Caderno Oftalmologia
Caderno Oftalmologia
Caderno Oftalmologia
ANATOMIA........................................................................................................................ 3
MIOPIA, HIPERMETROPIA, ASTIGMATISMO E PRESBIOPIA ............................................... 11
DOENÇAS SISTÊMICAS E O OLHO ...................................................................................... 20
TRAUMA OCULAR ............................................................................................................ 29
CATARATA....................................................................................................................... 39
RETINOPATIAS HIPERTENSIVA E DIABÉTICA ..................................................................... 48
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO ............................................................ 55
OLHO SECO...................................................................................................................... 63
GLAUCOMA ..................................................................................................................... 75
CONJUNTIVITE ................................................................................................................. 89
Luiza Miossi 2019/1
ANATOMIA
O globo ocular possui várias estruturas para que consiga transmitir a imagem do meio externo
para o meio interno. Todas a estruturas devem estar fisiologicamente funcionantes para a luz
poder entrar no olho.
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Luiza Miossi 2019/1
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Luiza Miossi 2019/1
Paresia, paralisia dessa musculatura: estrabismo. É comum em criança. Nesse caso, não há
sinergismo nos movimentos oculares.
Os músculos, juntamente com as outras estruturas, são inervados por grande quantidade de
nervos. Por exemplo: oculomotor inerva o reto medial, reto superior e reto inferior, então se há
uma paresia desses músculos, sabe-se que há compromete a região da fissura orbitária
superior.
• No forame óptico passa o nervo óptico, que faz ligação com o córtex occipital através
das vias ópticas, quiasma óptico, e artéria oftálmica.
Doença do nervo óptico que acomete mulheres jovens, que começam uma sintomatologia de
fraqueza, parestesia dos membros inferiores: neurite óptica, esclerose múltipla.
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Luiza Miossi 2019/1
• A parte branca do olho corresponde à esclera e a parte transparente que recobre a parte
branca é chamada de conjuntiva.
Conjuntiva: Membrana mucosa fina, protetora, vascular e transparente que recobre todo
o globo ocular. Dividida em conjuntiva palpebral (que fica atrás da pálpebra) e conjuntiva
bulbar (a parte que vemos).
Caso: paciente com alergia ocular – no prontuário escrever: paciente com papilar (reação
papilar) na conjuntiva palpebral, tarsal: quando inverte a pálpebra vê um monte de papilas, de
relevos.
Doença mais comum na conjuntiva: conjuntivite. Existe a conjuntivite bacteriana, viral, alérgica e
química.
Na conjuntiva há diversas células chamadas de células caliciformes, que atuam na produção da
camada de mucina do filme lacrimal. Olho seco – síndrome da disfunção lacrimal.
• Lágrima: várias funções e várias substâncias nela. Cada célula é responsável por uma
camada. São duas camadas: Lipídica, produzida pela glândula de Meibomio, e
mucoaquosa, sendo a glândula lacrimal responsável pela produção aquosa do filme e as
células caliciformes produtoras da mucina.
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Luiza Miossi 2019/1
Paciente com meibomite, blefarite: tem muito prurido no olho, parece uma casquinha nos cílios.
A glândula de Meibomio está próxima aos cílios. Se existe uma disfunção da glândula o paciente
começa a lacrimejar: instabilidade do fluido lacrimal, começa a ter irritação, ardência, queimação.
O filme lacrimal, junto com a córnea, e responsável pelo principal poder óptico do olho. Se há
alteração na relação do filme junto com a córnea, há um a baixa qualidade, o paciente enxerga
mal.
Hoje é comum a instabilidade lacrimal pelo uso constante do smartphone. Estudo: pisca por
minuto 18 a 20X. Pisca para homogeneizar a lagrima e toda a superfície do olho. No celular ou
no computador, piscamos a metade, então, ao final do dia, o olho está ardendo, está cansado,
pois há instabilidade do filme lacrimal.
A lagrima é drenada pelo saco nasolacrimal e desemboca no meato inferior, por isso, ao pingar
colírio, pode sentir algo na garganta.
Há um ponto lacrimal inferior, responsável por 70% da drenagem, e há um ponto lacrimal
superior.
Lágrima: desce pelo canalículo superior e canalículo inferior → canalículo comum → ducto
nasolacrimal
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Luiza Miossi 2019/1
• Esclera: parte branca do olho, onde há maior quantidade de fibras de colágeno, bem
resistente.
• Córnea: também tem bastante fibras de colágeno. Tem epitélio, membrana de Bowman,
estroma, membrana de Descemet e endotélio corneano.
• O cristalino tem poder de acomodação. A forma muda para longe e para perto.
A criança que fica na frente da tela o tempo inteiro, não há estímulo do cristalino para longe e
para perto. A criança provavelmente terá miopia quando crescer. O cristalino perde a função.
Nos adultos há a presbiopia, que é a vista cansada para perto, pela perda da elasticidade do
cristalino, não consegue mais acomodar para perto.
Cristalino: opacidade: catarata, que é qualquer opacidade do cristalino que prejudique a visão.
Cristalino: córtex, núcleo, capsula anterior...
• Coroide: parte mais vascularizada do olho. É quem irriga, quase por completo, o
segmento posterior do olho.
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Luiza Miossi 2019/1
RESUMO
- Músculos: reto superior, reto inferior, reto medial, reto lateral, oblíquo inferior e oblíquo superior.
Estrabismo: ausência de sinergismo muscular.
- Segmentos: anterior (córnea, cristalino, íris, corpo ciliar), posterior (retina, coroide, nervo óptico,
humor vítreo).
1- Conjuntiva: mucosa protetora, vascularizada. Palpebral (tarsal) e bulbar.
Conjuntivite.
Células caliciformes: parte muosa do filme lacrimal
2- Lágrima:
Parte lipídica (gl de Meibomio - blefarite) e parte mucoaquosa (células caliciformes e glândula
lacrimal – disfunção = olho seco).
Filme lacrimal + córnea: principal poder óptico do olho.
Smartphone: pisca menos → instabilidade lacrimal.
Suco nasolacrimal: comunica com o meato inferior. Pontos lacrimais inferior e superior→
canalículos lacrimais inferior e superior→Canalículo comum→ducto nasolacrimal→meato inferior
3- Esclera: muita fibra colágena
4- Córnea: ceratite, ceratocone (curvatura muda, luz entra inadequadamente →distorção visual.
Nos pacientes que coçam muito o olho).
5- Pupila: SN simpático: Midríase (escuro); SN parassimpático: Miose (claro).
6- Íris: iriíte → uveíte
7- Corpo ciliar: produção de humor aquoso (nutre a câmara anterior.)
Muito vascularizado (diferente da córnea)
Gonioscopia: avalia a pressão na câmara anterior. Aumento da pressão pode lesar fibras do
nervo óptico e levar ao glaucoma.
8- Cristalino:
Acomodação – crianças míopes: smartphones; presbiopia (>40 anos).
Catarata
9- Coróide: muito vascularizada. Irriga segmento posterio.
10- Retina: área macular: cones e bastonetes.
11- Nervo óptico
12- Artéria e veia oftálmicas: Podem ocluir e gerar amaurose. A. oftálmica ocluída: nervo óptico
pálido
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O olho é composto por diversas estruturas anatômicas que influenciam na trajetória da luz.
O olho é um sistema óptico e todo sistema óptico gera aberrações, que podem ser de baixa
ordem e de alta ordem.
Seus principais componentes refrativos são:
• Córnea (maior valor refrativo)
• Cristalino
• Diâmetro axial (ântero-posterior)
Todas essas estruturas interferem na entrada da luz, na sua chegada à retina.
→ Fenômeno de Refração – Física
A luz que se propaga através de uma interface, separando dois meios ópticos diferentes, onde
sofre três tipos de fenômenos ópticos: reflexão, absorção ou refração.
Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para ouro
diferente.
• Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não é alterada, embora sua
velocidade e o seu comprimento de onda sejam;
• Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um desvio da direção original;
Dessa forma, ao passar pela córnea, muda de direção, assim como ao passar pelo cristalino. Em
alguns olhos, com a mudança de direção, não consegue alcançar a retina. Então, essas
estruturas junto com a luz que gera uma imagem nítida na retina.
→ Refração – Dioptria
Dioptria: unidade de medida que afere o poder de refração de um sistema óptico (m-1).
“Capacidade de um meio transparente modificar o trajeto de luz”.
A córnea e o cristalino são meios transparentes.
Ex: 3 graus de miopia ou 3 dioptrias no olho direito.
→ Emetropia x Ametropia
Diz-se que o olho é EMETROPE quando ele recebe na fóvea, sem interferência, imagens nítidas
de objetos situados no infinito.
Emetrope: é o paciente que enxerga 20/20.
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Miopia
A Academia Americana de Oftalmologia (AAO) estimou que a partir de 2020 a prevalência de
míopes no Brasil será de 27,7% e nos EUA de 42,1%.
