Epidemiologia e Saúde Pública
Epidemiologia e Saúde Pública
Epidemiologia e Saúde Pública
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6 A DINÂMICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS ................................ 32
BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 56
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1 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
FONTE:www.uniems.com.br
1 Texto extraído do
portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e.../ed.../03_01.html.
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populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde."
(J. Last, 1995)
Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem
alguns princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principles,
1992):
Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública
tem seus fundamentos no método científico.
Frequência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a
frequência e o padrão dos eventos relacionados com o processo
saúde-doença na população. A frequência inclui não só o número
desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa
população. O conhecimento das taxas constitui ponto de
fundamental importância para o epidemiologista, uma vez que
permite comparações válidas entre diferentes populações. O
padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo
saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo
características: do tempo (tendência num período, variação
sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição
urbano-rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.).
Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a
busca da causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos
eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com esse
objetivo, a epidemiologia descreve a frequência e distribuição
desses eventos e compara sua ocorrência em diferentes grupos
populacionais com distintas características demográficas,
genéticas, imunológicas, comportamentais, de exposição ao
ambiente e outros fatores, assim chamados fatores de risco. Em
condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem
evidências suficientes para a implementação de medidas de
prevenção e controle.
Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a
epidemiologia preocupava-se com epidemias de doenças
infecciosas. No entanto, sua abrangência ampliou-se e,
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atualmente, sua área de atuação estende-se a todos os agravos à
saúde.
Específicas populações: como já foi salientado, a epidemiologia
preocupa-se com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que
vivem numa comunidade ou área.
Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é
mais que o estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela
oferece subsídios para a implementação de ações dirigidas à
prevenção e ao controle. Portanto, ela não é somente uma ciência,
mas também um instrumento.
Boa parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência teve por
objetivo final a melhoria das condições de saúde da população humana, o que
demonstra o vínculo indissociável da pesquisa epidemiológica com o
aprimoramento da assistência integral à saúde.
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eu aprendi a respeito da cólera ... leva-me a concluir que a cólera
invariavelmente começa com a afecção do canal alimentar".
Um outro aspecto muito interessante do trabalho de Snow é a sua
introdução do conceito de risco. Identifica como fator de risco para a transmissão
direta a falta de higiene pessoal, seja por hábito ou por escassez de água.
Exemplifica demonstrando o menor número de casos secundários em casas
ricas, se comparadas com as pobres.
Aponta como fator de risco para a transmissão indireta a contaminação,
por esgotos, dos rios e dos poços de água usada para beber ou no preparo de
alimentos. Nessa forma de transmissão não se verifica diferença na ocorrência
da doença por classe social e condições habitacionais.
Vejamos então o seguinte trecho:
Na primeira das duas epidemias estudadas por Snow, ele verificou que os
distritos de Londres que apresentaram maiores taxas de mortalidade pela cólera
eram abastecidos de água por duas companhias: a Lambeth Company e a
Southwark & Vauxhall Company. Naquela época, ambas utilizavam água
captada no rio Tâmisa num ponto abaixo da cidade. No entanto, na segunda
epidemia por ele estudada, a Lambeth Company já havia mudado o ponto de
captação de água do rio Tâmisa para um local livre dos efluentes dos esgotos
da cidade. Tal mudança deu-lhe oportunidade para comparar a mortalidade por
cólera em distritos servidos de água por ambas as companhias e captadas em
pontos distintos do rio Tâmisa.
Para testar a hipótese de que a água de abastecimento estava associada
à ocorrência da doença, Snow concentrou seus estudos nos distritos
abastecidos por ambas as companhias, uma vez que as características dos
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domicílios desses distritos eram geralmente comparáveis, exceto pela origem da
água de abastecimento. Nesses distritos, Snow identificou a companhia de
abastecimento de cada residência onde ocorrera um ou mais óbitos por cólera
durante a segunda epidemia estudada.
Esses resultados tornaram consistente a hipótese formulada por Snow e
permitiram que os esforços desenvolvidos para o controle da epidemia fossem
direcionados para a mudança do local de captação da água de abastecimento.
Portanto, mesmo sem dispor de conhecimentos relativos à existência de
microrganismos, Snow demonstrou por meio do raciocínio epidemiológico que a
água pode servir de veículo de transmissão da cólera. Mostrou, por decorrência,
a relevância da análise epidemiológica do comportamento das doenças na
comunidade para o estabelecimento das ações de saúde pública.
Podemos sintetizar da seguinte forma a estratégia do raciocínio epidemiológico
estabelecido por Snow:
a) Descrição do comportamento da cólera segundo atributos do tempo,
espaço e da pessoa.
b) Busca de associações causais entre a doença e determinados fatores,
por meio de:
Exames dos fatos;
Avaliação das hipóteses existentes;
Formulação de novas hipóteses mais específicas;
Obtenção de dados adicionais para testar novas hipóteses.
No final do século passado, vários países da Europa e os Estados Unidos
iniciaram a aplicação do método epidemiológico na investigação da ocorrência
de doenças na comunidade.
Nesse período, a maioria dos investigadores concentraram-se no estudo
de doenças infecciosas agudas. Já no século XX, a aplicação da epidemiologia
estendeu-se para as moléstias não-infecciosas. Um exemplo é o trabalho
coordenado por Joseph Goldberger, pesquisador do Serviço de Saúde Pública
norte-americano.
Em 1915, Goldberger estabelece a etiologia carencial da pelagra através
do raciocínio epidemiológico, expandindo os limites da epidemiologia para além
das doenças infectocontagiosas.
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No entanto, é a partir do final da Segunda Guerra Mundial que assistimos
ao intenso desenvolvimento da metodologia epidemiológica com a ampla
incorporação da estatística, propiciada em boa parte pelo aparecimento dos
computadores.
A aplicação da epidemiologia passa a cobrir um largo espectro de agravos
à saúde. Os estudos de Doll e Hill, estabelecendo associação entre o tabagismo
e o câncer de pulmão, e os estudos de doenças cardiovasculares desenvolvidas
na população da cidade de Framingham, Estados Unidos, são dois exemplos da
aplicação do método epidemiológico em doenças crônicas.
Hoje a epidemiologia constitui importante instrumento para a pesquisa na
área da saúde, seja no campo da clínica, seja no da saúde pública. O objetivo
deste texto é justamente apresentar e discutir a epidemiologia como uma prática
da saúde pública.
