma, onde se formam as subunidades 40S e 60S dos
ribossomas eucarióticos.
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Membranas Celulares

Membrana plasmática – estrutura

 A membrana plasmática é uma das estruturas fundamentais das células.


 Como é uma barreira selectiva à passagem de moléculas (mediada por proteínas)
determina a composição do citoplasma.
 Desempenha também um papel fundamental na interacção com outras células
vizinhas e serve de sensor através do qual as células recebem sinais do meio
envolvente.

Membranas celulares

 A formação das membranas biológicas é baseada


nas propriedades dos lípidos.
 As membranas celulares partilham uma
organização estrutural – bicamada fosfolipídica
com proteínas associadas.
 As proporções destes dois constituintes variam de
membrana para membrana.
 A função única de cada membrana celular é
largamente determinada pelas proteínas que
possui.

Composição lipídica e organização estrutural

 As membranas têm uma estrutura em bicamada


lipídica (fosfolípidos).
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 Os fosfolípidos são moléculas anfipáticas – compostas por duas cadeias de ácidos


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gordos (hidrofóbicas) ligadas a uma cabeça polar (hidrofílica) contendo grupos
fosfato.
 Como as caudas de ácidos gordos são pouco solúveis em água, os fosfolípidos formam
espontaneamente bicamadas em soluções aquosas
 Cauda hidrofóbica para o interior
 Cabeça polar exposta em ambos os lados em contacto com a água

Composição lipídica e organização estrutural

 A bicamada lipídica tem duas propriedades importantes:


o Impermeabilidade – funciona como uma barreira que impede a difusão livre
de moléculas solúveis em água (hidrofílicas) através da membrana – modulada
pela presença de proteínas membranares
o Estabilidade – a estrutura
em bicamada é mantida
por interacções
hidrofóbicas e de van der
Waals entre as cadeias
lipídicas
 Uma vez que todas as membranas
celulares envolvem toda a célula ou
compartimentos intracelulares,
estas apresentam uma face interna
(orientada para o interior do
compartimento) e uma face
externa.
 Por vezes as superfícies das
membranas celulares também são
designadas de faces citosólica e
exoplasmática.
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Lípidos
20
 Os lípidos constituem cerca de 50% da massa da maioria das membranas celulares
(e.g., membrana plasmática)
 Uma membrana é composta por três classes de lípidos: fosfoglicerídeos e
esfingolípidos (50-60%) + esteróides (40%).
 Todos são moléculas anfipáticas, ou seja, com uma cabeça polar e uma cauda
hidrofóbica.
 No entanto diferem na sua estrutura química, abundância e funções que
desempenham na membrana celular.

Fosfolípidos – fosfoglicerídeos

 Os fosfoglicerídeos são a classe de lípidos mais abundantes na maioria das membranas


e são derivados do glicerol-3-fosfato.
 Um fosfoglicerídeo típico consiste numa cauda hidrofóbica composta por duas cadeias
de ácidos gordos esterificados aos grupos hidroxil no glicerol fosfato e de uma cabeça
polar ligada ao grupo fosfato.
 Uma das cadeias de ácidos gordos é insaturada e contém pelo menos uma ligação cis-
dupla que resulta numa curvatura ligeira.
 Os fosfoglicerídeos são classificados de acordo com a natureza da cabeça polar:
o Fosfatidilcolina – colina
(PC) – fosfoglicerídeo mais
abundante
o Fosfatidiletaloamina –
etalomanina (PE)
o Fosfatidilserina – serina
(PS)
o Fosfatidilinositol – inositol
(PI) - Menos abundantes
mas fundamentais em
processos de endocitose,
nas ligações entre células
e na sinalização celular

Esfingolípidos

 Compostos derivados da
esfingosina, um amino álcool com
uma longa cadeia hidrocarbonada
 Os esfingolípidos são compostos
por uma cadeia longa de ácidos
gordos ligados ao grupo amino
esfingosina.
 O esfingolípido mais comum é a esfingomielina (SM; fosfolípidos) – semelhante à
fosfatidilcolina mas com o grupo hidroxílico terminal ligado à esfingosina
 Como apresenta o grupo fosfato pode também ser considerado um fosfolípido.
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 Noutros esfingolípidos a cabeça polar é composta por açúcares (glicolípidos) –


21
glucosilcerebrosídeos (GlcCer)

Esteróides

 Os esteróides apresentam uma estrutura de base de 4 anéis hidrocarbonados e uma


cauda não polar
 O colesterol constitui o esteróide principal nos tecidos animais. Caracteriza-se por ter
um grupo hidróxido num dos anéis – interacção com a água – carácter anfipático.
 Nas células vegetais 30-50% dos lípidos são esteróides únicos das plantas.

Composição lipídica das membranas celulares

 Cada membrana celular tem propriedades únicas ditadas por uma mistura específica
de lípidos e proteínas.
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 Em alguns casos estas diferenças podem reflectir uma especialização da função da


22
membrana – o caso das células epiteliais do intestino:
 Face apical (intestino) – rácio 1:1:1 (esfingolípidos: fosfoglicerídeos: colesterol)
 Face basal (contacto com outras célula) – rácio 0.5:1.5:1 (esfingolípidos:
fosfoglicerídeos: colesterol)

Composição lipídica das membranas celulares – distribuição membranar

 Os lípidos membranares estão distribuídos assimetricamente nos dois folhetos da


membrana plasmática – costumam ser mais abundantes num dos folhetos.
 No caso da membrana plasmática de eritrócitos:
 O folheto exoplasmático consiste essencialmente de fosfatidilcolina e
esfingomilina
 O folheto citoplasmático apresenta Eritrócitos fosfatidilamina e
fosfatidilserina – como a cabeça destes fosfolípidos está carregada
negativamente, o folheto interno tem uma carga negativa
 Os glicolípidos são exclusivos do folheto externo (2%).

Composição lipídica das membranas celulares – distribuição membranar

 Esta segregação pode influenciar a curvatura da membrana.


 Ao nível funcional é importante na conversão de sinais extracelulares em sinais
intracelulares
 O movimento dos lípidos de um folheto para o outro é catalisado por proteínas
transportadores designadas de flipases (com elevado gasto de energia)

Composição lipídica das membranas celulares – fluidez

 Uma característica importante das bicamadas


fosfolipídicas é funcionarem como fluidos viscosos.
 As cadeias longas de ácidos gordos movem-se
livremente no interior da membrana – flexibilidade
 Adicionalmente os fosfolípidos e muitas proteínas
têm mobilidade lateral e capacidade de Rotação
 Observação dos movimentos laterais de proteínas (e
taxa de difusão) pelo método de FRAP (fluorescence
recovery after fotobleaching – restabelecimento da fluorescência após
fotobranqueamento)
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Composição lipídica das membranas celulares – fluidez


23
O grau de fluidez depende da composição lipídica, da estrutura das caudas hidrofóbicas dos
fosfolípidos e da temperatura.
 A agregação dos fosfolípidos ocorre por
interacções de van der Waals e pelo efeito
hidrofóbico:
o Cadeias longas e saturadas de ácidos
gordos – maior tendência para se
agregarem formando uma estrutura
mais rígida tipo gel
o Cadeias mais curtas – como existe uma
menor área de interacção entre as
cadeias as bicamadas são mais fluidas.

 Com um aumento de temperatura da


membrana, existe também um aumento do
movimento das caudas de ácidos gordos – transição para um estado mais fluido.
o A temperaturas fisiológicas, as membranas apresentam baixa viscosidade e
uma consistência relativamente fluida.

 O colesterol também desempenha um papel importante na fluidez


membranar

 O colesterol insere-se na bicamada com o grupo hidroxílico polar perto


da cabeça hidrofílica dos fosfolípidos.

 A temperaturas normais, os anéis rígidos do colesterol interagem com


as regiões da cadeia de ácidos gordos que estão adjacentes –
diminuição da mobilidade da cauda e consequentemente diminuição da
fluidez membranar

 A temperaturas baixas, o colesterol interfere com as cadeias de ácidos


gordo de forma a manter a fluidez da membrana e impedir o
congelamento.

Composição lipídica das membranas celulares – espessura

 A composição lipídica também influencia a


espessura da membrana – influencia a
associação de proteínas a determinadas
membranas.
 A presença de esfingomielina resulta numa
estrutura mais espessa do que a dos
fosfolípidos cauda mais estabilizada
 A associação dos fosfolípidos com o
colesterol também resulta numa maior
espessura.
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Composição lipídica das membranas celulares – curvatura


24
 Outra propriedade dependente da composição lipídica é a curvatura – depende dos
tamanhos relativos das cabeças polares e das caudas não polares dos fosfolípidos:
o Lípidos com cauda longa e cabeça
grande – forma cilíndrica (PC)
o Lípidos com cauda longa mas cabeça
pequena – forma em cone (PE)

 Camadas compostas por lípidos cilíndricos são


planas.
 Camadas compostas por lípidos em cone são
habitualmente curvas

Balsas lipídicas

 O colesterol e os esfingolípidos (esfingomielinas e glicolípidos) não se difundem


livremente na membrana plasmática, mas tendem a agregar-se em parcelas – balsas
lipídicas.
 As balsas lipídicas são enriquecidas por proteínas receptoras e de sinalização.
 Estes complexos lípidosproteínas são importantes na detecção de sinais químicos
vindos do exterior e subsequente activação de eventos citosólicos e no fenómeno da
endocitose.

Proteínas membranares

 As proteínas são o outro constituinte principal das membranas celulares (25% a 76%
da massa das membranas celulares)
o Membrana plasmática – 50% lípidos / 50% proteínas
o Membrana mitocondrial – 24% lípidos / 76% proteínas
o Uma vez que as proteínas apresentam dimensões muito superiores aos
lípidos, esta percentagem corresponde a 1 proteína por 50 a 100 moléculas
de lípidos.
 As proteínas associadas a uma membrana em particular são responsáveis pelas suas
características distintivas.

Proteínas

 Cadeias de resíduos de aminoácidos – existem 20 aminoácidos diferentes (os que


entram na composição dos seres vivos)

 Funções:
 blocos de construção de tecidos (proteínas estruturais)
 catalisadores (enzimas)
 transporte (e.g. Oxigénio)
 defesa por anticorpos
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Estrutura
25
 Grupo R – variável
 Grupo amínico
 Grupo carboxílico

• Os aminoácidos ligam-se entre si pelos grupos amínicos e carboxílicos


• As proteínas têm sempre um terminal amínico e um terminal carboxílico

Estrutura das proteínas

 Primária – sequências dos a.a.


 Secundária – arranjo espacial de aminoácidos próximos
entre si na sequência primária da proteína
o Podem ser previsíveis pela sequência de a.a.
o Mais comuns: α-hélice, folha-ß
 Terciária – Resulta do enrolamento da α-hélice, folha-ß
(estabilizada por pontes H e pontes de S).
o Esta estrutura confere a actividade biológica às
proteínas.
 Quaternária – Estrutura 3D resultado da ligação de
mais do que uma proteína.

Proteínas membranares

 O modelo da estrutura das membranas que é


actualmente aceite é o modelo do mosaico fluído
(Singer & Nicolson 1972).
 Neste modelo as membranas são tidas como fluidos
com duas dimensões em que as proteínas estão
inseridas na bicamada lipídica:
o Os fosfolípidos fornecem a estrutura organizativa básica das membranas –
elementos estruturais
o As proteínas desempenham funções específicas em diferentes membranas
celulares.
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Um pouco de história
26
 Evolução dos modelos moleculares da organização das biomembranas:
 Overton (1902) – monocamada lipídica
 Danielli & Davson (1935) – bicamada lipídica com proteínas aderentes a cada
superfície
 Robertson (1959) – unidade de membrana
 Singer & Nicolson (1972) – modelo do mosaico fluido

Classes de proteínas membranares

 Podem ser distinguidos três tipos de proteínas


membranares:
 I Proteínas periféricas
 II Proteínas integrais
 III Proteínas de ancoragem lipídica

I Proteínas membranares periféricas

 As proteínas periféricas não interagem com o centro hidrofóbico da bicamada


fosfolipídica.
o As proteínas periféricas dissociam-se facilmente da membrana celular (e.g.
tratamento com reagentes polares como soluções contendo pH extremo e
altas concentrações salinas) uma vez que não estão inseridas na camada
hidrofóbica no interior da bicamada lipídica.
 Interagem com a membrana indirectamente através de proteínas integrais (ligações
iónicas) ou directamente através das cabeças polares dos fosfolípidos
 Podem encontrar-se quer na face citosólica, quer na face exoplasmática.