Acredita-se na interferência da tecnologia, onde não há estímulo para acomodação do olho,
gerando aumento da prevalência de miopia.
O problema deve agravar-se até 2050, quando 50,7% dos brasileiros e 58% dos Americanos
serão míopes, o que nos leva a crer que, nos próximos 32 anos, a incidência deve aumentar
83% no Brasil e 20% nos EUA.
→ Queixa principal: “visão embaçada”.
→ Mecanismo: objetos posicionados no infinito têm suas imagens formadas anteriormente à
retina;
A propagação da luz na córnea e no cristalino, o fenômeno na refração, faz com que a luz
não chegue focada à retina, pois o comprimento axial do míope é maior que a média da
população, que é 22 mm. Diferença de 1 mm no comprimento corresponde a 3 graus. “O
olho é mais alongado”
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Hipermetropia
→ Queixa principal: “visão embaçada e desconforto visual”.
→ Mecanismo: objetos posicionados no infinito, sem interferência da acomodação, têm suas
imagens formadas posteriormente à retina;
O comprimento axial do olho é menor, então a luz passa do foco principal.
→ Pode acontecer: o diâmetro anteroposterior é pequeno em relação ao poder de refração
ocular.
→ Fatores de risco: Hereditariedade
Ao analisar os óculos, a imagem é maior, a lente é convergente.
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Astigmatismo
→ Queixas principais:
• Astenopia (“cansaço visual” – principalmente em pacientes que passam o dia em
frente ao computador. Ao examinar, o grau pode ser pequeno, mas faz diferença ao
final do dia, à longo prazo)
• Imagem “borrada”
• Cefaleia
• Imagem distorcida
→ Mecanismo: os dois meridianos principais da córnea
e/ou cristalino têm curvaturas diferentes, não permitindo a
formação de imagem nítida sobre a fóvea, resultando na
percepção de imagens distorcidas.
A luz, ao entrar nos meridianos (pela irregularidade na
curvatura), não se encontra, se espalha, então a imagem
fica borrada, distorcida.
Ao analisar os óculos, a lente é cilíndrica, a imagem inverte, distorce.
Acomodação – Presbiopia
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Presbiopia
→ Queixa principal: dificuldade de ver claramente objetos próximos. O paciente afasta o
objeto pra ler.
→ Início por volta dos 40 anos.
→ Mecanismo: corresponde à perda gradual e fisiológica da capacidade de acomodação do
olho com o decorrer da idade.
Causada pela diminuição da elasticidade do cristalino.
→ Outros sintomas: fadiga aos esforços visuais e dificuldade de leitura em ambientes menos
iluminados.
Pode corrigir o erro com um óculos para perto.
Tratamento convencional
Identifica os erros refracionais com a tabela de Snellen.
Espera que o paciente chegue à emetropia, 20/20, podendo alcançá-la com o uso de óculos.
→ Miopia: lentes divergentes (negativas). Ex: -3
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→Hipermetropia: lentes convergentes (positivas). Ex: +4. Convergente: trazer o foco da luz para
a retina.
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o Desvantagens:
• Custo elevado
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• Somente miopia
• Curva de aprendizado
• Sem customização
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Luiza Miossi 2019/1
RESUMO
- córnea, cristalino e diâmetro axial.
-Refração: não altera fequencia, altera velocidade e comprimento de onda →
muda/desvia da direção original – em algumas situações, não alcança a retina.
- Unidade de medida: Dioptria (m-1)
Emétrope: imagem nítida 20/20
Amétrope: imagem não nítida
1- Miopia
Visão borrada
Imagem forma antes da retina – diâmetro aumentado.
Hereditariedade e estresse.
Óculos: imagem menor – lente divergente – negativa
2- Hipermetropia
Visão embaçada, desconforto visual
Imagem forma depois da retina – diâmetro diminuído
Hereditária
Óculos: imagem maior – lente convergente – positiva
3- Astigmatismo
Astenopia, imagem borrada, cefaleia, imagem distorcida
2 meridianos com curvaturas diferentes – luz se espalha
Óculos: imagem distorce – lente cilíndrica/esferocilíndrica
4- Presbiopia
Acomodação: cristalino, zônula e músculo ciliar
Dificuldade em ver claramente de perto; fadiga aos esfoços visuais, dificuldade leitura
>40 anos
Não há acomodação adequada do cristalino
Óculos: imagem maior – lente convergente – positiva
Para chegar à emetropia: óculos, lentes de contato e cirugia.
Cirugias:
1- PRK: retira o epitélio; desconforto
2- Lasik: faz flap; infecciona, dobra e sai
3- Smile: sem flap, menor risco de olho seco, maior custo, apenas para miopia.
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Várias doenças sistêmicas trazem comprometimento visual, trazem visão pior que 20/200 ou
visualizando apenas vultos. Se não for o caso de miopia, hipermetropia, astigmatismo ou
presbiopia (erros refracionais), há comprometimento de outra estrutura do olho.
Biomicroscopia permite analisar cada estrutura par tentar identificar no paciente com a doença
sistêmica o por quê do comprometimento da visão.
Ex: paciente na endócrino reclamando de visão embaçada. Visão 20/80 sem melhora com o
Greens (aparelho que tem as lentes). Realiza a biomiscroscopia para ver se tem alteração na
córnea, na íris, no cristalino ou se é retinopatia diabética (2ª causa de cegueira irreversível no
mundo).
Ex: Residente, 29 anos, com fraqueza, cansaço, perda da sensibilidade dos MMII há
1, 2 meses. Ao fazer o exame oftalmológico, apresentou neurite óptica.
2. Artrite Reumatóide
Doença sistêmica autoimune, poliartropatia inflamatória, simétrica, destrutiva e
deformante;
Ocorre na 4ª década com recidivas e remissões, afeta mais mulheres;
A inflamação afeta tipicamente as interfalanges proximais;
Fenômeno de Raynaud.
É a paciente que chega com deformação nos baços, joelhos, mãos, vai sentir dor
recidivante e pode ter doença oftalmológica.
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3. Sindrome de Stevens-Johnson
Doença vesiculobolhosa mucocutânea aguda grave;
Acomete principalmente adultos jovens saudáveis;
Reação de hipersensibilidade tipo III – Sulfas, AINEs e Penicilina;
Bolhas orais e nasais e rash cutâneo- pápulo eritematoso.
4. Sífilis Adquirida
DST, úlceras indolores e linfedema;
Rash maculopapular simétrico no tórax, palma das mãos e planta dos pés;
Manchas nas mucosas da boca, genitália e faringe;
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6. Sindrome de Reiter
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7. Leucemias
Neoplasia derivada de células hematopoiéticas, anemia e palidez;
É o câncer mais comum na infância;
Trombocitopenia, petéquias e equimose;
Dispneia aos esforços.
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RESUMO
Biomicroscopia: analisa todas as estruturas.
- mancha na íris: melanoma de íris
1- Esclerose múltipla: desmielinizante, recidivante, fraqueza e perda sensorial. Sinal
de Lhermitte, Fenômeno de Uthiff. Neurite óptica
2- Artrite reumatoide: sistêmica, autoimune, simétrica, deformante, com recidivas e
remissões, fenômeno de Raynaud. Ceratoconjuntivite sicca (ataque à gl lacrimal).
3- Síndrome Steven-Johnson: vesicobolhosa mucocutânea aguda grave, bolhas orais
e nasais e rash cutâneo. Reação de hipersensibilidade tipo III (Sulfa, AINE,
penicilina). Conjuntivite purulenta/membranosa/pseudomembranosa →úlcera de
cónea.
4- Sífilis adquirida: DST, ulceras indolores, linfedema, rash máculo papular em tórax,
palma e planta, manchas nas mucosas, pode levar a meningite, hepatite e nefrite.
Neurorretinite, uveíte posterior.
5- Eczema atópico (dermatite): dermatológica, idiopática, familiar, associada à asma,
prurido intenso, pápulas eritematosas secas. Ceratocone.
6- Síndrome de Reiter: artrite reativa, HLA B27, após disenteria ou atividade sexual,
assimétrica, ulceras orais. Uretrite + artrite +Conjuntivite
7- Leucemia: neoplasia hematológica, anemia, palidez, câncer mais comum na
infância, trombocitopenia, petéquias e equimose, dispneia aos esforços. Hemorragia
retiniana (discrasia sanguínea)
8- AIDS: DST, amamentação, linfocitos T CD4, imunossupressão, infecções
oportunistas, tumores (sarcoma Kaposi, linfomas, carcinomas céls escamosas).
Maior Risco: CD4 baixo; Manifestação mais comum: microvasculopatia da retina-
manchas algodonosas (isquemia fibras nervosas retina); Infecção mais comum: CMV
– retinite necrotizante; Retinite CMV: áreas brancas de necrose retiniana com
hemorragia; Neoplasia mais comum periocular: sarcoma de Kaposi (pele>conjuntiva)
9- Doença de Graves: perde peso, taquicardia, tremor fino, irritabilidade, eritema
palmar, função tireoidiana. Proptose (ataque à musculatura extrínseca – restringe o
movimento)
10- Amiodarona e desetilamiodarona: Glândula lacrimal metaboliza e excreta –
deposita na córnea. Ceratopatia Verticillata
11- Cloroquina e hidroxicloroquina: Afinidade seletiva pela melanina (coroide, corpo
ciliar e epitélio pigmentar da retina). Maculopatia à longo prazo.
