Mediastino, Pericárdio e Coração
Mediastino, Pericárdio e Coração
Mediastino, Pericárdio e Coração
PERICÁRDIO
É uma membrana fibroserosa que reveste o coração e o início dos seus grandes vasos
(até o nível do ângulo do esterno – de Lowis). Existem um pericárdio fibroso externamente,
contínuo com o centro tendíneo do diafragma e com a camada adventícia dos grandes vasos,
unido ao esterno pelos ligamentos pericardicoesternais e às vísceras do mediastino posterior
por tecido conectivo frouxo. Internamente ao pericárdio fibroso existe o pericárdio seroso,
composto por duas lâminas, uma parietal (em contato com a face interna do pericárdio
fibroso) e uma visceral (epicardio) em contato com miocárdio. Essas lâminas são contínuas e
se refletem ao nível dos grandes vasos formando dois grandes seios: o seio transverso do
pericárdio (entre as grandes artérias e as grandes veias) e o seio oblíquo do pericárdio (entre
os pares de veias pulmonares direito e esquerdo). Esses recessos são muito importantes, pois
geram cavidades de fácil acesso sem gerar danos ao órgão. Dois terços do coração estão
situados à esquerda do plano mediano e está cerca de 45° em relação ao plano mediano
(numa visão superior). A irrigação do pericárdio se deve prioritariamente à artéria
pericardicofrênica (ramo da artéria torácica interna), porém possui contribuições menores das
artérias musculofrênicas, brênquicas, esofágicas, frênicas superiores e coronárias (apenas para
a lâmina visceral do pericárdio seroso). A drenagem venosa se deve principalmente às veias
pericardicofrênicas, porém possuem alguma contribuição da veia ázigo. A inervação do
pericárdio se dá pelos nervos frênicos (sensações álgicas), nervo vago 9função não bem
estabelecida) e tronco simpático (controle vasomotor). Existe uma questão embrionária para a
localização do nervo frênico (sompatico) junto às vísceras. Inicialmente o nervo frênico está
contido na membrana pleuropericárdica na região da parede lateral. Devido ao crescimento
rápido do pulmão, essa membrana pleuropericárdica se deslica da parede toráxica e fica
contida na região pericárdica. É importante salientar que a VCI é completamente envolvida
pelo pericárdio durante o seu trajeto rorácico. Assim, para expô-la, deve-se dissecar o
pericárdio. A inflamação do pericárdio (pericardite) aumenta o atrito entre as lâminas e pode
ser auscultada. Próximo ao 5ª ou 6ª EIC, junto ao esterno, encontra-se a área nua do
pericárdio, muito importante para procedimentos. A pericardite pode gerar um espessamento
do pericárdio fibroso e levar a uma condição de pericardite contritiva, onde á uma resistência
ao retorno venoso. Essa condição gera um sinal clínico bastante conhecido, o sinal de
Kussmaul (engurgitamento da julgular durante a inspiração profunda).
CORAÇÃO
A parede cardíaca pode ser dividida em três: o endocárdio, uma camada endotelial
fina com tecido conjuntivo (subendocárdio) que reverte internamente a parede cardíaca as
válvulas; miocárdio, uma camada de músculo estriado cardíaco espiralado (formato
fundamental para a ejeção do sangue); epicárdio, a lâmina visceral do pericárdio. O coração
possui um esqueleto fibroso, fundamental para a fixação dos músculos (e suas contrações) e
das válvulas. O esqueleto fibroso possui dois trígonos (direito e esquerdo) onde conectam os
arcos fibrosos das valvas cardíacas. As valvas atrioventriculares são localizadas mais
posteriormente e as artérias ,ais anteriormente (a valva da artéria pulmonar é mais anterior e
a da aorta mais central). Entre a valva pulmonar e aórtica existe uma região membranácea, o
tendão do infundíbulo. Na região do trígono direito forma-se a parte membranácea do septo
cardíaco. Além de promover a fixação de estruturas, o esqueleto fibroso também funciona
como um isolante para a estrutura elétrica cardíaca, permitindo que cada coração (direito e
esquerdo) funcionem independentemente. Existem três camadas musculares no miocárdio:
circular (mais interna) e duas oblíquas perpendiculares entre si. O ápice do coração está
localizado no 5º EIC à 9 cm do PM (4 dedos). O ápice fica imóvel durante todo o circuito
cardíaco e é a localização do foco mitral. O coração possui uma estrutura prismáticas, uma
base (face posterior), duas faces pulmonares, uma face esternocostal e uma face
diafragmática. Além de quatro faces o coração possui quatro margens: superior (base), inferior
(ventrículo direito), direita (átrio direito) e esquerda (ventrículo esquerdo). Para o seu
funcionamento, o coração possui quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. O átrio direito
é o local de recepção das veias cavas. Inicialmente, no embrião, existia um átrio primitivo (a
aurícula). Ao decorrer do desenvolvimento ocorreu a fusão do seio venoso que drenava para a
aurícula formando um átrio maior. O limite entre a aurícula e o seio venoso (seio das veias
cavas) forma a crista terminal (externamente como sulco terminal). É nela que se encontra o
nó sinoatrial (sino de seio, ou seja, junção do seio com o átrio). Na região do seio das veias
cavas existe uma fossa, a fossa oval, um remanescente da fóvea oval, uma abertura que
permitia o fluxo interatrial na circulação fetal, que após o estabelecimento da respiração
pulmonar, fecha-se para formar a fossa oval e o limbo da fossa oval. Mais próximo do óstio
atrioventricular direito, a abertura para o seio coronário (onde retorna o sangue drenado do
tecido cardíaco). A região auricular é permeada de músculos fibrosos, os músculos pectíneos.
