NFPSS 4 Pcgo PDF
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LEI DE DROGAS
O art. 1º define o que é drogas – substâncias capazes de causar dependência (física, psíquica), assim
especificado em lei ou lista atualizada pelo Poder Executivo (ato administrativo – decreto, resolução).
É uma norma penal em branco heterogênea em sentido estrito.
#LEMBRE-SE
• Lei penal em branco própria/heterogênea/em sentido estrito = o complemento vem de ato infralegal
(portaria, decreto etc).
• Lei penal em branco imprópria/homogênea/em sentido amplo = o complemento é dado por outra
lei.
➔ Homovitelínea = as duas leis são iguais.
➔ Heterovitelínea = as leis são diferentes.
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de
causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III -
medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
-> a finalidade de consumo pessoal, e as plantas devem ser destinadas à preparação de PEQUENA
QUANTIDADE de substância entorpecente. Se for para grande quantidade, já configura tráfico.
Prescrição: Prescreve em 2 ANOS (prazo especial da lei de drogas), mas aplicam-se as causas de interrupção
do CP.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da
Lei nº 11.343/2006, possui natureza jurídica de crime. O porte de droga para consumo próprio foi somente
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Por Bruna Reis
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despenalizado pela Lei nº 11.343/2006, mas não descriminalizado. Obs.: despenalizar é a medida que tem
por objetivo afastar a pena como tradicionalmente conhecemos, em especial a privativa de liberdade.
Descriminalizar significa deixar de considerar uma conduta como crime. Mesmo sendo crime, o STJ entende
que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO
configura reincidência. Argumento principal: se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão
simples, não configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de
reincidência, considerando que este delito é punido apenas com “advertência”, “prestação de serviços à
comunidade” e “medida educativa”, ou seja, sanções menos graves e nas quais não há qualquer possibilidade
de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento. Há de se considerar, ainda, que a própria
constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo fortemente questionada. STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018 (Info 632).
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.
Já vimos algumas observações sobre esse artigo. Mas #NÃOCUSTALEMBRAR:
Tipo misto alternativo: Se praticar um núcleo ou mais de um núcleo, haverá crime único e não concurso de
crimes.
Doutrina e jurisprudência já entendiam que, como o delito de tráfico de entorpecente consuma-se com a
prática de qualquer uma das dezoito ações identificadas no núcleo do tipo (Lei 11.343/06, art. 33, caput),
algumas de natureza permanente, era legítima a prisão em flagrante quando qualquer uma delas fosse
executada de maneira preexistente à atuação policial. Nestes casos, não se falava em flagrante forjado ou
preparado e, consequentemente, não era aplicada a súmula nº 145 do STF, a fim de ser reconhecido o crime
impossível. Consolidando-se esse entendimento, a Lei 13.964/19 estabeleceu como crime a conduta daquele
que “vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente”.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
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#ATENÇÃO O dolo específico (especial fim de agir) do delito do art. 33, §3º da Lei de Drogas está contido na
expressão “para juntos a consumirem”. É por conta desse elemento que reside o uso compartilhado. Em
outras palavras, o agente que faz a oferta deverá ter a intenção específica de consumir a droga juntamente
com a pessoa a quem ele oferece. Caso contrário, estará configurado o delito de tráfico de drogas, previsto
no caput do art. 33 da Lei de Drogas.
TRÁFICO PRIVILEGIADO
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide
Resolução nº 5, de 2012)
4 requisitos CUMULATIVOS:
• PRIMÁRIO
• BONS ANTECEDENTES
• NÃO SE DEDICAR A ATIVIDADES CRIMINOSAS
• NÃO INTEGRAR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, REITERADAMENTE OU NÃO, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
#ATENÇÃO É crime autônomo, ou seja, independe da concretização ou não do tráfico de drogas.
É necessária reunião de DUAS OU MAIS PESSOAS (crime de concurso necessário). O inimputável também
integra o cômputo.
#DEOLHONAJURIS: - A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação
para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da
Lei nº 11.343/2006. STJ. (Info 576).
A lei 11343 não previu a incidência de majorante na hipótese de associação eventual, que era prevista na lei
anterior.
FINANCIAMENTO DO TRÁFICO
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta
Lei: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
mil) dias-multa.
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#RESUMO
Pessoal, um ponto que acho muito importante e pode facilitar na hora da prova é saber quais são os crimes
da lei de drogas que são equiparados a hediondo e quais não são. #FOCANATABELA
#ATENÇÃODELTA #COLANARETINA:
#SAIBADIFERENCIAR #DIRETODAFUC
INFILTRAÇÃO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Lei de Drogas Lei do Crime Organizado ECA
(art. 53, I) (arts. 10 a 14) (arts. 190-A a 190-E)
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AÇÃO CONTROLADA
Lei de Drogas Lavagem de Capitais Lei do Crime Organizado
(Art. 53, II) (Art. 4º-B) (Art. 8º)
• É necessária prévia • É necessária somente
autorização judicial. prévia comunicação.
• Não disciplina o • Disciplina o procedimento
procedimento a ser adotado. a ser adotado, dispondo que
• É necessária prévia
o juiz poderá estabelecer
autorização judicial.
limites à ação controlada.
• Não disciplina o
• Até o encerramento da
procedimento a ser adotado.
diligência, o acesso aos autos
será restrito ao juiz, ao
Ministério Público e ao
delegado de polícia.
Plantação:
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas PELO DELEGADO DE POLÍCIA na forma do art.
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das
condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação
da prova.
• Destruição imediata
• #NÃOESQUECE Pelo delegado (não é necessária autorização judicial)
• Que recolherá quantidade suficiente para perícia, lavrando auto de levantamento
Droga apreendida:
Art. 50, § 3º - Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida no § 3º, sendo lavrado
auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela
Lei nº 12.961, de 2014)
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Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardando-se amostra
necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do
art. 50.
#DIRETODAFUC Esquematizando:
Não havendo flagrante:
- 30 dias, da apreensão
Havendo flagrante:
- Juiz decide em 10 dias
- Delegado destrói em 15 dias, da determinação do juiz. Na presença do Ministério Público e da autoridade
sanitária (§ 4º)
#ATENÇÃO #NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei 14.322/2022 alterou a Lei de Drogas para excluir a possibilidade
de restituição ao lesado do veículo usado para transporte de droga ilícita e para permitir a alienação ou o uso
público do veículo independentemente da habitualidade da prática criminosa:
“Art. 60. § 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas no caput deste artigo, o juiz facultará ao acusado
que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente provas, ou requeira a produção delas, acerca da origem lícita do
bem ou do valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo apreendido em transporte de droga ilícita.
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de veículo
apreendido em transporte de droga ilícita, cuja destinação observará o disposto nos arts. 61 e 62 desta Lei,
ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.” (NR)
“Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos
maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática, habitual ou
não, dos crimes definidos nesta Lei será imediatamente comunicada pela autoridade de polícia judiciária
responsável pela investigação ao juízo competente.
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO Porte de drogas para consumo próprio e reincidência - Viola o princípio
da proporcionalidade a consideração de condenação anterior pelo delito do art. 28 da Lei 11.343/2006,
“porte de droga para consumo pessoal”, para fins de reincidência. (INFO 1048 STF)
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por facção criminosa não permite presumir a existência de vínculo estável e permanente para configuração
do crime de associação para o tráfico. HC 739.951-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 09/08/2022, DJe 18/08/2022. (Info 753 - STJ)
É vedada a utilização de inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do art. 33, § 4º, da
Lei n. 11.343/2006. REsp 1.977.027-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
10/08/2022 (Tema 1139). (INFO 745)
#ATENÇÃODIVERGÊNCIA É possível que o Poder Judiciário conceda autorização para que a pessoa faça o
cultivo de maconha com objetivos medicinais? 5ª Turma do STJ: NÃO. É incabível salvo-conduto para o cultivo
da cannabis visando a extração do óleo medicinal, ainda que na quantidade necessária para o controle da
epilepsia, posto que a autorização fica a cargo da análise do caso concreto pela ANVISA. STJ. 5ª Turma. RHC
123402-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
6ª Turma do STJ: SIM. É possível a concessão de salvo-conduto para permitir que pessoas com prescrição
médica para o uso do canabidiol cultivem plantas de maconha e dela façam a extração do óleo. STJ. 6ª Turma.
RHC 147.169, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/06/2022. STJ. 6ª Turma. REsp 1.972.092, Rel.
Min. Rogerio Schietti, julgado em 14/06/2022.
Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi praticado nas proximidades de
escola fechada em razão da COVID-19. A razão de ser da causa especial de aumento de pena prevista no
inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 é a de punir, com maior rigor, aquele que, nas imediações ou nas
dependências dos locais a que se refere o dispositivo, dada a maior aglomeração de pessoas, tem como mais
ágil e facilitada a prática do tráfico de drogas (aqui incluído quaisquer dos núcleos previstos no art. 33 da Lei
n. 11.343/2006), justamente porque, em localidades como tais, é mais fácil ao traficante passar despercebido
à fiscalização policial, além de ser maior o grau de vulnerabilidade das pessoas reunidas em determinados
lugares. Na espécie, não ficou evidenciado nenhum benefício advindo ao réu com a prática do delito nas
proximidades ou nas imediações de estabelecimento de ensino – o ilícito foi perpetrado em momento em
que as escolas estavam fechadas por conta das medidas restritivas de combate à COVID-19 – e se também
não houve uma maximização do risco exposto àqueles que frequentam a escola (alunos, pais, professores,
funcionários em geral), deve, excepcionalmente, em razão das peculiaridades do caso concreto, ser afastada
a incidência da referida majorante. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728.750, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 17/05/2022.
#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS #SAINDOFORNO #CUIDADO O crime de associação para o tráfico (art. 35 - Lei
11.343/2006), mesmo formal ou de perigo, demanda os elementos "estabilidade" e "permanência" do
vínculo associativo, que devem ser demonstrados de forma aceitável (razoável), ainda que não de forma
rígida, para que se configure a societas sceleris e não um simples concurso de pessoas, é dizer, uma
associação passageira e eventual. STJ. 6ª Turma. REsp 1.978.266/MS, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em 3/05/2022.
#DEOLHONAJURIS: - A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação
para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da
Lei nº 11.343/2006. STJ. (Info 576).
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#ATENÇÃO Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se
configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de
fronteiras.
Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei nº 11.343/2006, é desnecessária
a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca
da intenção de realizar o tráfico interestadual.
#STJ #DEOLHONAJURIS Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a
permitir o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais. Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas
corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis
(maconha), bem como porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade
da conduta. STJ. 3ª Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
#DEOLHONAJURIS #PANDEMIA A razão de ser da causa especial de aumento de pena prevista no inciso III
do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 é a de punir, com maior rigor, aquele que, nas imediações ou nas
dependências dos locais a que se refere o dispositivo, dada a maior aglomeração de pessoas, tem como mais
ágil e facilitada a prática do tráfico de drogas (aqui incluído quaisquer dos núcleos previstos no art. 33 da Lei
n. 11.343/2006), justamente porque, em localidades como tais, é mais fácil ao traficante passar despercebido
à fiscalização policial, além de ser maior o grau de vulnerabilidade das pessoas reunidas em determinados
lugares.
Na espécie, não ficou evidenciado nenhum benefício advindo ao réu com a prática do delito nas proximidades
ou nas imediações de estabelecimento de ensino – o ilícito foi perpetrado em momento em que as escolas
estavam fechadas por conta das medidas restritivas de combate à COVID-19 – e se também não houve uma
maximização do risco exposto àqueles que frequentam a escola (alunos, pais, professores, funcionários em
geral), deve, excepcionalmente, em razão das peculiaridades do caso concreto, ser afastada a incidência da
referida majorante.STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728.750, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
17/05/2022.
#STJ #DEOLHONAJURIS Transportar folhas de coca: crime do art. 33, § 1º, I, da Lei nº 11.343/2006. A conduta
de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de competência, ao tipo descrito
no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o transporte de matéria-prima destinada à
preparação de drogas. Caso concreto: o agente foi preso com 4,4 kg de folhas de coca, adquiridas na Bolívia,
tendo a substância sido encontrada no estepe do veículo. As folhas seriam transportadas até Uberlândia/MG
para rituais de mascar, fazer infusão de chá e até mesmo bolo, rituais esses associados à prática religiosa
indígena de Instituto ao qual pertenceria o acusado. A folha de coca não é considerada droga; porém pode
ser classificada como matéria-prima ou insumo para sua fabricação. STJ. 3ª Seção. CC 172.464-MS, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
#DEOLHONAJURIS Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não é apenas a quantidade de drogas
que constitui fator determinante para a conclusão de que a substância se destinava a consumo pes-soal, mas
também o local e as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como
a conduta e os antecedentes do agente. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 17/11/2020.
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#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de
Drogas com base no fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal
que ainda não transitou em julgado?
• STJ: SIM. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da
convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no
art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
14/12/2016 (Info 596). STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
05/03/2020.
• STF: NÃO. Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a inquéritos policiais ou
processos criminais em andamento, mesmo que estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art. 5º,
LIV (princípio da presunção de não culpabilidade). Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) com base em condenações não alcançadas pela preclusão
maior (coisa julgada). STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info
967). STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973). STF. 2ª
Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2018.
#DEOLHONAJURIS O histórico infracional é suficiente para afastar a causa de diminuição prevista no art.
33, § 4º, da Lei 11.343/2006? O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante
do art. 33, § 4.º, da Lei nº 11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de
circunstâncias excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos, devidamente
documentados nos autos, bem como a razoável proximidade temporal com o crime em apuração. STJ. 3ª
Turma. EREsp 1.916.596-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2021
(Info 712). O STF possui a mesma posição? Para o STF, a existência de atos infracionais pode servir para
afastar o benefício do § 4º do art. 33 da LD? 1ª Turma do STF: SIM. RHC 190434 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 23/08/2021. 2ª Turma do STF: NÃO. STF. 2ª Turma. HC 202574 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 17/08/2021.
#DEOLHONAJURIS Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei
11.343/2006 quando a posse dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo pessoal
de entorpecente. Para que se configure a lesão ao bem jurídico tutelado pelo art. 34 da Lei nº 11.343/2006,
a ação de possuir maquinário e/ou objetos deve ter o especial fim de fabricar, preparar, produzir ou
transformar drogas, visando ao tráfico. Assim, ainda que o crime previsto no art. 34 da Lei nº 11.343/2006
possa subsistir de forma autônoma, não é possível que o agente responda pela prática do referido delito
quando a posse dos instrumentos se configura como ato preparatório destinado ao consumo pessoal de
entorpecente. As condutas previstas no art. 28 da Lei de Drogas recebem tratamento legislativo mais brando,
razão pela qual não há respaldo legal para punir com maior rigor as ações que antecedem o próprio consumo
pessoal do entorpecente. STJ. 6ª Turma. RHC 135.617-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/09/2021 (Info
709).
#DEOLHONAJURIS Não incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei nº
11.343/2006 em caso de tráfico de drogas cometido nas dependências ou nas imediações de igreja O tráfico
de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das majorantes
previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com esse fim
tendo em vista que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem. STJ. 6ª Turma.
HC 528.851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
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#DEOLHONAJURIS A revogação do § 2º do art. 2º da Lei 8.072/90 pela Lei 13.964/2019 não tem o condão de
retirar do tráfico de drogas sua caracterização como delito equiparado a hediondo, pois a classificação da
narcotraficância como infração penal equiparada a hedionda decorre da previsão constitucional estabelecida
no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 729.332/SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 19/04/2022.
#DEOLHONAJURIS A multa mínima prevista no artigo 33 da Lei 11.343/06 é opção legislativa legítima para a
quantificação da pena, não cabendo ao Poder Judiciário alterá-la com fundamento nos princípios da
proporcionalidade, da isonomia e da individualização da pena.
STF. Plenário. RE 1347158/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 1.178).
#DEOLHONAJURIS Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei 11.343/2006
quando a posse dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo pessoal de
entorpecente. Para que se configure a lesão ao bem jurídico tutelado pelo art. 34 da Lei nº 11.343/2006, a
ação de possuir maquinário e/ou objetos deve ter o especial fim de fabricar, preparar, produzir ou
transformar drogas, visando ao tráfico. Assim, ainda que o crime previsto no art. 34 da Lei nº 11.343/2006
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possa subsistir de forma autônoma, não é possível que o agente responda pela prática do referido delito
quando a posse dos instrumentos se configura como ato preparatório destinado ao consumo pessoal de
entorpecente.
As condutas previstas no art. 28 da Lei de Drogas recebem tratamento legislativo mais brando, razão pela
qual não há respaldo legal para punir com maior rigor as ações que antecedem o próprio consumo pessoal
do entorpecente. STJ. 6ª Turma. RHC 135617-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/09/2021 (Info 709).
#DEOLHONAJURIS O histórico infracional é suficiente para afastar a causa de diminuição prevista no art. 33,
§ 4º, da Lei 11.343/2006? O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante do
art. 33, § 4.º, da Lei nº 11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de
circunstâncias excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos, devidamente
documentados nos autos, bem como a razoável proximidade temporal com o crime em apuração. STJ. 3ª
Turma. EREsp 1916596-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2021
(Info 712). O STF possui a mesma posição? Para o STF, a existência de atos infracionais pode servir para
afastar o benefício do § 4º do art. 33 da LD? 1ª Turma do STF: SIM. RHC 190434 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 23/08/2021. 2ª Turma do STF: NÃO. STF. 2ª Turma. HC 202574 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 17/08/2021.
#DEOLHONAJURIS Incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei 11.343/2006 em
caso de tráfico de drogas cometido nas dependências ou nas imediações de igreja?1ª corrente: NÃO. O tráfico
de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das majorantes
previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com esse fim
tendo em vista que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem. Caso o
legislador quisesse punir de forma mais gravosa também o fato de o agente cometer o delito nas
dependências ou nas imediações de igreja, teria feito expressamente, assim como fez em relação aos demais
locais.
STJ. 6ª Turma. HC 528851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671). 2ª corrente:
SIM. Justificada a incidência da causa de aumento prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, uma
vez consta nos autos a existência de igreja evangélica a aproximadamente 23 metros de distância do local
onde a traficância era realizada.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 668934/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/06/2021. Obs:
prevalece a 1ª corrente. Na verdade, se formos analisar o caso concreto envolvendo o AgRg no HC
668934/MG, iremos constar que, além de uma igreja evangélica, o local também funcionava como entidade
social, de modo que se amoldava no inciso III por esse outro motivo.
#DEOLHONAJURIS A ausência de comprovação do exercício de atividade lícita não é apta a gerar presunção
da dedicação ao tráfico. A premissa de que o Agente acusado de tráfico que não tem ocupação lícita (e,
portanto, não tem como comprová-la) dedica-se à traficância consubstancia ônus do qual o Réu não pode se
desincumbir, em evidente violação tanto do sistema acusatório quanto do Direito Penal do fato, além de
significar indevida incidência do Direito Penal do autor (Direito Penal do Inimigo). STJ. 6ªTurma. HC
665.401/SP. Relª Min. Laurita Vaz, julgado em 01/06/2021
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Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional. • Entendimento atual do STJ: local de destino da droga.
Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do
endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar a competência no
Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da
duração razoável do processo. STJ. 3ª Seção. CC 177882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
26/05/2021 (Info 698). Obs: em 25/02/2022, após o julgamento acima, o STJ decidiu cancelar formalmente
a Súmula 528. Portanto, a Súmula 528 do STJ está formalmente cancelada.
#DEOLHONAJURIS #ATENÇÃODIVERGÊNCIA A prática anterior de atos infracionais pode ser utilizada para
afastar a causa de diminuição do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas? Atualmente, temos uma divergência no STF.
Para a 1ª Turma do STF: SIM. É possível a utilização da prática de atos infracionais para afastar a causa de
diminuição, quando se pretendeu a aplicação do redutor de pena do do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006.
Isso não significa que foram considerados, como crimes, os atos infracionais praticados. Significa, apenas,
que o contexto fático pode comprovar que o requisito de não dedicação a atividades criminosas não foi
preenchido. Isto porque, tudo indica que a intenção do legislador, ao inserir a redação foi distinguir o
traficante contumaz e profissional daquele iniciante na vida criminosa, bem como daquele que se aventura
na vida da traficância por motivos que, por vezes, confundem-se com a sua própria sobrevivência e/ou de
sua família. STF. 1ª Turma. HC 192147, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2021. Para a 2ª Turma do
STF: NÃO. A prática anterior de atos infracionais pelo paciente não configura fundamentação idônea a afastar
a minorante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. Constata-se que a prática de atos infracionais não é
suficiente para afastar a minorante, visto que adolescente não comete crime nem lhe é imputada pena. Nos
termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, as medidas aplicadas são socioeducativas e objetivam a
proteção do adolescente que cometeu infração. Assim, a menção a atos infracionais praticados pelo paciente
não configura fundamentação idônea para afastar a minorante.
STF. 2ª Turma. HC 191992, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 08/04/2021. Para o STJ:
SIM. O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante do art. 33, § 4.º, da Lei n.
11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de circunstâncias excepcionais,
nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos, devidamente documentados nos autos, bem como a
razoável proximidade temporal com o crime em apuração. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.916.596, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, Rel. p/ acórdão Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2021 (Info 712).
#DEOLHONAJURIS O crime de associação para o tráfico é plurissubjetivo e pode ser plurilocal. O crime de
associação para o tráfico é de natureza permanente. Não é empecilho para o reconhecimento do crime único
o fato de que, mesmo que as tratativas para o comércio ilícito, entre os associados e o líder da associação,
tenham ocorrido em datas variadas, mas dentro de um período de 2 (dois) meses (no caso concreto), é
possível o reconhecimento de houve um único crime de associação para o tráfico. De igual modo, o fato de
haver integrantes da associação em diversas cidades da mesma região, não impede que se configure crime
único. O crime de associação para o tráfico é necessariamente plurissubjetivo e pode ser plurilocal, não sendo
impeditivo para a sua consumação o fato de que os seus agentes estejam em localidades diferentes. Não é
incomum, inclusive, que os membros da mesma associação estejam em cidades ou estados diversos ou até
mesmo em países diferentes. STJ. 6ª Turma. REsp 1845496/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 03/11/2020.
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matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à sua preparação (flagrante preparado), sob pena de
violação do art. 17 do Código Penal e da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal.
#DEOLHONAJURIS Enunciado 2 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: Para a aplicação do
art. 40, inc. VI, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prova de que a criança ou adolescente atua ou é utilizada,
de qualquer forma, para a prática do crime, ou figura como vítima, não sendo a mera presença da criança ou
adolescente no contexto delitivo causa suficiente para a incidência da majorante.
OCRIM
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Organização criminosa:
• Associação de 4 (quatro) ou mais pessoas;
• Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente;
• Com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais (crimes e contravenções) cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II
- às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
legalmente definidos.
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pessoas se associam para a prática de crimes, ainda que nenhum delito venha a ser definitivamente
praticado. Cuida-se de crime de perigo abstrato, e com o momento associativo já se apresenta perigo
suficientemente grave para alardear a população e tumultuar a paz no âmbito da coletividade.
A associação criminosa é juridicamente independente dos delitos que venham a ser cometidos pelos agentes
reunidos no agrupamento espúrio, e subsiste autonomamente ainda que os crimes para os quais foi
organizada sequer venham a ser realizados.”
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais
infrações penais praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração
penal que envolva organização criminosa
§ 2º As penas AUMENTAM-SE ATÉ A METADE se na atuação da organização criminosa HOUVER EMPREGO
DE ARMA DE FOGO.
§ 3o A PENA É AGRAVADA PARA QUEM EXERCE O COMANDO, INDIVIDUAL OU COLETIVO, da organização
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz
determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, SEM PREJUÍZO DA REMUNERAÇÃO,
quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo PRAZO DE 8
(OITO) ANOS subsequentes ao cumprimento da pena.
COLABORAÇÃO PREMIADA
#DIRETODAFUC #NOVIDADELEGISLATIVA#PACOTEANTICRIME
Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019
Art. 3º-A, 3º-B e 3º-C: sem correspondente. ‘Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio
jurídico processual e meio de obtenção de prova, que
pressupõe utilidade e interesse públicos.’
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O art. 3º-A apenas sedimentou um entendimento que já era defendido pela doutrina (acordo de colaboração
premiada como meio de obtenção de prova). O artigo 3º-B destaca que o recebimento da proposta para
formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui também marco de
confidencialidade.
O artigo 3º-C traz importante novidade, pois passa a restringir a colaboração ao objeto da investigação. Além
disso, em seu §3º, dispõe que o colaborador deve narrar todos os ilícitos para os quais concorreu e que
tenham relação DIRETA com os fatos investigados.
1) Não oferecimento da denúncia (colaboração deve ser efetiva e voluntária; O colaborador não pode ser o
líder da organização criminosa ; O colaborador deve ter sido o primeiro a prestar efetiva colaboração)
2) Perdão judicial (Se a colaboração prestada for muito relevante, o Ministério Público OU O DELEGADO DE
POLÍCIA PODERÃO se manifestar pedindo que o juiz conceda perdão judicial ao colaborador, o que acarreta
a extinção da punibilidade)
3) Redução da pena (• Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar
antes de ser julgada: sua pena poderá ser reduzida em até 2/3. • Se a colaboração ocorrer após a sentença,
ou seja, se a pessoa decidir colaborar apenas depois de ser condenada: sua pena poderá ser reduzida em até
metade (1/2).)
4) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (O juiz poderá substituir a pena
privativa de liberdade do colaborador por pena restritiva de direitos mesmo que não estejam presentes os
requisitos do art. 44 do CP)
5) Progressão de regime
#DEOLHONAJURIS: O STF em seu informativo 907, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em
ação direta para assentar a CONSTITUCIONALIDADE dos §§ 2º e 6º do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013, a qual
define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova,
infrações penais correlatas e o procedimento criminal. A ação impugnava as expressões “e o delegado de
polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público” e “entre o delegado de
polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso”, contidas
nos referidos dispositivos, que conferem legitimidade ao delegado de polícia para conduzir e firmar acordos
de colaboração premiada (Informativo 888). Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator), no
sentido de QUE O DELEGADO DE POLÍCIA PODE FORMALIZAR ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA, NA
FASE DE INQUÉRITO POLICIAL, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se
manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial.
AÇÃO CONTROLADA
Retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no
momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
INFILTRAÇÃO DE AGENTES
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a) Prévia autorização judicial: A autorização deve ser motivada e dispor sobre como ocorrerá a infiltração,
sob pena de nulidade absoluta ante a falta de motivação.
b) Fummus Comissi delicti e periculum in mora: Condicionam-se a existência de elementos indiciários que
apontem a existência de crimes praticados por organizações criminosas (fummus comissi delicti). No que
tange ao periculum in mora, diz respeito aos eventuais prejuízos que podem ser causados pela não
decretação imediata da medida.
c) Indispensabilidade da infiltração: Medida de ultima ratio, só podendo ser aplicada subsidiariamente
devido a seu alto grau de risco. Deve-se ter em mente que a infiltração de agentes é medida excepcional.
d) Anuência da infiltração: O agente policial deve concordar expressamente com a infiltração.
#NOVIDADE#PACOTEANTICRIME
“Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput
do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por
organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou
cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas.
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se:
I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
atribuído no momento da conexão.
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
Ministério Público.
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as
provas não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis.
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e
seja comprovada sua necessidade.
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos
eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e apresentados
ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público.
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo.”
#DEOLHONAJURIS
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#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Lei das organizações criminosas (Lei nº 12.850/2013) prevê o
seguinte crime: Art. 2º (...) § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça
a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Quando o art. 2º, § 1º fala em
“investigação”, ele está se limitando à fase pré-processual ou abrange também a ação penal? Se o agente
embaraça o processo penal, ele também comete este delito? SIM. A tese de que a investigação criminal
descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 limita-se à fase do inquérito não foi aceita pelo STJ. Isso porque
as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial
quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Assim, como o legislador não inseriu uma
expressão estrita como “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o
sentido de “persecução penal”, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das
investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências
realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar inquérito
e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecução penal. O tipo penal previsto
pelo art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o inquérito policial e a ação
penal. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019 (Info 650).
#DEOLHONAJURIS: O delito do art. 2º, § 1º, da Lei 12.850/2013 é crime material, inclusive na modalidade
embaraçar Importante!!! A Lei nº 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa), prevê o seguinte delito no §
1º do art. 2º: Art. 2º (...) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou,
de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. O crime
do art. 2º, § 1º é formal ou material? Material. O tipo penal possui dois núcleos (verbos): impedir e
embaraçar. No que tange ao núcleo “impedir”, nunca houve dúvida de que se trata de crime material. A
dúvida estava no verbo “embaraçar”. Alguns doutrinadores afirmavam que, neste ponto, o delito seria
formal. Não foi esta, contudo, a conclusão do STJ. Tanto no núcleo impedir como embaraçar, o crime do art.
2º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 é material. A adoção da corrente que classifica o delito como crime material
se explica porque o verbo embaraçar atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Na hipótese
normativa, o objeto é a investigação, que pode se dar na fase de inquérito ou na instrução da ação penal. Em
outras palavras, haverá embaraço à investigação se o agente conseguir produzir algum resultado, ainda que
seja momentâneo e reversível. STJ. 5ª Turma. REsp 1.817.416-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
03/08/2021 (Info 703).
#DEOLHONAJURIS: A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: Luiz, auditor da receita estadual,
estava sendo investigado por supostamente estar recebendo vantagem indevida (“propina”) para reduzir
tributos. Ele não sabia que estava sendo investigado. Determinado dia, Luiz foi preso em flagrante por
suposto crime sexual (estupro de vulnerável). Depois de preso, o Ministério Público ofereceu a Luiz e sua
irmã a possibilidade de fazer um acordo de colaboração premiada. Eles aceitaram. No acordo, Luiz confessou
crimes e delatou infrações penais que teriam sido praticadas por outros colegas auditores da receita
estadual. Com base nessas declarações prestadas por Luiz e sua irmã, foi deflagrada a “Operação Publicano
IV”, no final de 2015, tendo sido decretada a prisão preventiva de diversos auditores da receita estadual. Em
maio de 2016, o Ministério Público constatou que Luiz descumpriu os termos do acordo de colaboração
premiada. Isso porque, segundo o Parquet, ele teria mentido e omitido fatos e cometido novos crimes após
a celebração do acordo. Assim, o acordo foi rescindido. Em fevereiro de 2017, foi realizado o interrogatório
judicial de Luiz. Ele declarou que a rescisão do acordo teria sido arbitrária. Acusou os Promotores “de
manipular suas declarações e ocultar todos os vídeos dos depoimentos que havia prestado
extrajudicialmente”. Posteriormente, o Ministério Público firmou com Luiz novo acordo de delação
premiada, sob a condição de que ele se retratasse das mencionadas acusações e ratificasse as declarações
que fizeram parte do acordo rescindido. O segundo acordo foi homologado pelo juiz sob o argumento de que
seria apenas um “termo aditivo” do primeiro. A defesa de Gilberto, um dos auditores delatados por Luiz,
impetrou habeas corpus alegando, dentre outros argumentos: a) a impossibilidade de se aditar acordo de
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#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas
pelos colaboradores que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em
andamento que possa ser prejudicada. STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 4/2/2020 (Info 965).
#DEOLHONAJURIS: A SV 14 prevê: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Terceiros que tenham
sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral aos termos dos colaboradores para
viabilizar, de forma plena e adequada, sua defesa, invocando a SV 14? SIM, desde que estejam presentes os
requisitos positivo e negativo. a) Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o
requerente é de fato mencionado como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a
responsabilidade criminal do requerente); e b) Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir
a diligência em andamento (devem ser excluídos os atos investigativos e diligências que ainda se encontram
em andamento e não foram consubstanciados e relatados no inquérito ou na ação penal em tramitação).
STF. 2ª Turma. Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
19/5/2020 (Info 978).
#DEOLHONAJURIS A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de
determinação, de modificação ou de concentração da competência. Os elementos de informação trazidos
pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam conexos ao objeto da investigação primária devem
receber o mesmo tratamento conferido à descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros
meios de obtenção de prova, como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração
premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de
concentração da competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes
e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as provas que corroborem
suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para
sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999).
#DEOLHONAJURIS A apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a
homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a
aplicação do princípio da fungibilidade. Realizado o acordo de colaboração premiada, ele será remetido ao
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juiz para análise e eventual homologação, nos termos do art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013. O magistrado
poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais e esse ato judicial tem
conteúdo decisório, pois impede o meio de obtenção da prova. Entretanto, não existe previsão normativa
sobre o recurso cabível para a sua impugnação. Diante da lacuna na lei, o STJ entende que a apelação criminal
é o recurso apropriado para confrontar a decisão que recusar a homologação da proposta de acordo de
colaboração premiada. De toda forma, como existe dúvida objetiva quanto ao recurso cabível, não constitui
erro grosseiro caso a parte ingresse com correição parcial contra a decisão do magistrado. Assim, mesmo
sendo caso de apelação, se a parte ingressou com correição parcial no prazo de 5 dias, é possível conhecer
da irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do CPP). STJ. 6ª
Turma. REsp 1.834.215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020 (Info 683).
#DEOLHONAJURIS Ação controlada do art. 8º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 exige apenas comunicação prévia
(e não autorização judicial). A ação controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe
de autorização, bastando sua comunicação prévia à autoridade judicial. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).
Possibilidade de auxílio da agência de inteligência ao MP estadual. É legal o auxílio da agência de inteligência
ao Ministério Público Estadual durante procedimento criminal instaurado para apurar graves crimes em
contexto de organização criminosa. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
18/08/2020 (Info 677).
#DEOLHONAJURIS Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negociações de
extorsão Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade falsa,
apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se infiltrar na organização
criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus membros ou obter provas sobre a
estrutura e o funcionamento do bando. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 18/08/2020 (Info 677).
LEI 7.492/86
É uma lei pequena, colocaremos aqui os pontos mais importantes. Como orientação geral, é mais importante
uma boa leitura da lei, para isso, sigam o roteiro:
Os crimes mais comumente cobrados em prova são os dos artigos 2º ao 7º, art. 16, 17, 19 e 22.
Art. 1º CONSIDERA-SE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou
privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira,
ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
Conceito de instituição financeira para fins penais: Tal definição, para fins de crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional, é encontrada no art. 1º da Lei 7.492/86. Neste art. 1º, temos duas espécies de instituição
financeira:
1) Instituição financeira em sentido próprio (prevista no caput do art. 1º);
2) Instituição financeira por equiparação (definida no parágrafo único do art. 1º).
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COMPETÊNCIA
A Constituição estabelece que nem todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são de competência
da Justiça Federal, mas somente aqueles definidos na Lei nº 7.492/86. A referida lei, em seu art. 26, prevê:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante
a Justiça Federal.
#DEOLHONAJURIS
#ATENÇÃO O STJ já decidiu, em certa oportunidade, que as empresas que realizam operações de câmbio são
consideradas instituições financeiras também para fins penais: As pessoas jurídicas que realizam operações
de câmbio equiparam-se, pelo art. 1º, inc. I, da Lei nº 7.492/86, e para os efeitos da lei, às instituições
financeiras. STJ. 5ª Turma. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 13/09/2000.
A conduta relativa à obtenção de empréstimo pessoal perante instituição bancária não se amolda ao crime
contra o Sistema Financeiro Nacional, descrito no art. 19 da Lei nº 7.492/86 ("obter, mediante fraude,
financiamento em instituição financeira"), haja vista que em aludida operação não há destinação específica
dos recursos. (STJ - CC: 107100 RJ 2009/0141470-2, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento:
26/05/2010, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 01/06/2010).
#DEOLHONAJURIS Compete à Justiça Federal julgar a conduta de réu que faz oferta pública de contrato de
investimento coletivo em criptomoedas sem prévia autorização da CVM Se a denúncia imputa a oferta
pública de contrato de investimento coletivo (sem prévio registro), não há dúvida de que incide as
disposições contidas na Lei nº 7.492/86 (Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro), especialmente porque
essa espécie de contrato caracteriza valor mobiliário, nos termos do art. 2º, IX, da Lei nº 6.385/76. Logo,
compete à Justiça Federal apurar os crimes relacionados com essa conduta. Compete à Justiça Federal julgar
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crimes relacionados à oferta pública de contrato de investimento coletivo em criptomoedas. STJ. 6ª Turma.
HC 530.563-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/03/2020 (Info 667)
LEI 8137/90
Competência: A competência para o processamento e julgamento dos crimes será definida pelo ente
tributante. Nesse caso, será de competência da Justiça Federal:
Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para
eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela
dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
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#ATENÇÃO: Qual é o termo inicial da prescrição nas hipóteses dos arts. 1° e 2°? Existe diferença entre os
delitos?
- Art. 1º, I: O prazo prescricional somente tem início com a constituição do crédito tributário (lançamento
definitivo). Trata-se de crime material.
- Art. 2º, I: O prazo prescricional tem início na data em que a fraude é praticada (e não a data em que ela é
descoberta). Trata-se de crime formal.
#DEOLHONAJURIS: O delito do art. 1º, inciso V, da Lei nº 8.137/90 é formal e prescinde do processo
administrativo-fiscal para o desencadeamento da persecução penal, não estando abarcado pela
condicionante da Súmula Vinculante nº 24 do STF (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.534.688/SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, DJe 28/3/2016).
O crime descrito no art. 1º, V, da Lei nº 8.137/90 ostenta natureza formal, ao contrário das condutas
elencadas nos incisos I e IV do referido dispositivo, e a sua consumação prescinde da constituição definitiva
do crédito tributário. Por consectário, o prévio exaurimento da via administrativa não configura condição
objetiva de punibilidade. (STJ. 5ª Turma. RHC 31.062/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 12/8/2016).
- Absorção dos crimes de falsidade ideológica e de uso de documento falso pelo de sonegação fiscal
O crime de sonegação fiscal absorve o de falsidade ideológica e o de uso de documento falso praticados
posteriormente àquele unicamente para assegurar a evasão fiscal.
(...) Após evolução jurisprudencial, o STJ passou a considerar aplicável o princípio da consunção ou da
absorção quando os crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica – crimes meio – tiverem sido
praticados para facilitar ou encobrir a falsa declaração, com vistas à efetivação do pretendido crime de
sonegação fiscal – crime fim
(...) Aplica-se, assim, mutatis mutandis, o comando da Súmula 17 do STJ (Quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido).
Nota: o acórdão acima exposto é relevante porque foi proferido pela 3° Seção do STJ, que reúne as duas
Turmas com competência penal (5° e 6° Turmas). (Informativo STJ 535 (2014) – Terceira Seção - DPN).
#OLHONOGANCHO
Denúncia nos crimes contra a ordem Tributária: Os delitos contra a ordem tributária também são
conhecidos como delitos de gabinete ou societários, pois, são praticados a portas fechadas, dificultando a
descrição da denúncia do fato criminoso.
Nesse caso, o entendimento pacificado na Jurisprudência é o de que nos crimes de autoria coletiva não é
necessária a descrição minuciosa e individualizada da ação de cada acusado. Entretanto, embora não seja
necessária a descrição pormenorizada da conduta de cada denunciado, o MP deve narrar qual é o vínculo
entre o denunciado e o crime a ele imputado, sob pena da denúncia ser inepta. (STJ, HC 214.861-SC). *Isso
significa que se admite a denominada denúncia geral.
PRINÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
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Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20
da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da
Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso
repetitivo).
#DEOLHONAJURIS
#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente
para preencher o tipo subjetivo do crime de sonegação fiscal (art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990). HC 569.856-
SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 14/10/2022.
(Info 753 - STJ)
#SAINDODOFORNO Para fins do disposto no art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, a menção a inúmeros
inadimplementos (inscritos em dívida ativa) gera a presunção relativa da ausência de tentativa de
regularização. AgRg no HC 728.271-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade,
julgado em 21/06/2022, DJe 24/06/2022
#STJ: A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se
formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária), desde que
comprovado o dolo. O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária em
qualquer hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que
comprovado o dolo. Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito apenas às
hipóteses em que há substituição tributária. O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do
dinheiro relativo ao imposto, devidamente recebido de terceiro, quer porque descontou do substituído
tributário, quer porque cobrou do consumidor não repassando aos cofres públicos. STJ. 3ª Seção. HC 399109-
SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633).
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do
adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90. O valor do ICMS
cobrado do consumidor não integra o patrimônio do comerciante, o qual é mero depositário desse ingresso
de caixa que, depois de devidamente compensado, deve ser recolhido aos cofres públicos. Vale ressaltar,
contudo, que, para caracterizar o delito, é preciso comprovar a existência de intenção de praticar o ilícito
(dolo). STF. Plenário. RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019 (Info 964).
#DEOLHONAJURIS A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela
prática de qualquer crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático,
do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso. Caso concreto: a ré, sócia-proprietária da
empresa, foi acusada de suprimir, dolosamente, ICMS, no montante de R$ 600 mil, fraudando a fiscalização
tributária por meio de inserção de elementos inexatos e omissão de operação em documentos exigidos pela
lei fiscal. A imputação foi baseada unicamente na teoria do domínio do fato. Afirmou-se que é autor do delito
aquele que detém o domínio da conduta, ou seja, o domínio final da ação. Logo, é autor aquele que decide
se o fato delituoso vai acontecer ou não, independentemente dessa pessoa ter ou não realizado a conduta
material de inserir elemento inexato em documento exigido pela lei fiscal, por exemplo. O STJ não concordou
com a imputação. A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para
aferir a existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo
é autor porque detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma
circunstância que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não há como considerar, com
base na teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio administrador de uma empresa
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implica a presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no plano fático-probatório, alguma
circunstância que o vincule à prática delitiva. Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da
imputação da responsabilidade penal, partir da premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou
ao porte apresentado pela empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões
tomadas por gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que
forma esteja constituída -implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos
subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1.854.893-SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do
crédito tributário (Súmula Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento
Administrativo Fiscal correspondente. STJ. 5ª Turma. RHC 94.288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 22/05/2018 (Info 627).
#DEOLHONAJURIS Investigação preliminar antes da constituição definitiva do crédito tributário. Imagine que
determinada empresa deixou de pagar tributos, fraudando a fiscalização tributária (inciso II do art. 1º da Lei
nº 8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda não terminou o processo administrativo-fiscal instaurado para apurar
o fato. É possível que seja instaurado inquérito policial para apurar o crime mesmo não tendo havido ainda
a constituição definitiva do crédito tributário? SIM. Nos crimes de sonegação tributária, apesar de a
jurisprudência do STF condicionar a persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo, o
mesmo não ocorre quanto à investigação preliminar. Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda a
constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o início da investigação criminal para apurar o fato.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Nota: Ou seja, se na sua prova perguntar se pode ocorrer investigação preliminar antes da constituição
definitiva do crédito, marque que sim. Por outro lado, se for indagado se pode ocorrer a decretação de
medidas cautelares antes da constituição definitiva do crédito tributário, marque que não.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária aderir
ao parcelamento da dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária,
quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a pretensão
punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o que ocorre com o
prazo prescricional? Também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo
cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003.
Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. STF. 2ª Turma. ARE
1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE: O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crime de
sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) deverá ser aumentada no caso de o delito “ocasionar grave
dano à coletividade”. A jurisprudência entende que se configura a referida causa de aumento quando o
agente deixa de recolher aos cofres públicos uma vultosa quantia. Em outras palavras, se o valor sonegado
foi alto, incide a causa de aumento do art. 12, I. Nesse cálculo deve-se incluir também os juros e multa: Para
os fins da majorante do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 (grave dano à coletividade), o dano tributário deve ser
valorado considerando seu valor atual e integral, incluindo os acréscimos legais de juros e multa. A Portaria
nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, prevê que os contribuintes que estão devendo
acima de R$ 1 milhão são considerados “grandes devedores” e devem receber tratamento prioritário na
atuação dos Procuradores. O STJ utiliza, então, essa Portaria como parâmetro para analisar a incidência ou
não da causa de aumento do art. 12, I: A majorante do grave dano à coletividade, trazida pelo art. 12, I, da
Lei nº 8.137/90, deve se restringir a situações especiais de relevante dano. Desse modo, é possível, para os
tributos federais, utilizar, analogamente, o critério previsto no art. 14 da Portaria 320/PGFN, por meio do
qual se definiu administrativamente os créditos prioritários como sendo aqueles de valor igual ou superior a
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R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). E se a sonegação fiscal envolver tributos estaduais ou municipais,
como deverá ser o parâmetro nesses casos? Em se tratando de tributos estaduais ou municipais, o critério
deve ser, por equivalência, aquele definido como prioritário ou de destacados créditos (grandes devedores)
para a fazenda local. Dito de outro modo, em caso de tributos estaduais ou municipais, não se de deve utilizar
a Portaria 320/PGFN, mas sim os eventuais atos normativos estaduais e municipais que definam o que sejam
“grandes devedores” para o Fisco local. STJ. 3ª Seção. REsp 1.849.120-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
11/03/2020 (Info 668). O STF comunga do mesmo entendimento e utiliza como parâmetro esses atos
infralegais que definem “grandes devedores”? Não. Existe julgado do STF no qual foi afastado esse critério:
“Quanto à Portaria 320/2008 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, anoto que essa norma infralegal
apenas dispõe sobre o Projeto Grandes Devedores no âmbito da PGFN, conceituando, para os seus fins, os
“grandes devedores”, com o objetivo de estabelecer, na Secretaria da Receita Federal do Brasil, método de
cobrança prioritário a esses sujeitos passivos de vultosas obrigações tributárias, sem limitar ou definir, no
entanto, o grave dano à coletividade, ao contrário do que afirma o impetrante.” (STF. 2ª Turma. HC
129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/10/2017. Info 882).
LAVAGEM DE DINHEIRO
FASES DA LAVAGEM
#DIRETODAFUC #DEOLHONATABELA
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MACETE: COI
#ATENÇÃO PARTE DA DOUTRINA DEFENDE UMA QUARTA FASE: d) reciclagem: o objetivo, aqui, é apagar os
registros das fases anteriores.
#ATENÇÃO “pitufeo” ou “smurfing”: Consiste esta modalidade de lavagem de dinheiro em efetuar o agente
criminoso vários depósitos fracionados em uma mesma ou em diversas contas bancárias, de um mesmo
cliente ou ainda de diversos, sendo que, se somadas as quantias depositadas e pertencentes efetivamente a
um só dono, se chegará à ilação de que o valor total representa uma quantia expressiva em dinheiro. Dito de
outra forma, consiste essa técnica na introdução de pequenas quantias em dinheiro através de casas de
câmbio ou de transações bancárias.
SUSPENSÃO DO PROCESSO
Não se aplica a suspensão do processo aos crimes de lavagem de capitais! Tendo em vista a expressa
disposição do código nesse sentido.
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir
advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.
AUTOLAVAGEM
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em que se concluiu que “(...) Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de um
crime antecedente, é possível a autolavagem – isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, do delito
antecedente e do crime de lavagem -, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele
que compõe a realização do primeiro crime, circunstância na qual não ocorrerá o fenômeno da consunção.
(...).” STJ. Corte Especial. APn 856/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18/10/17.
Conceito: A teoria da cegueira deliberada, também denominada teoria do avestruz, de origem norte-
americana, está no âmbito dos crimes de lavagem de capitais e visa tornar típica a conduta do agente que
tem consciência sobre a possível origem ilícita dos bens ocultados por ele ou pela organização criminosa a
qual integra, mas, mesmo assim, deliberadamente, cria mecanismos que o impedem de aperfeiçoar sua
representação acerca dos fatos. Ao evitar a consciência quanto à origem ilícita dos valores, assume os riscos
de produzir o resultado, daí porque responde pelo delito de lavagem de capitais a título de dolo eventual.
Origem do nome: O nome desta teoria provém de um mito: uma avestruz enterra sua cabeça na areia para
que não veja ou escute más notícias, evitando assim, tomar conhecimento de fatos desagradáveis. É
exatamente o que acontece com a pessoa que finge não saber que está praticando um ato ilícito; “enterra”
a cabeça para não tomar conhecimento da natureza ou extensão deste ilícito.
A teoria da cegueira deliberada ou das instruções do avestruz tem exatamente por objetivo acabar com o
“eu não sabia”; “eu não sei de nada”.
Essa teoria tem sido aplicada no Brasil nos crimes de lavagem de dinheiro, mas já ocorre a sua aplicação em
determinados crimes eleitorais, quando, p. ex., o candidato presenteia eleitores para a obtenção de voto.
#ATENÇÃO POSSO CONDENAR ALGUÉM POR LAVAGEM, SEM ANTES TER HAVIDO CONDENAÇÃO PELO
CRIME ANTECEDENTE? SIM.
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#DEOLHONAJURIS
#DEOLHONAJURIS A indisponibilidade de bens da Lei 9.613/98 pode atingir também bens de origem lícita,
bens adquiridos antes mesmo do crime e bens da pessoa jurídica ou mesmo de um familiar não denunciado,
desde que haja indícios de que houve confusão patrimonial. Segundo o art. 4º da Lei nº 9.613/98, havendo
indícios suficientes de infração penal, o juiz poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou
valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento,
produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. O § 4º do art. 4º
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complementa o caput ao dizer que a medida assecuratória pode recair sobre bens, direitos ou valores com
duas possíveis finalidades: a) para reparação do dano decorrente da infração penal (seja o antecedente ou a
própria lavagem); ou
b) para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. De acordo com o STJ, a medida assecuratória de
indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei nº 9.613/98, pode atingir bens de origem lícita ou
ilícita, adquiridos antes ou depois da infração penal, bem como de pessoa jurídica ou familiar não
denunciado, quando houver confusão patrimonial. STJ. Corte Especial. Inq 1190-DF, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 15/09/2021 (Info 710).
#DEOLHONAJURIS É inconstitucional a previsão legal que determina o afastamento do servidor público pelo
simples fato de ele ter sido indiciado pela prática de crime. É inconstitucional a determinação de afastamento
automático de servidor público indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de crimes
de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de Dinheiro
(Lei nº 9.613/98): Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo
de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão
fundamentada, o seu retorno. O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos
autos que existe risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que o afastamento é medida
eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a própria Administração Pública. Tais circunstâncias
precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
#DEOLHONAJURIS Para configuração do crime do art. art. 1º da Lei 9.613/98, não é necessário que o acusado
tenha sido condenado pelo delito antecedente, pois embora derivado ou acessório, o delito de lavagem de
dinheiro é autônomo, também não se exigindo processo criminal ou condenação pelo prévio delito, nem
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mesmo que o acusado seja o autor do delito, bastando, para tanto, a presença de indícios suficientes de sua
existência, o que se verifica da peça acusatória que ora se analisa, bem como porque a ação penal que apura
o delito de peculato não foi trancada em relação aos demais denunciados. STJ. 6ª T., RHC 94.233/RN, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, j. 21/08/18.
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF Não configura o crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº
9.613/98) a conduta do agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele,
em voo doméstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e dentro das meias.
Também não configura o crime de lavagem de dinheiro o fato de, após ter sido descoberto, dissimular
(“mentir”) a natureza, a origem e a propriedade dos valores. STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 8/10/2019 (Info 955).
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propina foi depositada e ocultada em local seguro. Logo, ficou demonstrada da autonomia entre os delitos.
STF. 2ª Turma. HC 165036/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/4/2019 (Info 937)
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF Não configura o crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº
9.613/98) a conduta do agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele,
em voo doméstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e dentro das meias.
Também não configura o crime de lavagem de dinheiro o fato de, após ter sido descoberto, dissimular
(“mentir”) a natureza, a origem e a propriedade dos valores. STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 8/10/2019 (Info 955).
CRIMES HEDIONDOS
LEI 8.072/90
Art. 5º, XLIII, CF: A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
• O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes hediondos. Isso significa que é a lei quem define,
de forma exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes hediondos. Os crimes equiparados a
hediondos, por estarem previstos na Constituição, não podem deixar de ter natureza hedionda, o que
também ocorre com os delitos arrolados no art. 1º da Lei 8.072/90. No entanto, nada impede que o legislador
inclua novos crimes ao rol, passando a conferir-lhes tratamento hediondo.
SAÍDA TEMPORÁRIA
Art. 122... § 2º Não terá direito à SAÍDA TEMPORÁRIA a que se refere o caput deste artigo o condenado
que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.”
#NÃOESQUECE Prisão temporária: O prazo da prisão temporária é de 30 dias + 30 dias, e não de 5 dias + 5
dias como para os demais crimes.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); (Redação dada
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
#ATENÇÃO! A lei 14.344 incluiu o rol de crimes hediondos a nova modalidade de homicídio:
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
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I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição;
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de
fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art.
158, § 3º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155,
§ 4º-A).
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OBS:
- O homicídio simples (art. 121, caput do CP) somente é hediondo em uma única hipótese: quando praticado
em atividade típica de grupo de extermínio.
- Na modalidade do roubo, antes do Pacote Anticrime (Lei 13.964/19), apenas o latrocínio (roubo com morte)
era considerado hediondo.
- Provocar a epidemia, por si só, não é crime hediondo. Para ser hediondo, é preciso que essa epidemia tenha
resultado em morte. Além disso a provocação da epidemia deve ser dolosa.
- O parágrafo único foi alterado pelo Pacote Anticrime (Lei 13.964/19). Antes, apenas constavam como
hediondos, fora do Código Penal, o genocídio e a posse ou o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
- Agora, além do genocídio, três crimes do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) são hediondos: posse
ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido (art. 16), comércio ilegal (art. 17) e tráfico internacional (art.
18).
- Além disso, o Pacote Anticrime incluiu como hediondo um crime contra a paz pública: organização
criminosa (Lei 12.850/13), quando direcionada à prática de delito hediondo ou equiparado.
#DEOLHONATABELA
CRIME COMUM CRIME HEDIONDO (OU EQUIPARADO)
Em regra, admite fiança. NÃO admite fiança.
Admite liberdade provisória. Admite liberdade provisória (Pode ser concedida a
liberdade provisória sem fiança a crimes hediondos,
eventualmente com a imposição de cautelares
diversas da prisão.)
Admite a concessão de anistia, graça e indulto. NÃO admite a concessão de anistia, graça e indulto.
O prazo da prisão temporária, quando cabível, será O prazo da prisão temporária, quando cabíveI, será
de 5 dias, prorrogável por igual período. de 30 dias, prorrogável por igual período.
O regime inicial de cumprimento da pena pode ser O regime inicial de cumprimento da pena pode ser
fechado, semiaberto ou aberto. fechado, semiaberto ou aberto.
Admite a substituição da pena privativa de Admite a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos (art. 44). liberdade por restritiva de direitos (art. 44 do CP).
Admite a concessão de sursis, cumpridos os Admite a concessão de sursis, cumpridos os
requisitos do art. 77 do CP. requisitos do art. 77 do CP, salvo no caso do tráfico
de drogas por força do art. 44 da Lei nº
11.343/2006.
O réu pode apelar em liberdade, desde que a prisão O réu pode apelar em liberdade, desde que a prisão
não seja necessária. não seja necessária.
Para a concessão do livramento condicional, o Para a concessão do livramento condicional, o
apenado deverá cumprir 1/3 ou 1/2 da pena, a condenado não pode ser reincidente especifico em
depender do fato de ser ou não reincidente em crimes hediondos ou equiparados e terá que
crime doloso. cumprir mais de 2/3 da pena.
