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Renascimento

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O movimento artístico que chamamos “Renascimento” nasceu na Itália, em

Florença, nas primeiras décadas do século XV. Nos finais de 1400, tinha-se
espalhado por toda a Itália. Na primeira metade do século seguinte, quando Roma
se sobrepunha a Florença como principal centro artístico, tinha alcançado os
resultados mais clássicos.

Nessa mesma época, começou a difundir-se pelo resto da Europa, iniciando uma
completa revolução artística, cujos efeitos perdurariam, com constantes
acontecimentos, durante séculos, até quase o limiar da nossa época.

Este movimento, embora bastante complexo e variado internamente, estabeleceu


princípios, métodos e, sobretudo, formas originais e típicas, mas comuns.

Tais formas provem de duas principais fontes: a reutilização, após um intervalo de


quase um milênio, das formas características da arte clássica – arte grega e arte
romana. E a aplicação de uma nova descoberta técnica: a perspectiva, conjunto de
regras matemáticas e de desenho que permitem reproduzir sobre uma folha de
papel ou sobre qualquer superfície plana, o aspecto real dos objetos.

Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos


progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências,
que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi, sem dúvida, o motel
desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma
volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (do renascimento) do
passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num
sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem
(Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que
haviam impregnado a cultura da Idade Média.

Características gerais:

§ Racionalidade;
§ Dignidade do Ser Humano;
§ Rigor Científico;
§ Ideal Humanista;
§ Reutilização das artes greco-romana.
A expansão marítima com a exploração de novos continentes e a pesquisa científica
proclamavam a confiança no homem e, ao mesmo tempo, a Reforma Protestante
diminuía o domínio da Igreja. O resultado foi que o estudo de Deus como Ser
Supremo foi substituído pelo estudo do ser humano, inclusive com o estudo da
anatomia. Desde retratos detalhistas, como a intensidade emocional e a iluminação
surreal, a arte foi o meio de explorar todas as facetas da vida na terra.

ARQUITETURA
Na renascença italiana formada nos mesmos princípios da geometria harmoniosa
em que se baseavam a pintura e a escultura, a arquitetura recuperou o esplendor da
Roma Antiga.

Os arquitetos renascentistas mais notáveis foram Leon Battista Alberti, Filippo


Brunelleschi, Donato Bramante, Andrea Palladio e Michelangelo Buonarotti.

Alberti (1404-72) escritor, pintor, escultor e arquiteto, foi o maior teórico da


Renascença e deixou tratados de pintura, escultura e arquitetura. Ele menosprezava
o objetivo religioso da arte e propunha que os artistas buscassem no estudo das
ciências, como a história, a poesia e a matemática, os fundamentos de seu trabalho.
Alberti escreveu o primeiro manual sistematizado de perspectiva, oferecendo aos
escultores as normas das proporções humanas ideais.
Outro renascentista de múltiplos talentos foi Brunelleschi (1377-1446). Excelente
ourives, escultor, matemático, relojoeiro e arquiteto, ele é mais conhecido, porém,
como o pai da engenharia moderna. Brunelleschi não só descobriu a perspectiva
matemática como lançou o projeto da igreja em plano central, que veio substituir a
basílica medieval. Somente ele foi capaz de construir o domo da Catedral de
Florença, chamada então da oitava maravilha do mundo. Tal técnica constitui em
construir duas células, uma apoiando a outra, encimadas por uma claraboia
estabilizando o conjunto. No projeto da Capela Pazzi, em Florença, Brunelleschi
utilizou motivos clássicos na fachada, ilustrando a retomada das formas romanas e
a ênfase renascentista na simetria e na regularidade.
Em 1502, Bramante (1444-1514) construiu o Tempietto (Pequeno Templo) em
Roma, no local onde São Pedro foi crucificado. Embora pequeno, é protótipo perfeito
da igreja com plano central encimado por domo, expressando os ideias
renascentistas de ordem, simplicidade e proporções harmoniosas.
Famoso por suas vilas e seus palácios, Palladio (1508-80) teve enorme influência
sobre os séculos posteriores através do seu tratado Quatro Livros de Arquitetura.
Pioneiros do neoclássico se basearam no manual de Palladio. A “Villa Rotonda”
incorporou detalhes gregos e romanos, como pórticos, colunas jônicas, domo plano,
como o do Panteon, e aposentos dispostos simetricamente em torno de uma
rotonda central.
Destaca-se também, Michelangelo Buonarotti (1475-1564) que em seus últimos
anos dedicou-se à arquitetura, supervisionando a reconstrução da Basílica de São
Pedro, em Roma. Acreditava que “os membros da arquitetura são derivados dos
membros humanos”. As unidades arquitetônicas deveriam cercar simetricamente
um eixo central vertical, assim com braços e pernas flanqueiam o tronco humano.
Outro exemplo desse estilo inovador é a Colina Capitolina em Roma, o primeiro
grande centro cívico da Renascença. Quebrou as normas renascentistas ao desenhar
essa praça com ovais interligados e variações do ângulo reto.Sendo um dos
percursores do Maneirismo.
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em
relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa
compreender a lei que o organiza de qualquer ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do
espaço, possui o segredo do edifício”. (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura)