II Proteínas membranares integrais

 As proteínas integrais inserem-se (parcialmente ou totalmente) na bicamada lipídica:


o A prova desta integração advém do facto destas proteínas só se libertarem
através de tratamentos que destruam a bicamada lipídica, nomeadamente por
destruição das interacções hidrofóbicas.
o Os agentes mais comuns para a libertação das proteínas são detergentes
(moléculas anfipáticas como SDS e Triton X-100)
o A parte hidrofóbica dos detergentes destrói a parte lipídica e liga-se às porções
hidrofóbicas das proteínas membranares integrais

 Muitas das proteínas integrais são transmembranares – inseridas na camada bilipídica


mas com porções da proteína expostas em ambos os lados da membrana.

 As proteínas transmembranares podem ser visualizadas pela técnica de criofractura:


o Esta técnica conjuntamente com a adição de metais para sombreamento foi
bastante importante no estudo da estrutura membranar.
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Técnica de criofractura
27
 Metodologia:

o Os espécimes (e.g. tecidos) são criopreservados em azoto líquido (- 196ºC)


o O tecido congelado é cortado com uma lâmina
o O gelo à superfície é removido por sublimação
o A camada bilipídica divide-se, revelando a face interior da membrana celular
o O tecido é de seguida revestido por carbono que forma uma camada contínua
o A superfície é sombreada com uma camada fina de platino
o O material biológico é dissolvido em ácido, produzindo uma réplica da
superfície da amostra no metal
o Por fim, as amostras são observadas num microscópio electrónico:
 São facilmente visíveis muitas protuberâncias à superfície, que
correspondem às proteínas transmembranares

Proteínas transmembranares

 Os domínios proteicos citosólicos e exoplasmáticos apresentam uma superfície


exterior que interage com a solução aquosa.
o Apresentam muitos aminoácidos semelhantes às proteínas solúveis em água.

 Os domínios proteicos que se encontram no interior da bicamada lipídica (3 nm de


espessura), contém muitos aminoácidos hidrofóbicos que interagem com as caudas
hidrocarbonadas.
o Estes domínios apresentam uma estrutura secundária do tipo α-hélice
(predominante) e folha-ß

 A maior parte das proteínas membranares encontra-se glicosilada com um grupo


açúcar que se liga a uma ou várias cadeias de aminoácidos.
o Estas cadeias de açúcares encontram-se sempre nos domínios exoplasmáticos
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Estrutura das proteínas integrais


28
 As porções das proteínas integrais que se inserem nas
membranas são usualmente α-hélices compostas por 20
a 25 aminoácidos hidrofóbicos.

o Esta estrutura é inserida no retículo


endoplasmático durante a síntese da cadeia
polipeptídica nos ribossomas.

o Estas proteínas são de seguida transportadas em


vesículas membranares para o complexo de Golgi
e daqui para a membrana plasmática.

o A adição dos hidratos de carbono é realizada


quer no retículo endoplasmático quer no
complexo de Golgi – glicoproteínas (a parte dos
oligossacarídeos está sempre exposta para face
exoplasmática)

 Os casos típicos de proteínas integrais: glicoforina e banda 3


 Proteínas integrais presentes nos glóbulos vermelhos

Glicoforina

 Pequena glicoproteína com 131 aminoácidos.


 Esta proteína atravessa a membrana através de uma única α-hélice de 23 a.a., e com o
terminal amínico glicosilado exposto no exterior da célula.
 Foi uma das primeiras proteínas transmembranares a ser caracterizada – função ainda
desconhecida
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29

Proteínas banda 3

Proteína responsável pelo transporte de aniões, nomeadamente bicarbonato e cloreto


(HCO3 -) e cloreto (Cl-)
A cadeia polipeptídica é composta por 929 aminoácidos e apresenta 14 regiões α-hélice que
atravessam a camada fosfolipídica

Estrutura das proteínas integrais (continuação)

 Uma das excepções à estrutura típica das proteínas transmembranares (α-hélice), são
as porinas.
 As porinas são uma classe de proteínas que formam canais aquosos nas membranas
externas das bactérias.
 As porinas atravessam as membranas com um conjunto de folhas-ß (8-22) que se
dobram para formar uma estrutura tipo "barril” que apresenta o poro aquoso.
 Os aminoácidos hidrofóbicos das folhas-ß interagem com o interior da membrana.
 As porinas podem existir quer como monómeros quer como multímeros – com vários
canais através dos quais as moléculas polares se podem difundir atravessando a
membrana

III Proteínas ancoradas aos lípidos

 Estas proteínas estão ligadas covalentemente aos lípidos


membranares.
 A cadeia polipeptídica não entra em contacto directo com a
bicamada fosfolipídica – a proteína está ligada
covalentemente à cadeia hidrocarbonada dos lípidos ou
dos glicolípidos.
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 Os membros de uma das classes destes organismos, são ancoradas à membrana


30
através de glicosilfosfatidilinositol (GPI)
 As âncoras GPI são adicionadas ao terminal carboxílico de algumas proteínas (e.g., Thy-
1 dos linfócitos) no retículo endoplasmático.
 Estas proteínas são glicosiladas e expostas na superfície celular
 A única ligação à membrana é efectuada pelo âncora GPI.

 Outras proteínas são ancoradas ao folheto interior da membrana plasmática.


 São habitualmente traduzidas em ribossomas que se encontram livres no citoplasma e
modificadas pela adição de lípidos.
 São importantes na transmissão de sinais

 Proteína Src ancorada por:


o Grupo miristoil (ácido gordo com 14 carbonos) ligado ao terminal amínico N
o Regiões carregadas positivamente também são importantes por interagirem
com as cabeças dos fosfolípidos com carga negativa

 Proteína RAS ancorada por:


o Grupo prenil (15 a 20 carbonos) ligado à cadeia lateral da cisteína no terminal
carboxílico (C)
o Grupo palmitoil (16 carbonos) ligado à cisteína localizada 5 aminoácidos acima
do terminal C

Interacções citoesqueleto – proteínas

 Os filamentos que compõem o citoesqueleto também se encontram associados com a


face citosólica das membranares celulares, embora de forma indirecta – através das
proteínas periféricas.
 Esta associação com o citoesqueleto fornece um suporte estrutural a várias
membranas celulares e é igualmente importante na comunicação entre o interior e o
exterior da célula.
 Existe também uma associação entre as proteínas periféricas e a matriz extracelular
ou com a parede celular
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Mobilidade das proteínas membranares


31
 Tal como os fosfolípidos, as proteínas também são capazes de se difundirem
lateralmente na membrana.
 Este movimento foi primeiramente observado por Frye e Edidin (1970):
o Fusão de uma célula humana com célula de ratinho – célula híbrida
o Análise da distribuição das proteínas da superfície celular utilizando anticorpos
marcados com fluorescências distintas (proteínas humanas – vermelho) e
(proteínas de ratinho - verde)
o Após 40 minutos de incubação (37ºC) e em comparação com o início da
hibridização celular verificou-se que se tinham misturado

Mobilidade das proteínas membranares

 Todavia nem todas as proteínas são capazes de se moverem livremente na


membrana (10% a 70%):
o Proteínas associadas ao citoesqueleto
o Proteínas associadas a outras proteínas membranares ou com proteínas das
células adjacentes
o Proteínas associadas com a matriz extracelular

 A composição lipídica também pode perturbar a difusão livre das proteínas


membranares:
o Proteínas ancoradas pelo GPI e que estão associadas às balsas lipídicas

Glicocálice

 As porções extracelulares das proteínas transmembranares encontram-se muitas


vezes glicosilada.
 De igual modo, as porções hidrocarbonadas dos glicolípidos são expostos na face
exoplasmática da membrana plasmática.

A esta camada de oligossacarídeos que funciona como uma cobertura existente na superfície
celular, designa-se de glicocálice.
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32

 O glicocálice pode ser detectado por:


o Microscopia electrónica
o Lectinas (proteínas que se ligam a açúcares) marcadas com fluorescência

 As funções principais do glicocálice são:


o Protecção da superfície celular contra stress iónico e
mecânico
o Barreira contra a invasão por microorganismos.

 Os oligossacarídeos que o constituem o glicocálice


participam ainda numa variedade de interacções célula-
célula

o Reconhecimento e adesões celulares – exemplo:


adesão de leucócitos (glóbulos brancos) às células
endoteliais dos vasos sanguíneos mediado pelas
proteínas transmembranares designadas de
selectinas
o Antigénios dos grupos sanguíneos – presença destes
oligossacarídeos em glicoproteínas e glicolípidos na
superfície dos eritrócitos humanos

Transporte de Proteínas I – Núcleo – Citoplasma

Transporte de proteínas

 Uma célula mamária típica contém até 10,000 proteínas diferentes.


 A maioria destas proteínas são sintetizadas nos ribossomas citosólicos e muitas
permanecem no citosol.
 Outras são transportadas para:
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o Integração em membranas (e.g., hormonas receptoras de sinais e proteínas


transportadoras) 33
o Incorporação em compartimentos intracelulares (e.g., RNA e DNA
polimerases para o núcleo)
o Superfície celular para secreção (e.g., moléculas sinalizadoras de
polipeptídeos).

 Todas estas proteínas têm que chegar ao destino correcto


para que a célula funcione.
 O endereçamento das proteínas acabadas de sintetizar para
os destinos celulares correctos – seriação proteica.
 Existem dois tipos distintos de seriação proteica:

o Seriação de uma proteína para a membrana de um


compartimento intracelular

o Seriação de uma proteína para a membrana do


retículo endoplasmático – via secretora.

 Seriação de uma proteína para a membrana de um organelo


intracelular
 Este processo ocorre geralmente logo após a síntese proteica
que decorre nos ribossomas livres no citosol.

o Proteínas membranares – inserção da proteína na


bicamada lipídica da membrana
o Proteínas solúveis em água – translocação da
proteína através da membrana até chegar ao interior
aquoso do organelo

o Seriação das proteínas para:

 mitocôndria,
 cloroplastos
 peroxissomas
 núcleos

Transporte de proteínas

 Seriação de uma proteína para a membrana do retículo


endoplasmático
o A seriação para o retículo envolve proteínas
nascentes (ainda a serem sintetizadas pelos
ribossomas aderidos à membrana do RE)

o Inclui não só as proteínas membranares e solúveis


que residem no RE, mas também:

 Proteínas que são secretadas pela célula


 Enzimas
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 Proteínas do lúmen do Complexo de Golgi e dos lisossomas


 Proteínas membranares integrais 34

 Segregação de uma proteína para a membrana do retículo endoplasmático

 As proteínas cujos destinos finais são o complexo de Golgi, lisossomas e a superfície


celular são transportadas através de pequenas vesículas.

 As vesículas brotam da membrana de um compartimento (como uma pequena gema)


e transportam a proteína no seu interior.

 A libertação das proteínas ocorre por fusão com o compartimento alvo.

 Transporte através dos poros nucleares – as proteínas movem-se entre o citosol e o


núcleo através dos poros nucleares.

o Os poros nucleares funcionam como portões selectivos.

 Transporte transmembranar – as proteínas atravessam a membrana de um organelo


através de translocadores proteicos transmembranares

o Transporte inicial entre o citosol e o lúmen do RE ou das mitocôndrias


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 Transporte vesicular – transporte das


35
proteínas em vesículas.

o Exemplo: Transporte entre o RE e


o complexo de Golgi

Transporte de proteínas – grandes questões

 Como é que as proteínas são dirigidas


para a membrana dos organelos
intracelulares e subsequentemente
inseridas na membrana do organelo ou
movidas para o seu interior?

1) Como é que uma dada proteína é


dirigida para uma membrana
específica?
2) Como é que as proteínas são
translocadas através das
membranas sem quebrarem a
bicamada lipídica?

Transporte de proteínas – grandes respostas


Resumidas

1) A informação necessária para dirigir a proteína para um destino em particular está


codificada na sequência de a.a. da própria proteína – 15 a 60 a.a. designados de
sequência sinalizadora ou deseriação.

Cada organelo apresenta um conjunto de proteínas receptoras aos quais se ligam


apenas alguns tipos de sequências sinalizadores específicas.

2) Assim que a proteína com a sequência sinalizadora interage com a proteína receptora,
é movida para um canal de translocação que permite à proteína passar pela bicamada
membranar.

Esta transferência unidireccional para o interior do organelo está habitualmente


associada a um processo energético como a hidrólise de ATP.

Em alguns casos, após a translocação membranar, a sequência sinalizadora é removida


por acção de peptidases específicas.

Sequências sinalizadoras

 As sequências sinalizadoras são habitualmente encontradas no terminal amínico (N).