*Lembrando que, com o pacote anticrime, esse
benefício estará VEDADO para aqueles que
cometerem crime Hediondo/Equiparado, com
resultado morte.
Para que ocorra a progressão de regime, o Para que ocorra a progressão de regime, o
condenado deverá ter cumprido 1/6 da pena. condenado deverá ter cumprido: 2/5 da pena, se for
primário; e 3/5 (três quintos), se for reincidente.
*Após a Lei nº 13.964/2019:
40% Primário + Crime Hediondo/Equiparado.
50% Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com
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INDULTO:
A concessão do indulto também será vedada aos crimes hediondos, embora não haja previsão no texto
constitucional?
Prevalece o entendimento de que a graça deve ser interpretada extensivamente no texto constitucional, já
que o indulto é a clemência concedida a um grupo indeterminado de indivíduos, ao passo que a graça é o
chamado "indulto individual". Como dito, indulto como gênero da graça.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já se pronunciou sobre a constitucionalidade do art. 2º, I da Lei 8.072/90,
de maneira que são vedados a anistia, a graça e o indulto para os crimes hediondos ou equiparados, embora
o indulto não esteja expressamente mencionado no texto constitucional.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de:
I - Anistia, graça e indulto;
A comutação de pena (diminuição ou indulto parcial) também é inadmissível nos crimes hediondos e
equiparados.
CRIMES DE PRECONCEITO
LEI 7716/89
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racismo, não apenas de um tipo penal nomeado "racismo". E isso vale tanto para o crime da Lei 7.716/1989
quanto para a injúria racial.
ADO 26 e MI 4733: STF reconheceu que atos decorrentes de HOMOFOBIA e TRANSFOBIA estão
compreendidos na lei 7716/89.
Ou seja, preconceitos relacionados a identidade de gênero e orientação sexual também estão incluídos na
Lei do Racismo. O STF deu interpretação conforme à Constituição aos incisos XLI e XLII do art. 5º da CF,
enquadrando a homofobia e a transfobia nos diversos tipos penais definidos na lei 7716, até que sobrevenha
legislação autônoma, editada pelo Congresso Nacional por 2 motivos:
1) Práticas homotransfóbicas qualificam-se como espécies do gênero racismo, na medida em que tais
condutas importam em atos de segregação que inferiorizam membros integrantes do grupo LGBT, em razão
de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
2) Tais comportamentos de homotransfobia, ajustam-se ao conceito de atos de discriminação e de ofensa a
direitos e liberdades fundamentais daqueles que compõem o grupo vulnerável em questão
ATENÇÃO: tem posição que entende que isso viola o princípio da reserva legal.
Ação Direta de inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, atente-se:
1. Até que o Congresso Nacional edite lei específica, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou
supostas, se enquadram nos crimes previstos na Lei nº 7.716/1989.
2. O exercício da liberdade religiosa pode caracterizar a prática de homotransfobia caso venha a configurar
discurso de ódio.
3. O conceito de racismo ultrapassa aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos e alcança
comportamentos de negação da dignidade e da humanidade daqueles que integram os grupos vulneráveis
vítimas da homotransfobia.
4. É típica a conduta de quem, por homofobia ou transfobia, recusa ou impede acesso a estabelecimento
comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
Se o dolo do agente for causar sofrimento físico ou mental na vítima, por meio de violência ou grave ameaça,
movido por motivo de discriminação racial ou religiosa, a sua conduta estará tipificada na lei de tortura, e
não na lei ora comentada, haja vista o princípio da especialidade.
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O dolo do agente é fazer a distinção da pessoa O dolo do agente é ofender pessoa determinada,
justamente em razão de sua raça, cor, etnia, emitindo conceitos depreciativos, qualidades
religião ou procedência da vítima nacional, sem negativas.
emitir qualquer conceito depreciativo. É segregar.
INTENÇÃO DE OFENDER A COLETIVIDADE de Intenção de ofender SUJEITO PASSIVO
determinada raça, cor, etnia... DETERMINADO.
#DEOLHONAJURIS
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: 1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional
destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da
Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão
odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo,
compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação
típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo,
também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código
Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”); 2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe
ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos
fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das
religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela
palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de
acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua
orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e
respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva,
desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações
que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual
ou de sua identidade de gênero; 3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-
se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de
poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e
destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da
dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem
ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos
e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de
odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema
geral de proteção do direito. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson
Fachin, julgados em em 13/6/2019 (Info 944). #IMPORTANTE
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no
auditório de determinado clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e de
povos estrangeiros. No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em
El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que
nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta
básica e mais material em implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame
farpado, você compra enxada, pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que?
Porque eles revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta de
Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão
dentro da liberdade de expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela
imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação,
supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava
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047.542.386-05
vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das terras e configuram manifestação política
que não extrapola os limites da liberdade de expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam
relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do
exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia
uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os seu pronunciamentos na Câmara dos
Deputados, de sorte que incide a imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode configurar o crime de racismo.
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está protegida
pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim, é possível, a depender do caso
concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por
ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e seus seguidores. STF. 2ª
Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
LEI 13.869/19
A antiga Lei de Abuso de Autoridade foi revogada pela Nova, Lei nº 13.869/2019.
CRIMES PRÓPRIOS
Os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 são próprios, ou seja, só podem ser praticados por “agentes
públicos”, nos termos do art. 2º.
No entanto, apesar de serem crimes próprios, será possível a coautoria e a participação. Isso porque a
qualidade de “agente público”, por ser elementar do tipo, comunica-se aos demais agentes, nos termos do
art. 30 do Código Penal, desde que eles tenham conhecimento dessa condição pessoal do autor.
SUJEITO ATIVO
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• prejudicar alguém; ou
• beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU
Art. 1º § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso
de autoridade.
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
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#ATENÇÃODELTA
Alguns dispositivos da lei são crimes que podem ser cometidos pelo delegado de polícia, destacaremos alguns
#SELIGA
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária
que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família
ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de
medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará
de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
ou legal.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando
deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa
identidade, cargo ou função.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao
termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal,
civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10.826/03
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
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Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam
sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
#PACOTEANTICRIME:
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito
ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou
explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a
pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
#DEOLHONAJURIS
A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada da arma de fogo não implica, por si só, a
atipicidade da conduta. O simples fato de os cartuchos apreendidos estarem desacompanhados da respectiva
arma de fogo não implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso
concreto devem ser analisadas a fim de se aferir:
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Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de posse ou porte ilegal
de munição, quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas. STF. 1ª Turma. HC 206977
AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.
O crime de porte de arma de fogo, na modalidade transportar, admite participação. O crime de porte de
arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade transportar, admite participação. STJ. 6ª
Turma. REsp 1887992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço ou mesmo
fora de serviço, independentemente do número de habitantes do Município. O art. 6º, III e IV, da Lei nº
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa porte de arma de fogo para os guardas municipais
das capitais e dos Municípios com maior número de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais
dos pequenos Municípios (em termos populacionais) não tinham direito ao porte de arma de fogo.
O STF considerou que esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os índices de criminalidade
não estão necessariamente relacionados com o número de habitantes.
Assim, é inconstitucional a restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas municipais das
capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes e de guardas
municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil)
habitantes, quando em serviço.
Com a decisão do STF todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo,
em serviço ou mesmo fora de serviço. Não interessa o número de habitantes do Município.
STF. Plenário. ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em
27/2/2021 (Info 1007).
Depois da Lei nº 13.497/2017, é possível afirmar que o antigo parágrafo único (atual § 1º) do art. 16 do
Estatuto do Desarmamento também passou a ser crime hediondo? Depois da Lei nº 13.497/2017, é possível
afirmar que o antigo parágrafo único (atual § 1º) do art. 16 do Estatuto do Desarmamento também passou a
ser crime hediondo?
5ª Turma do STJ: SIM. Tanto o caput como o parágrafo único do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 são crimes
hediondos.
O art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90 (com a redação dada pela Lei nº 13.497/2017) não restringe a
sua aplicação apenas ao caput do art. 16 da Lei nº 10.826/2003. Portanto, é possível concluir que a alteração
legislativa trazida pela Lei nº 13.497/2017 alcança todas as condutas descritas no art. 16 do Estatuto do
Desarmamento, inclusive as figuras equiparadas, previstas no parágrafo único do mesmo dispositivo legal.
STJ. 5ª Turma. HC 624.903/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020.
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A Lei nº 13.497/2017 equiparou a hediondo apenas o crime do caput do art. 16 da Lei nº 10.826/2003, não
abrangendo as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo único.
Assim, o crime de posse ou porte de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado não integra o rol dos crimes hediondos.
STJ. 6ª Turma. HC 525249-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/12/2020 (Info 684).
• Antes da Lei 13.497/2017: o art. 16 do Estatuto do Desarmamento não era crime hediondo.
• Depois da Lei 13.497/2017: divergência. 5ª Turma do STJ: tanto o caput como o parágrafo único do art. 16
são crimes hediondos. 6ª Turma do STJ: somente o caput do art. 16 é crime hediondo.
• Depois da Lei 13.964/2019: somente é hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
PROIBIDO, previsto no § 2º do art. 16. Não abrange mais os crimes posse ou porte de arma de fogo de uso
restrito.
Caracteriza ilícito penal o porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei 10.826/2003) ou de arma de fogo de
uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/2003) com registro de cautela vencido. A Corte Especial do STJ decidiu que,
uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não caracteriza ilícito penal, mas mera
irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa (APn n. 686/AP, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015).
Tal entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da
Lei nº 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14), muito menos ao
delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16), cujas elementares são diversas e a
reprovabilidade mais intensa.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info
671).
#DIRETODAFUC
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#ATENÇÃO
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes
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hipóteses:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente
justificada.
De acordo com o seu art. 5º a INTERCEPTAÇÃO NÃO PODERÁ EXCEDER O PRAZO DE QUINZE DIAS,
RENOVÁVEL por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
Segundo a jurisprudência, esse prazo de 15 dias pode ser renovado quantas vezes preciso e será CONTADO
A PARTIR DA EFETIVA IMPLEMENTAÇÃO DA MEDIDA, e não da respectiva decisão.
OBS: É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito punido com
detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.
CAPTAÇÃO AMBIENTAL
A Lei nº 13.964/2019 inseriu o art. 8º-A na Lei nº 9.296/96 exigindo, de forma genérica, a prévia autorização
judicial para a captação ambiental:
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos, quando:
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo
de captação ambiental. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
§ 2º. A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio
de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do
art. 5º da Constituição Federal. (Incluído pela Lei 13.964/2019).
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei 13.964/2019).
§ 4º. A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial
ou do Ministério Público PODERÁ SER UTILIZADA, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade
da gravação. (Incluído pela Lei 13.964/2019).
#ATENÇÃO
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Vale ressaltar, contudo, que continua sendo desnecessária a autorização judicial em caso de captação
ambiental realizada por um dos interlocutores. A Lei acolheu a interpretação da jurisprudência e foi inserido
o art. 10-A, § 1º na Lei nº 9.296/96, com a seguinte redação:
Art. 10-A (...)
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores.
#DEOLHONAJURIS É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do
outro As inovações do Pacote Anticrime na Lei n. 9.296/1996 não alteraram o entendimento de que é lícita
a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.
STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).
SERENDIPIDADE
a) Serendipidade de 1º grau: é a descoberta fortuita de provas quando houver conexão ou continência. Para
a doutrina e jurisprudência majoritária, os elementos encontrados poderão ser utilizados totalmente como
prova.
b) Serendipidade de 2ª grau: é a descoberta fortuita de provas quando NÃO houver conexão ou continência,
razão pela qual os elementos de prova não poderiam ser utilizados no novo crime ou em relação a outro
criminoso em tais circunstâncias. No máximo, poderiam servir como notitia criminis.
INTERCEPTAÇÃO E WHATSAPP
• Polícia acessa o WhatsApp do investigado sem autorização judicial ou do réu, mesmo que preso em
flagrante: PROVA ILÍCITA.
• Polícia, com autorização de busca e apreensão, apreende celular do investigado. Em seguida, mesmo sem
nova autorização judicial, acessa o WhatsApp: PROVA VÁLIDA.
• Polícia acessa o WhatsApp da vítima morta, com autorização do cônjuge do falecido, mas sem autorização
judicial: PROVA VÁLIDA.
Lembrando que o registro das ligações/agenda telefônicas é permitido, pois não tem acesso ao conteúdo em
si, somente aos registros telefônicos.
É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para acesso no WhatsApp
Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela diretamente dependam ou sejam consequência,
ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da
interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo
aplicativo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão
de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que
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Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de
conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583). Cuidado para não confundir:
Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na
hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade
policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617).
A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação telemática
mantida pelo usuário, tampouco a substituição do investigado e titular da linha por agente indicado pela
autoridade policial. STJ. 6ª Turma. REsp 1806792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021 (Info 696).
Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o WhatsApp interceptasse as mensagens trocadas por
determinados investigados, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que estariam ainda
praticando crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial por
impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via aplicativo são criptografadas de
ponta a ponta. O magistrado não concordou com o argumento e aplicou multa contra a empresa. Segundo a
opinião dos especialistas, realmente não é possível a interceptação de mensagens criptografadas do
WhatsApp devido à adoção de criptografia forte pelo aplicativo. Ao utilizar a criptografia de ponta a ponta, a
empresa está criando um mecanismo de proteção à liberdade de expressão e de comunicação privada,
garantia reconhecida expressamente na Constituição Federal (art. 5º, IX). A criptografia é, portanto, um meio
de se assegurar a proteção de direitos que, em uma sociedade democrática, são essenciais para a vida
pública. A criptografia protege os direitos dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas
comunicações. Logo, é do interesse do Estado brasileiro encorajar as empresas e as pessoas a utilizarem a
criptografia e manter o ambiente digital com a maior segurança possível para os usuários. Existe, contudo,
uma ponderação a ser feita: em alguns casos a criptografia é utilizada para acobertar a prática de crimes,
como, por exemplo, os casos de pornografia infantil e de condutas antidemocráticas, como manifestações
xenófobas, racistas e intolerantes, que ameaçam o Estado de Direito. A partir daí, indaga-se: o risco à
segurança pública representado pelo uso da criptografia justifica restringir ou proibir a sua adoção pelas
empresas? O tema está sendo apreciado pelo STF na ADPF 403 e na ADI 5527, que foi iniciado com os votos
dos Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, tendo sido suspenso em razão de pedido de vista. Apesar de o
julgamento dessas ações constitucionais ainda não ter sido concluído, a 3ª Seção do STJ, em harmonia com
os votos já proferidos pelos Ministros do STF, chegou à conclusão de que: O ordenamento jurídico brasileiro
não autoriza, em detrimento da proteção gerada pela criptografia de ponta a ponta, em benefício da
liberdade de expressão e do direito à intimidade, sejam os desenvolvedores da tecnologia multados por
descumprirem ordem judicial incompatível com encriptação. Os benefícios advindos da criptografia de ponta
a ponta se sobrepõem às eventuais perdas pela impossibilidade de se coletar os dados das conversas dos
usuários da tecnologia. Diante disso, o recurso foi provido para afastar a multa aplicada pelo magistrado ante
a impossibilidade fática, no caso concreto, de cumprimento da ordem judicial, haja vista o emprego da
criptografia de ponta-a-ponta. STJ. 3ª Seção. RMS 60531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 09/12/2020 (Info 684).
Determinada pessoa entregou à Polícia prints de conversas registradas no WhatsApp Web. Tais conversas
demonstravam a ocorrência de crimes contra a Administração Pública. Vale ressaltar que esses prints foram
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feitos por um dos integrantes do grupo do aplicativo, ou seja, os prints foram tirados por um dos
interlocutores da conversa. Mesmo assim, o STJ considerou ilícita essa prova. Isso porque, para o STJ, é
inválida a prova obtida pelo WhatsApp Web, tendo em vista que nessa ferramenta “é possível, com total
liberdade, o envio de novas mensagens e a exclusão de mensagens antigas (registradas antes do
emparelhamento) ou recentes (registradas após), tenham elas sido enviadas pelo usuário, tenham elas sido
recebidas de algum contato. Eventual exclusão de mensagem enviada (na opção "Apagar somente para
Mim") ou de mensagem recebida (em qualquer caso) não deixa absolutamente nenhum vestígio, seja no
aplicativo, seja no computador emparelhado, e, por conseguinte, não pode jamais ser recuperada para
efeitos de prova em processo penal, tendo em vista que a própria empresa disponibilizadora do serviço, em
razão da tecnologia de encriptação ponta-a-ponta, não armazena em nenhum servidor o conteúdo das
conversas dos usuários” (STJ. 6ª Turma. RHC 99.735/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018). Assim,
a pessoa que tirou os prints poderia, em tese, ter manipulado as conversas, de maneira não há segurança
para se utilizar como prova. Diante disso, o STJ declarou nulas as mensagens obtidas por meio do print screen
da tela da ferramenta WhatsApp Web, determinando-se o desentranhamento delas dos autos, mantendo-
se as demais provas produzidas após as diligências prévias da polícia realizadas em razão da notícia anônima
dos crimes. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 133.430/PE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 23/02/2021.
Caso concreto: a Polícia Penal, durante procedimento de revista em uma das galerias do presídio, encontrou
dois aparelhos celulares, “um escondido embaixo da escadaria próxima a porta do solário e outro em um vão
aberto devido a corrosão no batente da ducha”. Como não foi localizado, naquele momento, o segregado,
que usava e tinha a posse de um desses objetos, os agentes acessaram o conteúdo ali existente, ocasião em
que foram encontrados dados do preso WhatsApp e no Facebook instalados no referido aparelho.
Identificado o preso, o Juízo das Execuções Penais, na audiência de justificação, homologou a falta disciplinar
de natureza grave e revogou parte dos dias remidos. A atuação da Polícia Penal e do Poder Judiciário foi
legítima, não havendo ilicitude da prova obtida por meio do acesso ao aparelho celular. Em regra, é ilícita a
prova obtida diretamente dos dados constantes de aparelho celular, sem prévia autorização judicial. O
mencionado entendimento, todavia, deve ser distinguido da situação apresentada no caso concreto. Os
julgados do STJ que afirmam a nulidade tratam de aparelhos celulares apreendidos fora de estabelecimentos
prisionais. O caso concreto se refere à hipótese em que o aparelho é encontrado dentro do presídio, em
situação de explícita violação às normas jurídicas que regem a execução penal. Os direitos e garantias
individuais não têm caráter absoluto, sendo possível a existência de limitações de ordem jurídica. Os arts.
3º, 38 e 46, todos da LEP, representam hipóteses de restrição legal aos direitos individuais dos presos. Nesse
cenário, uma das consequências da imposição da prisão - penal ou processual - é a proibição da comunicação
do recluso com o ambiente externo por meios diversos daqueles permitidos pela lei. Para garantir a
observância dessa restrição foram editadas diversas normas que têm por objetivo coibir o acesso do
segregado a aparelhos telefônicos, de rádio ou similares. Conforme previsto no art. 41, inciso XV, da LEP, o
contato do preso com o mundo exterior é autorizado por meio de correspondência escrita, da leitura e de
outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Mesmo no caso de
comunicação por intermédio de correspondência escrita, permitida legalmente, o STF firmou jurisprudência
no sentido de que, diante da inexistência de liberdades individuais absolutas, é possível que a Administração
Penitenciária, sem prévia autorização judicial, acesse o seu conteúdo quando houver inequívoca suspeita de
sua utilização como meio para a preparação ou a prática de ilícitos. A necessidade de se resguardar a
segurança, a ordem pública e a disciplina prisional, segundo a Corte Suprema, prevalece sobre a reserva
constitucional de jurisdição.
Nessa conjuntura, se é prescindível decisão judicial para a análise do conteúdo de correspondência a fim de
preservar interesses sociais e garantir a disciplina prisional, com mais razão se revela legítimo, para a mesma
finalidade, o acesso dos dados e comunicações constantes em aparelhos celulares encontrados ilicitamente
dentro do estabelecimento penal, pois a posse, o uso e o fornecimento do citado objeto são expressamente
proibidos pelo ordenamento jurídico.
Tratando-se de ilicitude manifesta e incontestável, não há direito ao sigilo e, por consequência, inexiste a
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possibilidade de invocar a proteção constitucional prevista no art. 5º, inciso XII, da Carta da República. Por
certo, os direitos fundamentais não podem ser utilizados para a salvaguarda de práticas ilícitas, não sendo
razoável pretender proteger aquele que age em notória desconformidade com as normas de regência.
STJ. 6ª Turma. HC 546.830/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2021.
#DEOLHONAJURIS
A conversão do conteúdo das interceptações telefônicas em formato escolhido pela defesa não é ônus
atribuído ao Estado. Caso concreto: o juízo disponibilizou acesso integral aos arquivos digitais com os áudios
das interceptações telefônicas. Ocorre que a defesa pediu para ter acesso aos arquivos do sistema Vigia,
software utilizado pelas companhias de telefonia para viabilizar os procedimentos de interceptação
telefônica autorizados pela Justiça no curso de investigações criminais.
O pedido se fundou em alegada quebra de cadeia de custódia da prova, cuja comprovação, segundo a defesa,
depende de acesso aos dados armazenados pelas operadoras de telefonia no mencionado sistema.
A Lei nº 9.296/96 exige apenas que se confira às partes acesso aos diálogos interceptados.
No caso concreto, os elementos de prova estão disponíveis para a defesa, de maneira que não se pode falar
em vício por ser um formato de arquivo preferível a outro. A disponibilização dos arquivos com os diálogos
interceptados supre a demanda da defesa quanto ao acesso do conteúdo das interceptações, em observância
às garantias constitucionais no âmbito do processo penal democrático, não sendo viável a imposição de ônus
ao Estado quanto à conversão dos arquivos digitais contendo os elementos de prova para o formato mais
conveniente para a defesa.
O reconhecimento do vício depende de demonstração concreta do prejuízo suportado pela parte, o que não
ocorreu no caso sob exame.
A alegação de quebra de cadeia de custódia é feita de forma genérica e, portanto, não traz elementos que
permitam vislumbrar qualquer ocorrência que comprometa a idoneidade das provas. STJ. 5ª Turma. AgRg no
RHC 155813-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/02/2022 (Info 731).
#DEOLHONAJURIS: É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial
em substituição ao do investigado titular da linha. A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço
telefônico ou do fluxo da comunicação telemática mantida pelo usuário, tampouco a substituição do
investigado e titular da linha por agente indicado pela autoridade policial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.806.792-SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021 (Info 696).
#DEOLHONAJURIS: Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como
interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas por diligências investigativas
posteriores. Se há notícia anônima de comércio de drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve,
antes de representar pela expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no
intuito de reunir e documentar outras evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se confirmadas,
com base nesses novos elementos de informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será
possível violar o domicílio, sendo a expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa. O
mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente com apoio em denúncia anônima é abusivo. STF.
2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS É válida a decisão judicial que se utiliza de fundamentação per relationem
para decretar a interceptação telefônica? ADMITE-SE O USO DA MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM para justificar
a quebra do sigilo das comunicações telefônicas. No entanto, as decisões que deferem a interceptação
telefônica e respectiva prorrogação devem prever, expressamente, os fundamentos da representação que
deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório,
da motivação reportada como razão de decidir - sob pena de ausência de fundamento idôneo para deferir a
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medida cautelar. STJ. 6ª Turma. HC 654.131-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/11/2021 (Info
723).
#DEOLHONAJURIS É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos
de forma emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de partes dos áudios
interceptados
Situação concreta: durante uma investigação para apurar tráfico de drogas, o juiz da vara criminal decretou
a interceptação telefônica dos suspeitos. Durante os diálogos, constatou-se a participação de um militar. O
militar foi, então, denunciado na Justiça Militar. Os diálogos interceptados foram juntados aos autos do
processo penal militar como prova emprestada, oriundos da vara criminal. Ocorre que o juiz da vara criminal
não remeteu à Justiça Militar a integralidade dos áudios, mas apenas os trechos em que se entendia que
havia a participação do militar. O STJ entendeu que esse procedimento não foi correto. Isso porque “quebra
da cadeia de custódia da prova”. A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que deve ser percorrido
pela prova até a sua análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida durante esse
trâmite processual pode resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 05/02/2019). A defesa deve ter acesso à integralidade das conversas advindas nos autos de forma
emprestada, sendo inadmissível que as autoridades de persecução façam a seleção dos trechos que ficarão
no processo e daqueles que serão extraídos. A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem
foi feita sem a presença do defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova,
porquanto a pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em
que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.795.341-RS, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 07/05/2019 (Info 648). Obs.: vale ressaltar que o caso acima explicado trata sobre falta
de acesso à integralidade da interceptação telefônica e não sobre falta de transcrição ou degravação integral
das conversas obtidas. O entendimento da jurisprudência do STF e do STJ é o de que não é obrigatória a
transcrição integral do conteúdo das interceptações telefônicas. Isso não foi alterado pelo julgado acima, que
trata sobre hipótese diferente.
#DEOLHONAJURIS Descobertos novos crimes durante a interceptação, a autoridade deve apurá-los, ainda
que sejam punidos com detenção Se a autoridade policial, em decorrência de interceptações telefônicas
legalmente autorizadas, tem notícia do cometimento de novos ilícitos por parte daqueles cujas conversas
foram monitoradas ou mesmo de terceiros, é sua obrigação e dever funcional apurá-los, ainda que não
possuam liame algum com os delitos cuja suspeita originariamente ensejou a quebra do sigilo telefônico. Tal
entendimento é aplicável ainda que as infrações descobertas fortuitamente sejam punidas com detenção,
pois o que a Lei nº 9.296/96 veda é o deferimento da quebra do sigilo telefônico para apurar delito que não
seja apenado com reclusão, não proibindo, todavia, que o referido meio de prova seja utilizado quando há,
durante a implementação da medida, a descoberta fortuita de eventuais ilícitos que não atendem a tal
requisito. No caso dos autos, as interceptações telefônicas foram inicialmente autorizadas para apurar os
crimes de corrupção ativa e passiva e organização criminosa, sendo que, no curso da medida, logrou-se
descobrir que os investigados também eram responsáveis por fraudes à licitações em diversos Municípios,
não havendo que se falar, assim, em nulidade das provas obtidas com a quebra de sigilo telefônico. STJ. 5ª
Turma. AgRg no RHC 114973/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020.
JECRIM
LEI 9099/95
Art. 61. Consideram-se INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine PENA MÁXIMA NÃO SUPERIOR A 2 (DOIS) ANOS,
cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
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COMPETÊNCIA
Art. 63, Lei n° 9.099/95. A competência do Juizado será determinada pelo LUGAR EM QUE FOI PRATICADA a
infração penal.
#DEOLHONAJURIS São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem
a possibilidade de infrações penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo Juizado Especial em
casos de conexão ou continência. Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para
julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações
sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou
continência, observados, quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis. STF. Plenário. ADI
5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001).
TRANSAÇÃO PENAL
Oferecida ANTES da denúncia, aplica-se as contravenções penais e crimes com pena MÁXIMA não superior a
2 anos.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos
ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença
definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou
multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva
de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente
o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.
SUSPENSÃO DO PROCESSO
Oferecida APÓS o início do processo, se aplica a crimes com pena MÍNIMA não superior a 1 ano.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
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§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
termos.
CONDUTA
O legislador discriminou o que configura a violência doméstica e familiar contra a mulher. Nesse sentido,
abrangeu QUALQUER AÇÃO OU OMISSÃO que possa configurar a morte, a lesão, o sofrimento físico, sexual
ou psicológico e o dano moral ou patrimonial na mulher em situação de violência doméstica e familiar;
Elemento subjetivo na violência doméstica: À primeira vista, considerando-se que o art. 5° e os incisos do
art. 7° não estabelecem qualquer distinção, poder-se-ia pensar que toda e qualquer infração penal dolosa ou
culposa seria capaz de configurar violência doméstica e familiar contra a mulher.
No entanto, se se trata de violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no gênero”), DEVE
FICAR EVIDENCIADA A CONSCIÊNCIA E A VONTADE DO AGENTE DE ATINGIR UMA MULHER EM SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE, O QUE SOMENTE SERIA POSSÍVEL NA HIPÓTESE DE CRIMES DOLOSOS.
Estabeleceram-se nos incisos os 3 âmbitos onde estará configurada a violência doméstica e familiar contra a
mulher (BASTA QUE SEJA EM UM DOS 3):
#DIRETODAFUC
ÂMBITO DA UNIDADE QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE
ÂMBITO DA FAMÍLIA.
DOMÉSTICA AFETO
Espaço de convívio permanente Comunidade formada por Em qualquer relação íntima de
de pessoas, COM OU SEM indivíduos que são ou se afeto, na qual o agressor conviva
VÍNCULO FAMILIAR, INCLUSIVE consideram aparentados, unidos ou tenha convivido com a
AS ESPORADICAMENTE por laços naturais, por afinidade ofendida, INDEPENDENTEMENTE
AGREGADAS. ou por vontade expressa; DE COABITAÇÃO.
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Leva em conta apenas o aspecto Indivíduos que são ou se Ao referir-se a qualquer relação
espacial. Nessa hipótese, o consideram aparentados, unidos íntima de afeto, o legislador
importante é que a mulher deve por laços naturais, por afinidade abarcou a necessidade de o
fazer parte desse espaço de ou por vontade expressa Aqui agressor conviver ou ter convivido
convívio permanente. importam os laços, pouco com a ofendida,
Não se exige o vínculo familiar, o importando o lugar, pouco independentemente de
que significa dizer que a violência importando se há coabitação. coabitação. Na relação íntima de
doméstica contra a mulher pode afeto, o importante é que haja um
ocorrer fora dos casos de marido relacionamento entre duas
e mulher, podendo ser vítima a pessoas, seja ele baseado na
empregada doméstica, por amizade, seja ele baseado em
exemplo. qualquer sentimento que um tiver
pelo outro. É possível namorado
e namorada, desde que não seja
uma relação passageira, mas
íntima.
Súmula 600 – STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei
11.340/2006, lei Maria da Penha, NÃO SE EXIGE a coabitação entre autor e vítima.
-> art. 7º da Lei Maria da Penha estabelece rol não taxativo de formas de violência doméstica
-> Para o reconhecimento da violência contra a mulher, basta a presença alternativa de um dos incisos do
art. 7°, em combinação alternativa com um dos âmbitos do art. 5° (âmbito da unidade doméstica, âmbito
da família ou em qualquer relação íntima de afeto).
Art. 7º São FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos;
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IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
SUJEITO ATIVO - Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é necessário
que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O agressor tanto pode ser um homem (união
heterossexual) como outra mulher (união homoafetiva). Basta atentar para o disposto no art. 5°, parágrafo
único, que prevê que as relações pessoais que autorizam o reconhecimento da violência doméstica e familiar
contra a mulher independem de orientação sexual.
#ATENÇÃO Portanto, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a
violência for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e íntimas de afeto.
Quanto à violência doméstica perpetrada por uma mulher contra outra, a maioria da doutrina entende
não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha, desde que comprovada uma relação de
hipossuficiência e superioridade.
#DEOLHONAJURIS A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é aplicável às mulheres trans em situação de
violência doméstica. Uma mulher trans é uma pessoa que nasceu com o sexo físico masculino, mas que se
identifica como uma pessoa do gênero feminino. O conceito de sexo está relacionado aos aspectos biológicos
que servem como base para a classificação de indivíduos entre machos, fêmeas e intersexuais. Utilizamos a
palavra gênero quando queremos tratar do conjunto de características socialmente atribuídas aos diferentes
sexos. Muitas vezes, uma pessoa pode se identificar com um conjunto de características não alinhado ao seu
sexo designado. Ou seja, é possível nascer do sexo masculino, mas se identificar com características
tradicionalmente associadas ao que culturalmente se atribuiu ao sexo feminino e vice-versa, ou então, não
se identificar com gênero algum. STJ. 6ª Turma. REsp 1977124/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 5/4/2022 (Info 732).
#ATENÇÃO – Apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, o homem pode ser vítima de
violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do CP.
#DEOLHONAJURIS A Lei Maria da Penha objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar que,
cometida no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto, cause-lhe
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano moral ou patrimonial. Estão no âmbito de
abrangência do delito de violência doméstica e podem integrar o polo passivo da ação delituosa as esposas,
as companheiras ou amantes, bem como a mãe, as filhas, as netas do agressor e também a sogra, a avó ou
qualquer outra parente que mantém vínculo familiar ou afetivo com ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1626825-GO, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
Primeiramente, quando do atendimento da vítima pela autoridade policial, deverá esta garantir proteção
policial, encaminhar ofendida ao hospital, fornecê-la transporte a local seguro, acompanhá-la na retirada dos
pertences e informá-la dos direitos e serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual
ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de
casamento ou de dissolução de união estável (art. 11).
Segundo o art. 12, feito o registro da ocorrência, imediatamente deve a autoridade policial ouvir a ofendida,
lavrando boletim de ocorrência e tomando a representação a termo, colher provas, remeter ao juiz, em 48h,
pedido de concessão de medidas protetivas de urgência, determinar a realização do exame de corpo de
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delito, ouvir testemunhas o agressor, colhendo deste os antecedentes criminais, remetendo o inquérito
policial, no prazo legal ao juízo e ao Ministério Público.
O art. 12-C, incluído pela Lei 13.827/19, estabelece medida de imediato afastamento do agressor do lar,
domicílio ou local de convivência com a ofendida pelo juiz, delegado ou até policial em município que não
seja sede de comarca. Em tais casos, não será concedida liberdade provisória ao preso.
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais
cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de
urgência deferida.
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial
especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente
capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco
de vida;
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IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência
ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial,
de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº
13.894, de 2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência,
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles
previstos no Código de Processo Penal:
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos
de saúde.
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A Lei nº 13.827/2019 trouxe uma exceção, permitindo que a MEDIDA PROTETIVA DE AFASTAMENTO DO LAR
seja concedida pelo Delegado de Polícia se o Município não for sede de comarca ou até mesmo pelo policial
caso também não haja Delegado de Polícia no momento.
#ATENÇÃO A exceção é válida para medida protetiva de afastamento do lar, as demais, veremos abaixo,
continuam seguindo a regra, concedidas pela autoridade judicial (Juiz ou Desembargador).
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da
mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o AGRESSOR SERÁ
IMEDIATAMENTE AFASTADO DO LAR, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação dada
pela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - PELO DELEGADO DE POLÍCIA, QUANDO O MUNICÍPIO NÃO FOR SEDE DE COMARCA; ou (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não
será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
MEDIDAS PROTETIVAS
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, A REQUERIMENTO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO OU A PEDIDO DA OFENDIDA.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de
seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
ESQUEMATIZANDO:
A requerimento do MP OU a pedido da ofendida
DELEGADO NÃO PODE REPRESENTAR!!!
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• Serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de
maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
• Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de
seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público (aqui o delegado também não pode!!!).
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Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública incondicionada.
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça
no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta
Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
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§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº
13.641, de 2018)
#DEOLHONAJURIS
É constitucional o art. 12-C da Lei Maria da Penha que autoriza, em algumas hipóteses, a aplicação, pela
autoridade policial, de medida protetiva de urgência em favor da mulher. É válida a atuação supletiva e
excepcional de delegados de polícia e de policiais a fim de afastar o agressor do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida, quando constatado risco atual ou iminente à vida ou à integridade da mulher
em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, conforme o art. 12-C inserido na Lei
nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/3/2022 (Info 1048).
Seja caso de lesão corporal leve, seja de vias de fato, se praticado em contexto de violência doméstica ou
familiar, não há falar em necessidade de representação da vítima para a persecução penal. Para fins da Lei
Maria da Penha, a palavra "crime" deve ser interpretada como infração penal, ou seja, corresponde aos
crimes e às contravenções descritas no Decreto-lei n. 3.688/1941. Seja caso de lesão corporal leve, seja de
vias de fato, se praticado em contexto de violência doméstica ou familiar, não há falar em necessidade de
representação da vítima para a persecução penal. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 713.415/SC, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 22/02/2022.
Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária vítima de violência doméstica, que, em
razão de medida protetiva de urgência decretada judicialmente, detém o uso e gozo exclusivo do imóvel de
cotitularidade do agressor. Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa com exclusividade por
um dos coproprietários, impedindo o exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos demais
consortes, enseja o pagamento de indenização àqueles que foram privados do regular domínio sobre o bem,
tal como o percebimento de aluguéis. É o que prevê o art. 1.319 do Código Civil. Contudo, impor à vítima de
violência doméstica e familiar obrigação pecuniária consistente em locativo pelo uso exclusivo e integral do
bem comum constituiria proteção insuficiente aos direitos constitucionais da dignidade humana e da
igualdade, além de ir contra um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro de promoção do bem de
todos sem preconceito de sexo, sobretudo porque serviria de desestímulo a que a mulher buscasse o amparo
do Estado para rechaçar a violência contra ela praticada, como assegura a Constituição Federal em seu art.
226, § 8º, a revelar a desproporcionalidade da pretensão indenizatória em tais casos. A imposição judicial de
uma medida protetiva de urgência - que procure cessar a prática de violência doméstica e familiar contra a
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mulher e implique o afastamento do agressor do seu lar - constitui motivo legítimo a que se limite o domínio
deste sobre o imóvel utilizado como moradia conjuntamente com a vítima, não se evidenciando, assim,
eventual enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de aluguel como forma de indenização
pela privação do direito de propriedade do agressor. STJ. 3ª Turma. REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
Se foram imputados vários crimes ao acusado e dentre eles está o de lesão corporal contra a mulher no
contexto da violência doméstica, é possível que o juiz indefira a designação da audiência prevista no artigo
16 da Lei 11.340/2006. Se dentre os crimes imputados ao acusado está o delito de lesão corporal, sendo
irrelevante, ainda que se trate de lesão corporal de natureza leve, posterior retratação da ofendida, razão
pela qual não se mostra possível a realização da audiência prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/2006. STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 707.726/PA, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/12/2021.
O crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência não é meio necessário ou usual para a
realização do delito de ameaça. O crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência não é meio
necessário ou usual para a realização do delito de ameaça - que, com frequência, é praticado em contextos
distintos da situação de violência doméstica e familiar. Ainda que, quando do cometimento do crime de
ameaça, exista medida protetiva de urgência em vigor, é plenamente possível que a ameaça de causar mal
injusto e grave chegue ao conhecimento da ofendida sem que nenhuma das medidas impostas venha a ser
descumprida, notadamente à vista da possibilidade de consumação do delito por "escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico" ou até por meio de interposta pessoa. STJ. 6ª Turma. HC 616.070/MG, Rel.
Ministra Laurita Vaz, julgado em 16/11/2021.
Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por pai contra filha de 4 anos: vara criminal “comum”
ou vara de violência doméstica e familiar contra a mulher? Se o fator determinante que ensejou a prática do
crime foi a tenra idade da vítima fica afastada a vara de violência doméstica e familiar? Ex: estupro de
vulnerável praticado por pai contra a filha, de 4 anos.
• SIM. Posição da 5ª Turma do STJ:
Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determinante para a caracterização do crime de estupro
de vulnerável, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto do réu, que com ela
manteve relações sexuais, não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/08/2018.
• NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ:
A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e
familiar contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
Várias condutas praticadas no contexto da violência doméstica que justificam o incremento da pena-base
nas diversas circunstâncias judiciais. A circunstância de o acusado ter adentrado à residência e começado a
agredir à vítima quando esta ainda estava deitada, constitui elemento concreto não inerente ao tipo penal
que autoriza a negativação da culpabilidade. O fato de que as testemunhas afirmaram que o réu costumava
agredir a vítima gratuitamente em via pública, até mesmo diante de seus filhos menores, e com ela não
possuía nenhum diálogo, constituem elementos idôneos para negativar, respectivamente, a conduta social
e a personalidade. As circunstâncias do crime estão idoneamente negativadas em razão de o acusado ter
trancado o portão da casa, para dificultar a fuga da vítima. As consequências psicológicas sofridas pela vítima,
as quais foram concretamente constatadas pelo Magistrado singular, quando do depoimento por ela
prestado vários meses após o fato, extrapolam a elementar do tipo penal e constituem fundamento idôneo
para negativar as consequências do crime. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.819.560/CE, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 9/06/2020.
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Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da Penha no caso de violência do neto praticada
contra a avó. A Lei Maria da Penha objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar que,
cometida no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto, cause-lhe
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano moral ou patrimonial. Estão no âmbito de
abrangência do delito de violência doméstica e podem integrar o polo passivo da ação delituosa as esposas,
as companheiras ou amantes, bem como a mãe, as filhas, as netas do agressor e também a sogra, a avó ou
qualquer outra parente que mantém vínculo familiar ou afetivo com ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1626825-GO, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a competência do Juizado
Especializado nos casos em que a conduta imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de afeto
que tiveram as partes. É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a
competência do Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos casos em que a
conduta imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de afeto que tiveram as partes. Assim, é
necessário apenas que a conduta delitiva imputada esteja vinculada à relação íntima de afeto mantida entre
as partes. STJ. 5ª Turma. HC 542.828/AP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/02/2020.
A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, não
é fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração penal. A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é fundamento
suficiente para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, do CPP, seja
porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque compete à própria vítima decidir se irá promover a
execução ou não do título executivo, sendo vedado ao Poder Judiciário omitir-se na aplicação da legislação
processual penal que determina a fixação do valor mínimo em favor da ofendida. CPP/Art. 387. O juiz, ao
proferir sentença condenatória:(...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; STJ. 6ª Turma. REsp 1819504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 10/09/2019 (Info 657).
Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada comparece ao cartório da vara e manifesta
interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar audiência para que ela confirme
essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art. 16. A Lei Maria da Penha autoriza, em seu art. 16, que,
se o crime for de ação pública condicionada (ex: ameaça), a vítima possa se retratar da representação que
havia oferecido, desde que faça isso em audiência especialmente designada, ouvido o MP. Veja: Art. 16. Nas
ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a
renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Não atende ao disposto neste art. 16 a retratação
da suposta ofendida ocorrida em cartório de Vara, sem a designação de audiência específica necessária para
a confirmação do ato. Em outras palavras, se a vítima comparece ao cartório e manifesta interesse em se
retratar, ainda assim o juiz deverá designar a audiência para ouvir a ofendida e o MP, não podendo rejeitar
a denúncia sem cumprir esse procedimento. STJ. 5ª Turma. HC 138143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 03/09/2019 (Info 656).
CTB
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
#ATENÇÃO
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É possível aplicar o perdão judicial do art. 121, § 5º do CP ao homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do CTB)? SIM. Essa é a posição do STJ e da doutrina majoritária (Rogério Greco, Nucci,
entre outros).
#DEOLHONAJURIS
O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do
perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto ao outro, a existência
do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente,
causa a morte de sua noiva e de um amigo; o fato de ter sido concedido perdão judicial para a morte da noiva
não significará a extinção da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo. STJ. 6ª T. REsp
1.444.699- RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 1/6/17 (Info 606).
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção
de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do
crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento
posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª T. REsp 1.561.276-BA,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 28/6/16 (Info 590). STJ. 6ª T. AgRg-HC 510.052-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
j.17/12/19.
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
(Vigência)
#DEOLHONAJURIS O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH
vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do § 1º do art.
302 do CTB. O inciso I do § 1º do art. 302 pune o condutor que "não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira
de Habilitação". O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se amolda a essa previsão não se podendo
aplicá-lo por analogia in malam partem. STJ. 6ª T. HC 226128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 7/4/16
(Info 581).
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)
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§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302.
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas
neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal
de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
#DEOLHONAJURIS Se um indivíduo, que não possui habilitação para dirigir (art. 309 do CTB), conduz seu
veículo de forma imprudente, negligente ou imperita e causa lesão corporal em alguém, ele responderá pelo
crime do art. 303 § 1º, do CTB, ficando o delito do art. 309 do CTB absorvido por força do princípio da
consunção. O delito de dirigir veículo sem habilitação é crime de ação penal pública incondicionada. Por
outro lado, a lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) é crime de ação pública condicionada à representação.
Imagine que a vítima não exerça seu direito de representação no prazo legal. Diante disso, o Ministério
Público poderá denunciar o agente pelo delito do art. 309? NÃO. O delito do art. 309 já foi absorvido pela
conduta de praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, tipificada no art. 303 do CTB,
crime de ação pública condicionada à representação. Como a representação não foi formalizada pela vítima,
houve extinção da punibilidade, que abrange tanto a lesão corporal como a conduta de dirigir sem
habilitação. STF. 2ª Turma. HC 128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 25/8/15 (Info 796).
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou,
não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais
grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou
civil que lhe possa ser atribuída: (Vide ADC 35)
#DEOLHONAJURIS A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional, posto não infirmar o
princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da
tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14/11/2018 (repercussão
geral) (Info 923).
NOÇÕES ESSENCIAIS
TEORIA MISTA DE PENA: Adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, defende que a pena é capaz de tanto
retribuir o mal decorrente da prática do crime (retribuição); quanto de inibir a prática de novos crimes
(prevenção).
ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL #IMPORTANTE: Termo consagrado pelo STF quando do julgamento
do ADPF 347, faz referência ao fato de o sistema penitenciário brasileiro viola de forma SISTÊMICA e
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GENERALIZADA os direitos fundamentais dos presos, em razão das profundas e persistentes inércia,
incapacidade e ineficiência das autoridades públicas competentes. A penas privativas de liberdade, em razão
disso, são cruéis e desumanas, sendo ineficazes nos seus objetivos de retribuição e prevenção dos crimes,
contribuindo diretamente para o agravamento da violência social. O STF destacou, inclusive, que essa
ineficiência é observada EM TODOS OS PODERES (Legislativo, Executivo e Judiciário) e em todos os níveis
(federal, estadual e municipal). Há verdadeira falha estrutural que perpetua e agrava a violência social
brasileira. Diante disso, o STF assumiu o papel de provocador, com o objetivo de romper essa inércia e
coordenar ações necessárias à quebra desse ciclo.
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III) Executória, aqui nos termos da LEP, para assegurar que a pena, após individualizada na teoria, será
efetivamente adequada ao caso concreto garantindo sua máxima eficiência. Nesse sentido, temos o art. 5°
da o qual estabeleceu a necessidade de classificação dos condenados a pena privativa de liberdade, bem
como fixou critérios obrigatórios para tanto, com o exame dos antecedentes, da personalidade, aspectos
familiares e sociais e capacidade laboral. REITERE-SE QUE TAL CLASSIFICAÇÃO É UM DIREITO do preso.
ESPÉCIES: I) Faltas graves: Consagradas nos arts. 50 a 52 da LEP (Importante destacar que a competência
para legislar sobre direito penitenciário é concorrente, nos termos da Constituição Federal);
II) Faltas leves e médias: são definidas, juntamente com as respectivas sanções, pela legislação estadual.
#OLHAOGANCHO #IMPORTANTE INSTAURAÇÃO DE PAD E RECONHECIMENTO DE FALTAS
DISCIPLINARES NA LEP
Observe-se a Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da
execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído
ou defensor público nomeado.
Tal entendimento se coaduna com o Art. 59 da LEP: Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa.
Contudo, o Ministério Público recorreu ao STF alegando que, se o apenado é ouvido em audiência judicial
na qual ele tem a possibilidade de se justificar e, portanto, se defender da alegação de cometimento de
falta grave, tal audiência já deveria ser suficiente para suprir a necessidade de processo administrativo
disciplinar, não se configurando nenhum prejuízo ao apenado pela utilização desse método. A essência
do art. 59, ao seu ver, ao exigir a instauração de um processo administrativo disciplinar, é no sentido de
impedir a imposição arbitrária de sanções pela autoridade administrativa, sem garantia do contraditório
e da ampla defesa. No entanto, esse dispositivo não deveria impedir que a apuração da falta grave
ocorresse em juízo, com a observância dessas garantias. Dessa maneira, a realização da audiência de
justificação supriria a exigência do art. 59.
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(...) 4. Comprovado que se assegurou ao paciente o regular exercício do direito de defesa, na sede da
audiência de justificação realizada no caso concreto, inexiste qualquer nulidade a ser sanada, nem
constrangimento ilegal a ser reparado. (...)
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 581.854/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/08/2020.
Desta feita, muito embora a SÚMULA 533/STJ NÃO TENHA SIDO FORMALMENTE CANCELADA, SEU
ENTENDIMENTO SE ENCONTRA SUPERADO.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da
ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
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§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais
ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta
grave.
§ 2º (Revogado). § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o
regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados
também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do
grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso
com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e
vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de
que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será
gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.”
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Firmou-se no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que, nos termos da legislação de
regência, mostra-se irrelevante que a reincidência seja específica em crime hediondo para a aplicação da
fração de 3/5 na progressão de regime, pois não deve haver distinção entre as condenações anteriores (se
por crime comum ou por delito hediondo) (AgRg no HC n. 494.404/MS, Ministro Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, DJe 20/5/2019).
Contudo, tal entendimento não pode mais prevalecer diante da nova redação do art. 122 da Lei de
Execução Penal, trazida com a Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
Com efeito, a Lei de Crimes Hediondos não fazia distinção entre a reincidência genérica e a específica para
estabelecer o cumprimento de 3/5 da pena para fins de progressão de regime, é o que se depreende da
leitura do § 2º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990: A progressão de regime, no caso dos condenados pelos
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado
for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei
nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal).
Já a Lei n. 13.964/2019 trouxe significativas mudanças na legislação penal e processual penal, e, nessa
toada, revogou o referido dispositivo legal.
Agora, os requisitos objetivos são Vejamos: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos: […] V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado
pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se
o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional; […] VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for
reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional.
Assim, por ausência de previsão legal, o julgador deve integrar a norma aplicando a analogia in bonam
partem. No caso (condenado por crime hediondo com resultado morte, reincidente não específico), diante
da lacuna na lei, deve ser observado o lapso temporal relativo ao primário. Impõe-se, assim, a aplicação
do contido no inciso VI, a, do referido artigo da Lei de Execução Penal, exigindo-se, portanto, o
cumprimento de 50% da pena para a progressão de regime. STJ. 6ª Turma. HC 581315-PR, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/10/2020 (Info 681).
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FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL: CF/88 Art. 5º LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Isto é, a própria CF estabeleceu o caráter
EXCEPCIONAL da medida.
IDENTIFICAÇÃO CIVIL:
I) Carteira de identidade;
II) Carteira profissional;
III) CTPS;
IV) Passaporte;
V) Carteira de identificação funcional;
VI) Outro documento público que permita a identificação do indiciado.
MAS O QUE É IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL? É uma identificação fotográfica, datiloscópica, ou biológica, isto
é, por foto, digitais ou perfil genético do sujeito para identificação no cadastro de segurança pública para
buscar compatibilidade nos registros, quando não ocorre a identificação civil.
OBS: A hipótese de identificação por meio do perfil genético foi incluída no ano de 2012, e para sua ocorrência
é necessário que seja fundamental para investigação e exista ainda autorização judicial: Lei 12.037/09 Art. 5º
A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos da
comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação. Parágrafo
único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico
para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
#OLHAOGANCHO CRIMES HEDIONDOS: Lei nº 7.210/84. Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado,
dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, OU por qualquer dos crimes previstos no art.
1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil
genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído
pela Lei nº 12.654, de 2012) #APOSTACICLOS
#LEISECASALVA
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
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CONTEXTO: Surgiu em razão da ineficiência legislativa do CPP o qual, apesar de regular o Inquérito Policial,
não elucidava efetivamente as atividades a serem desempenhadas pela autoridade policial.
INDICIAMENTO
PREVISÃO: Art. 2°, § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
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O QUE É: Atribuição formal de autoria (ou participação), de uma infração penal, a uma pessoa que foi
investigada. Segundo o Código de Processo Penal brasileiro, em seu art. 239, considera-se indício a
circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
I) É ATO EXCLUSIVO DO DELEGADO DE POLÍCIA, isto é, nem o juiz nem o MP podem requisitá-lo.
II) Não é obrigatório, isto é, ao término do Inquérito Policial, se o delegado não vislumbrar no composto
probatório informações suficientes para atribuição da materialidade e/ou autoria, não precisa realizar
indiciamento;
III) Não é, contudo, ATO DISCRICIONÁRIO, pois, para realizá-lo, o Delegado deverá expor sua MOTIVAÇÃO,
os fundamentos jurídicos e probatórios. #VAICAIR #APOSTACICLOS
#DEOLHONAJURIS
O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento
constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento que a autoridade policial
aponta determinada pessoa como a autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase
investigatória, por meio da qual o delegado de polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos
fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento
obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela
prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio.
Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o indiciamento é
ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47984-SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 4/11/2014 (Info 552). STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/8/2013 (Info 717).
CABIMENTO:
Art. 1° Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
Sobre o Inciso I: É indispensável investigação PRÉVIA, não necessariamente inquérito policial, para que se
tenha como possível a privação cautelar da liberdade de locomoção do indivíduo. Destaque-se que, uma vez
oferecida a denúncia, não mais subsiste esse argumento para fundamentar a prisão temporária.
II - Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
sua identidade;
Sobre o Inciso II: Prevalece no STF o entendimento de que o a fato de o investigado ser morador de rua NÃO
é suficiente para configurar, no caso concreto, este requisito de cabimento.
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria
ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
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a) homicídio doloso;
b) sequestro ou cárcere privado ;
c) roubo;
d) extorsão;
e) extorsão mediante sequestro;
f) estupro;
g) atentado violento ao pudor;
h) rapto violento;
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte; l) quadrilha
ou bando;
m) genocídio, em qualquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas
o) crimes contra o sistema financeiro;
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
Sobre o Inciso III: É rol taxativo, e não permite extensão analógica em razão da vedação da comparação in
malam partem.
#IMPORTANTE O PAC incluiu o parágrafo 2º-A no crime de roubo, não estando presente no rol taxado na Lei
de prisão temporária. Contudo, a inclusão desse parágrafo não importa na criação de um novo crime, mas
apenas um desdobramento do crime de roubo, e desta forma a doutrina entende que esse novo parágrafo
também está incluído.
APLICAÇÃO A CRIMES HEDIONDOS: Previsão legal - Lei n. 8.072/1990 Art. 2º (...) § 4º A prisão temporária,
sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo
de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Em se tratando de investigação de crimes previstos na Lei 8.072/90 (crimes hediondos, tráfico de drogas,
tortura e terrorismo), o prazo da prisão temporária será de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, em
caso de extrema e comprovada necessidade.
OBS: Marco inicial do prazo - no exato momento em que a prisão é cumprida. Uma vez encerrado o prazo
da prisão temporária, o preso deve ser colocado imediatamente em liberdade, mesmo que o dia fatal recaia
sobre fim de semana ou feriado. A PRORROGAÇÃO NUNCA SERÁ AUTOMÁTICA.
REGRA GERAL: A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial
ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.
ATOS INFRACIONAIS
#LEISECASALVA
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Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
GARANTIAS PROCESSUAIS
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.
SOCIOEDUCAÇÃO
Vamos revisar os pontos mais importantes das medidas socioeducativas. Mais abaixo preparamos outro
quadro, com os artigos correspondentes a cada medida socioeducativa.
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#LEISECASALVA
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
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#OLHAOGANCHO Súmula nº 338 STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.