FONTE:3.bp.blogspot.com
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ora das ciências humanas, mas sempre as situando como pilares fundamentais
da epidemiologia.
Sendo uma disciplina multidisciplinar por excelência, a epidemiologia
alcança um amplo espectro de aplicações.
As aplicações mais frequentes da epidemiologia em saúde pública são:
Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;
Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos
que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado
agravo;
Prever tendências;
Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas
e necessidades das populações;
Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de
intervenção, assim como a qualidade, acesso e disponibilidade dos
serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de
saúde na comunidade.
A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o
cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações. A
compreensão dos usos da epidemiologia nos permite identificar os seus
objetivos, entre os quais podemos destacar os seguintes:
Objetivos da epidemiologia:
Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos
agravos à saúde;
Entender a causação dos agravos à saúde;
Definir os modos de transmissão;
Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;
Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das
doenças;
Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à
saúde;
Estabelecer medidas preventivas;
Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde;
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Prover dados para a administração e avaliação de serviços de
saúde.
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Por vários motivos, nas últimas décadas essa atividade foi sendo
abandonada ou expressivamente reduzida no país, com evidentes prejuízos ao
adequado desempenho dos serviços de saúde.
Mais recentemente, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem
buscado a retomada dessa prática, incentivando a utilização mais ampla da
epidemiologia por meio do acompanhamento e análise sistemática da evolução
de indicadores demográficos, sociais, econômicos e de saúde, para melhor
compreensão dos determinantes das condições de saúde da população. Essa
atividade tem recebido a denominação "análise da situação de saúde".
Com fundamento nesse conceito, busca-se compreender as profundas
mudanças que ocorreram nos padrões de morbimortalidade nas últimas
décadas. Entre elas a queda da mortalidade infantil e a significativa diminuição
da morbimortalidade pela doença diarreica, que repercutiram, por exemplo, no
aumento da "esperança de vida".
A evolução desse cenário deve ser acompanhada com atenção por todos
os profissionais que assessoram ou decidem a respeito de políticas de saúde.
Citaríamos, como exemplo, o processo de envelhecimento da população e suas
implicações nas características da demanda dos serviços de saúde, que
geraram necessidades de desenvolvimento de novas especialidades e de
modificações da infraestrutura e equipamentos dos serviços de saúde.
Em 1997, Monteiro e colaboradores elaboraram uma interessante análise a
respeito da melhoria dos indicadores de saúde associados à pobreza no Brasil
nos anos 90.
Entretanto, há que se notar que os indicadores de saúde observados nas
áreas urbanas do Nordeste estão ainda distantes daqueles observados nas
cidades do Centro-Sul. Além disso, pode-se observar que os progressos
registrados na área rural do Nordeste nas duas décadas são menores do que os
observados na área rural do Centro-Sul, acarretando um acirramento das
desigualdades dessas regiões.
Para que alcancemos melhores condições de saúde e bem-estar para a
população brasileira, quaisquer que sejam as políticas de saúde implementadas
daqui para a frente, elas deverão ser fundamentadas numa análise criteriosa da
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evolução desses indicadores, usando como instrumento para análise a
epidemiologia.
A introdução do acompanhamento de indicadores demográficos, sociais,
econômicos e de saúde nas rotinas dos serviços locais e da análise periódica
desses dados à luz do método epidemiológico, permitirá o aprimoramento da
aplicação dos recursos disponíveis e um maior impacto dos programas
desenvolvidos.
Neste ponto, vale salientar a necessidade de diferenciarmos a análise da
situação de saúde da vigilância em saúde pública, pois esta última - como
veremos em item específico, mais à frente - preocupa-se exclusivamente com o
acompanhamento de específicos eventos adversos à saúde na comunidade,
tendo em vista a agilização e aprimoramento das ações que visam seu controle.
A análise da situação de saúde, por sua vez, constitui uma aplicação mais
ampla da epidemiologia, pois analisa continuamente indicadores demográficos,
sociais, econômicos e de saúde visando identificar os fatores determinantes do
processo saúde-doença, preocupando-se, portanto, não só com a saúde da
população, mas também com as condições de bem-estar da comunidade. Logo,
a análise sistemática desses indicadores constitui um instrumento fundamental
para o planejamento de políticas sociais do setor da saúde, campo não
abrangido pela vigilância.
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identificação de fatores de risco e de grupos da população mais vulneráveis
(grupos de risco) a determinados agravos à saúde (aspectos conceituais e
metodológicos a esse respeito serão abordados mais à frente, em capítulos
específicos).
Essa contribuição da epidemiologia torna possível o desenvolvimento de
programas de saúde mais eficientes, permitindo maior impacto das ações
implementadas e voltadas à assistência integral à saúde.
A utilização da epidemiologia nos serviços de saúde com essa finalidade
pressupõe:
Existência de núcleos de pesquisa em unidades de referência;
Existência de programas de formação de epidemiologistas com
capacitação em técnicas quantitativas para a avaliação de riscos e de
associações causais que possam assessorar os gestores a aprimorar o
planejamento e execução de programas implementados pelos serviços de
saúde.
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informações para o cálculo do numerador são obtidas de publicações oficiais, do
sistema rotineiro de informações, como, por exemplo, aqueles relativos a
programas de saúde, vigilância ou, ainda, de levantamentos especiais.
A avaliação de um plano desenvolvido por um sistema local de saúde pode ser
efetuada verificando as atividades previstas que foram implementadas com
êxito. Outra maneira de efetuá-la é verificando o impacto do plano na evolução
de indicadores de saúde ou na frequência dos agravos à saúde contemplados
pelo plano.
Apresentando de forma simplificada o processo de avaliação de serviços,
podemos apontar os seguintes passos:
Selecionar indicadores mais apropriados, levando em conta os
objetivos do plano;
Quantificar metas a serem atingidas com referência aos
indicadores selecionados;
Coletar as informações epidemiológicas necessárias;
Comparar os resultados alcançados em relação às metas
estabelecidas;
Revisar as estratégias, reformulando o plano, quando necessário.
A contribuição da epidemiologia para esse processo se dá principalmente
na seleção, construção e análise dos indicadores e na análise do impacto, em
termos de morbimortalidade, das doenças contempladas pelo plano.
Em síntese, pode-se dizer que esse processo visa estabelecer a
efetividade e a eficiência dos serviços de saúde, entendendo-se por eficiência a
capacidade de um programa de alcançar os resultados pretendidos
despendendo um mínimo de recursos e efetividade como a habilidade de um
programa produzir os resultados esperados nas condições de campo.
