Apostila Bea1
Apostila Bea1
Apostila Bea1
Apresentação do Módulo
Objetivo do Módulo
Estrutura do Módulo
1.1. Prova
Se você tem uma palavra conhecida e quer saber o significado, a primeira fonte de
consulta é o dicionário. No dicionário Aurélio (versão eletrônica, 2004), o significado geral de
prova nos diz ser “aquilo que serve para estabelecer uma verdade por verificação ou
demonstração”. Em nosso caso específico, nos interessa a prova em sentido mais
direcionado, ou seja, para a demonstração jurídica de um fato.
O tema estudado neste material relaciona-se diretamente com a prova, ou melhor, são
sequenciais. Como assim sequenciais? Observe você. Ao realizar uma busca, seja ela
domiciliar ou pessoal, está procurando o quê? Nada mais nada menos que elementos que
interessam à investigação criminal, objetivando estabelecer um liame com o fato investigado,
ou seja, você busca, entre outros, verdade por intermédio da PROVA.
Não é objeto de estudo neste tema e por isso não seria viável discorrermos sobre a
PROVA em todos os seus aspectos. Por outro lado, a busca e a apreensão estão diretamente
relacionadas à PROVA MATERIAL.
Preste atenção, pois na atividade de busca e apreensão interessa a prova material, tanto
a pericial quanto a docume ntal.
Importante!
PROVA MATERIAL é uma das classificações dos elementos de prova, entendendo-se que
quanto à forma pode ser, entre outras, MATERIAL, ou seja, aquela consistente em qualquer
materialidade que sirva de prova ao fato que venha sendo investigado, como o instrumento
utilizado na prática do crime e os exames periciais realizados nos vestígios coletados no
próprio local de crime.
Ambas, como você já deve ter percebido, estão dentro do conjunto prova material.
Então, veja a definição de cada uma delas, com o foco no instituto da busca e apreensão.
Exemplo 2 – Nesta mesma diligência, você poderá encontrar um contrato comercial, onde
existam obrigações assumidas pela pessoa investigada (objeto da busca) em relação à vítima.
Após a devida análise, poderá restar provado que tal relação comercial foi um dos motivos do
crime.
Você deve observar que, mesmo não havendo restrição na busca da pro va, não se
admite a utilização de meios que atentem contra a moralidade e a dignidade da pessoa
humana, em face dos princípios constitucionais. A título de exemplo, cabe destacar que não se
admitem provas obtidas mediante tortura e aquelas por interceptação telefônica clandestina,
entre outras.
Importante!
É preciso destacar que nem todo crime deixa prova material, mas, se deixar vestígios,
é obrigatória a realização de exames periciais, conforme previsão do artigo 158 do CPP.
Agora, imagine um fato criminoso que veio a se consumar apenas com palavras
proferidas pelo autor do crime, como calúnia e difamação.
Obviamente que nenhum (desde que não tenha ocorrido gravação da voz). Entretanto,
por se tratar de um fato delituoso, a prova precisa ser buscada e, nestes casos, as testemunhas
presenciais narrarão ‘à autoridade policial o ocorrido. É o que se denomina de corpo de delito
indireto, ou seja, suprido por prova testemunhal devido à inexistência de vestígios a serem
periciados.
2.1. Definições
Por isso é que se afirma que, estando ausente na diligência a autoridade policial, os
policiais devem proceder à busca e à arrecadação (e não apreensão, no sentido técnico) dos
elementos de convicção, apresentando-os, em seguida, ao Delegado para as formalidades
legais.
Vários são os momentos para a realização tanto da busca quanto da apre ensão. Veja...
Na fase preparatória de um procedimento policial ou judicial;
Durante a investigação policial, com ou sem inquérito;
Durante a instrução do processo judicial e ao longo da execução penal.
Exemplo
No cumprimento de um mandado de prisão decorrente de sentença penal ou no cumprimento
de mandado judicial que determine constatar se determinado condenado vem cumprindo com
as restrições de uma prisão domiciliar.