 Podem igualmente ser sequências internas dos a.a (não removidas após translocação);
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 Ou ainda, múltiplas sequências internas que formam um arranjo tridimensional


36
específico na superfície proteica – configurações sinal

Sequências sinalizadoras

 Cada sequência sinalizadora especifica um destino celular particular – função


específica:
o Sequências de endereçamento para o RER
o Sequências de selecção/transferência – translocação de proteínas para
organelos
o Sequências de ancoragem – integração de proteínas em biomembranas

Grupos de aminoácidos

 A.a. com grupos laterais carregados electricamente


 Positivamente
 Negativamente

 A.a. polares mas sem carga

 A.a. com cadeias laterais hidrofóbicas

 Casos especiais

 Em casos de mutações na sequência do codão é mais grave uma mutação em que é


codificado um a.a. de grupos diferentes do que mutações em que se obtém um a.a. do
mesmo grupo.

Para cada interacção proteína-alvo é importante saber?

 Qual a natureza da sequência sinalizadora, e o que a distingue de outras sequências


sinalizadoras?
 Qual o receptor da sequência sinalizadora?
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 Qual a estrutura do canal de translocação que permite a transferência da proteína


37
para o interior do organelo?
 Qual a fonte de energia que dirige a transferência unidireccional ao longo da
membrana?

Transporte núcleo-citoplasma

 Alguns milhões de macromoléculas atravessam selectivamente a barreira núcleo-


citoplasma a cada minuto.

 A passagem de proteínas do citoplasma para o núcleo inclui – histonas, DNA


polimerases, RNA polimerases, factores de transcrição, factores de clivagem, entre
outras proteínas.

 Estas proteínas são endereçadas para o núcleo através de sequências específicas de


a.a. – sinais de localização nuclear

 Os sinais de localização nuclear são reconhecidos pelos receptores de transporte


nuclear que dirigem o transporte de proteínas através do complexo dos poros
nucleares

 O primeiro sinal de localização nuclear a ser mapeado com detalhe foi o antigene T do
vírus 40 de símio (SV40) – proteína que inicia a replicação do DNA viral nas células
infectadas.

 Foi identificado porque descobriram que uma mutação de um único a.a. (lisina)
impedia a importação para o núcleo acumulação do antigene T no citoplasma.

 Sinal de localização nuclear com 7 (8) aminoácidos – a adição desta sequência a outras
proteínas citoplasmáticas é suficiente para as dirigir para o interior do núcleo.

 Experiência de Alan Smith e colegas (1984)

 As células foram microinjectadas com DNA plasmidial codificando proteínas


quiméricas – aminoácidos do SV40 fundidos com a quinase piruvato (proteína
citoplasmática).

 A localização celular da proteína fundida foi determinada por microscopia de


imunofluorescência
 (A) A proteína fundida contém o sinal de localização nuclear SV40 intacto
(a.a. 126 a 132)
 (B) O sinal de localização nuclear foi inactivado por mutação de um a.a.

Sinais de localização nuclear

 Os sinais de localização nuclear foram identificados em muitas outras proteínas:


o Em alguns casos são pequenas sequências ricas em aminoácidos básicos (lisina
e arginina) – antigene T.
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o Na maior parte, os aminoácidos estão próximos mas não imediatamente


adjacentes. 38
 Nucleoplasmina (proteína envolvida no empacotamento da
cromatina) – ambas as sequências são necessárias para o
endereçamento nuclear, mas os dez a.a. que existem pelo meio
podem ser mutados que não existe nenhum efeito – sinais de
localização nuclear bipartidos
o Estes são os dois sinais de localização nuclear clássicos – a sequência de
aminoácidos e estruturas pode variar consideravelmente.

Visualização do transporte de sinais de localização nuclear

 O transporte pode ser visualizado:

o Revestimento de partículas de ouro com os sinais de localização nuclear


o Injecção dessas partículas no citosol
o Seguimento do seu destino por microscopia electrónica.

 O transporte inicia-se com a ligação aos filamentos citoplasmáticos e prossegue pelo


centro do poro nuclear

 O transporte de macromoléculas pelos poros nucleares difere do transporte de


proteínas ao longo das membranas de outros organelos, uma vez que ocorre através
de grandes poros aquosos, e não por proteínas transportadoras.

 Transporte de proteínas totalmente dobradas para o núcleo através dos poros e das
subunidades ribossómicas para o citoplasma como uma partícula completa.

 Em contraste, a proteínas têm que ser abertas (“desdobradas”) para ultrapassarem a


membrana de muitos organelos.

 Todavia, imagens recentes de microscopia electrónica revelaram que partículas muito


grandes são comprimidas ao passarem pelos poros nucleares – reestruturação da
proteína durante o transporte.

 Características do transporte de proteínas para o núcleo:

 A proteína é sintetizada por ribossomas livres no citosol


 O transporte efectua-se através de um canal hidrofílico – poro nuclear
 A proteína é transportada na sua conformação final
 O transporte da proteína requer energia (GTP)
 O sinal de localização nuclear não é clivado após a entrada da proteína no núcleo

 Os sinais de localização nuclear (NLSs) são reconhecidos por receptores de transporte


nuclear designados de importinas.
 As importinas são codificadas por uma família de genes relacionados.
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 Cada membro desta família codifica uma proteína receptora solúvel (existente no
39
citosol) que é especializada no transporte de um conjunto específico de proteínas
cargo (a serem transportadas).
 A ligação das importinas nem sempre é directa. Por vezes são necessários adaptadores
adicionais.

 O movimento de macromoléculas através dos poros nucleares é regulado pela


proteína Ran.
 A Ran é um tipo de proteínas de ligação do GTP (GTPase), cuja conformação e
actividade são reguladas pela ligação e hidrólise do GTP (energia).

 Duas proteínas reguladoras específicas para a Ran regulam a conversão entre os dois
estados:
 Proteína activadora da GTPase (Ran GAP) – converte Ran-GTP em Ran-GDP no citosol
 Factor de troca de guanina nuclear (Ran GEF) – converte Ran-GDP em Ran-GTP no
núcleo)

Transporte núcleo-citoplasma – funcionamento do Ran/GTP

 Uma distribuição desigual de Ran/GTP ao longo da membrana é mantida pela


localização da proteína activadora Ran GAP no citoplasma e do Ran GEF no núcleo.
 Esta elevada concentração determina a direcção do transporte nuclear de proteínas.
 No citoplasma a Ran GAP (que se encontra ligada aos filamentos citoplasmáticos do
poro nuclear) estimula a hidrólise do GTP ligado à Ran, levando à conversão de
Ran/GTP em Ran/GDP.
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 No núcleo, a Ran GEF estimula a troca do GDP ligado ao Ran por GTP, levando à
40
conversão de Ran/GDP em Ran/GTP.
 Consequentemente, é mantida uma concentração de Ran/GTP mais elevada no
núcleo.
 A Ran regula o movimento através do poro nuclear controlando a actividade dos
receptores de transporte nucleares.

Transporte núcleo-citoplasma – importação de proteínas através dos poros nucleares

 A importação de proteínas para o


interior do núcleo começa quando
uma importina específica se liga ao
sinal de localização nuclear de uma
proteína no citoplasma.
 Este complexo importina/proteína
liga-se a proteínas dos filamentos
citoplasmáticos do poro nuclear.
 O transporte prossegue por ligação
sequencial a proteínas específicas do
poro nuclear (proteínas FG
alinhadas no canal central)
localizadas cada vez mais perto do
interior do núcleo.
 No interior do núcleo o complexo
proteínaimportina é dissociado pela
ligação de Ran/GTP (obtido por
fosforilação da Ran/GDP por acção
da Ran GEF).
 Esta ligação provoca uma mudança
na conformação da importina, que
“larga” a proteína no interior do
núcleo.
 O novo complexo – importina-
Ran/GTP é exportado para o citoplasma através dos poros nucleares.
 No citoplasma, o GTP é hidrolisado em GDP (por acção da Ran GAP) – libertação do
Ran GTP da importina
 A importina pode voltar a ligar-se a
novas proteínas cargo do citoplasma e participar
numa nova ronda de transporte.
 O Ran/GDP formado no citoplasma é
transportado para o interior do núcleo através
de um receptor específico (NTF2), e por acção da
Ran GEF originar nova molécula de Ran/GTP.
 Como o Ran/GDP não se liga aos
receptores, a libertação da proteína
transportada só pode ocorrer após a sua entrada
no núcleo.
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Transporte núcleo-citoplasma – proteínas transportadas para o interior do núcleo


41
 Algumas proteínas permanecem no núcleo onde são necessárias, mas outras “viajam”
continuamente entre o nucleoplasma e o citoplasma:
o Proteínas transportadoras de outras moléculas (e.g. RNA).
o Proteínas reguladoras da actividade de factores de transcrição.

Transporte núcleo-citoplasma – exportação de proteínas

 As proteínas e outras macromoléculas (e.g. ribossomas) a serem exportadas do núcleo


são igualmente marcadas com sequências específicas de a.a. – sinais de exportação
nuclear (NESs)
 Os NESs são reconhecidos por receptores existentes no interior do núcleo –
exportinas.
 As exportinas dirigem o transporte de proteínas para o citoplasma também através
dos poros nucleares.

Transporte núcleo-citoplasma – carioferinas

 Tanto as importinas como as exportinas são estruturalmente relacionadas e


pertencem à família de genes que codificam para proteínas receptoras de transporte
nuclear – carioferinas.

Transporte núcleo-citoplasma – exportação de proteínas

 As exportinas ligam-se ao Ran, tal como já


acontecia no caso das importinas.

 Mas, contrariamente, o Ran/GTP promove a


formação de complexos estáveis entre as
exportinas e as proteínas a serem transportadas.

 No citoplasma o GTP é hidrolisado (por acção da


Ran GAP), levando à formação de Ran/GDP.

 Este é de seguida libertado levando à


consequente dissociação exportina-proteína.

 As exportinas são depois recicladas voltando a


entrar para o núcleo.
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Transporte núcleo-citoplasma
42

Regulação da importação de proteínas nucleares

 O transporte de proteínas para o núcleo é um dos níveis em que as actividades de


proteínas nucleares podem ser controladas.
 Exemplo: factores de transcrição que só são activos após o seu transporte para o
núcleo – novos método de controlo da expressão genética

 Mecanismo de regulação:
 Factores de transcrição (ou outras proteínas) – existe a associação de proteínas
citoplasmáticas que mascaram os NLSs – estes factores permanecem no citoplasma.

 Exemplo: factor de transcrição NF-κB, que é activado em resposta a sinais


extracelulares nas células de mamíferos.
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 Nas células não estimuladas, o NF-κB é encontrado no citoplasma na forma de


43
complexo inactivo – acção da proteína inibidora IκB.
 Esta proteína “esconde” a NLS do NF-κB, impedindo o seu transporte para o núcleo.
 Em células estimuladas a proteína IκB é fosforilada e degradada (proteólise),
permitindo a ligação da importina e subsequente entrada no núcleo onde irá activar a
transcrição dos genes alvo.
 Em alguns casos a regulação é mais directa – simples fosforilação.
 No factor de transcrição Pho4 existe uma fosforilação num a.a. (serina) adjacente ao
NLS, que interfere com a ligação da importina.
 A desfosforilação regulada deste local permite a translocação de Pho4 para o núcleo.

Transporte de RNAs

 A maior parte dos RNAs (mRNAs,


rRNAs, tRNAs, microRNAs) são
exportados do núcleo para o
citoplasma . . . Síntese de proteínas.
 Tal como a importação de proteínas, a
exportação de RNAs é igualmente um
processo activo.
 Carioferinas (importinas e exportinas)
transportam os RNAs (rRNAs e
microRNAs) num mecanismo
dependente de Ran/GTP.

Transporte de RNAs – RNA ribossomal

 Os RNAs são transportados através do invólucro nuclear como ribonucleoproteínas


(RNPs).
 O RNA ribossomal encontra-se associado com proteínas ribossomais e as subunidades
ribossomais 60S e 40S nascentes transportadas para o citoplasma através de um
mecanismo que envolve a carioferina (exportina) Crm1
 A exportação é mediada por sinais de exportação nuclear presentes nas proteínas de
cada subunidade.

Transporte de RNAs – RNAm, RNAt e RNAmi

 O RNAm encontra-se associado a pelos menos 20 proteínas durante o seu


processamento e transporte.
 O transporte para o citoplasma é mediado por um complexo exportador do RNAm.
 O RNA de transferência e os microRNAs são exportados do núcleo por acção da
exportina-t e exportina 5, respectivamente.
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Transporte de Proteínas II – Mitocôndrias, Cloroplastos e Peroxissomas


44

 Alguns dos organelos citoplasmáticos


funcionam como compartimentos
especializados nos quais se desenrolam
variadíssimas actividades metabólicas.
 As mitocôndrias e os cloroplastos são os
organelos dedicados ao metabolismo de
energia e à produção de ATP.

o Mitocôndrias – obtenção de energia


a partir de lípidos e hidratos de
carbono.
o Cloroplastos – obtenção de energia
através da luz solar e capacidade de
redução na síntese de hidratos de
carbono a partir do CO2 e H2O.

