Evolução Biológica
Evolução Biológica
Evolução Biológica
Unicelularidade e Multicelularidade
Mecanismos da Evolução
• O fixismo considera que as diferentes espécies de seres vivos são perfeitas, permanentes e imutáveis e
que a sua origem foi independente.
• O evolucionismo defende que os seres vivos atuais são o resultado da modificação de seres vivos que
existiram no passado e que, por isso, as espécies se alteram ao longo do tempo e estão relacionadas
umas às outras.
Teorias Fixistas
• Criacionismo – baseia-se nas escrituras e defende que os seres vivos foram criados por Deus, na sua
forma mais perfeita e definitiva e nunca mais sofreram modificações.
• Teoria da Geração Espontânea – considera que os seres vivos se originam a partir da matéria inerte, em
certas condições especiais, por ação de um princípio ativo. Esta teoria foi defendida na Antiguidade pelo
filósofo grego Aristóteles.
• A descoberta dos fósseis veio confrontar os naturalistas com vestígios de serves vivos do passado,
diferentes dos atuais, o que pôs em causa a permanência e a imutabilidade das espécies. George Cuvier
(1769-1832) propôs o catastrofismo, uma teoria fixista que explicava a extinção de espécies pela
ocorrência de grandes catástrofes, a que se seguia o repovoamento das regiões atingidas por espécies
que migravam de outras regiões.
Teorias Evolucionistas
• Transformismo (Buffon 1707-1788) – As espécies derivam umas das outras por degeneração lenta e
gradual, sendo o tempo geológico fundamental. As condições ambientais eram a causa dessa
degeneração.
• Transformismo (Maupertuis 1698-1759) – Os organismos derivavam de um progenitor comum, e que
devido ao acaso e erros na reprodução acumulavam alterações ao longo das gerações. Havia uma
seleção do ambiente.
• Uniformitarismo (Princípio das causas atuais) (Hutton 1726-1797) – Os fenómenos geológicos existentes na
atualidade são idênticos aos que ocorreram no passado.
• Lamarckismo (Lamarck 1744-1829) – O ambiente e as necessidades dos indivíduos são as causas
responsáveis pela evolução dos seres vivos. Lei do uso e do desuso. Lei da transmissão dos caracteres
adquiridos.
• Darwinismo (Darwin 1809-1882) – Sobrevivência dos mais aptos (seleção natural). Reprodução diferencial.
• Neodarwinismo (Teoria sintética da evolução) (Vários investigadores com base em Darwin) – Engloba a
variabilidade genética (devida a mutações e recombinação génica) e a seleção natural.
Lamarckismo
• Lamarck defendia que os seres vivos têm um impulso interior que lhes permite adaptarem-se ao meio,
quando o ambiente se torna adverso. Essa necessidade de adaptação levaria ao uso e desenvolvimento
de alguns órgãos (hipertrofia) ou desuso e atrofia de outros (Lei do Uso e do Desuso). Estas adaptações
seriam transmitidas à descendência (Lei da transmissão dos caracteres adquiridos). Lamarck apresentou a
primeira teoria acerca da evolução das espécies, segundo ele, é pela ação do ambiente que as espécies
evoluem e adquirem as características essenciais para se adaptarem ao meio ambiente.
• As principais críticas apontadas a Lamarck foram:
→ O facto de se admitir que a matéria viva teria uma “ambição natural” para se tornar melhor.
→ A lei do uso e do desuso, embora válida em algumas situações (por exemplo nos músculos), não
explica todas as modificações.
→A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não é válida, uma vez que não é possível transmitir
à descendência uma modificação adquirida durante a vida (que não está no código genético).
Darwinismo
• Darwin baseou-se nas ideias uniformitaristas dos geólogos Hutton e Lyell, segundo as quais a Terra é
muito antiga e está em constante mudança, e formulou uma teoria evolucionista que considera que a
vida na Terra também evolui pela acumulação de pequenas alterações ao longo de grandes períodos de
tempo.