As principais características da arquitetura renascentista são:

§ Ordens Arquitetônicas;
§ Arcos de Volta-Perfeita;
§ Simplicidade na construção;
§ A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser
autônomas;
§ Construções: palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade),
fortalezas (funções militares) e planejamento urbanístico.
ARQUITETURA RENASCENTISTA NA EUROPA, EXCETO A ITÁLIA
O Renascimento caracterizou-se como um movimento praticamente restrito ao
universo cultural italiano durante seus dois primeiros séculos de evolução (entre os
séculos XIV e XVI, aproximadamente), período durante o qual, no restante da
Europa, sobreviviam estilos arquitetônicos, em geral, ligados ao gótico ou ao tardo-
românico.

No seu auge, na Itália, a estética clássica começou a ser difundida em diversos


países europeus devido a motivos diversos (como guerras, anexações de territórios,
pelo fato de os artistas italianos viajarem pela Europa ou serem contratados por
cortes diversas).

Independente das razões, é certo que esta difusão fatalmente se dará já pela
assimilação de certos ideais anticlássicos trazidos pelo Maneirismo, estilo em voga
naquele momento (início do século XVI). É um momento em que a tratadística
clássica está plenamente desenvolvida, de forma que os arquitetos, de uma forma
geral, possuem um bom domínio das regras compositivas clássicas e de sua
canonização, o que lhes permite certa liberdade criativa.

Esta leve liberdade de que gozam os artistas do período será naturalmente


absorvida pela produção renascentista dos países fora do espectro cultural italiano.
Há que se notar, porém, que existem estudiosos que não consideram o Maneirismo
como um movimento ligado ao Renascimento, mas um estilo novo e radicalmente
contrário a este.

Desta forma, a produção dita maneirista dos demais países europeus pode vir,
eventualmente, a não ser considerada como uma arquitetura
genuinamente renascentista. Em certo sentido é possível dizer, segundo tal ponto
de vista, que tais países “pularam” diretamente de uma produção tipicamente
medieval para uma arquitetura pós-renascentista (como na França).

Como as formas de difusão diferem de país para país, ainda que a arquitetura
produzida por aqueles países neste momento seja efetivamente renascentista,
existe um Renascimento diferente para cada região da Europa (pelo menos do ponto
de vista arquitetônico). Será possível falar em um Renascimento francês,
um Renascimento espanhol e um Renascimento flamenco, por exemplo.

Em Portugal, as formas clássicas irão se difundir apenas durante um breve período,


sendo logo substituídas pela arquitetura manuelina, uma espécie de releitura dos
estilos medievais e considerada por alguns como o efetivo representante do
Renascimento neste país, ainda que prossiga uma estética distante do classicismo
(insere-se, de fato, no estilo gótico tardio).
PINTURA
Talvez nenhuma época artística tenha sido igualmente rica e tão talentosa com
grandes pintores como o Renascimento.

Piero dela Francesca, Fra Angelico, Botticelli, Mantegna, Leonardo da Vinci,


Michelangelo, Antononello da Messina, isto para citar só alguns. E depois, Masaccio,
Perugino, o supremo Rafael, os Bellini, Giorgione, Ticiano, Paolo Uccello, Lucas
Signorelli, os dois Lippi, Ghirlandaio, Carpaccio, Cosmè Tura. Qualquer um deles
bastaria para nobilizar um período e uma nação. Mas, todos eles viveram no mesmo
país e na mesma época, ou quase.

