Celeridade Processual Versus Ampla Defesa
Celeridade Processual Versus Ampla Defesa
Celeridade Processual Versus Ampla Defesa
CURITIBA
2010
1
CURITIBA
2010
2
TERMO DE APROVAÇÃO
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças e iluminando meu caminho
para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida.
Ao meu pai, por todo amor, dedicação e paciência que sempre teve comigo, me
fazendo ter o maior orgulho de chamá-lo de Pai.
À minha mãe, por sua dedicação incondicional aos filhos, por ser a pessoa que mais
me apóia e acredita na minha capacidade, até mesmo quando eu duvido.
Mostrando-me que sou capaz de chegar onde desejo.
Ao meu irmão, pelo forte laço de carinho, amizade e confidência formado nestes
anos.
À minha família por seu apoio absoluto e presença marcante em todos os momentos
que precisei. Por seu meu porto seguro.
Aos amigos que fiz durante o curso, pela verdadeira amizade que construímos em
particular aqueles que estiveram ao meu lado nos momentos difíceis. Por todos os
momentos que passamos durante esses cinco anos, meu agradecimento. Sem
vocês essa trajetória não teria o mesmo gosto.
Aos meus amigos, Jamile e Kleber que de uma forma especial estiveram presentes
e contribuíram para que mais essa fase fosse vencida.
Em especial ao meu professor, orientador, e mestre, Manoel Caetano Ferreira Filho,
pelo ensinamento e dedicação dispensados em sala de aula, e principalmente pelas
lições sobre o verdadeiro sentido da Advocacia.
Ao professor Paulo Nalin que, com carinho e dedicação, tem me conduzido nos
primeiros passos da advocacia sendo, diariamente, minha fonte de inspiração com
seu espírito inovador.
A todos os professores do curso de direito, pela paciência, dedicação e
ensinamentos disponibilizados em aulas, cada um de forma especial contribuiu para
a conclusão desse trabalho e consequentemente para minha formação profissional.
RESUMO
ABSTRACT
The modern process brings new anxieties, among the main ones is the celerity
process. As a constitutional principle which is to be the rule, but when in collision with
other principles as such, should be considered.
This study aims to expose the dichotomy between the celerity process and legal
defense. A discussion that goes beyond the simple application of the law. We tried to
talk about the details of the principles themselves and aggregate them. Even so it is
a theoretical work is far from reality as experienced today in the forums and courts.
It is argued that the contradictory and full defense are very important and the brevity
of the process is not an end but the means to achieve a better result. Justice.
Finally the little need / applicability of the Bill nº. 166/2010. The Code of Civil Process
has worked masterfully in most of its institutes, and the latest reforms have not been
tested yet. In this case, we really do not have the valed of a new law.
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................. 06
ABSTRACT.......................................................................................................... 07
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
2. OS PRINCÍPIOS .............................................................................................. 12
7. BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................. 91
10
1. INTRODUÇÃO
1
CLÈVE, Clèmerson Merlin. Temas de Direito Constitucional (e de Teoria do Direito). São Paulo:
Academia, 1993. p. 49
12
2. PRINCÍPIOS
2
DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 2 ed. Martins
Fontes: São Paulo, 2007, p. 39
3
Idem. Ibidem. pp. 46-47
13
4
DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Op. Cit. p. 54
5
É importante ressaltar que Dworkin, após uma era positivista, traz ao cenário jurídico a idéia dos
Princípios, em que pese estar fortemente ligado às teorias positivistas, entende os princípios não
como normas, mas fontes de interpretação. Sendo somente com Alexy que os princípios passaram a
ser considerados como normas constitucionais.
14
6
DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. Tradução de Luís Carlos Borges. Martins Fontes:
São Paulo, 2005. p. 43
7
Idem. Ibidem. p. 79
8
Tradução Livre de: “El primeiro consiste em que, como no todo los enuncados de la ley fundametal
expresan normas de derecho fundamenta, presupone um critério que permita clasificar los
enunciados de la ley fundamental en aquéllos que expresan normas de derecho fundamental y
aquellos que no. el segundo problema puede formularare com la pregunta acerca de si las normas
de derecho fundamenta de la ley fundamental reament pertenecen solo aquellas que son expresadas
directamente por enunciados de la ley fundamental. (In: ALEXY Robert. Teoria de los Derechos
Fundamentales. Centro de Estudios Constitucionales: Madri, 1997, p. 62)
9
Idem. Ibidem. p. 86
10
MARINONI Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 4 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo,
2010, p. 50
11
CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 4 ed. Almedina:
Coimbra. pp. 260-271
15
12
MARINONI Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. Op. Cit. p. 50
13
Idem. Ibidem. p. 50
14
Idem. Ibidem. p. 50
15
Fabio Portela Lopes de Almeida, Mestre em Direito, Estado e Constituição e Especialista em
Filosofia (ambos pela Universidade de Brasília) e membro do grupo de Trabalho em Meditação,
Negociação e Arbitragem e do Grupo de Pesquisa Pensamento Social escreveu o artigo “Os
princípios constitucionais entre deontologia e axiologia: pressupostos para uma teoria
hermenêutica democrática” para a Revista de Direito GV. São Paulo.
O autor faz uma tradução/interpretação da formula matemática criada por Alexy: “Para Alexy, quando
dois princípios entram em colisão, um deve ceder proporcionalmente ao outro: para decidir qual deve
prevalecer, é necessário utilizar a lei de colisão, que é definida nos seguintes termos: em face de dois
princípios (P1 e P2) que colidem, é preciso dar preferência (P) a um deles em face do outro, o que se
dá tendo em vista as condições fáticas (C1) presentes na situação concreta, que fornece elementos a
serem abstraídos logicamente pelo julgador na busca por uma resposta (R) (ALEXY, 2002, p. 157-
158).
A estrutura da decisão judicial no caso de colisão entre princípios é a seguinte, no modelo de Alexy:
(P1 P P2) C1 ? R (lê-se: o princípio 1 é preferível ao princípio 2 na condição 1, que leva à resposta
jurídica R).Todavia, essa preferência não é total: ela deve estar de acordo com o princípio da máxima
proporcionalidade, que é estruturado em torno de três máximas parciais: (i) o princípio da máxima
proporcionalidade em sentido estrito, de acordo com o qual os princípios são mandatos de otimização
em relação às possibilidades jurídicas; (ii) o princípio da adequação de meios a fins; e (iii) o princípio
da necessidade, pelo qual a decisão deverá buscar o equilíbrio entre os princípios que seja menos
lesivo às partes envolvidas. A primeira máxima aplica-se a circunstâncias jurídicas e as outras duas, a
circunstâncias fáticas (ALEXY, 2002, p. 111-113). No esquema de Alexy, o julgador deve abstrair a
sua decisão do caso concreto a ser decidido a partir da lei de colisão, ou seja, deve levar as
circunstâncias fáticas apresentadas no caso concreto (C1) para o plano lógico e, a partir dessa
perspectiva, verificar qual dos princípios deve ser preferido.”
<http://www.direitogv.com.br/subportais/publica%C3%A7%C3%B5e/RD-
08_8_493_516_Os%20principios%20constitucionais%20entre%20deontologia%20e%20axiologia_Fa
bio%20Lopes%20de%20Almeida.pdf> Acessado em 02/09/2010. As 22h10min.
16
primar pela adequação, seguida de uma análise quanto à necessidade e por fim sua
exigibilidade.
Neste sentido, as apreciações realizadas pelos subprincípios são,
respectivamente, decisão, efeito da decisão, e finalidade. Por isso, somente
botaremos reparo no subprincípio subsequente se satisfeito o precedente.
Sendo assim, entende-se que a tese da máxima da proporcionalidade visa à
proteção do núcleo essencial dos direitos fundamentais levando em consideração a
sua eficiência.
Finalmente, tendo em vista que as normas de direito fundamental têm
caráter principiológico, decorre-se a necessidade de harmonizar os pontos de tensão
normativa entre elas16.
Contudo, na prática, essa aplicabilidade torna-se muito mais difícil, que a
apresentada na teoria.
Há situações concretas que, mesmo buscando uma preservação ponderada
de ambos, deverá o juiz prevalecer a outro17. A questão não é, simplesmente, dar
maior “valor” a um princípio ou a outro, deve-se levar em conta que todos os ditos
constitucionais precisam ser contemplados, respeitando-se para tanto, o limite de
cada um, sendo foco primordial o equilíbrio do ordenamento jurídico e a ética
processual.