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TRAUMA OCULAR
Qualquer estrutura, qualquer segmento do olho pode ser comprometido pelo trauma.
Pode ser por bolada, graveto…
Caso 1: paciente de 15 anos com trauma por lapis. Lesou a córnea, o cristalino, perdeu a visão.
Perfurou a córnea e chegou ao cristalino, formou uma catarata e sofreu alteração na íris.
Caso 2: laceração lamelar da pálpebra ao pregar um prego (o prego foi e voltou).
Introdução
o Importante causa de morbidade na população - Por isso é tão importante a prevenção.
o De acordo com a OMS, ocorrem, por ano, cerca de 55 milhões de traumatismos oculares
que restringem as atividades por pelo menos um dia – Gera impacto na economia, na
situação familiar (maioria adulto jovem).
o 750.000 necessitam de hospitalização/ano
o Isso gera enormes custos de tratamento e ônus social.
o O trauma ocular atinge a faixa etária mais produtiva da população – Adultos jovens,
pessoas ativas no mercado de trabalho.
o Muitas vezes o trauma incapacita e pode resultar em aposentadoria por invalidez em
indivíduos jovens - Por exemplo: motoristas
o Há uma predominância do trauma ocular em homens - 72 a 95%.
o No mundo, por lesões traumáticas do globo ocular, há em torno de:
- 1,6 milhões de cegos (bilateral).
- 2,3 milhões de indivíduos com baixa acuidade visual bilateral.
- 19 milhões com cegueira ou visão baixa unilateral.
Ou seja: traz impacto social, familiar, econômico, prejudica sonhos e anseios individuais e
familiares.
Térmico
Trauma ocular Químico
Trauma aberto
Mecânico 29
Trauma fechado
Luiza Miossi 2019/1
Ruptura Penetrante
Trauma aberto
Laceração Perfurante
CE intraocular
Mecânico
• Trauma Fechado
o Contusão (ex: bola de tênis, soco, bola de futebol)
- Hemorragia Subconjuntival
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Luiza Miossi 2019/1
- Descolamento de Retina e/ou Coróide (fazer fundo de olho. É urgência tem que operar.
O descolamento de retina pode ser espontâneo, principalmente em pacientes míopes
acima de 4 graus, em que tem um defeito na periferia da retina, não aderindo
corretamente na coróide)
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Luiza Miossi 2019/1
o Laceração lamelar
Linha cinzenta: separa a lamela anterior e a lamela posterior. Tem que juntar a
linha cinzenta para não gerar deformidades.
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• Trauma Aberto
Caso 1: prego entra, perfura a córnea e o cristalino e chega à retina. Tem que
fazer vitrectomia para retirar o corpo estranho, é uma cirurgia de urgência.
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Queimadura química
• 85% dos casos de queimadura
• Álcalis; ácidos
• Álcalis: pior prognóstico!!!!
- cal (campo de futebol); concreto; amônia; soda cáustica.
- Tratamento:
Imediato; lavagem copiosa (mínimo de 1l e tempo de 30 min); antibióticos pomada; curativo e
encaminhar ao oftalmologista.
Lavar com soro para acabar com a possibilidade de permanêcia da substancia.
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Luiza Miossi 2019/1
- Dependendo do caso, há alternativas para fazer, como membrana amniótica para facilitar as
células pluripotentes, para reconstruir o tecido escleral e o tecido corneano; às vezes existe
possibilidade de realizar transplante. Estudar cada caso.
Queimadura térmica
• 15% das queimaduras
• Água fervendo; fumaça quente; ponta de cigarro - Ceratopatia/Ceratite pelo calor,
desepitelização da córnea.
• Leva também a lesões palpebrais
• Geralmente acomete necrose do epitélio corneano - o epitélio fica todo danificado
• Ceratite por raios ultravioleta - exposição acentuada (muito tempo no sol, laser.
Vendedor de praia)
Urgências/Emergências Clínicas
• Uveítes (mais rara)
• Glaucoma Agudo (tem aula específica)
• Conjuntivites/Ceratites (tem aula específica)
• Celulite orbitária
• Dacriocistite Aguda
o Dacriocistite Aguda
- Relembrando a drenagem lacrimal: ponto lacrimal inferior, ponto lacrimal superior →
canalículo inferior, canalículo superior → canalículo comum → ducto nasolacrinal →
meato inferior.
- Produção da lagrima: glândula lacrimal, células caliciforme, glândula de Meibomio.
- É a infecção do saco lacrimal.
- Geralmente secundária á obstrução do ducto nasolacrimal – tem que ter fluxo, se há
estase, a bactéria prolifera, gerando infecção.
- A maior frequência de agente etiológico é estafilococo.
- Edema, dor e hiperemia.
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- Pode evoluir pra celulite orbitária, porque está muito próximo ao assoalho orbitário.
- Tratamento com antibiótico e compressa morna e drenagem.
o Celulite Orbitária
- Infecção dos tecidos moles atrás do septo orbitário.
Existe a celulite pré-septal (antes do septo orbitário. Quando invade a membrana, rompe
o septo e invade a órbita)
-Geralmente tem febre, restrição da motilidade ocular (o cone muscular vem da órbita
para o olho – compromete os movimentos).
TRATAMENTO:
- Hospitalização (multidisciplinar: avaliação oftalmológica; otorrino; neuro e clínica).
- Investigação:
Hemocultura; TC de órbita, seios da face e cérebro.
Punção lombar quando aparece sinais meníngeos e cerebrais
Órbita infeccionada pode levar à proptose
- Antibióticoterapia:
Ceftazidime 1 g iv + Metronidazol oral (anaeróbios)
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Recapitulando:
O trauma ocular pode provocar vários acometimentos do globo ocular: descolamento de retina,
descolamento de coroide, resseção do ângulo, iridodiálise, quebra do assoalho orbitário, ruptura
da zônula do cristalino, sangramento...
Caso: visão embaçada após um tapa no rosto. Observa um pequeno sangramento, que
reabsorveu e no retorno em 15 dias, já apresentava melhora da visão.
Casos clínicos:
1-
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Luiza Miossi 2019/1
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Luiza Miossi 2019/1
CATARATA
• Cristalino
• Esferóide, assimétrica e achatada nos polos.
• Não possui nervos (diferentemente da córnea), vasos sanguíneos ou tecido conectivo.
• Cápsula, Epitélio (onde são fabricadas as fibras) e Fibras do Cristalino (proteínas, lipídeos e
fosfolípideos).
• O Núcleo é subdividido em 4 regiões: Embrionário, Fetal, Infantil e Adulto. Conseguem ser
diferenciados durante a cirurgia.
• Córtex localizado mais na periferia (composto por fibras secundárias)
Essa anatomia permite a transparência do cristalino, qualquer defeito, qualquer opacidade é
definida como catarata.
• Introdução
• 39 milhões de pessoas cegas no mundo (acuidade visual ≤ que 20/400 no pior olho).
• A catarata responde por 41% a 74% dos casos na América Latina.
• A catarata é a maior causa de cegueira reversível em todo o mundo.
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Operando, o paciente reestabelece a visão, considerando que não tenha outras comorbidades,
como retinopatia diabética, retinopatia hipertensiva, glaucoma...
O glaucoma é a primeira causa de cegueira irreversível
• Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), existem, no Brasil, 350 mil pacientes
acima de 50 anos que estão cegos devido à catarata, sendo que, em 95% destes casos, a
cegueira pode ser eliminada.
A incidência é muito alta no nosso país.
• Segundo a OMS, a incidência mundial de catarata é estimada em 0,3% ao ano. Isso
representaria, no Brasil, cerca de 550.000 novos casos de catarata por ano.
• O aumento gradual da expectativa de vida provocou consequente aumento da prevalência
dessa enfermidade nas últimas décadas.
• Sua prevalência foi estimada em 2,50% entre 40 e 49 anos, 6,80% entre 50 e 59 anos, 20,0%
entre 60 e 69 anos, 42,8% entre 70 e 79 anos e 68,3% em maiores de 80 anos.
Conforme vai envelhecendo, aumenta a prevalência da catarata.
• Causas/fatores de risco
• Idade ≥ 50anos;
Existe uma desnaturação das proteínas do cristalino e vai formando opacidade
• Tabagismo: mais consistente - nuclear e subcapsular posterior / maços por ano (dose-
dependente)
• DM: alterações metabólicas ligadas à via do sorbitol com produção de radicais livres e dano
oxidativo.
• Exposição a luz ultravioleta B (UVB): o efeito cumulativo e contínuo da luz UVB - dano oxidativo
- catarata cortical.