3.1. Definição
Considerando o foco do tema do curso, você está diante do que seria a sequência de
proteção ou guarda dos elementos encontrados durante a execução de uma busca e
apreensão.
Se não aconteceu com você, muito provavelmente já ouviu falar de fatos dessa
natureza, em que é levantada a suspeição sobre as condições de determinado objeto
apreendido ou sobre a própria certeza de ser aquele o material que de fato fora apreendido.
Assim, o valor probatório de um material será válido se não tiver sua origem e tramitação
questionada. Isso acarretará prejuízo para todo o processo como um todo.
Procedime nto 1 – A busca deve ser efetuada num cômodo de cada vez (sem desmembrar
a equipe para atuar simultaneamente em outros ambientes), visando o completo controle
dos bens desde o exato momento em que forem encontrados. Não se preocupe com o
tempo. Essa é uma tarefa que deve ser feita sem pressa e com muito critério.
Procedime nto 2 – A autoridade policial que estiver coordenando a busca – de acordo com
o planejamento prévio – deverá colocar somente alguns policiais (em número suficiente
para tornar a busca eficiente, mas sem congestionar o ambiente examinado) nessa tarefa.
Os demais ficarão vigiando os outros ambientes.
Procedime nto 3 – No momento em que algum objeto for encontrado ou em que seja
evidente a sua descoberta, os peritos criminais deverão coordenar os registros da busca,
utilizando-se dos recursos e técnicas criminalísticas para o tratamento de vestígios em
locais de crime. Além disso, a autoridade policial deverá chamar a atenção das
testemunhas para observarem o local onde o objeto se encontra.
Procedime nto 6 – Caso seja imprescindível, os peritos criminais devem estar preparados
para realizar alguns exames no próprio local, visando evitar eventuais perdas antes da sua
movimentação e recolhimento. Isso para evitar a possível perda de alguma informação ao
manusear o objeto.
exame, nos momentos em que não estiver sob a sua guarda visual direta, é preciso que a
Instituição tenha formas operacionais de guarda desse objeto, a fim de manter a sua
idoneidade. Todas essas informações deverão constar no laudo pericial.
Você conclui o módulo 1. A seguir você estudará os aspectos legais da atividade de busca
e apreensão.
Finalizando...
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Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Nessas circunstâncias, você deverá agir com equilíbrio, ponderação e bom senso, não
deixando que aquela irritação momentânea por parte do cidadão se transforme numa crise ou
em outro evento não desejado. Aliás, aí estão alguns dos atributos essenciais do profissional
de segurança pública, e que o diferem do cidadão comum. Nas situações adversas é que se
consegue demonstrar o preparo profissional recebido nas academias de polícia, logicamente
aliado à experiência.
Vocês já devem saber, como profissionais de segurança pública, que devem ter uma
precisão cirúrgica na realização da busca com consequente apreensão/constatação ou não das
provas.
Muitas das vezes, as investigações criminais demandam meses e até mesmo anos em
busca de elementos de convicção que estabeleçam o liame materialidade-autoria. Ocorre que,
no desencadeamento da busca – como no cumprimento de um mandado judicial a ser
realizado em uma residência – por ansiedade e afobação, muitos profissionais acabam
apreendendo/constatando provas materiais de forma incorreta, prejudicando, assim, a verdade
real.
Você se lembra dos procedimentos que devem ser adotados e que já foram abordados no
módulo 1?
Por esse motivo, você tem o dever de evitar aquilo que é chamado de
“questionamentos de ordem jurídica” quando se executa uma busca. Consciente de que a
presença policial incomoda e de que o cidadão na realidade apenas a “tolera”, por mero
imperativo legal, é importante lembrar que, por consequência, esse mesmo cidadão e seus
Importante!
Paciência, perspicácia, transparência e, principalmente, obediência às leis com certeza
garantirão uma adequada e eficaz diligência policial de busca e apreensão, sem qualquer
transtorno ou questionamento.
A seguir, você estudará alguns temas, contidos nos documentos legais, de relevância
na aplicação da busca e apreensão.
A Constituição Federal, 1 lei máxima do país, traça linhas gerais a serem aplicadas na
garantia do estado de direito.