Neste sentido, uma breve diferenciação entre regras e princípios deve ser
trazida a tona: Borowski18 diz que os princípios constituem deveres prima facie e as
regras um dever definitivo. A forma de aplicação de um princípio é a ponderação,
enquanto as regras apenas se subsumem.
O conflito de princípios, nestes termos, será solucionado pela ponderação
realizada pela atribuição de pesos, conforme já elucidado, uma vez que em hipótese
alguma poderá se pensar em retirar um deles do ordenamento. Já as regras, quando
em conflito, solucionam-se pela invalidação de uma das normas.
16
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da Proporcionalidade. Brasília Jurídica: Brasília, 1996,
pp. 177- 200
17
Assunto que será tratado no capítulo Celeridade Versus Ampla Defesa. A Dicotomia
Processual.
18
BOROWSKI, Martin. La estructura de los derechos fundamentales. Universidad Externado de
Colômbia: Bogotá, 2003, pp. 90-98
17
Por isso, uma regra deve ser sempre aplicada quando o seu suporte fático
for realizado, uma vez que possuem um baixo grau de abstrição. Ao passo que os
princípios, no caso concreto a ser discutido, podem assumir uma importância maior
ou menor no contexto da argumentação19, podendo ser aplicados ou não. Segundo
Dworkin, são assim, pois são como políticas públicas.
Neste sentido, cumpre esclarecer uma diferenciação feita pelo autor. Para
ele, o juiz, ao decidir, além de solucionar questões jurídicas deve aperceber-se do
caráter político delas. Em muitos casos, a decisão de um juiz será aprovada por um
grupo político e reprovada por outros, pois há controvérsias políticas20.
Por isso, conclui que
E ainda, esclarece que “o direito, nada mais é que aquilo que as instituições
jurídicas, como as legislaturas, as câmaras municipais e os tribunais, decidiram no
passado”22, apresentando opiniões divergentes. De um lado, posicionam-se os que
entendem como dever dos juízes tentar melhorar as leis, sempre que possível,
sendo “seres políticos”, então. E no outro polo, os que defendem que os juízes
19
DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Op. Cit. p. 40-49
20
DWORKIN, trás alguns exemplos sobre a aplicação das políticas públicas na Corte britânica: “Em
Charlter e Dockers, a Câmara dos Lordes interpretou a Lei de Relações Raciais de tal maneira que
associações políticas, como o Clube Conservador de West Ham, não fossem obrigadas pela lei a não
discriminar os negros. Em Tameside, a Câmara rejeitou uma ordem do ministro trabalhista revogando
a decisão de um conselho conservador de não modificar seu sistema escolar segundo o plano
abrangente patrocinado pelo governo do Partido Trabalhista. No famoso caso Shaw, a Câmara dos
Lordes confirmou a condenação do editor de um guia de prostitutas. Sustentou que ele era culpado
do que chamou crime no Common Law de ‘conspiração para corromper a moralidade pública’,
mesmo reconhecendo que nenhuma lei declarava que tal conspiração fosse crime. (...)
Portanto, existe os que pensam que os juízes britânicos realmente tomam decisões políticas. Mas
isso não significa dizer que devem fazê-lo.” (In: DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. Op.
Cit. pp. 05-06)
21
DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. Op. Cit. p. 64
22
Idem. Ibidem. p. 10
18
devem sempre seguir o direito, em vez de tentar aperfeiçoá-lo. Ainda que sejam
pessoalmente contra a decisão, devem aplicá-la. Ficando para o autor que a
segunda opção é a melhor.
Neste prisma, é perfeitamente possível haver ponderação entre dois ou mais
princípios, a partir do qual um valor moral cede perante o outro, realizando a ambos
proporcionalmente.
No mesmo sentido, Marinoni conceitua a natureza dos princípios. Devido a
pluralidade e ainda a impossibilidade de submetê-los a uma lógica hierárquica,
devem conviver. Todavia, em alguns casos surge a necessidade de uma
metodologia que permita a aplicação23.
Fala-se em ponderação ou aplicação da proporcionalidade, permitindo a
coexistência ou prevalecendo um ao outro. Tudo isso faz com que um deles seja
eliminado em abstrato24.
Não obstante, por serem os princípios fruto de um pluralismo marcado pelo
caráter de abstração, a idéia de que um prevaleceria sobre outro, pode afrontar a
idéia de democratização e pluralismo da sociedade, para alguns autores25.
Contudo, não é desta forma que devemos entender. Alexy assevera que não
se pode admitir qualquer direito fundamental (neste caso, os princípios) como
absoluto, sobre o qual não possa exercer nenhuma restrição.
Embora possa parecer contraditório, preservar um ao outro, se assim os
visemos, de forma absoluta sempre, seria um risco maior ainda a segurança jurídica.
O que se admite é a garantia de um núcleo mínimo essencial, o que deverá ser
preservado sempre26. Ou seja, ao admitir que, em determinado caso deva
prevalecer a ampla defesa, o mínimo da celeridade deve estar garantido.
Nestes termos, apesar de conseguirmos enxergar a problemática vista por
alguns autores em ponderar princípios, havendo consequentemente uma
prevalência de um ao outro, o modelo trazido por Dworkin, ampliado e modificado
23
MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. Op. Cit. p.55
24
Idem. Ibidem. p. 55
25
Idem. Ibidem. p. 54
26
ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Op. Cit. p.150
19
27
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ive Gandra. Comentários à Constituição do Brasil:
Promulgada em 5 de Outubro de 1988. v.1. Editora Saraiva: São Paulo, 1988, p. 340
20
28
Artigo 384 do Código de Processo Civil Italiano diz: “(Enunciazione del principio di diritto e
decisione della causa nel merito) La Corte, quando accoglie il ricorso per violazione o falsa
applicazione di norme di diritto, enuncia il principio di diritto al quale Il giudice di rinvio deve
uniformarsi ovvero decide la causa nel merito qualora non siano necessari ulteriori accertamenti di
fatto. Non sono soggette a cassazione le sentenze erroneamente motivate in diritto, quando il
dispositivo sia conforme al diritto; in tal caso la Corte si limita a correggere la motivazione.”
29
BASTOS, Celso Ribeiro e MARTINS, Ive Gandra. Op. Cit. p. 261
30
Notando a importância deste princípio (o devido processo legal) abriremos um tópico, neste mesmo
capítulo, para tratar de modo mais específico. IV – O Devido Processo Legal. O Encontro dos
Princípios.
31
Idem. Ibidem. p. 264
32
Idem. Ibidem. p. 264
21
33
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Teoria
geral do processo e Processo de conhecimento. 1 v. 11 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo,
2010, p. 61
34
Idem. Ibidem. p. 63
35
Idem. Ibidem. p. 62
36
CRETELLA Neto, José. Fundamentos Principiológicos do Processo Civil. 2 ed. Forense: Rio de
Janeiro, 2006, p. 32
22
37
Idem. Ibidem. p. 32
38
Idem. Ibidem. p. 26
39
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Op. Cit. p. 63
23
40
PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 3 ed. Livraria do Advogado: Porto Alegre,1999,
p. 109
41
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Técnica de Aceleração do Processo. Lemos & Cruz: São
Paulo, 2003, p. 63
42
Artigo 297. “O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz
da causa, contestação, exceção e reconvenção.”
43
Artigo 263. “Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu
direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha
habilitação.”
44
PORTANOVA, Rui. Op. Cit. p. 127
45
O autor considera o sistema do Código de Processo Penal muito mais avançado que o de
Processo Civil, devendo os civilistas olharem um pouco mais para os outros ramos do direito e
utilizarem de boas influências.
24
Não sendo apenas uma obrigação das partes, mas o próprio juiz deve
enfatizá-lo. O processo moderno prima pelo “dever de diálogo” do juiz e das partes,
não sendo um mero formalismo, mas uma obrigação do julgador.
46
Idem. Ibidem. p. 128
47
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Op. Cit. pp. 64-65
48
PORTANOVA, Rui. Op. Cit. p. 161
25
Nelson Nery vai mais além e complementa, na medida em que não deve ser
garantido garantindo apenas as partes, o direito de contradito no processo, mas a
todos aqueles que fizerem parte da lide, seja, autor, réu, assistentes de
litisconsórcios, Ministério Público (tanto quando atuam como parte ou como ficais da
lei) ou terceiros interessados. “Todos aqueles que tiverem alguma pretensão de
direito material a ser deduzida no processo têm direito de invocar o principio do
contraditório em seu favor”50.
49
SOUSA, José Augusto Garcia de. Em defesa dos Embargos Infringentes: Reflexões Sobre os
Rumos da Grande Reforma Processual. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil. v. 11, n.
