RRAg-369-14 2020 5 12 0008
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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RRAg-369-14.2020.5.12.0008
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004E9EB5863107EEE.
Agravante, Agravado e Recorrente: ALDEMIR ALBANI
Advogado: Dr. Diego Maciel Britto Aragão
Advogado: Dr. Raimundo Cezar Britto Aragão
Advogada: Dra. Thainá Cristina Beal
Agravante, Agravado e Recorrido: SEARA ALIMENTOS LTDA.
Advogado: Dr. Valdir Antônio Ieisbick
GMDAR/CDGLC
DECISÃO
Vistos etc.
I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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II - política, o desrespeito da instância recorrida à
jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de
direito social constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista.
O exame do art. 896-A, § 1º, da CLT revela que o próprio legislador deixou
aberta a possibilidade de detecção de outras hipóteses de transcendência, ao sugerir de
modo meramente exemplificativo os parâmetros delineados no § 1º do art. 896-A da
CLT.
Não se pode, portanto, no exercício desse juízo inicial de delibação, afastar
o papel precípuo do TST de guardião da unidade interpretativa do direito no âmbito da
Justiça do Trabalho.
Nesse sentido, deve se entender presente a transcendência política nas
hipóteses em que as decisões regionais, de forma direta e objetiva, contrariam a
jurisprudência pacífica e reiterada desta Corte, ainda que não inscrita em Súmula ou
Orientação Jurisprudencial.
Esse novo sistema busca realizar pelo menos três valores constitucionais
relevantes: isonomia, celeridade e segurança jurídica no tratamento aos
jurisdicionados. Por isso, também as decisões nesses incidentes, quando descumpridas,
devem ensejar o reconhecimento da transcendência política para o exame do recurso
de revista.
Em síntese, o pressuposto da transcendência política estará configurado
sempre que as decisões regionais desafiarem as teses jurídicas pacificadas pelo TST em
reiteradas decisões (§ 7º do art. 896 c/c a Súmula 333 do TST), em Súmulas, em
Orientações Jurisprudenciais ou em Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas e
de Assunção de Competência.
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Assim resumida a espécie, profiro a seguinte decisão, com
fundamento no artigo 932 do CPC/2015.
Observo, inicialmente, que o recurso é tempestivo e regular.
Registro, ainda, que se trata de agravo de instrumento com o objetivo de
viabilizar o processamento de recurso de revista interposto em face de decisão
publicada na vigência da Lei 13.467/2017.
O Tribunal Regional negou seguimento ao recurso de revista da parte, por
entender não configuradas as hipóteses de cabimento previstas no artigo 896 da CLT.
Eis os termos da decisão:
(...)
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso.
Regular a representação processual.
Satisfeito o preparo.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios /
Salário / Diferença Salarial / Salário por Equiparação /
Isonomia.
Alegação(ões):
- violação do art.461 da CLT
A parte recorrente requer seja afastada a equiparação
salarial e a consequente condenação ao pagamento das
diferenças salariais.
Consta do acórdão:
"Em que pese as alegações da ré, não há como acolher o
recurso neste particular. Isso porque a prova testemunhal
constante dos autos corroboram a tese do autor.
A primeira testemunha ouvida pelo Juízo de primeiro grau
declarou que o autor e o paradigma trabalhavam nas mesmas
atividades porém em áreas diferentes.
A testemunha convidada pela parte ré declarou que as
tarefas dos gestores eram parecidas e possuíam o mesmo
número de subordinados. Afirmou, ainda, que o autor e os
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gestores detinham poderes para punir, abonar faltas e deferir
férias.
Além do mais, ao verificar as fichas de registros dos
empregado (fls. 130-140), é possível depreender que o autor e o
paradigma exerciam as mesmas funções sem, no entanto, o
autor receber a devida contraprestação inerente ao cargo de
supervisor.