#OLHAOGANCHO: REMISSÃO
Remissão é um perdão concedido ao adolescente que pratica ato infracional, de maneira que, pode ser
concedida pelo ministério público (exclusão do processo) ou pelo poder judiciário (suspensão ou extinção do
processo).
Não implica reconhecimento ou comprovação de responsabilidade; não fixa antecedentes. Pode ser
cumulada com medidas de proteção e socioeducativas (exceto semiliberdade e internação); nesse caso de
cumulação, a medida deve passar pelo crivo da autoridade judiciária. Inclusive, o magistrado pode discordar
da remissão e encaminhar ao PGJ, a quem cabe a decisão final sobre a remissão. Ademais, a decisão sobre a
remissão pode ser revista e contra ela cabe o recurso de apelação.
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#SELIGANATABELA
REMISSÃO PRÓPRIA REMISSÃO IMPRÓPRIA
Ocorre quando é concedido perdão puro e simples Ocorre quando é concedido o perdão ao
ao adolescente, sem qualquer imposição. adolescente, mas com a imposição de que ele
cumpra alguma medida socioeducativa, desde que
esta não seja restritiva de liberdade. Nesse caso é
indispensável o consentimento do adolescente e de
seu responsável, além da assistência jurídica de um
advogado ou Defensor Público.
#SELIGANOECA
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua
maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das
medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
#TEMQUESABER
INFILTRAÇÃO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Lei de Drogas Lei do Crime Organizado ECA
(art. 53, I) (arts. 10 a 14) (arts. 190-A a 190-E)
Principais características: Principais características: Principais características:
• Não prevê prazo máximo. • Prazo de 6 meses, podendo ser • Prazo de 90 dias, sendo
• Não disciplina procedimento a sucessivamente prorrogada. permitidas renovações, mas o
ser adotado. • Só poderá ser adotada se a prazo total da infiltração não
prova não puder ser produzida poderá exceder 720 dias.
por outros meios disponíveis.
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Segundo o novo art. 190-A do ECA, a infiltração de agentes de polícia na internet pode ocorrer para investigar
os seguintes crimes:
1) Produzir, filmar, registrar etc. cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente
(art. 240 do ECA);
2) Vender vídeo que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente
(art. 241 do ECA);
3) Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir etc. fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-A do ECA);
4) Adquirir, possuir ou armazenar fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente (art. 241-B do ECA);
5) Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de
adulteração de fotografia ou vídeo (art. 241-C do ECA);
6) Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
ela praticar ato libidinoso (art. 241-D do ECA);
7) Invadir dispositivo informático alheio (art. 154-A do CP);
8) Estupro de vulnerável (art. 217-A do CP);
9) Corrupção de menores (art. 218 do CP);
10) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A do CP);
11) Favorecimento da prostituição de criança, adolescente ou vulnerável (art. 218-B do CP).
REQUISTOS DO Dados de conexão são as informações referentes a hora, data, início, término, duração,
REQUERIMENTO endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão.
Dados cadastrais, por sua vez, são as informações referentes a nome e endereço de
assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço
de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento
da conexão.
PRAZO DE A infiltração não poderá exceder o prazo de 90 dias, sendo permitidas renovações,
DURAÇÃO desde que demonstrada sua efetiva necessidade.
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Apesar de a Lei não ser expressa, penso que o prazo máximo de cada renovação
também é de 90 dias.
Pode haver sucessivas renovações ("várias renovações"), mas o prazo total da
infiltração não poderá exceder 720 dias (pouco menos de 2 anos).
A renovação da infiltração, assim como ocorre com o seu deferimento inicial, também
depende de autorização judicial devidamente fundamentada.
#LEISECASALVA
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)
III – NÃO PODERÁ EXCEDER O PRAZO DE 90 (NOVENTA) DIAS, sem prejuízo de eventuais renovações, DESDE
QUE O TOTAL NÃO EXCEDA A 720 (SETECENTOS E VINTE) DIAS e seja demonstrada sua efetiva necessidade,
a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo
de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
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§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-C. NÃO COMETE CRIME o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher
indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D
desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
#LEISECASALVA
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA.
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
abuso de autoridade, SÃO CONDICIONADOS À OCORRÊNCIA DE REINCIDÊNCIA. (Incluído pela Lei nº
13.869. de 2019)
Parágrafo único. A PERDA DO CARGO, do mandato ou da função, nesse caso, INDEPENDERÁ DA PENA
APLICADA NA REINCIDÊNCIA. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
exames referidos no art. 10 desta Lei:
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Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades
legais.
#ATENÇÃO As hipóteses de apreensão de criança ou adolescente são ordem escrita da autoridade judiciária
ou flagrante de ato infracional. A desobediência a esses parâmetros acarreta a prática do crime previsto no
art. 230. O bem jurídico protegido é o direito de liberdade da criança e do adolescente.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
#ATENÇÃO O crime somente é praticável pela autoridade policial responsável pela apreensão, ninguém mais.
O bem jurídico tutelado é a liberdade e também a dignidade do apreendido. O direito de comunicar a família
tem assento na Constituição Federal (art. 5º, LXII).
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
de 2008)
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
2008)
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre
ela, ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
#DEOLHONAJURIS Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (...)
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Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o
caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são puníveis quando o responsável legal
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
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I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de
rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
#DEOLHONAJURIS Por conta disso, segundo o STJ, aplica-se o concurso material de crimes (art. 69, CP),
quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica os delitos do art. 241-A e 241-B do ECA:
“(...) é perfeitamente possível o concurso material das condutas de "possuir" e "armazenar" (art. 241-B, ECA)
com as condutas de "publicar" ou "disponibilizar" e "transmitir” (art. 241-A), o que autoriza a aplicação da
regra do art. 69 do Código Penal.” (STJ, 5ª T. AgRg no AgRg no REsp 1330974/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
j. 12/2/19).
#DEOLHONAJURIS Segundo o STJ, “(...) com relação ao princípio da consunção ao crime do art. 241-B, para
que seja considerado mero meio para o cometimento do tipo previsto no art. 241-A, não existe relação de
dependência entre os tipos penais em questão, vez que, tanto a prática do compartilhamento (previsto no
art. 241-A), quanto à prática do armazenamento (previsto no art. 241-B) podem ocorrer isoladamente e de
forma dissociada.” (STJ, REsp 1569856/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJ 27/2/18)
#DEOLHONAJURIS Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a
conduta de disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido
praticada pela internet e for acessível transnacionalmente: Redação anterior da tese do Tema 393: Compete
à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico
envolvendo criança ou adolescente [artigos 241, 241-A e 241-B da Lei 8.069/1990] quando praticados por
meio da rede mundial de computadores. STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red.
p/ o acórdão Min. Edson Fachin, j. 28 e 29/10/15 (repercussão geral) (Info 805). Redação atual, modificada
em embargos de declaração: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em
disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou
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adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei
nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, j. 18/08/20 (Repercussão Geral – Tema 393)
(Info 990).
#DEOLHONAJURIS O STJ, interpretando a decisão do STF (Info 805), afirmou que, quando se fala em
“praticados por meio da rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem
de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por
outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil não há relação de
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da
competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: 1º) Se ficar constatada a
internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser
acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. 2º)
Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via
Whatsappou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está
acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ.
3ª S. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 26/4/17 (Info 603).
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de
representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição
ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
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Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº
13.440, de 2017)
§ 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975,
de 23.6.2000)
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida
ou induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 . (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
#DEOLHONAJURIS Conforme entendimento pacífico do STJ, não há continuidade delitiva entre os delitos de
roubo e extorsão, porque de espécies diferentes. Deve ser reconhecido o concurso formal entre os delitos
de roubo e corrupção de menores (art. 70, primeira parte, do CP) na hipótese em que, mediante uma única
ação, o réu praticou ambos os delitos, tendo a corrupção de menores se dado em razão da prática do delito
patrimonial. STJ. 6ª T., HC 411.722/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/02/18
#DEOLHONAJURIS A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois
crimes de corrupção de menores. Ex: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e
Dheyversson (15 anos), praticaram um roubo. João deverá ser condenado por um crime de roubo qualificado
e por dois crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). STJ. 6ª T. REsp
1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 10/10/17 (Info 613).
#DEOLHONAJURIS Esta Corte possui entendimento firmado no sentido de só admitir o erro de tipo no crime
de corrupção de menores quando a defesa apresentar elementos probatórios capazes de sustentar a
alegação de desconhecimento do acusado acerca da menoridade do coautor, o que não ocorreu na hipótese
desses autos. Precedentes. STJ. 5ª T., HC 418.146/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 21/11/17.
#DEOLHONAJURIS O agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente
responde também por corrupção de menores? I) Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18
anos não esteja previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e
também pelo delito do art. 244-B do ECA (corrupção de menores); II) Caso o delito praticado pelo agente e
pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei de Drogas: ele responderá apenas pelo crime da
Lei de Drogas com a causa de aumento de pena do art. 40, VI, ou seja, não será punido pelo art. 244-B do
ECA para evitar bis in idem. Portanto, na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos
não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção
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de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a
condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº
11.343/06. STJ. 6ª T. REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 22/11/16 (Info 595).
#DEOLHONAJURIS Não configura bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao concurso de
agentes no delito de roubo, seguida da condenação pelo crime de corrupção de menores, já que são duas
condutas, autônomas e independentes, que ofendem bens jurídicos distintos. STJ. 5ª T., HC 362.726/SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 01/09/16.
#DEOLHONAJURIS O objeto jurídico tutelado pelo tipo que prevê o delito de corrupção de menores é a
proteção da moralidade do menor e visa coibir a prática de delitos em que existe sua exploração. Assim,
cuida-se de crime formal, o qual prescinde de prova da efetiva corrupção do menor. STJ. 6ª T., AgRg no REsp
1133753 MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 16/02/12.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome,
ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que
se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente
envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam
atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da
programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.
(Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).
#LEISECASALVA
Art. 2º Configura violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente qualquer AÇÃO OU OMISSÃO
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano patrimonial:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que compõem a família
natural, ampliada ou substituta, por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
#TEMQUESABER
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a) família natural: assim entendida a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes
(art. 25, caput, ECA).
b) família extensa/ampliada: aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de
afinidade e afetividade (art. 25, parágrafo único, ECA).
c) família substituta: para a qual o menor deve ser encaminhado de maneira excepcional, por meio de
qualquer das três modalidades possíveis, que são: guarda, tutela e adoção.
III - em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a vítima,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. Para a caracterização da violência prevista no caput deste artigo, deverão ser observadas
as definições estabelecidas na Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.
Art. 6º A assistência à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar será prestada
de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos nas Leis n.º 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e 8.742, de 7 de dezembro de 1993, no Sistema Único de Saúde,
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e
emergencialmente, quando for o caso.
Art. 7º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios PODERÃO criar e promover, para a criança e o
adolescente em situação de violência doméstica e familiar, no limite das respectivas competências e de
acordo com o art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente):
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal
especializados;
Art. 8º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com os sistemas de
justiça, de saúde, de segurança pública e de assistência social, os Conselhos Tutelares e a comunidade escolar,
PODERÃO, na esfera de sua competência, adotar ações articuladas e efetivas direcionadas à identificação da
agressão, à agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e familiar e
à responsabilização do agressor.
Art. 9º Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à criança e
ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à
criação de Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Art. 10. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios PODERÃO estabelecer dotações orçamentárias
específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
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#VAICAIR #APOSTACICLOS Destaque-se, ainda, que nos moldes da Lei Maria da Penha, nas hipóteses de risco
atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e do adolescente, a Lei Henry Borel autoriza que o
DELEGADO DE POLÍCIA decrete o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a
vítima, desde que a violência seja perpetrada em município que não seja sede de comarca.
Se o delegado de polícia não estiver disponível no momento da denúncia, o afastamento pode ser ordenado
pelo próprio policial, devendo, em todos os casos, ser comunicado o juízo competente no prazo de 24 horas.
Art. 11. Na hipótese de ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, a autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de
urgência deferida.
(...)
Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência
doméstica e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e
do adolescente, ou de seus familiares, o agressor será imediatamente afastado do lar, do domicílio ou do
local de convivência com a vítima:
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia.
§ 1º O Conselho Tutelar poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III do caput deste artigo
para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo
de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, bem como dará ciência ao Ministério Público concomitantemente.
§ 3º Nos casos de risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida protetiva de urgência, NÃO
SERÁ CONCEDIDA LIBERDADE PROVISÓRIA AO PRESO.
#ATENÇÃODELTA:
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III - garantir proteção policial, quando necessário, comunicados de imediato o Ministério Público e o Poder
Judiciário;
IV - fornecer transporte para a vítima e, quando necessário, para seu responsável ou acompanhante, para
serviço de acolhimento existente ou local seguro, quando houver risco à vida.
MEDIDAS PROTETIVAS
Art. 15. Recebido o expediente com o pedido em favor de criança e de adolescente em situação de violência
doméstica e familiar, CABERÁ AO JUIZ, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas:
Art. 16. As medidas protetivas de urgência PODERÃO SER CONCEDIDAS PELO JUIZ, a requerimento do
Ministério Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou a pedido da pessoa que atue em favor da
criança e do adolescente.
#OLHAOGANCHO Art. 23. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão,
praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra a criança e o
adolescente tem o DEVER DE COMUNICAR o fato imediatamente ao serviço de recebimento e monitoramento
de denúncias, ao Disque 100 da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Mulher, da Família
e dos Direitos Humanos, ao Conselho Tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, tomarão as
providências cabíveis.
#ATENÇÃO Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista nesta Lei:
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu a medida.
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#LEISECASALVA
Art. 26. DEIXAR DE COMUNICAR à autoridade pública a PRÁTICA DE VIOLÊNCIA, DE TRATAMENTO CRUEL
OU DEGRADANTE OU DE FORMAS VIOLENTAS DE EDUCAÇÃO, CORREÇÃO OU DISCIPLINA CONTRA CRIANÇA
OU ADOLESCENTE ou o abandono de incapaz:
§ 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada,
se resulta morte.
§ 2º Aplica-se a pena em dobro se o crime é praticado por ascendente, parente consanguíneo até terceiro
grau, responsável legal, tutor, guardião, padrasto ou madrasta da vítima.
#LEISECASALVA
Art. 2º Quem, de qualquer forma, CONCORRE para a PRÁTICA DOS CRIMES PREVISTOS NESTA LEI, incide nas
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro
de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que,
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
#ATENÇÃO Importante destacar que as pessoas indicadas no dispositivo respondem tanto por ação como
por omissão. Esses requisitos (“sabendo”; “deixar de impedir” e “quando podia agir para evitá-la”), devem
ser observados para evitar a responsabilidade penal objetiva.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas NÃO EXCLUI a das pessoas físicas, autoras, co-
autoras ou partícipes do mesmo fato.
#DOUTRINA Segundo ensinam Pacelli e Callegari, na responsabilidade penal da pessoa jurídica, “admite-se a
possibilidade de sua punição a título de dolo identificando-se este com a presença do elemento cognitivo,
configurado pelo conhecimento do risco que a conduta empresarial representa a um bem jurídico. Prescinde,
para sua punição, da demonstração de uma vontade contrária à norma de conduta. Todavia, destaca-se que
esse conhecimento não se confunde com o psicológico próprio das pessoas naturais, senão em um defeito de
organização.”(Manual de Direito Penal. 2ª ed. São Paulo. Atlas. 2016, p. 228). Em outras palavras, o elemento
cognitivo do dolo é o conhecimento do risco que a conduta empresarial representa a um bem jurídico, o que
afasta a necessidade de que se demonstre a vontade contrária à norma. Este conhecimento representa um
defeito de organização, que não se confunde com o conhecimento psicológico característico das pessoas
naturais. Relativiza-se o elemento volitivo diante da sobreposição do elemento cognitivo.
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#ATENÇÃO Não há impedimento legal para que as pessoas jurídicas de direito público sejam
responsabilizadas por dano ambiental.
#ATENÇÃO O recolhimento domiciliar é pena restritiva de direito prevista no art. 8º, V da LCA, aplicável, por
razões lógicas, apenas, às pessoas físicas. As penas restritivas de direitos aplicáveis exclusivamente às
pessoas jurídicas estão previstas no art. 22, I, II e III da LCA.
Art. 15. São CIRCUNSTÂNCIAS QUE AGRAVAM A PENA, quando não constituem ou qualificam o crime:
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e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial
de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória,
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e
objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites
do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;
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V - em unidade de conservação;
#ATENÇÃO
Os crimes contra a FAUNA, previstos na Lei 9605/98 são os mais fáceis de lembrar as penas. Vejamos:
-> Pena máxima: Reclusão de 1 a 5 anos (art. 35) - Pescar utilizando explosivos/substâncias tóxicas.
-> Penas mínimas: Detenção de 03 meses a 1 ano + Multa (art. 31/32) - Introduzir espécies no País sem
licença/ Abusos e maus tratos (animais domesticados ou exóticos). Detenção de 06 meses a 1 ano + Multa
(art. 29) - Matar, perseguir, aprisionar, destruir, vender (animais).
-> O restante dos crimes: 1 a 3 anos.
#ATENÇÃODOUTRINA Diante da atual sociedade, que cada vez mais tutela bens de grandes dimensões, como
o meio ambiente, a conduta de uma só pessoa, aparentemente, não lesaria o bem jurídico tutelado. É o caso,
por exemplo, de criminalizar a conduta do agente que pesca um único peixe em época de defeso. Em
princípio, não há lesão, pois "é apenas um peixe" pescado "por uma só pessoa". Todavia, a soma de pessoas
pescando em época proibida causará lesão ao meio ambiente. Essa é a razão, então, de se punir uma conduta
isolada, para prevenir a lesão maior. Entretanto, entende a doutrina (mais garantista, claro), então, que
quando se pune uma só conduta, na verdade, há punição em razão do desrespeito a um dever de conduta,
não a um "verdadeiro crime" (chamando-se isso de "delito de transgressão"). Melhor seria, por exemplo, que
fosse aplicada uma sanção administrativa, uma multa, advertência etc. Assim, o Direito Administrativo, no
caso, trataria melhor dessas infrações, não o Direito Penal. Em razão disso, fala-se em administrativização
do Direito Penal, ou seja, condutas lesivas a um bem jurídico que poderiam ser tratadas por ramos
administrativos ao invés do Direito Penal. Isso está de acordo com o princípio da "ultima ratio", ou seja, se
uma multa poderia impedir o agente de pescar um único peixe, não seria o caso de incidir o Direito Penal.
Em suma: os "pequenos" riscos da sociedade atual não deveriam ser tratados pelo Direito Penal, que está
cada vez mais inchado de condutas que poderiam ser tratadas por outros ramos; as legislações estão
colocando no D. Penal condutas que seriam punidas administrativamente - por isso "administrativização do
Direito Penal".
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca
proibidas.
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#DEOLHONAJURIS (In) aplicabilidade do princípio da bagatela no caso do crime previsto no art. 34 da Lei
9.605/98: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da
Lei 9.605/98. Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de
método não permitido. STF. 1ª T. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/5/18 (Info 901). Outro caso
concreto: realização de pesca com rede de oitocentos metros e apreensão de oito quilos de pescados. STF.
2ª T. HC-AgR 163.907-RJ. Relª Min. Cármen Lúcia, j. 17/03/20.
OBS: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não
se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto
do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal.
Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou
utilizá-la com infringência das normas de proteção:
#DICAS
Art. 38, LCA: destruir ou danificar FLORESTA considerada de preservação permanente.
FLORESTA = formação arbórea densa, de alto porte, que recobre área de terra mais ou menos extensa.
Suprimir vegetação marginal não se enquadra no tipo mencionado.
Nem sempre a degradação em APP vai ser considerada ilícita, pode ser feita com autorização.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
#AOCP #PCPA #SELIGA (PCPA-2021-AOCP): De acordo com a Lei nº 9.605/1998 (crimes contra o meio
ambiente), a pena mínima de reclusão prevista àquele que, dolosamente, provoca incêndio em mata ou
floresta é de dois anos. art. 41, caput, LCA.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à
saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
§ 1º Se o crime é culposo:
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§ 2º Se o crime:
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas
afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma
comunidade;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas,
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir
a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
#DEOLHONAJURIS O delito previsto na 1ª parte do art. 54 da Lei 9.605/98 possui natureza formal, sendo
suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo,
portanto, a realização de perícia. STJ. 3ª S. EREsp 1417279/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 11/04/18 (Info
624).
#DOUTRINA Crimes de acumulação ou crimes de dano cumulativo: Esta classificação tem origem na
Dinamarca (“kumulations delikte”), e parte da seguinte premissa: determinadas condutas
são incapazes, isoladamente, de ofender o valor ou interesse protegido pela norma penal. Contudo, a
repetição delas, cumulativamente consideradas, constitui crime, em face da lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico. Ex.: Embora o comportamento seja imoral e ilícito, quem joga lixo uma única vez e em
quantidade pequena às margens de um riacho não comete o crime de poluição. Porém, se esta conduta for
reiterada, surgirá o delito tipificado no art. 54 da Lei 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais. (Fonte: MASSON,
Cleber. Direito Penal – Parte Geral, Ed. Método, 2019, p. 186).
#LEISECASALVA
Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as disposições
desta Lei:
§ 1.º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe:
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II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
II - Enfermidade incurável ;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem promove, intermedeia, facilita ou aufere qualquer vantagem
com a transação.
Art. 16. Realizar transplante ou enxerto utilizando tecidos, órgãos ou partes do corpo humano de que se tem
ciência terem sido obtidos em desacordo com os dispositivos desta Lei:
Art. 17 Recolher, transportar, guardar ou distribuir partes do corpo humano de que se tem ciência terem sido
obtidos em desacordo com os dispositivos desta Lei:
Pena - reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, de 100 a 250 dias-multa.
Art. 18. Realizar transplante ou enxerto em desacordo com o disposto no art. 10 desta Lei e seu parágrafo
único:
Art. 19. Deixar de recompor cadáver, devolvendo-lhe aspecto condigno, para sepultamento ou deixar de
entregar ou retardar sua entrega aos familiares ou interessados:
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Art. 20. Publicar anúncio ou apelo público em desacordo com o disposto no art. 11:
#LEISECASALVA
Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire,
oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido
com violação de direito autoral.
§ 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo:
I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou fundação instituída pelo poder público;
II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de arrecadação tributária ou
prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações de consumo.
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos casos de violação de direito de
autor de programa de computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a apreensão das
cópias produzidas ou comercializadas com violação de direito de autor, suas versões e derivações, em poder
do infrator ou de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou comercializando.
Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado poderá intentar ação para proibir ao infrator a
prática do ato incriminado, com cominação de pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito.
§ 1º A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a de perdas e danos pelos prejuízos
decorrentes da infração.
§ 2º Independentemente de ação cautelar preparatória, o juiz poderá conceder medida liminar proibindo ao
infrator a prática do ato incriminado, nos termos deste artigo.
§ 3º Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca e apreensão observarão o disposto no artigo
anterior.
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§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defesa dos interesses de qualquer das partes,
informações que se caracterizem como confidenciais, deverá o juiz determinar que o processo prossiga em
segredo de justiça, vedado o uso de tais informações também à outra parte para outras finalidades.
§ 5º Será responsabilizado por perdas e danos aquele que requerer e promover as medidas previstas neste e
nos arts. 12 e 13, agindo de má-fé ou por espírito de emulação, capricho ou erro grosseiro, nos termos dos
arts. 16, 17 e 18 do Código de Processo Civil.
#LEISECASALVA
Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir LOCAL RESTRITO AOS COMPETIDORES
em eventos esportivos: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 1o Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
I - PROMOVER TUMULTO, PRATICAR OU INCITAR A VIOLÊNCIA NUM RAIO DE 5.000 (CINCO MIL) METROS
AO REDOR DO LOCAL de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da
realização do evento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
II - PORTAR, DETER OU TRANSPORTAR, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia
de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 2o Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em pena impeditiva de
comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo,
pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente
ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 3o A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que
se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-C. SOLICITAR OU ACEITAR, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial
ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição
esportiva ou evento a ela associado: (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
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Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-D. DAR OU PROMETER vantagem patrimonial ou não patrimonial com o FIM DE ALTERAR OU
FALSEAR O RESULTADO de uma competição desportiva ou evento a ela associado: (Redação dada pela
Lei nº 13.155, de 2015)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-E. FRAUDAR, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado
de competição esportiva ou evento a ela associado: (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete: (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-G. Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao
estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o agente for servidor público,
dirigente ou funcionário de entidade de prática desportiva, entidade responsável pela organização da
competição, empresa contratada para o processo de emissão, distribuição e venda de ingressos ou torcida
organizada e se utilizar desta condição para os fins previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299,
de 2010).
DIREITO PENAL
Faaala galera, chegamos a reta finalíssima da nossa prova PC/GO, preparamos essa revisão
visando os pontos mais importantes para a sua prova! Leia com atenção o nosso material e não
negligencie em nenhum ponto do edital, pois é no detalhe que mora a aprovação.
Caso, e somente caso, você não tenha tempo de ler todo o NFPSS procure pela #APOSTACICLOS,
você encontrará os pontos do edital que são a cara da Banca Examinadora. Vamos lá?
PONTO: Introdução ao direito penal. 1.1 Conceito, características, velocidades e função do direito penal.
1.2 Princípios básicos do direito penal. 1.3 Relações com outros ramos do direito. 1.4 Direito penal e
política criminal. 1.5 Escolas penais, garantismo, funcionalismo e direito penal do inimigo. 2 A lei penal.
2.1 Características, fontes, classificações, analogia, interpretação, vigência e aplicação. 2.2 Lei penal no
tempo e no espaço. 2.3 Imunidade. 2.4 Condições de punibilidade. 2.5 Conflito aparente de normas. 2.6
Lei penal em branco. 3 Teoria geral do crime. 3.1 Conceito, objeto, sujeitos, conduta, tipicidade,
culpabilidade. 3.2 Bem jurídico. 3.3 Tempo e lugar do crime. 3.4 Punibilidade. 3.5 Concurso de crimes e
crime continuado. 3.6 Fato típico: conduta; resultado; relação de causalidade e tipicidade. 4 Teoria do
tipo. 4.1 Crime doloso e crime culposo. 4.2 Crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso. 4.3
Erro de tipo. 4.4 Classificação jurídica dos crimes. 4.5 Crimes comissivos e omissivos. 4.6 Crimes de dano
e de perigo. 4.7 Punibilidade: causas de extinção da punibilidade. 4.8 Iter criminis. 4.9 Consumação e
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tentativa. 4.10 Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 4.11 Arrependimento posterior. 4.12
Crime impossível.
INTRODUÇÃO
De acordo com Cleber Masson, o Direito Penal é um conjunto de princípios e regras destinados a combater
o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal. Cuida-se de ramo do Direito
Público, imposto a todas as pessoas, de maneira que o Estado é o titular exclusivo do direito de punir.
-É uma ciência;
-É cultural;
-É normativo (estudo da lei penal);
-Estabelece a sua própria escala de valores;
-É finalista (proteção de bens jurídicos fundamentais);
-Constitutivo (quando protege interesses não regulados em outras áreas do Direito);
-Sancionador (acrescenta a proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outras áreas do Direito);
-Fragmentário (não tutela todos os interesses, mas somente os mais importantes).
#SAIBADIFERENCIAR
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL
Analisa fatos humanos, Ciência empírica que estuda o Trabalha as estratégias e meios
definindo quais devem ser crime, a pessoa do criminoso, de controle social da
rotulados como infrações da vítima e o comportamento criminalidade. O crime é visto
penais, anunciado as da sociedade. O crime é visto enquanto valor.
respectivas sanções. O crime enquanto fato.
é visto enquanto norma.
*Retirado do livro de Rogério Sanches – Manual de Direito Penal, 2014, Ed. JusPodivm, página 36.
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#DEOLHONAJURIS Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as
condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual
ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua
dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716 (LEI CRIMES DE RACISMO), de 08.01.1989,
constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar
motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”); 2. A repressão penal à prática da homotransfobia
não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação
confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos
muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito
de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu
pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos
sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e
conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço,
público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem
discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou
a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero; 3. O
conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos
estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção
de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle
ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da
humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao
estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos
e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência
de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do
sistema geral de proteção do direito. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgados em em 13/6/2019 (Info 944). #IMPORTANTE
#DEOLHONAJURIS Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao
extraditando não era punida como crime no Brasil. Não se deve conceder a extradição se, na época do
fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no Brasil, ainda que, no momento
do pedido de extradição, já exista lei tipificando como infração penal. Isso porque seria uma ofensa à
irretroatividade da lei penal brasileira. Ex: extraditando financiou grupo terrorista em 2013; ocorre que a
Lei de Terrorismo somente foi editada em 2016 (Lei nº 13.260/2016). STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946).
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Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista que pretendia
tomar o poder caracteriza-se como crime político. Não se deve conceder a extradição se a conduta do
extraditando de financiar grupo terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime
político, tendo em vista a vedação prevista no art. 5º, LII, da CF/88. STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 6/8/2019 (Info 946).
Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de instabilidade
política. Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de
instabilidade política, tendo ocorrido a demissão de juízes e a prisão de opositores do governo. Isso
porque, neste caso, haveria o risco de o extraditando ser submetido a um tribunal ou juízo de exceção
(art. 82, VIII, da Lei nº 13.445/2017). STF. 2ª Turma. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
6/8/2019 (Info 946).
#DEOLHONAJURS #INSIGNIFICÂNCIA
Furto simples: É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de um
carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes
criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).
Furto noturno: É possível a aplicação do princípio da insignificância em face de réu reincidente e realizado no
período noturno. Na espécie, trata-se de furto de R$ 4,15 em moedas, uma garrafa pequena de
refrigerante, duas garrafas de 600 ml de cerveja e uma de 1 litro de pinga, tudo avaliado em R$ 29,15.
STF. 2ª Turma. HC 181389/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/04/2020 (Info 973)
Furto qualificado: Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando
presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida A despeito da presença de
qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material
da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato
imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553.872 - SP, Rel.
Min.Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665)
Descaminho: O princípio da insignificância incide nos crimes federais de natureza tributária, especialmente
no descaminho (CP, art. 334), quando o tributo devido não ultrapassa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), de acordo com a jurisprudência do STF e STJ. #ATENÇÃO: O princípio da insignificância não é
aplicável ao delito de contrabando, tipificado no art. 334-A do Código Penal, em face da natureza proibida
da mercadoria importada ou exportada. Este crime não tem natureza tributária.
Princípio da insignificância e reincidência: A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça
a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. Apesar disso, na prática,
observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicação do princípio da insignificância caso
o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. STF. Plenário. HC 123108/MG,
HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793).
Princípio da insignificância e aplicação do regime aberto: Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao
condenado por furto, mesmo ele sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído. A
reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz
dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a
absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado
condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime
inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção
jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade. STF. 1ª
Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).
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patrimoniais. É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de
um carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes
criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).
A existência de antecedentes criminais (habitualidade criminosa) pode servir como argumento do juiz para
afastar a aplicação do princípio da insignificância? Sim. No entanto, não se trata de uma vedação absoluta,
podendo ser, excepcionalmente, aplicado o princípio, com base nas circunstâncias do caso concreto.
Teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos: O que significa isso? É possível aplicar
o princípio da insignificância mesmo havendo essa condenação, porque a contumácia de infrações penais
que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado pela norma penal (a exemplo da lesão corporal)
não pode ser valorada como fator impeditivo à aplicação do princípio da insignificância. STF. 2ª Turma.
HC 114723/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/8/2014 (Info 756)
#APOSTACICLOS É vedada a utilização de inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do
art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006. REsp 1.977.027-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por
unanimidade, julgado em 10/08/2022 (Tema 1139).
#APOSTACICLOS Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante,
ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se de alguém que se
dedica, com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS:
Súmula 589 - STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticadas
contra a mulher no âmbito das relações domésticas”.
Súmula 599 - STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
ESCOLAS PENAIS
#RESUMEAÍPROF
Século das luzes – Beccaria, Carrara. Utilizavam o método racionalista e dedutivo
(lógico) e eram jusnaturalistas, de maneira que acreditavam que as normas
naturais prevaleciam sobre o direito posto. O crime tinha um conceito
ESCOLA CLÁSSICA
meramente jurídico, tendo como sustentáculo o direito natural;
predominava o livre-arbítrio; pena como forma de retribuição; tendência de
eliminar penas corporais.
Lombroso, Ferri, Rafael Garofalo – os estudos biológicos e sociológicos
ESCOLA POSITIVA
assumiram relevante importância (ex. criminologia).
CORRECIONALISMO A pena tem a finalidade de corrigir a injusta e perversa vontade do criminoso,
PENAL não sendo fixa e determinada.
TECNICISMO Arturo Rocco delimitou o método de estudo do Direito Penal como o positivo,
JURÍDICO-PENAL restrito às leis vigentes.
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O direito penal tem limites impostos pelo próprio direito penal, outros ramos do
direito e pela sociedade.
FUNCIONALISMO
O direito penal dialoga com os demais ramos do direito.
PENAL
O direito penal deve ser aplicado conforme os interesses legítimos da sociedade,
é um instrumento que a sociedade tem para ajudar a resolver os seus
problemas.
Funcionalismo racional teleológico (guiado pelo bom senso, o direito penal ajuda
a sociedade protegendo bens jurídicos).
A função do direito penal é proteger bens jurídicos.
Escola de Munique.
• Funcionalismo radical, monista, sistêmico: Jakobs – Escola de Bom.
O direito penal só deve respeitar os limites impostos pelo próprio direito penal.
O direito penal é um sistema próprio de regras e valores que independe dos
demais ramos do direito (sistema fechado).
Jesus-Maria Silva Sánches – o direito penal possui 2 velocidades:
1ª velocidade – direito penal da prisão/nuclear, crimes que levam à pena
VELOCIDADES DO privativa de liberdade + garantista/lento;
DIREITO PENAL 2ª velocidade – sem prisão/periférico, penas alternativas/que não levam à
prisão + flexibilização de direitos e garantias fundamentais/célere, ex.
institutos do JECRIM.
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Efeitos:
-Antecipação da tutela penal (direito penal preventivo). A regra é que são
punidos atos de execução; já no direito penal do inimigo são punidos atos
preparatórios com a mesma pena do crime consumado.
Ex. lei 13.260/16 (lei de terrorismo) – art. 5º.
Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de
consumar tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a
metade.
§ 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos
de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país
distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência
ou nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou
viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena
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LEI PENAL
A lei penal é a fonte formal imediata do direito penal, ou seja, só ela pode criar crimes e cominar penas.
Estrutura = preceito primário (definição da conduta criminosa) + preceito secundário (pena).
CLASSIFICAÇÃO
criam crimes e cominam penas. Estão previstas na parte especial do CP e
NORMAS PENAIS
legislação extravagante. Não há normas penais incriminadoras na parte geral
INCRIMINADORAS
do CP.
não criam crimes nem cominam penas. Estão previstas na parte geral do CP
(regra), na parte especial e legislação extravagante.
ESPÉCIES:
Permissivas – autorizam a prática de condutas típicas (causas de exclusão da
ilicitude, aborto permitido);
Exculpantes – prevê exclusão da culpabilidade ou impunidade de determinados
NORMAS PENAIS
delitos (ex. inimputabilidade, retratação no falso testemunho/perícia);
NÃO
Interpretativas – esclarecem o alcance, o significado de outras normas penais (ex.
INCRIMINADORAS
conceito de funcionário público); de aplicação, finais ou complementares –
estabelecem o campo de validade da legislação penal (ex. a lei penal aplica-se
ao território nacional);
Diretivas – estabelecem os princípios vetores do direito penal (ex. princípio da
reserva legal); integrativas, complementares, de extensão – complementam a
tipicidade (ex. tentativa, participação, crimes omissivos impróprios).
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109
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Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Art. 4º CP – momento da ação ou omissão (teoria da atividade). Aplica-se aos crimes materiais (causais), pois
o tipo penal prevê conduta + resultado naturalístico, e exige a produção deste último para a consumação.
Nos crimes formais e de mera conduta a consumação se dá com a prática da conduta.
Efeito = aferição da imputabilidade penal. Ex. no momento da conduta ainda não tinha 18 anos de idade ->
processo e julgamento de acordo com o ECA.
#DEOLHONASÚMULA
Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Crime permanente = a consumação se prolonga no tempo, pela vontade do agente. A prisão em flagrante é
possível enquanto durar a permanência. A prescrição só começa a fluir a partir da data que se encerra a
permanência.
Exemplo: extorsão mediante sequestro (art. 159, CP) – O crime se consuma com a conduta: privação da
liberdade da vítima. Entretanto, ele continua se consumando até a restauração da liberdade da vítima.
De acordo com a Súmula nº 711/STF, aplica-se, para todo crime permanente, a lei vigente na data de sua
cessação, mesmo que seja mais grave, pois o delito também foi praticado depois da entrada em vigor da
lei mais grave.
Crime continuado = art. 71 CP – teoria da ficção jurídica: o crime continuado é composto por crimes
parcelares, que por ficção jurídica, para fins de aplicação de pena, considera-se um crime só. Aplica-se a
lei mais grave para toda a série continuada, pois o crime também foi praticado quando veio a novel lei
mais grave.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Teoria da ubiquidade (mista): Só se aplica aos crimes à distância/de espaço máximo (conduta e resultado
ocorrem em países diversos). O que está em jogo é a soberania dos países envolvidos.
Exemplo: “A” atira em “B” no Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu. “B” morre no Paraguai. O lugar do crime
será o Brasil e o Paraguai. Neste caso, “A” pode ser julgado tanto no Brasil quanto no Paraguai, pois o
crime afetou interesses dos dois países.
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#ATENÇÃO: como o agente pode ser processado, julgado, condenado e pode cumprir penas em dois países,
o CP traz uma regra para evitar o bis in idem (art. 8º): “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.”
Não se confunde com os crimes plurilocais/de espaço mínimo (a conduta e o resultado ocorrem em comarcas
diversas, dentro do mesmo país). A questão aqui é de competência.
CPP, art. 70: “A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.”
A regra, no caso de crimes plurilocais, é a adoção da teoria do resultado.
#NÃOESQUECE Exceções: 9099/95; crimes dolosos contra a vida (teoria da atividade).
LEI PENAL NO ESPAÇO E DIREITO PENAL INTERNACIONAL
#NÃOCONFUNDA
a) PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE ATIVA – o agente é brasileiro, é punido de acordo com a lei
brasileira, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico violado.
Art. 7, I, d (genocídio à brasileiro); art., 7, II, b (crimes praticados por brasileiros).
b) PRINCÍPIOS DA PERSONALIDADE PASSIVA – contra vítima brasileira. Art. 7, § 3.
c) PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO – o agente é julgado pela lei do país em que domiciliado (ex.
genocídio).
d) PRINCÍPIO DA DEFESA, REAL, DA PROTEÇÃO – art. 7, I, a, b, c – o crime atinge um bem jurídico
pertencente ao Brasil.
e) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL (COSMOPOLITA, JUSTIÇA DA COMPETÊNCIA/JURISDIÇÃO
UNIVERSAL) – repressão mundial, universalidade do direito de punir, cooperação penal
internacional. Todos os países podem punir, pois a punição do crime interessa a todos. Art. 7,
II, a.
f) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO, BANDEIRA, PAVILHÃO, SUBSTITUIÇÃO, SUBSIDIÁRIO – art.
7, II, c – praticados em aeronaves e embarcações brasileiras privadas, quando em território
estrangeiro, mas ali não sejam julgadas.
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CONTAGEM DE PRAZO
Art. 10 CP: contagem de prazo – o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo e exclui-se o dia do final.
Prazo é o intervalo de tempo dentro do qual se estabelece a prática do ato.
Todo prazo tem um termo inicial e um termo final.
Ex. pena de 1 ano – começou a ser cumprida em 10/01/2020, o prazo de encerra no dia 09/01/2021.
O mesmo vale para prescrição.
No processo penal é o oposto – exclui o dia do começo e inclui o dia final. Ex. intimado 10/01/2021 e o prazo
para interpor o recurso é de 5 dias – ou seja, o último dia do prazo é dia 15/01/2021.
Isso se fundamenta para proteger o réu.
#DEOLHONASÚMULA Súmula 310 STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se
não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
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✓ Calendário comum é também chamado de calendário gregoriano. Trata-se de calendário que considera
um dia como o intervalo entre a meia-noite do dia anterior até a meia-noite do dia seguinte. Os meses,
por sua vez, são calculados pelo número correspondente a cada um deles, pouco importando o número
de dias de cada um deles. Situação 1: Imagine a pena de 1 mês de prisão em regime fechado. O agente
começa a cumprir a pena em 10/10/2021. Neste caso, a pena estará cumprida em 09/11/2021. Situação
2: O agente começa a cumprir a pena em 10/02/2021. Neste caso, a pena estará cumprida em 09/03/2021
(lembrando que fevereiro possui menos dias que todos os outros meses). Nas duas situações
apresentadas, a pena era a mesma (1 mês), mas foi cumprida de forma diferenciada entre os agentes. O
agente da situação 1 cumpriu uma pena maior do que o agente da situação 2. Essa injustiça prática é
justificada pela própria segurança jurídica, pois seria inviável que os servidores ficassem contando dia por
dia das penas.
Frações não computáveis da pena: desprezam-se nas penas as frações de dia e de real. Ex. desprezam-se as
horas e centavos.
Legislação especial: As regras gerais estão na parte geral e é o núcleo fundamental do direito penal. Assim,
aplicam-se à legislação especial, se não houver regra específica. Princípio da convivência das esferas
autônomas.
#SELIGANALEI
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.
Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser
de modo diverso.
TEORIA DO TIPO
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A teoria finalista da conduta foi adotada pelo Código Penal, pois como veremos adiante o erro constitutivo
do tipo penal exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Isso demonstra
que o dolo e a culpa se inserem na conduta.
#ATENÇÃO
CRIME COMISSIVO COMISSIVO POR OMISSÃO (OMISSIVO
IMPRÓPRIO)
relação de causalidade física ou natural que enseja relação de causalidade normativa, o
resultado naturalístico, ex. eu mato alguém. descumprimento de um dever leva ao resultado
naturalístico, ex. uma babá fica no instagram e
não vê a criança engolir produtos de limpeza – se
tivesse agido teria evitado o resultado.
#NÃOCONFUNDA
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO
Dever de agir Dever de agir para evitar o resultado
Dever de agir decorre do próprio tipo legal. Dever de agir (e evitar resultado) decorre de cláusula
Basta a não realização da conduta valiosa. geral (art. 13, §2º, CP).
RESULTADO NATURALÍSTICO
É considerado como mudança do mundo real provocado pela conduta do agente. Nos crimes materiais exige-
se um resultado naturalístico para a consumação, ex. o homicídio tem como resultado naturalístico um
corpo sem vida.
Nos crimes formais, o resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua ocorrência é irrelevante
para o Direito Penal, ex. auferir de fato vantagem no crime de corrupção passiva é mero exaurimento.
Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um resultado naturalístico, ex. invasão
de domicílio – nada muda no mundo exterior.
#NÃOCONFUNDA O resultado normativo/jurídico ocorre em todo e qualquer crime, isto é, lesão ao bem
jurídico tutelado pela norma penal.
NEXO DE CAUSALIDADE
Consiste no vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico ocorrido no mundo exterior. No
Brasil adotamos a Teoria da Equivalência dos Antecedentes (conditio sine qua non), que considera causa
do crime toda conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Em contraposição a essa teoria, existe a Teoria da Causalidade Adequada, adotada parcialmente pelo
sistema brasileiro. Trata-se de hipótese de concausa superveniente relativamente independente que, por
si só, produz o resultado.
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• Supervenientes: Dou veneno ao meu desafeto, mas antes de fazer efeito alguém o mata.
Nas concausas absolutamente independente: O AGENTE SÓ RESPONDE POR TENTATIVA, PORQUE O
RESULTADO SE DEU POR CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE. SE SUBTRAIR A CONDUTA DO
AGENTE, O RESULTADO TERIA OCORRIDO DE QUALQUER JEITO (TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
ANTECEDENTES).
As CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES, se unem a outras circunstâncias para produzir o
resultado, podem ser:
• Preexistente: O agente provoca hemofilia no seu desafeto, já sabendo de sua doença, que vem a
óbito por perda excessiva de sangue. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e ele teve dolo,
logo, o agente responde pelo resultado (homicídio consumado), conforme a teoria da equivalência
dos antecedentes.
• Concomitante: Doses de veneno se unem e levam a óbito a vítima. Sem sua conduta o resultado não
teria ocorrido e existe dolo, logo, o agente responde pelo resultado (homicídio consumado),
conforme a teoria da equivalência dos antecedentes.
• Superveniente: Aqui tudo muda, pois é utilizada a teoria da causalidade adequada. Se a concausa
não é um desdobramento natural da conduta, o agente só responde por tentativa, ex. eu dou um
tiro no agente, mas ele morre em um acidente fatal dentro da ambulância. Todavia, se a concausa é
um desdobramento da conduta do agente, ele responde pelo resultado, ex. infecção generalizada
gerada pelo ferimento do tiro (homicídio consumado).
TIPICIDADE
Consiste na subsunção – adequação da conduta do agente a uma previsão típica. Algumas vezes é necessário
usar mais de um tipo penal para fazer a subsunção (conjugação de artigos).
Ainda dentro do fato típico, vamos analisar DOLO E CULPA. Com o finalismo (Hans Welzel), o dolo e a culpa,
que são elementos subjetivos, foram transportados da culpabilidade para o fato típico (conduta). Assim,
a conduta passou a ser definida como ação humana dirigida a um fim.
#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS São atípicas as condutas de submeter-se à vacinação contra covid-19 em
local diverso do agendado e/ou com aplicação de imunizante diverso do reservado e/ou de submeter-se
à vacinação sem a realização de agendamento. AgRg no RHC 160.947-CE, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022. (Info 752 - STJ)
DOLO
DOLO vontade livre e consciente de praticar o crime
DIRETO
DOLO assunção do risco produzido pela conduta
EVENTUAL
#TABELALOVERS
Vontade de praticar a conduta descrita no tipo penal sem nenhuma
DOLO GENÉRICO
outra finalidade
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DOLO ESPECÍFICO (ESPECIAL O agente pratica a conduta típica por alguma razão especial.
FIM DE AGIR)
DOLO DIRETO DE PRIMEIRO A vontade é direcionada para a produção do resultado.
GRAU
O agente possui uma vontade, mas sabe que para atingir sua finalidade
existem efeitos colaterais que irão necessariamente lesar outros
DOLO DIRETO DE SEGUNDO
bens jurídicos.
GRAU (DOLO DE
CONSEQUÊNCIAS
Ex. dolo direto de primeiro grau é atingir o Presidente, dolo direto de
NECESSÁRIAS)
segundo grau é atingir o motorista do Presidente, ao colocar uma
bomba no carro.
DOLO GERAL, POR ERRO Ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado seu objetivo,
SUCESSIVO, ABERRATIO pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se
CAUSAE (ERRO DE constata que esta última foi a que efetivamente causou o resultado.
RELAÇÃO DE Ex. enforco e depois atiro no lago, e a vítima morre de afogamento.
CAUSALIDADE)
O dolo antecedente é o que se dá antes do início da execução. O dolo
DOLO ANTECEDENTE, ATUAL atual é o que está presente durante a execução. O dolo subsequente
E SUBSEQUENTE ocorre quando o agente inicia a conduta com finalidade lícita, mas
altera o seu ânimo e passa a agir de forma ilícita.
CULPA
No crime culposo, a conduta do agente viola um dever de cuidado:
➔ Negligência: o agente deixa de fazer algo que deveria.
116
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#ATENÇÃO Não existe no Direito Penal brasileiro compensação de culpas, de maneira que cada um deve
responder pelo o que fez. Outro ponto interessante é que o crime preterdoloso é uma espécie de crime
qualificado pelo resultado. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime é culposo: Dolo na
conduta inicial e culpa no resultado que ocorreu.
#OLHAOGANCHO
CONSUMAÇÃO X TENTATIVA
Nos crimes tentados, por não haver consumação (resultado naturalístico), não estarão presentes resultado
e nexo de causalidade. Eventualmente, a tentativa pode provocar resultado naturalístico e nexo causal,
mas diverso do pretendido pelo agente no momento da prática criminosa.
O CP adotou a teoria dualística/realista/objetiva da punibilidade da tentativa. Assim, a pena do crime
tentado é a pena do crime consumado com diminuição de 1/3 a 2/3 (varia de acordo o quanto chegou
perto do resultado). Isso ocorre porque o desvalor do resultado para a sociedade é menor.
#ATENÇÃO #NOMENCLATURADIFERENTE
Tentativa cruenta (carne) ou vermelha (sangue): é aquela em que o objeto material (pessoa ou coisa que
suporta a conduta criminosa) é atingido.
Tentativa incruenta ou branca: o objeto material não é atingido.
Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: essa divisão diz respeito aos atos executórios que o agente tinha
a sua disposição. O agente esgota os atos executórios que tinha a sua disposição e, ainda assim, o crime
não se consuma por circunstâncias alheias a sua vontade. Ex: errou os seis tiros do revólver.
Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: o agente não esgota os atos executórios
que tinha a sua disposição. É compatível com a desistência voluntária, em que o agente interrompe a
execução por vontade própria. Caso interrompa a execução por circunstâncias alheia, trata-se de tentativa
imperfeita.
#MACETE: CHOUP CULPOSO
CONTRAVENÇÃO PENAL
CRIME HABITUAL
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS
CRIMES UNISUBSISTENTES
CRIME PRETERDOLOSO
CRIME CULPOSO
#ATENÇÃO NA CULPA IMPRÓPRIA ADMITE-SE TENTATIVA (CAI MUITO).
#OLHAOGANCHO2
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Desistência voluntária e arrependimento eficaz são hipóteses de tentativa abandonada (de tentativa só tem
nome, pois as circunstâncias não são alheias). Na tentativa abandonada o crime não se consuma pela
vontade do agente.
Fórmula de Frank “posso prosseguir, mas não quero” (tentativa abandonada ) x “quero prosseguir mas não
posso” (tentativa).
Confuso??? Vamos de tabela:
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO ARREPENDIMENTO POSTERIOR (Art. 16 CP)
EFICAZ (Art. 15 CP)
PONTE DE OURO PONTE DE PRATA
O agente desiste de dar continuidade ao que se O agente responsável pelo crime praticado sem
propôs, por circunstâncias inerentes à sua violência ou grave ameaça à pessoa,
vontade (#ATENÇÃO é diferente da tentativa) voluntariamente e até o recebimento da
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TEORIA DO ERRO
#NÃOCONFUNDA Enquanto no erro de tipo o agente não sabe o que faz, no erro de proibição o agente
SABE O QUE FAZ (não esqueça!!), todavia, ignora ou desconhece o caráter ilícito de seu ato.
ERRO DE PROIBIÇÃO = HOLANDÊS QUE FAZ USO DE MACONHA NO BRASIL
ERRO DE TIPO = MOCHILA DO COLEGA (Exemplo: Aluno que por estar atrasado para determinado
compromisso, sai apressadamente da sala de aula e acaba por levar mochila de colega que é muito
parecida com a sua.)
#DEOLHONATABELA:
ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO
O agente possui falsa percepção da realidade. O agente possui a concepção correta da
realidade. Todavia, equivoca-se quando a
regra da conduta efetuada.
O agente não sabe o que faz. O agente sabe o que faz, mas ignora ou pensa
não ser proibido.
MOCHILA DO AMIGO HOLANDÊS QUE FAZ USO DE MACONHA NO
BRASIL
ERRO DE TIPO
118
047.542.386-05
#OLHAOGANCHO
ERRO DE TIPO PSÍQUICAMENTE CONDICIONADO -> se relaciona com a incapacidade psíquica de dolo, em
que o agente, diante de um mal psíquico como uma alucinação ou uma ilusão, não tem capacidade de
conhecer os elementos do tipo. Zaffaroni e Pierangeli usam o seguinte exemplo:
Mévio, lenhador, está trabalhando já há mais de 12 horas cortando árvores com seu afiado machado. Quando
passa para a árvore seguinte, sofrendo uma ilusão de ótica pelo seu cansaço, confunde as pernas de seu
amigo Lupércio com o tronco de uma árvore, lesionando-o. Neste caso, pode-se dizer que Mévio agiu em
ESTADO DE ERRO DE TIPO PSQUICAMENTE CONDIONADO.
Os autores afirmam que o “sujeito que é capaz de conduta e que realiza uma conduta que preenche os
requisitos de um tipo objetivo, pode, sem embargo, carecer de capacidade psíquica para conhecer os
elementos exigidos pelo tipo objetivo, isto é, não ter capacidade psíquica de dolo, ou, o que é o mesmo,
encontrar-se num estado de erro de tipo psiquicamente condicionado”.
119
047.542.386-05
Trata-se da hipótese que o agente confunde o objeto material (coisa) visado no crime, atingindo outro
diferente do desejado.
Exemplo: Ciclano ingressa numa loja para subtrair um relógio de ouro, mas acaba furtando um relógio
dourado, mera imitação barata, por tê-lo confundido com o original.
No erro sobre o objeto o agente é punido pela conduta efetivamente praticada, considerando-se somente o
objeto realmente atingido.
b) Erro de tipo acidental sobre a pessoa
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que
pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código (leva-se em conta a vítima virtual). No caso de ser
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
#DOUTRINA: O art. 73 consagra a teoria da equivalência ou a teoria da concretização? O art. 73 do CP dispõe
que nas situações de acidente ou erro no uso dos meios de execução, em que o agente, no lugar de atingir
a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa, considera-se praticado o crime como se tivesse sido atingida
pessoa visada no início. O fundamento, no caso, é a teoria da equivalência porque a lei trata o objeto
jurídico lesado como equivalente ao que o agente pretendia lesar. Se aplicada a teoria da concretização,
isso não ocorreria, e o agente iria responder de acordo com o bem jurídico concretamente atingido.
Duas as possibilidades de erro na execução:
UNIDADE SIMPLES OU RESULTADO ÚNICO UNIDADE COMPLEXA OU RESULTADO
DUPLO
o agente atinge somente pessoa diversa da O agente atinge a pessoa desejada e também
desejada. Qual a semelhança do erro pessoa diversa. Nesse caso, ele responde
sobre a pessoa? Nos dois casos temos pelos dois crimes em concurso FORMAL.
uma vítima virtual e real. Na unidade
simples não há confusão alguma. Mirou
na pessoa certa, mas errou.
#NÃOCONFUNDA #ATENÇÃO
ERRO QUANTO À PESSOA – ART. 20, §3º. ERRO NA EXECUÇÃO OU ABERRATIO ICTUS– ART.
73.
Há equívoco na representação da vítima Há a representação correta da vítima pretendida.
pretendida.
A execução do crime é correta, não há falha A execução do crime sai errado, há falha
operacional. operacional (erro de pontaria).
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A pessoa visada não corre perigo, pois é confundida A pessoa visada corre perigo, não sendo
com outra pessoa. confundida.
Nos dois casos o agente responde pelo crime cometido considerando as qualidades da vítima
virtual/pretendida.
#RESUMINDO
No erro sobre a pessoa a execução é perfeita o agente atinge vítima equivocadamente representada
(achou que era mas não era fulano).