É importante lembrar que a efetividade é um atributo distinto de eficácia,
que é medida pela capacidade de um programa produzir resultados em
condições ideais.
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FONTE:escritospsicanaliticos.files.wordpress.com
DEFINIÇÃO DE CASO
Quando estabelecemos um sistema de vigilância, ou durante uma
investigação de um surto, é indispensável garantir que os dados gerados sejam
comparáveis, independentemente de quando e onde esses dados foram obtidos.
Essa padronização é feita através da definição de caso.
Definição de caso pode ser entendida como um conjunto de critérios que
se utilizam para decidir se uma pessoa tem ou não uma particular doença ou
apresenta um determinado evento adverso à saúde.
Estabelecida a definição de caso, pode-se comparar a ocorrência de
número de casos de doença ou evento adverso à saúde, em determinado
período e lugar, com o número de casos no mesmo lugar num momento anterior
ou em momentos e lugares diferentes.
Na definição de caso tomamos como referência não só as características
clínicas da doença, mas também aspectos epidemiológicos e laboratoriais.
Como veremos nos capítulos referentes à vigilância e à investigação de surtos,
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a definição de caso pode variar bastante de acordo com os objetivos do sistema
de vigilância ou das características e objetivos de uma investigação de um surto.
A definição de caso é um instrumento de confirmação de caso para
posterior mensuração desse evento. Portanto, como instrumento, ele pode ser
comparado com uma técnica de diagnóstico laboratorial, apresentando, como
consequência, alguns atributos semelhantes. Para a elaboração da definição de
caso mais adequada para cada situação, é indispensável conhecermos alguns
desses atributos, dos quais destacaríamos a sensibilidade, a especificidade, o
valor preditivo positivo e o valor preditivo negativo.
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3.2 MEDIDAS DE FREQUÊNCIA DE MORBIDADE
3.3 INCIDÊNCIA
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Na prática, a incidência acumulada é a forma mais comumente utilizada
em vigilância para identificar tendências ou impacto de programas de
intervenção. Ou seja, quando calculamos a incidência, consideramos todos os
indivíduos da população, num determinado período, sob risco de serem atingidos
por determinado evento.
Nessas condições, o denominador é estimado, portanto pouco preciso,
pois não conhecemos o verdadeiro número de expostos ao risco. Logo, a medida
de risco ou probabilidade de ocorrer o evento na população exposta é somente
aproximada, mas perfeitamente aceitável para análises de rotina em serviços de
saúde.
Outro aspecto importante com referência ao denominador é o intervalo de
tempo, cuja unidade pode ser ano, mês ou semana.
Infelizmente, a menos que sejam desenvolvidos estudos especiais, não
podemos identificar e excluir os componentes da população que não são
suscetíveis.
Devido a essa dificuldade, na prática utilizamos como denominador a
população residente levantada pelo recenseamento ou estimada para o meio do
período, quando se tratar de ano intercensitário. Quando a população é
conhecida com precisão, utilizamos o número exato de expostos ao risco no
denominador. Como exemplo, citaríamos: um surto de hepatite investigado
numa escola; um surto de gastroenterite entre convidados de um jantar, em que
a lista completa dos convidados é conhecida.
Quando investigamos um surto e precisamos de um cálculo mais exato
do risco para testarmos uma hipótese relativa à etiologia ou a um fator de risco,
necessitamos do número exato de expostos, ou seja, do denominador.
Para que a incidência, de fato, constitua uma medida de risco, é
necessário que seja especificado o intervalo de tempo e, da mesma maneira, é
indispensável que o grupo representado no denominador tenha sido seguido
pelo referido intervalo de tempo.
Em vigilância, frequentemente a população é delimitada por critérios
geopolíticos (população do Brasil, do Estado do Ceará, etc.). No entanto, ela
pode ser definida segundo outros critérios, como, por exemplo: funcionários de
uma companhia; pessoas que foram expostas a substância ionizante num
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acidente em que houve contaminação ambiental; ou outros critérios que
permitam a perfeita delimitação de população exposta a determinado risco.
Uma outra maneira de utilizarmos o conceito de incidência, talvez um
pouco mais complexa de ser calculada, é quando precisamos medir o número
de casos novos numa população que varia no tempo, como, por exemplo, a
incidência de infecções hospitalares em que o denominador varia de acordo com
as novas internações, altas e óbitos.
FONTE:foradasalablog.files.wordpress.com
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3.4 PREVALÊNCIA
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3.5 MEDIDAS DE FREQUÊNCIA DE MORTALIDADE
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Ou seja, ao compararmos taxas brutas de mortalidade de populações
cujas estruturas etárias são diferentes (a Suécia tem população composta por
mais velhos do que São Paulo, que, por sua vez, em 1997, possuía mais idosos
do que em 1970), devemos, previamente, padronizar essas taxas segundo a
idade.
Essa padronização deve ser feita em virtude de as taxas de mortalidade
aumentarem com o envelhecimento da população.
Existem técnicas estatísticas que permitem a padronização ou
ajustamento das taxas, de forma que seja possível a comparação delas em
populações diferentes, eliminando o efeito das diferenças de estrutura etária
dessas populações.
As taxas de mortalidade calculadas com a aplicação dessas técnicas
estatísticas, são denominadas taxas de mortalidade padronizadas (ou ajustadas)
pela idade.
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A análise dos dados, segundo essas variáveis, nos oferece pistas de
possíveis causas de doenças, permitindo a elaboração de hipóteses a serem
posteriormente testadas.
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Variação sazonal: um gráfico com o número de casos ou taxas de
ocorrência de uma doença, mês a mês, durante um período de alguns anos,
identifica seu padrão de variabilidade sazonal numa determinada comunidade.
A análise da variação sazonal é particularmente útil, por exemplo, na
avaliação do possível papel de vetores na determinação da ocorrência de
doenças, uma vez que a proliferação de vetores no ambiente, e, portanto, a
intensidade da transmissão da doença, geralmente está relacionada a condições
de umidade e temperatura do ar.
A sazonalidade pode também estar relacionada à atividade das pessoas;
um exemplo seria o aumento de tétano acidental em período de férias escolares,
na faixa etária de 7 a 14 anos, em população não vacinada contra essa doença.
Variação ou flutuação cíclica: essa variação ocorre regularmente,
dependendo da doença, a cada dois ou três anos; acompanha a tendência
secular e está relacionada a variações normais na proporção de suscetíveis na
comunidade.