O sol é o principal: a luz precisa passar pela córnea, pelo cristalino, então ficamos muitos anos
recebendo radiação UV.
• Miopia
Geralmente apresenta mais que o paciente emétrope
• Uso de corticoides: vias de administração (tópico, sistêmico, inalado), alta dose e tempo
prolongado - catarata subcapsular posterior
Pra que tem doença reumatológica, doenças pulmonares que precisam usar o corticóide.
Pacientes jovens, inclusive.
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• Classificação/tipos de catarata
De acordo com a idade de início:
Pode apresentar em qualquer idade, apesar da mais comum ser a catarata senil
• Congênita
• Infantil
• Juvenil
• Adulta
• Relacionada à Idade
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Luiza Miossi 2019/1
Classificação de Locks
É a mais usada no mundo.
Grau 1 as vezes nem opera ainda, grau 4/5 geralmente tem acuidade visual muito ruim, então
tem que operar.
É uma classificação subjetiva da biomicroscopia – pode ter erro de classificação
Tomografia é uma classificação objetiva. Na hora de operar é diferente, tem que ter classificação
adequada.
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Luiza Miossi 2019/1
• Diagnóstico
Exame de Biomicroscopia Ocular - Lâmpada de Fenda. É um diagnóstico fácil.
• Cirurgia de catarata
• Inovação: É uma das cirurgias mais realizadas no mundo.
• Desenvolvimento de lentes intraoculares: monofocais, multifocais e tóricas; acrílica, silicone e
pmma.
• Evolução dos aparelhos de Facoemulsificação
O Mercado das lentes é muito grande na oftalmologia, podendo chegar a 8, 10 mil.
É a cirurgia mais eletiva realizada no mundo (talvez queria dizer que é a cirurgia eletiva mais
realizada no mundo)
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Luiza Miossi 2019/1
Cirurgia: introduz alguns insumos para ampliar a câmara anterior para poder trabalhar → faz
uma incisão → Separa o córtex do cristalino → Entra com a caneta de faco e começa a “aspirar”,
quebra o núcleo → Indroduz a lente dobrada e vai abrindo dentro do olho.
• Conduta na endoftalmite
• Identificar os organismos causadores: amostras do humor aquoso e humor vítreo
• Antibióticos intravítreos: Amicacina ou Ceftazidima (Gram +;-) e Vancomicina (coagulase
negativos e positivos)
• Em alguns casos lavagem de CA e Vitrectomia
• Colírios fortificados, atropina 1%, corticoides tópicos
• Catarata congenital
• Ocorre em aproximadamente 3:10.000 nascidos vivos
• 2/3 dos casos são bilaterais
• O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível para evitarmos a ambliopia.
Ambliopia: não desenvolvimento da visão. Conforme a criança nasce e vai crescendo, o olho
precisa ser estimulado, retina precisa ser estimulada, as células fotorreceptoras (cones e
bastonetes) precisam ser estimulados para ter amadurecimento. Se houver alguma “cortina”,
opacidade, não vai receber luz, as células não vão se desenvolver, maturar. Então ocorre a
ambliobia. O olho, anatomicamente é normal, mas não consegue interpretar, não manda a
imagem para o cérebro, porque as células fotorreceptoras, as mais especializadas da retina, não
foram estimuladas.
Importante: fazer teste do olhinho em todos os RN. Se perceber alguma alteração no olho, tem
que encaminhar o paciente.
Catarata Congênita
Caso 1
Homem, negro, 60 anos, relata “visão turva” em ambos os olhos há 8 meses evoluindo
progressivamente com piora principalmente em olho direito. Nega uso de colírios. Nunca
procurou médico oftalmologista.
HAS e DM presentes. História de Familiar de Glaucoma. Tabagismo.
Ao exame oftalmológico:
Acuidade visual s/c OD 20/400 e OE 20/100
c/c OD 20/200 (-4.00 esf) e OE 20/40 (-3.00 esf) - miopia
Biomicroscopia: Pálpebras; conjuntivas, córnea sem alterações em ambos os olhos.
Catarata Nuclear 1+ em ambos os olhos
Tonometria: 20/18 mmHg às 10h
Conduta?
Fazer Fundo de Olho: Glaucoma avançado. – Nervo totalmente escavado, com perda da função
neural, tortuosidade vascular…
A catarata 1+ possivelmente não justifica a visão 20/400.
Caso 2
Homem, 52 anos, relata “visão com névoa” em ambos os olhos há 3 meses evoluindo
progressivamente com piora principalmente em olho direito. Nega uso de colírios. Nunca usou
óculos, somente para perto, porém não precisa mais (sic).
HAS e DM presentes. História de Familiar de Glaucoma. Tabagismo.
Ao exame oftalmológico:
Acuidade visual s/c OD 20/200 e OE 20/60 (sem melhora com refração)
Biomicroscopia: Pálpebras; conjuntivas, córnea sem alterações em ambos os olhos.
Catarata Nuclear 2+ em OD e 1+ em OE
Tonometria: 12/14 mmHg às 10h
Fundo de Olho: Normal em ambos os olhos
Diagnóstico?
Catarata nuclear em ambos os olhos
Definição?
“Qualquer opacidade ou perda da transparência do cristalino que afete a acuidadade visual é
definida como Catarata.” (Organização Mundial da Saúde, OMS)
Paciente realizou a cirurgia de catarata em OD.
Após 5 dias vem com queixa de dor importante associado a baixa de visão em OD, com
presença de hipópio na câmara anterior.
Hipótese diagnóstica?
Endoftalmite
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Luiza Miossi 2019/1
OBS:
Tonometria: pressão no olho.
Tonômetro de Goldman: aplana a cornea e permite estimar a pressão (pressão=força/área). A
força que aplica na córnea e a area que vai aplicar vai dar a pressão.
Normal: 10 – 20 mmHg; mas consideram normal 12-14 mmHg.
O paciente pode ter 30 mmHg
Segue a regra do olho direito ser mencionado antes do esquerdo. Por Exemplo: 12/14 mmHg =
12 mmHg no direito e 14 mmHg no esquerdo.
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Luiza Miossi 2019/1
São as duas doenças mais prevalentes. São doenças sistêmicas que provocam alterações em
vários órgãos do organismo.
RETINOPATIA HIPERTENSIVA
• A retinopatia hipertensiva representa uma lesão de órgão-alvo da hipertensão.
Assim como pode levar ao IAM, ao AVC, pode gerar uma retinopatia hipertensiva
• Uma vez que alterações vasculares da retina costumam progredir de modo semelhante a
órgãos como cérebro, rim e coração, elas podem ser de parâmetro para estimar a situação
desses órgãos.
Por exemplo, se o paciente hipertenso tem uma nefropatia provavelmente tem uma
retinopatia porque a microcirculação é semelhante
• Clinicamente, pode-se dividi-la em formas crônica (decorrente da elevação persistente da
pressão arterial sistêmica) e aguda (secundária à elevação abrupta da pressão arterial).
Numa crise hipertensiva, numa urgência, se o paciente tiver alteração visual, provavelmente
ele terá um edema de papila.
• A coróide e o nervo óptico também podem ser acometidos, principalmente na forma aguda.
• Fisiopatogenia
• As alterações vasculares da retinopatia hipertensiva são consequência da lesão
hipertensiva direta e da arteriosclerose resultante.
• Inicialmente, ocorre vasoconstricção reflexa ao aumento pressórico.
• Se esse aumento persistir, pode ocorrer perda da barreira hematorretiniana (epitélio
pigmentar e vasculatura retinianos).
• Esse processo causa extravasamento (devido à quebra da barreira hematorretiniana) de
plasma e sangue, resultando em exsudatos duros, estrela macular e hemorragias em
“chama de vela” na camada de fibras nervosas. São alterações características da retinopatia
hipertensiva.
• O processo final envolve esclerose e obliteração do vaso (chamado de vaso fantasma – no
fundo de olho aparece como um vaso branco) por necrose fibrinóide. Os exsudatos
algodonosos resultam da isquemia de células ganglionares.
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• Fatores de risco
Os principais fatores de risco da retinopatia hipertensiva:
• raça negra
• idade acima de 60 anos
• PA não controlada.
• Hipertensos com PA não controlada têm 2 vezes mais chance de desenvolver sinais de
retinopatia (respondem por 25% dos casos).
Cerca de 90% dos casos ocorre em pacientes com HAS
• Sintomas
• Geralmente assintomática.
• Queixas oculares ocorrem apenas na vigência de complicações: Cefaléia, escotomas,
diplopia, borramento visual
• Tratamento/conduta
• Não há tratamento específico.
• Deve-se voltar a atenção para a normalização da PA, a fim de evitar progressão da doença
e melhorar as queixas visuais.
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RETINOPATIA DIABÉTICA
• A retinopatia diabética é a 3ª causa de cegueira em adultos no Brasil. A 1ª é glaucoma e a
2ª é DMRI (doença macular relacionada à idade)
A retinopatia diabética é mais grave que a hipertensiva.