No erro na execução/ aberratio ictus o agente representa bem a vítima mas a erra na execução do crime
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se
ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (concurso formal de
crimes).
Resultado é no sentido de crime diverso do pretendido. O agente queria praticar um crime, mas por erro
acabou praticando um crime diverso. Conforme leciona Rogério Sanches, o resultado diverso do
pretendido também é erro na execução, todavia, trata-se de lesão a bem jurídico diverso. Há erro de
pontaria.
#NÃOCONFUNDA
ART. 73 CP ART. 74 CP
O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem O agente, em razão do erro, acaba por atingir bem
jurídico pretendido. jurídico diverso.
#ATENÇÃO agente responde pelo crime efetivamente
ocorrido a título de culpa (se houver tal previsão).
ERRO SOBRE NEXO CAUSAL EM SENTIDO ESTRITO DOLO GERAL, ABERRATIO CAUSAE OU ERRO
SUCESSIVO
mediante um só ato o agente provoca o resultado através da pluralidade de atos, o agente provoca o
pretendido, porém com nexo diferente. resultado pretendido, também com nexo
diferente.
Exemplo: Concorrente do ciclano atira Fulano de Exemplo: Concorrente do ciclano atira em Fulano,
um penhasco, para que este morra afogado, e supondo que este já estava morto, resolve
porém, durante a queda Fulano tem a cabeça jogá-lo em um rio, causando a sua morte por
explodida por uma rocha e morre afogamento.
instantaneamente.
No delito putativo por erro de tipo, o agente deseja e pensa estar praticando crime, mas comete fato atípico
pois na sua conduta faltam elementos da definição típica.
#VAMOSDETABELA #DIRETODAFUC
ERRO DE TIPO ESSENCIAL DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
Há uma falsa percepção da realidade, pois o agente não sabe o que faz.
O agente imagina estar praticando indiferente O agente imagina estar praticando fato típico.
penal. Acha estar agindo licitamente. Imagina estar agindo ilicitamente. (SE
ACHANDO O CRIMINOSOOOOO!!)
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O agente pratica o tipo penal sem querer. O agente pratica um fato atípico sem querer
(crime imaginário).
EX: Agente que atira contra pessoa imaginando ser EX: Agente que atira contra boneco de cera
animal selvagem. imaginando ser pessoa.3
ERRO DE PROBIÇÃO
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
PONTO: 5. Ilicitude. 5.1. Causas de exclusão da ilicitude: estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. 6. Teoria geral da culpabilidade. 6.1.
Fundamentos, conceito, elementos e conteúdo. 6.2. Princípio de culpabilidade. 6.3. Culpabilidade e
pena. 6.4. Causas de exclusão da culpabilidade. 6.5. Imputabilidade. 6.6. Erro de proibição. 7. Concurso
122
047.542.386-05
ILICITUDE
CONCEITO4
Ilicitude é a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de
lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados.
O juízo de ilicitude é posterior e depende do juízo de tipicidade, de forma que todo fato penalmente ilícito
também é, necessariamente típico.
ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE?
Para uma corrente, o segundo substrato do crime é a ilicitude, não podendo falar em antijuridicidade. É
sabido que na teoria geral do direito, “crime” constitui um fato jurídico. Assim, a expressão “antijurídico”
como elementar de um crime, causa contradição: crime é um fato jurídico e simultaneamente
antijurídico?
Para uma outra corrente, o segundo substrato do crime é a ilicitude (ou antijuridicidade). A contradição
apontada pela primeira corrente é apenas aparente, pois o termo antijuridicidade é usado exclusivamente
na teoria geral do crime, não se confundindo com a teoria geral do direito.
ILICITUDE FORMAL X ILICITUDE MATERIAL5
Ilicitude formal é a mera contradição entre o fato praticado pelo agente e o sistema jurídico em
vigor. É a característica da conduta que se coloca em posição ao Direito.
Ilicitude material, ou substancial, é o conteúdo material do injusto, a substância da ilicitude que
reside no caráter antissocial do comportamento, na sua contradição com os fins colimados pelo Direito,
na ofensa aos valores necessários à ordem e à paz no desenvolvimento da vida social.
RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE
A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude.
TEORIA DA AUTONOMIA OU ABSOLUTA Excluída a ilicitude, o fato permanece típico. Ex.: A mata
INDEPENDÊNCIA (VON BELING - 1906). B em legítima defesa. Exclui-se ilicitude. Permanece o
fato típico
TEORIA DA INDICIARIEDADE OU “RATIO A existência de fato típico gera presunção de ilicitude. Há,
COGNOSCENDI” (MAXER – 1915) portanto, uma relativa dependência. Excluída a ilicitude,
ADOTADA NO BRASIL o fato permanece típico.
A ilicitude é a essência da tipicidade numa absoluta relação
de dependência. Excluída a ilicitude, exclui-se o fato
típico. Cria-se o tipo legal do injusto. O crime é o injusto
TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA OU
culpável. Injusto = fato típico + ilícito. Ex.: A mata B.
“RATIO ESSENDI” (MEZGER – 1930)
Temos um fato típico, que só permanece como tal se
também ilícito. Comprovada a legítima defesa, os dois
substratos desaparecem.
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO O tipo penal é composto de elementos positivos (explícitos)
TIPO e elementos negativos (implícitos). Para que o fato seja
4
Cleber Masson, vol. 1. p. 321
5
Cleber Masson, vol. 1, p. 321
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OBS: De acordo com a maioria da doutrina, o Brasil adotou a teoria da indiciariedade, isto é, provada a
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047.542.386-05
• O dissentimento (ou não consentimento) não pode integrar o tipo penal (elementar do tipo), pois o
consentimento do ofendido excluiria a própria tipicidade.
• Ofendido deve ser o único titular. Não pode ter por titular a sociedade. Bem próprio
• Ofendido capaz de consentir. Não pode ser representante no caso de menores ou incapazes.
• O consentimento deve ser moral e respeitar os bons costumes.
• Bem disponível
• O consentimento deve ser expresso. Pouco importa a forma. (a doutrina moderna admite o tácito).
• Ciência da situação de fato que autoriza a justificante (elemento subjetivo).
• O consentimento deve ser prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico.
• Crimes culposos? Possível. Vítima aquiesce ao excesso de velocidade que lhe causa lesões leves.
#OBS.: o consentimento posterior não exclui a ilicitude, mas pode refletir na punibilidade (renúncia ou
perdão no caso de ação privada, por exemplo).
#OBS.: a doutrina moderna rotula a integridade física como bem disponível, desde que a lesão seja leve e
não contrarie a moral.
#OBS.: LEI DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E ESTERELIZAÇÃO: demonstra que aos poucos o consentimento do
ofendido vai ingressando na lei, pois permite a doação de órgãos duplos, ou seja, a lesão deixa de ser
crime, em decorrência da autorização do ofendido.
125
047.542.386-05
#NÃOCONFUNDA
Estado de necessidade defensivo: sacrifica-se bem jurídico do próprio causador do perigo. Sequer é ilícito
civil.
Estado de perigo agressivo: sacrifica-se bem jurídico de pessoa alheia ao perigo. Nesses casos existe a
obrigação de reparar o dano, assim como haverá também ação regressiva. Trata-se de um ato lícito que
gera o dever de indenizar.
OBS: é importante saber as duas teorias embora o CP tenha adotado a teoria unitária, a teoria diferenciadora
também cai nas provas!!!
Requisito Subjetivo:
É decorrência do finalismo e se refere ao conhecimento da situação de fato justificante (consciência e
vontade de salvar de perigo atual direito próprio ou alheio).
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047.542.386-05
LEGÍTIMA DEFESA
Previsão legal (art. 24, II e art. 25, CP) – os requisitos objetivos se encontram estampados no mesmo artigo:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
#NÃOCONFUNDA
6
Cleber Masson, vol.1 p. 343
127
047.542.386-05
Pressupõe: perigo atual + sem destinatário certo. Pressupõe: agressão humana injusta + atual ou
Os interesses em conflito são legítimos. iminente + com destinatário certo.
Conclusão: cabe estado de necessidade contra Os interesses do agressor são ilegítimos.
estado de necessidade. Conclusão: não cabe legítima defesa contra
legítima defesa.
Ataque de animal
Não provocado: perigo atual → estado de necessidade (commodus discessus).
Provocado pelo dono: agressão injusta → legítima defesa (não há commodus discessus)
(ATAQUE DE ANIMAL É ESTADO DE NECESSIDADE, MAS SE FOI PROVOCADO PELO DONO VAI SER LEGÍTIMA
DEFESA)
Requisitos
1) AGRESSÃO INJUSTA
Conduta humana contrária ao direito, que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém.
A legítima defesa pode ser invocada diante de agressão perpetrada por inimputável? SIM. A legítima defesa,
enquanto excludente da ilicitude, segundo substrato do conceito analítico de crime, deve ser aferida
objetivamente, de forma que a injustiça da agressão independe da capacidade de entendimento e
autodeterminação do indivíduo, pois a inimputabilidade constitui elemento da culpabilidade.
#OBS.: A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode ser
justificada pela legítima defesa, mas pode ser justificada pelo estado de necessidade.
#SELIGA: é possível legítima defesa contra pessoa jurídica, uma vez que esta exterioriza a sua vontade por
meio da conduta de seres humanos, permitindo a prática de agressões injustas. Ex: funcionário de uma
empresa escuta, pelo sistema de som, ofensas à sua honra. Para impedir a reiteração da conduta, pode
destruir o auto-falante que transmite as palavras inadequadas.7
2) ATUAL OU IMINENTE
Agressão atual é a que está ocorrendo, enquanto a agressão iminente está prestes a ocorrer.
Conclusão: não cabe legítima defesa contra agressão passada (vingança), nem futura e incerta, pois se trata
de mera suposição. Porém, se a agressão for futura + certa a sua ocorrência, se trata de legítima defesa
antecipada, sendo fato típico, ilícito, mas não culpável, pois caracteriza inexigibilidade de conduta diversa.
(LEGÍTIMA DEFESA DE AGRESSÃO FUTURA E CERTA: NÃO EXCLUI A ILICITUDE MAS EXCLUI A
CULPABILIDADE)
3) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS
Meios menos lesivos à disposição do agredido no momento da agressão, porém capazes de repelir o ataque
com eficiência. Encontrado o meio necessário deve ser utilizado de forma moderada.
Excesso da legítima defesa: três hipóteses:
• Meio desnecessário
• Imoderadamente meios necessários (EXCESSO EXTENSIVO)
• Imoderadamente meios desnecessários. (EXCESSO INTENSIVO)
#VAMOSDETABELA
7
Cleber Masson, vol. 1, p. 357-358.
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o É possível também legítima defesa putativa de legítima defesa putativa – legítima defesa putativa
recíproca. Os dois imaginam que vão ser agredidos pelos outros e atacam.
o Não é possível legítima defesa contra estado de necessidade ou outra excludente real (não pode
ser encarado como agressão injusta). Assim, se dois náufragos se agridem pelo colete salva-vidas,
ocorre estado de necessidade x estado de necessidade, pois nenhuma das agressões é injusta.
o Legítima defesa real em face de legítima defesa subjetiva: há o excesso, que se configura como
agressão injusta.
o Legítima defesa em face de conduta amparada por excludente de culpabilidade: sempre possível.
Agressão de inimputável é um exemplo.
#DEOLHONAJURIS
LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA É INCONSTITUCIONAL
Ao apreciar medida cautelar em ADPF, o STF decidiu que: a) a tese da legítima defesa da honra é
inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88); b) deve ser conferida
interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a excluir
a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e c) a defesa, a acusação, a
autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de legítima defesa
da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais, bem
como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento. STF.
Plenário. ADPF 779, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/03/2021. (INFO1009)
#NOVIDADE
*Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019
Legítima defesa “Art. 25. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no
Sem parágrafo correspondente. caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.”
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# ATENÇÃO O CP adota a teoria normativa pura limitada, ou seja, separa o erro de tipo do
erro de proibição.
Elementos da culpabilidade:
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3. Exigibilidade de conduta diversa: É verificado se o agente podia agir de outro modo. Caso
comprovado que não dava para agir de outra maneira, no caso concreto, a culpabilidade é excluída (isenção
de pena). Ex. coação moral irresistível – uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob ameaça
de lhe fazer algum mal grave. Obs. se a coação é física exclui a tipicidade pela falta de conduta. Obs. se podia
resistir a coação, recebe apenas uma atenuante genérica. Ex. obediência hierárquica – funcionário público
cumpre ordem não manifestamente ilegal emanada pelo seu superior (isenção de pena). Obs. se a ordem é
manifestamente ilegal comete crime.
#DEOLHONAJURIS Apesar de o art. 42 do Código Penal prever a possibilidade de detração penal na medida
de segurança, não há como aplicar esse instituto em caso de tratamento ambulatorial, com a
compensação do período já cumprido provisoriamente, mormente por se tratar de medida que não possui
função punitiva, nem se sujeita a prazo determinado. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 519.917/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 09/11/2021.
#SELIGANALEI
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito
ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
• Pena privativa de liberdade: Critério trifásico (pena-base será fixada atendendo-se aos critérios do art. 59;
em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento);
• Pena de multa: Critério bifásico (CP, art. 49, caput e § l.° - Fixa-se inicialmente o número de dias-multa e,
após, calcula-se o valor de cada dia-multa).
Cálculo da PPL
Critério Trifásico de aplicação da pena
1ª FASE -> Pena base = circunstâncias judiciais
2ª FASE ->Agravantes e atenuantes = circunstâncias legais
3ª FASE ->Causas de aumento e diminuição de pena = circunstâncias legais
OBS¹: na 1ª e 2ª fase o juiz não pode elevar a pena acima do máximo previsto no tipo penal, nem diminuí-la
abaixo do mínimo legal.
OBS²: já na 3ª fase o juiz pode elevar ou diminuir a pena além dos limites previstos no tipo penal.
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que já tenha sido cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos? Regra: SIM. Se
o indivíduo for condenado a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária
obsta (impede) o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras, somente haverá a
extinção da punibilidade se, além do cumprimento da pena privativa de liberdade, houver o pagamento
da multa. Exceção: se o condenado comprovar que não tem como pagar a multa. Se o condenado
comprovar a impossibilidade de pagar a sanção pecuniária, neste caso, será possível a extinção da
punibilidade mesmo sem a quitação da multa. Bastará cumprir a pena privativa de liberdade e comprovar
que não tem condições de pagar a multa. Foi a tese fixada pelo STJ: Na hipótese de condenação
concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária, pelo
condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, não obsta o reconhecimento da extinção da
punibilidade. STJ. 3ª Seção. REsp 1785861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/11/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 931).
OBS: Efeitos secundários extrapenais -> NÃO são extintos seja pela anistia, graça, indulto ou abolitio criminis
(Ex.: tornar certa a obrigação de indenizar, perda da função pública). Os efeitos de natureza civil
permanecem íntegros
PPP e PPE
#OLHONATABELA
Prescrição da pretensão punitiva Prescrição da pretensão executória
A prescrição executória corresponde à perda do
direito do Estado de executar a condenação e
Corresponde à perda do direito de condenar do Estado.
desta forma opera-se somente após o trânsito em
Na prescrição da pretensão punitiva não há trânsito em
julgado desta.
julgado da condenação para ambas às partes (ao
mesmo tempo).
Ocorre somente após o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
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PONTO: 10. Crimes. 10.1. Crimes contra a pessoa. 10.2. Crimes contra o patrimônio. 10.3. Crimes contra a
propriedade imaterial. 10.4. Crimes contra a propriedade intelectual. 10.5. Crimes contra a organização
do trabalho. 10.6. Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. 10.7. Crimes
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contra a dignidade sexual. 10.8. Crimes contra a família. 10.9. Crimes contra a incolumidade pública.
10.10. Crimes contra a paz pública. 10.11. Crimes contra a fé pública. 10.12. Crimes contra a
administração pública. 10.13. Crimes contra as finanças públicas. 10.14 Crimes contra o Estado
democrático de direito. 11 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal. 12 Súmulas,
jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores e legislação relacionada com os temas.
HOMICÍDIO
#LEISECASALVA
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a
defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:
#VAICAIR #APOSTACICLOS Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído pela Lei nº 14.344,
de 2022) Vigência
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: (Incluído pela Lei nº
14.344, de 2022) Vigência
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento
de sua vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
139
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II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
o
§ 6 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
o
§ 7 A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 14.344, de
2022) Vigência
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
#DEOLHONAJURIS É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual? No caso das
qualificadoras dos motivos FÚTIL e/ou TORPE (art. 121, § 2º, I e II, do CP): SIM. Trata-se da posição do STJ
e do STF. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a
possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou
indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017.
No caso de qualificadoras de MEIO e MODO (art. 121, § 2º, III e IV, do CP): Divergência.
1ª corrente: SIM 2ª corrente: NÃO
5ª turma do STJ STF e 6ª turma do STJ
O dolo eventual no crime de homicídio é A qualificadora de natureza objetiva prevista no inciso
compatível com as qualificadoras objetivas III do § 2º do art. 121 do Código Penal não se
previstas no art. 121, § 2º, III e IV, do Código compatibiliza com a figura do dolo eventual, pois
Penal. enquanto a qualificadora sugere a ideia de
As referidas qualificadoras serão devidas quando premeditação, em que se exige do agente um
constatado que o autor delas se utilizou empenho pessoal, por meio da utilização de meio
dolosamente como meio ou como modo hábil, como forma de garantia do sucesso da
específico mais reprovável para agir e alcançar execução, tem-se que o agente que age movido
outro resultado, mesmo sendo previsível e pelo dolo eventual não atua de forma direcionada
tendo admitido o resultado morte. STJ. 5ª à obtenção de ofensa ao bem jurídico tutelado,
Turma. REsp 1.836.556-PR, Rel. Min. Joel Ilan embora, com a sua conduta, assuma o risco de
Paciornik, julgado em 15/06/2021 (Info 701). produzi-la. STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp
1848841/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
2/2/2021.
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#SAINDODOFORNO #DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não
é aplicável aos mandantes do homicídio, porque o pagamento é, para eles, a conduta que os integra no
concurso de pessoas, mas não o motivo do crime. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022. (Info 748)
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO
#LEISECASALVA
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material
para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela
Lei nº 13.968, de 2019)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede
social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
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LESÃO CORPORAL
#ATENÇÃO Alteração no crime de LESÃO CORPORAL, promovida pela LEI 14.188/21
CALÚNIA
A calúnia se dá com a imputação falsa a alguém de fato definido como crime. Imputar (ação nuclear) significa
atribuir, ou seja, narrar o fato inserindo uma pessoa como sendo seu responsável.
É necessário que este fato seja definido como crime. Se a lei o considerar contravenção penal, não haverá
calúnia, mas difamação (que consiste na atribuição de outros fatos ofensivos à honra)
Exige-se, ainda, que a narrativa consista na descrição de um fato. Não precisa ser pormenorizada, isto é,
detalhada, mas deve ser determinada e não vaga (sob pena de atipicidade). Não pode se traduzir, ainda,
na irrogação de uma qualidade ofensiva, que é da essência do crime de injúria (art. 140). Dessa forma,
chamar alguém de “ladrão” constitui injúria (atribuição de qualidade negativa), mas dizer
(mentirosamente) que uma pessoa foi vista por terceiros subtraindo objetos de outrem (ação indicativa
de furto) caracteriza calúnia.
É fundamental que a imputação seja falsa. Se o fato atribuído for verdadeiro, não há calúnia, por falta de
requisito essencial à figura típica.
EXCEÇÃO DA VERDADE:
A exceptio veritatis constitui a possibilidade que se dá ao agente de demonstrar que a imputação por ele dita
é verdadeira, de modo a isentar-se de responsabilidade penal pelo ato. Como regra, é admissível em
matéria de calúnia.
O Código Penal menciona três casos em que ela fica proibida, ou seja, em que não cabe a exceção da verdade:
a) quando o fato constitui crime de ação penal pública e já há sentença transitada em julgado inocentando o
imputado;
b) quando o fato configura crime de ação penal privada e não existe condenação penal transitada em julgado
que o reconheça;
c) quando se trata do Presidente da República ou de Chefe de Governo estrangeiro.
DIFAMAÇÃO
A difamação tem como conduta nuclear o ato de imputar a alguém de fato ofensivo à sua reputação. Imputar
significa atribuir, narrar o fato inserindo uma pessoa como sendo seu responsável. Exige-se que o fato
seja determinado e verossímil. Como na calúnia, a imputação não precisa ser pormenorizada, mas não
pode ser vaga (sob pena de atipicidade). Lembre-se, uma vez mais, que a atribuição de qualidade negativa
a outrem tipifica injúria e não difamação, que exige a descrição de um fato ofensivo à reputação.
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Chamar alguém de “vagabundo” é injúria, mas dizer que essa pessoa faltou determinado dia ao trabalho para
ficar no bar consumindo bebidas alcoólicas, visando ofender-lhe a honra, constitui difamação.
Em matéria de difamação, é de todo irrelevante verificar se o fato era verdadeiro ou falso. Mesmo
verdadeiro, a infração subsiste. Não se admite, justamente por esse motivo, a exceção da verdade (salvo
quando se trata de ofensa dirigida a funcionário público no exercício de suas funções.
INJÚRIA
A injúria se dá com a irrogação de ofensas a outrem, atingindo-lhe em sua dignidade ou decoro. A dignidade
diz respeito ao sentimento de honorabilidade ou valor moral; são exemplos: “desonesto”, “corrupto”,
“egoísta”, “ladrão”, “canalha”, “cachorro”. Não se trata de imputar fato ofensivo à honra, mas de emitir
conceitos negativos, atingindo os atributos físicos, morais ou intelectuais da vítima.
INJÚRIA REAL: O elemento fundamental do crime contra a honra reside na intenção do agente de, com a
violência ou vias de fato empregada, ofender a dignidade ou o decoro da vítima. Por exemplo: desferir
um tapa no rosto da vítima em público, jogar excremento numa pessoa. O aspecto subjetivo, destarte, é
decisivo.
INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO: Trata-se da injúria quando a ofensa é ligada a elementos de
preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.
#NÃOCONFUNDA
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS Manifestações por parte da imprensa de natureza crítica, satírica, agressiva, grosseira ou
deselegante não autorizam, por si sós, o uso do direito penal para, mesmo que de forma indireta,
silenciar a atividade jornalística. (INFO 738 STJ)
Caso concreto: um indivíduo, residente em Município do interior da Paraíba, enviou mensagem de áudio com
palavras injuriosas contra uma Senadora da República. Esta mensagem de áudio foi enviada por meio do
Instagram direct. A parlamentar tomou conhecimento da ofensa em Brasília (DF). A competência para
julgar a injúria será da Justiça Federal do DF ou da Paraíba? Do Distrito Federal. No caso de delitos contra
a honra praticados por meio da internet, o local da consumação do delito é aquele onde incluído o
conteúdo ofensivo na rede mundial de computadores. Contudo, tal entendimento diz respeito aos casos
em que a publicação é possível de ser visualizada por terceiros, indistintamente, a partir do momento em
que veiculada por seu autor. Na situação em análise, embora tenha sido utilizada a internet para a suposta
prática do crime de injúria, o envio da mensagem de áudio com o conteúdo ofensivo à vítima ocorreu por
meio de aplicativo de troca de mensagens entre usuários em caráter privado, denominado Instagram
direct, no qual somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, não sendo acessível para
visualização por terceiros, após a sua inserção na rede de computadores. Portanto, no caso, aplica-se o
entendimento geral de que o crime de injúria se consuma no local onde a vítima tomou conhecimento do
conteúdo ofensivo. STJ. 3ª Seção. CC 184269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2022 (Info 724).
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#APOSTACICLOS O racismo, previsto no art. 20 da Lei nº 7.716/89, é um crime imprescritível? SIM. Nunca
houve dúvidas quanto a isso, aplicando-se a ele o art. 5º, XLII, da CF/88: Art. 5º (...)XLII - a prática do
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; O crime
de injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do CP, também é crime imprescritível? A injúria racial pode ser
enquadrada também no art. 5º, XLII, da CF/88? SIM.A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º,
do Código Penal, traz em seu bojo o emprego de elementos associados aos que se definem como raça,
cor, etnia, religião ou origem para se ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos, há o emprego de
elementos discriminatórios baseados na raça para a violação, o ataque, a supressão de direitos
fundamentais do ofendido. Sendo assim, não se pode excluir o crime de injúria racial do mandado
constitucional de criminalização previsto no art. 5º, XLII, restringir-lhe indevidamente a aplicabilidade.
STF. Plenário. HC 154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/10/2021 (Info 1036). No mesmo
sentido, já era o entendimento do STJ: AgRg no REsp 1849696/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 16/06/2020.
A retratação da calúnia, feita antes da sentença, acarreta a extinção da punibilidade do agente independente
de aceitação do ofendido. O art. 143 do CP autoriza que a pessoa acusada do crime de calúnia ou de
difamação apresente retratação e, com isso, tenha extinta a punibilidade: Art. 143. O querelado que,
antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único.
Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou
a ofensa. A retratação não é ato bilateral, ou seja, não pressupõe aceitação da parte ofendida para surtir
seus efeitos na seara penal, porque a lei não exige isso. O Código, quando quis condicionar o ato extintivo
da punibilidade à aceitação da outra parte, o fez de forma expressa, como no caso do perdão ofertado
pelo querelante depois de instaurada a ação privada. O art. 143 do CP exige apenas que a retratação seja
cabal, ou seja, deve ser clara, completa, definitiva e irrestrita, sem remanescer nenhuma dúvida ou
ambiguidade quanto ao seu alcance, que é justamente o de desdizer as palavras ofensivas à honra,
retratando-se o ofensor do malfeito. STJ. Corte Especial. APn 912/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
03/03/2021 (Info 687).
Exemplo: Rita e Adriana trabalhavam em um órgão público. Rita ligou para o ramal telefônico de Adriana
para falar sobre um requerimento de abono de faltas que ela havia solicitado. Adriana avisou, então, que
Reginaldo (chefe do setor) havia indeferido o pedido. Ao saber de tal fato, Rita passou a proferir ofensas
contra ele, afirmando para Adriana: “este macaco, preto sem vergonha está indeferindo a minha falta”.
Vale ressaltar, contudo, que, momentos antes, Reginaldo, que estava no mesmo setor que Adriana, havia
retirado o telefone do gancho para fazer uma ligação e acabou por ouvir as palavras injuriosas proferidas
por Rita. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Rita pela prática do crime de injúria racial (art.
140, § 3º do CP): Art. 140 (...) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um
a três anos e multa. Para o STJ, não houve crime. Isso porque o delito de injúria se consuma quando a
ofensa chega ao conhecimento da vítima, sendo necessário dolo específico de ofender a honra subjetiva
da vítima. A acusada não tinha como saber que a vítima estava ouvindo o teor da conversa pela extensão
telefônica. Como a injúria se consuma com a ofensa à honra subjetiva de alguém, não há que se falar em
dolo específico no caso em que a vítima não era seu interlocutor na conversa telefônica e, acidentalmente,
tomou conhecimento do teor da conversa. O tipo penal em questão exige que a ofensa seja dirigida ao
ofendido com a intenção de menosprezá-lo, ofendendo-lhe a honra subjetiva. STJ. 6ª Turma. REsp
1.765.673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/05/2020 (Info 672).
STALKING
#LEISECASALVA
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Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando
sua esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. (Incluído pela Lei nº
14.132, de 2021)
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. (Incluído pela Lei
nº 14.132, de 2021)
§ 3º Somente se procede mediante representação. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Violência psicológica x lesão corporal -> Rogério Sanches defende que, se a violência psicológica resultar em
lesão à saúde psicológica da vítima, comprovada por exame e demonstrado nexo de causalidade
(indicando o respectivo CID), haverá o crime de lesões corporais, que poderá ser leve (art. 129, § 13) ou
até grave, quando, por exemplo, causar a incapacidade da vítima para exercer suas ocupações habituais
por mais de trinta dias (art. 129, § 1º, I, do CP). Também haverá lesão grave se a doença psicológica gerar
pensamentos suicidas, diante do risco à vida (FERNANDES, Valéria Diez Scarance. ÁVILA, Thiago Pierobom
de; CUNHA, Rogério Sanches. Violência psicológica contra a mulher: comentários à Lei n. 14.188/2021.
Disponível em: ttps://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/07/29/comentarios-lei-n-14-
1882021/)
PERSEGUIÇÃO CONTRA MULHER VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
(ART. 147-A, § 1º, II) (ART. 147-B)
Art.147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento
física ou psicológica, restringindo-lhe a ou que vise a degradar ou a controlar suas ações,
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, comportamentos, crenças e decisões, mediante
invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ameaça, constrangimento, humilhação,
ou privacidade. manipulação, isolamento, chantagem,
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou
multa. qualquer outro meio que cause prejuízo à sua
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é saúde psicológica e autodeterminação:
cometido: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
(...) multa, se a conduta não constitui crime mais
II – contra mulher por razões da condição de sexo grave.
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código;
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A pena é maior, em razão da causa de aumento do § A pena da violência psicológica é menor que a
1º, II do art. 147-A. do stalking praticado contra mulher por razões da
condição de sexo feminino.
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#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 442 STJ É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 511 É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime
de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.
#OLHAOGANCHO
Res nullius = coisa de ninguém (não pode ser objeto de furto, não é coisa alheia))
Res derelicta = coisa abandonada (não pode ser objeto de furto, não é coisa alheia)
#OLHAOGANCHO2
FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA ESTELIONATO PARA O CONSUMO
“GATO” FRAUDE NO MEDIDOR
Agente não está autorizado a consumir a coisa. O agente está autorizado a consumir a coisa, mas se
Ligação clandestina. vale do artifício para provocar consumo fictício.
A ligação é legítima – a adulteração é do medidor.
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS A causa de aumento prevista no § 1° do art. 155 do Código Penal (prática do crime de furto
no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4°). (INFO 738)
#APOSTACICLOS Excepcionalmente, presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma
inconteste, a prova pericial torna-se prescindível. (INFO 735 STJ)
#APOSTACICLOS 1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código Penal, se o crime de furto é praticado durante
o repouso noturno, a pena será aumentada de um terço. 2. O repouso noturno compreende o período
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em que a população se recolhe para descansar, devendo o julgador atentar-se às características do caso
concreto. 3. A situação de repouso está configurada quando presente a condição de
sossego/tranquilidade do período da noite, caso em que, em razão da diminuição ou precariedade de
vigilância dos bens, ou, ainda, da menor capacidade de resistência da vítima, facilita-se a concretização
do crime. 4. São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do crime, ou o
local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou em veículos,
bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso. REsp 1.979.989-RS, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema 1144)
A causa de aumento do § 1º pode ser aplicada para o furto qualificado? A causa de aumento de pena do § 1º
do art. 155 do CP, além de se aplicar para os casos de furto simples (caput), pode também incidir nas
hipóteses de furto qualificado (§ 4º)? Para o STJ: NÃO. A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155
do Código Penal (prática do crime de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma
qualificada (§ 4º). STJ. 3ª Seção. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
25/05/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1087) (Info 738). Para o STF: SIM. A causa de aumento do repouso
noturno se coaduna com o furto qualificado quando compatível com a situação fática. STF. 1ª Turma. HC
180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020.
O porte econômico da vítima, por si só, não atrai a aplicação do princípio da insignificância. O porte
econômico da vítima em comparação ao valor da res furtiva não pode ser considerado para aferir a
incidência da causa supralegal de atipicidade. No caso dos autos, é impossível afastar o nível de
reprovabilidade assentado pelas instâncias antecedentes, sobretudo se considerado que o crime de furto
foi praticado mediante concurso de agentes e o valor dos produtos subtraídos é equivalente a 56% do
salário-mínimo vigente à época dos fatos. STF. 1ª turma. RHC 203.051/SC AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 30/08/2021.
Para incidir a majorante de repouso noturno basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o
repouso noturno. Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal,
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade
da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior probabilidade de
êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato das vítimas não estarem dormindo no momento
do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido em estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei
não faz referência ao local do crime. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.746.597-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha,
julgado em 15/09/2020.
Sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a consumação do furto. A
existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a tipificação do
crime de furto. STF. 1ª Turma.HC 111278/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Roberto
Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897). STF. 1ª Turma. HC HC 183.570, Rel.. Min. Marco Aurélio, julgado
em 10/11/2020.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo
que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente. É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$
29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o
agente seja reincidente. Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento
comercial e que logo após o agente foi preso, ainda na porta do estabelecimento. Objetos furtados: R$
4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de pinga marca 51,
tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/4/2020 (Info 973).
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É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00 mesmo que o agente
tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais. É possível a aplicação do princípio da insignificância
para o agente que praticou o furto de um carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo),
mesmo ele possuindo antecedentes criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).
Em outro precedente mais recente: É possível a aplicação do princípio da insignificância em face de réu
reincidente e realizado no período noturno. Na espécie, trata-se de furto de R$ 4,15 em moedas, uma
garrafa pequena de refrigerante, duas garrafas de 600 ml de cerveja e uma de 1 litro de pinga, tudo
avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/04/2020
(Info 973)
ROUBO
O roubo possui elementos idênticos ao furto, a saber, a subtração de coisa alheia como conduta típica, com
a finalidade de apropriação definitiva. Além dos referidos elementos, para restar caracterizado o roubo,
assinale-se que a conduta deve se acrescida de violência, ameaça ou redução da vítima à impossibilidade
de resistência.
O caput do artigo descreve a conduta do roubo classificado como próprio, quando a violência é empregada
antes ou simultaneamente à subtração. Já o §1º descreve o roubo impróprio, quando a violência é
empregada de forma posterior, com a intenção de assegurar a impunidade do crime ou o sucesso do feito.
#TABELALOVERS
A conduta consiste em “subtrair”. Como se vê, trata-se da mesma conduta
existente no crime de furto. No caso do roubo, todavia, são acrescidas as
ideias de violência (violência física, real, consistente na afronta à integridade
TIPICIDADE OBJETIVA
corporal da vítima), grave ameaça (violência moral, consistente na promessa
de mal injusto, sério e relevante) ou redução da vítima à impossibilidade de
resistência (violência imprópria).
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de roubo. Sujeito passivo será o
SUJEITOS proprietário ou possuidor da coisa, bem como qualquer outra pessoa que
venha a ser atingida pela violência ou grave ameaça empregada no roubo.
No que se refere ao objeto jurídico, trata-se do crime pluriofensivo, isto é, que
se consuma mediante a lesão (ofensa) a mais de um bem jurídico. Desta
forma, no roubo tutela-se o patrimônio da vítima, bem como a integridade
OBJETOS
física e a liberdade individual, pois o crime pressupõe emprego de violência
ou grave ameaça. O objeto material é a coisa móvel subtraída, bem como a
pessoa contra quem a violência ou ameaça foi empregada.
Da mesma forma que ocorre com o crime de furto, no roubo o elemento
ELEMENTO SUBJETIVO subjetivo consiste no dolo, e exige-se o dolo específico consistente no ânimo
de apossamento definitivo da coisa. Não se admite modalidade culposa.
A jurisprudência não exige posse mansa e pacífica da coisa para que haja
CONSUMAÇÃO E
consumação.
TENTATIVA
Admite-se tentativa
AÇÃO PENAL A ação penal é pública incondicionada.
1) AUMENTO DE 1/3 ATÉ A METADE (§2º)
a) Concurso de duas ou mais pessoas;
b) Se a vítima está em serviço de transportes de valores e o agente conhece tal
circunstância;
CAUSAS DE AUMENTO
c) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
DE PENA
outro Estado ou para o exterior;
d) Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;
e) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego;
150
047.542.386-05
#OLHAOGANCHO
O latrocínio é um misto de subtração e morte. Por questões de política criminal (Súmula n. 610, do STF),
existe crime de latrocínio consumado quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Se a subtração for consumada e a morte tentada – tentativa de latrocínio.
SUBTRAÇÃO MORTE RESULTADO
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE CONSUMADA LATROCÍNIO CONSUMADO
LATROCÍNIO TENTADO ou roubo
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE TENTADA com lesão corporal grave.
Depende do dolo.
SUBTRAÇÃO TENTADA MORTE TENTADA LATROCÍNIO TENTADO
SUBTRAÇÃO TENTADA MORTE CONSUMADA LATROCÍNIO CONSUMADO
Súmula 610 - há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.
#OBS.: Latrocínio x pluralidade de mortes: E no caso de duas ou mais mortes para se subtrair um só
patrimônio? O agente responderá somente por um latrocínio (STF, HC 109.539, Inf. 705 / STJ, Resp.
1.164.953, Inf. 494). O latrocínio é crime contra o patrimônio, e somente um patrimônio foi atingido.
*#CUIDADO: Há divergência na jurisprudência sobre esse tema: *Se há uma única subtração patrimonial,
mas com dois resultados morte, haverá concurso formal de latrocínios ou um único crime de latrocínio?
Qual das duas teses é acolhida pela jurisprudência?
STJ: CONCURSO FORMAL STF E DOUTRINA: UM ÚNICO CRIME DE
LATROCÍNIO
É pacífico na jurisprudência do STJ o entendimento de (...) 7. Caracterizada a prática de latrocínio
que há concurso formal impróprio no latrocínio consumado, em razão do atingimento de
151
047.542.386-05
quando ocorre uma única subtração e mais de um patrimônio único. 8. O número de vítimas deve
resultado morte, uma vez que se trata de delito ser sopesado por ocasião da fixação da pena-
complexo, cujos bens jurídicos tutelados são o base, na fase do art. 59 do CP. (...) STF. 2ª
patrimônio e a vida. STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Turma. HC 109539, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. julgado em 07/05/2013.
Prevalece, no STJ, o entendimento no sentido de que, (...) Segundo entendimento acolhido por esta
nos delitos de latrocínio - crime complexo, cujos Corte, a pluralidade de vítimas atingidas pela
bens jurídicos protegidos são o patrimônio e a vida violência no crime de roubo com resultado
-, havendo uma subtração, porém mais de uma morte ou lesão grave, embora único o
morte, resta configurada hipótese de concurso patrimônio lesado, não altera a unidade do
formal impróprio de crimes e não crime único. STJ. crime, devendo essa circunstância ser
6ª Turma. HC 185.101/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, sopesada na individualização da pena (...)STF.
julgado em 07/04/2015. 2ª Turma. HC 96736, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 17/09/2013.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 442: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 443: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 603 STF:A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal
do júri.
Súmula 610 STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.
#DEOLHONAJURIS
1. Em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n. 13.654/2018, o emprego de arma branca,
embora não configure mais causa de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado como fundamento
para a majoração da pena-base, quando as circunstâncias do caso concreto assim justificarem. 2. O
julgador deve fundamentar o novo apenamento ou justificar a não realização do incremento na basilar,
nos termos do que dispõe o art. 387, II e III, do CPP. 3. Não cabe a esta Corte Superior a transposição
valorativa da circunstância para a primeira fase da dosimetria ou mesmo compelir que o Tribunal de
origem assim o faça, em razão da discricionariedade do julgador ao aplicar a novatio legis in mellius. (INFO
738)
A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24/04/2018. Antes dessa Lei, o emprego de arma branca era
considerado causa e aumento de pena no roubo. Essa Lei, contudo, deixou de prever a arma branca como
majorante. Suponhamos que, no dia 25/04/2018, João, usando um canivete, ameaçou a vítima,
subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao condenar o réu, não poderá, na 3ª fase da dosimetria da
pena, utilizar a “arma branca” como causa de aumento de pena. Diante disso, nada impede que o
magistrado utilize esse fato (emprego de arma branca) como uma circunstância judicial negativa,
aumentando a pena-base na 1ª fase da dosimetria da pena. Assim, no período de aplicação da Lei nº
13.654/2018, o juiz está proibido de utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como causa de
aumento de pena, mas nada impede que considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do
art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).
Agente pretendia praticar roubo e foi surpreendido após romper o cadeado e destruir a fechadura da porta
da casa da vítima; não se pode falar em tentativa de roubo. Adotando-se a teoria objetivo-formal, o
152
047.542.386-05
rompimento de cadeado e destruição de fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante
uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios
que impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado. Caso adaptado: João e Pedro
caminhavam nas ruas de um bairro e decidiram praticar assalto em uma das casas. Eles arrombaram o
cadeado e destruíram a fechadura da porta da casa, no entanto, quando iam adentrar na residência,
passou uma viatura da Polícia Militar. Os indivíduos correram quando perceberam a presença das
autoridades de segurança. Os policiais perseguiram a dupla, conseguindo prendê-los. Com eles, foi
encontrada uma arma de fogo de uso permitido. Vale ressaltar, contudo, que não possuíam porte de
arma. Não se pode falar que houve roubo circunstanciado tentado. STJ. 5ª Turma. AREsp 974254-TO, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021 (Info 711).
O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, não possui vício de
inconstitucionalidade formal. O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157
do CP, não possui vício de inconstitucionalidade formal. Isso porque se alegou que o projeto de lei que
deu origem ao diploma teria violado normas do regimento interno do Senado Federal. Ocorre que não é
possível o controle jurisdicional em relação à interpretação de normas regimentais das Casas Legislativas,
sendo vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao próprio Legislativo, dizer qual o verdadeiro
significado da previsão regimental, por tratar-se de assunto interna corporis, sob pena de ostensivo
desrespeito à Separação de Poderes, por intromissão política do Judiciário no Legislativo. Tese fixada pelo
STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal,
quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é
defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do
alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna
corporis’.” STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral
– Tema 1120) (Info 1021).
Roubo: reconhecimento da qualificadora sem laudo pericial complementar e aplicabilidade das majorantes
somente aos roubos próprios e impróprios. A configuração da qualificadora prevista no art. 157, § 3.º,
inciso I, do Código Penal (roubo qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave) pode ser
reconhecida ainda que não tenha sido confeccionado laudo pericial complementar (Exemplo: prova
testemunhal e exame de corpo de delito da vítima). Ademais, as majorantes do crime de roubo aplicam-
se somente aos roubos próprios e impróprios. Os roubos qualificados pela lesão corporal grave (inciso I,
do § 3.º do art. 157) e pelo resultado morte – latrocínio (inciso seguinte) constituem tipos derivados do
roubo simples (próprio ou impróprio), com cominações particulares de penas mínimas e máximas (7 a 18
anos mais multa e 20 a 30 anos mais multa, respectivamente). Por isso, o Código Penal dispôs esses tipos
derivados do tipo básico no § 3.º do art. 157, após as majorantes (causas especiais de aumento), previstas
no § 2.º do referido artigo. Assim, não há, no Código Penal, a previsão do que seria o "roubo qualificado
circunstanciado". STJ. 6ª Turma. HC 554.155/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2021.
Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que combina com
outro indivíduo para que este simule que assalta o empregado com uma arma de fogo e, dessa forma,
leve o dinheiro da empresa. João trabalhava em uma empresa, sendo responsável por receber
pagamentos em dinheiro e levá-los para depósito no banco. João combinou com Pedro um plano
criminoso. No dia do pagamento, Pedro entraria na empresa e, supostamente ameaçaria João (seu
comparsa oculto), que a ele entregaria o dinheiro. Depois, os dois dividiriam a quantia subtraída. Assim,
no dia dos fatos, Pedro, já sabendo que havia entrado uma grande soma em dinheiro, chegou na empresa
e, simulando portar arma de fogo, exigiu que João e Ricardo (outro funcionário da empresa que não sabia
do plano) entregassem o dinheiro, o que foi feito. Posteriormente, a polícia conseguiu prender Pedro, que
confessou todo o plano criminoso. João e Pedro praticaram roubo majorado, e não estelionato. STF. 1ª
Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).
153
047.542.386-05
Nos casos em que se aplica a Lei nº 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no
crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora. A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia
24/04/2018. Antes dessa Lei, o emprego de arma branca era considerado causa e aumento de pena no
roubo. Essa Lei, contudo, deixou de prever a arma branca como majorante. Suponhamos que, no dia
25/04/2018, João, usando um canivete, ameaçou a vítima, subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao
condenar o réu, não poderá, na 3ª fase da dosimetria da pena, utilizar a “arma branca” como causa de
aumento de pena. Diante disso, nada impede que o magistrado utilize esse fato (emprego de arma branca)
como uma circunstância judicial negativa, aumentando a pena-base na 1ª fase da dosimetria da pena.
Assim, no período de aplicação da Lei nº 13.654/2018 (antes do Pacote Anticrime - Lei nº 13.964/2019),
o juiz está proibido de utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como causa de aumento de
pena, mas nada impede que considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP.
STJ. 5ª Turma. HC 556629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).
EXTORSÃO
Aqui o núcleo do tipo é “constranger”, que significa submeter, subjugar,
compelir, obrigar a fazer, retirar de alguém a capacidade de
autodeterminação, sendo o modus operandi o emprego de violência ou
grave ameaça à vítima. O agente cria na vítima um estado de coação para
que ela faça, tolere que se faça ou deixe de fazer alguma coisa, a fim de lhe
proporcionar uma vantagem econômica indevida.
Cumpre registrar que se a vantagem for devida, restará caracterizado outro
crime, aquele descrito no art. 345 do CP, o crime de exercício arbitrário das
TIPICIDADE OBJETIVA próprias razões. A pretensão de obter vantagem de caráter econômico
diferencia a extorsão do crime de constrangimento ilegal (art. 146 CP).
Não se pode confundir o crime de extorsão com o crime de roubo. Nesse, o
agente emprega violência ou grave ameaça para subtrair a coisa alheia
móvel. Logo, a conduta da vítima é totalmente desnecessária para que o
agente obtenha a vantagem patrimonial. Por outro lado, na extorsão, o
agente exige da vítima a adoção de uma conduta (fazer, tolerar que se faça
ou deixar de fazer alguma coisa). Logo, a conduta da vítima é imprescindível
para que o agente obtenha a vantagem.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Objeto jurídico: tal como ocorre no crime de roubo, trata-se de crime
pluriofensivo. São bens jurídicos tutelados neste crime: patrimônio,
OBJETOS
integridade física e liberdade individual da vítima.
Objeto material: a pessoa contra quem é empregada a violência ou ameaça.
Elemento subjetivo é o DOLO. Exige-se dolo específico, consistente na
ELEMENTO SUBJETIVO pretensão de apossamento definitivo da vantagem econômica indevida.
Não há previsão de modalidade culposa.
Trata-se de CRIME FORMAL, vale dizer, não exige produção do resultado
naturalístico para que se consume. Desta forma, o crime de extorsão estará
CONSUMAÇÃO E consumado quando o agente exigir a vantagem econômica mediante
TENTATIVA violência ou grave ameaça, independentemente da obtenção desta
vantagem.
É possível tentativa, porquanto se trata de crime plurissubsistente.
AÇÃO PENAL A ação penal é de inciativa pública incondicionada.
Causas de aumento de pena em que a pena do crime de extorsão é
MAJORANTES aumentada de 1/3 até a metade:
a) Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas;
154
047.542.386-05
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
O crime de extorsão mediante sequestro (art. 158 CP) é complexo, pois resulta da junção de mais de um
crime: extorsão (art. 158) e sequestro e cárcere privado (art. 148). É ainda, crime pluriofensivo, pois se
consuma mediante a violação a mais de um bem jurídico (liberdade pessoal e patrimônio).
O núcleo do tipo é o verbo “sequestrar”, isto é, privar da liberdade. A conduta
recai sobre a pessoa. O elemento característico deste crime é o estado de
sujeição do ofendido perante criminoso. A conduta exige a finalidade
TIPICIDADE OBJETIVA
específica de “de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate”. Além disto, é necessário que a vantagem
econômica pretendida seja indevida.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS Sujeito passivo: qualquer pessoa. Será aquele que suporta a lesão patrimonial,
em como aquele que tem sua liberdade privada.
Objeto jurídico: trata-se de crime pluriofensivo, vez que o Estado tutela o
patrimônio e a liberdade individual da vítima.
OBJETOS
Objeto material: a pessoa que tem o patrimônio atingido, bem como a pessoa
que tem sua liberdade tolhida.
É o ânimo de assenhorar-se definitivamente da vantagem a ser obtida como
condição ou preço do resgate, devendo a referida vantagem ser econômica
e indevida.
#ATENÇÃODIVERGÊNCIA: O tipo penal reporta-se a “qualquer vantagem”. A
ELEMENTO SUBJETIVO
doutrina diverge acerca do alcance desta expressão. Dourina minoritária
entende que a vantagem pode ser indevida ou não, econômica ou não
econômica. Entretanto, a esmagadora maioria dos penalistas sustenta a
necessidade de tratar-se de vantagem ECONÔMICA e INDEVIDA.
Consuma-se o crime com a privação da liberdade, independentemente da
CONSUMAÇÃO E
obtenção da vantagem pretendida. Trata-se de crime plurissubsistente,
TENTATIVA
razão pela qual admite-se tentativa.
AÇÃO PENAL É crime de ação penal pública incondicionada em toda as suas modalidades.
a) Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o
QUALIFICADORAS
sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos, ou se o crime
155
047.542.386-05
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O ponto característico do crime de apropriação indébita (art. 168 do CP) é a quebra de confiança existente
entre o criminoso e a vítima, vez que esta entrega voluntariamente o bem ao agente que, posteriormente
passa a se comportar como seu proprietário.
A conduta consiste em “apropriar-se”, isto é, assenhorar-se, tornar-se
proprietário, dono. Não há crime quando presente o direito de retenção do
TIPICIDADE OBJETIVA
bem. De igual modo, também não restará caracterizado o crime de
apropriação quando o sujeito possuir direito de compensação.
Sujeito ativo: é a pessoa que tem a posse ou a detenção da coisa móvel.
Sujeito passivo: é, via de regra, o proprietário que suporta o prejuízo causado
SUJEITOS
pela conduta criminosa. Entretanto, nada obsta que seja o possuidor ou
usufrutuário da coisa.
Objeto jurídico: é o patrimônio, consistente na propriedade legítima da coisa
OBJETOS móvel.
Objeto material: é a coisa alheia móvel sobre a qual recai a conduta criminosa.
É o dolo específico de se apropriar da coisa móvel alheia (animus rem sibi
ELEMENTO SUBJETIVO
habendi). Não se admite a modalidade culposa.
O crime estará consumado a partir do momento em que o agente exteriorizar
CONSUMAÇÃO E sua pretensão de exercer domínio (e não apenas posse ou detenção) sobre
TENTATIVA a coisa móvel.
A tentativa é admissível.
AÇÃO PENAL A ação penal é de inciativa pública incondicionada
A pena desse crime é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a
coisa:
CAUSAS DE AUMENTO a) Em depósito necessário;
DE PENA
b) Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro, ou depositário judicial;
156
047.542.386-05
#DEOLHONAJURIS
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita previdenciária. Não é possível
a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de
sonegação de contribuição previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais
protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade
da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo
delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não
há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido,
considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social,
configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material
nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.
O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às penas previstas no art. 168, § 1º,
II, do CP (apropriação indébita). O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às
penas previstas no art. 168, § 1º, II, do Código Penal. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.871.947/PR, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022.
ESTELIONATO
O crime de estelionato (art. 171 do CP) é, em essência, uma fraude. O agente se vale do engano para espoliar
o patrimônio de outrem, não fazendo uso da clandestinidade, da violência física ou da ameaça. Ainda na
esfera daquilo que é essencial no crime de estelionato, assinale-se que a prática exige um dolo específico
da obtenção da vantagem para si ou para outrem.
#TABELALOVERS
O núcleo do tipo é o verbo “obter” e recai sobre vantagem ilícita. Embora o CP
não faça expressa menção à natureza da vantagem, é pacífica tratar-se de
TIPICIDADE OBJETIVA caráter patrimonial.
#ATENÇÃO: o emprego da fraude para obtenção da vantagem de cunho sexual
caracterizaria o crime de violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP)
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS Sujeito passivo: qualquer pessoa física ou jurídica, seja quem é enganado pela
fraude, seja quem suporta o prejuízo patrimonial.
Objeto jurídico: o bem jurídico tutelado é o patrimônio.
OBJETOS Objeto material: é a pessoa ludibriada pelo agente bem como a vantagem
obtida indevidamente.
ELEMENTO SUBJETIVO É o dolo. Não se admite modalidade culposa.
A consumação ocorre no momento em que a vítima sofre a perda patrimonial,
CONSUMAÇÃO E
haja vista o locupetamento indevido do estelionatário. Trata-se de crime
TENTATIVA
plurissubsistente, admitindo-se, portanto, a tentativa.
Até a lei 13.964/19 o crime de estelionato era de ação penal pública
incondicionada. A partir da entrada em vigor do pacote anticrime o §5º do
art. 171 tem a seguinte redação:
AÇÃO PENAL § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima
for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
157
047.542.386-05
#NÃOCONFUNDA
ESTELIONATO X APRORPIAÇÃO ESTELIONATO X FURTO ESTELIONATO X EXTORSÃO
INDÉBITA MEDIANTE FRAUDE
No estelionato o agente possui o No estelionato a fraude é No estelionato a vítima é
dolo desde o início. Na elementar do crime, e é enganada, na extorsão a vítima
apropriação indébita o dolo se utilizada para que a faz, deixa de fazer ou tolera algo
manifesta após o agente se vítima entregue a coisa em razão de violência ou grave
apropriar do bem em razão da ao agente. No furto a ameaça.
posse ou detenção. fraude é utilizada para
diminuir a vigilância. É
qualificadora.
158
047.542.386-05
#ARREMATANDO:
Extorsão: independente da obtenção da vantagem indevida
Estelionato: depende da vantagem indevida
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da VANTAGEM ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante FALSIFICAÇÃO de cheque.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem
fundos.
#DEOLHONAJURIS
Cheque fraudado e competência para julgar o estelionato. O crime de estelionato praticado por meio de
saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da agência bancária da vítima. STJ. 3ª Seção. CC
182977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).
O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de estelionato, aplica-se
imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº
14.155/2021. Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio da
transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, em razão da
superveniência de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei. Veja o § 4º
do art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021: Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art.
171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante
depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com
o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. STJ.
3ª Seção. CC 180832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar
os processos penais que já estavam em curso? A mudança na ação penal do crime de estelionato,
promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
•NÃO. É o entendimento do STJ e da 1ª Turma do STF:A exigência de representação da vítima no crime de
estelionato não retroage aos processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691). STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 13/10/2020.
• SIM. É a posição da 2ª Turma do STF: A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º
ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação
da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas
quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado. STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023).
Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato qualificado por médico
que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital. Caso concreto: o réu foi
denunciado pelo MPF pela prática de estelionato qualificado, porque, na qualidade médico de hospital
universitário federal, teria registrado seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua carga horária
durante quase dois anos. A jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de estelionato
“qualificado”, a incidência do princípio da insignificância (princípio inspirado na fragmentariedade do
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Direito Penal). Isso porque se identifica, neste caso, uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No
caso concreto, o STJ afirmou que não era possível o trancamento da ação penal, sob o fundamento de
inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando de hospital
universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no
HC 548869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/05/2020 (Info 672).
Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido: estelionato (não é furto
mediante fraude). A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor
do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex: as fases “A” e “B” do medidor foram
isoladas por um material transparente, que permitia a alteração do relógio fazendo com que fosse
registrada menos energia do que a consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 07/05/2019 (Info 648). Cuidado para não confundir: • agente desvia a energia
elétrica por meio de ligação clandestina (“gato”): crime de FURTO (há subtração e inversão da posse do
bem). • agente altera o sistema de medição para que aponte resultado menor do que o real consumo:
crime de ESTELIONATO.