Da mesma forma que a variação sazonal, a variação cíclica tende a
diminuir à medida que a doença é controlada.
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para uma determinada área ou grupo específico de pessoas, num particular
período.
A aplicação deste último conceito para a identificação precisa de uma
epidemia pressupõe a disponibilidade, em tempo oportuno, de séries históricas
rigorosamente atualizadas e, portanto, a existência de sistemas específicos de
vigilância.
É também importante, para garantir a comparabilidade dos dados de uma
série histórica, que as definições de caso, assim como as técnicas laboratoriais
utilizadas para o diagnóstico da doença em questão, não tenham variado no
tempo.
As epidemias podem ser consequência de exposição a agentes
infecciosos, substâncias tóxicas e, em situações especiais, à carência de
determinado (s) nutriente (s).
As epidemias podem evoluir por períodos que variam de dias, semanas,
meses ou anos, não implicando, obrigatoriamente, a ocorrência de grande
número de casos, mas um claro excesso de casos quando comparada à
frequência habitual de uma doença em uma localidade.
As epidemias não constituem fenômeno exclusivamente quantitativo.
Frequentemente verificamos, nesses episódios, modificações na distribuição
etária da doença, na forma de transmissão e nos grupos de maior risco.
As formas de apresentação de uma epidemia numa comunidade variam
de acordo com:
i. Tipo do agente;
ii. Características e tamanho da população exposta;
iii. Presença ou ausência de prévia exposição da população a determinado
agente.
De acordo com sua evolução no tempo e no espaço, as epidemias podem
ser classificadas em:
Pandemias: quando evoluem disseminando-se por amplas áreas
geográficas, geralmente mais de um continente, atingindo elevada
proporção da população. São exemplos as pandemias de cólera e de
gripe.
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Ondas epidêmicas: quando se prolongam por vários anos; exemplo típico:
as epidemias de doença meningocócica.
Surtos epidêmicos: muitos epidemiologistas entendem surto e epidemia
como sinônimos; outros restringem a aplicação do termo epidemia a
situações que envolvam amplo número de pessoas e/ou áreas
geográficas mais extensas.
No entanto, sob o aspecto operacional, talvez seja mais adequado
conceituar surto como uma forma particular de epidemia, na qual temos a
ocorrência de dois ou mais casos relacionados entre si no tempo e/ou no espaço,
atingindo um grupo específico de pessoas, configurando-se um claro excesso de
casos se comparado com a frequência normal do agravo em questão no grupo
populacional atingido.
Em surtos epidêmicos, o caso inicial responsável pela introdução da
doença no grupo atingido recebe a denominação caso-índice.
Conceitualmente, podemos entender processo epidêmico como uma
forma particular de conjunção de uma série de fatores relacionados ao agente,
meio e hospedeiro, dos quais merecem destaque aspectos relativos aos:
Patógenos envolvidos
Introdução de um novo patógeno ou modificação das
características de um já conhecido, envolvendo, por exemplo, o
aumento da virulência e modificação das vias de penetração
(exemplos: HIV, agente etiológico da AIDS; vírus ebola,
responsável pela febre hemorrágica).
Aumento do tempo de exposição a um patógeno já conhecido.
Fatores ambientais envolvidos na transmissão
Novos meios de crescimento de patógenos que podem surgir
naturalmente no ambiente ou pela modificação deste pelo próprio
homem (exemplo: a ocorrência de epidemias da doença-dos-
legionários, cujo agente etiológico é a bactéria Legionellae
pneumophila em edifícios com sistemas centrais de ar
condicionado, pode estar associada à habilidade dessa bactéria de
multiplicar-se em coleções de água existentes nas torres de
refrigeração de equipamentos de circulação de ar).
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Novos meios de dispersão e procedimentos terapêuticos e
diagnósticos invasivos (novos produtos farmacêuticos de
administração intravenosa); instalações hospitalares
especializadas (unidades de terapia intensiva).
Fatores do hospedeiro
Existência de elevada proporção de suscetíveis na comunidade.
Grupos altamente suscetíveis a infecções (pacientes submetidos a
tratamentos imunossupressivos ou naturalmente
imunodeficientes).
5 TIPOS DE EPIDEMIA
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a necessidade de sua eliminação para atingir um outro indivíduo
suscetível
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algumas que são derivadas de suas atividades (lazer, profissão) ou de sua
condição (situação socioeconômica, acesso a serviços de saúde), etc.
De um modo geral, essas categorias determinam, em amplo número de
situações, quem está submetido ao risco mais elevado de ser atingido por
eventos adversos à saúde.
Ao analisarmos dados segundo características da pessoa, devemos
buscar entre essas várias categorias aquela ou aquelas que se mostram mais
relevantes para a mensuração e comparação de riscos. Frequentemente
analisamos ao mesmo tempo mais de uma categoria.
FONTE:www.saludymedicinas.com.mx
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sempre com o objetivo de identificar locais ou grupos populacionais de maior
risco para a ocorrência da doença. Da mesma forma, podemos usar unidades
geográficas, tais como países, Estados, municípios, setores censitários ou ainda
áreas rurais ou urbanas, etc.
Para analisarmos a ocorrência de doenças segundo sua distribuição
espacial, é importante conhecer as prováveis fontes de infecção e a forma de
disseminação do agente etiológico. Quando é possível verificar uma associação
entre a ocorrência da doença e determinado local, geralmente podemos inferir
que os fatores de risco para a elevação da incidência da doença encontram-se
nas pessoas que lá vivem ou no ambiente ou, ainda, em ambos.
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sendo ainda aceitável a hipótese de que o aparente aumento da mortalidade, no
começo do século, refletiu um aprimoramento das técnicas de diagnóstico.
Cadeia do processo infeccioso
O esquema da cadeia do processo infeccioso procura integrar e detalhar
os conceitos de estrutura epidemiológica, de história natural e de espectro clínico
das doenças infecciosas.
Nesse ponto, faz-se necessário conceituar doença infecciosa, que pode
ser entendida como uma doença, humana ou animal, clinicamente manifesta que
resulta de uma infecção.
Por sua vez, infecção é a penetração, alojamento e, em geral,
multiplicação de um agente etiológico animado no organismo de um hospedeiro,
produzindo-lhe danos, com ou sem aparecimento de sintomas clinicamente
reconhecíveis.