 Os peroxissomas contêm enzimas envolvidas


em diversas vias metabólicas (e.g., quebra
dos ácidos gordos).

 As proteínas que são transportadas para estes


organelos são sintetizadas em ribossomas livres no
citosol e importadas como cadeias polipeptídicas
completas.
 As mitocôndrias e os cloroplastos possuem os seus
próprios genomas (mtDNA e cpDNA) – apresentam
genes que são transcritos e traduzidos no próprio
organelo.

Mitocôndrias

 As mitocôndrias são envolvidas por um sistema de


dupla membrana – membranas mitocondriais interna
e externa – separadas por um espaço
intermembranar.
 A membrana interna apresenta imensas dobras –
cristas – que se estendem para o interior
(matriz) do organelo.
 Cada um destes componentes desempenha
papéis funcionais distintos.
 As mitocôndrias são envolvidas por um
sistema de dupla membrana – membranas
mitocondriais interna e externa – separadas
por um espaço intermembranar.
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 A membrana interna apresenta imensas dobras – cristas – que se estendem para o


45
interior (matriz) do organelo.
 Cada um destes componentes desempenha papéis funcionais distintos.

Mitocôndrias – matriz mitocondrial

 A matriz apresenta o genoma mitocondrial assim como enzimas responsáveis pelas


reacções principais do metabolismo oxidativo.
 A principal fonte de energia metabólica, em células animais advém da degradação
oxidativa de glucose e ácidos gordos.
o Os primeiros passos do metabolismo de glucose ocorrem no citosol (glicólise):
glucose – piruvato.
o Após transporte para a mitocôndria o piruvato é oxidado em CO2, obtendo-se
energia – ciclo do ácido cítrico.

 A matriz apresenta o genoma mitocondrial assim como enzimas responsáveis pelas


reacções principais do metabolismo oxidativo.
 A principal fonte de energia metabólica em células animais, advêm da degradação
oxidativa de glucose e ácidos gordos.

o Na oxidação dos ácidos gordos obtém-se também acetil CoA, que é


metabolizado pelo ciclo do ácido cítrico.
o As enzimas do ciclo do ácido cítrico encontram-se todas na matriz
mitocondrial.
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Mitocôndrias – membrana interna


46
 A maior parte da energia derivada do metabolismo oxidativo é obtida por fosforilação.
 Este processo ocorre na membrana mitocondrial interna que é igualmente o local
principal de obtenção de ATP.
 Esta função é reflectida na estrutura da membrana mitocondrial interna.

Membrana mitocondrial interna - estrutura

 Existência de um empacotamento em cristas


o Aumento substancial da área de superfície.
 Existência de uma percentagem elevada de proteínas (> 70%)
o Proteínas envolvidas na fosforilação oxidativa.
o Proteínas envolvidas no transporte de metabolitos (e.g., piruvato e ácidos
gordos) entre o citosol e a matriz.
 Elevada impermeabilidade à maior parte dos iões e a moléculas pequenas.
o Fundamental para manter um gradiente de protões – fosforilação oxidativa

Membrana mitocondrial externa

 Em contraste à membrana interna, a membrana mitocondrial externa é altamente


permeável a partículas de pequenas dimensões:
o Apresenta proteínas transmembranares – porinas
o As porinas permitem a difusão livre de partículas com tamanho inferior a 1000
Da.
 A composição do espaço intermembranar é assim semelhante ao citosol no que diz
respeito a iões e moléculas de pequenas dimensões.

Transporte de proteínas para a mitocôndria

 As proteínas importadas para as mitocôndrias são


transportadas do citosol segundos ou minutos após a sua
síntese e libertação dos ribossomas.
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 As proteínas apresentam uma ou mais sequências sinalizadores que as dirigem para o


47
sub-compartimento mitocondrial apropriado.

Transporte de proteínas para a mitocôndria – sequências sinalizadoras

 As sequências sinalizadoras são necessárias e suficientes para a importação e para a


correcta localização das proteínas:
o Por engenharia genética é fácil manipular as sequências sinalizadoras de
proteínas citosólicas.
o Matriz mitocondrial:
 Sequência sinalizadora no terminal-N (20 a 35 aminoácidos) que é
rapidamente removida após a importação por acção de uma
peptidase.
o Membrana mitocondrial interna e externa e espaço intermembranar:
 Sequência sinalizadora interna que não é removida.

Sequências sinalizadoras para a matriz mitocondrial

 As sequências sinalizadoras
que dirigem as proteínas para
a matriz mitocondrial são as
mais estudadas e
compreendidas:

o Todas apresentam
uma α-hélice
anfipática.

 a.a. com
carga positiva
agregados
num dos
lados da
hélice e a.a.
hidrofóbicos
no lado posto.

o Os receptores específicos que iniciam a translocação destas proteínas


reconhecem esta configuração em vez da sequência específica de a.a. da
sequência sinalizadora.

 Exemplo: sequência sinalizadora da citocromo oxidase – complexo multi-proteico de


grandes dimensões.

o Os primeiros 18 a.a. do percursor da subunidade IV são o sinal da sequência


localizadora para importação.
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o Quando a sequência é enrolada numa α- hélice os a.a. positivos encontram-se


numa face da estrutura, enquanto os a.a. negativos estão na face oposta. A 48
azul estão os a.a. não carregados.

 Exemplo 2: estrutura tridimensional da desidrogenase alcoólica – enzima da matriz


mitocondrial.

Transporte de proteínas para as mitocôndrias

 1º passo – ligação das sequências sinalizadores a receptores da superfície da


mitocôndria.

 Estes receptores fazem parte de um complexo proteico que dirige a translocação


através da membrana externa – translocase da membrana externa (“translocase of
the outer membrane”) ou complexo Tom.

 O complexo de proteínas da membrana mitocondrial interna designa-se translocase


da membrana interna (“translocase of the inner membrane”) ou complexo Tim

 Estes complexos contêm alguns componentes que funcionam como receptores das
proteínas e outros componentes que formam canais de translocação.

 As proteínas individuais dos complexos Tom e Tim são designadas de acordo com os
seus pesos moleculares:

o Complexo Tom – Tom20, Tom22 e Tom5 são receptores e Tom40 é um canal


de translocação.
o Complexo Tim – Tim23 e Tim22.

Transporte de proteínas para as mitocôndrias – complexo TOM

 O complexo TOM é necessário para importar as proteínas mitocondriais codificadas


no núcleo:
o Responsável pelo transporte inicial das sequências sinalizadoras para o espaço
intermembranar e no auxílio da inserção de proteínas transmembranares na
membrana mitocondrial externa.
o No caso das porinas, estas proteínas em formato de “barril” são transportadas
para um translocador adicional, o complexo SAM, que a auxilia a correcta
integração das porinas na membrana mitocondrial externa.

Transporte de proteínas para as mitocôndrias – complexo TIM

 O complexo TIM23 transporta algumas proteínas solúveis para a matriz mitocondrial e


auxilia na inserção de proteínas transmembranares na membrana mitocondrial
interna.
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 O complexo TIM22 medeia a inserção de uma subclasse de proteínas da membrana


49
mitocondrial interna, incluindo o transportador que move ATP, ADP e fosfato para o
interior e exterior da mitocôndria.
 Existe ainda um complexo extra (OXA) que medeia a inserção da proteínas da
membrana interna que são sintetizadas na matriz mitocondrial. Auxilia ainda na
inserção de proteínas importadas primeiramente para a matriz mitocondrial por acção
dos outros complexos proteicos.

Transporte de proteínas para as mitocôndrias

 As proteínas (precursoras) a serem transportadas para as mitocôndrias não se


organizam na sua estrutura nativa (conformação final) após serem sintetizadas –
permanecem “desdobradas” no citosol.

 Este estado é garantido por interacção com outras proteínas e apresenta custos
energéticos:
 Chaperonas da família Hsp70.
 Proteínas que se ligam directamente à sequência sinalizadora.
 Conceito social de chaperões – indivíduo que acompanha homens ou
mulheres não casadas para evitar o contacto social/sexual com
pessoas indesejadas ou comportamento incorrecto (uso abusivo de
álcool ou drogas).

 Numa primeira fase os receptores do complexo TOM (e.g., Tom20, Tom22 e Tom5)
ligam-se à sequência sinalizadora da proteína.
 As proteínas (chaperonas e outras proteínas) que se encontravam a interagir com a
cadeia polipeptídica são removidas num processo que requer energia e a proteína
atravessa o canal de translocação com a sequência sinalizadora à frente.
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Transporte de proteínas para as mitocôndrias


50
 A sequência sinalizadora (terminal positivo) liga-se primeiro à Tom20 e depois é
transferida para a Tom5.
 De seguida é importada para a Tom40 – canal de translocação.
 Após a passagem através da membrana externa, a sequência sinalizadora liga-se a uma
domínio da Tom22 que se encontra no espaço intermembranar.
 A Tom22 dirige a proteína para a Tim21 ou para a Tim50 do complexo Tim23 da
membrana mitocondrial interna.
 Ao atravessarem a membrana interna, a cadeia polipeptídica desdobrada é ligada a
outra chaperona Hsp70, que está associada ao Tim23 e que actua como um roquete
que usa repetidamente a hidrólise de ATP para conduzir a importação da proteína.
 As chaperonas Hsp70 têm a capacidade de se ligarem reversivelmente a pequenas
sequências hidrofóbicas dos polipeptídeos e, quando aderidos a outra estrutura
(Tim44), actuam como um roquete.
 Quando o ADP se encontra ligado, o local de ligação ao substrato encontra-se fechado
e a parte hidrofóbica da sequência está fortemente ligada.
 A substituição de ADP por ATP abre o local de ligação ao polipeptido, libertando-o.
 O reconhecimento de uma segunda sequência hidrofóbica resulta na hidrólise do ATP
pela Hsp70, com subsequente encerramento do local de ligação.

 Na maior parte dos casos, a sequência sinalizadora é clivada pela peptidase existente
na matriz (MPP).
 A cadeia polipeptídica é ligada a outras chaperonas Hsp70 da matriz que facilitam o
arranjo proteico – conformação final da proteína.
 Alguns polipeptidos são ainda transferidos para chaperonas Hsp60, onde ocorre um
arranjo adicional.

A importância da energia na importação proteica

 Libertação da chaperonas da proteína após interacção com os receptores do complexo


TOM.
 Translocação pelo complexo TIM necessita de um potencial de membrana – gradiente
H+ na membrana interna (bombeamento de H+ existente na matriz para o espaço
intermembranar)
 A passagem para a matriz por acção da Hsp70 mitocondrial (roquete) também requer
energia.
 O arranjo na conformação final por acção de Hsp60 mitocondriais é feito em ciclos de
ligação e libertação através da hidrólise de ATP.
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Características gerais de transporte de proteínas para a mitocôndria.


51

 A síntese ocorre em ribossomas livres no citosol


 A proteína é sintetizada como precursora contendo uma sequência sinal no extremo N
 A proteína precursora é transportada numa conformação distendida
 A sequência sinal é clivada após a entrada da proteína na matriz
 A importação exige energia e ocorre em locais de contacto das membranas interna e
externa

Inserção de proteínas nas membranas mitocondriais

 Algumas proteínas são dirigidas para outros locais da mitocôndria que não a matriz
mitocondrial.
 Muitas das proteínas da membrana mitocondrial interna são pequenas moléculas
transportadoras envolvidas na troca de nucleótidos e iões entre a mitocôndria e o
citosol.
 Estas proteínas não apresentam sequências de sinalização terminais, mas sim sinais de
importação múltiplos internos.
 Não são reconhecidas pela Tom20, mas em associação com a chaperona Hsp90 são
reconhecidas pela proteína receptora Tom70

Inserção de proteínas na membrana mitocondrial

 Após o reconhecimento pela Tom 70, ocorre a


translocação da proteí na para o espaço
intermembranar através da Tom40 .
 No espaço intermembranar as proteínas são
reconhecidas por componentes móveis do
complexo Tim22.
 Estas pequenas proteínas Tim (“Tiny Tims”)
que funcionam como chaperonas (mas não
necessitam de ATP) e como transportadores
das proteínas para o complexo Tim22.
 As proteínas são translocadas parcialmente
através do Tim22, até que sinais internos de
paragem de transferência causam à saída
lateral do poro Tim22 e posterior inserção da
proteína na bicamada da membrana
mitocondrial interna.