• Foi, também, influenciado pelas ideias do economista inglês Thomas Malthus, que no seu livro “Ensaios
sobre o princípio da população” defende que a população humana cresce a um ritmo muito maior do
que os recursos de que dispõe, o que leva a que seja travada uma luta pela sobrevivência, da qual só
alguns saem vitoriosos.
• Darwin utilizou dados das suas observações e dados de outros autores para a construção da sua teoria
sobre a origem e evolução das espécies.
• Dados Biogeográficos → O mesmo animal é diferente de local para local, distinguindo-se pelos aspetos
morfológicos e hábitos alimentares. Darwin verificou uma grande diversidade de seres vivos de continente
para continente e de bioma para bioma. Verificou que existia uniformidade entre todos os seres vivos o
que o levou a perceber que deveria de haver uma ancestralidade comum, mas também que havia
diferenças entre populações próximas o que o levou a pensar que cada uma delas tivesse sofrido
evolução condicionada pelo tipo de ambiente de cada local.
• Dados geológicos → Após ter visualizado fenómenos vulcânicos e fósseis, Darwin aproveitou as ideias de
Lyell e começou a admitir que, à semelhança do que acontecia com a Terra, também seria possível que
os seres vivos experimentassem modificações lentas e graduais que modificariam as características das
espécies (Uniformitarismo).
• Dados Económicos e Sociais → Outro autor que influenciou Darwin foi Malthus, que defendia que a
população humana cresce de forma geométrica, enquanto os recursos alimentares são produzidos de
forma aritmética. Malthus também afirmava que se não existisse fome nem epidemias, a população
humana duplicaria em cada 25 anos. Darwin transpôs estas informações para os animais e admitiu que,
embora as populações tendam a crescer geometricamente, tal acontece. Considerou que a manutenção
do número de indivíduos se deve ao facto de:
- Nem todos os animais de uma população se reproduzem
- A falta de alimento e as condições ambientais condicionam o desenvolvimento, a reprodução e a
sobrevivência dos animais
- Um grande número de indivíduos morre na luta pela sobrevivência devido a competição, parasitismo ou
predação.
- As doenças são responsáveis pela morte de um número significativo de indivíduos.
• Seleção artificial → Darwin baseou-se em exemplos de seleção artificial para ilustrar o poder da seleção
natural como motor da evolução. Através da seleção artificial, o ser humano modificou, em curtos
períodos de tempo, espécies de animais domésticos ou de plantas com interesse alimentar ou
ornamental, pelo cruzamento de indivíduos com características desejáveis ao longo de gerações, de
modo a aumentar a frequência dessas características na descendência.
• Seleção Natural → Apenas os mais aptos sobreviverão em determinado ambiente e sobre determinadas
condições. A população sujeita a esta seleção artificial seria significativamente diferente da sujeita à
seleção natural, ou seja, o processo em que a natureza, devido a fatores ambientais, escolhe os
indivíduos reprodutores, sendo necessário um longo período de tempo para observar as modificações.
Assim:
- Os indivíduos de uma determinada espécie apresentam variabilidade das suas características (embora
Darwin não tenha conseguido explicar a origem dessa variabilidade)
- As populações têm tendência a crescer segundo uma progressão geométrica, produzindo mais
descendentes do que aqueles que acabam por sobreviver
- Entre os indivíduos estabelece-se uma luta pela sobrevivência, devido á competição por alimento e
outros fatores ambientais. Um número significativo é eliminado.
- Alguns não apresentam características favoráveis ao meio e são progressivamente eliminados. Ocorre
então a sobrevivência dos mais aptos
- Os indivíduos mais aptos vivem durante mais tempo, reproduzem-se mais e transmitem as suas
características aos descendentes (reprodução diferencial)
Sistemas de Classificação
• A Sistemática é o estudo da diversidade dos organismos e das suas relações evolutivas. Inclui a
Taxonomia e a Filogenia. A taxonomia ocupa-se da classificação e da nomenclatura dos diferentes grupos
de organismos e a filogenia é o estudo da história evolutiva de uma espécie ou grupo de espécies
relacionadas.