66. jul/ago. 2010, p. 61
50
NERY JR., Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 3 ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 1996, p. 132
51
SANTOS, Carlos Fernando Fecchino dos. Princípio da Celeridade Processual. São Paulo, ano
98, v. 887, Setembro 2009. p. 41
26
52
Idem. Ibidem. p. 44
53
Idem. Ibidem. p. 44
54
Segundo PORTANOVA, o princípio da economia processual é dividido em quatro vertentes, sendo
estas: economia de custo; economia de atos; eficácia da administração e celeridade processual.
27
55
Artigo 8º do Pacto de São José da Costa Rica: “Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as
devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente
e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de
qualquer outra natureza.”
56
SANTOS, Carlos Fernando Fecchino Op. Cit. p. 45
57
Idem. Ibidem. p. 39
58
ALVIM, Eduardo Arruda. Curso de Direito Processual Civil. 1 v. Revista dos Tribunais: São
Paulo, 1999, p. 339
59
Idem. Ibidem. p. 339
60
Idem. Ibidem. p. 339
28
61
Tal assunto será tratado neste mesmo capítulo tópico VI – O Devido Processo Legal. O encontro
dos Princípios.
62
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel.
Teoria Geral do Processo. 18 ed. Malheiros: 2002. p. 86
63
Idem. Ibidem. p. 86
64
DINAMARCO, Candido Rangel. A Reforma da Reforma. Malheiros: São Paulo, 2002, p. 29
65
Conforme será explanado no capítulo 4 deste trabalho, o projeto do novo código de processo civil,
atualmente em votação no Senado Federal, fez questão de positivar, em seu artigo 4º o princípio da
celeridade processual.
29
algumas mudanças quanto a relevância dada a este princípio. Resta saber se serão
efetivas.
66
Sobre o Princípio do acesso a justiça é salutar trazer o pensamento do ilustre autor já citado: “Muito
já se discutiu, e muito se discute, sobre o princípio do acesso à justiça, que no Brasil, enquanto
Estado Democrático de Direito, encontra-se positivado e sob os auspícios do art. 5º, XXXV, da
CF/1988, in verbis: ‘a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Literalmente, a análise do dispositivo constitucional supra leva a crer que o Poder Judiciário não
poderá deixar de apreciar nenhuma espécie de lesão a direito, nem sua ameaça, como se o princípio
do acesso à justiça a isso se limitasse.
Muito além, o princípio em comento abrange não apenas essa ‘não-exclusão’ da apreciação de
situações concretas, e às vezes em abstrato – como nas ações direta de inconstitucionalidade, cuja
legitimidade poucos possuem – mas também significa que o processo tem de ser efetivo.
Neste sentido, a mera consideração judicial da situação posta de nada serviria se dela não se
pudesse extrair uma gama de efetividade. (...) Assim, o princípio do acesso à justiça, repita-se, direito
constitucional e fundamental de todos, indubitavelmente, oportuniza a provocação do Poder Judiciário
para que, como poder estatal, análise as situações que lhe são colocadas.” (In: SANTOS, Carlos
Fernando Fecchino dos. Op. Cit. p.39)
67
Idem. Ibidem. p. 40
68
Idem. Ibidem. p. 40
30
A referida emenda tem por objetivo, entre outros, inserir no rol dos direitos e
garantias fundamentais, expressamente, o direito público subjetivo à celeridade
processual. Sendo a consagração expressa, pela petrificação constitucional.
Torna-se notório, dada a disparidade existente entre a estrutura do Judiciário
e os avanços sociais, a necessidade de ser realizada uma mudança mais abrupta,
com a inserção, de alguns dispositivos, no próprio texto constitucional.
69
DINAMARCO, Cândido Rangel Dinamarco. Instituições do Direito Processual Civil I. 5 ed.
Malheiros: São Paulo, 2005, p. 32
31
70
Idem. Ibidem. pp. 33-34
32
discutir sobre o assunto, para se perceber algo muito simples: o que se busca,
afinal, é uma coisa só: pacificar os conflitos sociais de forma célere e com a máxima
realização de justiça.
71
Expressão utilizada pelo autor CRETELLA Neto, José. Op. Cit. p. 43
72
Idem. Ibidem. p. 43
73
Idem. Ibidem. p. 43
74
NERY JUNIOR, Nelson. Op. Cit. pp. 35-37
75
Essa base principiológica é ensinada por Nelson Nery, trazida do sistema processual norte
americano.
33
Neste mesmo sentido, Nelson Nery afirma que o princípio do due process of
Law é caracterizado pelo trinômio vida-liberdade-propriedade, servindo de
fundamento para todas as decisões com base constitucional, se manifestando em
todos os campos do direito, tanto material quanto processual. Tamanha importância
tem esse princípio que bastaria o artigo 5º da Constituição Federal ter mencionado o
princípio do due process of Law, teria contemplado grande parte das garantias
referida nos seus incisos.
Portanto, deve ser visto como um princípio agregador, uma vez que boa
parte dos ditames da justiça são necessários para se ter um devido processo legal.
76
Idem. Ibidem. p. 38.
77
PORTANOVA, Rui. Op. Cit. p. 145
34
78
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini e DINAMARCO, Cândido Rangel
Op.Cit. p. 84
79
Idem. Ibidem. pp. 68-69
35
80
Artigo 93. “Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;”
81
Artigo 458. “São requisitos essenciais da sentença:
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;”
82
Artigo 165. “As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as
demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.”
83
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Op. Cit. p. 66
84
ALVIM, Eduardo Arruda Op. Cit. pp. 134-135
36
Como é possível ter uma decisão fundamentada sem que haja uma ampla
produção de prova e direito de defesa pelas partes?86
Para que a decisão esteja fundamentada, além de, por óbvio, dever o juiz
utilizar-se do mecanismo legal, ou seja, fazer uso da legislação, é preciso que ele
encontre fatos que demonstrem o real direito do autor ou outros impeditivo,
modificativos ou extintivos de seu direito, e assim, prevaleça as alegações do réu.
Consoante, para que isso possa ocorrer, deve haver artefatos no processo
possibilitadores dessa motivação. Ou seja, é importante que as partes tenham
tempo hábil para demonstrar o alegado e, portanto, todo o esforço movido, pelo
aparelho judiciário, partes e envolvidos, não sejam em vão.
85
NERY JR., Nelson. Op. Cit. pp. 169-170
86
Ainda que se tenha conhecimento de que, quando diz o autor decisão substancialmente
fundamentada, estar-se-á querendo dizer, decisão fundamentada em respaldo jurídico, não apenas
embasada em documentos provas testemunhais, ressaltamos a importância da produção destas
provas para se encontrar o melhor instituto jurídico para ser aplicado.
87
Artigo 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. (...)
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: (...)
37
Não é a toa que os autores fazem tal consideração. Não basta a dita
igualdade jurídica caso haja desigualdade econômica, pois assim de forma desigual,
Não de forma excludente do trazido por Eduardo Alvim, mas com uma
conotação diferente, Nelson Nery Jr. elucida sobre a interligação entre a brevidade e
a possibilidade de defesa das partes:
Assim, portanto, deve ser visto o princípio da igualdade, como uma forma de
preservação do direito das partes, de possibilidade de garantia de pilares da justiça
e de demonstrar os fatos por elas declarados.
90
Idem Ibidem. p. 54
92
ALVIM, Eduardo Arruda Op. Cit. p.339
93
NERY JR., Nelson. Op. Cit. 131
39
Segundo este princípio o juiz deve julgar a causa com base nos fatos
alegados e provados pelas partes (iudex iudicare debet allegata et
probata partium), sendo-lhe vedada a busca de fatos não alegados e
cuja prova não tenha sido postulada pelas partes. Tal princípio
vincula duplamente o Juiz aos fatos alegados, impedindo-o de decidir
a causa com base em fatos que as partes não hajam afirmado e
obrigando-o a considerar a situação de fato afirmada por todas as
partes como verdadeiras94.
94
SILVA, Ovídio A. Baptista; GOMES, Fábio. Teoria Geral do Processo Civil. 3 ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 2002, p. 47
40
95
Idem. Ibidem. p. 47
96
O autor chama este sistema de princípio inquisitivo e princípio dispositivo. Tal classificação, em
hipótese alguma deve ser comparada com o conceito trazido por Alexy e adotado no presente
trabalho. O autor apenas adora uma nomenclatura diferenciada, mas que, no presente trabalho deve
ser entendido como sistema.
