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FAQ PI e Desenvolvimento-2016

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Perguntas e Respostas Frequentes


Propriedade Intelectual e Desenvolvimento

A Agenda da OMPI para o desenvolvimento é uma alternativa ao regime existente de direitos de


propriedade intelectual?

Não exatamente. Trata-se de uma maneira nova e mais moderna de pensar sobre o regime de propriedade
intelectual globalmente e, especialmente, mas não só, nos países em desenvolvimento. Em vez de promover
a proteção da propriedade intelectual como um fim em si, a Agenda para o Desenvolvimento sugere que
consideremos a maneira como a propriedade intelectual pode ou não ser utilizada como um meio de atingir
objetivos mais vastos, inclusive crescimento econômico, e também saúde, segurança alimentar,
sustentabilidade ambiental, diversidade cultural etc. A Agenda para o Desenvolvimento reconhece que o
alcance desses objetivos exige um sistema de propriedade intelectual bem equilibrado, e isso poderia
implicar em modificações nas regras existentes de propriedade intelectual, mas poderia também significar a
utilização de regras de propriedade intelectual existentes de novas maneiras, como o modelo de concessão
de licenças Creative Commons, que utiliza o sistema do direito de autor existente para facilitar a partilha e a
colaboração.

A implementação da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento vai resultar num aumento de infrações dos
direitos de patente?

Não. Há aspectos da Agenda para o Desenvolvimento que tornarão mais fácil para os cidadãos e para as
empresas dos países em desenvolvimento utilizar o sistema de patentes. Por exemplo, a Agenda para o
Desenvolvimento conduziu a projetos que criarão capacidades nos institutos locais de PI, ou que tornarão
mais fácil o acesso a informações sobre patentes e a tecnologias patenteadas. Estes projetos não vão
enfraquecer o sistema de patentes; pelo contrário, vão torná-lo melhor.

De que maneira?

Tornando a utilização do sistema de patentes mais fácil para todos, inclusive para as pessoas nos países em
desenvolvimento.Por isso, o resultado não acarretará mais infrações de patentes, mas uma melhor utilização
do sistema de patentes.

É verdade que a transferência de tecnologia mencionada na Agenda para o Desenvolvimento diz respeito
apenas às patentes e não a outras formas de PI, tais como as marcas de produto ou de serviço?

Não, isso não é verdade. Por exemplo, as marcas de produto ou de serviço protegem geralmente o nome e
os produtos das empresas e a imagem associada a esse nome. Portanto, trata-se de um dos vários
instrumentos de propriedade intelectual que facilitam a transferência de tecnologia de países desenvolvidos
para países em desenvolvimento, por exemplo. Ou do setor público para o setor privado, das universidades
para as empresas. De fato, é nos países em desenvolvimento que agora se encontram algumas das marcas
mais valiosas do mundo. Citamos como exemplos a TATA, empresa indiana que, entre muitas outras coisas,
fabrica automóveis, e a M-PESA, serviço bancário móvel que começou no Quênia e depois alcançou outros
países. São nomes de grande valor que podem ser protegidos como marcas de de produto ou serviço, e
esses exemplos mostram que as marcas não são simplesmente um instrumento utilizado por países

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desenvolvidos. Podem ser utilizadas por países em qualquer fase de desenvolvimento para proteger as
denominações comerciais e a reputação com elas associada.
Frequentemente, quando se fala de transferência de tecnologia, trata-se de uma questão de patentes,
porque as patentes são um tipo de direito de propriedade intelectual que protege a tecnologia. O direito de
autor funciona, geralmente, nas indústrias culturais. As marcas de produto ou de serviço protegem o
reconhecimento dos consumidores de valiosas marcas e da reputação das empresas. As patentes protegem
a tecnologia mas, quando se pensa na transferência de tecnologia, convém considerar a empresa inteira ou
toda uma série de ativos imateriais. Por isso, o nome comercial e a marca são obviamente uma parte
importante do processo de transferência de tecnologia, não é só uma questão de patentes.

A Agenda para o Desenvolvimento visa apenas a prestar assistência técnica aos países em desenvolvimento
e aos países menos desenvolvidos?