• Práticos – os organismos são agrupados de acordo com o seu interesse e utilidade para o Homem
• Racionais – tendo por base características morfológicas, anatómicas e fisiológicas inerentes aos
organismos
• Horizontais – não têm em conta a evolução dos organismos nem o fator tempo. Permitem contruir
árvores fenéticas, que têm como objetivo a identificação rápida de um organismo, sem ter em conta a
sua evolução, mas sim o seu fenótipo (características externas). Podem ser:
→ Artificiais (baixo número de características)
→ Naturais (elevado número de características)
• Verticais – baseiam-se no agrupamento dos organismos de acordo com as suas relações evolutivas. Têm
em conta o fator tempo e permitem constituir árvores filogenéticas (ou filéticas, cladísticas, evolutivas),
que agrupa, os seres de acordo com o seu grau de parentesco. Estas classificações verticais também
podem ser denominadas por filogenéticas ou evolutivas. As árvores filogenéticas ilustram uma perspetiva
filogenética de evolução a partir de um ancestral comum.
• Atualmente, existem duas escolas principais de classificação: a fenética (horizontal) e a filética (vertical)
• Sistema de classificação fenético – os crocodilos são agrupados com as cobras, lagartos e tartarugas,
sendo as aves colocadas em separado. Esta classificação baseia-se no facto dos crocodilos apresentarem
mais características fenotípicas semelhantes às cobras e lagartos do que às aves.
• Sistema de classificação filético – os estudos de paleontologia e de anatomia evidenciam que aves e
crocodilos partilham um ancestral comum.
Taxonomia e Nomenclatura
• Atualmente, a classificação dos seres vivos ainda manifesta a influência dos trabalhos de Lineu e
apresenta duas características principais: a hierarquia das categorias taxonómicas e a nomenclatura
binominal para a espécie.
• Lineu agrupou os seres vivos em dois grandes reinos, Plantas e Animais, e subdividiu-os em categorias de
amplitude progressivamente menor, que se designam categorias taxonómicas ou taxa (no singular taxon).
No final do século XX, foi criada uma categoria taxonómica mais abrangente que o reino, o domínio.
• Os taxa organizam-se segundo uma hierarquia que é a seguinte: Domínio → Reino → Filo → Classe
Ordem → Família → Género → Espécie
• A espécie, unidade básica da classificação é constituída por um conjunto de indivíduos que partilham o
mesmo fundo genético, que lhes permite originar descendência fértil. Quanto mais semelhantes são os
organismos, maior o número de taxa que partilham.
• Espécies relacionadas são agrupadas no mesmo género, géneros semelhantes são incluídos na mesma
família, e assim sucessivamente.
Produtores ou Produtores,
Interações nos Microconsumi- microconsumidores ou Microconsumi- Macroconsumi- Produtores
ecossistemas dores macroconsumidores dores dores
• Entretanto, com o avanço dos estudos filogenéticos, foi possível observar que as diferenças entre os
organismos poderiam ir muito além, e assim, adotou-se um novo sistema de classificação, proposto por
Carl Woese em 1977.
• Woese analisou moléculas de RNA que formam os ribossomas e concluiu que os eucariontes são bem
mais próximos, mas os procariontes formam grupos distintos. O sistema de Woese classifica os seres
vivos em três domínios: Bacteria, Archaea e Eukaria. Esses três domínios são um nível taxonómico
superior ao nível de reino
• Domínio Bacteria → Agrupa a maioria dos procariontes unicelulares, como bactérias e cianobactérias.
• Domínio Archaea → Agrupa procariontes com características bioquímicas distintas e que geralmente
habitam regiões com condições extremas.
• Domínio Eukaria → Agrupa todos os organismos eucariontes unicelulares e multicelulares, como fungos,
animais, plantas e organismos anteriormente classificados como protistas.