As principais características da pintura são:

§ Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias


e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os
princípios da matemática e da geometria;
§ Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra,
esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos;
§ Realismo: o artista do Renascimento não vê mais o homem como simples
observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a
expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como
uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas
admirada;
§ Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo;
§ Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que
exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se
manifestações independentes;
§ Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que
o período é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo
individualismo.
Vamos comentar brevemente os mais conhecidos pintores desse período:
Giotto di Bondone (c.1267-1337), mais conhecido simplesmente por Giotto,
pintor e arquiteto italiano. Nasceu perto de Florença, foi aluno do mestre Cimabue.
É conhecido como fundador da arte renascentista. O impressionante realismo e o
poder dramático de suas obras constituíram-se numa revelação para seus
contemporâneos, anunciando uma nova era no desenvolvimento da pintura.
Considerado o elo entre as pinturas renascentista, medieval e bizantina. A
característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos como
seres humanos de aparência comum. Esses santos com ar humanizado eram os mais
importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na
pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do
mundo, muito própria do Renascimento.
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o artista que mais perto chegou do ideal
“homem da Renascença”, que significa um indivíduo de talentos múltiplos, que
irradiava saber. Tinha múltiplos talentos, deixou cadernos e mais cadernos com suas
pesquisas e estudos. Possuía grande curiosidade e vontade de voar como os
pássaros. Essa busca constante por entender todo o “mecanismo” que o cercava, não
deixou grande quantidade de obras na pintura, mas é incontestável a sua
genialidade. Dominou com sabedoria o jogo expressivo de luz e sombra, gerador de
uma atmosfera que parte da realidade, estimulando a imaginação do observador.
Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar
trabalhos em diversos campos do conhecimento humano.
Michelangelo Buonarotti (1475-1564) foi o maior contribuinte para elevar o status
da atividade do artista. Acreditando que a criatividade era uma inspiração divina,
quebrou todas as normas. Os admiradores se referiam a ele como o “Divino
Michelangelo”, mas o preço da glória foi a solidão. Entre 1508 e 1512 trabalhou na
pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou
grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que expressam a
genialidade do artista, uma particularmente representativa é a “Criação do Homem”
e o afresco “O Juízo Final”, que foi concluído 29 anos depois da pintura do teto, e
essa pintura impressiona pela atmosfera sinistra.
Rafael Sanzio (1483-1520) foi, dentre as maiores figuras da escola da Alta
Renascença (Leonardo, Michelangelo e Rafael) eleito o mais popular. Enquanto os
outros dois eram reverenciados, Rafael era adorado. Um contemporâneo dos três,
chamado Vasari, que escreveu a primeira história da arte, afirmou que Rafael era
“tão amável e bondoso que até os animais o amavam”. O pai de Rafael, um pintor
menor, ensinou ao precoce filho os rudimentos da pintura. Aos 17 anos de idade,
Rafael era considerado um mestre independente. Aos 26 anos, chamado a Roma
pelo Papa para decorar os aposentos do Vaticano, ele pintou os afrescos, com ajuda
de 50 discípulos, no mesmo ano que Michelangelo terminou o teto da Capela
Sistina. “Tudo que ele sabe, aprendeu comigo” disse Michelangelo. De Leonardo, ele
assimilou a composição piramidal e aprendeu a modelar rostos em luz e sombra
(chiaroscuro). De Michelangelo, Rafael adotou as figuras dinâmicas, de corpo inteiro
e a pose de “contraposto”. Foi o grande pintor das Madonas. Morreu com 37 anos e
toda a corte “mergulhou em luto” segundo Vasari.
Sandro Botticelli (1445-1510) foi um dos mais importantes artistas do
Renascimento Cultural Italiano. Desde jovem, dedicou-se à pintura mostrando
grande talento para as artes. Em suas obras seguiu temáticas religiosas e
mitológicas. Resgatou, de forma brilhante, vários aspectos culturais e artísticos das
civilizações grega e romana. Chegou também a fazer retratos de pessoas famosas
da época, como príncipes, integrantes da burguesia e nobres. As pinturas de
Botticelli são marcadas por um forte realismo, movimentos suaves e cores
vivas. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras
humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo
tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus. Uma de suas
obras mais conhecidas, até os dias de hoje é “O Nascimento de Vênus”, que o pintor
fez no ano de 1485. Nesta linda obra, observamos a valorização das forças da
natureza, o realismo e o resgate da mitologia.
Ticiano Vecellio (c.1473-90-1576), como seus contemporâneos venezianos,
dominou o mundo da pintura durante sessenta anos, usava cores fortes como
principal meio expressivo. Primeiro pintava a tela de vermelho, para dar calor ao
quadro, depois pintava o fundo e as figuras em matizes vividos e acentuava as
tonalidades usando trinta a quarenta camadas vidradas. Esse trabalhoso método
possibilitava uma pintura convincente de qualquer textura, do metal polido ao
brilho da seda, de cabelos louro-dourados à pele cálida. Sua produção inclui cenas
religiosas carregadas de emoção, episódios mitológicos pulsantes de sensualidade
e expressivos retratos, ,não raro tendo ao fundo paisagens banhadas e luz. Assim
como Michelangelo, Ticiano foi um dos percursores do movimento Maneirismo.
Piero Della Francesca (c.1415-1492), pintor, matemático e teórico da arte.
Apenas no século 20 a pureza austera de suas formas e o completo domínio da luz
e da cor passaram a ser devidamente apreciados. A demora para que ele subisse à
galeria dos grandes artistas reflete a relativa obscuridade de sua carreira. Passou
grande parte da vida na pequena Borgo San Sepolcro, cidade toscana, e na vizinha
Arezzo. E, apesar de ter transitado por eminentes cortes renascentistas, nunca
gozou do mesmo prestígio artístico de seus ilustres contemporâneos. Hoje, no
entanto, os afrescos de Arezzo são reconhecidos como um dos grandes tesouros
da arte.