Importante!
O legislador constituinte de 1988 teve muita preocupação na efetiva aplicabilidade dos
direitos e garantias individuais do cidadão, muitas vezes esquecidos no passado recente, daí
resultando seu reconhecimento como “constituição cidadã”.
1
Acesso a Constituição Republica Federativa do Brasil:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm
Nesse aspecto, entre outros, a Carta Magna garantiu expressamente no inciso X do art. 5.º
2
a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, assegurando, inclusive, o direito à
indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação. A intimidade e a vida
privada estão diretamente relacionadas com o tema aqui estudado.
Importante!
Lembre-se de que a intimidade também está diretamente relacionada com o corpo humano.
Na busca pessoal, como você verá mais adiante, a lei permite ao policial o toque na pessoa
que sofre a busca, entretanto, existem limites a serem observados.
• Casa e dia
2
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação
Reflita sobre a questão
Faça neste momento uma análise lógica do que pretendeu o legislador constituinte ao
inserir estas palavras no texto constitucional.
Casa
O conceito de casa é obtido da interpretação dos arts. 150 do CP e 246 do CPP. Sob o
nomen juris de violação de domicílio, o Código Penal, no art. 150, prevê e comina pena para
“quem entra ou permanece de forma clandestina ou astuciosa ou contra a vontade expressa
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”.
Dia
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO,
posicionou-se no sentido de que a expressão dia deve ser compreendida entre a aurora e o
crepúsculo (MORAES, Alexandre de. Direitos e Garantias Individuais, p. 34).
Exemplo:
O jardim de uma casa localizada em um condomínio fechado, em que não haja muros ou
grades que o separe da via pública, não pode ser considerado dependência da mesma, pois não
há intimidade ou vida privada a ser preservada. Da mesma forma, os arredores de um imóvel
localizado em uma propriedade rural, os estábulos, os depósitos de suprimentos, também não
são dependências da casa-sede ou da casa de colonos.
Por esse motivo, você, profissional da área de segurança pública, deve correlacionar
casa com intimidade. Faça sempre esse raciocínio e não terá dificuldade em definir o que é
casa no aspecto legal constitucional.
Por outro lado, quando do início da vigência da atual Constituição Federal, muito se
discutiu o que deveria ser entendido como dia.
Segunda corrente
A segunda corrente defende a ideia de que dia é o período de tempo que medeia entre o nascer
e o pôr do sol.
Ambas possuem críticos e defensores e, na prática, tanto uma como a outra sofrem
injunções ditadas ora pelo homem 3, ora pela natureza 4.
O que deve persistir, entretanto, é o bom senso, pois a lei não estabelece critérios nem
fixa horários. Contudo, deve ser salientado que o Ministro do Supremo Tribunal Federal,
JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO, posicionou-se no sentido de que a expressão “dia” deve
ser compreendida entre a aurora e o crepúsculo. (MORAES, Alexandre de. Direitos e
Garantias Individuais, p. 34).
Importante!
O limite temporal impõe-se apenas para o início da busca. Iniciada a diligência durante
o dia, poderá estender-se pelo tempo necessário a sua conclusão.
A profissão de policial exige, na maioria das vezes, decisões rápidas e imediatas, não
permitindo consultas preliminares capazes de definir seus limites de atuação. O risco é algo
permanente no exercício de seu cargo. Não se trata somente do risco de vida, inerente à
atividade. O risco aqui mencionado é aquele que deve ser colocado à disposição da sociedade
3
a mudança de fusos horários e a decretação do chamado “horário de verão
4
os solstícios de verão e de inverno
na interpretação da norma jurídica, ou seja, você não pode ter o receio de agir em nome da
sociedade ao executar ações de natureza policial.
Por esse motivo vale aqui uma definição lógica e não doutrinária do conceito de dia.
Basta verificar que, se o legislador quisesse estabelecer horário fixo para a entrada na casa
com mandado judicial, assim teria explicitado. Dessa forma, dia e noite se contrapõem. O dia,
de forma geral, se inicia com a claridade natural e se encerra com sua ausência.
que labutam nas áreas agrícolas, na pesca, etc. – exerce suas atividades entre 6h e 18h. Eis a
solução: BOM SENSO, como já dito anteriormente.