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Ativo: qualquer pessoa. Passivo: qualquer pessoa. Contudo, quando a finalidade for a
conjunção carnal, o sujeito passivo, obrigatoriamente, deverá ser do sexo oposto,
pressupondo uma relação heterossexual.
OBJETO MATERIAL
Pessoa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente.
BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO
A liberdade e a dignidade sexual, bem como o desenvolvimento sexual.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo.
MODALIDADE COMISSIVA E OMISSIVA
O núcleo constranger pressupõe um comportamento positivo por parte do agente,
tratando-se, pois, como regra, de crime comissivo. No entanto, o delito poderá ser
praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de
garantidor.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Quando a conduta do agente for dirigida finalisticamente a ter conjunção carnal com
a vítima, o delito se consuma com a efetiva penetração do pênis do homem na
vagina da mulher. Quanto à segunda parte do art. 213 do CP, consuma-se o estupro
no momento em que o agente, depois da prática do constrangimento levado a
efeito mediante violência ou grave ameaça, obriga a vítima a praticar ou permitir
que com ela se pratique outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal. É
admissível a tentativa.
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também multa.
SUJEITOS
Ativo: qualquer pessoa. Passivo: qualquer pessoa. Contudo, quando a finalidade for a
conjunção carnal, o sujeito passivo, obrigatoriamente, deverá ser do sexo oposto,
pressupondo uma relação heterossexual.
OBJETO MATERIAL
Poderá ser tanto o homem quanto a mulher, devendo ser ressaltado, no entanto, que,
VIOLAÇÃO quando estivermos diante de uma conjunção carnal, a relação deverá ser,
SEXUAL obrigatoriamente, heterossexual.
MEDIANTE BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO
FRAUDE A liberdade sexual e, de forma mais ampla, a dignidade sexual.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo.
MODALIDADES COMISSIVAS E OMISSIVAS
Os núcleos ter e praticar pressupõem um comportamento comissivo por parte do
agente. No entanto, será possível a sua prática via omissão imprópria, na hipótese
de o garantidor, dolosamente, permitir que a vítima seja enganada pelo agente,
tendo com ela conjunção carnal ou praticando o outro ato libidinoso se, no caso
concreto, devia e podia agir a fim de evitar o resultado, conforme determinação
contida no art. 13, § 2º , do CP.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O delito de violação sexual mediante fraude se consuma, na sua primeira parte, com
a efetiva penetração do pênis do homem na vagina da mulher, não importando que
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#SELIGANALEI
Estupro de vulnerável
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Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência.
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do
consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de
18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas
no caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro
de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de
sexo, nudez ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Aumento de pena
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Exclusão de ilicitude
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
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Sujeito Passivo: será a pessoa menor de 14 (quatorze) anos, ou acometida de enfermidade ou deficiência
mental, que não tenha o discernimento necessário para a prática do ato, ou que, por outra causa, não
possa oferecer resistência. Contudo, quando a finalidade for a conjunção carnal, o sujeito passivo,
obrigatoriamente, deverá ser do sexo oposto ao do sujeito ativo, pressupondo uma relação heterossexual.
Objeto material: É a criança, ou seja, aquele que ainda não completou os 12 (doze) anos, nos termos
preconizados pelo caput do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) e o
adolescente menor de 14 (quatorze) anos, bem como a vítima acometida de enfermidade ou deficiência
mental, que não tenha o discernimento necessário para a prática do ato ou que, por outra causa, não
pode oferecer resistência.
Bem juridicamente protegido: A liberdade quanto a dignidade sexual, bem como o desenvolvimento sexual.
Elemento subjetivo: dolo.
Modalidades comissivas e omissivas: Os núcleos ter e praticar pressupõem um comportamento positivo por
parte do agente, tratando-se, pois, como regra, de um crime comissivo. No entanto, o delito poderá ser
praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor, nos termos
preconizados pelo art. 13, § 2º , do CP.
Consumação e tentativa: No que diz respeito à primeira parte constante do caput do art. 217-A do CP, o
delito se consuma com a efetiva conjunção carnal, não importando se a penetração foi total ou parcial,
não havendo, inclusive, necessidade de ejaculação. Quanto à segunda parte, consuma-se o estupro de
vulnerável no momento em que o agente pratica qualquer outro ato libidinoso com a vítima. Tratando-se
de um crime plurissubsistente, torna-se perfeitamente admissível a tentativa.
#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS O delito de favorecimento à exploração sexual de
adolescente não exige habitualidade. Trata-se de crime instantâneo, que se consuma no momento em
que o agente obtém a anuência para práticas sexuais com a vítima menor de idade, mediante artifícios
como a oferta de dinheiro ou outra vantagem, ainda que o ato libidinoso não seja efetivamente praticado.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
20/09/2022, DJe 29/09/2022. (Info 754 - STJ)
#APOSTACICLOS Em crimes contra a dignidade sexual, é possível afastar, em caráter excepcional, o óbice da
Súmula n. 7/STJ estritamente para a revaloração de prova ou de dados que estejam admitidos e
delineados no decisório recorrido de forma explícita. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Jesuíno
Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022,
DJe 26/08/2022. (Info 747)
#APOSTACICLOS Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP),
independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação
para o delito de importunação sexual (art. 215-A do CP). (INFO 740 STJ)
#OLHAOGANCHO #SELIGANALEI
Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Aumento de pena
Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação
dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
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a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
#ATENÇÃO: A Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018, fez inserir o inciso IV ao art. 226 do diploma penal,
prevendo um aumento de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: a) mediante o
concurso de 2 (dois) ou mais agentes (estupro coletivo); e b) para controlar o comportamento social ou
sexual da vítima (estupro corretivo).
#ATENÇÃO: Todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal pública incondicionada.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal
ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o
agente.
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#NÃOSABOTEASSÚMULAS Súmula 599 STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra
Administração Pública.
#APOSTACICLOS Não é típico o ato do servidor que se apropria de valores que já lhe pertenceriam, em razão
do cargo por ele ocupado. AgRg no AREsp 2.073.825-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022. (Info 746)
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Governador do Estado que desvia grande soma de recursos
públicos de empresas estatais, utilizando esse dinheiro para custear sua campanha de reeleição, pratica
o crime de peculato-desvio. As empresas estatais gozam de autonomia administrativa e financeira.
Mesmo assim, pode-se dizer que o Governador tem a posse do dinheiro neste caso? É possível. Isso
porque a posse necessária para configuração do crime de peculato deve ser compreendida não só como
a disponibilidade direta, mas também como disponibilidade jurídica, exercida por meio de ordens. STJ. 5ª
Turma. REsp 1.776.680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS Hipótese na qual o Recorrente, após adquirir, em nome de seus filhos,
três bilhetes estudantis de transporte público integrado pelo preço unitário de R$ 2,15 (dois reais e quinze
centavos) - metade do valor integral (R$ 4,30 - quatro reais e trinta centavos) - utilizou-se deles para
vender acesso irregular à Estação Corinthias-Itaquera, do metrô de São Paulo, por R$ 4,00 (quatro reais).
Conforme a denúncia, um dos bilhetes foi usado regularmente duas vezes, e os outros dois foram
utilizados indevidamente uma vez, cada. Isso resultou em vantagem financeira ao Recorrente de R$ 3,70
(três reais e setenta centavos), e prejuízo financeiro à São Paulo Transporte S/A - SPTrans de R$ 4,30
(quatro reais e trinta centavos). As particularidades da espécie impõem o reconhecimento
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O artigo 313-A prevê outro crime que a doutrina chama de peculato-eletrônico ou peculato hacker.
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o FUNCIONÁRIO AUTORIZADO, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
#NÃOCONFUNDA
Há previsão de duas espécies de corrupção no Código Penal:
CORRUPÇÃO ATIVA X CORRUPÇÃO PASSIVA
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No crime de corrupção ativa, a conduta é perpetrada por particular, ao passo que no crime de corrupção
passiva o agente é funcionário público, que atua em razão de sua função. Por outro lado, também não
podemos confundir o crime de corrupção passiva com a concussão. Ambos são crimes funcionais, mas a
distinção reside na conduta, pois este se consuma mediante a exigência do agente, ao passo que aquele
pressupõe que o funcionário público venha a solicitar, receber ou aceitar a promessa da vantagem
indevida.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Os núcleos são os verbos solicitar (pedir, requerer, demandar), receber (obter,
adquirir) e aceitar promessa (manifestar anuência em recebimento futuro).
TIPICIDADE OBJETIVA As condutas recaem sobe vantagem indevida, que pode ser de qualquer
natureza, tais como um título honorífico, uma vantagem política ou um favor
sexual. Não se adstringe portanto, às vantagens de cunho pecuniário.
Sujeito ativo: funcionário público.
SUJEITOS Sujeito passivo: é o estado. Podemos ter o particular como sujeito passivo
secundário.
Objeto jurídico: Administração Pública
OBJETOS
Objeto material: é a vantagem indevida, que pode ser de qualquer natureza.
ELEMENTO SUBJETIVO É o DOLO, não se admite modalidade culposa
O crime será consumado quando o agente efetivamente solicitar, receber ou
aceitar a promessa da vantagem indevida.
CONSUMAÇÃO E Demais disso, importante chamar a atenção para o fato de que a conduta
TENTATIVA consistente em receber a vantagem indevida somente será considerada
consumação do crime se não vier antecedida da realização de algum dos
outros verbos do tipo. A tentativa é possível.
AÇÃO PENAL A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.
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conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981).
Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder junto a diretor
da Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com empresa privada e pague a
ela determinadas quantias em atraso Uma determinada empresa havia prestado serviços para a Petrobrás
e não tinha recebido todo o valor que entendia devido. Essa empresa entrou em contato com
determinado Deputado Federal para que ele resolvesse a situação. Este Deputado comprometeu-se a
falar com o diretor de abastecimento da Petrobrás, mas exigiu o pagamento de vantagem indevida. O
Deputado conseguiu que a Petrobrás pagasse, por meio de um acordo extrajudicial, R$ 69 milhões para a
empresa e, em troca, recebeu R$ 3 milhões de propina. O STF entendeu que esta conduta se enquadra no
crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 9/6/2020 (Info 981).
CORRUPÇÃO ATIVA
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
#ATENÇÃO pode haver corrupção ativa sem corrupção passiva e vice-versa. A corrupção nem sempre é crime
bilateral, isto é, nem sempre pressupõe um pactum sceleris.
Exemplo de corrupção ativa sem a passiva: o motorista infrator oferece dinheiro ao agente de trânsito para
determina-lo a omitir ato de ofício (lavratura da multa). Se o agente de trânsito não receber, somente
haverá corrupção ativa.
Exemplo de corrupção passiva sem corrupção ativa: o agente de trânsito solicita dinheiro a motorista
infrator para não lavrar a multa. Só haverá corrupção passiva, já que a iniciativa não foi do particular
(motorista). Mesmo que o motorista dê o dinheiro, não haverá o delito de corrupção ativa, pois o tipo
não prevê o verbo dar ou entregar.
#SELIGA: Concussão e corrupção ativa: é inadmissível a coexistência dos delitos. Se o funcionário público
exigir e o particular entregar ou der a vantagem, somente configurará o crime de concussão; a uma,
porque o particular é vítima da coação; a duas, porque o tipo do art. 333 do CP não prevê o verbo dar ou
entregar, mas somente oferecer ou prometer, os quais revelam a iniciativa do particular.
O crime de corrupção ativa ocorre quando a promessa é feita diretamente ao funcionário público, mesmo
que por intermédio de outrem, que no caso seria coautor; proposta/promessa essa que lhe é indevida,
com o objetivo claro de impedir, fazê-lo praticar ou retardar ato de ofício. Note que qualquer coisa pode
ser oferecida ou prometida, desde que seja indevida.
#TABELALOVERS
TIPICIDADE Os núcleos do tipo penal são os verbos OFERECER (propor, ofertar) ou PROMETER
OBJETIVA (comprometer-se, obrigar-se a algo).
Sujeito ativo: o sujeito ativo do crime de corrupção ativa pode ser qualquer pessoa, à
exceção do menor, conquanto inimputável, porém, se o funcionário aceita a oferta,
incorrerá ele no tipo penal de corrupção passiva.
SUJEITOS
Sujeito passivo: o sujeito passivo é o Estado. O funcionário que aceita a promessa, se
desloca do âmbito de sujeito passivo, para se tornar sujeito ativo de Corrupção
passiva.
Objeto jurídico: o objeto juridicamente tutelado é a Administração Pública.
OBJETOS
Objeto material: o objeto material é a vantagem indevida
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ELEMENTO É o DOLO.
SUBJETIVO
Consuma-se o crime quando o agente pratica qualquer dos comportamentos previstos,
CONSUMAÇÃO ou seja, em se tratando de crime formal basta que o agente proceda ao
E TENTATIVA oferecimento ou promessa da vantagem, não importando se o funcionário público
aceitou e praticou quaisquer dos atos referidos no artigo. Não admitida a tentativa.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Para que se configure o delito de prevaricação, o comportamento do funcionário público deve ser no sentido
de postergar para além do necessário ou até mesmo deixar de praticar ato de ofício, omitindo-se,
dolosamente, ou ainda, praticá-lo contra disposição expressa da lei. Esse comportamento deve ser
baseado no sentimento de se beneficiar, satisfazendo interesses pessoais e esse interesse ou sentimento
pessoal pode ser de qualquer espécie, pouco importando para a configuração do delito. Em contrapartida,
se o funcionário público é apenas preguiçoso e se prolonga nas execuções de seus atos funcionais, não
pratica ele o crime de prevaricação.
#VAMOSDETABELA
TIPICIDADE Os núcleos do tipo penal são os verbos RETARDAR (procrastinar, adiar) e DEIXAR
OBJETIVA DE PRATICAR (não fazer, não realizar, omitir-se).
Sujeito ativo: o sujeito ativo é o funcionário público, porém, admite-se a
participação de terceiros.
SUJEITOS
Sujeito passivo: o sujeito passivo é o Estado, bem como o terceiro prejudicado –
seja pessoa física ou jurídica.
Objeto jurídico: o objeto jurídico é o próprio interesse da Administração pública.
OBJETOS Objeto material: o objeto material é o ato de ofício que fora retardado, deixado de
ser praticado ou praticado em desconformidade com as disposições legais.
O dolo é o elemento subjetivo exigido para o tipo penal, ou seja, ao agente deve
terá consciência de que se omite ou pratica ato contrariando expressa
ELEMENTO
disposição legal por livre e espontânea vontade, movido pelo seu sentimento
SUBJETIVO
pessoal. Exige-se o doo específico, consistente na finalidade específica de
satisfazer o interesse ou sentimento pessoal.
O delito se consuma quando o funcionário público estende para além do
necessário, de forma indevida, a prática de determinado ato. Pode se
consumar, por outro lado, quando o agente deixa de praticá-lo quando estava
CONSUMAÇÃO E
obrigado a fazê-lo. Por fim, pode se consumar, quando o agente pratica o ato
TENTATIVA
de forma a contrariar dispositivo expresso em lei.
Em todas as situações é imperioso que o agente haja com animus de satisfazer
interesse pessoal, seja movido pelo sentimento pessoal.
#ATENÇÃO #OLHAOGANCHO:
PREVARICAÇÃO CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA
Pedido ou influência de outrem.
Caso seja para satisfazer interesse ou sentimento
§2 - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
individual.
retarda ato de ofício, com infração de dever
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TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
#NÃOCONFUNDA
Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
-> Exploração de prestígio é crime contra ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. A conduta é similar àquela que
consiste no tráfico de influência. Difere na medida em que ocorre a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
OBS: repare que o artigo fala em juiz, jurado, órgão do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete
ou testemunha, nada fala sobre o DELEGADO.
#PEGADINHA #PARAFIXAR Delegado não tem prestígio (kkkkk, é BRINCADEIRA hein). Se na sua prova vier
uma questão em que diga: determinada pessoa solicitou dinheiro a pretexto de influir em uma atitude de
DELEGADO o crime NÃO será exploração de prestígio; possivelmente será TRÁFICO DE INFLUÊNCIA.
#FIQUEATENTO.
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Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das Contratação direta ilegal
hipóteses previstas em lei, ou deixar de
observar as formalidades pertinentes à Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à
dispensa ou à inexigibilidade: contratação direta fora das hipóteses
previstas em lei:
Pena – detenção de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa. multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
aquele que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar
contrato com o Poder Público.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, Frustração do caráter competitivo de licitação
combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo do Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito
procedimento licitatório, com o intuito de de obter para si ou para outrem vantagem
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da
decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo
licitação: licitatório:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito)
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, anos, e multa.
e multa.
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ainda, pagar fatura com preterição da nos respectivos instrumentos contratuais, ou,
ordem cronológica de sua apresentação: ainda, pagar fatura com preterição da ordem
cronológica de sua exigibilidade:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito)
e multa. anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o
contratado que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da
ilegalidade, obtém vantagem indevida ou
se beneficia, injustamente, das
modificações ou prorrogações contratuais.
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Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes
89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de previstos neste Capítulo seguirá a
quantia fixada na sentença e calculada em metodologia de cálculo prevista neste Código
índices percentuais, cuja base e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento)
corresponderá ao valor da vantagem do valor do contrato licitado ou celebrado
efetivamente obtida ou potencialmente com contratação direta.
auferível pelo agente.
§ 1o Os índices a que se refere este artigo não
poderão ser inferiores a 2% (dois por
cento), nem superiores a 5% (cinco por
cento) do valor do contrato licitado ou
celebrado com dispensa ou inexigibilidade
de licitação.
§ 2o O produto da arrecadação da multa
reverterá, conforme o caso, à Fazenda
Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.
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#SELIGANAJURIS Para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/93, agora disposto no art.
337-E do CP, é indispensável a comprovação do dolo específico de causar danos ao erário e o efetivo
prejuízo aos cofres públicos. A consumação do crime descrito no art. 89 da Lei nº 8.666/93, agora disposto
no art. 337-E do CP (Lei nº 14.133/2021), exige a demonstração do dolo específico de causar dano ao
erário, bem como efetivo prejuízo aos cofres públicos. O crime previsto no art. 89 da Lei nº 8.666/93 é
norma penal em branco, cujo preceito primário depende da complementação e integração das normas
que dispõem sobre hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, agora previstas na nova Lei de
Licitações (Lei nº 14.133/2021). Dado o princípio da tipicidade estrita, se o objeto a ser contratado estiver
entre as hipóteses de dispensa ou de inexigibilidade de licitação, não há falar em crime, por atipicidade
da conduta. Conforme disposto no art. 74, III, da Lei n. 14.133/2021 e no art. 3º-A do Estatuto da
Advocacia, o requisito da singularidade do serviço advocatício foi suprimido pelo legislador, devendo ser
demonstrada a notória especialização do agente contratado e a natureza intelectual do trabalho a ser
prestado. A mera existência de corpo jurídico próprio, por si só, não inviabiliza a contratação de advogado
externo para a prestação de serviço específico para o ente público. Se estão ausentes o dolo específico e
o efetivo prejuízo aos cofres públicos, impõe-se a absolvição do réu da prática prevista no art. 89 da Lei
nº 8.666/93. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 669347-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado
do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 13/12/2021 (Info 723).
#SÚMULANOVA Súmula 645-STJ: O crime de fraude à licitação é formal e sua consumação prescinde da
comprovação do prejuízo ou da obtenção de vantagem. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/02/2021
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
#NOVIDADELEGISLATIVA8
Foi publicada no dia 21/12/2020, a Lei nº 14.110/2020, que altera o crime de denunciação caluniosa, previsto
no art. 339 do Código Penal.
Vejamos o que mudou. Para isso, é necessário inicialmente compararmos os textos:
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
Redação anterior do CP Redação dada pela Lei 14.110/2020
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
policial, de processo judicial, instauração policial, de procedimento investigatório
de investigação administrativa, inquérito civil ou criminal, de processo judicial, de processo
ação de improbidade administrativa contra administrativo disciplinar, de inquérito civil ou
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe de ação de improbidade administrativa contra
inocente: alguém, imputando-lhe crime, infração ético-
disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe
inocente:
Dar causa à instauração de: Dar causa à instauração de:
· investigação policial; · inquérito policial;
· processo judicial · procedimento investigatório;
· investigação administrativa; · processo judicial
· inquérito civil; ou · processo administrativo disciplinar;
· ação de improbidade administrativa · inquérito civil; ou
... contra alguém, imputando-lhe · ação de improbidade administrativa
... crime ... contra alguém, imputando-lhe
... de que o sabe inocente: ... crime, infração ético-disciplinar ou ato
ímprobo
https://www.buscadordizerodireito.com.br/novidades_legislativas/detalhes/fb7b9ffa5462084c5f4e7e85a093e6d7
?categoria=11
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CÓDIGO PENAL
Antes da Lei nº 14.197/2021 Depois da Lei nº 14.197/2021
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo
aumentam-se de um terço, se qualquer dos aumentam-se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido: crimes é cometido:
(...) (...)
II - contra funcionário público, em razão de suas II - contra funcionário público, em razão de suas
funções; funções, ou contra os Presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados ou do
Supremo Tribunal Federal;
#VAMOSDELEISECA
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Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência)
Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito,
impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais: (Incluído pela Lei nº 14.197, de
2021) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. (Incluído pela
Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência)
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DISPOSIÇÕES COMUNS
Art. 359-T. Não constitui crime previsto neste Título a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem
a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas,
de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com
propósitos sociais. (Incluído pela Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência)
#DEOLHONAJURIS #MAISUMPOUCO
Comete o delito de desobediência o condutor do veículo que não cumpre a ordem de parada dada pela
autoridade em contexto de policiamento ostensivo para prevenção e repressão de crimes. A
desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de policiamento
ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista no art.
330 do Código Penal Brasileiro. STJ. 3ª Seção. REsp 1859933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1060) (Info 732).
O mero proveito econômico não é suficiente para tipificar o crime de peculato-desvio, é necessário que o
agente pratique alguma conduta voltada ao desvio de verbas públicas. O mero proveito econômico não é
suficiente para tipificar o crime de peculato-desvio, é necessário que o agente pratique alguma conduta
voltada ao desvio de verbas públicas. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 144.053-RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(Desembargador Convocado Do TJDFT), Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 19/10/2021.
A mera interpretação equivocada da norma tributária não configura o crime de excesso de exação. Caso
concreto: registrador de imóveis cobrou emolumentos (taxa) a mais do que seriam devidos ao aplicar
procedimento diverso do que era estabelecido na lei. Ocorre que o texto da lei era confuso e gerava
dificuldade exegética, dando margem a interpretações diversas. Diante disso, o STJ acolheu a tese
defensiva de que a lei era obscura e não permitia precisar a exata forma de cobrança dos emolumentos
cartorários no caso especificado pela denúncia. Embora o réu possa ter cobrado de forma errônea os
emolumentos, o fez por mero erro de interpretação da legislação tributária no tocante ao método de
cálculo do tributo, e não como resultado de conduta criminosa. Assim, o réu foi absolvido, com
fundamento no art. 386, III, do CPP, por atipicidade da conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1943262-SC, Rel. Min.
Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 05/10/2021 (Info 712).
Não comete crime o médico do SUS que cobra do paciente um valor pelo fato de utilizar, na cirurgia, a sua
máquina particular de videolaparoscopia (que não é oferecida na rede pública). Para tipificação do art.
317 do Código Penal - corrupção passiva -, deve ser demonstrada a solicitação ou recebimento de
vantagem indevida pelo agente público, não configurada quando há mero ressarcimento ou reembolso
de despesa. STJ. 5ª Turma. HC 541447-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/09/2021 (Info
709).
Para aplicação da majorante prevista no art. 334, § 3º, do CP, é necessário que o transporte seja clandestino?
O crime de descaminho é tipificado no art. 334 do CP. O § 3º prevê a seguinte causa de aumento: “A pena
aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.” Para
aplicação dessa majorante, é necessário que o transporte realizado seja clandestino? • STJ e 1ª Turma do
STF: NÃO. O art. 334, § 3º, do Código Penal prevê a aplicação da pena em dobro se “o crime de
contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo”. Se a lei não faz restrições quanto à espécie
de voo que enseja a aplicação da majorante, não cabe ao intérprete restringir a aplicação do dispositivo
181
047.542.386-05
legal, sendo irrelevante que o transporte seja clandestino ou regular. STJ. 5ª Turma. HC 390899/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1850255/SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/05/2020. O art. 334, § 3º, do CP, ao versar sobre o aumento da
sanção nos casos de descaminho praticado em transporte aéreo, não distingue os casos de voos
clandestinos ou regulares. STF. 1ª Turma. HC 169846, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/11/2019. •
2ª Turma do STF (empate): SIM. Para aplicação da majorante prevista no art. 334, § 3º, do Código Penal,
é necessária a condição de clandestinidade. A majorante somente pode ser aplicada quando houver uma
maior reprovabilidade da conduta, caracterizada pela atuação do imputado no sentido de dificultar a
fiscalização estatal, por meio da clandestinidade. STF. Plenário. HC 162553 AgR/CE, relator Min. Edson
Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).
O crime de exercício arbitrário das próprias razões é formal e consuma-se com o emprego do meio arbitrário,
ainda que o agente não consiga satisfazer a sua pretensão. O crime do art. 345 do CP pune a conduta de
“fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão”. O tipo penal afirma que o sujeito age “para
satisfazer”. Logo, conclui-se ser suficiente, para a consumação do delito, que os atos que buscaram fazer
justiça com as próprias mãos tenham visado obter a pretensão, mas não é necessário que o agente tenha
conseguido efetivamente satisfazê-la, por meio da conduta arbitrária. A satisfação, se ocorrer, constitui
mero exaurimento da conduta. Ex: o credor encontrou a devedora na rua e tentou tomar o seu aparelho
de celular como forma de satisfazer o débito. Chegou a puxar seu braço e seu cabelo, mas a devedora
conseguiu fugir levando o celular. O crime está consumado mesmo ele não tendo conseguido o resultado
pretendido. STJ. 6ª Turma. REsp 1860791, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2021 (Info 685).
Atipicidade do “comprador de fumaça” quanto ao delito de tráfico de influência do art. 332 do CP. Aquele
que compra o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a órgão público para impedir um ato
de fiscalização, apesar de praticar ato antiético e imoral, não comete nenhum ilícito se, ao fim e ao cabo,
é enganado e não obtém o resultado esperado. A conduta de entregar dinheiro para outrem, que solicitou
o recebimento de vantagem pecuniária, com a promessa de influenciar servidor da Receita Federal a não
praticar ato de ofício referente a uma autuação fiscal, por ter sido extrapolado o limite de importação na
modalidade simplificada, não se enquadra no delito de tráfico de influência previsto no art. 332 do Código
Penal. Aquele que “compra” o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a um órgão público e
que poderia impedir a realização de um ato de ofício da Administração Pública, a despeito de praticar
uma ato antiético e imoral não praticou nenhum ato ilícito, pois, no caso, o ato administrativo foi realizado
e o “comprador de fumaça” recebeu uma autuação fiscal. STJ. 5ª Turma. RHC 122.913, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 15/12/2020. A doutrina define a situação como a do “comprador de fumaça”: o réu
efetuou o pagamento a um terceiro que alegava ter influência junto ao funcionário da Receita, mas foi
autuado mesmo assim. Caso o ato de ofício não tivesse sido realizado pela influência do terceiro junto à
Administração Pública, poder-se-ia cogitar da ocorrência do crime de corrupção ativa em coautoria com
o outro agente. A conduta do "comprador de fumaça" não caracteriza o delito previsto no art. 332 do
Código Penal (tráfico de influência), pois ele não praticou qualquer das ações constantes dos verbos
previstos neste dispositivo.
A complexidade, a alta carga e a ineficiência do emprego dos tributos arrecadados não podem ser utilizados
como atenuante inominada (art.66 do CP) ao praticante do crime de sonegação de contribuição
previdenciária (art.337-A do CP). A complexidade do sistema tributário, a alta carga tributária e o suposto
ineficiente emprego dos tributos arrecadados em nada diminuem a culpabilidade do autor do crime de
sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A do CP) para fins de aplicação da atenuante
inominada do art. 66 do CP, pois não são circunstâncias específicas do caso concreto, vez que alcançam a
todos que exercem atividade econômica e se submetem ao regime tributário nacional. STJ. 5ª Turma.
AgRg no AREsp 1648761/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/10/2020.
Desacato continua sendo crime. A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi
recepcionada pela Constituição de 1988. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito
fundamental em que se questiona a conformidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos,
bem como a recepção pela Constituição de 1988, do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de
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SISTEMAS PROCESSUAIS
9
Por Bruna Reis
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Acusatório:
a) gestão/iniciativa probatória
nas mãos das partes (juiz-
espectador = princípio acusatório
ou dispositivo);
b) radical separação das funções
de acusar e julgar (durante todo o
processo);
c) observância do princípio ne
procedat iudex ex officio;
d) juiz imparcial;
e) pleno contraditório;
f) igualdade de armas e
oportunidades (tratamento
igualitário).
Segundo Guilherme Nucci, o sistema adotado no Brasil era o misto; hoje, após a reforma realizada pela Lei
13.964/2019, é o acusatório mitigado. Na Constituição Federal de 1988, foram delineados vários princípios
processuais penais, que apontam para um sistema acusatório; entretanto, como mencionado, indicam um
sistema acusatório, mas não o impõem, pois quem cria, realmente, as regras processuais penais a seguir é o
Código de Processo Penal.
No entanto, atenção, em provas objetivas, a posição mais segura é marcar que O SISTEMA ADOTADO NO
BRASIL É O ACUSATÓRIO, eis que é explicitamente aquele albergado pelo art. 3º-A do CPP:
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
PRINCÍPIOS
#TABELALOVERS
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LEIS PENAIS
Disciplinam o poder punitivo estatal, que diz respeito à tipificação de delitos, penas,
LEIS PENAIS regimes etc. Aplicam-se os princípios do direito penal: retroatividade da lei penal mais
PURAS benigna e irretroatividade da lei mais
gravosa.
LEIS Regulam o início, o desenvolvimento e o fim do processo penal, como perícias, rol de
PROCESSUAIS testemunhas, ritos etc. Aplica-se o princípio da imediatidade e não
PENAIS PURAS têm efeito retroativo.
Possuem caracteres penais e processuais, visto que disciplinam um ato do processo, mas
que diz respeito ao poder punitivo. Exemplos: normas que regulam ação penal,
LEIS MISTAS
representação, perdão, renúncia, perempção, causas de extinção da punibilidade etc.
Aplica-se a regra do direito penal da retroatividade da lei mais benigna.
INQUÉRITO
CONCEITO
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É procedimento administrativo preparatório para o oferecimento da denúncia que tem como objetivo a
reunião dos elementos de convicção que habilitem o órgão de acusação para a propositura da ação penal
(pública ou privada). NÃO é processo, pois não há contraditório, e possui natureza inquisitiva, pois decorre
da reunião, em uma mesma pessoa, das funções de iniciar, presidir e decidir o procedimento.
#NÃOESQUECE Pelo princípio da presunção de inocência, a investigação de pessoa em inquérito policial NÃO
pode agravar a pena-base (Súmula 444 STJ).
O Estado ao tomar conhecimento de uma infração penal, no uso do seu jus puniendi, dá início à persecução
penal. Assim, o que até então estava somente em um plano abstrato (normas), passa a existir no plano
concreto, através da persecução penal, que pode ser compreendida como “conjunto de atividades levadas
adiante pelo Estado, objetivando a aplicação da norma penal ao infrator da lei”.
Nessa esteira, temos que a persecução penal é composta por uma fase preliminar investigatória e por uma
fase judicial.
A fase preliminar, na maior parte das vezes é marcada pela existência do Inquérito Policial. O inquérito
policial figura como principal instrumento investigatório.
Contudo, não se trata do único meio, existindo outras formas, por exemplo, as investigações feitas pelo MP,
pelas CPIs e TCO.
Inquérito Ministerial – PIC (Procedimento Investigativo Criminal): Segundo o STF, o STJ e a doutrina
amplamente majoritária, o Ministério Público poderá conduzir investigação criminal que conviverá
harmonicamente com o inquérito policial, sem que exista usurpação de função. Promotor que investiga não
é suspeito ou impedido de atuar na fase processual (Súmula 234 STJ - A participação de membro do
Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.).
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CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO
Segundo Renato Brasileiro, o inquérito policial deve ser compreendido como sendo “procedimento
administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o objetivo de identificar
fontes de prova e colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim
de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”.
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO Não existe um rito ou uma ordem determinada pela lei, razão pela qual não é
DE CARÁTER possível o reconhecimento de nulidade procedimental
INVESTIGATÓRIO
PREPARATÓRIO E
Busca apurar indícios de autoria e materialidade para a propositura de ação penal.
INFORMATIVO
Sempre que tomar conhecimento da ocorrência de infração penal que caiba ação
OBRIGATÓRIO
penal pública incondicionada deverá instaurar o inquérito.
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#DIRETODAFUC
Tecnicamente, o inquérito policial não produz provas, e sim elementos indiciários ou de informação.
Na lição do professor Henrique Hoffmam, o conceito moderno de IP: Na verdade, o inquérito policial é o
processo administrativo presidido, pelo delegado de polícia natural, apuratório, informativo e probatório,
indispensável, preparatório e preservador.
#ATENÇÃO a VISÃO MODERNA DO INQUÉRITO deve ser abordada apenas em fases discursivas, para a prova
objetiva as questões devem ser respondidas de acordo com a visão clássica vista acima.
Segundo doutrina amplamente difundida, inquérito policial é o procedimento administrativo presidido pelo
delegado de polícia, inquisitorial, informativo, dispensável e preparatório. Essas supostas particularidades
10
https://www.conjur.com.br/2017-fev-21/academia-policia-inquerito-policial-sido-conceituado-forma-equivocada
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não resistem a um exame mais minucioso. Na verdade, o inquérito policial é o processo administrativo
presidido pelo delegado de polícia natural, apuratório, informativo e probatório, indispensável, e
preparatório e preservador:
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Em outras palavras, inquérito policial consiste no processo administrativo apuratório levado a efeito pela
polícia judiciária, sob presidência do delegado de polícia natural; em que se busca a produção de elementos
informativos e probatórios acerca da materialidade e autoria de infração penal, admitindo que o investigado
tenha ciência dos atos investigativos após sua conclusão e se defenda da imputação; indispensável para evitar
acusações infundadas, servindo como filtro processual; e que tem a finalidade de buscar a verdade,
amparando a acusação ao fornecer substrato mínimo para a ação penal ou auxiliando a própria defesa ao
documentar elementos em favor do investigado que possibilitem o arquivamento, sempre resguardando
direitos fundamentais dos envolvidos.
ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA
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#SELIGA: Avocatória. O chefe de polícia poderá avocar o inquérito e redistribuir a outro delegado por
despacho fundamentado, desde que exista interesse público ou quando as regras procedimentais na
condução da investigação sejam violadas (§4º e §5º, do art. 2º, da Lei nº 12.830/2013).
PRAZO DO INQUÉRITO
#ATENÇÃO O Pacote Anticrime trouxe a possibilidade de o Juiz das Garantias prorrogar o inquérito policial
na hipótese de investigado preso – o que não era admitido pela doutrina majoritária. Assim, o juiz das
garantias poderá determinar a prorrogação do inquérito policial por até 15 dias, mediante representação
da autoridade policial, ouvido o Ministério Público, possibilitando a conclusão das investigações. Após o
escoamento do prazo de 25 dias (10 + 15 e prorrogação), se não houver conclusão das investigações, a prisão
será imediatamente relaxada.
Art. 3º, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze)
dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
#NÃOESQUECE art. 3º está com a eficácia suspense por prazo indeterminado.
INDICIAMENTO
Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa. É apontar uma pessoa
como provável autora ou partícipe de um delito. A condição de indiciado poderá ser atribuída no auto de
prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia.
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O indiciamento é resultado das investigações policiais por meio do qual alguém é apontado como provável
autor de um fato delituoso. Assim, trata-se de ato privativo do Delegado de Polícia.
#ATENÇÃO: O inquérito policial instaurado por delegado de polícia para investigar determinado crime
PODERÁ SER AVOCADO OU REDISTRIBUÍDO por SUPERIOR HIERÁRQUICO, mediante DESPACHO
FUNDAMENTADO, por MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO ou nas hipóteses de INOBSERVÂNCIA DOS
PROCEDIMENTOS previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação (art.
2º, § 4º, Lei nº. 12.830/2013).
#VEMDETABELA
INDICIAMENTO DIRETO O investigado está presente.
Quando o investigado não é encontrado, estando
INDICIAMENTO INDIRETO
em local incerto e não sabido.
OBS: Desindiciamento -> É a retirada do status de indiciado atribuído ao agente, o que não caracteriza
desistência do inquérito. Modalidades: a) Voluntário: é aquele realizado por iniciativa do próprio delegado.
b) Coacto: é aquele designado pela procedência do HC impetrado (ou MS caso não haja pena privativa de
liberdade) para trancar o inquérito, em virtude de patente ilegalidade.
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO
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DILIGÊNCIAS INVESTIGATIVAS
#LEISECASALVA
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a
chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
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047.542.386-05
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua
folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído
pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade
policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a
ordem pública.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e
intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização
judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
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§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou
dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
#SELIGA
INQUÉRITO NO ECA
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim
de ocorrência circunstanciada.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.
Como o ato infracional foi cometido com violência ou grave ameça à pessoa, o delegado deve lavrar um auto
de apreensão do menor (art. 173, I do ECA).
Na hipótese de ato infracional sem violência ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial pode substituir
o auto de apreensão pelo BO (parágrafo único do art. 173, ECA)
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
O Pacote Anticrime retirou o juiz do controle do arquivamento, deixando essa decisão apenas no âmbito do
Ministério Público. O promotor não faz mera “promoção” de arquivamento ao juiz, que homologa ou não.
Após a lei, o MP “ordena” o arquivamento e remete os autos à instância de revisão ministerial para fins de
homologação, o arquivamento ocorre unicamente no âmbito do próprio Ministério Público – decisão interna
corporis, não havendo mais o controle judicial.
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#ATENÇÃO A NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 28 ESTÁ COM EFICÁCIA SUSPENSA, PORTANTO, NA PRÁTICA
AINDA É FEITO O PROCEDIMENTO DO ANTERIOR ARTIGO 28!
#RESUMEAÊPROF
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
ANTES DO PACOTE ANTICRIME -> ato complexo (promotor + juiz)
DEPOIS DO PACOTE ANTCRIME -> ato composto (só no âmbito do ministério público)
#DEOLHONATABELA:
ANTES DA LEI 13.964/19 APÓS LEI 13.964/19
MP faz promoção de arquivamento, e o Juiz MP dá ORDEM de arquivamento, e remete os autos
homologa ou não, se não homologar invoca o art. à instancia de revisão ministerial.
28 CPP.
Prejudica o sistema acusatório, uma vez que só cabe Privilegia o sistema acusatório, e a titularidade da
ao juiz julgar, sendo o Ministério Público o titular da ação penal pública.
ação penal pública, devendo ter o controle do
oferecimento ou não da denúncia, sob pena de
prejuízo à imparcialidade do juiz, que ao discordar
do arquivamento, e remeter ao Procurador Geral,
tende a condenar (Teoria da dissonância cognitiva –
contaminação subjetiva)
Recurso envolvendo o arquivamento: Não cabe mais nenhum recurso!
- Crimes contra Saúde pública e economia popular: O único que subsiste envolvendo arquivamento
cabia recurso de ofício. inquérito, é nas causas de atribuição originária do
- Contravenção do jogo do bixo: cabia Recurso em Procurador Geral de Justiça determina o
sentido estrito. arquivamento, aí cabe recurso ao colégio de
procuradores.
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Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para
a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
SÚMULA 524 - ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO JUIZ, A REQUERIMENTO DO
PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS.
#SELIGA:
DESARQUIVAMENTO OFERECIMENTO E DENÚNCIA
É a reabertura das investigações, e só será possível Já para o oferecimento da denúncia, serão
nos casos em que o arquivamento tiver formado necessárias provas novas, capazes de alterar o
“coisa julgada formal” (ausência de lastro contexto probatório dentro do qual foi proferida a
probatório, pressupostos processuais, condições da decisão de arquivamento.
ação). Não há necessidade efetiva do surgimento de
provas novas.
Pressuposto: notícia de prova nova. Art. 18 CPP. Pressuposto: prova nova. Súmula 524, STF.
DESARQUIVAMENTO
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ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
#VEMDETABELA
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO OBJETIVO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO SUBJETIVO
Quando o Ministério Público deixa de incluir na Arquivamento implícito subjetivo: Quando o
denúncia algum dos fatos investigados no inquérito Ministério Público, diante de inquérito policial que
ou algum dos indivíduos nele indiciados, sem indiciou mais de um investigado ou apurou mais de
qualquer justificativa para tanto; um fato criminoso, postula o arquivamento
referente a apenas um ou alguns investigados ou
um ou alguns fatos, sem qualquer menção aos
demais.
#ATENÇÃO O arquivamento implícito não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência, pois todas as
manifestações do MP devem ser fundamentadas, caracterizando omissão injustificada do Ministério Público.
Logo, constatando o magistrado a ocorrência destas situações, deverá restituir vista dos autos ao parquet
para que este se pronuncie.
ARQUIVAMENTO INDIRETO
Ocorre quando o Ministério Público deixa de oferecer denúncia com base na incompetência do juízo para
processar e julgar futura ação penal. No caso do arquivamento indireto, estão presentes os pressupostos
processuais, condições da ação, e lastro probatório mínimo, no entanto, o juízo não é competente. Nesse
caso, o promotor não pede ao juiz a homologação do arquivamento do inquérito, mas sim, a remessa do
inquérito ao juiz competente.
Sendo assim o juiz tem duas opções:
200
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Caso o juiz discorde do pedido de arquivamento indireto, e se julgue competente para o caso, deverá invocar,
por analogia, o art. 28 CPP, e remeter os autos para o órgão de revisão do Ministério Público. Neste caso, ou
o órgão de supervisão ministerial concorda com a tese do membro do Ministério Público e o magistrado
deverá encaminhar os autos ao Juízo considerado como competente, ou acolhe o entendimento do
magistrado, delegando a outro membro do Ministério Público atuar no feito e oferecer denúncia.
#DEOLHONAJURIS
Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do compartilhamento de
dados de movimentações financeiras da própria instituição bancária ao Ministério Público. Não houve
violação ilícita do sigilo de dados bancários. Isso porque não eram informações bancárias sigilosas relativas à
pessoa do investigado, mas sim movimentações financeiras da própria instituição. Além disso, após o
recebimento da notícia-crime, o Ministério Público requereu ao juízo de primeiro grau a quebra do sigilo
bancário e o compartilhamento pelo Banco de todos os documentos relativos à apuração, o que foi deferido,
havendo, portanto, autorização judicial. Desse modo, as alegadas informações sigilosas não são os dados
bancários do investigado, e sim as informações e registros relacionados à sua atividade laboral como
funcionário do Banco. STJ. 6ª Turma. RHC 147307-PE, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado
do TRF 1ª Região), julgado em 29/03/2022 (Info 731).
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº 13.964/2019, desde que
não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no
ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019,
no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre
201
047.542.386-05
a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. O ANPP se esgota na etapa pré-processual,
sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar
a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-
processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente.
Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos
anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se impossível realizar o
ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª
Turma. HC 607003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). STF. 1ª
Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negociações de extorsão. Não há
infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade falsa, apenas representa
o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se infiltrar na organização criminosa com o
propósito de identificar e angariar a confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o
funcionamento do bando. STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
18/08/2020 (Info 677).
É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF determinou a instauração do
Inquérito 4781, com o intuito de apurar a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações
caluniosas, ameaças e atos que podem configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a
segurança do STF, de seus membros e familiares. Também é constitucional o art. 43 do Regimento Interno
do STF, que foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinária. O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito,
para ser constitucional, deve cumprir as seguintes condicionantes: a) o procedimento deve ser acompanhado
pelo Ministério Público; b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante. c) o
objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo à independência
do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças aos membros do STF e a seus
familiares ou por atos que atentem contra os Poderes instituídos, contra o Estado de Direito e contra a
democracia; e, por fim, d) a investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa,
excluindo do escopo do inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras
manifestações (inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem
esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais. O art. 43 do RISTF prevê o seguinte:
“Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará
inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro.” Muito embora o dispositivo exija que os fatos apurados ocorram na “sede ou dependência” do
próprio STF, o caráter difuso dos crimes cometidos por meio da internet permite estender (ampliar) o
conceito de “sede”, uma vez que o STF exerce jurisdição em todo o território nacional. Logo, os crimes objeto
do inquérito, contra a honra e, portanto, formais, cometidos em ambiente virtual, podem ser considerados
como cometidos na sede ou dependência do STF. STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 17 e 18/6/2020 (Info 982).
Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios mais robustos que uma
simples notícia anônima. Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como
interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas por diligências investigativas
posteriores. Se há notícia anônima de comércio de drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve,
antes de representar pela expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no
202
047.542.386-05
intuito de reunir e documentar outras evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se confirmadas,
com base nesses novos elementos de informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será
possível violar o domicílio, sendo a expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa. O
mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente com apoio em denúncia anônima é abusivo. STF.
2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).
É inconstitucional a previsão legal que determina o afastamento do servidor público pelo simples fato de ele
ter sido indiciado pela prática de crime. É inconstitucional a determinação de afastamento automático de
servidor público indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação
de bens, direitos e valores. Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei
de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98): Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será
afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno. O afastamento do servidor somente se justifica quando
ficar demonstrado nos autos que existe risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que o
afastamento é medida eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a própria Administração Pública.
Tais circunstâncias precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min.
Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
AÇÃO PENAL
AÇÃO PENAL (i) Titularidade: assim como na APP Incondicionada, a titularidade é do MP, sendo
PÚBLICA necessário, contudo, a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da
Justiça.
(ii) Representação: trata-se de condição de procedibilidade, não exigindo forma
específica.
a) Ação penal privada exclusiva: a vítima ou seu representante legal decidem se vão
propor ação ou não. É intentada mediante queixa-crime. Caso esteja morto ou ausente,
esta legitimidade passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI).
#ATENÇÃO: Não confundir denúncia genérica com acusação geral. A acusação geral ocorre quando um
mesmo fato é atribuído a mais de uma pessoa com a existência de lastro, mas sem a especificação da real
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047.542.386-05
cota de contribuição de cada um. Ex.: rixa. Essa acusação geral tem sido aceita. Ex2.: Acusação geral – os
sócios da empresa deixaram de recolher a contribuição previdenciária.
Acusação genérica: venda de combustível adulterado: distribuidor, transportador, varejista (não soube
identificar o momento correto da adulteração).
#DEOLHONAJURIS
Inexistindo a demonstração do mínimo vínculo entre o acusado e o delito a ele imputado, impossibilitado
está o exercício do contraditório e da ampla defesa. Caso adaptado: o MP denunciou 19 pessoas por diversos
crimes contra a administração pública, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Dentre as pessoas
denunciadas estavam João e sua filha Carla. João seria o líder da organização criminosa e teria praticado,
dentre outros delitos, peculato, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Carla também foi denunciada, mas
apenas por lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, uma das empreiteiras beneficiadas com o esquema,
teria reformado a casa de Carla. Em nenhum momento, contudo, é descrita qual teria sido a conduta
praticada por Carla ou se ela realmente saberia da origem ilícita dos recursos. Para o STJ, a partir do exame
da denúncia, não se consegue inferir que a conduta supostamente praticada pela denunciada efetivamente
tenha contribuído para o êxito da empreitada criminosa. Contra ela é imputada a prática de ocultação de
valores oriundos de suposta prática ilícita. Ocorre que, diferentemente dos demais acusados, não resta claro
da denúncia que delito antecedente teria a acusada cometido. STJ. 6ª Turma. RHC 154162-DF, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
A Lei Maria da Penha autoriza, em seu art. 16, que, se o crime for de ação pública condicionada (ex: ameaça),
a vítima possa se retratar da representação que havia oferecido, desde que faça isso em audiência
especialmente designada, ouvido o MP. Veja: Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz,
em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público. Não atende ao disposto neste art. 16 a retratação da suposta ofendida ocorrida em
cartório de Vara, sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação do ato. Em outras
palavras, se a vítima comparece ao cartório e manifesta interesse em se retratar, ainda assim o juiz deverá
designar a audiência para ouvir a ofendida e o MP, não podendo rejeitar a denúncia sem cumprir esse
procedimento. STJ. 5ª Turma. HC 138143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/09/2019 (Info 656)
O STF, interpretando os §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006, afirmou que o autor do crime previsto
no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 deve ser encaminhado imediatamente ao juiz e o próprio magistrado irá
lavrar o termo circunstanciado e requisitar os exames e perícias necessários. Se não houver disponibilidade
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do juízo competente, deve o autor ser encaminhado à autoridade policial, que então adotará essas
providências (termo circunstanciado e requisição). Não há qualquer inconstitucionalidade nessa previsão.
Isso porque a lavratura de termo circunstanciado e a requisição de exames e perícias não são atividades de
investigação. Considerando-se que o termo circunstanciado não é procedimento investigativo, mas sim uma
mera peça informativa com descrição detalhada do fato e as declarações do condutor do flagrante e do autor
do fato, deve-se reconhecer que a possibilidade de sua lavratura pela autoridade judicial (magistrado) não
ofende os §§ 1º e 4º do art. 144 da Constituição, nem interfere na imparcialidade do julgador. As normas dos
§§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006 foram editadas em benefício do usuário de drogas, visando afastá-
lo do ambiente policial, quando possível, e evitar que seja indevidamente detido pela autoridade policial.
STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 29/06/2020 (Info 986 – clipping).
COMPETÊNCIA
CONCEITO
É o poder conferido pela Constituição ou pela lei a cada juiz para conhecer e julgar determinados litígios, é a
medida da jurisdição. São regras que vão fixar os limites dentro do quais a jurisdição será validamente
exercida.
- A competência é “a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o
direito objeto ao caso concreto” 11
FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA fixada em virtude da natureza da infração penal. Ex. crimes militares e crimes
RATIONE MATERIAE eleitorais.
COMPETÊNCIA Estabelecida em razão do sujeito ativo do crime, em virtude do cargo que exerce
RATIONE PERSONAE ou função que desempenha.
COMPETÊNCIA É competência territorial, sendo em regra fixada pelo local da consumação do
TERRITORIAL OU delito.
RATIONE LOCI
Varia de acordo com a função do órgão jurisdicional. A competência funcional
pode ser:
(a) Competência funcional por fase do processo: de acordo com a fase em que
o feito estiver, um órgão jurisdicional diverso exercerá a competência em relação
a ele. Exemplo: Tribunal do Júri é um procedimento bifásico
COMPETÊNCIA ✓ 1ª fase: indicium accusationis/sumário da culpa – quem atua é o juiz
FUNCIONAL sumariante
✓ 2ª fase: indicium causae – quem atua é o juiz presidente juntamente com o
conselho de sentença (7 jurados).
(b) Competência Funcional por objeto do juízo: É aquela em que cada órgão
jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões a serem
decididas no processo. Exemplo: mesmo exemplo do Tribunal do Júri: os
11
LIMA, 2017, p. 329
205
047.542.386-05
(c) Por grau de jurisdição: É aquela que divide a competência entre órgãos
jurisdicionais superiores e inferiores. Alguns autores classificam:
#NÃOCONFUNDA
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA INCOMPETÊNCIA RELATIVA
Interesse público (regras previstas na CF); Interesse preponderante das partes (regras
previstas na legislação infraconstitucional).
Improrrogável ou imodificável. Desta forma, não Prorrogável ou derrogável. Assim, a conexão e a
pode ser alterada pela conexão e/ou pela continência poderão modificá-la;
continência;
Inobservância produz nulidade absoluta. (Ada Inobservância produz nulidade relativa.
entende que é uma decisão inexistente –
minoritária)
Pode ser arguida a qualquer momento, inclusive Deve ser arguida em momento oportuno, sob pena
após o trânsito em julgado de sentença de preclusão.
condenatória ou absolutória imprópria. Portanto,
não está sujeita a preclusão;
Prejuízo é presumido; Prejuízo precisa ser comprovado;
Pode ser declarada de ofício, enquanto não houver Pode ser declarada de ofício.
o esgotamento da jurisdição (art. 494 do CPC/2015 Obs.: A Súmula 33 do STJ (a incompetência relativa
– até publicação da sentença). não pode ser declarada de ofício)
NÃO se aplica ao Processo Penal. Antes da lei
11.719, a incompetência relativa podia ser
declarada de ofício até o momento da sentença.
Com a adoção do PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA
DO JUIZ (art. 399, §2º), essa incompetência relativa,
só pode ser declarada até o início da instrução
processual. Porque se o juiz fizer a audiência, fizer a
instrução, ele não poderá enviar para o outro, por
conta do supracitado princípio, visto que o juiz que
faz a instrução deve ser o mesmo que profere a
sentença.
Induzem incompetência absoluta: Induzem incompetência relativa:
• Ratione materiae • Ratione Loci
• Ratione personae (funcionae) • Por distribuição
• Funcional (A competência é fixada de acordo com • Por prevenção (Súmula 706 STF)
a função que cada um dos órgãos jurisdicionais • Conexão/continência
exerce no processo)
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#OLHAOGANCHO #SAINDODOFORNO
Competência dos Tribunais para supervisionar investigações contra autoridades com foro por prerrogativa
de função - É constitucional a norma de Regimento Interno de Tribunal de Justiça que condiciona a
instauração de inquérito à autorização do desembargador-relator nos feitos de competência originária
daquele órgão. (INFO 1054 STF)
Competência penal originária do STF e “mandatos cruzados” - A competência penal originária do STF para
processar e julgar parlamentares alcança os congressistas federais no exercício de mandato em casa
parlamentar diversa daquela em que consumada a hipotética conduta delitiva, desde que não haja solução
de continuidade. (INFO 1049 STF)
COMPETÊNCIA ABSOLUTA
A) Justiça Eleitoral: nos termos do art. 35, II, do Código Eleitoral, compete aos Juízes Eleitorais processar e
julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos.
B) Justiça Militar: quanto à caracterização de uma conduta como crime militar, condiciona-se à observância
dos seguintes requisitos:
(i) Tipificação no Código Penal Militar (crime militar próprio) ou na legislação penal comum (crime
militar impróprio).
(ii) Enquadramento da conduta nos art. 9.º e 10 do CPM, dispositivos que definem o que se
consideram crimes militares em tempo de paz e em tempo de guerra.
Frise-se que havendo conexão ou continência entre crime militar e crime comum, deve ser feita a cisão
processual, ficando o crime militar a cargo da Justiça Militar e o crime comum afeto à Justiça Comum.
C) Justiça Federal: art. 109 CF, Ressalta-se que se trata de rol TAXATIVAMENTE previsto. Veja a
jurisprudência sobre o tema: O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não
atrai a competência da justiça federal. STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
29/3/2016 (Info 819).
Inf. 936, 1ª T. STF (2019): O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai
a competência da Justiça Federal. Em regra, compete à Justiça Estadual julgar o crime praticado por
brasileiro no exterior e que lá não foi julgado em razão de o agente ter fugido para o Brasil, tendo o nosso
país negado a extradição para o Estado estrangeiro. Somente será de competência da Justiça Federal caso
se enquadre em alguma das hipóteses do art. 109 da CF/88. STF.