A PINTURA NOS PAÍSES DO NORTE DA EUROPA


A marca registrada dos artistas do norte da Europa era o incrível talento para retratar
a natureza realisticamente, nos mínimos detalhes.

Artistas dos Países Baixos:


Com formação de miniaturista e iluminador de manuscritos, Jan Van Eyck (1390-
1441) pintou detalhes microscópicos em cores vivas. Um dos primeiros mestres da
nova arte de pintar retratos, Van Eyck chegou a pintar detalhes ínfimos como
pontinhos de barba no queixo da figura. Seu “ Homem com Turbante Vermelho”,
que talvez seja um autorretrato, foi a primeira pintura a mostrar o modelo olhando
o espectador. Num dos mais celebres quadros da Renascença do Norte, “Casamento
dos Arnolfini”, Van Eyck captou com exatidão a aparência e a textura das superfícies
e produziu efeitos de luz direta e difusa ao mesmo tempo.
Hieronymus Bosch (1450-1516) foi eleito pelos surrealistas do século XX o seu
santo padroeiro, o que não é difícil de entender, visto que a sua pintura moralista
sugere criativas formas de tortura aplicadas como punição aos pecadores. Imagens
grotescas – monstros híbridos, meio humanos, meio animais – habitam suas
entranhas nas perturbadoras paisagens. Sua pintura parece mostrar que a
humanidade, seduzida e corrompida pelo mal, deveria sofrer consequências
catastróficas.
Rogier van der Weyden (c.1399-1464) nasceu em Tournai, na Bélgica. Depois de
estudar com Robert Campin, mudou-se para Bruxelas, onde logo chegou a pintor
oficial da cidade. Executo também inúmeras e importantes encomendas para
membros da corte de Borgonha, incluindo o Duque Filipe, o Bom. Foi um homem
pacato, cuja carreira, também tranquila, muito o gratificou: ficou rico e alcançou
fama internacional. Com intensa carga emocional, suas pinturas religiosas
refletem uma forte convicção pessoal, enquanto seus retratos sempre se
caracterizam pelo caráter introspectivo. O estilo naturalista expressivo de sua obra
exerceu grande influência determinando o rumo das artes nos Países Baixos.