Bem, então, mesmo com ausência de claridade, às 16 horas você poderá iniciar a busca.
Finalmente, para que não pairem dúvidas a respeito, às vezes você pode ter ouvido de
algum outro colega “que o juiz expediu o mandado e autorizou, inclusive, a entrada no
domicílio, mesmo à noite”.
Atenção!
Você, como policial, somente poderá atender ordens emanadas de autoridades competentes e
que atendam os preceitos legais. Nesse caso específico, lembre-se de que a ordem judicial,
mesmo que documentada, fere a Constituição Federal, violando princípio fundamental e,
portanto, deve ser ignorada quanto ao aspecto noite.
Embora já citado, você deve lembrar que a busca domiciliar é perfeitamente cabível
para o possível encontro de “qualquer elemento de convicção”, o que lhe garante liberdade
na diligência.
Pois bem, você se recorda que, neste módulo, você já estudou sobre a necessidade de o
policial estar sempre atento a possíveis questionamentos de ordem jurídica sobre a sua ação?
O artigo 240, § 1º, alínea “a” diz que a busca domiciliar será procedida para
“prender criminosos”. Ainda o § 1º do artigo 243 ressalta: “Se houver ordem de prisão,
constará do próprio texto do mandado de busca”.
assim, a entrada somente poderá ser realizada durante o dia, à exceção do morador consenti-la
durante a noite, caso em que se recomenda documentar a autorização de entrada e, se
possível, na presença de testemunhas.
Por esse motivo, orientam-se as autoridades policiais no sentido de, quando efetuarem
representações para a decretação da prisão de qualquer pessoa, também devem solicitar ao
juiz competente fazer constar no próprio Mandado de Prisão as ressalvas que autorizam a
entrada no imóvel do endereço indicado.
O tema é polêmico, “havendo quem sustente, com base na relatividade das liberdades
A medida pode ser realizada com ou sem mandado, a teor do art. 240, § 2º c/c o art.
244 do CPPB. Via de regra, na atividade policial, ela é efetuada sem mandado, pelo seguinte
permissivo legal, do próprio CPP:
A lei processual exige “fundada suspeita” para autorizar a busca pessoal. Assim, não
havendo ao menos indícios a legitimar a atividade policial, a busca será considerada arbitrária
e, por consequência, ilegal.
Assim, como orientação prática, recomenda-se, sempre que for possível, à equipe que
realizará a diligência (busca domiciliar ou pessoal) ser integrada por, pelo menos, uma
policial.
Texto do CPP – Art. 241
Nada impede que o mandado de busca domiciliar seja expedido pela autoridade
judiciária sem a representação da autoridade policial ou do representante do Ministério
Público, ou seja, de ofício.
fundadas suspeitas ou no curso de busca domiciliar. Quando você está trabalhando em uma
barreira/blitz e passa a efetuar buscas nas pessoas e nos veículos, está realizando-as em seu
caráter preventivo, embora em algumas situações resultem em prisão em flagrante delito.
Por outro lado, quando se fala da busca em seu caráter investigativo, em que se
procuram indícios ou provas da prática de um delito criminal e sua autoria, somente os
integrantes dos quadros das polícias judiciárias (civil ou federal) estão autorizados a requerê-
la, com exceção dos procedimentos de ordem militar, pois a investigação criminal a elas
pertence por força de mandamento constitucional. Obviamente que, na execução da busca
investigativa, a autoridade policial poderá contar com o auxílio de outras forças policiais,
entretanto, o comando será seu, até mesmo porque a presidência da investigação está sob sua
responsabilidade.
Embora o artigo 242 do CPP diga que a expedição do mandado poderá ser solicitada a
requerimento de qualquer das partes, torna-se de rara aplicação. Alguns doutrinadores
entendem, por força desse dispositivo, que o investigado, no seu interesse, poderá requerê-lo.