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É aquela que leva em conta o cargo público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal,
o que implica em um foro por prerrogativa de função.
#DIRETODAFUC #TABELALOVERS
STF STJ TRF´S TJ’S
Infrações penais Infrações penais comuns: Infrações penais Infrações penais
comuns: Governadores dos comuns e de comuns e de
- Presidente da Estados e do Distrito responsabilidade: responsabilidade:
República Federal (art. 105, I, a, - Juízes Federais da área - Juízes Estaduais e do
- Vice-Presidente da CF). de sua jurisdição, Distrito Federal
- membros do incluídos os da - membros do
Congresso Nacional Infrações penais comuns Justiça Militar e da Ministério Público,
- seus próprios e de Justiça do Trabalho ressalvada a
Ministros responsabilidade: - - membros do competência da
- Procurador-Geral da Desembargadores dos Ministério Justiça
República (art. 102, I, Tribunais de Público da União, Eleitoral (art. 96, III, da
b, da CF). Justiça dos Estados e do ressalvada a CF)
Distrito Federal competência da - Prefeitos Municipais
Infrações penais - membros dos Tribunais Justiça Eleitoral (art. que praticarem
comuns e de de Contas dos Estados 108, I, a, da CF). crimes submetidos
responsabilidade: e do Distrito Federal, - Prefeitos Municipais à Justiça Estadual
- Ministros de Estado dos Tribunais que praticarem (art. 29, X, da CF).
- Comandantes da Regionais Federais, crimes submetidos à
Marinha, do Exército e dos Tribunais Justiça Federal
da Aeronáutica, Regionais Eleitorais e (Súmula 702 do STF).
ressalvado o do Trabalho
disposto no art. 52, I - membros dos Conselhos
(estabelecendo a ou Tribunais de Contas
competência do dos Municípios e do
Senado Federal para Ministério Público da
julgar os União que oficiem
comandantes das perante Tribunais.
forças armadas em
crimes de
responsabilidade
conexos com os do
Presidente da
República e Vice)
- membros dos
Tribunais Superiores,
do Tribunal de
Contas da União
- chefes de missão
diplomática em
caráter permanente
(art. 102, I, c, da CF).
#ATENÇÃO
CRIMES COMETIDOS POR DEPUTADO FEDERAL OU SENADOR
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SITUAÇÃO COMPETÊNCIA
Crime cometido antes da diplomação como
Juízo de 1ª instância
Deputado ou Senador
Crime cometido depois da diplomação (durante o
exercício do cargo), mas o delito não tem relação com
Juízo de 1ª instância
as funções desempenhadas.
Ex: embriaguez ao volante.
Crime cometido depois da diplomação (durante o
exercício do cargo) e o delito está relacionado com as STF
funções desempenhadas. Ex: corrupção passiva.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL
Ela se estabelece tendo por parâmetro a distribuição de tarefas entre órgãos dentro da mesma persecução
penal. Não se confunde a competência funcional com a prerrogativa por foro de função. Quais são os três
subitens da competência funcional?
a) Fase do processo: O legislador pode preestabelecer órgãos distintos para fases específicas do
processo. É o que ocorre com a determinação de um juiz do conhecimento e outro para execução
penal (organizar o desempenho funcional dos juízes).
b) Objeto do juízo: O legislador pode estabelecer que o que foi trazido pela demanda seja parcelado
em juízes distintos.
c) Grau de jurisdição: também conhecido como competência funcional vertical
COMPETÊNCIA RELATIVA
A competência relativa permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do foro.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL OU COMPETÊNCIA RACIONE LOCI
Trata-se aqui da fixação da competência a partir do lugar do crime. Arts. 69, I, e 70 a 71 do CPP.
a) Teoria do resultado: O CPP, no art. 70, adotou a teoria do resultado, considerando competente, em
regra, o juízo do lugar onde a infração se consumou, ou, sendo hipótese de tentativa, o local onde
o último ato de execução foi praticado.
b) Teoria da atividade: por essa teoria, considera-se competente o juízo do local onde fora praticada a
conduta.
#ATENÇÃO: Excepcionalmente, adota-se essa teoria nos seguintes casos:
- Homicídio, quando o resultado morte tenha ocorrido em local diverso daquele onde se deu a conduta;
- Infrações de menor potencial ofensivo (art. 63, Lei 9.099/95);
c) Teoria da ubiquidade: considera-se como local do crime tanto o lugar em que se processou a ação
ou omissão (art. 70, § 1º), como aquele em que ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado (art. 70,
§ 2º).
#ATENÇÃO: Excepcionalmente, adota-se essa teoria nos seguintes casos:
- Crimes à distância: aqueles que têm sua execução iniciada em um determinado país, e a consumação em
outro;
§1º - Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§2º - Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do
lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
- Incerteza de limite territorial entre duas ou mais jurisdições ou incerteza de jurisdição.
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§3º - Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por
ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á
pela prevenção.
- Crime continuado;
- Crime permanente.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
#LEISECASALVA
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso
de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do
lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á
pela prevenção.
§ 4º Nos CRIMES PREVISTOS NO art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
quando praticados mediante DEPÓSITO, mediante EMISSÃO DE CHEQUES SEM SUFICIENTE PROVISÃO DE
FUNDOS em poder do sacado ou COM O PAGAMENTO FRUSTRADO ou MEDIANTE TRANSFERÊNCIA DE
VALORES, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em CASO DE PLURALIDADE DE
VÍTIMAS, a competência firmar-se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
#AJUDAMARCINHO
A Lei nº 14.155/2021 inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP tratando sobre o tema. A alteração é muito bem-vinda
porque anteriormente havia uma imensa insegurança jurídica diante da existência de regras distintas para
situações muito parecidas, além da uma intensa oscilação jurisprudencial. Veja o § 4º do art. 70 que foi
inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021:
Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de
fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela novidade
legislativa.
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)
Aplica-se aqui o § 4º do art. 70 do CPP?
NÃO. Se você ler o § 4º verá que ele não trata da hipótese de estelionato praticado por meio de cheque falso.
Logo, esse dispositivo não incide no presente caso.
A regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso
de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. (o artigo 70 consagra a teoria da
atividade)
O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com o
cheque falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja.
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Logo, nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a
Súmula 48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)
Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima. É o que prevê o novo § 4º do art.
70:
Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando praticados (...) mediante
emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado (...) a competência será definida
pelo local do domicílio da vítima (...)
Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas.
SÚMULA 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a
modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do
pagamento pelo sacado.
SÚMULA 244-STJ: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos.
SÚMULA 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 235-STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.
#SINTETIZANDO #RESUMO
#DEOLHONAJURIS O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de
estelionato, aplica-se imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em vigor
a Lei nº 14.155/2021. Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio
da transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, em razão da
superveniência de Lei nº 14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei. Veja o § 4º do
art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021: Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento
frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da
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vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. STJ. 3ª Seção. CC
180832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).
a) Incerteza quanto ao lugar da infração: caso não seja possível determinar o lugar da infração, a
competência será firmada pelo domicílio ou residência do réu (CPP, art. 72, caput) - forum domicilii. Trata-se
do foro supletivo/subsidiário.
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência
do réu.
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
b) Crimes de ação penal exclusivamente privada: nessa hipótese, mesmo sendo conhecido o local da
infração, possibilita-se ao querelante optar foro do domicílio do réu.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro
tomar conhecimento do fato.
PREVENÇÃO
Ocorrerá a prevenção quando, havendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles se anteceder ao(s) outro(s) na prática de atos de jurisdição (atos decisórios).
#ATENÇÃO: Apenas geram prevenção atos de jurisdição praticados por autoridade judiciária competente.
CONEXÃO
É a interligação entre duas ou mais infrações, e devem ser julgadas em um só processo. Modalidades:
1) Intersubjetiva: Exige, além das ocorrências de duas ou mais infrações, que estas tenham sido praticadas
por duas ou mais pessoas.
Por simultaneidade: Vínculo entre as infrações pela similitude de tempo e espaço – permite a oferta de
denúncia única, imputando cada crime ao respectivo responsável;
Concursal: Agentes em concurso, abarcando todos os delitos praticados.
Por reciprocidade: Dois ou mais delitos, praticados por duas ou mais pessoas, que investem uma contra
as outras.
2) Teleológica: É praticada infração para facilitar, ocultar, conseguir impunidade ou vantagem em relação a
outra;
3) Probatória ou instrumental: Influência direta que a prova de uma infração exerce na demonstração de
outro delito. Ex: Comprovação de tráfico de drogas para demonstrar lavagem de dinheiro.
* Obs. 1: não há exigência de relação de tempo e espaço entre os 2 crimes.
* Obs. 2: basta que a prova de 1 crime influencie na de outro.
CONTINÊNCIA
É a reunião no mesmo processo de duas ou mais pessoas que concorreram para a realização de delito único,
ou quando duas ou mais infrações são praticadas através de uma só conduta. Modalidades:
Cumulação subjetiva: Há um só delito, praticado por duas ou mais pessoas, a serem julgadas em
conjunto;
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Cumulação objetiva: Existe uma só conduta, que provoca dois ou mais resultados lesivos,
configurando concurso formal de delitos, que serão reunidos em um só processo.
→ A continência por cumulação objetiva ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (art. 70 CP),
aberratio ictus (art. 73, CP) e aberratio criminis (art. 74 CP).
Aberratio ictus: Ocorre a continência por erro na execução. O agente mira na pessoa desejada e mata outra,
além da desejada. Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.
Aberratio criminis: Quando o agente atinge bem jurídico diverso do pretendido, além do pretendido. Há
concurso formal dos crimes, provocando a continência.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a
competência do júri;
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem
de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 208, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita
a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209, STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.
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Súmula 122, STJ: compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
Súmula 47, STJ: compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar contra civil, com
emprego de arma de fogo pertencente à corporação, mesmo não estando em serviço.
Súmula 90, STJ: compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime
militar, e à Comum pela prática de crime comum simultâneo àquele.
Súmula 451, STF: A competência especial por prorrogativa de função não se estende ao crime cometido após
a cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula 704, STF: não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração
por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.
Súmula Vinculante 45, STF: A competência constitucional do Tribunal de Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente em Constituição estadual.
Súmula 702, STF: a competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de
competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.
Súmula 555, STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre juiz de direito do
estado e a justiça militar local.
#DEOLHONAJURIS
É aplicável a teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no curso do inquérito policial quando
autorizadas por juízo aparentemente competente. A jurisprudência do STJ tem entendido, de maneira ampla,
que o desvio de verbas do SUS atrai a competência da Justiça Federal, tendo em vista o dever de fiscalização
e supervisão do governo federal. No caso concreto, as decisões foram proferidas pelo Juízo estadual. Assim,
deve-se reconhecer a incompetência do Juízo estadual. No entanto, os atos processuais devem ser avaliados
pelo Juízo competente, para que decida se valida ou não os atos até então praticados. É pacífica a
aplicabilidade da teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no curso do inquérito policial
quando autorizadas por juízo aparentemente competente. As provas colhidas ou autorizadas por juízo
aparentemente competente à época da autorização ou produção podem ser ratificadas a posteriori, mesmo
que venha aquele a ser considerado incompetente, ante a aplicação no processo investigativo da teoria do
juízo aparente. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156413-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2022
(Info 733).
Se um Senador, que responde ação penal no STF, foi eleito Deputado Federal, sem solução de continuidade,
o STF permanece sendo competente para a causa (mantem-se a competência do STF nos casos de mandatos
cruzados de parlamentar federal). A competência penal originária do STF para processar e julgar
parlamentares alcança os congressistas federais no exercício de mandato em casa parlamentar diversa
daquela em que consumada a hipotética conduta delitiva, desde que não haja solução de continuidade.
Desse modo, mantem-se a competência criminal originária do STF nos casos de “mandatos cruzados”
exclusivamente de parlamentar federal. STF. Plenário. Inq. 4342 QO/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
1º/4/2022 (Info 1049).
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peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O STF declarou a nulidade dos RIFs, bem como das
provas deles decorrentes e declarou a imprestabilidade dos elementos probatórios colhidos pelo MPE no
âmbito do PIC. Para o colegiado, o compartilhamento desses dados foi ilegítimo, porque realizado a partir de
comunicação direta entre o MPE e o Coaf, antes mesmo que houvesse autorização do Tribunal de Justiça
para instaurar procedimento investigatório criminal contra o parlamentar estadual. STF. 2ª Turma. HC
201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2021 (Info 1040).
Beneficiário do auxílio emergencial transferiu o dinheiro para a conta de terceiro que deveria sacar a quantia
e entregar ao beneficiário; compete à Justiça Estadual julgar a conduta do terceiro que decidiu não mais
entregar o valor. Não compete à Justiça Federal processar e julgar o desvio de valores do auxílio emergencial
pagos durante a pandemia da covid-19, por meio de violação do sistema de segurança de instituição privada,
sem que haja fraude direcionada à instituição financeira federal. Caso concreto: Regina era beneficiária do
auxílio emergencial. O dinheiro do benefício foi transferido da Caixa para a conta de Regina no Mercado
Pago. Foi então que Regina combinou de transferir a parcela do auxílio emergencial (R$ 600,00) para a conta
de Pedro, um conhecido. O objetivo da transferência seria possibilitar o recebimento antecipado do auxílio
emergencial. O combinado seria Pedro sacar o dinheiro e repassá-lo para Regina. Ocorre que Pedro não
cumpriu e ficou com o dinheiro. Foi instaurado inquérito policial para apurar o crime de furto mediante
fraude que teria sido praticado por Pedro. A Justiça Estadual é competente para julgar esse delito. STJ. 3ª
Seção. CC 182940-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/10/2021 (Info 716).
A Justiça Estadual é competente para processar e julgar os crimes ambientais e contra a vida decorrentes do
rompimento da barragem em Brumadinho/MG. Caso concreto: em janeiro de 2019, houve o rompimento de
uma barragem de rejeitos de minério, localizada no Município de Brumadinho (MG). A barragem era de
responsabilidade da mineradora Vale S.A. O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e
humanitário, com inúmeros mortos e uma grande poluição. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais
ofereceu denúncia contra o ex-Presidente da Vale, imputando-lhe a prática de homicídio qualificado (270
vítimas) em concurso com sete crimes ambientais. O STJ entendeu que a competência para julgar essa ação
penal seria da Justiça Federal. O argumento foi o de que haveria, no caso, ofensa a bem e interesse direto e
específico de órgão regulador federal e da União pelas seguintes razões: 1) as Declarações de Estabilidade da
Barragem, apresentadas ao antigo DNPM (autarquia federal), seriam ideologicamente falsas; 2) os acusados
teriam omitido informações essenciais à fiscalização da segurança da barragem, ao não fazê-las constar do
SIGBM, sistema de dados acessado pela Agência Nacional de Mineração - ANM; e 3) com o rompimento da
barragem, houve supostamente danos a sítios arqueológicos, que são classificados como bens da União (art.
20, X, da CF/88). STJ. 6ª Turma. RHC 151405-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do
TRF 1ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 714).
Ocorre que o Ministro Edson Fachin, em decisão monocrática, reformou o acórdão do STJ e decidiu que cabe
à Justiça ESTADUAL de Minas Gerais processar e julgar a ação penal. O Ministro Fachin citou jurisprudência
do STF no sentido de que, para que ocorra a competência da Justiça Federal, é necessário que reste
demonstrado o interesse direto e específico, não bastando o interesse genérico de coletividade. Do mesmo
modo, o STF entende que a competência da Justiça Federal para julgar o crime de falsificação de documentos
somente se dá quando for comprovada a intenção do agente em causar lesão a bens, interesse ou patrimônio
da União.
No caso de Brumadinho, o ministro ressaltou que a emissão de declarações falsas sobre as condições de
estabilidade foi apenas uma conduta para amparar as decisões corporativas que, deliberadamente,
desconsideravam o risco qualificado. Para ele, as condutas atribuídas aos denunciados (diversos homicídios
e crimes ambientais ocasionados pelo rompimento da barragem) não tinham por objetivo final atingir
interesse direto e específico da União, cujo prejuízo foi apenas indireto. STF. Decisão monocrática. RE
1378054-MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 06/06/2022.
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A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem
conexos. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info
933). STJ. 5ª Turma. HC 612636-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não relacionados com o
cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça. Situação hipotética: João estava de passagem por
Aracaju (SE) e ali praticou um crime. Vale ressaltar que João é Promotor de Justiça no Estado do Ceará.
Importante também registrar que o delito por ele praticado não tem nenhuma relação com o cargo ocupado.
O feito foi inicialmente distribuído ao Juízo de Direito da Vara Criminal de Aracaju (1ª instância da Justiça
estadual de Sergipe). O juiz, contudo, reconheceu sua incompetência sob o fundamento de que, nos termos
do art. 96, III, da CF/88, compete ao Tribunal de Justiça julgar os crimes praticados por Promotores de Justiça.
O TJ/CE, entretanto, disse o seguinte: no julgamento da AP 937 QO/RJ, o STF conferiu nova interpretação
(restritiva) ao art. 102, I, alíneas “b” e “c”, da CF/88, fixando a competência daquela Corte para julgar os
membros do Congresso Nacional exclusivamente quanto aos crimes praticados no exercício e em razão da
função pública exercida. Pelo princípio da simetria, esta interpretação restritiva do foro por prerrogativa de
função deveria ser aplicada também pelo Tribunal de Justiça. Logo, como o crime praticado pelo Promotor
de Justiça não foi cometido em razão da função pública por ele exercida, a competência seria do juiz de 1ª
instância. O STJ afirmou que a competência é, de fato, do Tribunal de Justiça. A Corte Especial do STJ, no
julgamento da QO na APN 878/DF reconheceu sua competência para julgar Desembargadores acusados da
prática de crimes com ou sem relação ao cargo, não identificando simetria com o precedente do STF. Naquela
oportunidade, firmou-se a compreensão de que se Desembargadores fossem julgados por Juízo de Primeiro
Grau vinculado ao Tribunal ao qual ambos pertencem, criar-se-ia, em alguma medida, um embaraço ao Juiz
de carreira responsável pelo julgamento do feito. Em resumo, o STJ apontou discrímen relativamente aos
magistrados para manter interpretação ampla quanto ao foro por prerrogativa de função, aplicável para
crimes com ou sem relação com o cargo, com fundamento na necessidade de o julgador desempenhar suas
atividades judicantes de forma imparcial. Nesse contexto, considerando que a previsão da prerrogativa de
foro da Magistratura e do Ministério Público encontra-se descrita no mesmo dispositivo constitucional (art.
96, III, da CF/88), seria desarrazoado conferir-lhes tratamento diferenciado. STJ. 3ª Seção. CC 177.100-CE,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/09/2021 (Info 708).
O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de estelionato, aplica-se
imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021.
Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques sem suficiente
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio da transferência de
valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, em razão da superveniência de Lei nº
14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei.
Veja o § 4º do art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021: Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos
no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante
depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o
pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do
domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. STJ. 3ª
Seção. CC 180832-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).
É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa de função a
autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma expressa ou por simetria. STF. Plenário.
ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/8/2021
(Info 1026).
216
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A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com crime eleitoral, ainda que
haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do delito eleitoral. Caso concreto: o ex-
Governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, com colaboração de outros agentes políticos, teria desviado
recursos públicos e utilizado esse dinheiro para financiar sua campanha de reeleição no ano de 1998. Vale
ressaltar que esse dinheiro utilizado na campanha não teria sido contabilizado na prestação de contas,
caracterizando aquilo que se chama, na linguagem popular, de “caixa dois”. Em tese, o agente teria praticado
os seguintes crimes: a) corrupção passiva (art. 317 do CP); b) falsidade ideológica (art. 350 do Código
Eleitoral); c) lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98). Dois crimes são de competência da Justiça
estadual comum e um deles da Justiça Eleitoral. Como ficará a competência para julgar estes delitos? Serão
julgados separadamente ou juntos? Qual será a Justiça competente? Justiça ELEITORAL. Competirá à Justiça
Eleitoral julgar todos os delitos. Segundo entende o STF: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais
e os comuns que lhes forem conexos (Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e
14/3/2019). Ocorre que, no caso concreto, há uma peculiaridade: ainda durante o inquérito, ficou
reconhecida a prescrição da pretensão punitiva em relação ao crime eleitoral. Logo, houve arquivamento do
inquérito no que tange ao crime eleitoral. Diante disso, indaga-se: mesmo assim, a Justiça Eleitoral continuará
sendo competente para julgar os demais delitos? SIM. Mesmo operada a prescrição quanto ao crime
eleitoral, subsiste a competência da Justiça Eleitoral. Trata-se de aplicação lógica do disposto no art. 81 do
CPP. STF. 2ª Turma. RHC 177243/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/6/2021 (Info 1024).
Extrapola a autonomia do estado previsão, em constituição estadual, que confere foro privilegiado a
Delegado Geral da Polícia Civil. A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro
privilegiado não é ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual e deve seguir, por
simetria, o modelo federal. STF. Plenário. ADI 5591/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/3/2021 (Info
1010).
Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a conduta de disponibilizar
ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada pela internet e for
acessível transnacionalmente. Redação anterior da tese do Tema 393:
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) quando
praticados por meio da rede mundial de computadores. STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco
Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (Repercussão Geral – Tema 393)
(Info 805). Redação atual, modificada em embargos de declaração: Compete à Justiça Federal processar e
julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível
transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de
computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson
Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990 – clipping).
Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o
cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da
federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. STJ. 3ª Seção. CC 171206-SP, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673)
Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em princípio, de competência
da Justiça Estadual. Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro
em detrimento de interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes relacionados a
pirâmide financeira em investimento de grupo em criptomoeda. A captação de recursos decorrente de
“pirâmide financeira” não se enquadra no conceito de atividade financeira, razão pela qual o deslocamento
do feito para a Justiça Federal se justifica apenas se demonstrada a prática de evasão de divisas ou de
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047.542.386-05
lavagem de dinheiro em detrimento de bens e serviços ou interesse da União. STJ. 3ª Seção. CC 170392-SP,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por militar contra outro
quando ambos estejam fora do serviço ou da função no momento do crime. Caso concreto: Francisco era
soldado da Polícia Militar do Estado do Maranhão. Samuel era cabo da Polícia Militar do Estado do Piauí.
Determinado dia, Francisco, que se encontrava de férias, passeava em Teresina (PI). Samuel percebeu que
Francisco estava armado e, mesmo estando de folga, abordou o soldado indagando sobre a arma. Iniciou-se
uma discussão e Francisco atirou três vezes contra Samuel, que faleceu em razão dos disparos. A vítima e o
réu - ambos policiais militares à época dos fatos - estavam fora de serviço quando iniciaram a discussão. Logo,
não se pode falar que houve crime militar, devendo, portanto, o réu ser julgado pela Justiça Comum estadual
(Tribunal do Júri). STJ. 3ª Seção. CC 170201-PI, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/03/2020 (Info
667).
O fato de as investigações estarem perto do fim e de já terem demorado anos não servem como argumento
jurídico válido para prorrogar a competência do STF. Apesar da efetiva evolução das investigações, sob a
supervisão do STF, não houve oferecimento de denúncia contra o agravante nem encerramento da instrução
processual penal. Logo, o marco temporal relativo à data de apresentação das razões finais não foi alcançado.
Além disso, quanto ao segundo argumento da defesa, o STF esclareceu que é possível a imediata remessa
dos autos às instâncias competentes, inclusive antes da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado,
quando constatado o risco de prescrição. STF. 2ª Turma. Pet 7716 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 18/2/2020 (Info 967).
Compete ao Juízo Federal do endereço do destinatário da droga, importada via Correio, processar e julgar o
crime de tráfico internacional. No caso de importação da droga via correio, se o destinatário for conhecido
porque consta seu endereço na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar a
competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca da
verdade e da duração razoável do processo. Importação da droga via postal (Correios) configura tráfico
transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006). A competência para julgar esse delito
será do local onde a droga foi apreendida ou do local de destino da droga? • Entendimento anterior do STJ:
local de apreensão da droga. Essa posição estava manifestada na Súmula 528 do STJ, aprovada em
13/05/2015: Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. • Entendimento atual do STJ: local de
destino da droga. Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do
destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para
se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da
busca da verdade e da duração razoável do processo. STJ. 3ª Seção. CC 177882-PR, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 26/05/2021 (Info 698). Obs: em 25/02/2022, após o julgamento acima, o STJ decidiu
cancelar formalmente a Súmula 528. Portanto, a Súmula 528 do STJ está formalmente cancelada.
PROVAS
#ATENÇÃO
Violação de regra de direito material (penal ou
PROVA ILÍCITA
constitucional)
PROVA ILEGÍTIMA Violação de norma de direito processual
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#TABELALOVERS
#ATENÇÃO: O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem
como consequência imediata o desentranhamento dos autos e sua inutilização, para que não se possa
influenciar indevidamente o convencimento do magistrado.
Prova ilícita é então aquela obtida através da violação de uma regra de direito material. As provas ilícitas POR
DERIVAÇÃO são aquelas que, embora lícitas em sua essência, decorrem exclusivamente de outra prova,
considerada ilícita, restando, portanto, contaminadas. Nesses casos aplica-se a teoria dos Frutos da Árvore
Envenenada (fruits of the poisonous tree).
São meios probatórios que, não obstante lícitos em sua essência, decorrem de prova anteriormente obtida
por meios ilícitos, restando, dessa forma, contaminados pela ilicitude originária. Exemplo: confissão de
homicídio mediante tortura.
A prova ilícita por derivação é uma aplicação da teoria americana da árvore dos frutos envenenados, segundo
a qual o defeito existente no tronco contamina os frutos.
Surgiu no Direito Americano, no julgado Silverthorne Lumber Co. X EUA (1920) e depois outro julgado em
1939 (Caso Nardone x EUA). A partir desse segundo julgado, começa a ser utilizada a chamada Teoria dos
Frutos da Árvore envenenada (“fruits of poisonous tree theory”).
No Brasil, ao julgar o HC 80.949, o STF considerou ilícita uma gravação feita por policiais de confissão do
acusado sem que houvesse advertência formal quanto ao direito ao silêncio.
Essa Teoria era somente adotada pela jurisprudência, mas com a reforma do CPP em 2008, tornou-se texto
legal (art. 157, §1º):
Art. 157, § 1o São também inadmissíveis AS PROVAS DERIVADAS DAS ILÍCITAS, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por
uma fonte independente das primeiras.
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#SELIGA a teoria da prova ilícita por derivação tem exceções que visam a licitude da prova. São elas: Teoria
da Fonte Independente, descoberta inevitável, nexo atenuado e teoria do encontro fortuito de provas.
#ATENÇÃO: segundo a doutrina, o legislador teria cometido um equívoco na redação do art. 157, §2º, pois
na verdade ele conceituou no § 2º não a limitação da fonte independente, mas a teoria da descoberta
inevitável da prova.
#CUIDADO Não é possível se valer dessa teoria com base em dados meramente especulativos, sendo
indispensável a existência de dados concretos que demonstrem que a descoberta seria inevitável.
A descoberta inevitável que conduz à licitude de uma prova colhida de forma irregular está pautada em um
JUÍZO DE INEVITABILIDADE. Assim, as provas ilícitas podem ser aproveitadas desde que seja cabalmente
provado que a prova chegaria nos autos de qualquer maneira (juízo de inevitabilidade), considerando-se o
rumo regular e lícito das investigações, o que tornaria irrelevante a sua obtenção primária ilícita.
O STJ (HC 52.995) foi o primeiro Tribunal Superior a adotar a Limitação da Descoberta Inevitável. O STF possui
alguns precedentes adotando a referida teoria (HC 91.867).
3) LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA, NEXO ATENUADO OU TINTA DILUÍDA (TEORIA DOS VÍCIOS
SANADOS)
Ocorre quando um ato posterior, totalmente independente, afasta a ilicitude originária. O vício da ilicitude
originária é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a secundária, ou
por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou da vontade de um dos envolvidos em
colaborar com a persecução criminal.
Segundo Renato Brasileiro, “não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre a
prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos
envolvidos em colaborar com a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de
um determinado meio de prova em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o gerou, um
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047.542.386-05
acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o aproveitamento da prova
inicialmente contaminada”.
#ATENÇÃO: NÃO HÁ julgados (STF e STJ) adotando essa teoria no Brasil. Entretanto, alguns doutrinadores
(Andrei Borges de Mendonça e Guilherme Madeira) entendem que essa teoria, também, foi colocada no art.
157, §1º.
Fala-se em encontro fortuito de provas ou serendipidade quando a prova de determinada infração penal é
obtida a partir de diligência regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Nesses casos, a
validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se
houve desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova não deve ser considerada válida; se o encontro da
prova foi casual, fortuito, a prova é válida.
#DEOLHONAJURIS
#APOSTACICLOS Interceptação telefônica e prorrogações sucessivas - São lícitas as sucessivas renovações de
interceptação telefônica, desde que, verificados os requisitos do artigo 2º da Lei 9.296/1996 e demonstrada
a necessidade da medida diante de elementos concretos e a complexidade da investigação, a decisão judicial
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047.542.386-05
inicial e as prorrogações sejam devidamente motivadas, com justificativa legítima, ainda que sucinta, a
embasar a continuidade das investigações. São ilegais as motivações padronizadas ou reproduções de
modelos genéricos sem relação com o caso concreto. (INFO 1047)
Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante abertura de carta,
telegrama, pacote ou meio análogo. STF. Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min.
Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).
A busca e apreensão de bens em interior de veículo é legal e inerente ao dever de fiscalização regular da PRF,
em se tratando do flagrante de transporte de vultosa quantia em dinheiro e não tendo o investigado logrado
justificar o motivo de tal conduta. Caso concreto: Pedro parou seu veículo no acostamento da rodovia para
trocar um pneu furado. Em seguida, estacionou logo atrás uma viatura da Polícia Rodoviária Federal.
Questionado pelos policiais sobre o que havia no interior do veículo, Pedro respondeu que tinha dinheiro
pertencente à sua empresa. Os agentes da PRF fizeram uma busca e apreensão no automóvel e constaram a
presença de R$ 1.215.000,00 (um milhão e duzentos e quinze mil reais) na mala. Pedro não conseguiu
demonstrar minimamente a origem lícita do numerário, razão pela qual o dinheiro foi apreendido, tendo
sido instaurado inquérito policial para apurar a eventual prática do crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da
Lei nº 9.613/98). O STJ considerou correta a conduta dos agentes. O próprio investigado informou aos
policiais que dispunha de uma quantia em dinheiro no interior do veículo, tendo os agentes rodoviários
federais agido dentro do dever de fiscalização regular, inerente às funções legais. Em se tratando do flagrante
de transporte de vultosa quantia em dinheiro e não tendo o investigado conseguido justificar o motivo de tal
conduta, não há que se falar em ausência de justa causa para as investigações. STJ. 6ª Turma. RHC 142.250-
RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/09/2021 (Info 711).
É lícita a entrada de policiais, sem autorização judicial e sem o consentimento do hóspede, em quarto de
hotel não utilizado como morada permanente, desde que presentes as fundadas razões que sinalizem a
ocorrência de crime e hipótese de flagrante delito. O quarto de hotel constitui espaço privado que, segundo
entendimento do Supremo Tribunal Federal, é qualificado juridicamente como “casa” (desde que ocupado)
para fins de tutela constitucional da inviolabilidade domiciliar. No entanto, o STJ fez uma interessante
ressalva. O STJ afirmou que, embora o quarto de hotel regularmente ocupado seja, juridicamente, qualificado
como “casa” para fins de tutela constitucional da inviolabilidade domiciliar (art. 5o, XI), a exigência, em
termos de standard probatório, para que policiais ingressem em um quarto de hotel sem mandado judicial
não pode ser igual às fundadas razões exigidas para o ingresso em uma residência propriamente dita, a não
ser que se trate (o quarto de hotel) de um local de moradia permanente do suspeito. Isso porque é diferente
invadir uma casa habitada permanentemente pelo suspeito e até por várias pessoas (crianças e idosos,
inclusive) e um quarto de hotel que, como no caso, é aparentemente utilizado não como uma morada
permanente, mas para outros fins, inclusive, ao que tudo indica, o comércio de drogas. No caso concreto, o
STJ afirmou que, antes do ingresso no quarto, os policiais realizaram diligências investigativas para apurar a
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047.542.386-05
veracidade da informação recebida no sentido de que havia entorpecentes no local. STJ. 6a Turma. HC
659.527-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2021 (Info 715).
#DEOLHONAJURIS: Caso concreto: o Tribunal de Paris solicitou cooperação jurídica em matéria penal, na
modalidade auxílio direto, a fim de que fossem realizadas diversas diligências no Brasil, dentre as quais a
oitiva de investigado e busca e apreensão no seu endereço, para subsidiar apuração criminal que ocorre na
Justiça da França. O pedido da autoridade francesa foi embasado em Acordo de Cooperação Judiciária em
Matéria Penal, na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e na Convenção das Nações Unidas
contra a Criminalidade Organizada Transnacional. O pleito foi encaminhado ao Ministério da Justiça do Brasil,
que o remeteu ao Procurador-Geral da República o qual, por sua vez, designou Procurador da República
atuante no Rio de Janeiro para a execução das diligências. O Membro do Ministério Público Federal requereu
o deferimento das medidas assecuratórias ao Juízo da 9ª Vara Federal do Rio de Janeiro, no que foi atendido.
O investigado impetrou habeas corpus sustentando a nulidade de sua oitiva porque todas as perguntas foram
formuladas direta e exclusivamente pela Autoridade Judiciária francesa que acompanhava o Membro do
Ministério Público Federal nomeado para realizar as diligências. O STJ concordou com o pedido da defesa. O
ato de delegação da condução e direção de produção de prova oral à autoridade estrangeira, a fim de que
esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou do investigado, não encontra qualquer tipo de
respaldo constitucional, legal ou jurisprudencial. Trata-se de ato eivado de nulidade absoluta, por ofensa à
soberania nacional, o qual não pode produzir efeitos dentro de investigações penais que estejam dentro das
atribuições das autoridades brasileiras. STJ. 6ª Turma. RHC 102.322-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
12/05/2020 (Info 672).
É ilegal a requisição, sem autorização judicial, de dados fiscais pelo Ministério Público. Ao julgar o Tema
990, o STF afirmou que é legítimo que a Receita Federal compartilhe o procedimento fiscalizatório que ela
realizou para apuração do débito tributário com os órgãos de persecução penal para fins criminais (Polícia
Federal, Ministério Público etc.), não sendo necessário, para isso, prévia autorização judicial (STF. Plenário.
RE 1.055.941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019). Por outro lado, neste julgado, o STF não
autorizou que o Ministério Público faça a requisição direta (sem autorização judicial) de dados fiscais, para
fins criminais. Ex: requisição da declaração de imposto de renda. A requisição ou o requerimento, de forma
direta, pelo órgão da acusação à Receita Federal, com o fim de coletar indícios para subsidiar investigação
ou instrução criminal, além de não ter sido satisfatoriamente enfrentada no julgamento do RE 1.055.941/SP,
não se encontra abarcada pela tese firmada no âmbito da repercussão geral em questão. Em um estado de
direito não é possível se admitir que órgãos de investigação, em procedimentos informais e não urgentes,
solicitem informações detalhadas sobre indivíduos ou empresas, informações essas constitucionalmente
protegidas, salvo autorização judicial. Uma coisa é órgão de fiscalização financeira, dentro de suas
atribuições, identificar indícios de crime e comunicar suas suspeitas aos órgãos de investigação para que,
dentro da legalidade e de suas atribuições, investiguem a procedência de tais suspeitas. Outra, é o órgão de
investigação, a polícia ou o Ministério Público, sem qualquer tipo de controle, alegando a possibilidade de
ocorrência de algum crime, solicitar ao COAF ou à Receita Federal informações financeiras sigilosas
detalhadas sobre determinada pessoa, física ou jurídica, sem a prévia autorização judicial. STJ. 3ª Seção. RHC
83.233-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/02/2022 (Info 724).
É lícito o compartilhamento de dados bancários feito por órgão de investigação do país estrangeiro para a
polícia brasileira, mesmo que, no Estado de origem, essas informações não tenham sido obtidas com
autorização judicial, já que isso não é exigido naquele país. Caso concreto: a Procuradoria de Nova Iorque
(EUA) compartilhou com a Polícia Federal do Brasil uma relação de brasileiros que mantinham contas
bancárias nos EUA. A partir dessa informação, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos e
representou pela quebra do sigilo bancário dos investigados. O juiz federal deferiu o pedido e expediu um
MLAT aos EUA solicitando todos os detalhes das contas bancárias mantidas naquele país. Esses dados foram
enviados. O compartilhamento de dados feito pela Procuradoria de Nova Iorque com a Polícia Federal foi
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realizado sem autorização judicial. Mesmo assim, não há nulidade e tais elementos informativos podem ser
utilizados no Brasil, já que, no Estado de origem, não era necessária autorização judicial. Assim, não viola a
ordem pública brasileira o compartilhamento direto de dados bancários pelos órgãos investigativos, mesmo
que, no Estado de origem, sejam obtidos sem prévia autorização judicial, se a reserva de jurisdição não é
exigida pela legislação daquele local. Ainda neste mesmo caso concreto, o STJ decidiu que a cooperação
internacional feita pelo MLAT não será nula, ainda que não tenha sido concretizada com a intermediação das
autoridades centrais do Brasil e dos EUA. Respeitadas as garantias processuais do investigado, não há
prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a participação das autoridades centrais.
A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção somente poderia ser pronunciada se o réu demonstrasse
alguma violação de suas garantias ou das específicas regras de produção probatória. STJ. 5ª Turma. AREsp
701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do compartilhamento de
dados de movimentações financeiras da própria instituição bancária ao Ministério Público. STJ. 6ª Turma.
RHC 147.307-PE, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em
29/03/2022 (Info 731) Não houve violação ilícita do sigilo de dados bancários. Isso porque não eram
informações bancárias sigilosas relativas à pessoa do investigado, mas sim movimentações financeiras da
própria instituição. Além disso, após o recebimento da notícia-crime, o Ministério Público requereu ao juízo
de primeiro grau a quebra do sigilo bancário e o compartilhamento pelo Banco de todos os documentos
relativos à apuração, o que foi deferido, havendo, portanto, autorização judicial. Desse modo, as alegadas
informações sigilosas não são os dados bancários do investigado, e sim as informações e registros
relacionados à sua atividade laboral como funcionário do Banco.
A mera ausência de apreensão da droga não invalida a condenação por tráfico de drogas, quando presentes
robustas provas da prática do delito. A mera ausência de apreensão da droga não invalida a condenação por
tráfico de drogas, quando presentes robustas provas da prática do delito: auto de prisão em flagrante, auto
de apreensão e apresentação, relatório fotográfico, relatório policial, laudo pericial do exame realizado nos
aparelhos telefônicos e depoimentos colhidos na fase extrajudicial e judicial. STF. 2ª turma. HC 213.896/MS
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/05/2022.
Nos delitos de lesão corporal em sede de violência doméstica, o exame de corpo de delito propriamente dito
pode ser dispensado, mas uma simples fotografia do rosto da vítima, não periciada, não constitui prova
suficiente de materialidade, senão um indicio leve. O exame de corpo de delito direto, por expressa
determinação legal, é indispensável nas infrações que deixam vestígios (art. 158 do CPP). Por outro lado, nos
crimes de violência doméstica, dispõe a Lei n. 11.340/2006, que a autoridade policial deverá determinar a
realização do exame de corpo de delito da ofendida, e requisitar outros exames periciais necessários (art. 12,
IV), e que "Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais
e postos de saúde" (art. 12, § 3º). Nos delitos de lesão corporal em sede de violência doméstica, o exame de
corpo de delito propriamente dito pode ser dispensado, acaso a materialidade tenha sido demonstrada por
outros meios de prova. No caso, onde nada disso ocorreu, uma simples fotografia do rosto da vítima, não
periciada, não constitui prova suficiente de materialidade, senão um indicio leve, sendo a absolvição de rigor
(portanto). STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 691.221/DF, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado
do TRF1ª Região, julgado em 26/04/2022.
A percepção de nervosismo do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo
e, por isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal. A percepção de
nervosismo do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo e, por isso,
não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal, medida invasiva que exige
mais do que mera desconfiança fundada em elementos intuitivos. À falta de dados concretos indicativos de
fundada suspeita, deve ser considerada nula a busca pessoal amparada na impressão de nervosismo do
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Acusado por parte dos agentes públicos. STJ. 6ª Turma. REsp n. 1.961.459/SP, relatora Ministra Laurita Vaz,
Sexta Turma, DJe de 8/4/2022.
Não é possível a quebra de sigilo de dados informáticos estáticos (registros de geolocalização) nos casos em
que haja a possibilidade de violação da intimidade e vida privada de pessoas não diretamente relacionadas
à investigação criminal. Em regra, é possível que o juiz determine a quebra de sigilo de dados informáticos
estáticos (registros), relacionados à identificação de usuários que operaram em determinada área geográfica,
suficientemente fundamentada. Isso não ofende a proteção constitucional à privacidade e à intimidade. Ex:
determinação ao Google a identificação dos IPs ou Device IDs que tenham se utilizado do Google Maps e/ou
do Waze no dia do crime, no período das 19h até as 23h, para realizar consulta do endereço onde ocorreu o
delito. Isso é, em tese, válido. No entanto, não é possível que se determine a quebra de sigilo de um universo
indeterminado de pessoas quando os dados envolverem informações íntimas (como o acesso irrestrito a
fotos e conteúdo de conversas). Assim, será inválida a ordem se o juiz determinou que o Google fornecesse
o acesso aos seguintes dados das pessoas estiveram no local: conteúdo dos e-mails do Gmail; conteúdo do
Google Fotos e do Google Drive; listas de contatos; históricos de localização, incluindo os trajetos
pesquisados; pesquisas feitas no Google; e listas de aplicativos baixados. STJ. 5ª Turma. RMS 68119-RJ, Rel.
Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 15/03/2022 (Info 730).
A coleta de material genético prevista no art. 9º-A da Lei de Execução Penal não ofende o princípio da não
autoincriminação. É entendimento assente no STJ de que o art. 9º-A da Lei de Execução Penal expressamente
prevê que os condenados por crimes praticados, dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração do DNA.
No caso dos autos, o paciente cumpre pena por lesão corporal no âmbito doméstico, cárcere privado e
estupro, estando contemplado pelo que reza a lei. O Tribunal de origem concluiu pela possibilidade da coleta
de material biológico para extração do perfil genético e sua inclusão em banco de dados estatal, não
implicando em ofensa ao princípio da não autoincriminação. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 675.408/MG, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 22/02/2022.
A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de
modificação ou de concentração da competência. Os elementos de informação trazidos pelo colaborador a
respeito de crimes que não sejam conexos ao objeto da investigação primária devem receber o mesmo
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047.542.386-05
tratamento conferido à descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de obtenção
de prova, como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração premiada, como meio de
obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração da
competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes e que o juízo
perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as provas que corroborem suas
declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para sua
apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999).
CADEIA DE CUSTÓDIA
A Lei nº. 13.964/2019 incluiu no CPP os artigos 158-A ao 158- F, e demonstrou uma preocupação com a
realização e preservação da prova pericial. Nesse sentido, considera-se cadeia de custódia o conjunto de
todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o
descarte.
A cadeia de custódia tem 10 etapas:
#DEOLHONAJURIS Ausência de nexo causal entre os elementos informativos colhidos e a denúncia oferecida
não configura quebra da cadeia de custódia da prova. A alegação de que não há nexo causal entre os
elementos angariados no inquérito policial e a denúncia oferecida não caracteriza quebra da cadeia de
custódia, cuja configuração pressupõe irregularidades no procedimento de colheita e conservação da prova.
STJ. 5ª Turma. HC 712.608/SP, Rel. Ribeiro Dantas, julgado em 5/04/2022.
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#NÃOCONFUNDA
Vestígio - com o PACOTE ANTICRIME, atualmente, há um conceito legal de vestígio,
VESTÍGIO nos termos do art. 158-A, §3º, CPP: Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível
ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal;
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação
INDÍCIO com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.
Prova é o conjunto de elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz
PROVA
visando à formação do convencimento quanto a atos, fatos e circunstâncias
Feitas essas distinções, podemos passar para análise dos meios de prova em espécie:
O que é corpo de delito??? É o do conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A
expressão “corpo de delito” não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os vestígios
deixados pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal.
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Exame: é uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos sobre os vestígios
deixados pela infração penal, seja para fins de comprovação da materialidade do crime, seja para fins de
comprovação da autoria.
Laudo de exame de corpo de delito: refere-se a uma peça técnica elaborada pelos peritos durante ou após
a conclusão do exame pericial.
Estrutura do laudo
Preâmbulo: qualificação do perito oficial ou dos peritos não oficiais e do objeto da perícia;
Exposição: narrativa de tudo que é observado pelos experts;
Fundamentação: motivos que levaram os experts à conclusão final;
Conclusão técnica: resposta aos quesitos
Momento para juntada do laudo pericial: O laudo pericial pode ser juntado, inclusive, durante o processo,
desde que com antecedência mínima de dez dias da audiência uma de instrução e julgamento. Nesse sentido,
vejamos o que dispõe o art. 400 do CPP.
#ATENÇÃO Em regra, o laudo pericial não funciona como condição de procedibilidade. Ou seja, o laudo é
dispensável quando do oferecimento da denúncia.
Todavia, temos exceções, hipótese em que o laudo funcionará como condição de procedibilidade:
Obrigatoriedade de realização do exame de corpo de delito: Nos moldes do art. 158 do CPP, “quando a
infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado”. O exame de corpo de delito somente será obrigatório quando a infração
deixar vestígio (infrações penais não transeuntes/não passageiras/delito de fato permanente).
INFRAÇÃO NÃO é aquela que deixou vestígios. Portanto, será obrigatória a realização do exame de
TRANSEUNTE corpo de delito. Ex.: crime de homicídio cujo cadáver foi encontrado.
INFRAÇÃO é aquela que não deixa vestígios. Portanto, não será possível o exame de corpo de
TRANSEUNTE delito. Ex.: injúria verbal que não tenha sido objeto de captação.
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#MAPEIANOVADE
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. DAR-SE-Á PRIORIDADE à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime
que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
Perito: É possível que a perícia seja feita por mais de um perito oficial, na hipótese de tratar-se de perícia
complexa.
#MAPEIANOVADE
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados POR PERITO OFICIAL, portador de
diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1o NA FALTA DE PERITO OFICIAL, O EXAME SERÁ REALIZADO POR 2 (DUAS) PESSOAS IDÔNEAS, portadoras
de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao
acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008)
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração
do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo
complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)
§ 7o Tratando-se de PERÍCIA COMPLEXA que abranja MAIS DE UMA ÁREA DE CONHECIMENTO
especializado, PODER-SE-Á DESIGNAR A ATUAÇÃO DE MAIS DE UM PERITO OFICIAL, e a parte indicar mais
de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
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federal nº 12.030/2009. O art. 5º da Lei nº 12.030/2009 não foi exaustivo ao elencar determinados peritos.
Podem existir outros. Além disso, a Lei nº 12.030/2009 não proibiu que se equiparassem os cargos de
datiloscopista ou papiloscopista. A expressão “perito criminal” abrange, portanto, todos os peritos oficiais
que possuem a incumbência estatal de elucidar crimes, sendo possível aventar um rol bem mais amplo de
agentes que atuam como peritos oficiais. STF. Plenário. ADI 5182/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
19/12/2019 (Info 964).
A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do
processo. O exame de corpo de delito deve ser realizado por perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de
vista estritamente formal, o perito papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º da Lei nº 12.030/2009,
que lista os peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada por perito papiloscopista
não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do processo. Os peritos papiloscopistas são
integrantes de órgão público oficial do Estado com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão
auxiliar da Justiça. Não deve ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário
do Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer aos jurados que os papiloscopistas – que realizaram o laudo
pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho de sentença. Isso
porque, para o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial equivale a tachar
de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes, respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o
julgamento pelo tribunal do júri, defender a validade do documento ou impugná-lo. STF. 1ª Turma. HC
174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
24/9/2019 (Info 953).
Lei estadual previu que se a vítima do estupro for pessoa do sexo feminino menor de 18 anos, esta vítima
deverá ser examinada, obrigatoriamente, por uma legista mulher, que irá fazer a perícia. O STF concedeu
medida cautelar em ADI para dar interpretação conforme a Constituição a esse dispositivo. Segundo o STF,
as crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência deverão ser, obrigatoriamente, examinadas
por legista mulher, mas desde que isso não importe retardamento ou prejuízo da diligência. É preciso
conciliar a proteção de crianças e adolescentes mulheres vítimas de violência e o acesso à Justiça. Embora
essa norma estadual vise proteger as vítimas de estupro na realização da perícia, o efeito resultante foi
contrário, porque peritos homens estavam se recusando a fazer o exame nas menores de idade em razão da
Lei. Dessa forma, as investigações não tinham prosseguimento. Vale ressaltar, por fim, que o Estado-membro
tinha competência legislativa para editar esta norma (não há inconstitucionalidade formal). Isso porque esta
Lei estadual não trata sobre direito processual penal (art. 22, I, da CF/88), mas sim sobre procedimento em
matéria processual, assunto que é de competência concorrente (art. 24, XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6039
MC/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/3/2019 (Info 933).
INTERROGATÓRIO
É o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é
feita. Parte da doutrina argumenta que o interrogatório judicial atualmente divide-se em duas fases: a
primeira fase correspondente aos questionamentos sobre a pessoa e a segunda fase que é o questionamento
sobre a imputação.
#MAPEIANOVADE
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os
fatos. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou
processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou
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047.542.386-05
condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa
ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática
da infração ou depois dela; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
IV - as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar
contra elas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione
e tenha sido apreendido; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da
infração; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
#ATENÇÃO O interrogatório de qualificação não está abrangido pelo nemo tenetur se detegere,
caracterizando inclusive crime de falsa identidade (Súmula 522 do STJ).
#NÃOESQUECE a ampla defesa divide-se na defesa técnica (exercida por meio do advogado) e autodefesa
(exercida pelo acusado) – direito de presença; direito de audiência e capacidade postulatória autônoma.
Características do interrogatório:
O interrogatório caracteriza-se por ser um
✓ Ato personalíssimo: o interrogatório necessita ser exercido pessoalmente pelo acusado, com exceção do
interrogatório da pessoa jurídica que é realizado na pessoa de seu representante legal.
✓ Assistido tecnicamente: a defesa técnica é obrigatória na realização do interrogatório, sendo a sua
ausência causa de nulidade absoluta. Além da presença, a defesa técnica terá o direito de entrevista
reservada.
✓ Ato contraditório: após o advento da Lei nº 10.792/03 o interrogatório passou a ser reconhecido como
meio de defesa. Anteriormente, não havia contraditório e nem ampla defesa no interrogatório judicial,
sendo um ato privativo do juiz.
Ausência do interrogatório: Uma vez caracterizado como meio de defesa, a ausência do interrogatório é
causa de nulidade absoluta em decorrência da violação ao exercício do direito de defesa, sem prejuízo da
opção do próprio acusado pelo não exercício do direito de audiência (nessa hipótese não haverá
nulidade).
231
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Momento para o interrogatório: Com a reforma processual penal de 2008, e de acordo com o que já previa
a Lei dos Juizados Especiais Criminais, o interrogatório passou a ser realizado ao final da instrução
processual.
#ATENÇÃO O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da
instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada:
• em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas).
• ✓ Reconhecimento de pessoa
• ✓ Identificação
ATENÇÃO!!!
Na ADPF 444, o Ministro Gilmar Mendes, em 18 de dezembro de 2017, em medida liminar, proibiu a
condução coercitiva para interrogatórios, com base nos seguintes argumentos:
1) O STF entendeu que a condução coercitiva viola a liberdade de locomoção.
2) O STF entendeu que a condução coercitiva viola a dignidade da pessoa humana:
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal
conduta poderá ensejar:
⦁ A responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade
⦁ A ilicitude das provas obtidas
⦁ A responsabilidade civil do Estado. Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não
desconstitui (não invalida) os interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que
os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário.
ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906)
Segundo Renato Brasileiro, a condução coercitiva continua cabível para outras hipóteses que não sejam o
interrogatório!!!
Com o advento da Lei 13.869/2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade), conduzir coercitivamente
investigado ou testemunha, quando manifestamente descabida ou sem prévia intimação, configura crime, à
luz do crime de abuso de autoridade.
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem
prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
232
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Art. 185, §3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
-> É obrigatória a presença de advogados do réu no presídio e no fórum;
Art. 185, § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia
e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na
sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
Além disso, o ato por videoconferência deve atender a alguma das finalidades previstas, quais sejam (art.
185, §2º):
✓ Prevenir risco à segurança pública (réu preso);
✓ Viabilizar a participação do acusado no ato processual (aqui pode se referir a réu solto);
✓ Para impedir a influência do acusado no ânimo da testemunha ou da vítima.
✓ Para responder à gravíssima questão de ordem pública.
#DEOLHONAJURIS
É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a responder aos questionamentos do juiz
instrutor antes de oportunizar as indagações pela defesa. Caso concreto: Vitor era réu em um processo
criminal. Durante o interrogatório, ele se negou a responder as perguntas do magistrado e da acusação a
respeito dos fatos imputados. O acusado afirmou que só responderia as perguntas formuladas por seu
advogado. O juiz, contudo, disse que isso não seria possível e impediu Vitor de responder aos
questionamentos da defesa. Para o juízo, o fato de o acusado ter se negado a responder perguntas feitas
pelo magistrado excluiria a possibilidade de outros esclarecimentos de qualquer das partes, inclusive da
defesa. Essa conduta foi ilícita. O art. 186 do CPP estipula que, depois de devidamente qualificado e
cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório,
do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. O
interrogatório, como meio de defesa, implica ao imputado a possibilidade de responder a todas, nenhuma
ou a apenas algumas perguntas direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que
melhor lhe aprouver à sua defesa. Verifica-se a ilegalidade diante do precoce encerramento do interrogatório
do réu, após manifestação do desejo de não responder às perguntas do juízo condutor do processo, senão
do seu advogado, sendo excluída a possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico.
STJ. 6ª Turma. HC 703978-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região),
julgado em 05/04/2022 (Info 732).
Para que se reconheça a nulidade pela inobservância da regra do art. 400 do CPP (interrogatório como último
ato da instrução) é necessária a comprovação de prejuízo? SIM. É o entendimento da 5ª Turma do STJ: No
que tange à pretensão de reconhecimento da nulidade da instrução processual, desde o interrogatório, por
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suposta violação do art. 400, do CPP, a 5ª Turma do STJ consolidou o entendimento de que, para se
reconhecer nulidade pela inversão da ordem de interrogatório, é necessário: • que o inconformismo da
Defesa tenha sido manifestado tempestivamente, ou seja, na própria audiência em que realizado o ato, sob
pena de preclusão; e • que seja comprovada a ocorrência de prejuízo que o réu teria sofrido com a citada
inversão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1573424/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
08/09/2020. NÃO. Existe julgado da 6ª Turma do STJ nesse sentido: É desnecessária a comprovação de
prejuízo para o reconhecimento da nulidade decorrente da não observância do rito previsto no art. 400 do
CPP, o qual determina que o interrogatório do acusado seja o último ato a ser realizado. Embora, em regra,
a decretação da nulidade de determinado ato processual requeira a comprovação de prejuízo concreto para
a parte - em razão do princípio do pas de nullité sans grief -, o prejuízo à defesa é evidente e corolário da
própria inobservância da máxima efetividade das garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.808.389-AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 683).