O pintor flamengo Pieter Bruegel, “O Velho” (1525-1569) foi influenciado pelo


pessimismo e pela abordagem satírica de Bosch. Ele adotou o tema de vida
campestres, cenas de pessoas humildes no trabalho, em festas e danças, em que
sempre aparece também um aspecto que mostra a pouca nobreza humana. No
quadro ”Casamento no Campo” mostra os convidados comendo e bebendo
gulosamente. Além de elevar a pintura do gênero da vida cotidiana, Bruegel ilustrou
provérbios, como “Um Cego Conduzindo Outro” com expressões faciais horrendas,
bestiais, típicas das cenas bíblicas de Bosch.
Da Alemanha, temos:

Hans Holbein, o Jovem (1497-1543) é conhecido como um dos maiores retratistas


de todos os tempos. Assim como Albrecht Dürer, Holbein misturava os pontos fortes
do Norte e do Sul, unindo a técnica germânica de linhas e precisão realistas à
composição equilibrada, ao chiaroscuro, à forma escultural e à perspectiva italiana.
Embora nascido na Alemanha, Holbein começou a trabalhar em Basel. Quando a
Reforma decretou a decoração “papal” das igrejas, as encomendas desapareceram e
ele mudou-se para a Inglaterra. O impressionante talento de Holbein valeu-lhe a
posição de pintor da corte de Henrique VIII, onde pintou retratos do rei e de quatro
das suas esposas. Ele pintava rostos com a mesma acurácia de Dürer, mas, em vez
da intensidade dos retratos deste pintor adotava a expressão neutra característica
da arte italiana. O estilo Holbein estabeleceu os padrões para os retratos, que
continuaram a ser a mais importante forma de arte na Inglaterra nos três séculos
seguintes.
Albrecht Dürer (1471-1528), primeiro artista nórdico de espírito renascentista,
combinou o talento detalhista do Norte com as conquistas da Renascença italiana.
Chamado de “Leonardo do Norte” pela diversidade de interesses, Dürer era
fascinado pela natureza e se aprofundou em estudos de botânica. Publicou tratados
de perspectivas e proporções ideais. Além disso, assumiu a posição de artista como
cavalheiro e erudito, elevando o status da profissão, até então comparável a mero
artesão, a uma importância digna de um príncipe.
Foi o primeiro a se deixar cativar pela própria imagem, deixando uma série de
autorretratos (o primeiro, pintado aos 13 anos de idade). Em seu autorretrato, de
1500, pintou-se numa pose semelhante à de Cristo, indicando a exaltação do status
do artista, para não mencionar a alta conta em que se tinha. A sua maior reputação
como artista Renascentista do Norte, se deve aos trabalhos gráficos de Dürer. Antes
dele, as gravuras eram estudos primitivos em contraste preto e branco. Como
gravador, usava o adensamento das linhas para expressar diferenças de textura e
tons, tão sutis quanto na pintura à óleo. Dürer foi o primeiro a usar a gravura como
forma de arte maior.
ESCULTURA
Ao contrário, por exemplo, da arte grega, o Renascimento já não sentiu a
necessidade de elaborar para a escultura uma série de regras comparáveis às da
arquitetura. O que não quer dizer que faltassem, na escultura renascentista, formas
e tendências características.

Simplesmente, a passagem da arte do período anterior é menos brusca, é mais uma


questão de gosto do que de teoria. Acima de tudo, o reconhecimento de uma
escultura renascentista é feito procurando os motivos de fundo em que ela se
inspira.

Os principais motivos são:

§ Acentuado naturalismo, ou seja, a procura de verossimilhança;


§ Um forte interesse pelo homem, pela forma de seu corpo, da sua
expressão;
§ Gosto marcado não só pelo conhecimento e técnica, como pela ostentação
de conhecimento;
§ Aspiração pela monumentalidade;
§ Esquemas compositivos, quer dizer formas globais, geometricamente
simples.
A escultura, assim como a pintura, já não fazia parte do projeto arquitetônico como
ornamentação do edifício. Conquistaram autonomia e brilhavam pela sua própria
expressão.

A extrema importância que o Humanismo dava ao homem traduz-se em imagens


em que o próprio homem é representado com a maior “verdade” possível. Tal
conceito surge como continuação do interesse pela natureza. E, tal como na
realidade predominam as linhas curvas e sinuosas.

O maior de todos os escultores renascentista foi Michelangelo Buonarroti usando


esquemas geométricos para suas esculturas: Pietá, na Basílica de São Pedro; Davi,
na Academia de Belas Artes de Florença; Pietá de Rondanini, no Castelo Sforza em
Milão.