Tanto no tipo 1 quanto no tipo2, há uma taxa alta de apresentações de sinais de retinopatia
diabética.
• É uma das complicações mais comuns da diabetes mellitus, encontrada, após 20 anos, em
mais de 90% no tipo 1 e em 50%-80% no tipo 2, tendo aumentado bastante a incidência com
o crescimento da expectativa de vida dos pacientes.
• As alterações vasculares da retina costumam progredir de modo semelhante em outros
órgãos como rim, coração e cérebro, de modo que a retinopatia tem correlação direta com a
sobrevida desses pacientes.
Então, é como a hipertensão: alteração no rim, provavelmente também tem alteração no
fundo de olho.
• Detecção precoce e tratamento adequado reduzem consideravelmente os casos de
cegueira.
Quanto antes diagnosticar, mais fácil de tratar.
Obs: As alterações são reversíveis? Não! Desde quando instaladas as retinopatias, não tem
como reverter, tem como controlar para evitar a progressão. A fisiopatogenia é quase a
mesma, com a quebra da barreira hematorretiniana com o extravasamento de liquido, mas a
diabetes é mais inflamatória e a hipertensão machuca mais o endotélio.
• Fisiopatogenia
• A hiperglicemia crônica desvia o metabolismo da glicose para vias alternativas, formando
fatores inflamatórios, trombogênicos e vasoconstrictores, além de aumentar a suscetibilidade
ao estresse oxidativo, resultando em oclusão e fragilidade vascular com perda de pericitos.
Fatores inflamatórios, trombogênicos, vasoccostrictores → estresse oxidativo → oclusão e
fragilidade vascular
• Esse processo de enfraquecimento dos capilares causa a quebra da barreira
hematorretiniana, o que possibilita formação de microaneurismas (achados mais precoces
da RD) e extravasamento de plasma para o interstício, resultando em hemorragias e edema
(na área principal da visão, que é a mácula).
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• Prevenção.
• O tratamento para RD mais eficaz é o preventivo, isto é, o controle rígido dos níveis
glicêmicos.
• Estudos mostraram que a manutenção de hemoglobina glicosilada em níveis inferiores a
7% está melhor relacionada a um melhor prognóstico.
• Cada 1% de redução da hemoglobina glicosilada reduz o risco de aparecimento da
retinopatia em 35% e de progressão em 39%.
Por isso a mudança de estilo de vida, tratamento multidisciplinar se fazem necessários para
o paciente não ficar cego. A partir do momento que esses sinais se apresentam na retina,
não é possível reverter. Pode lançar mão de algumas drogas que podem diminuir a
liberação de fatores, principalmente angiogênicos, que é a característica da retinopatia
diabética.
Fotocoagulação à laser: protegendo a retina dos sangramentos, consegue evitar a liberação
dos fatores
Mensagem final: as duas doenças mais prevalentes, sempre orientar o paciente quanto aos
níveis pressóricos, ao nível de hemoglobina glicada, que são interessantes para tentar
evitar, no futuro, perda visual importante. Estudar a fisiopatogenia, que são semelhantes,
mas apresentam o diferencial da angiogênese.
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Todo aluno de graduação vai se deparar com um caso desses na urgência, na emergência,
então é importante ter uma noção, saber o que pode ser uma conjuntivite, uma úlcera de córnea,
uma uveíte, um glaucoma agudo... às vezes tratam um, pensando em outro, podendo até deixar
o paciente cego.
Tem 5, 6, 7, 8 diagnósticos diferenciais
É importante realizar boa anamnese, e avaliar sinais biomicroscópicos em algumas situações.
• Introdução:
• O olho vermelho é uma das queixas mais comuns em oftalmologia.
• As causas de olho vermelho incluem desde condições:
- Sem nenhuma repercussão clínica e autolimitadas;
- Até condições associadas a doenças sistêmicas e com grande potencial de causar
sequelas.
• Pode-se evitar a progressão da doença quando pacientes com sinais de alerta são
identificados e encaminhados para avaliação e tratamento especializados.
• Conjuntivite
• Olho seco
• Alterações palpebrais
• Meibomite e Blefarite
Ex:
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Luiza Miossi 2019/1
O olho está muito inflamado, a íris está inflamada, a retina está inflamada, a coroide está
inflamada, então quando a luz tenta passar pelas estruturas, traz incomodo muito grande.
• O uso de lentes de contato: no contexto do olho vermelho e secreção, é sugestivo de ceratite
infecciosa, principalmente por pseudomonas.
Bactérias pseudomonas podem ficar alojadas nos estojinhos de lente de contato, podem causar
ceratite ou úlcera de córnea.
Atentar porque o olho vermelho pode estar associado com secreção.
• Dor: a dor ocular intensa é sinal de alerta para condições oculares mais graves (ex: uveíte,
glaucoma agudo).
Se tem dor, é sugestivo de córnea. Pode ser, também, porque a córnea é muito inervada.
• Hiperemia difusa: envolvendo conjuntiva tarsal e bulbar sugere conjuntivite. Por outro lado,
flush ciliar (perilímbico – limbo é entre a córnea e a esclera) é característico de condições mais
graves, como ceratite, uveíte, e glaucoma agudo.
• Hipópio: está associado à ceratite infecciosa (nos casos que perfura a córnea e o pus entra) ou
endoftalmite.
• Hifema: é um sinal de trauma ocular e deve ser avaliado por especialista em horas.
• Opacidade corneana: sugere ceratite infecciosa/úlcera de córnea.
• Vascularização – Dicas
• Verelhidão que aumenta ao afastar-se da córnea e se aproxima da região do fundo-de-saco
conjuntival: conjuntivites.
• Vermelhidão maior na região redor da córnea: úlceras de córnea, glaucoma agudo, uveítes
anteriores.
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Luiza Miossi 2019/1
Obs:
Precipitados ceráticos:
são macrófagos que
alojam o endotélio
corneano.
• Hemorragia subconjuntival
• Geralmente assintomática.
• Pode ocorrer espontaneamente ou à manobra de Valsalva (vômito,
espirro, tosse).
• Apresenta evolução benigna, com reabsorção do sangue em 1 a 3 semanas. Não necessita de
tratamento específico.
Pode usar um lubrificante, um anti-inflamatório, uso de sintomáticos.
• Se for recorrente ou houver história de sangramentos ou uso de anticoagulantes, deve-se
investigar coagulopatias.
Encaminhar ao hematologista.
• Glaucoma agudo
A hiperemia é mais pericerática
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Luiza Miossi 2019/1
• Uveíte anterior
Hiperemia pericerática, perilímbica
• É a inflamação da úvea anterior (íris e corpo ciliar).
Existem uveítes: anterior, intermediária (só do corpo ciliar), posterior e panuveíte.
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A anterior é mais por doença reumatológica; posterior é mais comum por toxoplasmose.
• Na maioria das vezes a uveíte anterior está associado a uma condição autoimune, podendo
também ser infecciosa ou traumática.
• Há dor ocular intensa, acompanhada de BAV (baixa acuidade visual) e hiperemia pericerática.
• Conduta: investigar doença de base (infecciosas e autoimunes).
Série de exames para determinar a causa da uveíte anterior.
• Esclerite
A esclera fica mais abaulada, o vermelho é quase roxo,
ela vai afinando pelo processo inflamatório.
• É a inflamação da esclera.
• A maioria dos casos não é infecciosa, entretanto, pseudomonas e aspergilos podem causar
doença severa, de difícil tratamento.
• Em até 50%, há associação com doenças sistêmicas, geralmente colagenoses, sendo a artrite
reumatoide responsável por até 33%.
• A forma necrotizante apresenta alta incidência de perda visual.
Apresentam diversas classificações. Pode ser necrotizante, o processo inflamatório é tão grande
que existe uma necrose da esclera, o olho perfura, pode levar à cegueira.
• Conduta: Deve-se investigar doença sistêmica.
Muitas vezes a primeira manifestação das doenças sistêmicas podem ser o olho vermelho.
• Úlcera de córnea
• Conjuntivites
-Viral: Secreção mais aquosa, mais límpida. Tem uma quemose, inflamação, edema
subconjuntival.
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OLHO SECO
- Está acontecendo muito pela mudança de hábitos diários, com introdução de smartphone, de
tecnologias, do ar-condicionado. Os fatores ambientais acabam produzindo uma mudança na
fisiologia da lágrima o que acarreta sintomas, como queimação, ardência, sensação de areia,
lacrimejamento (sintomas do paciente com olho seco).
• Introdução
• Visitas mais comuns na prática clínica oftalmológica.
Paciente relata esses sintomas de olho seco, ardência, lacrimejamento. Após 10 horas na frente
do computador, chega ao final do dia com o olho cansado, vermelho
• Estudos epidemiológicos nos EUA, estima-se que a prevalência clinicamente diagnosticada de
Olho Seco é de 0,4-0,5% no total.
No consultório é uma das visitas mais frequentes e vem aumentando.