Em essência, a infecção é uma competição vital entre um agente
etiológico animado (parasita sensu lato) e um hospedeiro; é, portanto, uma luta
pela sobrevivência entre dois seres vivos que visam à manutenção de sua
espécie (Forattini, 1976).
Existem ainda alguns termos relacionados à infecção, mas que dela
diferem, entre eles:
Infestação, que pode ser entendida como o alojamento, desenvolvimento
e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas roupas de
pessoas ou animais.
Colonização, que ocorre quando o agente está presente na superfície do
organismo em quantidade mínima, multiplicando-se numa proporção
suficiente para manter-se, mas sem produzir evidência de qualquer
reação do hospedeiro.
Contaminação, que se refere à presença de agente na superfície do corpo
ou não de objetos inanimados (fômites) que podem servir de fonte de
infecção.
A construção do esquema da cadeia do processo infeccioso fundamenta-
se na compreensão da infecção como resultante de uma particular interação dos
diversos fatores do agente, meio e hospedeiro.
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Mais especificamente, a infecção ocorreria quando o agente deixa o
reservatório por diferentes vias de eliminação e, por meio de uma forma
conveniente de transmissão, com maior ou menor participação do ambiente,
introduz-se no novo hospedeiro suscetível pela via adequada de penetração.
Boa parte das doenças infecciosas tem o homem como reservatório. Entre
as doenças de transmissão pessoa a pessoa incluem-se o sarampo, as doenças
sexualmente transmissíveis, a caxumba, a infecção meningocócica e a maioria
das doenças respiratórias. Existem dois tipos de reservatório humano:
Pessoas com doença clinicamente discernível;
Portadores.
Portador é o indivíduo que não apresenta sintomas clinicamente
reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser examinado, mas
que está albergando e eliminando o agente etiológico respectivo.
Os portadores podem se apresentar na comunidade de diferentes formas,
entre elas:
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Portador ativo convalescente: indivíduo que se comporta como portador
durante e após a convalescença de uma doença infecciosa. É comum
esse tipo de portador entre pessoas acometidas pela febre tifoide e
difteria.
Portador ativo crônico: indivíduo que continua a albergar o agente
etiológico muito tempo após a convalescença da doença. O momento em
que o portador ativo convalescente passa a crônico é estabelecido
arbitrariamente para cada doença. No caso da febre tifoide, por exemplo,
o portador é considerado como ativo crônico quando alberga a Salmonella
thyphi por mais de um ano após ter estado doente.
Portador ativo incubado ou precoce: indivíduo que se comporta como
portador durante o período de incubação de uma doença.
Portador passivo: indivíduo que nunca apresentou sintomas de
determinada doença transmissível, não os está apresentando e não os
apresentará no futuro; somente pode ser descoberto por meio de exames
adequados de laboratório.
Em termos práticos os portadores, independentemente da sua posição na
classificação acima, podem comportar-se de forma eficiente ou não, ou seja,
participando ou não da cadeia do processo infeccioso, o que nos permite
classificá-los ainda em:
o Portador eficiente: aquele que elimina o agente etiológico para o meio
exterior ou para o organismo de um vetor hematófago, ou que possibilita
a infecção de novos hospedeiros. Essa eliminação pode se fazer de
maneira contínua ou intermitente.
o Portador ineficiente: aquele que não elimina o agente etiológico para o
meio exterior, não representando, portanto, um perigo para a comunidade
no sentido de disseminar o microrganismo.
Em saúde pública têm maior importância os portadores do que os casos
clínicos, porque, muito frequentemente, a infecção passa despercebida nos
primeiros. Os que apresentam realmente importância são os portadores
eficientes, de modo que na prática o termo portador se refere quase sempre aos
portadores eficientes.
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6.4 RESERVATÓRIO ANIMAL
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Infectividade: capacidade de o agente etiológico alojar-se e multiplicar-se
no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo
hospedeiro.
Patogenicidade: capacidade de um agente biológico causar doença em
um hospedeiro suscetível.
Virulência: grau de patogenicidade de um agente infeccioso que se
expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e
proporção de casos com sequelas.
Poder imunogênico (ou imunogenicidade): capacidade do agente
biológico de estimular a resposta imune no hospedeiro; conforme as
características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou
longa duração e de grau elevado ou baixo. Dependendo também das
características do agente, a imunidade conferida pode ser:
a. tipo específica: quando a imunidade produzida protege somente contra
um dos tipos do agente. Por exemplo, a imunidade conferida pela infecção pelo
poliovírus tipo 1, selvagem ou vacinal, não nos protege contra os poliovírus tipos
2 e 3.
b. grupo específica: quando a imunidade produzida protege somente
contra um dos grupos do agente. Por exemplo, a imunidade conferida pelo
meningococo A não protege contra as infecções causadas pelos meningococos
B, C, X, Y, etc.
Valência ecológica: capacidade de um agente sobreviver em um ou mais
reservatórios. Quanto maior sua valência ecológica, maior será sua
capacidade de perpetuação no ambiente; por decorrência, na mesma
proporção crescerão as dificuldades de eliminação do agente.
Resistência às condições do meio: capacidade de sobreviver nas
condições do meio ambiente. Essa característica condiciona, até certo
ponto, as formas de transmissão. Por exemplo, um agente de baixa
resistência às condições do meio, como é o caso do meningococo,
somente poderá ser transmitido de forma direta pessoa a pessoa. O bacilo
da tuberculose, por sua vez, resistindo por vários dias no ambiente,
37
quando na presença de umidade e ausência de luz solar pode ser
transmitido por via indireta.
Inoculo ou dose infectante: é a quantidade do agente que penetra no novo
hospedeiro suscetível. Quanto maior o inoculo, maior a gravidade da
doença e, geralmente, menor o período de incubação.
6.8 TRANSMISSÃO
38
Transmissão direta imediata: transmissão direta em que há um contato
físico entre o reservatório ou fonte de infecção e o novo hospedeiro suscetível.
Transmissão direta mediata: transmissão direta em que não há contato
físico entre o reservatório ou fonte de infecção e o novo hospedeiro; a
transmissão se faz por meio das secreções oronasais transformadas em
partículas pelos movimentos do espirro e que, tendo mais de 100 micras de
diâmetro, são dotadas da capacidade de conduzir agentes infecciosos existentes
nas vias respiratórias. Essas partículas são denominadas "gotículas de flügge".
2. Transmissão indireta: transferência do agente etiológico por meio de
veículos animados ou inanimados. A fim de que a transmissão indireta possa
ocorrer, torna-se essencial que:
Os agentes sejam capazes de sobreviver fora do organismo durante um
certo tempo;
Existam veículos que transportem os microrganismos ou parasitas de um
lugar a outro.