Donato di Niccoló di Betto Bardi (1386-1466), conhecido como Donatello, seus


primeiros conhecimentos artísticos vieram do treinamento que recebeu numa
oficina de ourives. Trabalhou também, ainda na juventude, um curto período de
tempo na oficina do artista Lorenzo Ghiberti. Elaborou grandes esculturas e na
cidade de Pádua esculpiu uma estátua equestre, em mármore, de Erasmo da Narni,
conhecido como Gattamelata. Donatello usou como inspiração desta obra a estátua
equestre de Marco Aurélio, em Roma. Uma das suas esculturas mais conhecidas é
“Davi”, feita em bronze e encontra-se no Museu Nacional em Florença.
Andrea di Francesco di Cione (1435-1488), mais conhecido como Andrea del
Verrocchio foi filho de um oleiro, e durante sua infância a família sofreu com a
pobreza. Diz a tradição que foi treinado por um ourives chamado Giuliano Verrocchi,
de quem teria adotado o sobrenome. Em torno de 1460, começou a estudar pintura.
Alguns anos mais tarde, com a morte de Donatello, que era o favorito dos Médici,
assumiu seu lugar como protegido, e para eles produziu pinturas e esculturas, além
de desenhos para decorações, vestimentas e armaduras. Tornado conservador das
coleções de antiguidades da família, restaurou muitos bustos e estátuas romanas.
Então sua fama começou a se espalhar, abriu uma grande oficina que atraiu muitos
discípulos, entre eles Leonardo da Vinci e Perugino. Apesar de sua fama como pintor
e de sua produção, que se supõe ter sido significativa, hoje, quase nada pode ser
atribuído a ele com certeza. Dedicou-se com mais ênfase à escultura, mas também
nesse campo suas obras autenticadas, embora em maior número, são ainda poucas.
Sua primeira grande encomenda foi uma tumba para Pedro e João de Médici na
antiga sacristia de São Lourenço. Sua reputação como um dos grandes escultores
de baixo-relevo do século XV se estabeleceu com o Cenotáfio do Cardeal Niccolò
Forteguerri para a Catedral de Pistoia, sendo concluído somente após sua morte.
A Capela Sistina foi construída por ordem do Papa Sisto IV (retângulo de
40mx13m e 20m altura). E é na própria Capela que se faz o Conclave, reunião com
os cardeais após a morte do Papa para proceder a eleição do próximo. A lareira que
produz fumaça negra, indica que o Papa ainda não foi escolhido, a fumaça branca,
que o Papa acaba de ser escolhido, avisando o povo na Praça de São Pedro, no
Vaticano.
Michelangelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano
maravilhosamente bem, pois tendo dissecado cadáveres por muito tempo, assim
como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão,
cada veia.

Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas invenções
estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte levadiça, o
escafandro, um modelo de asa-delta, dentre outras.

Quando deparamos com o quadro da famosa Mona Lisa não conseguimos desgrudar
os olhos do seu olhar, parece que ele nos persegue. Por que acontece isso? Será que
seus olhos podem se mexer? Este quadro foi pintado, pelo famoso artista e inventor
italiano Leonardo da Vinci, e qual será o truque que ele usou para dar esse efeito?
Quando se pinta uma pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para o
espectador) tem-se a impressão que o personagem do quadro fixa seu olhar em
todos que o observam. Isso acontece porque os quadros são lisos. Se olharmos para
a Mona Lisa de um ou de outro lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a
ponta do nariz para a frente e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o
truque em qualquer ângulo que se olhe a Mona Lisa a veremos sempre de frente.

Outra característica do quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci é o uso da técnica


do Sfumato, que é usada para gerar suaves gradientes entre as tonalidades. A
palavra vem do italiano sfumare, que significa “de tom baixo” ou “evaporar como
fumaça”. Nessa pintura é difícil perceber as pinceladas e as variações de tons na
passagem da luz para sombra, amenizando os contornos dos seres e objetos. Em
materiais de fricção como grafite, pastel seco ou carvão, o sfumato pode ser
realizado esfregando-se o dedo no suporte pictórico, para que os riscos
desapareçam e fique apenas o degradê. Outro recurso é usar o esfuminho, um tipo
de lápis com algodão na ponta, que substitui o dedo a fim de evitar a interferência
da oleosidade da pele.

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