Na prática, quando ainda em fase de investigação, este requerimento é direcionado a
autoridade policial, a qual, sempre em busca da verdade real, analisará a sua conveniência e,
assim entendendo, representará ao juiz competente.
que permitam identificá-lo como sendo aquele em que se pretende realizar a busca, a
divergência do numeral também se torna insignificante.
Os mais cautelosos, desde que não haja prejuízo para a investigação, observando-se
sempre o princípio da oportunidade, normalmente retornam e solicitam a expedição de novo
mandado, já com os dados corrigidos. Não é a melhor saída, mas se você tiver de fazer isso,
adote as providencias para que os indícios e provas não desapareçam. Por outro lado, o
equívoco constatado quando da execução da busca demonstra que algo de errado ocorreu na
fase preliminar, a dos levantamentos iniciais, justificando-se apenas em situações de extrema
dificuldade de acesso ao local, até mesmo com risco aos policiais.
O mandado expedido deve conter o que se busca, ou seja, o que se pretende apreender;
por isso, a autoridade policial deverá expor ao juiz o que pretende obter com a diligência.
Deverá dizer se irá buscar documentos e quais, entorpecentes, armas, etc. Normalmente
orientam-se as autoridades policiais a inserirem em suas representações “e outros elementos
de convicção” relacionados com o crime investigado. Dessa forma o universo da busca torna-
se mais amplo.
Ao recebê-lo da justiça, também deverá atuar com discrição. Não se pode admitir que
esta ordem judicial seja recebida por um funcionário não integrante da carreira policial, sob
pena de ter o seu conteúdo veiculado, ainda que inconscientemente. Lembre-se de que você,
policial, tem uma doutrina diferente dos demais servidores e está preparado para manter o
sigilo e a compartimentação necessárias para o deslinde satisfatório da investigação.
O elemento de corpo de delito é tudo aquilo que esteja relacionado com o fato
criminoso e que possa de alguma forma comprovar sua materialidade, ou seja, a existência do
próprio crime, objetivando a busca da verdade real com o possível esclarecimento de autoria.
Perceba que não é somente a condição profissional que lhe dá a garantia da não
apreensão do documento em seu poder. O advogado tem que estar na condição de defensor do
investigado/acusado para poder usufruí-la.
Existem situações em que o próprio defensor atua na condição de coautor ou partícipe
do crime que está sendo investigado. Em outras, se torna autor de crimes que decorrem da
ação criminosa de seu cliente, entre eles o de receptação (art. 180 do CPB) do produto do
crime e até mesmo de favorecimento real (art. 349 do CPB) e, nessas condições, não gozará,
em nenhuma hipótese, desse preceito legal.
Você já estudou sobre a “fundada suspeita”, mas o que na realidade seria isso?
experiência, é capaz de, muitas vezes, antever o seu acontecimento, suspeitando que aquela
circunstância é, no mínimo, estranha.
Quando você percebe que alguém possa, de alguma forma, por suas atitudes e
condutas em um ambiente específico, estar na iminência de cometer algum ilícito, não pense
duas vezes: aja com seriedade e rapidez. Neste caso, a sua perspicácia poderá evitar o
cometimento de algum crime, estando presente, sem sombra de dúvidas, a “fundada suspeita”.
O termo colocado em questão não encontra uma definição jurídica adequada e por
consequência, cabe a você defini-lo no caso concreto, sempre se utilizando do atributo do
BOM SENSO. Não tenha receios, acredite na sua percepção e, suspeitando, realize a busca
nos moldes legais.
Tema controvertido diz respeito às buscas em veículos. Mais adiante você estudará
sobre esse tema, mas, neste momento, já tenha ciência de que é possível a sua realização sem
mandado judicial, em casos específicos, sendo interpretada como busca pessoal. Por outro
lado, também há momentos em que o veículo está na condição de compartimento habitado,
em que deve ser respeitada a inviolabilidade do domicílio.
Texto CPP – Art. 245 a 250
Como deve ser realizada a busca domiciliar? Essa indagação compreende dois
significados, ou seja, quais as formalidades legais que devem ser observadas numa busca e
quais as atitudes operacionais a serem adotadas pelos policiais no curso de uma diligência
dessa natureza. Nesse momento, será abordado apenas o aspecto legal.