Não. As pessoas nos países desenvolvidos também têm muito a ganhar com a Agenda para o
Desenvolvimento. Ela destina-se a fazer o sistema de propriedade intelectual funcionar melhor para todos
através do reconhecimento de que a maneira certa de abordar a propriedade intelectual pode variar em
função das circunstâncias econômicas, sociais e culturais locais. A solução é utilizar as flexibilidades
existentes no sistema internacional para criar as políticas e práticas que melhor convêm à situação particular
de cada país.

Pode dar um exemplo de flexibilidade?

O Acordo TRIPS permite que os países utilizem a concessão de licenças obrigatórias em certas circunstâncias.
No caso de haver uma emergência sanitária, por exemplo, se for necessário tratar de uma pandemia como a
gripe asiática. A patente, nessa circunstância, pode às vezes ser um obstáculo à produção e distribuição de
medicamentos a tempo e de maneira acessível. Por isso o Acordo TRIPS contém um sistema flexível de
licenças obrigatórias, que os países podem utilizar para compensar um titular de patente pelo fato de um
governo utilizar uma invenção ou uma tecnologia patenteada, ou um medicamento, sem a permissão do
detentor da patente. Convém notar que o detentor de patente não deixa de receber compensação nessas
circunstâncias, mas a licença é obrigatória ou imperativa.

E é isso que se chama flexibilidade no regime de patente?

O sistema internacional de patentes é suficientemente flexível para equilibrar a proteção da propriedade


intelectual e as preocupações sanitárias globais ou nacionais das populações.

São realmente as regras do Acordo TRIPS que permitem isso, ou são as regras de um país sobre as patentes?

Trata-se de um processo sequencial, porém, o Acordo TRIPS instala o quadro global. Em vez de imporem um
modelo global único de proteção da propriedade intelectual aplicável a todas as situações, os acordos
internacionais estabelecem o quadro geral de base e cada país pode aplicar esse quadro no seu contexto
local.

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O ponto fundamental é que as disposições gerais do Acordo TRIPS são suficientemente flexíveis para
permitirem que cada país o implemente da maneira que for mais apropriada nas suas circunstâncias
econômicas, sociais ou culturais locais. Uma parte importante da Agenda para o Desenvolvimento consiste
em informar os países sobre a existência destas flexibilidades e ajudar os países em desenvolvimento,
através da assistência técnica e da criação de competências, por exemplo, a compreender a maneira mais
apropriada de utilizar essas flexibilidades.

A Agenda para o Desenvolvimento diz respeito ao direito de autor?

Claro que sim, todos os tipos de direitos de propriedade intelectual têm uma função em relação ao
desenvolvimento. Acontece que o direito de autor tem maior pertinência para as indústrias culturais da
música e do cinema, mas é também muito importante no contexto de outras questões de desenvolvimento,
como a educação universal. Considere-se a produção, a distribuição e a acessibilidade a compêndios, ou
material de ensino online, que são protegidos pelo direito de autor. Portanto, as regras do direito de autor
não podem ser ignoradas quando se trata de promover o desenvolvimento no âmbito da Agenda para o
Desenvolvimento.

A biopirataria está fora do alcance da Agenda para o Desenvolvimento?

A Agenda para o Desenvolvimento não menciona a questão da biopirataria formalmente ou


especificamente, mas a biopirataria faz parte do contexto mais vasto por trás da Agenda para o
Desenvolvimento. Muitos países em desenvolvimento são ricos em termos de recursos biológicos e, por isso,
desejam assegurar um sistema justo relativo ao acesso a estes recursos e à partilha dos benefícios quando
estes recursos são explorados. No entanto, a Agenda para o Desenvolvimento não inclui recomendações
específicas no sentido de a OMPI cooperar com outras organizações que abordam esse tipo de desafio. Por
exemplo, existe uma sobreposição significativa entre o trabalho da OMPI e o trabalho da Convenção sobre a
Diversidade Biológica, no sentido de criar um acordo internacional sobre o acesso e a partilha de benefícios
em matéria de conhecimentos tradicionais e recursos genéticos.
De fato, se a biopirataria for considerada parte de uma questão mais vasta relacionada aos conhecimentos
tradicionais e aos recursos genéticos de comunidades indígenas e locais, então isso não pode ser separado
dos fundamentos da Agenda para o Desenvolvimento e da realidade na qual a Agenda tem sido
implementada.

Pode dar mais alguns exemplos de flexibilidades no Acordo TRIPS?