97
Idem. Ibidem. p. 45
98
SILVA, Ovídio A. Baptista. Curso de Processo Civil. v 1. 5 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo.
2001. p. 62
99
Artigo 333. “O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.”
41
Muitas razões podem ser atribuídas como causa para a crise da longa
duração do processo, fazendo com que sempre estejamos em busca de reformas.
Contudo, todas essas mudanças modificam pouco ou nada na realidade judiciária
vivenciada diariamente nos fóruns e tribunais brasileiros.
Neste sentido, Gajardoni100 faz uma importante crítica ao sistema como se
apresenta atualmente por ser em grande medida ineficaz.
Ao se invocar a tutela jurisdicional, ainda que oferecida verdadeiramente,
quando obtida tardia, já não ter o cordão de recompor as relações sociais, não
recobrindo o status quo ante.
Sendo assim, mesmo diante de conflitos, direitos e garantias já conhecidos
e, há muito contempladas no direito material, o fato é que o processo tradicional não
tem sido capaz de solucionar tempestivamente os impasses e assegurar,
eficazmente, as situações jurídicas de vantagem, os quais tem gerado dados
alarmantes.
Barbosa Moreira, em uma ferrenha crítica a duração dos processos, diz ser
“generalizada a convicção de que os processos judiciais duram bem mais do que
seria razoável”101, traz a tona dados alarmantes, o problema tornou-se tão grave
100
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Op. Cit. p. 33
101
MOREIRA, José Carlos Barbosa. A Duração dos Processos. Revista Síntese de Direito Civil e
Processo Civil. v. 5, n. 29, maio/jun, 2004, p. 28
42
que atinge, atualmente, desde o velho continente até países cuja fama de primar
pelo curto tempo do processo está em sua base.
Neste diapasão, vemos que a crise, de lá pra cá, só piorou, bem como a
insatisfação, que consequentemente gera a descredibilidade da população para com
a justiça. Segundo estatísticas trazidas pelo autor, o país que se encontra em pior
situação (do continente europeu), é a Itália. O que por si só é um grande paradoxo,
visto ser dela a doutrina de maior repercussão no âmbito processual103.
Não muito distante, ainda que sejam os países de melhores dados, está a
França e a Alemanha. Quanto àquele, com relação aos anos de 1995-1999 temos
apontado uma duração média de 9,1 meses para as causas que tramitam perante o
tribunaux de grande instence (órgão de primeira instância, com competência
comum, ou seja, com atribuição residual). Tais estatísticas foram repetidas nos dois
anos seguintes104.
102
Idem. Ibidem. p. 29
103
“No relatório sobre a administração da Justiça, apresentado pelo Procurador-Geral junto à Corte di
Cassazione, na inauguração do ano judiciário de 2003, lê-se que a preocupante situação configura
‘crise que existe e pendura já há muitos decênios’. Não destoa o relatório mais recente, datado da
inauguração do ano judiciário de 2004: a Justiça italiana está inegavelmente ainda em crise,
sobretudo por causa de sua escassa eficiência e da excessiva duração dos processos’.
Reforma legislativa de 1991 introduziu juízo monocrático de primeiro grau (denominado giudice di
place); e os processos instaurados perante esse órgão – cuja competência, vale ressaltar se limita
quase exclusivamente às pequenas causas – duram bem menos que os atribuídos aos outros juízos
de primeira instância. O ritmo dos restantes, porém, não dá sinal de ter experimentado melhoras
sensíveis, de modo que o panorama global permaneça carregado de nuvens. A luz do relatório de
2003, a duração média dos pleitos, em primeiro grau de jurisdição, seria de 337 dias (quer dizer,
pouco mais de 11 meses) no âmbito dos giudici di place, mas triplicando no dos tribunali; noutra
passagem, fala-se de uma duração média superior a 3 anos. O relatório de 2004 informa que, nos
processos de competência dos tribunali, ela decresceu de 953 para 879 dias, isto é, cerca de dois
anos e 5 meses; em compensação, houve ligeiro aumento no campo dos processos realizados
perante o giudice di place, onde aquela duração, em todo caso, continua inferior a 1 ano. Segundo
fonte fidedigna, só em 2002 a Itália foi condenada pela Corte de Estrasburgo, por excesso de demora
na prestação jurisdicional, nada menos de 289 vezes, muitas das quais em processo civis.” (In: Idem.
Ibidem. pp. 29-30)
104
Idem. Ibidem. p. 30
43
Até alguns anos atrás, embora tida como de boa qualidade, a Justiça
inglesa no consenso dos especialistas, era lenta e muito cara. (...)
Com referencia ao ano de 1990, fonte autorizada aponta uma
distancia média de 145,3 semanas (ou sejam, 2,78 anos) entre o
começo e a extinção do processo, quer chegasse, quer não (como
ocorreria na maior parte dos casos), à sessão de julgamento (trial).
De algum tempo para cá, o sistema começou a passar por
modificações importantes. As reformas culminaram com a edição de
um Código de Processo Civil (...) Sob a denominação de Civil
Procedure Rules, o código entrou em vigor em abril de 1999 e,
conforme depoimento dignos de crédito, vem produzindo impacto
benéfico na realidade forense inglesa, notadamente no que tange à
demora dos processos105.
105
Idem. Ibidem pp. 31-32
106
Idem. Ibidem. p. 28
107
Idem. Ibidem. p. 33
44
Tal dado não é de todo ruim, contudo torna-se claro que estas estatísticas
não devem ser lavadas a cabo em todo território nacional, variando principalmente,
nas comarcas do interior.
Cumpre esclarecer ainda, quando falamos em recursos, estes números
tornam-se ainda pior. Estimativa aponta que uma apelação costuma demorar de três
a quatro anos só para ser distribuída ao relator, no Tribunal de Justiça de São
Paulo.108 109
Entretanto, muito longe disso, Gajardoni, entende que ao se falar em
duração média do litígio judicial, esta não deve ultrapassar um ano, considerando
esse tempo como já demasiado e para isso, o autor mexe em um ponto importante
do judiciário brasileiro: os prazos para os magistrados.
108
“Em matéria de recursos, aumenta a dificuldade de análise, em razão da extrema diversidade
entre os ordenamentos e, mesmo dentro de cada qual, entre os vários procedimentos recursais. No
direito brasileiro, por exemplo, não tem sentido tomar dados referentes ao agravo (recurso cabível
contra as decisões não finais de primeiro grau) e à apelação (recurso cabível contra a sentença), tão
grande é a diferença das respectivas características e, por conseguinte, o tempo presumivelmente
necessário para o processamento e julgamento de um e de outro. Qualquer ‘média’ que se apontasse
careceria de significação.
Ademais, afigura-se menos difundido, à luz da minha parca experiência, os dados atinentes ao
campo recursal. Eles são referidos aqui e ali, em regra com menor sistematização, e devem ser vistos
como mais aleatórios. Em todo caso, das fontes consultadas emergem pontos interessantes. Por
exemplo: segundo se informa na conferência da professora FERRAND (nº 8), a duração média dos
processos perante a Cour de Cassation – órgão de cúpula da Justiça francesa – foi, em 2001, de 24,8
meses, quer dizer, bem superior ao dobro de duração em primeira instância. O dado não deixa de ser
curioso, se se tiver em mente que o número de feitos que chegam até a Cour de Cassation há de
representar pequena percentagem total. Quanto a Itália, ainda na mesma conferência supracitada,
noticia TARUFFO que a duração média total por pleitos, em 1996, computadas a instancias da
apelação e a pendência na Corte di Cassazione, era de 116 meses ( mais de 9 anos e meio) –, a
maior da Europa, no dizer do autor. Não se distancia dessa estimativa a contida em artigo também
recente: média de 10 anos.
Infelizmente, não foi possível localizar , sobre o assunto, estatísticas brasileiras abrangentes. As
tabelas do TJRJ contém dados sobre a duração da pendência dos vários recursos, cíveis e criminais.
Deixo aqui de lado a matéria criminal, para não exagerar na mistura, já inevitável, em certa medida,
de alhos e bugalhos. Focalizo o recurso civil por excelência, que é a apelação, verifica-se que o
tempo médio entre a autuação e o julgamento tem sido, em 2001, de 182 dias; em 2002, de 171 dias
– oscilando, pois, em torno de 6 meses. Os números não entusiasmam quem, como o palestrante,
exerceu judicatura por 15 anos na 5º Câmara Cível quase sempre levada a palma às outras no que
tange à rapidez – posso afirmá-lo sem jactância, por ser apenas um dentre cinco desembargadores,
da sorte que o merecimento era coletivo.” (In: Idem. Ibidem. pp. 34-35)
109
Estes dados são de 2003 a 2004, antes mesmo do surgimento do CNJ e da meta 2.