Entende-se por veículo o ser animado ou inanimado que transporta um
agente etiológico. Não são consideradas como veículos as secreções e
excreções da fonte de infecção, que são, na realidade, um substrato no qual os
microrganismos são eliminados.
Transmissão indireta por veículo animado (ou vetor) é aquela que se dá
por meio de um artrópode que transfere um agente infeccioso do reservatório ou
fonte de infecção para um hospedeiro suscetível.
Este artrópode pode comportar-se como:
o Vetor biológico: vetor no qual se passa, obrigatoriamente, uma fase do
desenvolvimento de determinado agente etiológico; erradicando-se o
vetor biológico, desaparece a doença que ele transmite. Os anofelíneos
que transmitem a malária são exemplos desse tipo de vetor;
o Vetor mecânico: vetor acidental que constitui somente uma das
modalidades da transmissão de um agente etiológico. Sua erradicação
retira apenas um dos componentes da transmissão da doença. São
exemplos as moscas, que podem transmitir agentes eliminados pelas
fezes, à medida que os transportam em suas patas ou asas após
pousarem em matéria fecal.
39
Transmissão indireta por veículo inanimado é aquela que se dá por meio
de um ser inanimado que transporta um agente etiológico. Os veículos
inanimados são:
Água
Ar
Alimentos
Solo
Fômites
40
Suscetibilidade: situação de uma pessoa ou animal que se caracteriza
pela ausência de resistência suficiente contra um determinado agente
patogênico que a proteja da enfermidade na eventualidade de entrar em contato
com esse agente.
Resistência: conjunto de mecanismos específicos e inespecíficos do
organismo que servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes
infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Os
mecanismos específicos constituem a imunidade humoral e os inespecíficos
abrangem os desempenhados por vários mecanismos, entre eles: pele, mucosa,
ácido gástrico, cílios do trato respiratório, reflexo da tosse, imunidade celular.
Imunidade: resistência usualmente associada à presença de anticorpos
específicos (imunidade humoral) que têm o efeito de inibir microrganismos
específicos ou suas toxinas responsáveis por doenças infecciosas particulares.
A imunidade pode apresentar-se de duas formas:
a. Imunidade ativa: imunidade adquirida naturalmente pela infecção, com
ou sem manifestações clínicas, ou artificialmente pela inoculação de frações ou
produtos de agentes infecciosos, ou do próprio agente morto modificado, ou de
uma forma variante, na forma de vacinas. A imunidade ativa natural ou
artificialmente adquirida pode ser duradoura ou não, dependendo das
características do agente e/ou vacina.
b. Imunidade passiva: imunidade adquirida naturalmente da mãe ou
artificialmente pela inoculação de anticorpos protetores específicos (soro imune
de convalescentes ou imunoglobulina sérica). A imunidade passiva natural ou
artificialmente adquirida é pouco duradoura.
Além dos acima citados, um importante aspecto para compreendermos
os fatores envolvidos na resposta do novo hospedeiro à infecção são os
mecanismos de ação patogênica dos agentes infecciosos ou de seus produtos.
Os principais mecanismos encontrados são:
Invasão direta dos tecidos: esse mecanismo é comum à grande
variedade de parasitas e microrganismos patogênicos para o
homem. Vale citar, entre eles: amebíase, giardíase, meningites
bacterianas, arboviroses responsáveis por encefalites, etc.
41
Produção de toxina: algumas doenças infecciosas resultam
primariamente da produção de toxinas, entre elas a difteria, o
tétano e as infecções causadas pela Escherichia coli toxigênica.
Em outras situações, como na infecção pelo Staphylococus aureus,
com a invasão direta dos tecidos pode ocorrer a produção de
toxina, como acontece na síndrome do choque tóxico.
Reação alérgica ou imunológica exacerbada: em algumas
situações as doenças infecciosas resultam de mecanismos
imunoalérgicos; entre elas, vale citar a tuberculose, a glomérulo-
nefrite pós-infecção estreptocócica, o dengue hemorrágico, etc.
Infecção latente ou persistente: infecções bacterianas crônicas ou
persistentes ou infecções virais latentes constituem importante
mecanismo patogênico de uma variedade de doenças infecciosas.
Certas bactérias, em alguns casos, podem persistir
assintomaticamente ou após a doença na faringe (exemplos:
Hemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, etc.). Alguns vírus
como herpes I e II, a varicela zoster, o vírus do sarampo na pan-
encefalite subaguda esclerosante, entre vários outros, podem
determinar infecções persistentes.
42
Quarentena: isolamento de indivíduos ou animais sadios pelo
período máximo de incubação da doença, contado a partir da data
do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em
que esse comunicante sadio abandonou o local em que se
encontrava a fonte de infecção. Na prática, a quarentena é aplicada
no caso das doenças quarentenárias.
FONTE:www.guiadeiguape.com.br
43
7.1 CONTROLE, ELIMINAÇÃO E ERRADICAÇÃO DE DOENÇAS
INFECCIOSAS
44
Cumpre salientar que a erradicação é um objetivo raramente atingido - a
erradicação da varíola é uma exceção e não uma regra em saúde pública.
Uma alternativa próxima à erradicação, porém mais viável, é a eliminação
de uma doença, que é atingida quando se obtém a cessação da sua transmissão
em extensa área geográfica, persistindo, no entanto, o risco de sua reintrodução,
seja por falha na utilização dos instrumentos de vigilância ou controle, seja pela
modificação do comportamento do agente ou vetor.
Um exemplo de eliminação é a do poliovírus selvagem nas Américas,
onde desde 1993 não ocorre um caso de poliomielite por transmissão autóctone,
ainda que tenha sido comprovada, por duas vezes, a reintrodução do poliovírus
selvagem no Canadá após a certificação da eliminação.
Tanto na eliminação como no controle de doenças, é indispensável a
manutenção regular e contínua, não só das medidas de intervenção pertinentes
à prevenção e ao controle, mas também as da vigilância, visando à avaliação do
impacto das ações de controle ou de mudanças por diversas causas no
comportamento das doenças ou de seus agentes etiológicos.
Finalmente, cabe conceituar ações de controle, que pode ser entendido
como "a aplicação de um conjunto de medidas de intervenção visando ao
controle".