Inserção de proteínas na membrana mitocondrial

 Algumas proteínas têm quer sequências sinalizadoras terminais, quer sequências


internas.
 Uma vez que apresentam as sequências sinalizadores terminais, estas proteínas são
reconhecidas pelo receptor Tom20 e são translocadas pelo canal Tom40.
 Após ou durante a passagem pela Tom40 a proteína pode seguir várias vias.
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 Algumas proteínas da membrana


52
mitocondrial externa apresentam
domínios transmembranares em α-
hélice, saem do canal Tom40
lateralmente.
 Outras proteínas atravessam o canal,
mas como apresentam sequências
sinalizadores específicas (complexas)
são reconhecidas por cisteínas
específicas das chaperonas,
permanecendo no espaço
intermembranar com a conformação
final.
 Outras mantêm-se aderidas ao
complexo Tim até que uma protease
do espaço intermembranar cliva a
âncora de ligação.
 Outras ainda, dirigidas para a
membrana mitocondrial interna, são
primeiro transportadas através do complexo Tim23 dessa membrana para a matriz
mitocondrial.
 Na matriz mitocondrial estas proteínas são identificadas para subsequente transporte
através de um segundo sinal de seriação, que só é visível após a clivagem da primeira
sequência sinalizadora.

 Este segundo sinal dirige a proteína para uma translocase (transportadora) – Oxa1.
 Aqui as proteínas ou são transportadas para o espaço intermembranar ou paradas
pelos sinais de paragem de transferência e inseridas na membrana mitocondrial
interna.
 A Oxa1 é igualmente a translocase para as proteínas do espaço intermembranar e da
membrana mitocondrial interna que são codificadas pelo mtDNA e sintetizadas nos
ribossomas mitocondriais existentes na matriz.
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 Finalmente, muitas proteínas da


53
membrana externa (e.g., Tom40 e
proteínas em barril ß, como as
porinas), atravessam o complexo Tom
até ao espaço intermembranar

 Aqui são reconhecidas pelas proteínas


pequenas Tim e transportadas para
um segundo complexo de
translocação – o complexo SAM
(“sorting and assembly machinery”).

 A partir do SAM as proteínas são


inseridas na membrana mitocondrial
externa.

Cloroplastos e outros plastídeos

 Os cloroplastos (organelos responsáveis pela fotossíntese) são muito similares às


mitocôndrias:
 Ambos geram energia metabólica;
 Ambos surgiram nas células por endossimbiose;
 Ambos apresentam o seu próprio DNA;
 Ambos se replicam por divisão.

 Contudo os cloroplastos são maiores e mais complexos, realizando outras tarefas


importantes para além da obtenção de ATP.

Funções dos cloroplastos

 Conversão fotossintética de CO2 em


hidratos de carbono.
 Síntese de aminoácidos, ácidos gordos e
dos componentes lipídicos das suas
próprias membranas.
 Redução de nitrito (NO2-) em amónia
(NH3) – fundamental para a incorporação
de azoto nos compostos orgânicos.

Estrutura dos cloroplastos

 Os cloroplastos são organelos de grandes


dimensões (5 a 10 µm de comprimento)
envolvidos por uma dupla membrana –
invólucro cloroplastidial.
 Adicionalmente os cloroplastos
apresentam um terceiro sistema membranar – membranas tilacoidais internas.
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 A membrana tilacoidal forma uma


54
rede de discos achatados – tilacóides.
 Os tilacóides, por sua vez, encontram-
se frequentemente arranjados em
pilhas – grana.
 Devido à presença de três membranas,
existem três compartimentos internos
distintos:

o O espaço intermembranar
entre as duas membranas do
invólucro cloroplastidial.

o Espaço entre o invólucro e a


membrana tilacoidal –
estroma.

o O lúmen do tilacóide.

Estrutura membranar dos cloroplastos

 As membranas dos cloroplastos apresentam


similaridades funcionais com as membranas
mitocondriais:
o A membrana externa do invólucro cloroplastidial
apresenta porinas e é permeável a pequenas
moléculas e a iões.
o A membrana interna (não apresenta cristas) é
impermeável a iões e metabolitos, que só
entram para os cloroplastos via transportadores
membranares específicos.
 O estroma é igualmente o equivalente funcional à matriz
mitocondrial – contém o material genético e uma
variedade de enzimas metabólicas.
 As similaridades funcionais reflectem uma evolução
convergente.
 A principal diferença entre os cloroplastos e as
mitocôndrias, em termos de estrutura e função, é a
membrana tilacoidal.
 Esta membrana é de extrema importância para os
cloroplastos:

o É o local de transporte de electrões e de


obtenção quimio-osmótica de ATP.
o Apresenta muitas bombas H+ que garantem o
gradiente electroquímico que conduz a síntese
de ATP.
o Esta membrana é o equivalente em parte à membrana interna das
mitocôndrias.
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55

Importação e seriação de proteínas cloroplastidiais

 Apesar de codificarem mais proteínas próprias do que as mitocôndrias, cerca de 3500


proteínas cloroplastidiais (95%) são codificadas por genes nucleares.
 Tal como nas mitocôndrias, as proteínas são sintetizadas em ribossomas livres do
citosol e importadas para os cloroplastos como cadeias polipeptídicas completas, mas
distendidas.
 Nos cloroplastos as proteínas têm que ser deslocadas para a sua localização final –
processo mais complexo dado o maior nº de membranas/compartimentos.
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56
 A maior parte das proteínas são marcadas para importação para os cloroplastos por
sequências de 30 a 100 a.a. localizadas no terminal-N – peptídeos de trânsito.
 Estes peptídeos são removidos por clivagem proteolítica no estroma.
 Um complexo guia reconhece os peptídeos de trânsito e dirige a proteína para a
translocase da membrana cloroplastidial externa (complexo Toc) onde se liga aos
receptores Toc34 e Toc 159.
 Contrariamente às sequências de sinalização das proteínas mitocondriais, os peptídeos
de trânsito não são carregados positivamente e a membrana cloroplastidial interna
não apresenta um forte potencial eléctrico.
 A importação da proteína requer igualmente chaperonas Hsp70 que mantêm a
préproteína distendida.
 Adicionalmente moléculas de chaperonas Hsp70 também se encontram ligadas ao
complexo Toc, guiando a entrada da proteína por hidrólise de ATP.
 Pelo menos uma proteína do complexo Toc (Toc34), liga GTP – a hidrólise do GTP
fornece uma fonte extra de energia para a translocação proteica.
 Os cloroplastos apresentam ainda um receptor separado – Toc54 – que liga
préproteínas com sinais de localização diferentes e que as dirige para o translocador
Toc75.
 Após o transporte através do complexo Toc, as pré-proteínas são transferidas para a
translocase do membrana cloroplastidial interna (complexo Tic), chegando ao
estroma.
 O Tic é um complexo multiproteico com um ou mais canais proteicos (ainda não está
muito bem estudado).
 Uma chaperona da família Hsp100 encontra-se associada ao lado estomático do
complexo Tic e conduz a proteína através do poro.
 No estroma, o peptídeo de trânsito é clivado por uma peptidase (“stromal processing
peptidase” - SPP) e a proteína associa-se a chaperonas Hsp70 do estroma.
 Tal como na matriz mitocondrial, o arranjo final da proteína é mediado por chaperonas
Hsp60 do estroma.
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 Sabe-se ainda muito pouco sobre o modo de transporte e integração das proteínas nas
57
membranas do invólucro cloroplastidial.
 As proteínas a serem incorporadas na membrana tilacoidal ou no lúmen são
transportadas em dois passos:

 1º Importação para o lúmen.


 2º Marcação (a maior parte) para translocação por uma segunda
sequência sinalizadora, visível após a clivagem do peptídeo de
trânsito.

 A translocação para o lúmen tilacoidal pode ocorrer através de 3 + 1 vias distintas:


o Via Sec – a sequência sinalizadora dos tilacóides é reconhecida pela proteína
SecA e translocada de um modo dependente de ATP pelo translocador Sec
 A sequência sinalizadora é clivada por uma protease existente no lúmen tilacoidal
(“thylakoid processing protease” - TPP).
 A translocação para o lúmen tilacoidal pode ocorrer através de 3 + 1 vias distintas:
o Via TAT – usa uma sequência sinalizadora específica (2 argininas) e é
dependente de um gradiente de protões através da membrana tilacoidal para
a translocação das proteínas na sua conformação final.
o Translocador com um poro de dimensões muito maiores.
 A sequência sinalizadora é clivada por uma protease existente no lúmen tilacoidal
(“thylakoid processing protease” - TPP).

 A translocação para o lúmen tilacoidal pode ocorrer através de 3 + 1 vias distintas:

o Via SRP – é usada para as proteínas que compõem a membrana tilacoidal.

o Estas proteínas são reconhecidas por partículas de reconhecimento do sinal


estromático (SRP).

(Via +1) – Algumas proteínas inserem-se directamente na membrana tilacoidal.


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58

Outros plastídeos

 Os outros plastídeos contêm o mesmo genoma, mas estruturas e funções distintas.


 Os cloroplastos são especializados na fotossíntese e apresentem um sistema
membranar interno tilacoidal único.
 Os outros plastídeos também se encontram envoltos por duas membranas.
Encontram-se envolvidos em diferentes aspectos do metabolismo da célula vegetal,
como a síntese de:
 Aminoácidos
 Ácidos gordos e lípidos
 Hormonas vegetais
 Vitaminas
 Metabolitos secundários
 Os diferentes tipos de plastídeos são frequentemente classificados de acordo com o
pigmento que contêm:

o Cloroplastos – clorofila
o Cromoplastos – carotenóides

 São responsáveis pelas cores amarela, laranja e vermelha de algumas


flores e frutos.
 Função metabólica pouco conhecida.

o Leucoplastos – não pigmentados, armazenam diversas fontes de energia em


tecidos não fotossintéticos:

 Amiloplastos – hidratos de carbono na forma de amido


 Elaioplastos – lípidos
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Desenvolvimento dos plastídeos


59
 Todos os plastídeos desenvolvem-se a partir de proplastídeos – pequenos organelos
não diferenciados presentes em células das raízes e rebentos com elevadas taxas de
divisão.
 Os proplastídeos desenvolvem-se nos vários tipos de plastídeos maturos de acordo
com as necessidades das células diferenciadas.
 Os plastídeos maturos conseguem mudar de tipo:

o Exemplo: Cloroplastos originam cromoplastos durante o amadurecimento dos


frutos (e.g., tomate).

Desenvolvimento dos cloroplastos

 Nas folhas fotossintéticas os pró-plastídeos desenvolvem-se em cloroplastos:


o A membrana tilacoidal é formada por vesículas que resultam de “gomos” da
membrana cloroplastidial interna; os vários componentes da maquinaria
fotossintética são sintetizados e montados.
o No entanto, os cloroplastos só se foram na presença de luz. No escuro, o
desenvolvimento dos próplastídeos é parado numa fase intermédia –
etioplastos.
 Os etioplastos apresentam conjuntos de membranas internas tubulares, mas ainda
sem a forma típica dos tilacóides.
 Também, ainda não foi sintetizada clorofila.
 Se as plantas colocadas a crescer no escuro forem expostas à luz, os etioplastos
rapidamente se desenvolvem em cloroplastos.
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Peroxissomas
60
 Os peroxissomas são organelos pequenos envoltos por uma única membrana, que
contêm enzimas envolvidas numa variedade de reacções metabólicas (incluindo alguns
aspectos relacionados com a energia metabólica).
 A maioria das células humanas apresenta 500 peroxissomas.
 Os peroxissomas não apresentam os seu próprio genoma e todas as suas proteínas –
peroxinas (Pex1, Pex2, etc.) são sintetizadas pelo genoma nuclear (85 genes).
 A maior parte das peroxinas são sintetizadas em ribossomas livres no citosol e
importadas para os peroxissomas como cadeias polipeptídicas completas.
 As peroxinas são semelhantes às proteínas eucarióticas.
 Os peroxissomas replicam-se por divisão e podem ser gerados muito rapidamente.

Peroxissomas - funções

 Os peroxissomas apresentam pelo menos 50 enzimas diferentes envolvidas numa


variedade de vias bioquímicas.
 Foram originalmente definidos como os organelos onde ocorrem as reacções de
oxidação que levam à produção de peróxido de hidrogénio (H2O2).
 Como o H2O2 é prejudicial às células, os peroxissomas contêm também a enzima
catalase, que decompõe o H2O2 em:

o Água
o Outros compostos orgânicos por oxidação

 Oxidação de um ácido gordo acompanhada da produção de peróxido


de hidrogénio.
 Decomposição do peróxido de hidrogénio por conversão em água ou
por oxidação de outro composto orgânico.

 Diversos substratos são decompostos por reacções de oxidação nos peroxissomas:

o Ácido úrico
o Aminoácidos
o Purinas
o Metanol
o Ácidos gordos (particularmente importante em plantas e leveduras).

 Nas plantas os peroxissomas apresentam duas funções importantes:


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o Conversão de ácidos gordos armazenados em hidratos de carbono (via do


glioxilato) – glioxissomas 61
o Os peroxissomas estão envolvidos na fotorespiração – processo onde se
metabolizam produtos secundários formados durante a fotossíntese.