45
Sobre isso, severo é o autor ao criticar a falta de rigor com relação aos
prazos impróprios, na medida em que não faz cumprir o artigo 262 do Código de
Processo Civil brasileiro que diz que “o processo começa por iniciativa das partes,
mas se desenvolve por impulso oficial”.
No mesmo diapasão, Carreira Alvim, completa:
110
TUCCI, José Rogério Cruz, Garantia do processo sem dilação indevidas, Garantias
constitucionais do processo civil, Homenagem aos 10 anos da Constituição Federal de 1988.
Revista dos Tribunais: São Paulo, 1989, pp. 235-236. Aput GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op.
Cit. p. 34-35
111
GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op. Cit. p. 47
112
ALVIM, Carreira. Código de Processo Civil Reformado. 3 ed. Del Rey: Belo Horizonte, 1996, p.
124.
113
GAJARDONI, Fernando da Op. Cit. p. 59
114
TUCCI, José Rogério Cruz, Garantia do processo sem dilação indevidas, Garantias
constitucionais do processo civil, Homenagem aos 10 anos da Constituição Federal de 1988.
Revista dos Tribunais: São Paulo, 1989, pp 235-236 Aput GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Op.
Cit. p. 59
46
Contudo, até agora não há dados oficiais sobre o que seria um prazo
razoável para a duração do processo, não havendo parâmetro concreto de um lapso
temporal ideal, sem dilações indevidas116.
Não há critérios universais absolutos, como vimos, na Europa, por exemplo,
cada país adota parâmetros individuais. Já nos Estados Unidos, busca-se uma
rapidez na resolução dos litígios que pode deixar dúvida da eficiência ou não do
sistema117. 118
Outros problemas são igualmente evidenciados, tais como o acúmulo de
serviço oriundo do grande número de demandas pendentes no judiciário, somando-
se a pequena quantidade de juízes, faz com que a brevidade processual, ainda que
constitucionalmente garantida, não consiga ser efetivada.
A questão que fica de toda essa problemática seria: é possível uma decisão
justa, condizendo ao máximo com a verdade real dos fatos, e, em um tempo tão
curto?
115
GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op. Cit. p. 47
116
Idem. Ibidem. p. 57
117
A título de curiosidade: A American Bar Association publicou, (...) o tempo tolerável de duração
dos processos nos tribuanis ordinários da justiça norte-americana. De acordo com a tabela de
referida associação:
Casos cíveis em geral: 90% devem ser iniciados, processados e concluídos dentro de 12 meses;
sendo que os 19% restantes, em decorrência de circunstancias excepcionais, dentro de 24 meses;
Casos cíveis sumários: Processados perante juizados de pequenas causas (small claims), devendo
ser finalizados e 30 dias; e
Relações domesticas: 90% das pendências devem ser iniciadas e julgadas, ou encerradas de outro
modo, no prazo de 30 dias; 98%, dentro de 6 meses e 100% em uma ano. (in: TUCCI, José Rogério
Cruz. Garantias constitucionais do processo Civil. Revista dos Tribunais: São Paulo, 1989. p. 249)
118
Tal consideração é feita apenas como dado numérico, uma vez que reconhecemos a diferença
sistemática e conceitual entre o objetivo do processo na visão norte-america e a latino- americana. A
intenção aqui não é aprofundar a pesquisa em tal sistema, apenas trazer as diferenciações entre
conceitos do princípio da brevidade processual nos vários sistemas processuais.
47
119
GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op. Cit. pp. 38-39
120
Idem Ibidem. p. 41
48
Este problema pode ser ainda agravado quando pensamos que nem sempre
os partícipes da lide estão dispostos a uma solução rápida121. Sendo outro ultrajante
da morosidade processual à litigância de má-fé.
Para se buscar a agilidade como foco, não basta apenas entender e aplicar
o princípio da celeridade processual, é de fundamental importância, e aqui,
novamente gera divergência doutrinária, classificar o que seria um processo rápido e
seguro, conforme dito, não temos dados fidedignos.
Apesar de tratarem ambos de princípios constitucionais, como já elucidado,
suas naturezas, por si só são excludentes.
121
Cabe aqui uma breve consideração: apesar de não ser o tema do presente trabalho, não poderia
deixar de ser tocado. A demora do judiciário é aumentada, consideravelmente, devido a falta de
vontade, a má-fé de uma das partes.
Uma das inovações já trazidas nas últimas reformas do código de processo civil foi positivar a má-fé
e puní-la. Ainda que não perfeitamente, tem-se caminhado para uma maior vigilância matéria e
processual.
122
GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op. Cit. p.42
123
Cumpre ressaltar que “dados da própria Corte Européia revelam que o direito humano mais
violado, conseqüentemente o mais tutelado, é o constante no artigo 6.1 da Convenção de Roma, ou
seja, o direito a uma tempestiva tutela jurisdicional. Só para termos uma idéia, em 1999, dos 177
casos apreciados pela Corte, 137 reclamavam de violação a referida garantia (77%). Desses 137, foi
constatada violação em 83 (61%), sendo quem em outros 34 processos (23%), o Estado ofensor e o
jurisdicionado se compusera amigavelmente, sem oportunidade para que o Tribunal supranacional
declarasse, ou não, violado o direito. Em apenas 7 casos apreciados (5%), decidiu a Corte não ter
havido violação ao artigo 6.1 da conversão, tendo, nos demais 15 processos analisados no período
(11%), se declarado sem jurisdição, ou admitido ter sido apresentada a reclamação intempestiva”. (In:
Fonte Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Aput GAJARDONI, Fernando da Fonseca Op. Cit. p.
51)
49
Portanto, muito mais que diminuição dos recursos, a morosidade deve ser
combatida com uma reforma sistêmica do judiciário.
124
<http://www.conpedi.org.br/manaus////arquivos/anais/salvador/isabella_saldanha_de_sousa.pdf>
Acessado em 03/09/2010. As 18h25min
125
LOPES, João Batista. Tutela Antecipada e o art. 273 do CPC Coordenadora WAMBIER, Teresa
Arruda Alvim. Aspectos Polêmicos da Antecipação de Tutela. Revista dos Tribunais: São Paulo,
1997, pp. 206-209
126
TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e Processo: Uma análise empírica das repercussões do
tempo na fenomenologia processual (civil e penal). Revista dos Tribunais, São Paulo, 1997, p.14
127
Idem. Ibidem. p. 118
50
repetir que o fator que permeia a noção de processo judicial, constitui, desde há
muito, a mola propulsora do principal motivo da crise da justiça”128. O tempo129.
128
Idem, Ibidem. pp. 15-16
129
Partindo para uma análise um tanto quanto filosófica, José Rogério Cruz e Tucci faz uma
apreciação sobre o tempo: “Afirmou Heidegger em 1924, em uma conferencia perante a Sociedade
Teológica de Marburgo: ‘Se o tempo encontra o seu sentido na eternidade, é preciso então que seja
compreendido a partir dela... Pelo mesmo motivo, o ponto de partida e caminhando de uma tal
pesquisa estariam previamente delineados: da eternidade ao tempo. E acrescentava que, nesse
caso, ‘é o teólogo o verdadeiro especialista do tempo’, uma vez que trata do ser temporal do homem
em sua relação com Deus.
O conhecimento do tempo é, pois, enigma ou, ‘para utilizar a célere expressão de Santo Agostinho,
um saber que se tem antes de se pensar nisso, e que logo se desconhece ao pensar-se o que é o
tempo... É ainda o paradoxo êxtases do tempo na sua evanescência: o passado que já não é, o futuro
que ainda não é e o presente que é fluente de um ao outro...’”. ( In: Rafael A. Bielsa e Eduardo R.
Graña, El tiempo y El proceso, in Revista Del Colégio de Abogado de La Plata, 55 (1994): 185. V., em
senso idêntico, Oscar G. Chase, Civil Litigation delay in Italy and the United States, in The American
journal of comparative law, 36 (1988): 41 Aput TUCCI, José Rogério Cruz e. Op. Cit. p.14)
130
MARINONI, Luiz Guilherme. O direito à adequada tutela jurisdicional. RT, 1991, v. 663, ano 80.