• O diagnóstico é subestimado, logo há estudos que mostram que esta doença acomete de 15 a
40% da pop. em geral.
• Mais comum em mulheres e adultos acima de 40 anos.
Tem a questão hormonal também.
• Conceitos
• Unidade funcional lacrimal
Essas estruturas têm que estar em harmonia, para dar estabilidade ao filme lacrimal na
superfície do olho. Se em desarmonia, aparecem os sintomas.
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Luiza Miossi 2019/1
2- Uma camada interna mais espessa contendo muco diluído que se vai se concentrando
em direção ao epitélio.
A lagrima não é só para chorar, ela tem algumas outras importâncias como, junto com a córnea,
ser o principal poder refrativo do olho. Paciente vai operar Lasik, que é um a cirurgia refrativa
para tirar os óculos, vai pagar particular, mas não vai adiantar nada pagar se não tiver
estabilidade do filme lacrimal. O mesmo vale para uma cirurgia de catarata, mesmo com a
melhor lente.
Antigamente, acreditava-se que a lágrima era composta por três camadas: uma lipídica, uma
aquosa e uma de mucina. Atualmente, sabe-se que a camada aquosa e a de mucina se
misturam, mas a maior concentração de mucina está perto do epitélio, para ter uma aderência. A
camada lipídica é responsável por evitar a evaporação, para a proteção da lágrima.
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Luiza Miossi 2019/1
O normal é não lacrimejar, é a lagrima ficar estável no epitélio da córnea, sendo o glicocálix
responsável por essa aderência.
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Luiza Miossi 2019/1
• Definição
“É uma doença multifatorial das lágrimas e da superfície ocular que resulta em desconforto,
distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal, com dano potencial à superfície ocular.”
DEWS, 2007.
Pacientes com olho seco grave, podem apresentar úlcera de córnea, ceratite...
• Osmolaridade
• Quando a proporção entre a água e os sais na película lacrimal é a mesma que dentro das
células = sistema está em “estado isotônico”.
Osmolaridade é o equilíbrio entre eletrólitos e água e se há desequilíbrio, a célula fica
hipertônica, o epitélio perde água, diminui de tamanho e deixa de funcionar adequadamente.
Com isso, existe menor aderência entre o filme lacrimal e a superfície do olho
• Desequilíbrio entre a proporção de água e sais = o ambiente das células se torna hipertônica =
OLHO SECO
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Luiza Miossi 2019/1
• Fisiopatogenia – Hiperosmolaridade
Lembrar que a córnea é avascular, mas é super inervada. Tem uma sensibilidade muito grande
por ter uma inervação muito grande.
Causa
Inflamação da superfície ocular Olho Seco
Consequência
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Luiza Miossi 2019/1
• Sintomas
• Ressecamento;
• “Irritação” com leitura, computador, vento e ar condicionado;
• Cansaço visual;
• Vermelhidão;
• Ardor;
• Sensação de Areia;
• Queimação;
• Fotofobia;
• Flutuação da Visão;
• “Piscar muito” – é um reflexo para haver mais produção da lágrima. Ao piscar, protege e
homogeniza a superfície do olho e manda mensagem para a glândula para produzir mais
lágrima.
• Sinais – biomicroscopia.
• Hiperemia conjuntival
• Ceratite punctata (fenda palpebral)
• Filamentos
• Afinamento corneal periférico (inferior)
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Luiza Miossi 2019/1
Ceratite Neuroparalítica
Primária Secundária Doença Lentes de Contato
lacrimal Paralisia do VII par
PósLasik
ocorrência de características de SS
olho seco primária associadas Secundária
acompanhado de à evidência de outra Primária
boca seca na doença autoimune
presença de do tecido conectivo
autoanticorpos, HIV
evidência de Enxerto vs Hospedeiro
Alacrima
secreção salivar Sarcóide
AR, LES, Weg, congênita
reduzida e Xeroftalmia
Esclerose Múltipla, DLP
biópsia de Ablação
Cirrose Biliar Primária
glândulas
salivares
menores positiva.
Existem diversas doenças que podem provocar a síndrome da disfunção lacrimal. A Síndrome
de Sjogren (SS) é a principal, sendo que existe SS primária e secundária. A secundária está
relacionada a alguma doença, como artrite reumatoide, lúpus, esclerose. É muito comum nos
pacientes da dermatologia, da reumatologia.
A paralisia do VII par altera o piscar.
Pós Lasik, ao cortar a córnea, corta a inervação, não manda mensagem para a glândula lacrimal
(não tenho certeza) e produz menos lágrimas
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Luiza Miossi 2019/1
Relacionado às pálpebras
Primário Secundário
Xeroftalmia
Anormalidades da piscada
Anormalidades da abertura
Glândulas Blefarite ocular
ausentes DGM Incroguência da superfície
Distiquíase Obstrutiva ocular
Mais relacionada à perda lipídica, da camada fininha da lágrima. Por exemplo, a blefarite,
infecção estafilocócica da pálpebra promove uma diminuição da camada lipídica, promovendo a
maior evaporação e maior instabilidade do filme lacrimal.
Com a introdução de novas drogas, alguns efeitos colaterais de medicamentos podem provocar
sintomas de olho seco.
Outra causa também é a questão ambiental de ar condicionado, poeira, vento, poluição, que
acaba trazendo mais instabilidade lacrimal.
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Luiza Miossi 2019/1
• Teste de Schirmer
• Teste quantitativo, avalia diretamente a secreção das glândulas lacrimais (camada aquosa)
É o primeiro teste que faz.
Coloca uma fitinha no canto temporal da pálpebra e espera 5 minutos. Se a lagrima percorrer 15
mm, é uma produção normal. Se não chegar nem a 5mm, é uma produção insuficiente. Tem
paciente que não corre nada, não tem produção de lágrima, por exemplo em paciente
autoimune.
• Fluoresceína
Realizado com um colírio laranja. Observar se a lágrima está toda “preenchida” na córnea.
Observa-se “pontinhos”. Como pode provocar danos à superfície, pode desenvolver uma
ceratite, uma inflamação do epitélio. Não tem microvilos, não tem glicocálix. Acaba trazendo dor
ao paciente.
• Rosa bengala
Pinga o colírio, que impregna nas áreas desepitelizadas da córnea ou vai corar as células
caliciformes na conjuntivas que produzem mucina e estão mortas (as células desvitalizadas).
• 0: não cora
• 1: ponto
• 2: coalescentes
• 3: placas
• Lissamina verde
• Meibomiografia
A Meibomite é muito comum. Existe um orifício saída da glândula de Meibomio, que está
entupida. É uma inflamação da glândula de Meibomio. Existe produção inadequada da
camada lipídica. A glândula é vertical, em alguns lugares, não consegue ver.
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Luiza Miossi 2019/1
• Inflammadry
• Matrix metalloproteinase 9
• MMP-9 é uma enzima proteolítica originada das células epiteliais “estressadas” na superfície
ocular.
Quando há desequilibro, um estado hiperosmolar, essas células epiteliais ficam estressadas,
perdem água e liberam uma enzima, a MMP-9.
É muito específico.
• Tratamento
Existe uma gama de tratamento, por isso é importante estadiar (não vai entrar em detalhes na
aula).
Tem que tentar substituir a lágrima.
Hoje há uma gama de colírios lubrificantes, cada um com uma particularidade, visando substituir
a lágrima, porém, não tem a composição do filme lacrimal, então é como “tampar o sol com a
peneira”.
• Suporte Geral
• Lubrificantes
Varia para cada tipo de olho seco. Se meibomite, blefarite, usa um lubrificante mais oleoso, se
deficiência na produção da lágrima, usa um mais aquoso. Mas cada paciente tem uma reação.
• Oclusão do Ponto Lacrimal
Um pedaço de silicone ocluindo o ponto lacrimal inferior, que é responsável por 70% da
drenagem da lágrima, permitindo que ela permaneça por mais tempo no olho.
• L.C.T.
• Ciclosporina Tópica
Imunumodulador que tenta aumentar a produção da lágrima.
• Suplemento Alimentar com Ômega-3
• Soro Autólogo
Em alguns raros casos. Colhe o sangue do paciente, separa o soro e o plasma. Vai ter
composição muito semelhante à lágrima.
• Cirurgias de superfície
Em últimos casos, quando tem danos à superfície ocular, alteração na córnea, ceratite grave,
úlcera grave. Consegue fazer membrana amniótica, transplante conjuntival.
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Luiza Miossi 2019/1
Lembrando que é um diagnóstico difícil de ser feito e ninguém dá muito valor, mas tem
aumentado a frequência, pela mudança dos hábitos: introdução do smartphone, alteração do
piscar, uso de computador, ar condicionado.
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Luiza Miossi 2019/1
GLAUCOMA
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Luiza Miossi 2019/1
1- Glaucoma congênito
2- Glaucoma inflamatório
3- Glaucoma relacionado ao cristalino – Facolítico e facomórfico.