Obs: penso que prevalece a primeira corrente, havendo decisões da própria 6ª Turma do STJ também
exigindo a comprovação do prejuízo (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1617950/MG, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 03/11/2020).
O advogado de um réu deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu que com ele
responde o mesmo processo criminal? REGRA: não. A presença da defesa técnica é imprescindível durante o
interrogatório do réu por ela representado, não quanto aos demais. Assim, é obrigatória a presença do
advogado no interrogatório do seu cliente. No interrogatório dos demais réus, essa presença é, em regra,
facultativa. EXCEÇÃO: se o interrogatório é de um corréu delator, a presença do advogado dos réus delatados
é indispensável. Neste caso, deve-se exigir a presença dos advogados dos réus delatados, pois, na
colaboração premiada, o delator adere à acusação em troca de um benefício acordado entre as partes e
homologado pelo julgador natural. Normalmente, o delator presta contribuições à persecução penal
incriminando eventuais corréus, razão pela qual seus advogados devem acompanhar o ato. Se o advogado
do corréu não comparece ao interrogatório do réu delator, haverá nulidade? Depende: • Se o corréu foi
delatado no interrogatório e seu advogado não compareceu: sim, haverá nulidade. • Se o corréu não foi
delatado no interrogatório: não. Isso porque não houve prejuízo. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 955)
CONFISSÃO
Ocorre a confissão quando o próprio acusado admite a veracidade acerca da imputação, quer perante a
autoridade policial quer perante a autoridade judiciária.
Alguns autores afirmam que a confissão é um testemunho duplamente qualificado, uma vez que:
-> Do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa.
-> Do ponto de vista subjetivo, a confissão provém do próprio acusado e não de terceiros.
#MAPEIANOVADE
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para
a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas
existe compatibilidade ou concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação
do convencimento do juiz.
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o
disposto no art. 195.
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no
exame das provas em conjunto.
Confissão tem natureza jurídica de atenuante genérica, à luz do art. 65, III, do CP.
234
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#DEOLHONAJURS
A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os presos que eles possuem o direito de
permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo
Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em
flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais. A
falta da advertência quanto ao direito ao silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão. STF. 2ª
Turma. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016).
Cabe condução coercitiva da vítima? Sim! Nesse sentido o STJ: “1. É cabível a condução coercitiva da vítima
para depor em juízo, ainda que esta alegue não ter mais interesse em processar seu companheiro na esfera
criminal, pois, além de a ação penal ser pública incondicionada, no caso de lesão corporal por violência
doméstica e familiar, o próprio Código de Processo Penal prevê a possibilidade de condução coercitiva da
ofendida para depor” (AgRg no HC 506.814 – SP, 6.ª T., rel. Rogerio Schietti Cruz, 06.08.2019).
PROVA TESTEMUNHAL
Toda pessoa humana capaz de depor e estranha ao processo, chamada a se manifestar sobre fato percebido
por seus sentidos e relativos à causa.
Quem pode ser testemunha? QUALQUER pessoa física pode ser testemunha, conforme art. 202 do CPP:
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
Deveres da testemunha:
Em regra, toda pessoa possui a obrigação de depor. Percebe-se que a
testemunha, ao contrário do acusado, não tem direito ao silêncio, com exceção
DEVER DE DEPOR das hipóteses em que sua manifestação puder lhe incriminar (ne nemo tenetur
se detegere).
#ATENÇÃO existem exceções ao dever de depor (art. 206 e 207 CPP)
Uma vez intimada, a testemunha é obrigada a comparecer (na mesma comarca
em que reside), sob a pena de não o fazendo ser conduzida coercitivamente.
235
047.542.386-05
#NÃOESQUECE Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203
aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às
pessoas a que se refere o art. 206.
#ATENÇÃO: A doutrina costuma chamar as testemunhas não compromissadas
de INFORMANTES.
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1 (um) ano, qualquer mudança
DEVER DE de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não
COMUNICAR comparecimento (art. 224 do CPP).
ALTERAÇÃO DE Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer
ENDEREÇO mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não
comparecimento
Espécies de testemunhas:
236
047.542.386-05
É aquela que não comparece para depor em juízo. Assim, ela pode até já ter sido
TESTEMUNHA
ouvida durante a fase investigatória, mas por algum motivo não compareceu
AUSENTE
em juízo para prestar seu depoimento (morreu, está com medo).
TESTEMUNHA É a testemunha ouvida por videoconferência.
REMOTA
Salienta-se que não são apenas as pessoas do art. 217-A do CP. Segundo a
doutrina, também podem ser incluídas como testemunhas vulneráveis pessoas
idosas ou em situações de vulnerabilidade, como a de violência doméstica ou
familiar contra a mulher.
Durante muitos anos as pessoas vulneráveis eram ouvidas sem nenhum
cuidado. Para contornar as consequências, como a revitimização, foi construído
doutrinariamente o que se chamou de depoimento sem dano. Posteriormente,
foi positivado, sendo denominado de depoimento especial (LEI 13.431/17).
O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes
que foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio
de um procedimento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o
adolescente fica em uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um
técnico (psicólogo ou assistente social), que faz as perguntas de forma indireta,
TESTEMUNHAS
por meio de uma conversa em tom mais informal e gradual, à medida que vai
VULNERÁVEIS E
se estabelecendo uma relação de confiança entre ele e a vítima. O juiz, o
DEPOIMENTO SEM
Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor Público acompanham, em
DANO
tempo real, o depoimento em outra sala por meio de um sistema audiovisual
que está gravando a conversa do técnico com a vítima. A Lei nº 13.431/2017
trouxe regras para a realização do depoimento sem dano. No entanto, mesmo
antes desta Lei, o STJ já entendia que era válida, nos crimes sexuais contra
criança e adolescente, a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento
sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em
desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal,
mediante prova antecipada. Assim, mesmo antes da Lei nº 13.431/2017, não
configurava nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o
acusado de crime sexual praticado contra criança ou adolescente não estarem
presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método de inquirição
denominado “depoimento sem dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 24/2/2015 (Info 556).
#DELHONAJURIS
Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os documentos do caso, não
pode depor como testemunha no processo porque a conduta da parte demonstra que ela não liberou o
causídico do sigilo profissional que ele deve respeitar. A vítima contratou um advogado para representar
seus interesses no processo criminal. Sucede que, logo no início do processo, ela e o advogado se
desentenderam e a vítima revogou expressamente os poderes que havia conferido ao advogado, proibindo-
o de atuar no caso. Além disso, requereu que ele devolvesse qualquer documento que estivesse em sua
posse e que fosse relacionado com o fato apurado. Ao saber disso, o réu pediu a oitiva do advogado como
testemunha no processo penal. Esse advogado não poderá ser ouvido como testemunha. Para que o
advogado possa prestar seu testemunho é indispensável que haja o consentimento válido do interessado
direto na manutenção do segredo (cliente). Mesmo que a parte interessada faça isso, ou seja, mesmo que
ela autorize que o profissional revele os fatos resguardados pelo sigilo, ainda assim ele é quem irá decidir se
irá dar ou não seu testemunho. No caso concreto, o advogado que foi arrolado como testemunha teve seus
poderes como patrono da interessada expressamente revogados, vedando-se sua atuação no caso. Além
237
047.542.386-05
disso, requereu-se que devolvesse qualquer documento relacionado ao fato que a ele tivesse sido entregue.
Isso significa que a cliente não liberou o advogado do dever de manter o segredo profissional sobre as
informações e documentos de que teve conhecimento em razão da atuação como defensor técnico.
Portanto, o advogado não pode testemunhar sobre fatos de que tomou conhecimento em razão de seu
ofício, como para o exercício de sua atuação profissional a partir da narração apresentada pelo cliente e
eventuais documentos por ele entregues. STF. 2ª Turma. Rcl 37235/RR. Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/2/2020 (Info 967).
A autoridade policial que presidiu o inquérito, indiciando o acusado e colocando no relatório final as suas
conclusões sobre o crime e seu autor, pode ser arrolada como testemunha, apesar de seu depoimento ter
valor limitado. Nesse caso, o magistrado deve dar valor relativo ao depoimento, pois a autoridade policial,
naturalmente, vincula-se ao que produziu investigando o delito, podendo não ter a isenção indispensável
para narrar os fatos. Outros policiais também podem ser arrolados como testemunhas, como por exemplo
os responsáveis pela prisão em flagrante. Nesse caso, podem narrar importantes fatos, embora não deva o
juiz olvidar poderem eles estar emocionalmente vinculados à prisão efetivada, pretendendo validá-la e
consolidar o efeito de suas atividades. Sobre a possibilidade de se arrolar somente policiais para depor, em
lugar de outras testemunhas, está a crítica arguta de Espínola Filho: “Amanhã, a polícia é chamada ao lugar
onde um crime foi ou está sendo cometido. Vão três ou quatro funcionários, encontram pessoas dando
notícias detalhadas dos fatos, com minúcias e históricos completos; ouvem-nas, e delas abstraem
inteiramente, daí a seguir; pois resolvem constituir-se em testemunhas, reportando à autoridade policial, na
delegacia, o que lhes foi contado por toda aquela gente, que não foi incomodada, nem o nome lhe sendo
tomado” (Código de Processo Penal brasileiro anotado, v. 3, p. 90). Nesse sentido, a jurisprudência tem
admitido o depoimento de policiais. STJ: “A condição de as testemunhas serem policiais não retira o valor da
prova produzida, porque, como qualquer testemunha, prestam o compromisso e a obrigação de dizer a
verdade (CPP, arts. 203 e 206, 1.ª parte). A jurisprudência consolidada desta Corte, o depoimento dos
policiais prestado em Juízo constitui meio de prova idôneo a resultar na condenação do réu, notadamente
quando ausente qualquer dúvida sobre a imparcialidade dos agentes, cabendo à defesa o ônus de
demonstrar a imprestabilidade da prova, o que não ocorreu no presente caso” (HC 485.543 – SP, 5.ª T., rel.
Felix Fischer, 21.05.2019).
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ - EDIÇÃO N. 111: PROVAS NO PROCESSO PENAL – II FUC PROVAS - 5) É
possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em que
as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante probabilidade de esvaziamento da prova pela
natureza da atuação profissional, marcada pelo contato diário com fatos criminosos.
A defesa alegou nulidade processual por desrespeito ao art. 212 do CPP, por ter o juízo inquerido diretamente
as testemunhas. A magistrada que presidia a audiência reputou observados o contraditório e a ampla defesa,
porque depois de perguntar, ela permitiu que os defensores e o MP fizessem questionamentos. A 1ª Turma
do STF discutiu se houve nulidade. Dois Ministros (Marco Aurélio e Rosa Weber) consideraram que não foi
respeitada a aludida norma processual. Assim, votaram por conceder a ordem de habeas corpus para
declarar a nulidade processual a partir da audiência de instrução e julgamento. Os outros dois Ministros
(Alexandre de Moraes e Luiz Fux) entenderam que não deveria ser declarada a nulidade do processo porque
a alteração efetuada no art. 212 do CPP, ao permitir que as partes façam diretamente perguntas às
testemunhas, não retirou do juiz, como instrutor do processo, a possibilidade de inquiri-las diretamente.
Diante do empate na votação, prevaleceu a decisão mais favorável ao paciente. STF. 1ª Turma. HC 161658/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). Obs: prevalece no STF e no STJ que a inobservância
do procedimento previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando muito, nulidade relativa, cujo
reconhecimento depende da demonstração do prejuízo para a parte que a suscita (STF. 1ª Turma. HC 177530
AgR, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/12/2019).
238
047.542.386-05
Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a sua
oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências
e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela
jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins
do art. 366 do CPP? SIM. É a posição do STJ. O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente
no combate à criminalidade faz com que ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de
cada uma das ocorrências acabam se perdendo em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os policiais
sejam ouvidos como produção antecipada da prova testemunhal, pois além da proximidade temporal com a
ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade das declarações, possibilita ainda o registro oficial
da versão dos fatos vivenciados por ele, o que terá grande relevância para a garantia da ampla defesa do
acusado, caso a defesa técnica repute necessária a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada
do curso da ação penal. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 128.325/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
08/09/2020. O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos.
Exemplos: · não admitindo: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015; ·
admitindo: STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão: Gilmar Mendes,
julgado em 13/12/2016.
Caso a testemunha tenha sido ouvida no juízo deprecado, pelo método audiovisual, de quem é a
responsabilidade pela degravação do depoimento? Do juízo deprecante. Compete ao juízo deprecante a
degravação de depoimento colhido nos autos de carta precatória por sistema audiovisual na vigência do
CPC/2015. Na vigência do CPC/2015, a colheita de prova testemunhal por gravação passou a ser um método
convencional (comum; regra geral), ficando a degravação prevista apenas para hipóteses excepcionais em
que, em autos físicos, for interposto recurso, sendo impossível o envio da documentação eletrônica. Em caso
de precatória inquiritória, a gravação dos depoimentos colhidos em audiência pelo método audiovisual é
suficiente para a devolução da carta adequadamente cumprida. Na hipótese excepcional de se mostrar
necessária a degravação, deverá ser realizada pelo juízo deprecante ou pela parte interessada. STJ. 2ª Seção.
CC 150.252/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/06/2020 (Info 674).
#DEOLHONAJURIS
É inválido o reconhecimento pessoal realizado em desacordo com o modelo do art. 226 do CPP, o que implica
a impossibilidade de seu uso para lastrear juízo de certeza da autoria do crime, mesmo que de forma
suplementar. No caso concreto, o réu foi condenado, exclusivamente, com base em reconhecimento
fotográfico realizado pela vítima e sem que nenhuma outra prova (apreensão de bens em seu poder,
confissão, relatos indiretos etc.) autorizasse o juízo condenatório. Além disso, a autoridade policial induziu a
vítima a realizar o reconhecimento - tornando-o viciado - ao submeter-lhe uma foto do paciente e do
comparsa (adolescente), de modo a reforçar sua crença de que teriam sido eles os autores do roubo. Tal
comportamento, por óbvio, acabou por comprometer a mínima aproveitabilidade desse reconhecimento.
Estudos sobre a epistemologia jurídica e a psicologia do testemunho alertam que é contraindicado o show-
up (conduta que consiste em exibir apenas a pessoa suspeita, ou sua fotografia, e solicitar que a vítima ou a
testemunha reconheça se essa pessoa suspeita é, ou não, autora do crime), por incrementar o risco de falso
reconhecimento. O maior problema dessa dinâmica adotada pela autoridade policial está no seu efeito
indutor, porquanto se estabelece uma percepção precedente, ou seja, um pré-juízo acerca de quem seria o
autor do crime, que acaba por contaminar e comprometer a memória. Ademais, uma vez que a testemunha
ou a vítima reconhece alguém como o autor do delito, há tendência, por um viés de confirmação, a repetir a
mesma resposta em reconhecimentos futuros, pois sua memória estará mais ativa e predisposta a tanto. STJ.
6ª Turma.HC 712781-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/03/2022 (Info 730).
239
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O descumprimento das formalidades exigidas para o reconhecimento de pessoas (art. 226 do CPP) gera a
nulidade do ato; o réu condenado será absolvido, salvo se houver provas da autoria que sejam
independentes. A desconformidade ao regime procedimental determinado no art. 226 do CPP deve acarretar
a nulidade do ato e sua desconsideração para fins decisórios, justificando-se eventual condenação somente
se houver elementos independentes para superar a presunção de inocência. STF. 2ª Turma. RHC 206846/SP,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/2/2022 (Info 1045).
BUSCA E APREENSÃO
Busca é uma diligência cujo objetivo é encontrar pessoas ou coisas. Por outro lado, apreensão é uma medida
de constrição, em que a pessoa ou a coisa será colocada sob a custódia do estado.
Objeto: podem ser objeto tanto pessoas quanto coisas
#MAPEIANOVADE
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Espécies de busca:
É toda busca que não for domiciliar, a exemplo da busca realizada em um carro
(quando não utilizado como “casa”).
Busca pessoal por razões de segurança: Relacionado ao Poder de Polícia. Cita-se,
como exemplo, a busca pessoal feita antes de entrar em estádios, em parques, em
festas (balada). Aqui, não há necessidade de fundada suspeita. A pessoa pode se
recusar e, com isso, ser impedida de entrar no local.
Busca pessoal de natureza processual penal: Art. 240, § 2º: Proceder-se-á à busca
pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida
ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
#ATENÇÃO busca pessoal de natureza processual penal não depende de autorização
judicial prévia, nos termos do art. 244 do CPP:
BUSCA PESSOAL
Art. 244: A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
determinada no curso de busca domiciliar.
ATENÇÃO: O entendimento do STJ é no sentido de que a realização de busca pessoal
só pode ser feita por forças policiais, não sendo lícita busca por pessoas que não sejam
policiais, pois violaria o princípio da legalidade (art. 5º, II, CF/88), ou seja, deve ser
dada uma interpretação restritiva
#DEOLHONAJURIS É ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança privada
e todas as provas decorrentes desta. STJ. 5ª Turma. HC 470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 04/06/2019 (Info 651).
240
047.542.386-05
Reserva de jurisdição: Certos direitos e garantias só podem sofrer restrição com base em ordem de
autoridade judiciária competente. É o que acontece com a violação do domicílio, sujeita à cláusula de
reserva de jurisdição, ou seja, apenas o juiz pode determinar de forma específica.
#DEOLHONAJURIS
É ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em residências, feita de forma genérica e
indiscriminada. O STJ concedeu habeas corpus para anular decisão que autorizou busca e apreensão em
domicílios nas comunidades de Jacarezinho e no Conjunto Habitacional Morar Carioca, no Rio de Janeiro (RJ),
sem identificar o nome de investigados e os endereços a serem objeto da abordagem policial. A Defensoria
Pública do Rio de Janeiro impetrou o habeas corpus coletivo em benefício dos moradores dessas
comunidades pobres, argumentando que, além de ofender a garantia constitucional que protege o domicílio,
o ato representou a legitimação de uma série de violações gravíssimas, sistemáticas e generalizadas de
direitos humanos. A medida foi tomada, em agosto de 2017, após a morte de um policial em operação das
forças de segurança nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Bandeira 2 e Morar Carioca, o que
levou à concessão da ordem judicial de busca e apreensão domiciliar generalizada na região. A ordem era
para que a polícia tentasse encontrar armas, documentos, celulares e outras provas contra facções
criminosas. Na decisão que autorizou a revista indiscriminada de residências nas áreas indicadas pela polícia,
a juíza responsável fez menção à forma desorganizada como as comunidades pobres ganham novas casas
241
047.542.386-05
constantemente, sem registro ou numeração que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria
necessária para a própria segurança dos moradores da região e dos policiais que ali atuam. Para o STJ, a
ausência de individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos dispositivos legais, como
os arts. 240, 242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que traz como direito
fundamental a inviolabilidade do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e apreensão tenha
objetivo certo e pessoa determinada, não se admitindo ordem judicial genérica. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
435.934/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/11/2019.
No bojo do HC 588.445/SC, julgado em 31.08.2020, não há nulidade na busca e apreensão efetuada por
policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de
forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de
que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. Não há nulidade na busca e apreensão efetuada
por policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo
de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de
que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
Policiais não podem fazer a revista pessoal unicamente pelo fato de acharem que o suspeito demonstrou
nervosismo ao avistá-los. De acordo com o art. 244 do CPP, a execução da busca pessoal sem mandado, como
medida autônoma, depende da presença de fundada suspeita da posse de objetos que constituam corpo de
delito. Como a lei exige fundada suspeita, não é suficiente a mera conjectura ou desconfiança. Assim, não é
possível realizar busca pessoal apenas com base no fato de que o acusado, que estava em local conhecido
como ponto de venda drogas, ao avistar a viatura policial, demonstrou nervosismo. A percepção de
nervosismo por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo e, por isso, não é suficiente
para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal. STJ. 6ª Turma. REsp 1961459-SP, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 05/04/2022 (Info 732).
A violação de domicílio com base no comportamento suspeito do acusado, que empreendeu fuga ao ver a
viatura policial, não autoriza a dispensa de investigações prévias ou do mandado judicial para a entrada dos
agentes públicos na residência. Para que os policiais façam o ingresso forçado em domicílio, resultando na
apreensão de material apto a configurar o crime de tráfico de drogas, isso deve estar justificado com base
em elementos prévios que indiquem que havia um estado de flagrância ocorrendo no local. No caso em tela,
a violação de domicílio teve como justificativa o comportamento suspeito do acusado – que empreendeu
fuga ao ver a viatura policial –, circunstância fática que não autoriza a dispensa de investigações prévias ou
do mandado judicial para a entrada dos agentes públicos na residência, acarretando a nulidade da diligência
policial. Além disso, a alegação de que a entrada dos policiais teria sido autorizada pelo agente não merece
acolhimento. Isso, porque não há outro elemento probatório no mesmo sentido, salvo o depoimento dos
policiais que realizaram o flagrante, tendo tal autorização sido negada em juízo pelo réu. Segundo entende
o STJ, é do estado acusador o ônus de comprovar que houve consentimento válido do morador para que os
policiais entrem na casa. Assim, o estado acusador é quem deve provar que o morador autorizou a entrada,
não sendo suficiente a mera palavra dos policiais. STJ. 6ª Turma. HC 695980-GO, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
Se a polícia entra na residência especificamente para efetuar uma prisão, ela não pode vasculhar
indistintamente o interior da casa porque isso seria “pescaria probatória”, com desvio de finalidade. Admitir
a entrada na residência especificamente para efetuar uma prisão não significa conceder um salvo-conduto
para que todo o seu interior seja vasculhado indistintamente, em verdadeira pescaria probatória (fishing
expedition), sob pena de nulidade das provas colhidas por desvio de finalidade. STJ. 6ª Turma. HC 663055-
MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/03/2022 (Info 731).
242
047.542.386-05
A lógica da alegação dos policiais de que sentiram forte cheiro de drogas vindo do interior da residência é,
de certa forma, revestida de alto grau de subjetivismo do agente estatal que irá realizar a busca. A lógica da
alegação dos policiais de que sentiram forte cheiro de drogas vindo do interior da residência é, de certa
forma, revestida de alto grau de subjetivismo do agente estatal que irá realizar a busca e, sendo uma
circunstância oriunda simplesmente do relato do próprio agente que realiza a medida invasiva, deve ser
sujeito a rigoroso escrutínio a posteriori pelo Judiciário, mediante cuidadosa avaliação do contexto fático que
circunscreveu a diligência. Nos casos, por exemplo, em que os policiais responsáveis pelo ingresso em
determinado domicílio afirmam haverem feito campanas no local, visto movimentação de pessoas na
residência típica de comercialização de drogas ou visto alguém entregando algum objeto aparentemente
ilícito para outrem, há descrição de elementos objetivos e com maior grau de sindicabilidade, de modo que,
ainda que também dependam, de certa forma, da credibilidade do relato do policial, podem ser atestados -
ou confrontados e infirmados - por outros meios, como a gravação audiovisual por câmeras. No entanto,
quando o ingresso se baseia apenas na afirmação do policial de haver cheiro de drogas exalando da
residência, o grau de subjetividade é tamanho que, mesmo se registrada toda a diligência em áudio-vídeo,
não há como captar o odor mencionado a ponto de demonstrar objetivamente a fiabilidade da suspeita
prévia. Ao se analisar se havia ou não justa causa para a entrada dos policiais em domicílio alheio, é preciso
avaliar - com escrutínio ainda mais rigoroso - o contexto de apreensão das drogas, a fim de verificar, com a
segurança necessária, se realmente era verossímil a justificativa policial para o ingresso em domicílio, sob
pena de se tornar praticamente incontrastável pela defesa - e também incontrolável pelo Judiciário - a
afirmação do agente público. Vale dizer, é necessário aferir, a partir dos contornos objetivos do caso concreto
- principalmente a natureza, a quantidade de drogas, o local e a forma em que estavam armazenadas dentro
da residência - se era efetivamente possível que estivessem exalando forte cheiro, a ponto de ser perceptível
por um agente situado na via pública. O simples relato dos policiais de que sentiram forte cheiro de droga
vindo do interior da residência, desprovido de qualquer outra justificativa mais elaborada retira a
verossimilhança da narrativa dos militares -, o elemento "fundadas razões" necessário para o ingresso no
domicílio do réu. Como decorrência da proibição das provas ilícitas por derivação (art. 5º, LVI, da Constituição
da República), é nula a prova derivada de conduta ilícita - no caso, a apreensão de drogas -, pois evidente o
nexo causal entre uma e outra conduta, ou seja, entre a invasão de domicílio (permeada de ilicitude) e a
apreensão das referidas substâncias. STJ. 6ª Turma. HC 697.057/SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 3/03/2022.
243
047.542.386-05
para que fossem procuradas e apreendidas drogas em seu desfavor. Partindo dessa premissa, isto é, de que
a autorização foi obtida mediante indução do acusado a erro pelos policiais militares, não pode ser
considerada válida a apreensão das drogas, porquanto viciada a manifestação volitiva do réu. STJ. 6ª Turma.
HC 674139-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados pela acusação; no
entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do acusado, para o exercício de suas
faculdades defensivas Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência
ficar adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à
integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 114.683/RJ, Rel. Rogério
Schietti Cruz, julgado em 13/04/2021 (Info 692)
O MP pode requerer diretamente que a Apple, Google etc guardem os registros de acesso a aplicações de
internet ou registros de conexão de pessoas investigadas enquanto se aguarda pedido de quebra de sigilo de
dados Importante!!! O requerimento de simples guarda dos registros de acesso a aplicações de internet ou
registros de conexão por prazo superior ao legal, feito por autoridade policial, administrativa ou Ministério
Público, prescinde de prévia autorização judicial. Caso concreto: o MP instaurou procedimento de
investigação criminal. O Promotor enviou ofícios à Apple e a Google requerendo que tais empresas
preservassem os dados telemáticos dos investigados enquanto o Poder Judiciário não aprecia os pedidos de
quebra do sigilo. Não há ilegalidade nesse pedido, não sendo necessária prévia autorização judicial. STJ. 6ª
Turma. HC 626.983-PR, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF da 1ª Região), julgado
em 08/02/2022 (Info 724).
Situação hipotética: João, médico, estava sendo investigado por, supostamente, ter adulterado prontuários
de pacientes internados em clínica psiquiátrica, com o objetivo de camuflar ilicitudes que ocorriam no local.
A autoridade policial formulou representação ao juiz pedindo a busca e apreensão na clínica psiquiátrica e
na residência do investigado. O magistrado deferiu a medida e a polícia apreendeu diversos prontuários
médicos que haviam sido assinados pelo investigado. João impetrou habeas corpus alegando que a
apreensão foi ilícita, considerando que na decisão que autorizou a medida não existia autorização específica
para a apreensão de prontuários médicos. Segundo a defesa, os prontuários são documentos sigilosos e,
portanto, só poderiam ter sido recolhidos com autorização judicial específica. Embora os prontuários possam
conter dados sigilosos, foram apreendidos a partir da imprescindível autorização judicial prévia. O fato de o
mandado de busca não ter feito uma discriminação específica é irrelevante, até porque os prontuários
médicos encontram-se inseridos na categoria de documentos em geral. Ademais, vale frisar que o sigilo do
qual se revestem os prontuários médicos pertence única e exclusivamente aos pacientes, não ao médico.
Assim, caso houvesse a violação do direito à intimidade, essa ofensa teria que ser arguida pelos seus titulares
(pacientes) e não pelo investigado. STJ. 6ª Turma. RHC 141737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado
em 27/04/2021 (Info 694).
Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar adstrito aos
elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à integra dos dados
obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 114683/RJ, Rel. Rogério Schietti Cruz,
julgado em 13/04/2021 (Info 692).
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aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre
situação de flagrante delito. 2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime
de natureza permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se
encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do
atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e concretamente inferir que a prova
do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada. 3) O consentimento do morador, para validar o
ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser
voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação. 4) A prova da legalidade e da
voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao
Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-
se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo
e preservada tal prova enquanto durar o processo. 5) A violação a essas regras e condições legais e
constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência da
medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de
eventual responsabilização penal do(s) agente(s) público(s) que tenha(m) realizado a diligência. STJ. 6ª
Turma. HC 598.051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas, sem
que nenhum dos interlocutores saiba.
INTERCEPTAÇÃO
Ex.: polícia, com autorização judicial, grampeia os telefones dos membros de uma
TELEFÔNICA
quadrilha e grava os diálogos mantidos entre eles.
Para que a interceptação seja válida é indispensável a autorização judicial.
Ocorre quando um terceiro capta o diálogo telefônico travado entre duas pessoas,
sendo que um dos interlocutores sabe que está sendo realizada a escuta.
ESCUTA
Ex.: polícia grava a conversa telefônica que o pai mantém com o sequestrador de seu
TELEFÔNICA
filho.
Para que seja realizada é indispensável a autorização judicial (posição majoritária)
Ocorre quando o diálogo telefônico travado entre duas pessoas é gravado por um dos
próprios interlocutores, sem o consentimento ou a ciência do outro. Também é
chamada de gravação clandestina (obs.: a palavra “clandestina” está empregada não
na acepção de “ilícito”, mas sim no sentido de “feito às ocultas”).
GRAVAÇÃO
Ex.: mulher grava a conversa telefônica no qual o ex-marido ameaça matá-la.
TELEFÔNICA
Antes do advento do Pacote Anticrime, prevalecia o entendimento de que em regra, a
gravação ambiental, realizada por um dos interlocutores, prescindia de autorização
judicial. A Lei nº 13.964/2019 inseriu o art. 8º-A na Lei nº 9.296/96 exigindo, de forma
genérica, a prévia autorização judicial para a captação ambiental
COMUNICAÇÃO São as comunicações realizadas diretamente no meio ambiente, sem transmissão e
AMBIENTAL recepção por meios físicos, artificiais, como fios elétricos, cabos óticos etc.
Abrange não apenas a conversa por telefone, mas também a transmissão, emissão ou
recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
COMUNICAÇÃO qualquer natureza, por meio de telefonia, estática ou móvel (celular).
TELEFÔNICA Por conseguinte, é possível a interceptação de qualquer comunicação via telefone,
conjugada ou não com a informática, o que compreende aquelas realizadas direta (fax,
modens) e indiretamente (internet, e-mail, correios eletrônicos)
GRAVAÇÃO É a captação no ambiente ou telefônica da comunicação feita por um dos
CLANDESTINA comunicadores. Ex.: gravador, câmeras ocultas etc.
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(TELEFÔNICA Normalmente, é feita sem o conhecimento do outro comunicador, daí por que se fala
OU AMBIENTAL) em gravação clandestina.
Segundo a doutrina, essa gravação clandestina NÃO está abrangida pela Lei n.
9.296/96. E em regra, os tribunais entendem que se trata de prova lícita, mesmo sem
a autorização judicial, DESDE QUE não viole a intimidade, a confiança mútua, o segredo
profissional.
É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento
do outro As inovações do Pacote Anticrime na Lei n. 9.296/1996 não alteraram o
entendimento de que é lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por
um dos interlocutores sem conhecimento do outro. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677)
#ATENÇÃO
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes
hipóteses:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente
justificada.
De acordo com o seu art. 5º a INTERCEPTAÇÃO NÃO PODERÁ EXCEDER O PRAZO DE QUINZE DIAS,
RENOVÁVEL por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
Segundo a jurisprudência, esse prazo de 15 dias pode ser renovado quantas vezes preciso e será CONTADO
A PARTIR DA EFETIVA IMPLEMENTAÇÃO DA MEDIDA, e não da respectiva decisão.
OBS: É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito punido com
detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.
INTERCEPTAÇÃO E WHATSAPP
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• Polícia acessa o WhatsApp do investigado sem autorização judicial ou do réu, mesmo que preso em
flagrante: PROVA ILÍCITA.
• Polícia, com autorização de busca e apreensão, apreende celular do investigado. Em seguida, mesmo sem
nova autorização judicial, acessa o WhatsApp: PROVA VÁLIDA.
• Polícia acessa o WhatsApp da vítima morta, com autorização do cônjuge do falecido, mas sem autorização
judicial: PROVA VÁLIDA.
Lembrando que o registro das ligações/agenda telefônicas é permitido, pois não tem acesso ao conteúdo em
si, somente aos registros telefônicos.
#DEOLHONAJURIS
A conversão do conteúdo das interceptações telefônicas em formato escolhido pela defesa não é ônus
atribuído ao Estado. Caso concreto: o juízo disponibilizou acesso integral aos arquivos digitais com os áudios
das interceptações telefônicas. Ocorre que a defesa pediu para ter acesso aos arquivos do sistema Vigia,
software utilizado pelas companhias de telefonia para viabilizar os procedimentos de interceptação
telefônica autorizados pela Justiça no curso de investigações criminais. O pedido se fundou em alegada
quebra de cadeia de custódia da prova, cuja comprovação, segundo a defesa, depende de acesso aos dados
armazenados pelas operadoras de telefonia no mencionado sistema. A Lei nº 9.296/96 exige apenas que se
confira às partes acesso aos diálogos interceptados. No caso concreto, os elementos de prova estão
disponíveis para a defesa, de maneira que não se pode falar em vício por ser um formato de arquivo preferível
a outro. A disponibilização dos arquivos com os diálogos interceptados supre a demanda da defesa quanto
ao acesso do conteúdo das interceptações, em observância às garantias constitucionais no âmbito do
processo penal democrático, não sendo viável a imposição de ônus ao Estado quanto à conversão dos
arquivos digitais contendo os elementos de prova para o formato mais conveniente para a defesa.
O reconhecimento do vício depende de demonstração concreta do prejuízo suportado pela parte, o que não
ocorreu no caso sob exame. A alegação de quebra de cadeia de custódia é feita de forma genérica e, portanto,
não traz elementos que permitam vislumbrar qualquer ocorrência que comprometa a idoneidade das provas.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 155813-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/02/2022 (Info
731).
É válida a decisão judicial que se utiliza de fundamentação per relationem para decretar a interceptação
telefônica? Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das comunicações
telefônicas. No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva prorrogação devem
prever, expressamente, os fundamentos da representação que deram suporte à decisão - o que constituiria
meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação reportada como razão de
decidir - sob pena de ausência de fundamento idôneo para deferir a medida cautelar. STJ. 6ª Turma. HC
654131-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/11/2021 (Info 723).
É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para acesso no WhatsApp
Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela diretamente dependam ou sejam consequência,
ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da
interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo
aplicativo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão
de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que
compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos,
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imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio
de sistemas de informática e telemática. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
20/10/2016 (Info 593).
Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de
conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583). Cuidado para não confundir: Não há ilegalidade na perícia
de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu
proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua
esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 19/10/2017 (Info 617).
A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação telemática
mantida pelo usuário, tampouco a substituição do investigado e titular da linha por agente indicado pela
autoridade policial. STJ. 6ª Turma. REsp 1806792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021 (Info 696).
Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o WhatsApp interceptasse as mensagens trocadas por
determinados investigados, suspeitos de integrarem uma organização criminosa que estariam ainda
praticando crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial por
impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via aplicativo são criptografadas de
ponta a ponta. O magistrado não concordou com o argumento e aplicou multa contra a empresa. Segundo a
opinião dos especialistas, realmente não é possível a interceptação de mensagens criptografadas do
WhatsApp devido à adoção de criptografia forte pelo aplicativo. Ao utilizar a criptografia de ponta a ponta, a
empresa está criando um mecanismo de proteção à liberdade de expressão e de comunicação privada,
garantia reconhecida expressamente na Constituição Federal (art. 5º, IX). A criptografia é, portanto, um meio
de se assegurar a proteção de direitos que, em uma sociedade democrática, são essenciais para a vida
pública. A criptografia protege os direitos dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas
comunicações. Logo, é do interesse do Estado brasileiro encorajar as empresas e as pessoas a utilizarem a
criptografia e manter o ambiente digital com a maior segurança possível para os usuários. Existe, contudo,
uma ponderação a ser feita: em alguns casos a criptografia é utilizada para acobertar a prática de crimes,
como, por exemplo, os casos de pornografia infantil e de condutas antidemocráticas, como manifestações
xenófobas, racistas e intolerantes, que ameaçam o Estado de Direito. A partir daí, indaga-se: o risco à
segurança pública representado pelo uso da criptografia justifica restringir ou proibir a sua adoção pelas
empresas? O tema está sendo apreciado pelo STF na ADPF 403 e na ADI 5527, que foi iniciado com os votos
dos Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, tendo sido suspenso em razão de pedido de vista. Apesar de o
julgamento dessas ações constitucionais ainda não ter sido concluído, a 3ª Seção do STJ, em harmonia com
os votos já proferidos pelos Ministros do STF, chegou à conclusão de que: O ordenamento jurídico brasileiro
não autoriza, em detrimento da proteção gerada pela criptografia de ponta a ponta, em benefício da
liberdade de expressão e do direito à intimidade, sejam os desenvolvedores da tecnologia multados por
descumprirem ordem judicial incompatível com encriptação. Os benefícios advindos da criptografia de ponta
a ponta se sobrepõem às eventuais perdas pela impossibilidade de se coletar os dados das conversas dos
usuários da tecnologia. Diante disso, o recurso foi provido para afastar a multa aplicada pelo magistrado ante
a impossibilidade fática, no caso concreto, de cumprimento da ordem judicial, haja vista o emprego da
criptografia de ponta-a-ponta. STJ. 3ª Seção. RMS 60531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 09/12/2020 (Info 684).
Determinada pessoa entregou à Polícia prints de conversas registradas no WhatsApp Web. Tais conversas
demonstravam a ocorrência de crimes contra a Administração Pública. Vale ressaltar que esses prints foram
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feitos por um dos integrantes do grupo do aplicativo, ou seja, os prints foram tirados por um dos
interlocutores da conversa. Mesmo assim, o STJ considerou ilícita essa prova. Isso porque, para o STJ, é
inválida a prova obtida pelo WhatsApp Web, tendo em vista que nessa ferramenta “é possível, com total
liberdade, o envio de novas mensagens e a exclusão de mensagens antigas (registradas antes do
emparelhamento) ou recentes (registradas após), tenham elas sido enviadas pelo usuário, tenham elas sido
recebidas de algum contato. Eventual exclusão de mensagem enviada (na opção "Apagar somente para
Mim") ou de mensagem recebida (em qualquer caso) não deixa absolutamente nenhum vestígio, seja no
aplicativo, seja no computador emparelhado, e, por conseguinte, não pode jamais ser recuperada para
efeitos de prova em processo penal, tendo em vista que a própria empresa disponibilizadora do serviço, em
razão da tecnologia de encriptação ponta-a-ponta, não armazena em nenhum servidor o conteúdo das
conversas dos usuários” (STJ. 6ª Turma. RHC 99.735/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018). Assim,
a pessoa que tirou os prints poderia, em tese, ter manipulado as conversas, de maneira não há segurança
para se utilizar como prova. Diante disso, o STJ declarou nulas as mensagens obtidas por meio do print screen
da tela da ferramenta WhatsApp Web, determinando-se o desentranhamento delas dos autos, mantendo-
se as demais provas produzidas após as diligências prévias da polícia realizadas em razão da notícia anônima
dos crimes. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 133.430/PE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 23/02/2021.
Caso concreto: a Polícia Penal, durante procedimento de revista em uma das galerias do presídio, encontrou
dois aparelhos celulares, “um escondido embaixo da escadaria próxima a porta do solário e outro em um vão
aberto devido a corrosão no batente da ducha”. Como não foi localizado, naquele momento, o segregado,
que usava e tinha a posse de um desses objetos, os agentes acessaram o conteúdo ali existente, ocasião em
que foram encontrados dados do preso WhatsApp e no Facebook instalados no referido aparelho.
Identificado o preso, o Juízo das Execuções Penais, na audiência de justificação, homologou a falta disciplinar
de natureza grave e revogou parte dos dias remidos. A atuação da Polícia Penal e do Poder Judiciário foi
legítima, não havendo ilicitude da prova obtida por meio do acesso ao aparelho celular. Em regra, é ilícita a
prova obtida diretamente dos dados constantes de aparelho celular, sem prévia autorização judicial. O
mencionado entendimento, todavia, deve ser distinguido da situação apresentada no caso concreto. Os
julgados do STJ que afirmam a nulidade tratam de aparelhos celulares apreendidos fora de estabelecimentos
prisionais. O caso concreto se refere à hipótese em que o aparelho é encontrado dentro do presídio, em
situação de explícita violação às normas jurídicas que regem a execução penal. Os direitos e garantias
individuais não têm caráter absoluto, sendo possível a existência de limitações de ordem jurídica. Os arts.
3º, 38 e 46, todos da LEP, representam hipóteses de restrição legal aos direitos individuais dos presos. Nesse
cenário, uma das consequências da imposição da prisão - penal ou processual - é a proibição da comunicação
do recluso com o ambiente externo por meios diversos daqueles permitidos pela lei. Para garantir a
observância dessa restrição foram editadas diversas normas que têm por objetivo coibir o acesso do
segregado a aparelhos telefônicos, de rádio ou similares. Conforme previsto no art. 41, inciso XV, da LEP, o
contato do preso com o mundo exterior é autorizado por meio de correspondência escrita, da leitura e de
outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Mesmo no caso de
comunicação por intermédio de correspondência escrita, permitida legalmente, o STF firmou jurisprudência
no sentido de que, diante da inexistência de liberdades individuais absolutas, é possível que a Administração
Penitenciária, sem prévia autorização judicial, acesse o seu conteúdo quando houver inequívoca suspeita de
sua utilização como meio para a preparação ou a prática de ilícitos. A necessidade de se resguardar a
segurança, a ordem pública e a disciplina prisional, segundo a Corte Suprema, prevalece sobre a reserva
constitucional de jurisdição.
Nessa conjuntura, se é prescindível decisão judicial para a análise do conteúdo de correspondência a fim de
preservar interesses sociais e garantir a disciplina prisional, com mais razão se revela legítimo, para a mesma
finalidade, o acesso dos dados e comunicações constantes em aparelhos celulares encontrados ilicitamente
dentro do estabelecimento penal, pois a posse, o uso e o fornecimento do citado objeto são expressamente
proibidos pelo ordenamento jurídico.
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Tratando-se de ilicitude manifesta e incontestável, não há direito ao sigilo e, por consequência, inexiste a
possibilidade de invocar a proteção constitucional prevista no art. 5º, inciso XII, da Carta da República. Por
certo, os direitos fundamentais não podem ser utilizados para a salvaguarda de práticas ilícitas, não sendo
razoável pretender proteger aquele que age em notória desconformidade com as normas de regência. STJ.
6ª Turma. HC 546.830/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2021.
JURISPRUDÊNCIA EM TESES
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1) É possível o arrolamento de testemunhas pelo assistente de acusação (art. 271 do Código de Processo
Penal), desde que respeitado o limite de 5 (cinco) pessoas previsto no art. 422 do CPP.
2) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de videoconferência, audiência de inquirição
de testemunhas realizada, presencialmente, perante o Juízo natural da causa, por ausência de previsão
legal, regulamentar e principiológica.
3) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui especial relevância, desde
que esteja em consonância com as demais provas acostadas aos autos.
4) Nos delitos praticados em ambiente doméstico e familiar, geralmente praticados à clandestinidade, sem
a presença de testemunhas, a palavra da vítima possui especial relevância, notadamente quando
corroborada por outros elementos probatórios acostados aos autos.
5) É possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em
que as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante probabilidade de esvaziamento da prova
pela natureza da atuação profissional, marcada pelo contato diário com fatos criminosos.
6) Não há cerceamento de defesa quando a decisão que indefere oitiva de testemunhas residentes em outro
país for devidamente fundamentada.
7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular, relativos a
mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida diretamente pela
polícia, sem prévia autorização judicial.
8) É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz captada nas interceptações telefônicas,
salvo quando houver dúvida plausível que justifique a medida.
9) É necessária a realização do exame de corpo de delito para comprovação da materialidade do crime
quando a conduta deixar vestígios, entretanto, o laudo pericial será substituído por outros elementos de
prova na hipótese em que as evidências tenham desaparecido ou que o lugar se tenha tornado impróprio
ou, ainda, quando as circunstâncias do crime não permitirem a análise técnica.
10) O laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a configuração do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, sob pena de se ter por incerta a materialidade do delito e, por conseguinte, ensejar a
absolvição do acusado.
11) É possível, em situações excepcionais, a comprovação da materialidade do crime de tráfico de drogas
pelo laudo de constatação provisório, desde que esteja dotado de certeza idêntica à do laudo definitivo e
que tenha sido elaborado por perito oficial, em procedimento e com conclusões equivalentes.
12) É prescindível a apreensão e a perícia de arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de
pena prevista no art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu emprego por outros meios
de prova.
PRISÃO
As medidas cautelares de natureza pessoal sãp aquelas medidas restritivas (cautelares diversas da prisão) ou
privativas (fica 100% privado, a exemplo da prisão preventiva) da liberdade de locomoção adotadas contra a
pessoa do investigado (fase de inquérito) ou acusado (fase processual).
Com o advento da L. 13964/19, o juiz não mais poderá decretar medidas cautelares pessoais de ofício durante
o processo. Tal limitação não alcança as cautelares reais (patrimoniais) e as cautelares probatórias, onde os
poderes oficiosos do juiz permanecem.
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Destaca-se que nenhuma cautelar pode ser aplicada de maneira automática. Cabe ao juiz, diante do caso
concreto, verificar se estão presentes os pressupostos e, após, de maneira fundamentada, aplicar tais
medidas.
É necessário separar os pressupostos da prisão preventiva dos pressupostos das medidas cautelares diversas
da prisão. #NÃOESQUECE ambas são cautelares pessoais.
#ATENÇÃO observação importante é a vedação de decretação de medidas cautelares de ofício pelo juiz,
prevista no Art. 282, §2º, do CPP, alterado pela L. 13964/19:
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da
investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Não há consenso.
-> 1ª CORRENTE = (Delegado) - Não há necessidade, tendo em vista que a própria Lei confere ao Delegado
de Polícia o poder de representação.
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A autoridade policial possui legitimatio propter officium (legitimidade do próprio oficio conferido por lei)
para representar pela imposição de tutelas cautelares, representação cognoscível pelo juiz
independentemente do teor do parecer ministerial. Não há de se falar em atuação oficiosa do juiz, pois
houve provocação por parte da autoridade policial.
#MAPEIANOVADE
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
PRISÃO
Prisão Cautelar (Carcer Ad Custodiam): É aquela prisão decretada antes do trânsito em julgado de sentença
penal condenatória, com o objetivo de resguardar a sociedade (cautelaridade social) ou assegurar a eficácia
das investigações ou do processo criminal (cautelaridade processual).
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✓ Prisão preventiva
✓ Prisão temporária.
✓ Prisão Domiciliar (em substitutiva à prisão preventiva)
Veremos cada uma delas a seguir:
PRISÃO EM FLAGRANTE
A prisão em flagrante é uma medida de autodefesa social, caracterizada pela privação da liberdade de
locomoção, independentemente de prévia autorização judicial, daquele que é flagrado durante o
cometimento de um delito ou momentos depois.
Natureza jurídica da prisão em flagrante: Doutrina majoritária – trata-se de prisão cautelar.
MODALIDADES DE FLAGRANTE
• Flagrante obrigatório ou compulsório: é aquele inerente a atuação das forças policiais, funcionando como
estrito cumprimento de um dever legal (art. 301, CPP).
• Flagrante facultativo: é aquele inerente a atuação de qualquer pessoa do povo, funcionando como o
exercício regular de um direito (art. 301, CPP)
• Flagrante próprio/real/perfeito/propriamente dito: a) O sujeito capturado cometendo o delito (art. 302,
I, CPP). (O sujeito é capturado desenvolvendo os atos executórios.) b) O sujeito capturado ao acabar de
cometer a infração (art. 302, II, CPP).
• Flagrante improprio/irreal/imperfeito/quase flagrante: o sujeito é perseguido logo após a pratica da
infração. Havendo êxito, ele será capturado em circunstâncias que façam presumir a responsabilidade penal
(art. 302, III, CPP).
• Flagrante presumido/ficto/assimilado: o sujeito é encontrado logo depois da prática do delito com
objetos, armas, papéis ou instrumentos que autorizem presumir a responsabilidade penal (art. 302, IV, CPP).
• Flagrante forjado: é aquele realizado para incriminar pessoa inocente e que não tinha desejo de
delinquir.
(Conclusão1: percebe-se que a prisão é ilegal, devendo ser relaxada (art. 310, I, CPP e art. 5º, LXV, CF)
(Conclusão2: a responsabilidade penal subsiste para o agente forjador.)
• Flagrante esperado: nele nos deparamos com a realização de campana (tocaia), aguardando-se a prática
do primeiro ato executório para a concretização da captura. Em nenhum momento a polícia estimula a
prática do delito, apenas aguarda o melhor momento para realizar a captura.
• Flagrante preparado/provocado/delito de ensaio/delito putativo (imaginado) por obra do agente
provocador:
#DEOLHONASÚMULA - Súmula 145-STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.
Obs. 1: em tal hipótese a prisão é considerada ilegal, devendo ser relaxada (art. 310, I, CPP)
Obs. 2: o fato praticado pelo sujeito seduzido é atípico, pois será enquadrado como crime impossível.
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Obs. 3: Lei de Drogas - se o traficante já tem a droga consigo ou em estoque, quando é abordado por policial
disfarçado de usuário, resta concluir que a prisão é legal, pois a consumação do tráfico (ter em depósito) é
crime permanente e preexistente a provocação.
• Flagrante postergado/diferido/retardado/ação controlada: ela nasce no combate ao crime organizado,
com o objetivo de efetivar a prisão no momento mais estratégico, almejando o levantamento de provas, a
captura de sujeitos e o enquadramento no crime principal da organização. Atualmente, ela está regulada nos
seguintes diplomas: i. Crime organizado (art. 8º, Lei 12.850/13 ii. Tráfico de drogas (art. 53, II, Lei 11343/06)
iii. Lavagem de dinheiro (art. 4ºB, Lei 9613/98)
Lavratura do auto de prisão em flagrante: É a documentação da situação fática, onde verifica-se aspectos
formais do flagrante, como declaração a vítima, depoimento do primeiro condutor e segunda testemunha,
demais testemunhas, o interrogatório do suposto autor do fato, expedição de nota de garantias
constitucionais (nota de culpa) e a devida comunicação ao juízo.
Lavrado o auto de prisão em flagrante, o indivíduo não será necessariamente recolhido à prisão, tendo em
vista que poderá ser cabível a fiança:
CPP, art. 322: A autoridade policial (Delegado de Polícia) somente poderá conceder fiança nos casos de
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas.
#ATENÇÃODELTA Salienta-se que o Delegado de Polícia só pode conceder fiança para quem foi preso em
flagrante no caso de crime com pena máxima inferior a 4 anos, salvo nos casos do art. 24-A da Lei Maria da
Penha em que a fiança será concedida pelo juiz. Lei n. 11.340/06, art. 24-A:
Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção,
de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (...) § 2º: Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial
poderá conceder fiança.
ATENÇÃO: Trata-se de cláusula de reserva de jurisdição para a concessão da fiança, na qual o delegado de
polícia não poderá conceder liberdade provisória com fiança.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME
Não havia previsão legal. Era prevista na Previsão de forma expressa no CPP, art. 310
Convenção Americana de Direitos Humanos e no
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
Audiência de custódia consiste no direito que a Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo
pessoa presa possui de ser conduzida sem demora máximo de até 24 horas após a realização da prisão,
(CNJ adotou o máximo de 24h: Resolução 213/15), o juiz deverá promover AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
à presença de uma autoridade judicial que irá com a presença do acusado, seu advogado
analisar se os direitos fundamentais dessa pessoa constituído ou membro da Defensoria Pública e o
foram respeitados ( se não houve tortura) se a membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o
prisão em flagrante foi legal ou se deve ser juiz deverá, fundamentadamente:
relaxada ( 310, I, do CPP) e se a prisão cautelar I relaxar a prisão ilegal; ou
(antes do trânsito em julgado) deve ser decretada II converter a prisão em flagrante em preventiva,
(310, II) ou se o preso poderá receber a liberdade quando presentes os requisitos constantes do art.
provisória (310, III) ou medida cautelar diversa da 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
prisão ( 319). insuficientes as medidas cautelares diversas da
prisão; ou
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#MAPEIANOVADE
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312
deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das
condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de
revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou
que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a
não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a
ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão
preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI
6.300) (Vide ADI 6.305)
#ATENÇÃO Nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 6298, 6299, 6300 e 6305 o ministro Luiz Fux concedeu
Medida Cautelar para suspender a eficácia do art. 310, §4 do Código de Processo Penal 310, §4°
(Inconstitucionalidade material). Os dispositivos relacionados ao juiz das garantias encontram-se com a
eficácia suspensa pelo Supremo Tribunal Federal.
Jurisprudência em teses:
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2) O tipo penal descrito no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 é de ação múltipla e de natureza permanente, razão
pela qual a prática criminosa se consuma, por exemplo, a depender do caso concreto, nas condutas de "ter
em depósito", "guardar", "transportar" e "trazer consigo", antes mesmo da atuação provocadora da polícia,
o que afasta a tese defensiva de flagrante preparado.
3) No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma infração penal será cometida e passa a monitorar
a atividade do agente de forma a aguardar o melhor momento para executar a prisão, não havendo que se
falar em ilegalidade do flagrante.
4) No tocante ao flagrante retardado ou à ação controlada, a ausência de autorização judicial não tem o
condão de tornar ilegal a prisão em flagrante postergado, vez que o instituto visa a proteger o trabalho
investigativo, afastando a eventual responsabilidade criminal ou administrava por parte do agente policial.
5) Para a lavratura do auto de prisão em flagrante é despicienda a elaboração do laudo toxicológico
definitivo, o que se depreende da leitura do art. 50, §1º, da Lei n. 11.343/2006, segundo o qual é suficiente
para tanto a confecção do laudo de constatação da natureza e da quantidade da droga.
6) Eventual nulidade no auto de prisão em flagrante devido à ausência de assistência por advogado somente
se verifica caso não seja oportunizado ao conduzido o direito de ser assistido por defensor técnico, sendo
suficiente a lembrança, pela autoridade policial, dos direitos do preso previstos no art. 5º, LXIII, da
Constituição Federal.
7) Uma vez decretada a prisão preventiva, fica superada a tese de excesso de prazo na comunicação do
flagrante.
8) Realizada a conversão da prisão em flagrante em preventiva, fica superada a alegação de nulidade
porventura existente em relação à ausência de audiência de custódia.
9) Não há nulidade da audiência de custódia por suposta violação da Súmula Vinculante n. 11 do STF, quando
devidamente justificada a necessidade do uso de algemas pelo segregado.
10) Não há nulidade na hipótese em que o magistrado, de ofício, sem prévia provocação da autoridade
policial ou do órgão ministerial, converte a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. A tese foi superada em razão das
mudanças operadas pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019).