São Paulo, p .244
131
No 2º Encontro Nacional do Judiciário, realizado no dia 16 de fevereiro, em Belo Horizonte (MG),
os tribunais brasileiros traçaram 10 metas que o Judiciário deve atingir no ano de 2009 para
proporcionar maior agilidade e eficiência à tramitação dos processos, melhorar a qualidade do serviço
jurisdicional prestado e ampliar o acesso do cidadão brasileiro à justiça.
Atualmente, o Judiciário está empenhado em alcançar a Meta 2: “Identificar os processos judiciais
mais antigos e adotar medidas concretas para o julgamento de todos os distribuídos até 31.12.2005
(em 1º, 2º grau ou tribunais superiores)”. O objetivo é assegurar o direito constitucional à “razoável
duração do processo judicial”, o fortalecimento da democracia, além de eliminar os estoques de
processos responsáveis pelas altas taxas de congestionamento.
Neste sentido, os tribunais e associações sob a coordenação do Conselho Nacional de Justiça,
criaram a campanha “Meta 2: bater recordes é garantir direitos”. Trata-se de um desafio que o
51
Neste ponto, vale esclarecer que não estamos concordando com o não
cumprimento dos prazos pelo judiciário, muito pelo contrário. A tentativa de obter
decisões mais rápidas é louvável, e é dever sim dos magistrados cumprir com mais
seriedade seus prazos, assim como já é obrigação do advogado. A breve
observação consiste na forma como essa aceleração tem sido feita.
Deve-se primar por uma verdadeira efetivação do artigo 133134 do Código de
Processo Civil, aplicando, quando necessário, as perdas e danos do referido texto
legal, para que assim torne-se verdadeiramente norma.
o
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no n II só depois que a parte,
por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este não Ihe atender o
pedido dentro de 10 (dez) dias.”
135
Artigo 461. “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
o
§ 1 A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível
a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
o
§ 2 A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287)
o
§ 3 Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado
o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão
fundamentada.
o
§ 4 O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
o
§ 5 Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o
juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa
por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e
impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.
o
§ 6 O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se
tornou insuficiente ou excessiva.”
53
fazer ou não fazer, tanto em antecipação de tutela (§3º); na decisão final (§ 4º); ou
ainda o § 5º, sobre as “medidas necessárias”.
Outro importante aparelho acelerador encontrado no atual Código de
Processo Civil brasileiro é o artigo 537136, o qual determina o prazo pra que o juiz
julgue os Embargos de Declaração.
O que se deve buscar primordialmente é um devido cumprimento deste
prazo. Não basta a lei estabelecer se não houver uma devida fiscalização,
consumando, com a real exigência do dispositivo, permaneceremos na mesma
estaca.
Segundo Marinoni, o legislador atribuiu ao juiz o poder/dever de impor meios
adequados para uma efetiva tutela jurisdicional, a qual, sendo aplicada
corretamente, torna-se um meio coercitivo valido de aceleração processual137.
136
Artigo 537. “O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator apresentará os
embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto.
137
MARINONI, Guilherme. A legitimidade da Atuação do Juiz a partir do Direito Fundamental à
Tutela Jurisdicional Efetiva.
<http://www.professormarinoni.com.br/manage/pub/anexos/20080320041013A_legitimidade_da_atua
cao_do_juiz.pdf> Acessado em 21/09/2010. As 08h36min.
54
138
CANOTILHO, J.J. Gomes. Op. Cit. p. 245
139
Idem. Ibidem. p. 256
140
Idem Ibidem. p. 263
141
SOUSA, José Augusto Garcia. Op. Cit. p. 47
142
MOREIRA, José Carlos Barbosa. O futuro da Justiça: alguns mitos. Temas de direito
processual. 8 ed. Saraiva: São Paulo, 2004. p.5
55
143
A expressão custo duração foi muito utilizada por Vicenzo Vigoritti. (In: WAMBIER, Teresa Arruda
Alvim. (coordenadora); LOPES, João Batista. Aspectos Polêmicos da Antecipação de Tutela;
Tutela Antecipada e o art. 273 do CPC. Op. Cit. p. 207)
56
144
SOUSA, José Augusto Garcia de Op. Cit. p. 34
145
MORAES, Maria Celina Bodin de. Constituição e Direito Civil. Tendências. Revista de Direito
da Defensoria pública. Rio de Janeiro. n 16. pp. 175-176, 2000 Aput SOUSA, José Augusto Garcia
de. Op. Cit. p. 34
146
SOUSA, José Augusto Garcia de. Op. Cit. p. 34
147
Idem. Ibidem. p. 36
148
Neste ponto apenas de caráter ilustrativo trazemos o pensamento de Margarida Maria Lacombre
Camargo, citada por José Augusto Garcia de Sousa: “Ao contrário dessas posições monopolíticas, o
que se aponta agora, sob o viés da pós-modernidade, é que, no lugar do único, o plural; no lugar do
abstrato, o concreto; e no lugar do formal, o retórico. Não se vê mais como condizente à prestação
jurisdicional aquele juiz que se reporta a conceitos abstratos, que procura uma verdade absoluta
57
tais como, as restrições do direito de recorrer das decisões, a criação de ritos mais
céleres, a diminuição dos incidentes processuais. Contudo questionamos a
efetividade destes mecanismos.
152
BRASIL, Código de Processo Civil Anotado. Organização dos textos, notas remissivas e índices
por Theotônio Negrão, 35 ed., São Paulo: Saraiva, 2003. p. 348
59
154
MARINONI, Luiz Guilherme. O Direito à adequada tutela jurisdicional. Op. Cit. p. 244
60
155
SOUSA, José Augusto Garcia de. Op. Cit. p. 64
156
MARINONI, Luiz Guilherme. Novas Linhas do Processo Civil. 4 ed. Malheiros: São Paulo, 2000,
pp. 33-34
61
157
MARINONI, Luiz Guilherme. O Custo e o Tempo do Processo Civil Brasileiro.
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/journals/2/articles/32905/public/32905-41006-1-PB.pdf
Acessado em 30/09/2010> Acessado em 03/10/2010. As 20h19min.
62
Uma onda renovatória atingiu o processo civil de tal maneira que inúmeras
reformas aconteceram até a propositura do projeto de lei nº 166/2010. “O processo
civil moderno quer um processo de resultados, não um processo de conceitos ou de
filigranas”158, sobre isso, pondera Dinamarco:
158
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma do Código de Processo Civil. Leis 8.455, de
24.8.92; 8.637, de 31.3.93; 8.710, de 24.9.93; 8.718 de 14.10.93; 8.898, de 29.6.94; 8.950, de
13.12.94; 8.951 de 13.12.94; 8.952 de 13.12.94; 8.953 de 13.12.94; 9.079, de 14.7.95; 9.139, de
30.11.95; 9.245, de 26.12.95. 5 ed, Malheiros: São Paulo, 2001, p. 22
159
Idem. Ibidem. p. 22
63
160
Idem. Ibidem. p. 23
161
ALVIM, Eduardo Arruda; ALVIM, Angélica Arruda. As Reformas e o Sistema Recursal. Revista
de Direito Civil e Processo Civil. v. 9, n 52, mar/abri, 2008 p. 23
64
Tais questões pairam no mundo jurídico e estão até agora sem uma
resposta concreta. A angústia permanece, questiona-se se será possível, em tão
pouco tempo, aprovar-se um novo código.
162
ALVIM, Eduardo Arruda; ALVIM, Angélica Arruda. Op. Cit. p. 10
163
SOUSA, José Augusto Garcia de. Op. Cit. p. 32
164
Idem. Ibidem. p. 32
165
Idem. Ibidem. pp. 32-33
65
em uma bicicleta que exige pedaladas cada vez mais frenéticas para não tombar”166.
Contudo as incertezas geradas por esse emblema, não podem ser olvidadas.
O ritmo acelerado acaba por, quase invariavelmente, comprometer a
qualidade do processo (tanto já criticado no presente trabalho). Sendo a grande
preocupação com os meios que o novo código irá utilizar-se.
Todavia, não devemos esquecer que o Projeto trás também características
benéficas. Prima por simplificar o processo, resolvendo problemas e reduzindo a
complexidade dos procedimentos, tais como o recurso, e principalmente,
proporciona maior rendimento a cada processo em si, imprimindo organicidade ao
sistema, a qual foi perdida no código vigente e assim, dando-lhe mais coesão167.
Isto é feito de forma com que não fira, ao menos não aparentemente, as
diretrizes do processo, ao contrario, segundo Marinoni e Daniel Mitidiero:
166
Idem. Ibidem. pp. 33-34
167
Exposição de Motivos do Projeto do Código de Processo Civil
168
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. O projeto do CPC. Críticas e Propostas.