Para a validade da busca, devem ser cumpridas as regras do art. 245 do CPP,
obrigando a leitura, a apresentação do mandado e a intimação do ocupante do imóvel para
abrir a porta antes do início da busca. Há, contudo, situações em que esse procedimento
poderá importar em frustração da diligência ou excessivo risco aos executores. Nessas
situações, conforme será visto mais adiante, a leitura e a apresentação do mandado serão
feitas tão logo a situação esteja sob o controle dos policiais.
Exemplo
Imagine, por exemplo, você chegar para efetuar uma busca domiciliar na cidade de
São Paulo/SP com uma viatura descaracterizada e os policiais não trajados ostensivamente? É
possível, em uma situação destas, que o morador ou o porteiro desconfie se tratar de um roubo
e, dessa forma, recusar-se a abrir a porta. Pergunta-se: Haverá desobediência no aspecto
criminal? Obviamente que não. Por isso, você deve avaliar cada caso e as suas circunstâncias
específicas.
Por outro lado, nessa mesma situação, você poderá arrombar a porta? Sem dúvida,
pois a não abertura espontânea irá trazer prejuízo à diligência. Uma vez dentro do imóvel e
com a situação sob controle, demonstre ao morador que você realmente é um policial e
prossiga lendo e apresentando a ordem judicial. Em seguida pergunte para que apresente onde
se encontra o objeto da busca descrito no mandado (caso especificado).
Sendo determinada a pessoa ou coisa que se procura, os executores deverão intimar o
morador a mostrá-la (art. 245, § 5º, CPP). No caso de entrada forçada, em virtude da ausência
dos moradores, o art. 245, § 4º do CPP determina que a diligência deverá ser assistida por
qualquer vizinho, se houver e estiver presente. Nessa hipótese, a autoridade adotará medida
para que o imóvel seja fechado e lacrado após a realização da busca que, recomenda-se que
seja assistida por duas testemunhas não policiais.
Perceba que a transparência da diligência é fator primordial para uma boa busca com
consequente apreensão. Você já deve ter ouvido falar que, infelizmente, alguns advogados
sempre questionam o trabalho realizado pelos policiais, fazendo inclusive afirmações de que o
que foi encontrado no local da busca é produto da ação tendenciosa da polícia que quer a
qualquer custo incriminar seu cliente. Por essas razões é recomendável, sempre que possível,
que as testemunhas convidadas a acompanhar a diligência não sejam policiais.
em que você não terá possibilidades de encontrar nenhuma testemunha, como em áreas rurais
e/ou isoladas. Nesses casos, faca a busca assim mesmo, consignando essa circunstância no
auto respectivo.
Neste particular, você já deve ter participado de alguma busca domiciliar em que o
morador e as testemunhas convidadas permanecem distantes dos policiais, às vezes até
mesmo fora dos limites da residência. Esse é um procedimento incorreto, já que devem
acompanhar as buscas passo a passo, para se ter a certeza do local e forma como o objeto foi
encontrado.
Mais uma vez lembre-se: NINGUÉM GOSTA DE SOFRER AS AÇÕES DA
POLÍCIA.
Recomendação
Lembra-se da cadeia de custódia? Então leia o que diz o artigo 245 do CPP em seu § 6º:
“Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob
custódia da autoridade ou de seus agentes”.
Com relação às situações de flagrante delito, são pacíficas a doutrina e a
jurisprudência no entendimento de que a busca domiciliar pode ser realizada sem mandado,
mormente nas situações de crime permanente, como é o caso de manter em depósito ou
guardar substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, previsto no
art. 33 da Lei nº 11.343/06.
Somente nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou com
mandado judicial (durante o dia) se pode ingressar em casa sem o consentimento do morador.
Mesmo assim, e no caso de crime permanente, é imprescindível ter a certeza de que o delito
está sendo praticado naquele momento, não se justificando o ingresso no domicílio para a
realização de diligências complementares à prisão em flagrante ocorrida noutro lugar, nem
para averiguação de notitia criminis.