O Acordo TRIPS contém algumas flexibilidades que permitem que os países criem um regime nacional de PI
adequado às circunstâncias locais. Mencionamos as licenças obrigatórias como exemplo. Há outros
exemplos. Segundo o Acordo TRIPS, não é obrigatório prever proteção por patente para as plantas. Isto
pode ser feito através de um sistema singular ou sui generis para proteger os direitos de obtenção vegetal,
por exemplo, ao invés de conceder patentes para plantas; os países têm escolhido esta solução. O Acordo
TRIPS prevê um prazo mínimo de proteção do direito de autor, a saber, a vida do autor mais cinquenta anos.
O acordo não exige que os países prevejam um prazo maior; enquanto alguns países ou regiões, como os
Estados Unidos e a União Europeia foram além das exigências mínimas, isto não é uma obrigação segundo o
Acordo TRIPS. Há atualmente um debate considerável na comunidade internacional sobre se o Acordo TRIPS
estabelece precisamente o equilíbrio certo e de que maneira o sistema internacional poderia ser melhorado

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mas, em geral, existem muitas oportunidades de utilizar flexibilidades. A solução é partilhar as informações
sobre o que são essas flexibilidades e ajudar os países a determinar quando seria apropriado utilizá-las.

Pode explicar detalhadamente o que significa integrar a Agenda para o Desenvolvimento?

Integrar a Agenda para o Desenvolvimento significa pensar sobre as implicações da propriedade intelectual
em todos os aspectos do desenvolvimento. Significa não só crescimento econômico, mas outros indicadores
essenciais de liberdade e capacidades humanas, como uma população saudável, um meio ambiente
sustentável, segurança alimentar, educação universal e diversidade cultural, por exemplo. O que a
integração exige é que se pense sobre estas vastas questões importantes relacionadas ao desenvolvimento
em todas as atividades da OMPI e em todas as atividades das partes interessadas da OMPI. Isso inclui não só
a própria Organização, mas também os Estados Membros. Nos seus institutos de propriedade intelectual
está incluída a comunidade de pesquisa acadêmica; e também profissionais de propriedade intelectual,
empresas que utilizam a propriedade intelectual, organizações não governamentais e a sociedade civil.
Juntas, as partes interessadas precisam pensar sobre as maneiras em que a propriedade intelectual pode ser
utilizada para criar valor partilhado, e sobre as implicações de todas as suas atividades para a política geral
relacionada com o desenvolvimento.

Como é que a Agenda para o Desenvolvimento, adotada em 2007, está relacionada com as iniciativas
anteriores da OMPI para o desenvolvimento?

Quando a OMPI foi criada, sua missão era promover a proteção da propriedade intelectual em todo o
mundo. Quando a OMPI se tornou uma agência especializada das Nações Unidas, essa missão mudou um
pouco e tornou-se necessário pensar sobre a propriedade intelectual como um instrumento para facilitar o
desenvolvimento. Isso significa não proteger a propriedade intelectual simplesmente como um fim em si,
mas promover a propriedade intelectual como um meio de atingir objetivos de política geral mais vastos. A
OMPI trabalhou sobre esta questão durante muitos anos e, em 2007, foi proposto formalmente que
houvesse uma reorientação ou realinhamento da maneira como a OMPI estava executando este trabalho
relacionado ao desenvolvimento e de suas atividades a este respeito. Portanto, a Agenda para o
Desenvolvimento adotada em 2007 é realmente um realinhamento das atividades da OMPI com a sua
missão fundamental como agência especializada das Nações Unidas responsável pela propriedade
intelectual e o desenvolvimento.

A Agenda para o Desenvolvimento é um tratado ou um acordo como outros já estudados neste curso?

A Agenda para o Desenvolvimento é diferente do Acordo TRIPS ou da Convenção de Berna ou dos Tratados
Internacionais da OMPI, ou do Tratado de Cooperação em matéria de Patentes . A Agenda para o
Desenvolvimento é uma série de 45 recomendações. Estas recomendações foram discutidas e propostas por
uma Comissão de Estados Membros da OMPI e adotadas unanimemente pela Assembleia Geral, mas não é
um tratado que deva ser respeitado ou implementado na legislação nacional. Trata-se mais de um
instrumento de política que orienta a OMPI e seus Estados Membros, globalmente e internamente, nas suas
atividades, inclusive na implementação de outros tratados, na criação de políticas, na administração de
sistemas de propriedade intelectual etc. Não é um tratado em si.

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