 Os peroxissomas estão também envolvidos na biossíntese de lípidos e do a.a. lisina.


 Nas células animais, o colesterol e o dolicol são sintetizados nos peroxissomas e no
retículo endoplasmático.
 Os peroxissomas também apresentam enzimas necessárias à síntese de
plasmalogénios – família de fosfolípidos que são importantes nas membranas de
alguns tecidos do coração e do cérebro.

Características gerais do transporte de proteínas para os peroxissomas

 A síntese ocorre em ribossomas livres no citosol.

 A proteína é transportada na sua conformação final.

 A translocação da proteína requer ATP.

 A sequência sinal (localizada geralmente no terminal-C) não é clivada após a


translocação da proteína.

Transporte de proteínas para os peroxissomas

 Apesar da maior parte das peroxinas serem sintetizadas em ribossomas livres do


citosol, experiências recentes mostraram que a montagem dos peroxissomas começa
no retículo endoplasmático rugoso, onde se encontram inicialmente a Pex3
(membrana transmembranar integral) e a Pex16.

 A Pex3 e a Pex 16 recrutam a Pex19 para a membrana do RE. Esta interacção leva à
formação de vesículas que se desprendem do RE.

 Estas vesículas podem fundir-se com peroxissomas pré-existentes ou entre si para


formar novos peroxissomas.
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Transporte de proteínas para os peroxissomas


62
 A Pex3 e a Pex16 são necessárias para a correcta inserção de proteínas nas
membranas peroxissomais.
 A Pex19 é uma proteína receptora responsável pela marcação de proteínas da
membrana do peroxissoma.
 São as peroxinas responsáveis pela “montagem” da composição proteica das
membranas dos peroxissomas maturos e pela formação de novos peroxissomas.

 A importação de proteínas conjuntamente com a adição de lípidos sintetizados no RER


resulta no crescimento dos peroxissomas.
 Novos peroxissomas podem originar-se por simples divisão dos peroxissomas maturos.
 A divisão dos peroxissomas maturos depende de outra proteína – Pex11 – e outras
proteínas da membrana do peroxissoma (Pex3, Pex16 e Pex19) actuam de seguida
como receptores para a importação de outras peroxinas – transportadas para os
peroxissomas na sua conformação final.

 O direccionamento para o interior dos peroxissomas pode ocorrer por duas vias:
o A maioria das peroxinas é reconhecida por uma sequência simples de a.a.
(Ser-Lys-Leu) no terminal-C – sinal de localização no peroxissoma 1
(“peroxisome targeting signal”) ou PTS1.

o Algumas peroxinas são reconhecidas por uma sequência de 9 a.a. no


terminal-N – sinal de localização no
peroxissoma 2 ou PTS2.

 Importação da PTS1 para os peroxissomas:

o A PTS1 liga-se a uma proteína


transportadora (solúvel) no citosol – Pex5.

o A Pex5 liga-se a um receptor da membrana


do peroxissoma – Pex14.

o A proteína a ser importada atravessa a


membrana através do canal multimérico
(ainda ligada à Pex5).

o Após a entrada na matriz peroxissomal a


Pex5 é libertada e regressa ao citoplasma.
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o A sequência sinal não é clivada.


63
o Este processo necessita de ATP mas ainda não se sabe em que passos
(hipótese: libertação da Pex 5 da proteína cargo na matriz).

 O mecanismo de translocação ainda não é totalmente conhecido.


 As ideias actualmente em investigação sugerem o envolvimento das proteínas
membranares Pex10, Pex12 e Pex2 que juntas formam um canal transmembranar de
grandes dimensões (10 a 15 nm de abertura).
 As peroxinas com a sequência sinalizadora PTS2 ligam-se a um receptor proteico
diferente mas a importação ocorre de forma semelhante à PTS1.

Transporte de Proteínas III – Retículo Endoplasmático

 Para além da presença de um núcleo, as células eucarióticas distinguem-se das células


procarióticas por apresentarem organelos envoltos por membranas no citoplasma.
 Em muitos casos o primeiro passo da seriação proteica ocorre ainda durante o
processo a tradução.
 Muitas proteínas destinadas ao retículo endoplasmático (RE), complexo de Golgi,
lisossomas, membrana plasmática e secreção das células são sintetizadas em
ribossomas aderidos ao RE.
 À medida que a tradução termina, as cadeias polipeptídicas são transportadas até ao
RE, onde ocorre o processamento proteolítico.
 Do RE, as proteínas são transportadas em vesículas para o complexo de Golgi onde
são novamente processadas e seriadas.
 Alguns dos organismos envolvidos neste transporte também participam na seriação e
transporte de proteínas provenientes do exterior celular.

Retículo endoplasmático

 O retículo endoplasmático (RE) é uma rede de túbulos e sacos membranares


(cisternas) que se estende do invólucro nuclear pelo citoplasma.
 Todo o RE é envolvido por uma membrana contínua (50% das membranas celulares) e
o maior organelo da maior parte das células eucarióticas. O lúmen do RE pode
representar cerca de 10% do volume celular total.
 O RE apresenta três domínios membranares contínuos que executam diferentes
funções celulares:

o Retículo Endoplasmático Rugoso (RER) – superfície externa coberta de


ribossomas com funções de processamento proteico.
o Retículo Endoplasmático de Transição – local de onde saem vesículas para o
complexo de Golgi e igualmente com funções de processamento proteico.
o Retículo Endoplasmático Liso (REL) – não associado a ribossomas, encontra-se
envolvido no metabolismo de lípidos.
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64

Retículo endoplasmático – funções

 O retículo endoplasmático desempenha um papel fundamental na síntese de


proteínas (todas as proteínas transmembranares) e lípidos.

 É igualmente o local de armazenamento de Ca2+ intracelular – essencial em muitas


respostas de sinalização celular.

 Para além disso todas as proteínas da via de secreção (exterior da célula, mas também
Complexo de Golgi e lisossomas) são primeiro endereçadas para o RE.

Retículo endoplasmático

 A descoberta da função do RE remonta a 1960 – experiência de George Palade e


colegas

o Estes investigadores estudaram o destino de proteínas acabadas de sintetizar


em células especializadas do pâncreas (células pancreáticas acinares) que
segregam enzimas digestivas para o intestino.
o Como nestas células quase todas as proteínas produzidas são secretadas,
Palade e colegas conseguiram estudar a via de secreção proteica.
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 A de seguida determinada por autorradiografia – detecção dos locais celulares que


65
estão envolvidos na secreção proteica:
o Após uma breve exposição (3 minutos) as proteínas foram detectadas no RER
– local de síntese para proteínas que irão ser exportadas.

o Se as células forem incubadas durante um curto período de tempo (7 minutos)


em meio com aminoácidos não radioactivos (método da pulsação (“label”) –
caça (“chase”)), as proteínas marcadas eram detectadas no Complexo de
Golgi.

o Períodos de caça mais longos (120 minutos), revelaram que as proteínas são
transportadas do complexo de Golgi para a superfície celular em vesículas
secretoras.

o As vesículas secretoras fundem-se com a membrana plasmática, libertando os


seus conteúdos no exterior das células.

 VIA SECRETORA:

 RER – Complexo de Golgi – vesículas secretoras – exterior da célula

o Um mecanismo semelhante é usado para o transporte de proteínas


destinadas a outros compartimentos (e.g., membrana plasmática e
lisossomas).

o Mas há proteínas que são retidas e funcionam no RE e no Complexo de


Golgi.

 Seriação de proteínas para o RE

o Nas células de mamíferos a maior parte da


importação de proteínas para o RE ocorre antes
da síntese completa da cadeia polipeptídica –
mecanismo co-traducional.
o O primeiro passo é a associação dos ribossomas
com o RE.

 Importante I: Os ribossomas são


endereçados para a membrana do RE
pela sequência da cadeia polipeptídica
que estão a sintetizar e não por
características intrínsecas.
 Importante II: Ribossomas livres e
associados a membranas são
indistinguíveis funcionalmente.
 Importante III: Toda a síntese proteica
tem início em ribossomas livres no
citosol.

 Seriação de proteínas para o RE


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o O endereçamento dos ribossomas para o RE é efectuado por uma sequência 66


de sinalização existente no terminal-N da cadeia polipeptídica.

o A sequência de sinalização é composta por


pequenos pedaços de a.a. hidrofóbicos, que são
clivados durante a transferência para o lúmen do
retículo endoplasmático.

o A função das sequências de sinalização no


endereçamento de proteínas para o local celular
apropriado foi elucidado por estudos dedicados
a perceber como é realizada a importação das
proteínas secretoras para o RE.

Sequências sinalizadoras

 Experiência base:

o Preparações in vitro de RER que foram isolados de extractos celulares usando


centrifugação de equilíbrio por gradiente de densidade
o Quando as células são quebradas, o RE fragmenta-se em vesículas pequenas –
microssomas.
o Uma vez que as vesículas derivadas do RER estão cobertas por ribossomas
(aumento da densidade – microssomas rugosos) podem ser separadas de
vesículas similares do REL e de outras membranas.

 Experiência base:

o Preparações in vitro de RER que foram isolados de extractos celulares usando


centrifugação de equilíbrio por gradiente de densidade
o Quando as células são quebradas, o RE fragmenta-se em vesículas pequenas –
microssomas.
o Uma vez que as vesículas derivadas do RER estão cobertas por ribossomas
(aumento da densidade – microssomas rugosos) podem ser separadas de
vesículas similares do REL e de outras membranas.
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67

Teoria do sinal

 Experiência de descoberta:

o Por David Sabatini e Günter Blobel (1971) – resultados da tradução in vitro de


RNAm que codifica proteínas para secreção (imunoglobinas).

 Proteína traduzida em ribossomas livres in vitro – proteínas


ligeiramente maiores às proteínas normalmente secretadas.
 A adição de microssomas ao sistema levou à incorporação da proteína
nos microssomas com o tamanho correcto.

 Experiência de descoberta:

o Por David Sabatini e Günter Blobel (1971) – resultados da tradução in vitro de


RNAm que codifica proteínas para secreção (imunoglobinas).

 Proteína traduzida em ribossomas livres in vitro – proteínas


ligeiramente maiores às proteínas normalmente secretadas.

 A adição de microssomas ao sistema levou à incorporação da proteína


nos microssomas com o tamanho correcto.
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 Hipótese proposta – existência de uma sequência de sinalização que endereça a


68
cadeia polipeptídica para os microssomas.

o Esta sequência é clivada por uma protease microssomal após a entrada no


retículo endoplasmático

 Muitas descobertas posteriores substanciaram este modelo, incluindo experiências de


engenharia genética.
b

Características do transporte de proteínas para o RE

 A síntese da proteína ocorre em ribossomas ligados à membrana do retículo


endoplasmático.
 A síntese e a translocação ocorrem geralmente em simultâneo (translocação co-
traducional).
 A proteína é translocada na sua conformação relaxada.
 A sequência sinal (localizada no terminal-N) é clivada durante a translocação da
proteína para o lúmen do RER.

Endereçamento de proteínas para o RE

 A sequência sinalizadora tem um tamanho de cerca de 20 a.a., incluindo um segmento


de 8 ou mais resíduos hidrofóbicos, habitualmente localizados no terminal-N da
cadeia polipeptídica.

 Quando emergem do ribossomas, estas sequências são reconhecidas e ligadas por


partículas de reconhecimento de sinal (SRP).
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 As SRP são compostas por seis polipeptídeos e um RNA pequeno citoplasmático (SRP
69
RNA com duas dobradiças – “hinge 1” e “hinge 2”) que forma o esqueleto.

 As SRP contêm o domínio de encaixe da sequência sinalizadora.

o O domínio de encaixe é grande, hidrofóbico e ladeado por metioninas


(plasticidade para ligar sequências sinalizadoras de vários tipos e tamanhos).

 Estudos recentes revelaram que quer as proteínas SRP quer o SRP RNA estão
envolvidos na interacção com o ribossoma.
 O SRP RNA liga-se às proteínas e ao RNAr da subunidade grande do ribossoma de tal
forma que o local de encaixe da sequência sinalizadora se encontra junto do local de
saída da cadeia nascente e o domínio de pausa da tradução se encontra posicionado
entre as subunidades ribossomais.

 SRP – Partícula de reconhecimento de sinal


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 A SRP liga-se ao ribossoma e à sequência sinalizadora, inibindo a progressão da


70
tradução e endereçando todo o complexo para o RER onde se liga ao receptor SRP
existente na membrana do RE.
 A ligação ao receptor SRP liberta a SRP e o ribossoma liga-se ao complexo de
translocação proteica da membrana do RE.
 A sequência sinalizadora é inserida no translocador membranar.
 Todo o processo é coordenado pela ligação de GTP à SRP e ao receptor SRP, com a
hidrólise do GTP em GDP a levar à dissociação da SRP do receptor e do complexo
ribossoma-RNAm.