E se o mandado judicial tiver que ser cumprido em outra localidade? O que fazer?
Nos dias atuais, o que se constata é o juiz do feito expedir o mandado a ser cumprido
em outro local fora de sua jurisdição. Quando isso ocorre, é de boa cautela que os policiais
executores do mandado procurem a autoridade judiciária do local da busca antes de efetivar a
medida, caso isso não traga prejuízo à diligência ou logo após, dependendo da urgência. De
qualquer forma, o juiz do local da busca deve ser comunicado, antes ou depois da diligência.
5
http://expresso-noticia.jusbrasil.com.br/noticias/127362/portarias-do-ministerio-da-justica-tentam-disciplinar-
diligencias-da-pf-em-escritorios
6
http://www.legisweb.com.br/legislacao/?legislacao=500453
estaduais, uma padronização para o cumprimento dos Mandados Judiciais de Busca e
Apreensão. Este curso é um dos primeiros passos para atingirmos tal objetivo.
Saliente-se que, aliada a estas Portarias, a Polícia Federal já dispõe de uma Instrução
Normativa interna (IN 11/2001-DG/DPF 7) em que, em um dos tópicos, estão disciplinadas as
atividades de busca e apreensão. Veja a íntegra dessas portarias no material em anexo.
Finalizando...
A casa deve ser interpretada como sendo o local em que o indivíduo se liberta
para, muitas das vezes, sair das regras sociais de comportamento que lhe são
impostas imperceptivelmente, sem ter o receio de ser incomodado ou
observado por qualquer outro. É dentro de casa que o cidadão pode gritar
livremente, ficar despido, deitar no chão, “plantar bananeira”, etc., tudo em
respeito à sua privacidade. Ou seja, em síntese, casa é qualquer compartimento
habitado, não acessível ao público.
7
http://gceap.prpe.mpf.gov.br/folderpdf/instrucao-normativa-11-2001-dg-dpf.pdf/view
de alguém que se suspeita esteja ocultando objetos ou instrumentos de infração
penal. Ela também é limitada por garantias constitucionais, uma vez que
importa restrição à liberdade individual, podendo-se cogitar de eventual
violação à intimidade.
Apresentação do Módulo
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
Entre muitos outros dados que poderiam ser discutidos, serão enfatizados os
momentos de transição de responsabilidade dessa cadeia de custódia.
Como segundo passo pode ser caracterizado como o cuidado que os peritos criminais
ou a autoridade policial – quando não for necessário o exame pericial – devem ter em preparar
o acondicionamento na embalagem correta. Essa preocupação tem dois objetivos: o
acondicionamento em embalagem que propicie o seu completo isolamento, por intermédio de
lacres que garantam a inviolabilidade de seu conteúdo, e a guarda com cuidado técnico, para
que não se perca qualquer informação que possa ser extraída daquele bem ou material
apreendido.
3º passo – Guarda e necessidade de manuseio do material
No terceiro momento de transição da cadeia de custódia, você deve ficar atento para
duas situações:
Primeira, quando não há necessidade de exames periciais e o material
apreendido ficar na delegacia enquanto o inquérito não é concluído. Nesse
caso, a preocupação é manter o material devidamente lacrado em sua
embalagem e, simultaneamente, guardado em local apropriado e seguro. Se
houver necessidade de abrir o lacre para qualquer fim, somente a autoridade
policial é que deverá fazê-lo ou autorizar tal procedimento – tudo isso por ato
formal no inquérito – uma vez que ele é quem detém a responsabilidade pela
manutenção da cadeia de custódia.
A segunda situação é quando o material estiver sob a responsabilidade do
Instituto de Criminalística, para a realização de exames que vão de mandar
manuseio do material. Além dos controles de tramitação formal existentes no
órgão, o perito responsável deverá mencionar essas fases em seu laudo pericial.
Finalizando...
Apresentação do Módulo
Embora os assuntos tratados neste curso sejam de interesse de todos os policiais, neste
módulo você estudará mais detalhadamente sob o enfoque pericial.