Aplica-se ao caso o princípio da imediatidade, pois o Juiz
que proferiu a sentença também colheu os depoimentos, tendo
oportunidade de ver e sentir a reação das partes e testemunhas,
com mais condições, portanto, de avaliar a força das afirmações
colhidas durante a instrução processual.
Portanto, a prova oral e a prova documental se mostram
mais favoráveis à tese autoral, uma vez que a ré não se
desincumbiu de desconsisituir as provas constantes dos autos."
Nos termos das razões da Turma acima transcritas, não há
cogitar violação direta e literal ao texto legal indicado.
Ademais, o Colegiado decidiu com amparo nos elementos
probatórios contidos nos autos. Conclusão diversa da adotada
remeteria ao reexame de fatos e provas, procedimento vedado
pela Súmula 126 do Tribunal Superior do Trabalho.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
(...)
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seus reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica (CLT, art. 896-A).
O simples descontentamento da parte com o teor da decisão judicial não
basta para viabilizar o acesso a mais uma instância jurisdicional.
Muito embora a crise de efetividade do sistema judicial brasileiro venha
sendo combatida há vários anos por meio de reformas legislativas e políticas de gestão
delineadas a partir do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é fato que o principal aspecto
a ser enfrentado envolve os recursos protelatórios, que apenas consomem valioso
tempo e recurso das próprias partes e do Estado.
O direito constitucional de acesso à Justiça (CF, art. 5º, XXXV) não autoriza o
percurso de todos os graus de jurisdição fora das hipóteses legalmente previstas (CF,
art. 5º, LIV). Se o debate se esgotou de modo regular na esfera ordinária de jurisdição,
proferidas as decisões de forma exauriente e fundamentada (CF, art. 93, IX) e sem que
tenham sido vulneradas as garantias processuais fundamentais dos litigantes, à parte
sucumbente cabe conformar-se com o resultado proposto, não lhe sendo lícito
postergar, indevidamente, o trânsito em julgado da última decisão proferida, com a
interposição sucessiva das várias espécies recursais previstas em lei.
No caso presente, foram examinadas, detida e objetivamente, todas as
alegações deduzidas pela parte em seu recurso de revista e indicados os óbices que
inviabilizaram o processamento pretendido. Confrontando a motivação inscrita na
decisão agravada e os argumentos deduzidos pela parte Agravante, percebe-se, sem
maiores dúvidas, a ausência de qualquer equívoco que autorize o provimento do
presente agravo de instrumento. Os motivos inscritos na decisão agravada estão
corretos, evidenciam a ausência de pressupostos legais e, por isso, são também
incorporados a esta decisão.
Assim, constatado que as razões apresentadas pela parte Agravante não
são capazes de justificar a reforma da decisão agravada, viabilizando o processamento
regular do recurso de revista denegado, no que se refere aos temas veiculados nas
razões recursais, porquanto não se evidencia a transcendência sob quaisquer de suas
espécies, na medida em que não alcança questão jurídica nova (transcendência
jurídica); o valor da causa não assume expressão econômica suficiente a ensejar a
intervenção desta Corte (transcendência econômica); tampouco se divisa ofensa a
direito social constitucionalmente assegurado (transcendência social).
Ademais, não há, a partir das específicas circunstâncias fáticas
consideradas pela Corte Regional, jurisprudência dissonante pacífica e reiterada no
âmbito desta Corte, não se configurando a transcendência política do debate
proposto.
Registro, por fim, que, conforme Tese 339 de Repercussão Geral do STF, o
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artigo 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam
fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame
pormenorizado de cada uma das alegações ou provas.
Logo, uma vez que a parte já recebeu a resposta fundamentada deste
Poder Judiciário, não há espaço para o processamento do recurso de revista denegado.
Assim, ratificando os motivos inscritos na decisão agravada, devidamente
incorporados a esta decisão, e amparado no artigo 932 do CPC/2015, NEGO
PROVIMENTO ao agravo de instrumento.
IV – CONCLUSÃO
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