Revista dos Tribunais: São Paulo, 2010. p. 16
66
169
SOUSA, José Augusto Garcia de. Op. Cit. p. 59
170
Exposição de Motivos do Projeto do Código de Processo Civil
67
171
SOARES, Carlos Henrique. Considerações Preliminares sobre o Relatório do Novo Código de
Processo Civil. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil. v. 11, n 65, maio/jun, 2010. Porto
Alegre. p.120
172
Idem. Ibidem. p. 121
173
Exposição de Motivos do Projeto do Código de Processo Civil
174
Trataremos mais especificamente sobre essa liberdade dada ao juiz, no capítulo 4.2.2 A ampliação
do pode dos magistrados
175
Exposição de motivo do Projeto do Código de Processo Civil
68
Art. 8º. As partes têm o dever contribuir para a rápida solução da lide,
colaborando com o juiz para a identificação das questões de fato e
de direito e abstendo-se provocar incidentes desnecessários e
procrastinatórios.
176
Exposição de Motivos do Projeto do novo Código de Processo Civil
177
Idem. Ibidem.
178
Artigo 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
69
179
Artigo 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
180
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Op. Cit. p. 16
70
181
Idem, Ibidem. p. 16
182
Exposição de Motivos do Projeto do Código de Processo Civil
183
Cumpre esclarecer aqui que, não há uma descredibilidade neste mecanismo, a intenção não é
reprová-lo, mas apenas ensejar uma maior ventilação sobre sua eficácia no caso concreto.
71
184
Sobre a Escola Instrumentalista do processo cabem algumas considerações:
“Os instrumentalistas defendem que ‘o processo, então, pode ser encarado pelo aspecto dos atos
que lhe dão corpo e das relações entre eles, e igualmente pelo aspecto das relações entre seus
sujeitos. (...)
A noção de procedimento é puramente formal, não passando da cooperação de atos que sucedem.
Concluí-se, portanto, que o procedimento (aspecto formal do processo) é o meio pelo qual a lei
estampa os atos e formulas da ordem legal do processo. O processo é indispensável à função
jurisdicional exercida com vistas ao objetivo de eliminar conflitos e fazer justiça mediante a atuação
da vontade concreta da lei, è, por definição, o instrumento através do qual a jurisdição opera
(instrumento para a positivação do poder)’.
Os instrumentalistas não negam a essencialidade da garantia constitucional do contraditório dentro
do processo. Entretanto, eles defendem que o contraditório não anula a idéia de processo como
relação jurídica. (...)
Na realidade, a presença da relação jurídica-processual no processo é a projeção jurídica e
instrumentação técnica da exigência político constitucional do contraditório. Terem as partes poderes
e faculdades no processo, ao lado de deveres, ônus e sujeição, significa, de um lado, estarem
envolvidas numa relação jurídica; de outro, significa que o processo é realizado em contraditório. Não
há qualquer incompatibilidade entre essas duas facetas da mesma realidade.” (In: CITRA, Antônio
Carlos de Araujo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido Rangel. Teoria geral do
processo. 18 ed. São Paulo, 2002. p.277-285 )
185
Oskar Von Bülow é o idealizador da teoria do processo com relação jurídica processual, no qual foi
ofertado ao mundo jurídico no ano de 1868.
186
SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. p. 126
72
187
Conforme elucidado no Capítulo 3.1. O SISTEMA DISPOSITIVO E O SISTEMA INQUISITIVO
188
Art. 107.” O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I – promover o andamento célere da causa;
II – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações
impertinentes ou meramente protelatórias, aplicando de ofício as medidas e as sanções previstas em
lei;
III – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto
prestação pecuniária;
IV – tentar, prioritariamente e a qualquer tempo, compor amigavelmente as partes, preferencialmente
com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
V – adequar as fases e os atos processuais às especificações do conflito, de modo a conferir maior
efetividade à tutela do bem jurídico, respeitando sempre o contraditório e a ampla defesa;
VI – determinar o pagamento ou o depósito da multa cominada liminarmente, desde o dia em que se
configure o descumprimento de ordem judicial;
VII – exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança
interna dos fóruns e tribunais;
VIII – determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para interrogá-las sobre
os fatos da causa, caso em que não incidirá a pena de confesso;
IX – determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outras nulidades.”
189
SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. pp.127-128
190
Idem. Ibidem. p. 128
73
191
Idem. Ibidem. p. 128
192
Sem grifo no original
193
MARINONI, Luiz Guilherme, MITIDIERO, Daniel Op. Cit. p. 88
194
Idem. Ibidem. pp. 88-89
74
Por isso, deve-se sim, tomar muito cuidado com o emprego ampliado do
conceito poder do magistrado, mesmo sendo uma aproximação com o disposto
constitucional.
Outro ponto, sem grandes qualificações, é o inciso VI, assim reza o item: ao
juiz caberá: “determinar o pagamento ou o depósito da multa cominada
liminarmente, desde o dia em que se configure o descumprimento de ordem judicial”.
Aqui não cabendo considerações proeminentes, apenas, uma vez mais,
positivando princípios e exigindo a exequibilidade antes mesmo do transito em
julgado.195 196
Por isso, o que se tem de mais significativo quando falamos em aplicação do
poder do magistrado é a incerteza gerada quanto à sua aplicação. A idéia é positiva
e, em certo modo, bem vinda. Contudo, imprescindível que seja efetivado de forma
consciente pelo julgador e vigiado pelo Estado, respeitando as limites processuais
os quais devem ser muito bem determinados. E, infelizmente o Projeto não faz.
195
Idem. Ibidem. p. 89
196
Neste ponto, salutar dizer que o presente trabalho não pretende adentrar na serra do Coisa
Julgada, antecipada ou não. Tal assunto desprende de uma análise aprofundada e caberia um
trabalho apenas para esclarecer esse quesito.
197
Art. 531. “Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para contra-razões; após, o relator
do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do recurso.”
198
THEODORO JUNIOR, Humberto. As Inovações no Código de Processo Civil. 6 ed. Forense:
Rio de Janeiro, 1996, pp. 26-27
75
Nesta medida, a “perda” do tempo, torna-se nobre. O que não quer dizer que
não deva haver uma investigação quando o recurso é prolongado de forma
199
SOARES, Carlos Op. Cit. p.132
200
Idem. Ibidem. p. 51
201
SOUSA, José Augusto Garcia de Op. Cit. p. 52
76
202
CONGRESSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Desafio do novo Processo Civil e Penal. (IAP),
2010. Estação Convention Center.
203
Desta forma, mesmo considerando o peso formalmente superior dos votos oriundos do órgão ad
quem, fica caracterizado, sem dúvida, sob o ângulo substancial, uma situação aguda de incerteza,
insegurança. Só que a jurisdição existe exatamente para aplicar as crises de incerteza e insegurança
que grassam no meio social. jurisdição incerta não é jurisdição, é uma contradição em termos. (In:
Idem. Ibidem. p. 52)
204
Art. 522. “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida,
salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem
como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é
recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.”
205
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI. Op. Cit. p. 65
77
tanto entende-se que a referida decisão deva gerar dano a parte, ou seja, contra os
atos pelos quais o juiz, no curso do processo, resolveu questões incidentais.206
Pode ainda ser dividido em agravo de instrumento e agravo retido. Sendo
este de grande relevância ao sistema, pois permite não que a matéria não urgente,
mas questionável, preclua no decurso do processo e impeça ser discutida.
Tal procedimento ganhou a forma como o conhecemos hoje pela reforma
ocorrida, em 2005, pela Lei nº 11.187. A maior inovação se deu no seu
processamento. “Com isso, o agravo retido, que tinha papel secundário, ganhou
relevo no sistema recursal”207.
206
THEODORO JUNIOR, Humberto Op. Cit. p. 89
207
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Op. Cit. p. 655
208
Idem. Ibidem. p. 656
78
209
THEODORO JUNIOR, Humberto. Op. Cit. p. 89
210
Idem. Ibidem. p. 90
211
Tais considerações em nada comprometem a celeridade processual, e portanto pouca relevância
têm no presente estudo.
212
SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. p. 132
79
213
Marinoni e Daniel Mitidiero trazem uma importante observação quanto a preclusão: “O art. 476, III,
Projeto, autoriza a superação da preclusão consumativa, jamais da coisa julgada” (In: MARINONI,
Luiz Guilherme, MITIDIERO, Daniel Op. Cit. p. 132)
214
Art. 245. “A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte
falar nos autos, sob pena de preclusão.”