O cristalino cresce tanto que empurra a íris formando glaucoma secundário.
4- Glaucoma traumático
Após trauma o ângulo da drenagem fica defeituoso.
5- Glaucomas secundários – Doenças sistêmicas: Tumores, Fístulas carótido-cavernosas
Lembrar que o humor aquoso é drenado pelas veias episclerais, que tem contato com o
sistema arterial e venoso sistêmico
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Luiza Miossi 2019/1
• Miopia - Olhos míopes são mais susceptíveis a dano no NO induzido pela PIO.
É característica do míope ter mais fragilidade da retina, das fibras nervosas, das células
ganglionares. Existe mais dano.
• Doença Retiniana - OVCR e Retinose Pigmentar.
• GPAA – Definições
• Clínica: O Glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva com dano estrutural característico
que é frequentemente acompanhado por um defeito no campo visual.
Existe lesão no nervo que reflete na campimetria computadorizada.
• Biológica: A neuropatia óptica glaucomatosa resulta de mudanças fisiopatológicas específicas
nos axônios das células ganglionares, também conhecidas como fibras do nervo óptico.
A pressão intraocular, a má perfusão, acabam atrapalhando, diminuindo, gerando morte e
trazendo comprometimento no campo visual do paciente.
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Luiza Miossi 2019/1
• Fisiopatogenia
A morte das células ganglionares da retina e a perda das fibras nervosas: ou pelo aumento da
pressão intraocular ou pela má perfusão da cabeça do disco óptico. Leva a mudanças estruturais
específicas na aparência do disco na camada de fibras nervosas, resultando em sinais
oftalmoscópicos e mudanças funcionais. Então, a mudança estrutural anatômica leva a um
comprometimento visual.
As fibras nervosas têm um direcionamento, conforme vai mudando estruturalmente o nervo, vai
diminuindo (não entendi direito o que ele disse) das fibras nervosas, gerando comprometimento
do campo visual
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Luiza Miossi 2019/1
- Relações escavação/disco
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Luiza Miossi 2019/1
Existe, também, uma reação entre o nervo e a escavação. Artérias e veias emergindo da
artéria central e da veia central, do nervo óptico. Quando há desestrutura, deformidade,
diminuição das fibras, acontece um buraco, uma escavação.
Perdas das células ganglionares, mudança estrutural, que vai mostrar uma escavação
aumentada.
Alguns pacientes têm essa escavação aumentada, mas fisiológica. Outros, têm essa
escavação aumentada, mas com quebra da regra ISNT. Tem que analisar o conjunto.
Os pacientes míopes têm escavação aumentada, mas não necessariamente têm glaucoma.
É um pior prognóstico. O
paciente que apresenta esse
fundo de olho, com escavação
aumentada, perda da regra ISNT,
atrofia coriorretiniana, alteração
hemorrágica do nervo óptico
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Luiza Miossi 2019/1
• Fisiopatologia
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• Descobrir a PIO “alvo”; diminuir 30% da PIO para reduzirmos o dano glaucomatoso.
O paciente deve reduzir essa pressão em 30%, caso contrário pode haver perda da visão em 5
anos.
• Paquimetria
• É a medida da espessura central da córnea.
Existem córneas muito finas, córneas muito grossas, córneas finas com consistência de ferro,
córneas muitos grossas com consistência de isopor.
Antigamente, pacientes com córneas finas deixaram de ser tratados, uma vez que se entendia
que a córnea muito fina tinha pressão menor e a córnea grossa a pressão é maior, mas não se
conhecia a viscoelasticidade da córnea.
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• Campo Visual
• Qual a importância do CV?
a) Importante no diagnóstico e acompanhamento do paciente;
b) Embora um campo visual seja normal, não se pode excluir o diagnóstico de glaucoma. É
preciso 20% de morte das células ganglionares para aparecer defeito no CV.
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A partir do momento que há defeito estrutural com diminuição das fibras nervosas, há diminuição
do recebimento da luz na retina, gerando um campo de visão tubular, não enxergando a
periferia.
É importante para avaliar a evolução. Se houver progressão, tem que intervir ou com mais
drogas ou cirurgicamente.
• Tratamento
1) Medicamentoso / Colírios
• Beta-bloqueadores;
• Adrenérgicos (T.Brimonidina);
• Inibidores da Anidrase Carbônica;
• Prostaglandinas
Drogas: algumas diminuem a produção do HA, outras aumentam o escoamento do fluxo do HA
no seio camerular, pode ter sinergismo entre uma droga e outra.
Começar com uma droga, se não houver melhora, acrescentar uma segunda droga. Se não
melhorar, acrescenta uma terceira. Se nem assim melhorar, pode ser necessário ir para a
cirurgia.
- Lembrando da terapia-alvo; reduzir 30% da PIO base
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2) Trabeculoplastia à laser
• Pequenas queimaduras de laser de argônio ou diodo para aumentar o fluxo de drenagem e
reduzir a PIO.
Abrir um “viaduto”, flui mais pelas trabéculas.
3) Cirurgia
Atualmente há um stent. Coloca espécies de tubos no seio camerular em 360º. Alguns estudos
mostram que não tem tanta eficiência, outros acreditam que tem
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Esse glaucoma tem muita relação com a anatomia da íris, do seio camerular. Observa-se que
pode evoluir com toque íris-cristalino, que provavelmente evolui porque o HA não consegue
passar pelo seu caminho. Vai aumentando e ocorre contato da íris com a córnea. A relação entre
a íris, o cristalino e a córnea é bem próxima. É uma característica anatômica.
• Fisiopatogenia
a) Bloqueio pupilar
b) Íris em bombé
c) Contato iridocorneano
O paciente chega vomitando, com muita dor. Algumas situações podem ocorrer evisceração
espontânea.
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Pilocarpina é um miótico. Ela atua na musculatura, fazendo com que a íris retorne.
Normalmente o paciente chega com PIO de 50 mmHg, sendo o normal 10 – 14 mmHg, por isso
é importante usar o hipotensor.
Vídeo sobre sinais oftalmoscópicos: No exame de fundo de olho. Observa-se uma má perfusão
da cabeça do nervo óptico, aumento da pressão do olho. Inicia alteração estrutural do NO. Essa
mudança ocorre por perda das fibras nervosas, das células ganglionares. Aumento da
escavação. No campo visual, a luz não funciona nessa região. Começa a ter perda da rima, com
isquemia da região. A pressão alta “machuca” essa região. Hemorragia do nervo óptico, Sinal de
Hoyt (esses nos casos mais avançados).
Na escavação aumentada, percebe-se que os vasos sanguíneos mudam de local. Consegue ver
com retinografia seriada.
Com maior perda estrutural, maior perda do campo de visão.
A mudança estrutural leva a uma mudança funcional do nervo.
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CONJUNTIVITE
Anatomia da conjuntiva
• Função: Proteção; Imunidade; Produção_ lágrima
• A conjuntiva é uma membrana mucosa fina, protetora, vascular e transparente que recobre o
globo ocular
• Conjuntiva Bulbar, Palpebral (Tarsal) e Fórnix.
• A membrana conjuntival:
• Epitélio: 2 a 5 camadas.
• Estroma (substância própria) → tecido frouxo; composta superficialmente por uma camada
linfóide, formada a partir do 2 a 3 mês de vida, e profundamente por vasos linfáticos, vasos e
nervos.
• Linfócitos e outros leucócitos estão presentes, porém em maior número na região do fórnix.
• Vascularização:
• Arco arterial marginal – conjuntiva palpebal e fórnices superior e inferior.
• Artéria ciliar anterior (ramo da artéria oftálmica) – conjuntiva bulbar.
• Vasos linfáticos:
• Lateral – gânglio parotídeo.
• Medial – gânglio submandibular.
• Inervação:
• Conjuntiva bulbar – nervos ciliares longos
• Conjuntiva palpebral e fórnice superiores – nervo frontal e lacrimal
• Conjuntiva palpebral e fórnice inferiores – nervo lacrimal e infra-orbital (ramo maxilar)
• Glândulas:
• Células caliciformes (epitélio)
• Glândulas de Manz
• Criptas de Henle
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Inflamação da conjuntiva
Infiltrado celular, exsudação e vasodilatação → “vermelhidão ocular”
Avaliação Clínica
Para o diagnóstico das inflamações conjuntivais são importantes as seguintes características:
• Sintomas
• Secreção
• Reação conjuntival
• Membranas
• Linfonodopatias
• Sintomas:
• Inespecíficos: lacrimejamento, irritação, ardência e fotofobia.
• Dor e sensação de corpo estranho são sugestivas de envolvimento corneano.
• Prurido: está fortemente associada a conjuntivites alérgicas.
• Secreção:
• Aquosa: Exsudato seroso e lágrima proveniente da produção reflexa - mais comum em
conjuntivite viral e alérgica
• Mucosa: Típico da conjuntivite vernal e da ceraconjuntivite secca.
• Purulenta: Conjuntivite bacteriana aguda grave.