Sem entrar em detalhes, pois foge aos objetivos deste livro, pode-se dizer
que os instrumentos utilizados para as ações de controle de eventos adversos à
saúde dependem do tipo da estrutura do serviço de saúde que as implementará.
São dois os tipos polares de organização de serviços de saúde. De um
lado, os de estrutura denominada "vertical", em que cada órgão desenvolve
atividades voltadas ao controle de um único agravo ou de um número restrito de
doenças, cujas medidas de intervenção utilizem tecnologias idênticas ou muito
semelhantes. Neste caso, o instrumento utilizado são as campanhas.
O termo campanha surge no início do século e pode ser entendida como
uma intervenção institucional temporária e localizada, planejada e centralizada,
que parte da concepção de que é possível controlar problemas coletivos de
saúde, sejam eles epidêmicos ou endêmicos, através de ações que
interromperiam o processo de contaminação da coletividade pelo bloqueio da
cadeia de transmissão.
45
A outra alternativa é a estrutura "horizontal" dos serviços, que são
organizados de forma descentralizada e hierarquizada, com atribuição de
implementar programas de saúde, isto é, voltados ao desenvolvimento regular
de ações de promoção, prevenção, controle e recuperação da saúde.
FONTE:2.bp.blogspot.com
46
Esses são alguns dos exemplos do que recentemente recebeu a
denominação doenças infecciosas emergentes e reemergentes, definidas como
aquelas só recentemente identificadas na população humana ou já existentes,
mas que rapidamente aumentaram sua incidência e ampliaram sua distribuição
geográfica.
As doenças infecciosas emergentes e reemergentes, de uma maneira
geral, estão associadas aos seguintes fatores:
Modelos de desenvolvimento econômico determinando alterações
ambientais; migrações e processos de urbanização, etc.;
Aumento do intercâmbio internacional, que assume o papel de
"vetor cultural" na disseminação das doenças infecciosas;
Incorporação de novas tecnologias médicas;
Ampliação do consumo de alimentos industrializados,
especialmente os de origem animal;
Desestruturação dos serviços de saúde e/ou desatualização das
estratégias de controle de doenças;
Aprimoramento das técnicas de diagnóstico;
Processo de evolução de microrganismos.
As doenças infecciosas, por vários fatores, alguns deles relacionados aos
determinantes das denominadas transições demográficas e transição
epidemiológica, deixam de constituir um grupo de doenças associadas quase
que exclusivamente à miséria, à fome, à falta de saneamento, às condições
insuficientes de higiene e ao baixo nível de instrução, ou seja, doenças próprias
da pobreza. A AIDS, o dengue e as bactérias resistentes a antimicrobianos e
responsáveis pela elevada mortalidade por infecções hospitalares, são exemplos
da modificação do comportamento das doenças infecciosas no mundo moderno.
Assim, quando tratamos atualmente das doenças emergentes e
reemergentes, nada mais estamos fazendo do que abordar as doenças
infecciosas sob um novo enfoque, em que os principais instrumentos para o seu
controle deixam de ser exclusivamente o saneamento, a melhoria das condições
habitacionais e de educação.
47
Para enfrentarmos essa nova situação e para garantirmos um mínimo de
auto sustentação ao Sistema Nacional de Saúde, é indispensável que
incorporemos os seguintes instrumentos às práticas de saúde pública:
Vigilância em saúde pública, no sentido de inteligência
epidemiológica, como instrumento de indução da pesquisa e de
incorporação do conhecimento produzido;
Pesquisa epidemiológica e de laboratório;
Serviços de saúde organizados de maneira a incorporarem
regularmente, de forma ágil, novos conhecimentos e tecnologias
indispensáveis à elaboração, avaliação e reformulação contínuas
de estratégias de controle de doenças
48
A vigilância adquirirá o qualificativo epidemiológica em 1964, em artigo
sobre o tema publicado por Raska2, designação que será internacionalmente
consagrada com a criação, no ano seguinte, da Unidade de Vigilância
Epidemiológica da Divisão de Doenças Transmissíveis da Organização Mundial
da Saúde.
Raska afirmava que a vigilância deveria ser conduzida respeitando as
características particulares de cada doença, com o objetivo de oferecer as bases
científicas para as ações de controle. Afirmava, ainda, que sua complexidade
técnica está condicionada aos recursos disponíveis de cada país.
Em 1968, a 21ª Assembleia Mundial de Saúde promove ampla discussão
a respeito da aplicação da vigilância no campo da saúde pública, resultando
dessas discussões uma visão mais abrangente desse instrumento, com
recomendações para a sua utilização não só em doenças transmissíveis, mas
também em outros eventos adversos à saúde.
A partir da década de 70, a vigilância passa a ser aplicada também ao
acompanhamento de malformações congênitas, envenenamentos na infância,
leucemia, abortos, acidentes, doenças profissionais, outros eventos adversos à
saúde relacionados a riscos ambientais, como poluição por substâncias
radioativas, metais pesados, utilização de aditivos em alimentos e emprego de
tecnologias médicas, tais como medicamentos, equipamentos, procedimentos
cirúrgicos e hemoterápicos.
Thacker & Berkelman, em extenso trabalho publicado em 1988, discutem,
entre outros pontos, os limites da prática da vigilância e analisam a apropriação
do termo epidemiológica para qualificar vigilância na forma em que ela era
aplicada até então em saúde pública.
Afirmam esses autores que as informações obtidas como resultado da
vigilância podem ser usadas para identificar questões a serem pesquisadas,
como é o caso de testar uma hipótese elaborada a partir de dados obtidos numa
investigação de um surto, relativa a uma possível associação entre uma
exposição (fator de risco) e um efeito (doença), ou avaliadas quanto à
necessidade de definir determinada estratégia de controle de uma doença.
Porém, enfatizam que a vigilância não abrange a pesquisa nem as ações
de controle; essas três práticas de saúde pública são relacionadas, mas
49
independentes. As atividades desenvolvidas pela vigilância situam-se num
momento anterior à implementação de pesquisas e à elaboração de programas
voltados ao controle de eventos adversos à saúde.
Nesse contexto, afirmam Thacker & Berkelman, o uso do termo
epidemiológica para qualificar vigilância é equivocado, uma vez que
epidemiologia é uma disciplina abrangente, que incorpora a pesquisa e cuja
aplicação nos serviços de saúde vai além do "instrumento de saúde pública que
denominamos vigilância". A utilização desse qualificativo tem induzido
frequentemente a confusões, reduzindo a aplicação da epidemiologia nos
serviços ao acompanhamento de eventos adversos à saúde, atividade que
constitui somente parte das aplicações da epidemiologia nesse campo, como já
foi visto anteriormente neste livro.