215
Art. 929. “Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias:
I – que versarem sobre tutelas de urgência ou da evidência;
II – que versarem sobre o mérito da causa;
III – proferidas na fase de cumprimento de sentença ou no processo de execução;
IV – em outros casos expressamente referidos neste Código ou na lei.
Parágrafo único. As questões resolvidas por outras decisões interlocutórias proferidas antes da
sentença não ficam acobertadas pela preclusão, podendo ser impugnadas pela parte, em preliminar,
nas razões ou contrarrazões de apelação.”
80
216
Art. 923. “Da sentença cabe apelação. (...)
Parágrafo único. As questões resolvidas na fase cognitiva não ficam cobertas pela preclusão e devem
ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final.”
217
<http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI103549,81042Preclusao+e+decisao+interlocutoria+Ant
eprojeto+do+Novo+CPC+Analise+da> Acessado em 18/10/2010. As 21h43min
81
218
Alega o autor: “decisões somente poderiam ser revistas muito tempo depois de terem sido
proferidas, exatamente no momento do julgamento da apelação. Acolhida a apelação nesta parte,
todos os atos do procedimento posteriores à decisão anulada também seriam anulados. E os atos
anulados teriam de, em regra, ser novamente praticados.”
<http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI103549,81042Preclusao+e+decisao+interlocutoria+Antepr
ojeto+do+Novo+CPC+Analise+da> Acessado em 18/10/2010. As 21h43min.
219
CARDOSO, Hélio Apoliano; CARDOSO JUNIOR, Paulo Régis; PORTO, Sandra Maria. O Projeto
do Novo Código de Processo Civil. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil. v. 11, nº 66,
jul/ago. 2010. p. 88
220
A citação direta do autor Hélio Apoliano Cardoso, está correta, contudo é importante fazer a
ressalva do artigo 520 do CPC, o qual traz as exceções de quando a apelação é recebida somente no
efeito devolutivo.
82
221
Art. 926. “A apelação será interposta e processada no juízo de primeiro grau; intimado o apelado e
decorrido o prazo para resposta, os autos serão remetidos ao tribunal, onde será realizado o juízo de
admissibilidade.”
222
SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. p.128
83
223
GRINOVER, Ada Pellegrini. Mudanças Estruturais no Processo Civil Brasileiro. Revista IOB de
Direito Civil e Processual Civil. v.8, nº 44, Nov/dez, 2006. pp. 51-52
224
A Autocomposição pode ser entendida como conciliação na medida em que a resolução do conflito
consiste no sacrifício por parte de um dos litigantes ou de todos, do seu interesse próprio em favor do
interesse do outro. “segundo a melhor doutrina, gênero, do qual são espécies a transação (concessão
mútua), a submissão (reconhecimento da procedência do pedido) e a renúncia da pretensão
deduzida.” Podendo ocorrer, inclusive, dentro do processo. (In: WAMBIER, Luiz Rodrigues;
TALAMINI, Eduardo – Curso Avançado de Processo Civil Op. Cit. p. 94)
225
Idem. Ibidem. p. 94
226
Idem. Ibidem. p. 94
84
modificado pela lei nº 8.952/1994, a qual, alterou os artigos 125 e 331 do Código de
Processo Civil227.
Novamente falando de conciliação, nem tudo são méritos.
Contudo, o Projeto busca dar mais ênfase a conciliação, como uma tentativa
de, primeiro, torná-la mais natural aos olhos das partes e, segundo, desabarrotar o
judiciário, na medida em que, quanto mais litígios são resolvidos por meio da
conciliação, menos demandas teremos pendente de decisão judicial.
Nesta linha temos que o réu não é mais citado para contestar, assim como já
ocorre no procedimento sumário, quando citado, o réu deve comparecer, antes de
apresentar a contestação, para a audiência de conciliação. (artigo 333229).
227
GRINOVER, Ada Pellegrini Op. Cit. p. 52
228
Idem. Ibidem. p. 52
229
Art. 333. “Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de rejeição
liminar da demanda, o juiz designará audiência de conciliação com antecedência mínima de quinze
dias.”
230
MARINONI, Luiz Guilherme, MITIDIERO, Daniel. Op. Cit. p. 119
85
231
SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. p. 129
232
Idem. Ibidem. p. 120
86
Contudo, conforme todo o exposto no trabalho não há como não temer esse
foco dado à celeridade em detrimento a segurança jurídica234. A busca pela
segurança jurídica deve ser primada para que haja uma maior previsibilidade das
decisões. Só assim teremos uma possibilidade de que o Projeto seja eficiente.
Não há como não questionar todos esses quesitos apresentados, sendo que
trouxemos, apenas algumas preocupação apresentadas pelo Projeto, sabendo que,
tudo que questionamos está apenas no campo empírico e somente com a
aprovação, se é que será aprovado, saberemos como estes institutos funcionaram
na prática.
Sem deixar de ponderar o erro de foco dado à reforma. O problema não está
no número de recursos ou de procedimentos que o atual código tem, mas sim uma
questão política judiciária de infraestrutura se faz presente.
Em síntese, para que a ficção se transforme em uma realidade que melhore
a atual conjuntura
233
<http://www.senado.gov.br/senado/novocpc/palavra_presidente.asp> Acessado em 18/10/2010.
As 20h
234
Na tentativa de justificar a prevalência dada a celeridade em detrimento a segurança jurídica
Carlos Henrique Soares faz uma análise sobre o que seria segurança jurídica atualmente, contudo,
não justifica essa emprego: “Podemos dividir o pensamento jurídico a respeito da segurança jurídica
em cinco grupos, quais sejam: a) os negativistas; b) a segurança jurídica como valor principal; c) a
segurança jurídica como valor autônomo; d) a segurança jurídica como justiça; e) a segurança
jurídica como valor anexo à justiça. (...)
Todas as teorias que buscam explicar o significado de segurança jurídica estão, de certa forma,
buscando justificar que o Estado precisa garantir aos seus cidadãos a previsibilidade de suas
decisões. Isso quer dizer que o Estado garante a segurança jurídica na medida em que permita aos
seus interessados deduzir, com maior certeza possível, qual será o resultado de uma demanda
colocada no Poder Judiciário.
No entanto, tal definição de segurança jurídica já não pode mais explicar o Estado Democrático de
Direito. É impossível, em um Estado que tem características marcantes a complexidade e a
pluralidade, a creditar que as decisões que sirvam de base para um concreto possam também servir
para serem aplicadas em outros casos. (In: SOARES, Carlos Henrique. Op. Cit. p. 125)
235
Idem. Ibidem. p. 124
87
Por isso, uma reforma em tão pouco tempo torna-se um tanto quanto
perigosa, mas há de ser ponderado o quesito tempo, novamente, e agora não o
tempo no processo, o tempo de elaboração/discussão/aprovação do Projeto.
Portanto, para que há uma decisão legítima é necessário que haja processo
de formação legislativo ponderado e sério o qual resultará em um ordenamento
melhorado, o que não necessariamente significa a promulgação de um novo Code.
236
Idem. Ibidem. p. 126
88
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivemos hoje sim em uma profunda crise processual, mas esta deficiência
não está na lei e um novo ordenamento não resolverá a parábola do tempo. Nossa
esfinge concentra-se em um ponto mais longínquo e enredado.
A grande crise do processo está no sistema. De pouco adianta suprimirmos
os Embargos Infringentes se não tivermos juízes suficientes para, em tempo
razoável, sentenciar.
Uma reforma abrupta deve sim ocorrer, mas na organização do judiciário. O
problema do tempo do processo se deve a falta de investimento material e
intelectual no Sistema Justiça e não a lei que temos vigendo atualmente.
Por isso, não poderíamos rematar de forma diversa. A celeridade é
importante, e deve ser buscada sempre, desde que resguardadas as garantias de
defesa, mas, se aplicarmos o remédio correto, não feriremos outros preceitos
constitucionais, e assim teremos um processo justo e célere. Na medida em que
deve ser.
91
6. BIBLIOGRAFIA
ALVIM, Carreira. Código de Processo Civil Reformado. 3 ed. Del Rey: Belo
Horizonte, 1996.
Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil. v.8, nº 44, Nov/dez, 2006. pp. 35-58
MARINONI, Luiz Guilherme. Novas Linhas do Processo Civil. 4 ed. Malheiros: São
Paulo, 2000.
________ O direito à adequada tutela jurisdicional. RT, 1991, v. 663, ano 80. São
Paulo. pp. 243-247.
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