Translocação das proteínas para o lúmen do RE

 Os translocadores são complexos de três proteínas transmembranares designados de


proteínas Sec61.

 O complexo Sec61 apresenta três subunidades e é altamente conservado desde as


bactérias até às células eucarióticas.

 A estrutura sugere que α-hélices delimitam um canal através do qual a proteína pode
atravessar a membrana.

 O canal apresenta um portão (pequena hélice – amarelo) que garante que o canal se
encontra habitualmente encerrado.

 O poro é uma estrutura dinâmica que só abre quando a cadeia polipeptídica atravessa
o canal.

 A transferência com o complexo ribossoma-RNAm para o translocador permite a


interacção da sequência sinalizadora com pequenas cadeias laterais hidrofóbicas do
canal do translocador.

 Este interacção abre a extremidade de contacto com o lúmen do RE.

 A cadeia polipeptídica em crescimento é transferida pelo translocador à medida que a


tradução prossegue.
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 No final, a sequência sinalizadora é clivada pela peptidase de sinal e o polipeptídeo é


71
libertado no lúmen do RE.

Translocação das proteínas para o lúmen do RE

Representação esquemática da translocação co-traducional de uma proteína de secreção para


o lúmen do retículo endoplasmático

 Nas células de mamíferos existem algumas proteínas (muito poucas) que são
transferidas para o RE após a tradução completa em ribossomas livres no citoplasma.

 A incorporação destas proteínas no RE não requer SRP.

 As sequências sinalizadoras são reconhecidas por receptores proteicos distintos –


complexo Sec62/63 associado ao translocador Sec 61 da membrana do RE.

 Chaperonas Hsp70 do citosol são necessárias para manter as cadeias polipeptídicas


numa conformação distendida de forma a que possam entrar no translocador.

 Outra chaperona Hsp70 (agora do RE) designada de BiP (“binding protein”) é


necessária para auxiliar a cadeia polipeptídica atravessar o canal.

 A BiP funciona como roquete (gasto de energia na forma de ATP).

Inserção de proteínas na membrana do RE

 As proteínas destinadas à incorporação na membrana plasmática ou dos outros


organelos da via de secreção celular são inseridos inicialmente na membrana do RE em
vez de serem libertados no lúmen do RE.
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 Da membrana do RE, estas proteínas prosseguem para o seu destino final seguindo a
72
mesma via das proteínas secretoras.
 No entanto, estas proteínas são transportadas como componentes membranares e
não como proteínas solúveis.
 Durante o transporte, a orientação da proteína membranar é preservada – a
orientação final destas proteínas membranares é estabelecido durante a sua
biossíntese na membrana do RE.
 Vários tipos de classes topológicas de membranas integrais são sintetizados no RE.
 Topologia de uma proteína membranar – número de vezes que a cadeia polipeptídica
atravessa a membrana e orientação dos segmentos proteicos.
 As proteínas membranares integrais estão embebidas nas membranas pelas suas
sequências hidrofóbicas que atravessam a bicamada lipídica.
 As porções das proteínas integrais que se inserem nas membranas são usualmente
α-hélices compostas por 20 a 25 aminoácidos hidrofóbicos.
 A presença de uma α-hélice maximiza as ligações de hidrogénio entre as cadeias
laterais hidrofóbicas dos a.a. e as caudas dos ácidos gordos dos fosfolípidos.
 Categorias de membranas integrais de acordo com a sua topologia:

o Classes I, II e III – proteínas com uma só α-hélice:

 Tipo I – sequência de sinalização no terminal-N clivada e ancorada com


a região hidrofílica terminal-N na face luminal (ou exoplasmática) e a
região terminal-C hidrofóbica na face citosólica.
 Tipo II – as proteínas não contém a sequência de sinalização clivável e
estão orientadas com o terminal-N hidrofílico na face citosólica e a
região C-terminal hidrofóbica na face exoplasmática.
 Tipo III – as proteínas são similares ao Tipo I, mas sem a sequência de
sinalização clivável.

o Estas topologias diferentes reflectem mecanismos distintos de estabelecer


a orientação membranar destes segmentos

 Classe IV – as proteínas apresentam múltiplos segmentos que


atravessam a membrana – proteínas “multipass”.

 Como o lúmen do RE é topologicamente equivalente ao exterior da célula, os domínios


das proteínas da membrana plasmática que estão expostos na superfície celular
correspondem às regiões das cadeias polipeptídicas que são translocadas para o lúmen
do RE.

Inserção de proteínas do Tipo I

 As proteínas do tipo I apresentam uma sequência de sinalização terminal normal, que


é clivada pela peptidase durante a translocação da cadeia polipeptídica através do RE.
 Estas proteínas apresentam uma sequência de paragem de transferência que origina
uma α-hélice sensivelmente a meio da cadeia.
 A porção do terminal-C permanece no citosol.
 A sequência de paragem indica também um movimento lateral entre as subunidades
do translocador e a proteína fica ancorada na bicamada fosfolipídica.
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73

Inserção de proteínas do Tipo II e III

 Nestas proteínas as sequências sinalizadoras são internas.

 As próprias sequências actuam como α-hélices transmembranares que saem do


translocador e ligam-se à membrana do RE.

 Dependendo da orientação da sequência sinalizadora, temos proteínas do Tipo II ou III.


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Inserção de proteínas do Tipo IV


74
 As proteínas do tipo IV são inseridas como resultado de séries alternadas de
sequências sinalizadoras internas e de sequências de paragem.
o Exemplo: proteínas transmembranares com o terminal-N no lado citosólico.

 Quando é encontrada uma sequência de paragem, o polipeptídeo


forma um “loop” no lúmen do RE, e a síntese proteica prossegue na
face citosólica da membrana.
 Se for encontrada uma 2ª sequência de sinalização o polipetídeo em
crescimento será novamente inserido no RE, formando um novo loop,
agora na face citosólica

Processamento Proteolítico no Retículo Endoplasmático

 Tipos de eventos do processamento proteolítico que ocorrem no RE:

o Clivagens proteolíticas específicas.


o Formação de ligações de dissulfeto (S–S)
o Enovelamento da cadeia polipeptídica na sua conformação tridimensional
correcta.
o Montagem dos polipeptídeos em proteínas com várias subunidades.
o Fases iniciais da adição e processamento de hidratos de carbono (glicolisação)
o Adição de âncoras glicolipídicas a algumas proteínas da membrana plasmática.

Clivagens proteolíticas específicas

 Algumas enzimas ou hormonas formam-se a partir de precursores de grandes


dimensões.

 Exemplo: insulina

o O precursor inicial (preproinsulina) contém uma sequência sinalizadora no


terminal-N que a endereça para o RE.
o A clivagem desta sequência durante a passagem pela membrana do RE origina
um segundo precursor (proinsulina).
o Este precursor é
convertido em
insulina após a
união das duas
cadeias através de
ligações dissulfeto
e pela remoção
proteolítica de um
segmento
peptídico interno.
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Formação de ligações dissulfeto (S–S)


75
 A formação de ligações dissulfeto entre as cadeias laterais de cisteínas é importante
para a estabilidade do enovelamento proteico.

 No citosol os resíduos de cisteínas são mantidos no estado reduzido (–SH). No RE, o


ambiente oxidativo aí encontrado promove a formação de ligações S–S .

 Estas ligações desempenham um papel importante na estrutura de proteínas a serem


secretadas e de proteínas da superfície celular.

 A formação de ligações dissulfeto é facilitada pela proteína dissulfeto isomerase,


localizada no lúmen do RE (uma das proteínas residentes no RE).

o A proteína catalisa a quebra e união de ligações de dissulfeto. Neste exemplo,


catalisa a conversão de ligações incorrectas (1-2 e 3-4) em dois pares
correctos.

Papel das chaperonas na conformação final das proteínas

 As proteínas são translocadas através da membrana do RE enquanto estão a ser


traduzidas. Estes polipeptídeos atingem a sua conformação final no RE, por acção de
chaperonas que facilitam o processo.
 A chaperona Hsp70, BiP, é importante neste processo e liga-se logo que a cadeia
atravessa a membrana.
 De seguida medeia o enovelamento da proteína e a montagem de proteínas com
várias subunidades.
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 Proteínas com a conformação 3D correcta são libertadas da BiP (estão envolvidas


76
também outras proteínas neste controlo da qualidade da proteína) e podem ser
transportadas para o Complexo de Golgi.

Glicolisação

 Quase metade das proteínas eucarióticas são glicosiladas.


 A maior parte das proteínas produzidas no RE (solúveis ou
ligadas a membranas) são glicoproteínas.
 Descoberta importante: um oligossacarídeo precursor e pré-
formado é transferido em bloco para as proteínas do RE.
 Este oligossacarídeo é formado por 14 resíduos de açúcar (2x
N-acetilglucosamina, 9x manose e 3x glucose).
 Este oligossacarídeo é transferido para a cadeia lateral de um
grupo NH2 de uma asparagina (Asn) específica (Asn-X-Ser/Thr
em que X é qualquer a.a. excepto prolina) da proteína –
oligossacarídeos “N-linked” ou “asparagine-linked”.

 Uma vez adicionado à proteína, a estrutura em hidratos de


carbono da glicoproteína é modificada pela adição ou remoção
de monossacarídeos no RE ou no complexo de Golgi
(pósprocessamento).

 As modificações às cadeias diferem de glicoproteína para


glicoproteína e entre organismos, mas um centro de 5 dos 14
resíduos é conservado em todos os oligossacarídeos do tipo N-
linked.

 A transferência para a proteína é catalisada por um complexo


enzimático ligado à membrana – oligossacaril transferase (componente 1).

 O local activo desta enzima apenas se encontra exposto no lado do lúmen (as
proteínas citosólicas não são glicosiladas desta forma) e está associado a cada
translocador proteico.

 Uma molécula lipídica – dolicol


(componente 2) – ancora o
oligossacarídeo na membrana do RE.

 O oligossacarídeo encontra-se ligado


ao dolicol por um pirofosfato de
elevada energia (ATP → AMP + PPi)

 É esta energia de activação que guia a


reacção de glicolisação.

 É igualmente no dolicol que o


oligossacarídeo é produzido (açúcar a
açúcar).
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 Os açúcares são primeiro


77
activados no citosol pela
formação de intermediários
açúcarnucleótidos (e.g. UDP-
Glc-Nac)

 Estes intermediários
fornecem a molécula de
açúcar ao dolicol numa
sequência ordenada.

 Durante este processo, e


com a ajuda de um
transportador o
oligossacarídeo é invertido
(“flipped”), passando do lado
citosólico para o lado luminal
da membrana do RE.

 É no lado luminal que são


adicionadas as restantes
moléculas de manose (4x –
associadas ao GDP) e Adição
do 1º as moléculas de
glucose (3x – associadas ao
UDP)

 No final temos o oligossacarídeo completo - (Glc) (Man) (GlcNAc fosfato 2º fosfato +


oligossacarídeo parcial 3(9(-acetilglucosamina)2 –ligado ao dolicol

 Durante a translocação da proteína, o dolicol transfere a cadeia oligossacarídica para a


asparagina alvo numa reacção enzimática com um único passo e onde está envolvida
a oligossacaril transferase.
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 Toda a diversidade de estruturas de oligossacarídeos N-linked resulta de uma


78
modificação posterior do oligossacarídeo original (muitas vezes só após o transporte
para o Complexo de Golgi).

 Ainda no RE, são removidos três resíduos de glucose através de duas enzimas
distintas.

Oligossacarídeos O-linked

 Os oligossacarídeos N-linked são os mais


comuns, encontrando-se em 90% de
todas as glicoproteínas.

 Menos frequentemente, os
oligossacarídeos estão ligados ao grupo
hidroxil da cadeia lateral de uma serina,
treonina ou hidroxilisina –
oligossacarídeos O-linked.

 Os oligossacarídeos O-linked são


compostos por moléculas de N-
acetilgalactosamina e de galactose e são
formados no Complexo de Golgi.
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Adição de âncoras glicolipídicas a proteínas


79
 Existem ainda proteínas que estão ligadas à
membrana plasmática por glicolípidos –
proteínas de ancoragem lipídica.
 A âncora mais comum é a glicosilfosfatidilinositol
- GPI – e apresenta uma composição bastante
complexa com moléculas de:

o Etanolamina (fosfatidil)
o N-acetilglucosamina (glicosil)
o Manose (glicosil)
o Glucosamina (glicosil)
o Inositol

 As âncoras GPI são adicionadas à proteína na


membrana do RE.