Devido a essa discussão, Thacker & Berkelman propõem a adoção da
denominação vigilância em saúde pública como forma de evitar confusões a
respeito da precisa delimitação dessa prática.
Essa denominação, vigilância em saúde pública, desde então consagrou-
se internacionalmente, substituindo o termo vigilância epidemiológica e
passando a ser utilizada em todas as publicações sobre o assunto desde o início
dos anos 90.
Como em nosso país tem sido frequente a confusão na aplicação do termo
"vigilância" como sinônimo das práticas da epidemiologia nos serviços de saúde,
que, como vimos em capítulo anterior, é bem mais abrangente, resolvemos
adotar neste manual a denominação já consagrada vigilância em saúde pública
ou simplesmente vigilância, deixando de utilizar o qualificativo epidemiológica,
apesar de muito aplicado até hoje no Brasil.
A vigilância nas formas propostas por Langmuir e Raska desenvolveu-se
e consolidou-se na segunda metade deste século, apresentando variações em
sua abrangência em países com diferentes sistemas políticos, sociais e
econômicos e com distintas estruturas de serviços de saúde. Um dos principais
fatores que propiciaram a disseminação em todo o mundo desse instrumento foi
a Campanha de Erradicação da Varíola, nas décadas de 60 e 70.
Utilizando o enfoque sistêmico e sintetizando os diversos conceitos de
vigilância, sem discutir o mérito de cada um deles para um particular sistema de
50
saúde, podemos dizer que a vigilância de um específico evento adverso à saúde
é composta, ao menos, por dois subsistemas:
1. Subsistema de informações para a agilização das ações de controle -
situa-se nos sistemas locais de saúde e tem por objetivo agilizar o processo de
identificação e controle de eventos adversos à saúde. A equipe que faz parte
desse subsistema deve estar perfeitamente articulada com a de planejamento e
avaliação dos programas, responsável, portanto, pela elaboração das normas
utilizadas no nível local dos serviços de saúde.
2. Subsistema de inteligência epidemiológica - é especializado e tem por
objetivo elaborar as bases técnicas dos programas de controle de específicos
eventos adversos à saúde.
Salientamos que norma deve ser entendida no sentido utilizado em
planejamento, ou seja, como um instrumento para planejamento e avaliação de
programas de saúde; portanto, deve ser adequada à realidade local. Ao falarmos
em bases técnicas de um programa, estamos nos referindo à fundamentação
técnica de um programa, que apresenta um caráter mais universal.
Por exemplo, as bases técnicas para um programa de controle de difteria em
Santa Catarina, na Bahia ou, talvez, na Polônia são muito semelhantes; o que
irá diferir é a norma, que deve estar vinculada às características locais do
comportamento da doença na comunidade, devendo também levar em
consideração os recursos humanos, materiais e a tecnologia disponíveis para o
desenvolvimento dos programas de controle.
Outro objetivo do subsistema de inteligência epidemiológica é identificar
lacunas no conhecimento científico e tecnológico, uma vez que, à medida que
for acompanhando o comportamento de específicos eventos adversos à saúde
na comunidade, poderá, eventualmente, detectar mudanças desse
comportamento não explicadas pelo conhecimento científico disponível.
Identificada essa lacuna no conhecimento disponível, é papel da
inteligência epidemiológica induzir a pesquisa.
Esse subsistema tem por função também incorporar aos serviços de
saúde o novo conhecimento produzido pela pesquisa, com o objetivo de
aprimorar as medidas de controle. Isso pode ser feito introduzindo esse novo
conhecimento nas bases técnicas que são encaminhadas aos serviços de saúde
51
na forma de recomendações disseminadas por boletins epidemiológicos. Esse
subsistema constitui a ponte entre o subsistema de serviços de saúde e o
subsistema de pesquisa do Sistema Nacional de Saúde.
52
FONTE:www.tipos.com
53
4. Devem ser úteis também para a identificação dos fatores de risco e das
populações vulneráveis à exposição ao risco, de forma a tornar mais efetivas as
medidas de controle.
5. Devem submeter-se a avaliações frequentes, de forma que eles
possam se adequar às características dos sistemas nacionais de saúde, em
cada momento.
6. Cada sistema de vigilância será responsável pelo acompanhamento
contínuo de específicos eventos adversos à saúde, com o objetivo de
estabelecer as bases técnicas, assim como as normas para a elaboração e
implementação dos respectivos programas de controle.
7. Cada sistema de vigilância, de acordo com seus objetivos e
peculiaridades, apresentará características específicas.
8. Os sistemas de vigilância de específicos eventos adversos à saúde são
pré-requisitos para a elaboração e instrumento para a avaliação e reformulação
periódica de programas de controle de agravos à saúde.
9. Os sistemas de vigilância de específicos eventos adversos à saúde
incluem o acompanhamento dos respectivos programas de controle com o
objetivo de avaliar o impacto deles decorrente.
10. Os sistemas de vigilância devem ser adequados, periodicamente, às
condições da estrutura e grau de desenvolvimento e complexidade tecnológica
do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
11. Os sistemas de vigilância constituem o elo de ligação entre o
subsistema de serviços de saúde e o de pesquisa do SNS.
12. Os sistemas de vigilância abrangerão quaisquer eventos adversos à
saúde, poderão ser desenvolvidos nas formas ativa ou passiva e utilizarão todas
as fontes de informações necessárias e disponíveis.
13. Os sistemas de vigilância podem ser entendidos também como a
inteligência do SNS voltada ao estabelecimento das bases técnicas para as
ações de controle de específicos eventos adversos à saúde.
14. O SNS deverá desenvolver tantos sistemas de vigilância para
específicos eventos adversos à saúde quantos sejam os problemas prioritários
de saúde para os quais haja possibilidade de desenvolver programas nacionais,
estaduais, regionais ou locais de controle. Por sua vez, os sistemas locais de
54
saúde poderão ou não aderir a cada um desses sistemas, conforme suas
prioridades e recursos disponíveis para desenvolver os programas de controle
dos agravos correspondentes. Constituem exceções as doenças de notificação
compulsória.
15. Os sistemas de vigilância pressupõem a existência de programas
continuados de formação e treinamento de recursos humanos, especialmente de
epidemiologistas.
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BIBLIOGRAFIAS
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