A VCS chega ao átrio direito no nível da 3ª cartilagem costal. Já a VCI chega ao nível da 5ª
cartilagem costal.
Existe uma grande importância em se conhecer a circulação fetal. No período fetal a
placenta exerce a função pulmonar de trocas gasosas (além de outras trocas). Da placenta
parte uma veia umbilical que leva o sangue oxigenado. A veia se conecta ao ducto venoso que
liga a veia umbilical à VCI ao nível do fígago. Na veia VCI o sangue oxigenado oriundo da
placenta é misturado com o sangue não oxigenado dos membros inferiores. Esse sangue
misturado chega ao átrio direito e a maior parte desse sangue segue para o átrio esquerdo por
meio da fóvea oval. Alguma parte do sangue segue para o ventrículo direito e se junta ao
sangue oriundo da VCS, tornando-se menos oxigenado ainda. Esse sangue pode seguir de
forma direta até a aorta por meio do ducto arterioso que une a artéria pulmonar esquerda à
aorta. Entretanto, parte do sangue do ventrículo direito segue para os pulmões, pórem, sem
sofrer oxigenação, retornando ao átrio esquerdo pelas veias pulmonares (menos oxigenado
ainda). Desse modo a aorta recebe o sangue misturado da veia umbilical e VCI diretamente, a
mistura do último com o da VCS diretamente e a mistura desse último com o sangue venoso
oriundo dos pulmões captados pelas veias pulmonares. A aorta seue seu trajeto em direção a
placenta, por meio das artérias umbilicais (que são duas). Após o estabelecimento da
respiração pulmonar, essas estruturas sofrem atrofia. As artérias umbilicais se tornam os
ligamentos umbilicais mediais, a veia umbilical se torna o ligamento redondo do fígado, o
ducto venoso se torna o ligamento venoso hepático e o ducto arterioso se torna o ligamento
artéria.
Irrigação cardíaca se dá por meio das artérias coronárias direita e esqueda e seus
respectivos ramos. Em 67% dos casos ocorre a seguinte distribuição arterial: A artéria
coronária direita emite um ramo sinoatrial (60% do casos), e segui pelo seio coronário. Em
seguida emite o ramo marginal esquerdo. Circunda o coração e emite, um ramo para o nó
atrioventricular (80% dos casos). Ao nível da cruz do coração (crus cordis, ou cruz de has)
emite o ramo interventricular posterior. De acordo com as classificações, a artéria que emite
esse ramo possui a dominância vascular, desse modo, esse padrão se refere à dominância
direita. A artéria coronária esquerda emite dois ramos, um ramo interventricular anterior e
outro ramo circunflexo. O ramo interventricular anterior pode emitir um ramo lateral, o ramo
diagonal do ramo interventricular anterior. O ramo circunflexo emite um ramo, a artéria
marginal direita, e segue seu caminho para a face posterior do coração por meio do sulco
coronário. As artérias interventriculares se anastomosam no ápice do coração e no septo por
meio dos ramos septais. Os 2/3 anteriores é irrigado pela interventricular anterior (inclui os
feixes do fascículo AV) e o 1/3 restante (inclui o nó AV) pela pela posterior. 15% das pessoas
possui dominência esquerda, 18% possui codominência e 4% emitem uma artéria coronária
acessória. As artérias coronárias são consideradas ramos terminais, porém possuem
anastomoses tanto no ápice quanto no septo.