DEBUSSY - Os Prelúdios para Piano, Vol. 1 - Análise
DEBUSSY - Os Prelúdios para Piano, Vol. 1 - Análise
DEBUSSY - Os Prelúdios para Piano, Vol. 1 - Análise
1 - Análise
Aliás, vamos entender o 1º (e o 2º) Livro de Prelúdios como uma coletânea de contos. É só dividir esses
contos em parágrafos: meio caminho andado. Ele foi um dos primeiros compositores modernos, saindo do
romantismo. Enquanto que no romantismo as músicas são bem descritivas, ainda que apenas de sentimentos,
no modernismo elas tendem a ser mais abstratas. É até interessante que Debussy tenha colocado títulos para
cada prelúdio. Mas, na partitura, ele coloca o título no fim. Genial! Você deve ler a peça como se não
soubesse do que se trata e, então, descobrir.
O que é um prelúdio?
Nesse sentido usado por Debussy, trata-se de peças para piano com durações diversas (2 e pouco a quase 8
minutos) e com forma livre. Ou seja, a peça se desenvolve sem "ter que fazer" nada: ao gosto do compositor.
Ele os compôs entre 1909 e 1910.
Johann Sebastian Bach escreveu O Cravo Bem Temperado, com 24 prelúdios e fugas, cada um em
uma das tonalidades existentes. Depois compôs outro livro. Isso abriu precedente para que compositores,
famosamente Frédéric Chopin, fizessem seus prelúdios. Chopin fez um livro de 24, respeitando a ideia das
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24 tonalidades. Debussy fez 2 livros de 12. Mas ele não fez um para cada tonalidade. Os dele são bem livres.
Cada um tem um título, que vem de algum poema (Baudelaire) ou simplesmente de uma alusão.
Os Prelúdios (Livro 1)
O primeiro prelúdio é uma música vaga, atmosférica. Parece uma água calma que não se deixa perturbar. São,
basicamente, acordes, grandes e cheios em sucessão. E, por cima destes, uma sutil melodia.
É mais sobre o vento que sobre as velas (ou véus, ele quis deixar ambíguo). Com simples terças
descendentes, na escala hexatônica, em oposição a outra linha de terças, estas em ascensão, ele cria uma
música verdadeiramente flutuante, pairante. Uma nota pedal grave mantém a atmosfera misteriosa da peça.
Vento, mais uma vez (e não é a última). Dessa vez ele aparece mais abstrato, numa visão mais enfurecida.
4 - Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir (Os Sons e os Perfumes
Giram no Ar do Anoitecer)
Precisa de muita sensibilidade, o pianista, nesse prelúdio. Porque ele pode soar monótono ou fora da proposta
do livro. Mas, se tocado corretamente, é tão fantástico quanto o título.
Uma verdadeira peça para estudantes de piano. Explora a expressividade, técnica e noção de estrutura - ela
tem momentos divergentes. É brilhante.
Como você descreveria musicalmente passos na neve? Agora escuta o que Debussy fez. O que ele fez não
poderia ser descrito como outra coisa que não passos na neve. Ele é bem lento, traz muitos silêncios. Pra se
escutar com muita atenção.
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Mais um de vento, dessa vez uma ventania. É certamente a peça mais difícil do grupo - acordes quebrados,
oitavas quebradas, passagens velozes -, a escrita é brilhante. Também é a mais pianística.
O mais famoso de todos os prelúdios. É muito lindo, tonal, infantil - uma música simples, como as que o
compositor fazia no começo de sua carreira.
Faz as vezes de um scherzo, com notas repetidas e uma alusão rítmica a algum tipo de dança.
Essa é muito famosa, também. É completamente descritiva. Fala sobre a lenda de Ys, uma cidade que fica no
fundo do mar, e de sua catedral, que, em manhãs claras e de águas transparentes, emerge, tocando música
com seu suntuoso órgão. Só pra depois submergir novamente. Ninguém faria música mais arrebatadora.
Outra peça com caráter mais leve. Também tem um ritmo forte, não nos acordes, mas na própria melodia.