 Estas âncoras são adicionadas ao terminal-C de


algumas proteínas enquanto estas estão ligadas à
membrana por uma sequência hidrofóbica
existente no terminal-C logo após o final da
síntese proteica.

 A sequência C-terminal é então clivada e


trocada pela âncora GPI, permanecendo desta
forma ligada à membrana, mas apenas pelo
glicolípido associado.

 Estas glicoproteínas são transportadas para a


superfície celular como componentes das
membranas, através da via de secreção.

 Como se encontram na face luminal da


membrana do RE, vão ficar expostas na face
exoplasmática da membrana plasmática, ou
seja, expostas para exterior das células.

Funções das cadeias oligossacarídicas

 Intervêm na conformação tridimensional das


glicoproteínas.
 Ajudam a proteger as proteínas da proteólise.
 Participam no reconhecimento e nas adesões
celulares:
o Exemplo: adesão de leucócitos (glóbulos brancos) às células endoteliais dos
vasos sanguíneos mediado pelas proteínas transmembranares designadas de
selectinas
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 Funcionam como antigénios:


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o Exemplo: grupos sanguíneos – presença destes oligossacarídeos em
glicoproteínas e glicolípidos na superfície dos eritrócitos humanos

Controlo de qualidade no RE

 Muitas proteínas sintetizadas


no RE são rapidamente
degradadas, essencialmente
porque não adquirem a
conformação tridimensional
correcta.
 Outras permanecem no RE
durante várias horas enquanto
são correctamente
“arranjadas”.
 Assim, outra importante função
do RE é identificar proteínas
com conformação incorrecta e
caso não haja possibilidade de
corrigir os erros, dirigi-las para
a via de degradação.
 As proteínas envolvidas no processo de enovelamento proteico – chaperonas e outras
enzimas – também actuam como sensores de proteínas com conformação errada.
 Este processo é complexo e inclui a
BiP, outras chaperonas, a proteína
dissulfeto isomerase e muitas outras
proteínas.
 Duas vias que estão bem
caracterizadas incluem as chaperonas
(glicoproteína), calreticulina e
calnexina (o nome destas chaperonas
deriva de necessitarem de Ca2+ para
as suas actividades).
 A calreticulina e a calnexina
reconhecem oligossacarídeos parciais
(com um resíduo de glucose terminal,
apenas) em glicoproteínas acabadas
de sintetizar e assistem a
glicoproteína no seu enovelamento
correcto.
 Ambas funcionam do mesmo modo,
mas a calreticulina é uma proteína
solúvel do RE, enquanto que a
calnexina está aderida à membrana
do RE.
 Após a saída da glicoproteína do
translocador são removidos dois
resíduos de glucose – ligação da
calreticulina (ou calnexina) e
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respectiva assistência no enovelamento.


81
 A remoção do terceiro resíduo de glucose (através de uma glucosidase) termina a
interacção – libertação da glicoproteína.
 Um sensor da conformação proteica (glucosil transferase) avalia se a proteína foi
correctamente arranjada (por monitorização das regiões hidrofóbicas expostas):

o Se não existirem regiões hidrofóbicas expostas – transporte da proteína para o


RE de transição.

o Se a conformação não estiver correcta/completa a glucosiltransferase restitui


o resíduo de glucose, permitindo uma nova ligação da calnexina.

o Se a glicoproteína apresentar demasiadas regiões hidrofóbicas expostas,


ocorre a remoção dos resíduos de manose e a proteína é endereçada para o
citosol onde será degradada.

 As proteínas com defeitos na conformação (para alguns casos mais de 80% dos casos)
são translocadas para o citosol (processo ainda pouco conhecido) onde são
desglicosiladas, ubiquitinadas e degradadas nos proteossomas
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82

 A BiP para além de actuar como


chaperona, também tem um papel
fundamental como sensor do estado
geral de enovelamento proteico na
célula.

 Se ocorrer um excesso de proteínas não


enoveladas (como resultado de stress
celular), a BiP inicia um via de sinalização
conhecida por resposta de proteína não
enoveladas.

 Os níveis de BiP no lúmen do RE são


normalmente suficientes para que actue
não só na importação proteica e no
enovelamento, mas também para que
ligue moléculas sinalizadoras – estado
inactivo.

 Se existir um excesso de proteínas não


enoveladas – competição pela BiP
disponível, levando à sua libertação das
moléculas que sinalizam a resposta das
proteína não enoveladas.

 Esta resposta inclui:

o Inibição geral da síntese proteica;


o Aumento da expressão de chaperonas (calnexina, calreticulina, dissulfeto
isomerase, BiP, entre outras);
o Aumento da degradação do mRNA que codifica proteínas da via secretora.
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 Associada a esta resposta está também o aumento da actividade do proteossoma –


83
melhoramento da degradação das proteínas com má conformação.
 Se estas respostas forem insuficientes, é induzida a morte celular programada ou
apoptose.

O Retículo Endoplasmático Liso e a Síntese de Lípidos

Retículo endoplasmático liso

 Para além das actividades de processamento das proteínas membranares ou de


secreção, o RE é o principal local de
síntese dos lípidos membranares –
Retículo Endoplasmático Liso (REL).
 O REL é abundante em alguns tipos de
células que são particularmente
activas no metabolismo de lípidos.
o Como as hormonas esteróides
são sintetizadas no RE (a
partir do colesterol), podem
ser encontradas grandes
quantidades de REL em
células dos testículos e dos
ovários.

 Uma vez que os lípidos membranares são extremamente hidrofóbicos, estas moléculas
são sintetizadas em associação com as membranas celulares já existentes (a grande
maioria no RE).
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 Após a sua síntese, os lípidos são


84
transportados para o destino final
incorporados noutras membranas –
vesículas ou em proteínas transportadoras
de lípidos.

 Três tipos principais de lípidos


membranares:
o Fosfolípidos
o Glicolípidos (esfingolípido)
o Colesterol (esteróide)

 A maior parte dos fosfolípidos,


componentes estruturais básicos das
membranas celulares, são derivados do
glicerol.
 Estes lípidos são sintetizados na face
citosólica da membrana do RE a partir de
precursores citosólicos solúveis em água.

Síntese de fosfolípidos no REL

 Os ácidos gordos são primeiro transferidos


de transportadores da coenzima A para o glicerol-3-fosfato através de enzimas
ligadas à membrana (acil transferases).
 O fosfolípido resultante (ácido fosfatídico) é inserido na membrana.
 Enzimas da face citosólica da membrana do RE (fosfatase), convertem o ácido
fosfatídico em diacilglicerol.
 Fosfotransferases catalisam a adição das diferentes cabeças polares (transportadas
em precursores nucleótidos-cabeça polar – e.g., CDP-colina)
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 2 cadeias de ácidos gordos ligados à CoA são ligadas ao glicerol-3-fosfato – ácido


85
fosfatídico que é inserido na membrana.
 Uma fosfatase converte o ácido fosfatídico em diacilglicerol
 A ligação de cabeças polares diferentes ao diacilglicerol resulta na formação de
fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina e fosfatidilinositol

Síntese de fosfolípidos do REL

 Devido a esta topografia, os novos fosfolípidos são inseridos no parte citosólica da


membrana do RE, apenas.
 Para manter a membrana estável alguns deste novos fosfolípidos têm que ser
transferidos para a parte luminal da bicamada lipídica do RE.
 Esta passagem da cabeça polar através da membrana é facilitada por proteínas
membranares, as flipases.
 As flipases garantem um crescimento equitativo de ambos os lados da membrana.
 Existem várias famílias de flipases, algumas das quais são específicas para cada tipo de
fosfolípido.

Síntese de lípidos no REL

Síntese de colesterol e ceramida

 O REL é igualmente o local de síntese de


dois outros lípidos membranares:
colesterol e ceramida.
 A ceramida é convertida num glicolípido
ou em esfingomielina no Complexo de
Golgi.
 Uma vez que no Complexo de Golgi
estes compostos são produzidos por
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enzimas expostas no lúmen, só são encontrados no folheto citosólico da bicamada


lipídica. 86
 O RE é assim responsável pela síntese dos produtos finais ou dos produtos precursores
de todos os lípidos que constituem as membranas eucarióticas.

Transporte de fosfolípidos

 O transporte de fosfolípidos para membranas de


compartimentos que constituem a via de secreção,
é efectuada em vesículas.
 No entanto, tal como as proteínas
transmembranares, os fosfolípidos são
incorporados na membrana dessas vesículas até ao
destino final.
 O modo como a distribuição de lípidos entre
diferentes membranas é catalisada e regulada
ainda não é conhecido.
 A transferência de fosfolípidos para outros
compartimentos celulares que não integram a via
de secreção é efectuada através de proteínas
transportadoras solúveis em água.
 Julga-se que é através deste mecanismo que é
efectuada a transferência de fosfolípidos individuais
entre a membrana do REL e a membrana externa da mitocôndria.

Via de Secreção

Via da secreção

1 - A síntese de proteínas com um sinal para o RE é completada no RER e as novas cadeias


polipeptídicas ou são inseridas na membrana do RE ou atravessam a membrana dirigindo-se
para o lúmen do RE. Algumas proteínas permanecem no RE.
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2 – As proteínas que não pertencem ao RE são movidas em vesículas de transporte que brotam
do RE e que se fundem para formar novas cisternas do Complexo de Golgi-cis – transporte 87
para diante ou dianteiro (anterógrado)

3 – Proteínas do lúmen do RE que foram erradamente endereçadas ou proteínas das


membranas das vesículas que têm que ser reusadas (reciclagem proteica) são devolvidas ao RE
através de vesículas de transporte – transporte para trás ou retrógrado (Golgi-RE).

4 – Cada cisterna do cis-Golgi, com o seu conteúdo proteico, move-se da face cis para a face
trans do complexo de Golgi, por um processo não vesicular designado de maturação das
cisternas.

5 – Vesículas do transporte retrógrado (trans-Golgi – medial-Golgi – cis-Golgi) movem as


proteínas residentes no Complexo de Golgi para o compartimento adequado neste complexo.

6 – Em todas as células, algumas proteínas solúveis movem-se para a superfície celular em


vesículas de transporte e são continuamente secretadas – secreção constitutiva.

7 – Em certos tipos de células, algumas proteínas solúveis são armazenadas em vesículas


secretoras e são só libertadas depois da célula receber um sinal hormonal ou um sinal nervoso
apropriado – secreção regulada.

8 – Proteínas solúveis ou membranares endereçadas para os lisossomas são movidas em


vesículas transportadoras que brotam do trans-Complexo de Golgi. No entanto, primeiro
movem-se para o endossoma tardio e só depois para o lisossoma.
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9 – As proteínas solúveis ou membranares extracelulares são absorvidas por vesículas que


brotam da membrana plasmática – endocitose. As vesículas de transporte movem-se depois 88
para os lisossomas onde são degradadas, passando primeiro pelos endossomas tardios.

Transporte de VSVG (glicoproteína viral) ligada à GFP (“green fluorescent protein”) através da
via de secreção – microscopia de fluorescência após transfecção de cultura de células com um
gene híbrido que codifica ambas as proteínas.

Transporte Vesicular

 Todas as células necessitam de se alimentar,


comunicar e responder rapidamente a mudanças no
seu ambiente.

 Para completar esta tarefa as células ajustam


continuamente a composição da membrana
plasmática (essencialmente as proteínas).

 As células usam um elaborado sistema membranar


interno para adicionar ou remover proteínas da
superfície celular como:

o Receptores
o Canais iónicos
o Transportadores
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 Através de um processo designado de exocitose, a via de secreção entrega proteínas,


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hidratos de carbono e lípidos na membrana plasmática ou no espaço extracelular.

 Pelo processo de endocitose, as células removem componentes da membrana


plasmática e entregam-nos a compartimentos internos – endossomas – onde podem
ser reciclados (voltando à membrana
plasmática) ou dirigidos para os
lisossomas para degradação.

 As células também usam a endocitose


para capturar nutrientes importantes
(vitaminas, lípidos, colesterol e ferro).

 Estes nutrientes são importados


juntamente com as macromoléculas às
quais estão aderidos

 As proteínas viajam no espaço celular sem terem que atravessar as membranas –


transportadas de um compartimento a outro através de contentores de transporte
envolvidos por membranas – vesículas de transporte.

 Numa célula eucariótica, as vesículas de transporte estão continuamente a brotar de


uma membrana e a fundirem-se com outra, transportando componentes
membranares e moléculas solúveis – carga.

 A via de secreção começa no retículo endoplasmático (RE), segue para o Complexo de


Golgi e chega à superfície celular.

 Existe ainda uma via lateral dirigida para os lisossomas.

 A via endocítica segue no sentido oposto, da membrana plasmática para o interior da


célula.

 O fluxo de membranas é equilibrado pelo transporte retrógrado, que desloca algumas


proteínas de volta ao compartimento de origem.
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