• Mucopurulenta: Infecções bacterianas leves e infecções por clamídia.
• Reação conjuntival
• Hemorragia subconjuntival: Geralmente ocorre em infecções virais.
• Edema (quemose): Fluído rico em proteínas, conjuntiva severamente inflamada.
• Fibrose: Pode ser um indício de tracoma.
• Reação Papilar
Papilas conjuntivais: representam uma hiperplasia do epitélio conjuntival, formando projeções,
com vaso central e um infiltrado difuso de células inflamatórias crônicas incluindo linfócitos,
plasmócitos e eosinófilos.
• Não é específica; menor valor diagnóstico
• Mosaico de pequenos pontos vermelhos poligonais
• Geralmente visualizadas no tarso superior
• Cada papila tem um ponto central vermelho
• Conjuntivite alérgica, uso de lente de contato
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• Reação Folicular
Folículos conjuntivais: São focos subepiteliais de tecido linfoide hiperplásico dentro do estroma
associado a vascularização acessória. (Pequenos nódulos linfáticos reativos).
• Lesões múltiplas pouca elevadas
• Assemelha a grãos de arroz
• Mais comum no tarso inferior e fórnix
• Circundado por pequeno vaso
• Muito associados à linfonodomegalia pré-auricular
• São encontradas em conjuntivites virais, por clamídia e tóxica
• Membranas
• Pseudomembranas → Exsudatos coagulados aderentes ao epitélio conjuntival. Causas mais
comuns: Adenoviral intensa e gonocócicas.
• Membrana Verdadeira → Necrose do epitélio conjuntival. As tentativas de retirada são
seguidas de descamação do epitélio e sangramento local. Causas mais comuns: S.pyogenes e
difteria.
• Linfadenopatias
• A drenagem linfática da conjuntiva converge para os gânglios pré-auricular e submandibular,
que corresponde a drenagem das pálpebras.
• As principais causas de linfadenopatias são infecções por vírus, clamídia e gonococo.
Conjuntivite viral
Infecção adenoviral
• A causa mais comum de conjuntivite
• 41 sorotipos; 19 podem causar conjuntivite
• Leve e assintomática; morbidade ocular significativa
• Período de incubação de 4 a 10 dias
• Após a instilação do quadro o vírus pode ser liberado por 12 dias
• Contágio: via respiratória ou secreções oculares
• Surtos são sazonais: Outono e Inverno
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Infecção adenoviral
• Febre Faringoconjuntival (FFC)
• Ceratoconjuntivite epidêmica (CCE)
Ceratite:
• Epitelial: 1 semana após os sintomas; melhora dentro de 2 semanas
• Subepitelial: Resposta imune ao vírus
• Estromais: se atenuam gradualmente por meses ou anos
• Tratamento: corticóides
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• Tratamento: destruição da lesão palpebral (seja por expressão ou excisão por lâmina).
Crioterapia ou cauterização.
Conjuntivite bacteriana
• Patogênese:
• Causa relativamente incomum, porém, presente!
• Fonte de infecção: contato direto; microrganismos presentes na conjuntiva e mucosa das vias
aéreas superiores
• Mais comum agente etiológico S. epidermidis, S. aureus, acometendo mais os adultos. H.
influenza (crianças)
• Autolimitada, raramente atinge a córnea - exceção N. gonorrhoeae e N. meningitidis
• Hiperemia acompanhada de secreção purulenta; formação de membranas ou
pseudomembranas
• Reação papilar e não folicular
• Tratamento Antibiótico
Conjuntivite gonocócia
• Hiperaguda (24h)
• DST (secreção genital-olho; secreção genital-mão-olho ou via canal de parto mãe-filho)
• N. gonorrhoeae (mais frequente) e N. meningitidis
• Secreção purulenta maciça, quemose e edema de pálpebra
• Pode ocasionar linfadenopatia pré-auricular e membrana
• Sem tratamento pode evoluir: ceratite – necrose corneal – perfuração
• Frequente infecção concomitante por Chlamydia
• Tratamento SEMPRE Sistêmico - Ceftriaxone 1g IM dose única
Comprometimento corneal - Ceftriaxone EV 1 g 12h/12h durante 3 dias.
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Tracoma
• Atinge 400 milhões de indivíduos no mundo; causada pelos sorotipos A, B, Ba e C
• Maior causa de cegueira prevenida no mundo
• Atinge mais pacientes em locais com higiene pobre e sem saneamento básico
• A mosca comum é o principal vetor mecânico no ciclo de infecção e reinfecção
• A principal forma de transmissão é a direta, de olho a olho, ou indireta, através de objetos
contaminados (toalhas, lenços, fronhas etc.)
• A transmissão só é possível quando existirem as lesões ativas, sendo maior no início da
doença, e quando existirem infecções bacterianas associadas.
• Sintomas iniciais: Hiperemia ocular, lacrimejamento e secreção mucopurulenta e importante
reação folicular → Conjuntivite folicular.
• Na fase mais tardia, os folículos do tarso superior involuem e deixam linhas cicatriciais → Linha
de Arlt e os folículos na região do limbo superior deixam as fossetas de Herbert.
• Tratamento: Higiene Pessoal; Eritromicina 250mg 4x 6 semanas ou Tetraciclina 4x 3 semanas
(uso tópico e sistêmico) ou Azitromicina oral 1g dose única.
Classificação dos estágios de tracoma segundo a OMS:
• TF: cinco ou mais folículos no tarso superior
• TI: inflamação tracomatosa difusa, envolvendo a conjuntiva tarsal, impedindo a identificação de
50% ou mais dos vasos tarsais profundos
• TS: cicatrização conjuntival tracomatosa
• TT: triquíase tracomatosa tocando a córnea
• CO: opacidade da córnea
Conjuntivite alérgica
• Rinoconjuntivite alérgica
• Ceratoconjuntivite vernal
• Ceratoconjuntivite Atópica
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Rinoconjuntivite alérgica
• Forma mais comum de alergia ocular e nasal
• Reação de hipersensibilidade a antígenos específicos presentes no ar
- Rinoconjuntivite alérgica sazonal: mais comum e mais branda; verão; “febre do feno” (principal
alérgeno do pólen)
- Rinoconjuntivite alérgica perene: sintomas ao longo do ano (outono); exposição maior à poeira
e alérgenos de fungo.
• Tratamento: anti-histamínicos e estabilizadores de mastócitos, corticoides. Olopatadina tem as
duas funções.
Ceratoconjuntivite vernal
• Processo Inflamatório bilateral
• Recorrente
• Mecanismos mediados pela IgE e pela imunidade celular têm importante papel.
• Afeta principalmente meninos e adultos jovens que vivem em clima quente e seco.
• 3/4 dos pacientes têm atopia associada e 2/3 têm história familiar positiva.
• Muitos deles desenvolvem asma ou eczema na infância.
• Início: após 5 anos; melhora na puberdade
• Maior incidência de Ceratocone, Degenaração Marginal Pelúcida e Ceratoglobo.
• Sintoma principal: PRURIDO INTENSO;
Lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo estranho, queimação e secreção mucosa e até
ptose.
• Nódulos limbares/pontos de Trantas
• Complicações:
• Úlcera em escudo / muco
• Pseudogerontoxo
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• Tratamento Geral
• Anti-inflamatórios; corticóides
• Estabilizadores de membrana mastócitos
• Anti-histamínicos
• Acelticisteína 0,5%
• Ciclosporina a 2%
• Imunomoduladores
Ceratoconjuntivite Atópica
• Condição rara; mas grave
• Afeta tipicamente homens jovens com Dermatite Atópica
• Quadro ocular semelhante a conjuntivite vernal
• Perdura por muitos anos e tem alto índice de morbidade visual
• Ceratopatia é a principal causa de alterações visuais. Defeito epitelial persistente e erosão
epitelial.
• Tratamento semelhante a Ceratoconjuntivite Vernal
Lembretes:
Conjuntivites alérgicas:
• Anti-histamínicos: bloqueio ods receptores H1 – atuam na fase imediata do processo
inflamatório. Emedastina (Emadine/Alcon) e levocabastina (Livostin/Novartis)
• Estabilizadores de membrana: estabiliza membrana do mastócito por bloqueio nos canais de
Ca, prevenindo a liberação de histamina e a ativação de enzimas de membrana, portanto
diminuindo a resposta inflamatória e a infiltração de eosinófilos, neutrófilos e linfócitos;
cromoglicato de sódio a 2 ou 4% (Cromolerg).
• Medicamentos de duplas ação: cetotifeno (octifen), a epinastina (relestat), a olopatadina
(patanol) e alcaftadina 0,25% (lastacaft)
• Corticóide: é bastante eficaz na redução de toda a cascata inflamatória do processo alérgico;
etabonato de loteprednol (Alrex ou Loteprol)
• Imunomoduladores: inibidores da calcineurina, ocorre através da inibição dos receptores de IL-
2 presente no linfócito T e responsáveis por sua ativação; Tracolimus pomada 0,1% e
ciclosporina.
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