11) Com a superveniência de decretação da prisão preventiva ficam prejudicadas as alegações de ilegalidade
da segregação em flagrante, tendo em vista a formação de novo título ensejador da custódia cautelar.
#DEOLHONAJURIS
A audiência de custódia constitui direito público subjetivo, de caráter fundamental A audiência de custódia
(ou de apresentação) constitui direito público subjetivo, de caráter fundamental, assegurado por convenções
internacionais de direitos humanos a que o Estado brasileiro aderiu, já incorporadas ao direito positivo
interno (Convenção Americana de Direitos Humanos e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos).
Traduz prerrogativa não suprimível assegurada a qualquer pessoa. Sua imprescindibilidade tem o beneplácito
do magistério jurisprudencial (ADPF 347 MC) e do ordenamento positivo doméstico (Lei nº 13.964/2019 e
Resolução 213/2015 do CNJ). STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
O que acontece se, injustificadamente, não for realizada a audiência de custódia? A ausência da realização
da audiência de custódia qualifica-se como causa geradora da ilegalidade da própria prisão em flagrante, com
o consequente relaxamento da privação cautelar da liberdade. Se o magistrado deixar de realizar a audiência
de custódia e não apresentar uma motivação idônea para essa conduta, ele estará sujeito à tríplice
responsabilidade, nos termos do art. 310, § 3º do CPP. STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado
em 6/10/2020 (Info 994). Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz,
de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento) Não é possível
a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso de investigação
penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que
se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da
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autoridade policial. A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º,
e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio
requerimento das partes ou representação da autoridade policial. Logo, não é mais possível, com base no
ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da
liberdade. A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art. 311,
significando que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da
prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal
efeito, anterior e formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do
querelante ou do assistente do MP. STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
20/10/2020. STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
O juiz não pode, de ofício, converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. Não é possível a decretação
“ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso de investigação penal), inclusive
no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere o art.
310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da autoridade policial.
A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311, ambos
do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio ‘requerimento das partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
requerimento do Ministério Público’, não mais sendo lícito, portanto, com base no ordenamento jurídico
vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade. A
interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz dos arts. 282, § 2º, e 311, significando que se
tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante
de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal
provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do
assistente do MP. STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020. STF. 2ª
Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2020.
Após o advento da Lei nº 13.964/2019, não é mais possível a conversão da prisão em flagrante em preventiva
sem provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente, ou do Ministério Público,
mesmo nas situações em que não ocorre audiência de custódia. STJ. 3ª Seção. RHC 131.263, Rel. Min.
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Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686). STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
Pode o juiz de ofício converter a prisão em flagrante em preventiva (art. 310, II, CPP)? NÃO.
Com as alterações dos arts. 282, § 4º, e 311 do CPP pela Lei n. 13.964/2019 (Lei Anticrime), que entrou em
vigor em 23/1/2020, não pode mais o juiz, de ofício, converter a prisão em flagrante em preventiva com
fundamento no art. 310, II, do CPP, sendo indispensável para tanto o prévio requerimento do Ministério
Público, do querelante ou de seu assistente, ou representação da autoridade policial. STJ. 5ª Turma. AgRg no
HC n. 624.218/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/4/2021. STJ. 6ª Turma. HC n. 638.655/SC,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 5/4/2022. STJ. 3ª Seção. RHC n. 131.263/GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 24/2/2021.
O que acontece se, injustificadamente, não for realizada a audiência de custódia? A falta de audiência de
custódia constitui irregularidade, não afastando a prisão preventiva, no caso de estarem atendidos os
requisitos do art. 312 do CPP e observados direitos e garantias versados na Constituição Federal. STF. 1ª
Turma. HC 202260 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/08/2021.
A ausência de realização de audiência de custódia é irregularidade que não conduz à automática revogação
da prisão preventiva, cabendo ao juízo da causa promover análise acerca da presença dos requisitos
autorizadores da medida extrema. STF. 2ª Turma. HC 198896 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
14/06/2021.
A conversão do flagrante em prisão preventiva torna superada a alegação de nulidade relativamente à falta
de audiência de custódia. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 669.316/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca,
julgado em 08/06/2021.
A questão da nulidade decorrente da não realização da audiência de custódia encontra-se superada pela
conversão da prisão em flagrante em preventiva. Assim, eventuais irregularidades do flagrante ficam
superadas pelo Decreto de prisão preventiva. STJ. 5ª Turma. HC 708.905- MG. Rel. Min. Jesuíno Rissato,
julgado em 14/12/2021.
A não realização de audiência de custódia no prazo de 24 horas não acarreta a automática nulidade do
processo criminal, assim como que a conversão do flagrante em prisão preventiva constitui novo título a
justificar a privação da liberdade, ficando superada a alegação de nulidade decorrente da ausência de
apresentação do preso ao Juízo de origem. STJ. 6ª Turma. RHC 154.274/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 14/12/2021.
O entendimento desta Corte Superior de Justiça é de que "a não realização de audiência de custódia no prazo
de 24 horas não acarreta a automática nulidade do processo criminal, assim como que a conversão do
flagrante em prisão preventiva constitui novo título a justificar a privação da liberdade, ficando superada a
alegação de nulidade decorrente da ausência de apresentação do preso ao Juízo de origem. STJ. 6ª Turma.
RHC 154.274. Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 14/12/2021.
PRISÃO PREVENTIVA
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Cuida-se de espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária competente, mediante
representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente,
em qualquer fase das investigações ou do processo criminal, hipótese esta em que pode ser decretada de
ofício pelo juiz, sempre que presentes os requisitos legais do art. 313, do CPP e os pressupostos do art.312,
do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão
(CPP, art. 319).
Hoje, ao tratar de prisão preventiva, é importante mencionar que essa prisão só caberá se não couberem
outras medidas cautelares diversas da prisão.
Natureza Jurídica: A prisão preventiva é espécie de prisão cautelar, não havendo, aqui, nenhuma polêmica.
Momento: A prisão preventiva tem cabimento da fase investigatória quanto na fase do processo. Destaca se
que na fase processual poderá ser decretada até o trânsito em julgado.
#ATENÇÃO O juiz não poderá mais decretar a prisão preventiva de ofício, mas quando faltar motivo para que
subsista ou quando sobrevierem motivos que a justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la,
respectivamente.
#MAPEIANOVADE
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 316. O juiz poderá, DE OFÍCIO OU A PEDIDO das partes, REVOGAR A PRISÃO PREVENTIVA se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, BEM COMO NOVAMENTE
DECRETÁ-LA, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de
sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a
prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
#APOSTACICLOS Prisão preventiva: prazo nonagesimal para a sua revisão e respectiva competência
jurisdicional - O transcurso do prazo previsto no parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal
(CPP) não acarreta, automaticamente, a revogação da prisão preventiva e, consequentemente, a concessão
de liberdade provisória.
#RESUMINDO
EM CASO DE DESCUMPRIMENTO: o juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medida , impor outra em
cumulação ou decretar a prisão.
QUANDO FALTAR MOTIVO para que subsista a medida cautelar imposta ou quando SOBREVIEREM RAZÕES
Q UE A JUSTIFIQUE, o juiz poderá, de ofício , revoga-la ou substituí-la, respectivamente.
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O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
la quando verificar a falta de motivo para que revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
subsista, bem como voltar a decretá-la, se verificar a falta de motivo para que subsista, bem
sobrevierem razões que a justifiquem. como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
a justifiquem
#ATENÇÃO: A prisão preventiva não tem prazo prefixado em lei e devem estar presentes os requisitos do art.
312 e 313 do CPP.
Vejamos as modalidades de prisão preventiva:
1- CAUTELAR AUTÔNOMA: antes de sua decretação não houve prisão = exige a presença dos requisitos do
art. 312 e 313.
2- CONVERTIDA DO FLAGRANTE: antes de sua decretação houve prisão em flagrante = exige a presença dos
art. 312 + 313 + incabível outras cautelares diversas da prisão. O JUIZ só pode convertê-la mediante
REQUERIMENTO
3- SUBSTITUTIVA DE MEDIDA CAUTELAR ANTERIOR QUE FOI DESCUMPRIDA: antes de sua decretação havia
sido imposta uma medida cautelar (preventiva é a ultima ratio) = exige apenas a presença dos requisitos do
art. 312.
a) Perigo à ordem pública: Para configurar o risco de reiteração delitiva pode se admitir inquéritos em
andamento, e atos infracionais.
b) Perigo à ordem econômica;
c) Instrução Processual;
d) Aplicação da lei penal.
Os requisitos previstos no art. 313 são essenciais para a prisão preventiva AUTONOMA e aquela que é
CONVETIDA DO FLAGRANTE:
1- Crime doloso com pena máxima superior a 4 anos
2- Reincidente em crime doloso com pena maior ou menor que 4 anos
3- Para garantir medidas protetivas de urgência contra mulher, enfermo, deficiente, criança
4- Dúvida sobre a identidade – fica preso até a identificação.
#MAPEIANOVADE
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
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I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
#DEOLHONAJURIS
Não se decreta prisão preventiva por suposta autoria intelectual de um crime sem a indicação dos elementos
empíricos que arrimem a asserção. Além da gravidade concreta da conduta imputada, é necessário, para a
decretação da prisão preventiva, a demonstração da necessidade e adequação dessa medida cautelar, ainda
mais considerando que, no presente caso, o homicídio foi perpetrado em 25/2/2020. Ainda que seja indicada
a necessidade de resguardar a instrução processual, não se demonstrou, por meio de elementos probatórios
concretos, de que forma, durante o inquérito policial, o agravante tentara impedir a apuração dos fatos, sem
falar que a única conduta criminosa imputada na denúncia foi o homicídio ocorrido em 25/2/2020, não
havendo pedido de condenação pelo crime de organização criminosa, e sequer foram sustentados elementos
probatórios que apontem como o suposto grupo criminoso se estruturou, quais os papeis de cada integrante,
e como agiam para impedir a apuração delitiva ou a aplicação de eventual pena. O que se tem no decreto
prisional são meras circunstâncias já elementares do (suposto) delito, valendo-se de motivos abstratos e com
genérica regulação da prisão preventiva, além de presunções. Consta do acórdão que a prisão preventiva foi
decretada pela "necessidade de estancar a atuação do paciente, supostamente autor intelectual do
homicídio de que trata os presentes autos, constitui fundamentação cautelar idônea e suficiente a justificar
a medida extrema, merecendo relevo as circunstâncias explicitadas nas investigações de que o paciente teria
logrado 'ampliar, paulatinamente, sua influência no controle da empresa criminosa, beneficiando-se dos
brutais homicídios daqueles que poderiam rivalizar em busca de tal hegemonia'". Mas nada foi dito na linha
do que se propunha o julgado, na perspetiva da autoria na pessoa do agravante. Não é sustentável alegar "A
necessidade de estancar a atuação do paciente, supostamente autor intelectual do homicídio de que trata
os presentes autos". Não se decreta prisão preventiva por suposta autoria intelectual de um crime sem a
indicação dos elementos empíricos que arrimem a asserção. Não se apontou o histórico de homicídios, e
nenhum elemento probatório que indicasse a prática de crime além daquele imputado na ação penal. Acaso
fosse válido esse fundamento, por entender que no acórdão constam elementos concretos à prisão
preventiva, é pacífico o entendimento no STJ, bem como no Supremo Tribunal Federal, de que o Tribunal de
origem não pode suprir a ausência de motivação do decreto prisional proferido pelo juiz singular, sob pena
de o habeas corpus servir de vetor convalidante do encarceramento ilegal. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
726.508/RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF1ª Região), julgado em
17/05/2022.
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047.542.386-05
ao afastamento da custódia preventiva, sobretudo quando presentes motivos que a justifiquem. STF. 2ª
turma. HC 211.284/CE AgR, Rel. Min. André Mendonça, julgado em 16/05/2022.
É inadmissível a decretação de nova prisão baseada em idênticos fundamentos que já haviam sido
considerados insuficientes pelo STJ. Reputado ilegal, em julgado do STJ, decreto que prorrogou prisão
provisória com base em fundamentação tida como abstrata e inidônea, a superveniente decretação de prisão
preventiva nos autos do mesmo inquérito policial reprisando idêntica motivação, a título de periculum
libertatis, sem o acréscimo de novos fundamentos concretos, consubstancia descumprimento reflexo de
ordem emanada pela Corte. Situação em que, em habeas corpus julgado por esta Corte, foi considerada ilegal
a decisão que prorrogara a prisão provisória de marido e esposa investigados por suposta participação em
homicídio qualificado, com amparo na suposição genérica de que os investigados poderiam destruir provas
ou influenciar testemunhas, assim como na equivocada concepção de que, em afronta ao princípio
constitucional nemo tenetur se detegere, estariam eles obrigados a entregar à autoridade policial evidência
(seus aparelhos celulares) não encontrada em busca domiciliar autorizada judicialmente. Tendo em conta,
também, que as investigações já se encontravam adiantadas, com a oitiva de diversas testemunhas,
realização de perícias e cumprimento de mandados de busca e apreensão, além do fato de que os
investigados, ambos primários com residência fixa e emprego lícito, se apresentaram voluntariamente à
autoridade policial, foi concedida a ordem de ofício para revogar a prisão temporária dos ora reclamantes,
mediante a aplicação das medidas cautelares constantes do art. 319, incisos I, III, IV, e do art. 320, ambos do
Código de Processo Penal. No novo decreto de prisão preventiva, o magistrado de 1º grau voltou a aludir à
possibilidade de interferência dos reclamantes em depoimentos de testemunhas e reafirmou que eles
estariam ocultando seus aparelhos celulares em sua residência, mas sem apontar fato concreto apto a
demonstrar que teriam agido de qualquer forma para interferir em depoimento de testemunhas ou para
destruir provas ou opor obstáculo ilegítimo às investigações. Assim, a reclamação foi julgada procedente,
para cassar a decisão que decretou a prisão preventiva dos reclamantes, sem prejuízo de futura decretação
de prisão cautelar ancorada na gravidade concreta da conduta dos reclamantes e em fundamentos idôneos.
STJ. 3ª Seção. Rcl 42.857/AM, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2022.
Em matéria de medidas cautelares pessoais, a atuação jurisdicional de ofício é vedada, independente da fase
que se encontre o procedimento e do grau de limitação na liberdade que o provimento acautelatório
eventualmente enseje. Um dos objetivos da reforma da Lei n. 13.964/2019 é o fortalecimento do modelo
acusatório no Processo Penal brasileiro. Assim, suprimiu-se, por exemplo, a possibilidade de o Juiz agir sem
provocação em matéria de medidas cautelares pessoais. Nessas hipóteses, segundo o comando normativo
vigente, é imprescindível o prévio requerimento do Ministério Público ou representação da Autoridade
Policial. Tal conclusão decorre da supressão da expressão "de ofício" tanto do art. 282, § 2º, como do art.
311, ambos do Código de Processo Penal. Em matéria de medidas cautelares pessoais, a atuação jurisdicional
de ofício é vedada, independente da fase que se encontre o procedimento e do grau de limitação na liberdade
que o provimento acautelatório eventualmente enseje. STJ. 6ª Turma. HC 638.655/SC, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 5/04/2022.
A mera circunstância de o agente ter sido denunciado em razão dos delitos descritos na Lei 12.850/2013 não
justifica a imposição automática da prisão preventiva, devendo-se avaliar a presença de elementos
concretos, previstos no art. 312 do CPP. Conquanto os tribunais superiores admitam a prisão preventiva para
interrupção da atuação de integrantes de organização criminosa, a mera circunstância de o agente ter sido
denunciado pelos delitos descritos na Lei n. 12.850/2013 não justifica a imposição automática da custódia
prisional. Com efeito, deve-se avaliar a presença de elementos concretos, previstos no art. 312 do CPP, como
o risco de reiteração delituosa ou indícios de que o grupo criminoso continua em atividade, colocando em
risco à ordem pública. STJ. 5ª Turma. HC 708148-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio
de Noronha, julgado em 05/04/2022 (Info 732).
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Não existe o dever de revisão previsto art. 316, parágrafo único, do CPP, caso o acusado esteja foragido.
Quando o acusado encontrar-se foragido, não há o dever de revisão ex officio da prisão preventiva, a cada
90 dias, exigida pelo art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal. A finalidade do dispositivo é a
de evitar o gravíssimo constrangimento experimentado por quem está com efetiva restrição à sua liberdade.
Somente o gravíssimo constrangimento causado pela efetiva prisão justifica o elevado custo despendido pela
máquina pública com a promoção desses numerosos reexames impostos pela lei. Não seria razoável ou
proporcional obrigar todos os Juízos criminais do país a revisar, de ofício, a cada 90 dias, todas as prisões
preventivas decretadas e não cumpridas, tendo em vista que, na prática, há réus que permanecem foragidos
por anos. Soma-se a isso o fato de que, se o acusado – que tem ciência da investigação ou processo e contra
quem foi decretada a prisão preventiva – encontra-se foragido, já se vislumbram, antes mesmo de qualquer
reexame da prisão, fundamentos para mantê-la – quais sejam, a necessidade de assegurar a aplicação da lei
penal e a garantia da instrução criminal –, os quais, aliás, conservar-se-ão enquanto perdurar a condição de
foragido do acusado. Assim, pragmaticamente, parece pouco efetivo para a proteção do acusado, obrigar o
Juízo processante a reexaminar a prisão, de ofício, a cada 90 dias, nada impedindo, contudo, que a defesa
protocole pedidos de revogação ou relaxamento da custódia, quando entender necessário. STJ. 5ª Turma.
RHC 153528-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Réu que, aproveitando-se de sua condição de médico, praticou crimes sexuais; prisão preventiva pode ser
substituída por proibição do exercício da medicina e suspensão da inscrição médica. Não se justifica a prisão
preventiva se, considerando o modus operandi dos delitos, a imposição da cautelar de proibição do exercício
da medicina e de suspensão da inscrição médica, e outras que o Juízo de origem entender necessárias, forem
suficientes para prevenção da reiteração criminosa e preservação da ordem pública. STJ. 5ª Turma. HC
699362-PA, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
O descumprimento do prazo do parágrafo único do art. 316 do CPP não acarreta automaticamente a
liberdade do preso. Esse dispositivo se aplica também aos Tribunais? O transcurso do prazo previsto no
parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal não acarreta, automaticamente, a revogação da
prisão preventiva e, consequentemente, a concessão de liberdade provisória. A exigência da revisão
nonagesimal quanto à necessidade e adequação da prisão preventiva aplica-se até o final dos processos de
conhecimento. O parágrafo único do art. 316 do CPP se aplica para: • o juízo em 1ª instância: SIM • o TJ ou
TRF: SIM (tanto nos processos de competência originária do TJ/TRF – foro por prerrogativa de função – como
também durante o tempo em que se aguarda o julgamento de eventual recurso interposto contra decisão
de 1ª instância). • o STJ/STF: em regra, não. Encerrado o julgamento de segunda instância, não se aplica o
art. 316, parágrafo único, do CPP. Exceção: caso se trate de uma ação penal de competência originária do
STJ/STF. Em conclusão, o art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se: a) até o final dos processos de
conhecimento, onde há o encerramento da cognição plena pelo Tribunal de segundo grau; b) nos processos
onde houver previsão de prerrogativa de foro. Por outro lado, o art. 316, parágrafo único, do CPP não se
aplica para as prisões cautelares decorrentes de sentença condenatória de segunda instância ainda não
transitada em julgado. STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgados em 8/3/2022 (Info 1046).
É ilegal a conversão em preventiva da prisão em flagrante quando o Ministério Público requer a concessão
da liberdade provisória, salvo se houver representação da autoridade policial. É ilegal a conversão em
preventiva da prisão em flagrante quando o Ministério Público requer a concessão da liberdade provisória,
salvo se houver representação da autoridade policial, o que não é o caso dos autos. Impropriedade da prisão
preventiva decretada com base, exclusivamente, na quantidade da droga. STF. 2ª Turma. HC 193.592/DF
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes (votação unânime), julgado em 21/02/2022.
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A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em sentido diverso do requerido pelo Ministério
Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como atuação ex officio. Caso
adaptado: João praticou lesão corporal e proferiu ameaças de morte contra a sua esposa Regina. Ele foi preso
em flagrante. No dia seguinte, foi realizada audiência de custódia. Na audiência, o Promotor de Justiça
pugnou pela homologação do auto de prisão em flagrante e pela aplicação de medidas cautelares diversas
da prisão (art. 319 do CPP). O juiz decretou a prisão preventiva (cautelar máxima). Essa situação envolve três
interessantes temas: 1) É possível atualmente que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva? Não. Após o
advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível a conversão da prisão em flagrante
em preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente, ou do
Ministério Público. 2) É possível que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva do indivíduo nos casos de
violência doméstica com base art. 20 da Lei Maria da Penha? Não. O art. 20 da Lei Maria da Penha não é uma
exceção à regra acima exposta. A proibição de decretação da prisão preventiva de ofício também se estende
para o art. 20 da Lei Maria da Penha. Se você reparar o art. 20 da Lei nº 11.340/2006 ele continua dizendo,
textualmente, que o juiz pode decretar a prisão preventiva de ofício nos casos envolvendo violência
doméstica. Ocorre que esse art. 20 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) destoa do atual regime
jurídico. A atuação do juiz de ofício é vedada independentemente do delito praticado ou de sua gravidade,
ainda que seja de natureza hedionda, e deve repercutir no âmbito da violência doméstica e familiar. 3) Se o
MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, o juiz está autorizado a decretar a prisão? Sim. A
decisão que decreta a prisão preventiva, desde que precedida da necessária e prévia provocação do
Ministério Público, formalmente dirigida ao Poder Judiciário, mesmo que o magistrado decida pela cautelar
pessoal máxima, por entender que apenas medidas alternativas seriam insuficientes para garantia da ordem
pública, não deve ser considerada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo órgão ministerial a
determinar uma medida que restrinja a liberdade do acusado em alguma medida, deve o juiz poder agir de
acordo com o seu convencimento motivado e analisar qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao
caso. Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia e indispensável provocação. Entretanto, a
escolha de qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender de forma
diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministério Público, de modo a
transformar o julgador em mero chancelador de suas manifestações, ou de lhe transferir a escolha do teor
de uma decisão judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 145225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
15/02/2022 (Info 725). Em sentido semelhante: A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais,
em sentido diverso das requeridas pelo Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não
pode ser considerada como atuação ex officio. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022 (Info 735).
O tráfico flagrado de não relevante quantidade de drogas somente com especial justificação permitirá a
prisão por risco social. O tráfico flagrado de não relevante quantidade de drogas somente com especial
justificação permitirá a prisão por risco social, o que não se verifica no caso, pois foram apreendidos 20
comprimidos de ecstasy, 7 micropontos de LSD e 2 porções de maconha. Ordem concedida para revogar a
prisão preventiva, o que não impede nova e fundamentada decisão de necessária medida cautelar penal,
inclusive menos grave do que a prisão processual. STJ. 6ª Turma. HC n. 567.850/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 23/6/2020. A apreensão de não relevante quantidade de drogas somente com especial
justificação permitirá a prisão por risco social. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC n. 679.001/GO, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em 7/12/2021. Destaca-se que a
quantidade de droga apreendida - 76g de maconha - não se mostra exacerbada, o que permite concluir que
a potencialidade lesiva da conduta imputada ao paciente não pode ser tida como das mais elevadas. Tais
elementos, somados às circunstâncias do delito, não ultrapassam a normalidade do tipo penal, não havendo
nos autos notícias de envolvimento do réu em outros ilícitos, sendo, a princípio, primário e com bons
antecedentes, o que indica a prescindibilidade da prisão preventiva e a suficiência das medidas cautelares
menos gravosas. STJ. 5ª Turma. HC n. 607.434/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/10/2020.
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Em crimes praticados com especial violência ou grave ameaça a pessoa, o ônus argumentativo em relação à
periculosidade concreta do agente é menor. Nas hipóteses envolvendo crimes praticados com especial
violência ou grave ameaça a pessoa, o ônus argumentativo em relação à periculosidade concreta do agente
é menor. A gravidade em concreto do crime e a periculosidade do agente constituem fundamentação idônea
para a decretação da custódia preventiva. STF. 1ª Turma. HC 199077, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
11/10/2021
Processo complexo e excesso de prazo da prisão preventiva. A complexidade da causa penal e o caráter
multitudinário do feito (dezoito réus, no caso), justificam uma maior duração do processo, salvo quando
eventual retardamento se dê em virtude da inércia do Poder Judiciário, fato já afastado no presente caso.
Ausência, no caso, de irrazoabilidade evidente na duração do processo apta a autorizar o reconhecimento de
constrangimento ilegal decorrente de excesso de prazo da prisão preventiva. STF. 2ª Turma. AgRg no HC
199.238, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 14/06/2021.
É cabível prisão preventiva no crime de embriaguez ao volante quando se tratar de réu reincidente com risco
de reiteração delitiva. A teor do disposto no art. 313 do CPP, na redação dada pela Lei n. 12.403/11,
observados os termos do art. 312 do mesmo Estatuto Processual Penal, será admitida a prisão preventiva: I-
nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II- se tiver
sido condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado; III- se o crime envolver violência
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução de medidas protetivas de urgência; Muito embora o crime "embriaguez ao volante" seja
punido com detenção e ter a pena máxima inferior a 4 (quatro) anos, o art. 313, inciso II, do Código de
Processo Penal – prevê a possibilidade de decretação de prisão preventiva em caso de condenação anterior,
com sentença transitada em julgado, por outro crime doloso. Assim, é possível a conversão da prisão em
flagrante por prisão preventiva ao usuário que comete o crime do art. 306 do CTB (embriaguez ao volante)
quando se tratar de réu reincidente com risco de reiteração delitiva. STJ. 6ª Turma. RHC 132.611/GO, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 02/02/2021.
O descumprimento da regra do parágrafo único do art. 316 do CPP NÃO gera, para o preso, o direito de ser
posto imediatamente em liberdade. A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo
Penal não implica automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a
reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos. STF. Plenário. SL 1395 MC Ref/SP, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 14 e 15/10/2020 (Info 995).
Enunciado 17 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ. Na observância dos pressupostos e
requisitos à segregação cautelar, é incabível a decretação da prisão preventiva pelo crime de receptação
exclusivamente em razão da suposta conduta ter ocorrido em área de fronteira.
Enunciado 10 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ. A decretação ou a manutenção da prisão
preventiva, para a garantia da ordem pública, pode ser fundamentada com base no risco de reiteração
delitiva do agente em crimes com gravidade concreta, justificada por meio da existência de processos
criminais em andamento.
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Enunciado 31 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ. A decisão de revisão periódica da prisão
preventiva deve analisar de modo motivado, ainda que objetivo, se os motivos que a fundamentaram se
mantêm e se não há excesso de prazo, sendo vedada a mera alusão genérica à não alteração do quadro
fático.
O STJ não concede liberdade para o acusado preso preventivamente sob o argumento de que, ao final, se
condenado, ele receberá regime diverso do fechado. A alegação de desproporcionalidade da prisão
preventiva somente poderá ser aferível após a prolação de sentença, não cabendo, durante o curso do
processo, a antecipação da análise quanto a possibilidade de cumprimento de pena em regime menos
gravoso, caso seja prolatada sentença condenatória, sob pena de exercício de adivinhação e futurologia, sem
qualquer previsão legal. Assim, não há que se falar em ofensa ao princípio da homogeneidade das medidas
cautelares porque não cabe ao STJ, em um exercício de futurologia, antecipar a provável colocação da
paciente em regime aberto/semiaberto ou a substituição da sua pena de prisão por restritiva de direitos. STJ.
5ª Turma. AgRg no HC 559.434/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 19/05/2020. STJ. 6ª
Turma. AgRg no HC 539.502/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020.
(Não) É cabível a realização de audiência de custódia por meio de videoconferência. A audiência de custódia,
no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a
determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial competente na
localidade em que ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua realização por meio
de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar. STJ. 3ª Seção. CC 168522-PR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (Info 663).
Obs1: após esse julgado, o CNJ aprovou resolução proibindo a realização de audiência de custódia por
videoconferência. Segundo o Min. Dias Toffoli, “audiência de custódia por videoconferência não é audiência
de custódia e não se equiparará ao padrão de apresentação imediata de um preso a um juiz, em momento
consecutivo a sua prisão, estandarte, por sinal, bem definido por esse próprio Conselho Nacional de Justiça
quando fez aplicar em todo o país as disposições do Pacto de São José da Costa Rica.”
Obs2: considerando a pandemia mundial (Covid-19), o CNJ aprovou a Resolução 357/2020, permitindo a
audiência de custódia por videoconferência quando não for possível a realização, em 24 horas, de forma
presencial. Além disso, também prevê a possibilidade de o Ministério Público propor acordo de não
persecução penal (ANPP) nas hipóteses previstas no artigo 28-A do Código de Processo Penal.
Obs3: no dia 28-6-2021, o Min. Nunes Marques concedeu parcialmente liminar na ADI 6841 (liminar essa que
foi referendada por maioria do STF, no dia 1-7-2021), suspendendo os efeitos da expressão "vedado o
emprego de videoconferência", prevista no art. 3-B, § 1º, do CPP, inserido pelo Pacote Anticrime (Lei
13.964/2019), de modo a permitir a realização das audiências de custódia por videoconferência, enquanto
perdurar a pandemia de Covid-19, conforme art. 19, da Resolução n. 329/2020, CNJ, na redação que lhe foi
dada pela Resolução n. 357/2020, CNJ, na forma do art. 10, § 3°, Lei n. 9.868/99, bem como no art. 21, V, do
RISTF.
No mesmo sentido, confiram esses julgados do STF: A pandemia causada pelo novo coronavírus não afasta a
imprescindibilidade da audiência de custódia, que deve ser realizada, caso necessário, por meio de
videoconferência, diante da ausência de lei em sentido formal que proíba o uso dessa tecnologia. A audiência
por videoconferência, sob a presidência do Juiz, com a participação do autuado, de seu defensor constituído
ou de Defensor Público, e de membro do Ministério Público, permite equacionar as medidas sanitárias de
restrição decorrentes do contexto pandêmico com o direito subjetivo do preso de participar de ato
processual vocacionado a controlar a legalidade da prisão.STF. 2ª Turma. HC 186421, Rel. Celso de Mello,
Rel. p/ Acórdão Edson Fachin, julgado em 20/10/2020.
A Recomendação 62/2020 do CNJ não aconselha a realização de audiência de custódia na forma presencial.
Realização por videoconferência. Medida destinada a minimizar os riscos de contaminação dos suspeitos,
membros do Ministério Público, magistrados, defensores e servidores. O atual estado de guerra viral sugere
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cautela e prudência a fim de evitar seu agravamento. (...) Agravo improvido, com determinação para que o
Juízo realize a audiência de custódia em ambiente virtual, com nova avaliação da necessidade da prisão
preventiva, de forma fundamentada. STF. 2ª Turma. HC 198399, Rel. Min. Gilmar Mendes de Mello, julgado
em 22/04/2021.
Trata-se de espécie de prisão cautelar decretada pelo juiz apenas durante a fase preliminar de investigações,
com prazo preestabelecido de duração, quando a privação da liberdade de locomoção do indivíduo for
indispensável para a obtenção de elementos de informação quanto à autoria e materialidade das infrações
penais mencionadas no art. 1º, inciso III, da Lei n° 7.960/89.
-> É necessário a presença do fumus commissi delicti (inciso III), somado ao periculum libertatis (inciso I ou
II).
PRAZO
a) Crimes comuns: prazo de 5 dias, prorrogáveis, uma vez, por mais 5 dias.
b) Crimes hediondos e assemelhados (tráfico de drogas, tortura e terrorismo): prazo de 30 dias,
prorrogáveis, uma vez, por mais 30 dias.
#MAPEIANOVADE
Art. 1° Caberá prisão temporária: (Vide ADI 3360) (Vide ADI 4109)
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria
ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-
Lei nº 2.848, de 1940)
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-
Lei nº 2.848, de 1940)
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso
de extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
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047.542.386-05
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de
24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso
lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de
corpo de delito.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será
entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 4º-A O MANDADO DE PRISÃO CONTERÁ NECESSARIAMENTE o PERÍODO DE DURAÇÃO DA PRISÃO
temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser
libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
Federal.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá,
INDEPENDENTEMENTE DE NOVA ORDEM DA AUTORIDADE JUDICIAL, pôr imediatamente o preso em
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão
preventiva. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
#DEOLHONAJURIS
Requisitos estipulados pelo STF para a validade da decretação da prisão temporária. A decretação de prisão
temporária somente é cabível quando: (i) for imprescindível para as investigações do inquérito policial; (ii)
houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado; (iii) for justificada em fatos novos ou
contemporâneos; (iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições
pessoais do indiciado; e (v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas. STF. Plenário. ADI
3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min. Edson Fachin, julgados em
11/2/2022 (Info 1043).
Enunciado 9 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ. Para a decretação da Prisão Temporária
(Lei n. 7.960/1989) é necessária a aplicação cumulativa do inc. III com o inc. I do art. 1º da Lei n. 7.960/1989.
O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo admite prisão temporária? O rol dos delitos que autorizam
a decretação da prisão temporária é taxativo. Assim, em tese, a prisão temporária só pode ser decretada em
relação aos crimes enumerados no inciso III do art. 1 da Lei 7960. No entanto, após a vigência desta lei 7960,
entrou em vigor a lei dos crimes hediondos, que, em seu art. 2, parág. 3, passou a dispor que a prisão
temporária, “nos crimes previstos neste artigo”, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade. Portanto, a partir da Lei 8072, a prisão temporária passou a ser
cabível não só em relação aos crimes previstos no inciso III do art. 1 da Lei 7960, como também em relação
aos crimes hediondos e equiparados. Antes da lei nº 13.869. de 2019) o crime de posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito, era considerado crime hediondo, mas, atualmente, somente é considerado
hediondo a posse ou porte de arma fogo de uso proibido, e, embora não conste no rol dos delitos que
admitem prisão temporária previstos na Lei 7960, como explicado acima, se é crime hediondo, também
admite prisão temporária.
PRISÃO DOMICILIAR
O Código de Processo Penal ao tratar da prisão domiciliar, prevê a possibilidade de o réu, em vez de ficar em
prisão preventiva, permanecer recolhido em sua residência. Por se tratar de uma medida que substitui a
prisão preventiva pelo recolhimento da pessoa em sua residência, a doutrina afirma que a prisão domiciliar
possui natureza de medida cautelar.
269
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Nesse sentido, a prisão domiciliar somente pode ser aplicada aos indivíduos que estão presos cautelarmente,
não podendo ser estendida àqueles que já tiveram o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
#ATENÇÃO A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de prisão preventiva, não
podendo ser utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório (sentença condenatória
transitada em julgado)
#MAPEIANOVADE
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018).
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769,
de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018).
Hipóteses:
#NÃOCONFUNDA #DIRETODAFUC
270
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#DEOLHONAJURIS
O tempo que o réu ficou submetido à medida cautelar de recolhimento domiciliar com tornozeleira pode ser
descontado da pena imposta na condenação. É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de
recolhimento noturno, aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico,
com o tempo de pena efetivamente cumprido, para detração da pena. STJ. 3ª Seção. HC 455097/PR, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021 (Info 693).
Pais e outros responsáveis por menor de 12 anos ou por pessoa com deficiência possuem direito à prisão
domiciliar, desde que observados os requisitos do art. 318 do CPP e não tenham praticado crime com
violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes. Tem direito à substituição da prisão
preventiva pela prisão domiciliar — desde que observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo
Penal e não praticados crimes mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou
dependentes — os pais, caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa
com deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem imprescindíveis
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047.542.386-05
aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência. STF. 2ª Turma. HC 165704/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020 (Info 996).
O fato de a mulher ser reincidente, por si só, não pode ser óbice à concessão da prisão domiciliar. No HC
143641/SP, a 2ª Turma do STF decidiu que, em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as
mulheres presas que sejam gestantes, puérperas, mães de crianças ou mães de pessoas com deficiência. O
fato de a mulher ser reincidente, por si só, não pode ser óbice à concessão da prisão domiciliar. A lei é
expressa sempre que a reincidência é circunstância apta a agravar a situação da pessoa envolvida na
persecução penal, e este não é o caso da concessão da prisão domiciliar prevista no art. 318 do Código de
Processo Penal. STF. 2a Turma. Rcl 32579 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 01/09/2020.
Período em que o indivíduo esteve em prisão domiciliar deve ser considerado para fins de detração da pena.
Qualquer prisão processual deve ser detraída da pena final imposta, não importa o local de seu cumprimento
- cadeia, domicílio ou hospital -, devendo, portanto, a decisão ser mantida por seus próprios fundamentos.
Assim, mesmo o tempo em que o indivíduo ficou em prisão domiciliar também deve ser detraído do tempo
total de pena. STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
05/03/2020. O cumprimento de prisão domiciliar, por comprometer o status libertatis da pessoa humana,
deve ser reconhecido como pena efetivamente cumprida para fins de detração da pena, em homenagem ao
princípio da proporcionalidade e em apreço ao princípio do non bis in idem. STJ. 5ª Turma. HC 459.377/RS,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/09/2018.
A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de prisão preventiva, não podendo ser
utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório (sentença condenatória transitada
em julgado). Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em
julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP. STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967). Obs: o STJ possui alguns julgados admitindo a prisão domiciliar do
art. 318 do CPP mesmo em caso de prisão decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado
(STJ. 3ª Seção. Rcl 40.676/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020).
Nem toda mãe de criança deverá ter direito à prisão domiciliar ou a receber medida alternativa à prisão. No
HC 143641/SP, a 2ª Turma do STF decidiu que, em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as
mulheres presas que sejam gestantes, puérperas, mães de crianças ou mães de pessoas com deficiência. Vale
ressaltar, no entanto, que nem toda mãe de criança deverá ter direito à prisão domiciliar ou a receber medida
alternativa à prisão. De fato, em regra, o mais salutar é evitar a prisão e priorizar o convívio da mãe com a
criança. Entretanto, deve-se analisar as condições específicas do caso porque pode haver situações em que
o crime é grave e o convívio com a mãe pode prejudicar o desenvolvimento do menor. Ex: situação na qual
a mulher foi presa em flagrante com uma enorme quantidade de armamento em sua residência. Além disso,
havia indícios de que ela integra grupo criminoso voltado ao cometimento dos delitos de tráfico de drogas,
disparo de arma de fogo, ameaça e homicídio. STF. 1ª Turma. HC 168900/MG, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 24/9/2019 (Info 953).
Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que observados os requisitos
do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes mediante violência ou grave ameaça ou
contra os próprios filhos ou dependentes — os pais, caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de
menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou
o pai, se forem imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência. STF.
2ª Turma. HC 165704/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020 (Info 996).
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047.542.386-05
A progressão de regime do reincidente não específico em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte deve observar o que previsto no inciso VI, “a”, do art. 112 da LEP. Importante!!! Caso concreto: João
está cumprindo pena por homicídio qualificado (crime hediondo), cometido em 2019. Vale ressaltar que João
é reincidente genérico (não é reincidente específico; ele havia sido condenado anteriormente por
receptação, que não é crime hediondo). Diante disso, a previsão era a de que João tivesse direito à progressão
de regime com 3/5 da pena (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90). Ocorre que entrou em vigor a Lei nº
13.964/2019, que revogou o referido art. 2º, § 2º e instituiu novas regras de progressão no art. 112 da LEP.
Em qual inciso do art. 112 se enquadra o réu condenado por crime hediondo, com resultado morte,
reincidente não específico (reincidente genérico)? Essa situação não foi contemplada na lei. Os incisos VII e
VIII do art. 112 exigem a reincidência específica. Diante da ausência de previsão legal, deve-se fazer analogia
in bonam partem e a ele deverá ser aplicada a mesma fração do condenado primário, ou seja, a regra do
inciso VI, “a”, do art. 112 (50%): Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva
com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido
ao menos: VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
Resumindo: • art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90: a fração mais grave deveria ser aplicada tanto ao reincidente
específico como genérico. A Lei de Crimes Hediondos não fazia distinção entre a reincidência genérica e a
específica para estabelecer o cumprimento de 3/5 da pena para fins de progressão de regime • incisos VII e
VIII do art. 112 da LEP: a fração mais grave só se aplica para o reincidente específico. O condenado pela
prática de crime hediondo, com resultado morte, mas reincidente em crime comum irá progredir como se
fosse primário. No exemplo dado, a Lei nº 13.964/2019 foi mais favorável porque o réu progredia com 3/5 (=
60%) e agora a fração é de 50% (art. 112, VI, “a”, da LEP). Logo, ela se aplica, neste ponto, aos fatos ocorridos
antes da sua vigência. STJ. 6ª Turma. HC 581.315-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/10/2020
(Info 681).
Imagine a seguinte situação: o juízo das execuções penais proibiu o trabalho externo do apenado durante as
medidas restritivas impostas pelo Governo para combate à Covid-19. Diante disso, foi impetrado habeas
corpus afirmando que essa decisão seria ilegal e que deveria ser concedida, então, prisão domiciliar ao
apenado, nos termos da Recomendação nº 62 do CNJ. Indaga-se: durante a pandemia da Covid-19, os
apenados que tiveram suspenso o exercício do trabalho externo, possuem direito à prisão domiciliar? O STJ
está dividido sobre o tema: • 5ª Turma do STJ: como regra, NÃO. A suspensão temporária do trabalho externo
no regime semiaberto em razão da pandemia atende à Resolução nº 62 do CNJ, cuja recomendação não
implica automática substituição da prisão decorrente da sentença condenatória pela domiciliar. STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 580.495-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020 (Info 673). •
6ª Turma do STJ: como regra, SIM Os reeducandos que cumprem pena em regime semiaberto e aberto e que
tiveram suspenso o exercício do trabalho externo como medida preventiva de combate à Covid-19, possuem
direito ao regime domiciliar, desde que não ostentem procedimento de apuração de falta grave. STJ. 6ª
Turma. HC 575.495/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 02/06/2020 (Info 673).
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A sentença pode ser condenatória e absolutória. A primeira se configura quando o juiz conclui pela
procedência da acusação, impondo ao agente delitivo determinada sanção penal. A segunda se opera quando
se julga improcedente a acusação.
HABEAS CORPUS
O habeas corpus é uma ação autônoma de impugnação, de caráter penal (não condenatória), que visa
proteger a liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder.
Ele é previsto como garantia fundamental no art 5º, inciso LXVIII da CF, que se liga a outra garantia, a
liberdade de locomoção.
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Ele pode ser preventivo (quando a privação da liberdade estiver prestes a se concretizar), ou repressivo
(quando a privação da liberdade de locomoção já tiver ocorrido, é o habeas corpus liberatório). Há também
o habeas corpus suspensivo, que é aquele a ser impetrado quando já existe constrangimento ilegal, mas o
sujeito ainda não foi preso. Nesse caso, haverá um contramandado de prisão.
São aplicados os princípios da celeridade (qualquer do povo pode impetrá-lo, mesmo sem advogado),
gratuidade (o impetrante não necessita recolher custas processuais) e informalidade (não há qualquer forma
previamente definida em lei).
#ATENÇÃODELTA o habeas corpus pode ser usado para trancar inquérito policial ou ação penal, se houver
ameaça ou violação à liberdade do agente (desde que não haja previsão de recurso contra a decisão que
ameaça ou viola o direito de liberdade) como no caso de faltar justa causa, a exemplo de um fato ser
manifestamente atípico. Nesse caso, o habeas corpus terá natureza constitutiva (desconstitui o inquérito
policial ou a ação penal). A esse respeito, o STF tem posicionamento consolidado no sentido de que é possível
o trancamento do inquérito policial/ ação penal por meio de habeas corpus quando, de modo flagrante, e
que não demande o exame aprofundado dos elementos probatórios, ficar evidenciada a atipicidade da
conduta, a extinção da punibilidade ou a ausência de elementos indiciários demonstrativos de autoria e prova
da materialidade, ou seja, falta de justa causa para a ação penal.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação
penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.
Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.
Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do
plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
274
047.542.386-05
Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
COMPETÊNCIA: Se o habeas corpus é impetrado contra ato de delegado de polícia, é o juiz de 1º grau a
autoridade competente para processá-lo e julgá-lo. É o que se verifica, por exemplo, do habeas corpus que
objetiva o trancamento de inquérito policial, o qual deve ser impetrado perante o juiz. Se, no entanto, é
impetrado contra ato de juiz, é o Tribunal a que ele se vincula o órgão competente.
#SELIGA Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado
contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar.
• Válida, mas com ressalva.
• A Súmula 691 pode ser afastada em casos excepcionais, quando houver teratologia, flagrante ilegalidade
ou abuso de poder que possam ser constatados “ictu oculi”.
STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 6/6/2017 (Info 868).
• Embora a Súmula n. 691 do STF vede a utilização de habeas corpus impetrado ante decisão de relator que,
em writ impetrado perante o Tribunal de origem, indefere o pedido liminar, admite-se, em casos
excepcionais, configurada flagrante ilegalidade, a superação do entendimento firmado no referido enunciado
sumular STJ. 6ª Turma, HC 551.676/RN, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 19/05/2020.
PACIENTE: É o beneficiado pelo habeas corpus. Pode coincidir com o impetrante. Não pode, porém, ser
pessoa jurídica, pois ela não está sujeita à pena privativa de liberdade. Nesse caso, caberá mandado de
segurança em matéria criminal.
IMPETRADO: É a parte passiva da ação, responsável pelo ato ilegal. Não precisa ser necessariamente
autoridade, exigência privativa do mandado de segurança. Assim, o impetrado pode ser, por exemplo, um
particular. O habeas corpus pode ser interposto ainda contra ato de juízo cível, nas prisões cíveis do
devedor de pensão alimentícia, apesar de ser cabível também o recurso de agravo.
#DEOLHONAJURIS
O Habeas corpus não constitui via própria para impugnar Decreto de governador de Estado sobre adoção de
medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID-19 para que as pessoas
possam circular e permanecer em locais públicos e privados. STJ. 2ª Turma. RDC no HC 700487-RS, Rel. Min.
Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar habeas corpus que analisa tese
defensiva de que teria havido quebra da cadeia de custódia da prova, ocorrida ainda na fase inquisitorial e
empregada como justa causa para a própria ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 653515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz,
Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
É inadmissível a intervenção do assistente de acusação na ação de habeas corpus. Isto porque, inexiste
imposição legal de intimação do assistente do Ministério Público no habeas corpus impetrado em favor do
acusado. Ademais, como ele não integra a relação processual instaurada nessa ação autônoma de natureza
constitucional, também não possui legitimidade para recorrer de decisões proferidas em habeas corpus, por
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047.542.386-05
não constar essa atividade processual no rol exaustivo do art. 271 do Código de Processo Penal. STF. 1ª
Turma. AgRg no HC 203.737, Rel. Min. Carmem Lúcia, decisão monocrática em 31/08/2021.
Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que
para solucionar questões de natureza processual. STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da
prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia,
alcançando-se o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 30/6/2020 (Info 984).
Não cabe pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão
fracionário da Corte. Ex: não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão
preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606
da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de
turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285
AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964) STF. Plenário. HC 170263, Rel.
Edson Fachin, julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping)
O habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o recurso cabível contra o ato impugnado,
será admissível apenas se: a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou b) se traduzir pedido
diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do paciente. Nas demais
hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das questões idênticas deve ser reservado ao
recurso previsto para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via transversa, na liberdade
individual. STJ. 3ª Seção. HC 482549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/03/2020 (Info 669).
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o
trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente
fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim? • STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício
da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal.
STJ. 6ª Turma. HC 495148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657). • STF:
NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de acordo de transação penal
não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. A aceitação do acordo de
transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal.
Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade,
a barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim,
o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para
evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer
disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia
ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
17/12/2019 (Info 964).
Nos termos do art. 5º, inciso LXIX da CF, o mandado de segurança é a ação autônoma de impugnação cabível
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso do poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício do
atribuições do Poder Público.
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Constata-se que o mandado de segurança tem caráter subsidiário, ou seja, é cabível sempre que não couber
habeas corpus (principalmente se o crime não trouxer previsão de pena privativa de liberdade) ou habeas
data. Terá ainda cabimento sempre que não houver previsão legal de recurso (sucedâneo recursal).
Ele pode ser impetrado de forma preventiva (quando há ameaça a direito líquido e certo) ou repressiva
(quando há violação a direito líquido e certo).
Verifica-se que, para o cabimento do mandado de segurança, deve haver ameaça ou violação a direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou por habeas data, por ato (comissivo ou omissivo) ilegal ou
arbitrário de autoridade ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Em
matéria criminal, o mandado de segurança é cabível sempre que não couber habeas corpus, ou seja, sempre
que determinado crime não trouxer a previsão da pena privativa de liberdade e/ou não houver risco de
provação da liberdade do indivíduo. É possível ainda o manejo da ação para trancamento de inquérito policial
ou ação penal, se o crime não for punido com pena privativa de liberdade, bem como se envolver pessoa
jurídica (pois ela não está sujeita à pena privativa de liberdade).
COMPETÊNCIA: Se o ato impugnado for praticado por delegado de polícia, é competente para julgamento do
mandado de segurança o magistrado singular. Entretanto, se o ato foi praticado pelo próprio juiz, a
competência é do Tribunal a que ele está vinculado.
Dentro do procedimento comum existe a tríplice divisão: ordinário, sumário e sumaríssimo. Um crime é
enquadrado dentro do procedimento ordinário quando a pena máxima for igual ou superior a 4 anos, ou
seja, trata-se de procedimento adequado para os crimes mais graves do ordenamento jurídico.
O procedimento sumário é um meio termo dentro do sistema comum, uma vez que aplica-se aos crimes de
pena máxima inferior a 4 anos. Por fim, é previsto o procedimento sumaríssimo, considerado mais
simplificado pela doutrina e pela jurisprudência. O procedimento sumaríssimo destina-se às infrações penais
de menor potencial ofensivo – ou seja, contravenções penais e crimes com pena igual ou inferior a 2 anos.
No procedimento ordinário e sumário, o juiz recebe a denúncia ou queixa e cita o acusado para responder a
acusação no PRAZO DE DEZ DIAS. Se a citação ocorrer por edital, o prazo de dez dias começa a correr a partir
do comparecimento do acusado ou seu advogado.
Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por DEZ DIAS. Isso ocorre porque no processo penal
a revelia não configura confissão ficta/presumida, com a consequente presunção de veracidade dos fatos
narrados na peça acusatória. Assim, é indispensável que a resposta à acusação seja apresentada por
advogado, sob pena de nulidade absoluta.
A denúncia ou queixa será rejeitada quando a peça acusatória for manifestamente inepta; faltar pressuposto
processual ou condição para o exercício da ação penal; ou faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Rejeição da denúncia ou queixa
Por inépcia
Falta de pressuposto processual ou condição da ação
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#LEISECASALVA
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de
pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou
de lei especial. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
o
§ 3 Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições
estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro
grau, ainda que não regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do
procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas
as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016).
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo
de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
2008).
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-
as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
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Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação
do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
o
§ 1 O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público
providenciar sua apresentação. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação
e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes,
impertinentes ou protelatórias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que apurem crimes contra a dignidade
sexual, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física e
psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o
cumprimento do disposto neste artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos
autos; (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de
testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela
defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto
no art. 209 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a
seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos
apurados na instrução. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais
orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez),
proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias
para proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência
será concluída sem as alegações finais. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo
sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá
a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes,
contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
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§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações . (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
o
§ 2 No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem
necessidade de transcrição. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
#OLHAOGANCHO O procedimento sumaríssimo destina-se às infrações penais de menor potencial ofensivo
– ou seja, contravenções penais e crimes com pena máxima igual ou inferior a 2 anos. O JECRIM é um
procedimento sumaríssimo orientado pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade. #VAMOSDELEISECA
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº
13.603, de 2018)
#ATENÇÃO Em razão dos princípios e objetivos do JECRIM, não é utilizado o inquérito policial nas
investigações de infrações de menor potencial ofensivo, mas sim o termo circunstanciado de ocorrência.
Assim, ao tomar ciência da ocorrência de uma infração de menor potencial ofensivo, a autoridade policial
lavrará o termo circunstanciado e o remeterá ao Juizado. Esse instrumento é utilizado como subsídio para a
ação penal, com indícios de autoria e prova da materialidade do delito. Vale lembrar que o inquérito policial
é dispensável, portanto, não há que se falar que essa substituição feita pela lei 9.099/95 é inconstitucional.
É perfeitamente possível que uma ação penal se inicie desprovida de inquérito. Da mesma forma, não há
vício na lei do JECRIM, ao instituir o termo circunstanciado como peça de investigação das infrações penais
de menor potencial ofensivo.
#ATENÇÃODELTA Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
se as requisições dos exames periciais necessários.
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§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva
de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente
o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.
Por fim, é necessário memorizar os artigos que descrevem a suspensão condicional do processo:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
termos.
NULIDADES
#LEISECASALVA
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a
defesa.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto
de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21
anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela
parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à
acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos
perante o Tribunal do Júri;
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g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o
julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba
recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) (Vigência)
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição
entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido,
ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for
declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante
ratificação dos atos processuais.
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções
penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da
sentença final.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o
interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la.
O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte.
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406;
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos especiais, salvo os
dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo
depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de aberta a audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes
(art. 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o
julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
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Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou
retificados.
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
conseqüência.
§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 523 STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
#COLANARETINA
IRREGULARIDADE NULIDADE RELATIVA NULIDADE ABSOLUTA INEXISTÊNCIA
O vício provém da O vício provém da O vício provém de uma O vício processual é tão
violação a uma regra violação a uma regra violação direta ao Texto grave, a ponto de afetar
legal. legal, mas referem-se a Constitucional um requisito
elementos acidentais do (referem-se a imprescindível para a
ato. elementos essenciais existência do ato.
do ato).
A formalidade A formalidade Decorre sempre de O ato, de tão defeituoso,
desatendida tem desatendida tem índole uma ofensa a princípio não chega sequer a existir.
índole infraconstitucional. constitucional do Trata-se, portanto, de um
infraconstitucional. processo penal, seja ele não-ato, de um arremedo
expresso ou implícito, de ato, de uma aparência
como p. ex: de ato.
contraditório, ampla Eis, então, uma distinção
defesa etc. entre atos nulos e atos
Obs.: no caso da ampla inexistentes. Estes,
defesa, há uma exceção exatamente porque
na hipótese de inexistentes, não
deficiência de defesa. produzem efeito algum,
Súmula 523-STF: No ao contrário dos atos
processo penal, a falta nulos, que não só
da defesa constitui produzem efeitos até
nulidade absoluta, mas serem anulados, como
a sua deficiência só o também implicam
anulará se houver consequências jurídicas
prova de prejuízo para mesmo após o
o réu. reconhecimento de sua
nulidade.
A formalidade não A formalidade visa a O prejuízo sempre Não existe o ato;
tem qualquer garantir um interesse existe (é presumido), portanto, desnecessário
finalidade, nem visa predominantemente das pois a norma violada é saber se dele decorreu
garantir direito das partes. de ordem pública. prejuízo. Com ou sem o
partes, e, por esta STJ e STF dizem que prejuízo, o ato continuará
razão, é irrelevante aqui também se deve não existindo, devendo
para o processo. provar o prejuízo. ser desconsiderado tudo o
que seguiu a ele.
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