Não sei quem é Puck.
12 - Minstrels (Menestréis)
Também é leve, descrevendo os menestréis medievais que levavam uma mistura de música e teatro ao
público.
Gravações Importantes
Debussy gravou alguns em uma técnica de piano roll chamada Welte-Mignon. O pianista grava a sua
interpretação, e as dinâmicas, os tempos, os pedais, tudo é transferido para um rolo. E depois eles aplicam
essas diretrizes por computador em um piano moderno. É emocionante. Não sei o quão históricas são essas
interpretações, mas acho que têm um grande valor.
https://open.spotify.com/album/0xd7qUU4QN5HBBkiVO2YYO?si=peiVSbMtSCGApb0Ts0BoTg
Walter Gieseking - Dizem que Debussy queria que o piano fosse tocado como se não tivesse martelos, da
maneira menos percussiva possível. Pois bem, os críticos concordam que Gieseking atingiu isso. Pra mim o
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único problema é o som. Por terem sido gravados nos anos 1953-1955, o som ainda tem muito chiado, e eu
sinto que não estou conseguindo escutar tudo que é pra eu escutar.
Arturo Michelangeli - A minha favorita. Parece que cada gesto, cada inflexão dele deu certo em cada
prelúdio. Eu não sei explicar, não é só técnico, parece que se está respirando música.
https://open.spotify.com/album/0NJLAserOCKk3HbzQ7Zm15?si=BDIMwOyPSW-
UAwobm1ILHw
Claudio Arrau - Impressionante. Arrau tem um som cósmico. Aliás, um não, milhões de sons. O chileno é um
dos pianistas mais coloridos que já existiram (pianisticamente, porque ele mesmo era normal). E a gravação é
boa.
Monique Haas - Excelente versão. Imaginativa, com um perfeito colorido e tecnicamente impecável.
Nelson Freire - Nada passa desapercebido pela peneira que é a sensibilidade do Nelson. Ele descobre a hora
perfeita de tocar, com a intensidade perfeita... O som também está muito bom. É a gravação moderna mais
comentada. Parece mais com Arrau, colorido e imaginativo, do que com Michelangeli, mecânico e preciso,
quase matemático.
Vladimir Ashkenazy - Uma abordagem sem exageros. Sem sentimentalismos, aliás, bem pragmática. O
primeiro prelúdio é rápido como um jato, parece que ele tá com pressa. Mas tem seus momentos, como os
prelúdios Nos. 3 e 7, em que ele demonstra sua técnica arrebatadora. A gravação é boa, mas me parece que o
piano não é dos melhores. Posso estar enganado.
Maurizio Pollini - Todo mundo tinha curiosidade de saber como o maior pianista italiano vivo iria tocar esses
prelúdios. Ele fez o equilíbrio entre o inspirado e o calculado. Seu Nº 8 é imbatível. Ficou excelente.
Krystian Zimerman - Zimerman é sempre super expressivo. Mas eu digo super mesmo, over. Quando é pra
desacelerar, ele desacelera demais; quando é pra crescer, cresce demais etc. Só tem uma coisa. Quando ele
acerta é de cair o queixo. Ouçam o prelúdio Nº 10. Além da técnica impecável, ele faz a música soar
realmente empolgante.
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A mais famosa versão orquestral, e também a única que eu conheço, foi orquestrada por Colin Matthews e
gravada, sobretudo, pela Orquestra Hallé, regida por Mark Elder. As orquestrações são fenomenais. Claro
que tem prelúdio que é mais pianístico, mas a maioria se adequou bem à orquestra. Esse disco, da Hallé, é
incrível. Eles tocam muito e a maneira com que as peças soam é quase de outro mundo.
https://open.spotify.com/album/6hrue8HHPJNA8mZjPvqYTH?si=9Xbe0FUCReC_hKL2UGmEHA
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E análises de obras:
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- Brahms - Sinfonia Nº 4
- Brahms - Concerto para Piano Nº 1
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- Rachmaninoff - Concerto 4
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ua mensagem
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