Objetivos do Módulo
Estrutura do Módulo
1.1. Constatação
Você já está habituado a ver e sabe que a técnica criminalística determina que num
exame pericial de local, os peritos criminais só podem considerar nos seus estudos e laudo
pericial aqueles vestígios que diretamente foram constatados (encontrados) pelos próprios
peritos. Os motivos técnicos para tal são vários e não cabe ser discutido neste curso. Você só
está estudando esse assunto para compreender a diferença para as situações de busca e
apreensão.
Na aula 2 você estudará que, para cada um desses locais, existem certas sensibilidades
e peculiaridades técnicas a que você precisa estar atento, requerendo dos peritos que vão
compor essa equipe de busca a especialização necessária aos eventuais exames que serão
feitos. Exemplo: a busca em computadores deverá ser um especialista em informática.
Para qualquer um dos subitens específicos que você estudará adiante, existem certos
exames e observações que são comuns a todos. Em uns eles podem ter maior ou menor
relevância dentro do contexto geral dos exames, mas em todos os peritos devem assim
proceder, sempre de forma cautelosa e minuciosa.
Ende reço
Pode parecer corriqueiro, mas você, perito, sabe que ter a certeza absoluta sobre o
endereço é de fundamental importância. Em muitas situações pode parecer fácil conferir.
Todavia, você vai encontrar casos em que, somente as coordenadas geográficas, marcadas
através de um GPS, serão capazes de estabelecer essa garantia.
As razões de os peritos criminais buscarem essa certeza sobre o endereço parece óbvia
e dispensa maiores comentários.
Descrição da área
A descrição da área aqui mencionada inicia-se nos limites físicos do local em si e deve
se expandir até onde os peritos criminais entenderem – para o caso em questão – necessário.
Isso pode levar essa descrição de área até distâncias significativas, especialmente se exist irem
estradas, rios, matas, e outras topografias que possam ser relevantes para a investigação.
Mas coisas básicas, como dizer sobre a topografia do terreno, sobre a existência ou
não de iluminação artificial, sobre a existência de outras construções ou se nada existe de
edificação, sobre ruas, estradas, trilhas ou estações de trem ou metrô, rios, etc. devem constar
posteriormente do laudo pericial.
Em segundo, essa seleção do que será descrito, e até o próprio limite físico dessa área,
também vai depender das necessidades para a investigação. O importa nte é que você esteja
consciente de que a descrição da área adjacente ao local, em princípio, é sempre relevante.
Exemplo:
Você está diante de uma investigação de tráfico de drogas com uma morte a
esclarecer. Os policiais descobrem que uma casa na periferia da cidade – já em ambiente
rural – pode estar sendo utilizada como ponto de estoque dessa droga. Sobre a morte que está
sendo investigada, as únicas certezas até o momento são que a vítima pertencia à mesma
quadrilha de traficantes e que foi encontrada na margem de um rio, junto a materiais
orgânicos acumulados pela sua correnteza, em um ponto distante, aproximadamente, três
quilômetros da casa.
Comentário sobre o exemplo
Veja você que essa informação dos peritos criminais, sobre o uso da estrada por
veículos naquele trajeto é extremamente significativo, pois isso poderá ser comprovado com
mais investigações de que a droga chegava e saia naquela casa pelo rio, desencadeando, com
isso, novas investigações sobre os tipos de navegações que circulavam naquele rio, entre
outros dados.
Pode também ser o elo que faltava para fechar a dinâmica da morte que está sob
investigação. Supondo encontrar outros vestígios dentro da casa (tipo sangue da vítima) e
ponto de encontro do rio com a estrada (local de possível “desova” da vítima), os peritos
estarão trazendo para a investigação a certeza de que a morte ocorrera dentro da casa e, na
sequência, seus autores transportaram a vítima de carro – pela mencionada estrada – até o rio
e lá a jogaram na correnteza. O corpo deslocou-se com a força das águas até o ponto em que
foi encontrado.
Bem, agora sim você estudará sobre o local da busca propriamente dito. E, quando se
fala de local, isso envolve desde seus meios de acesso e fachada externa até a descrição
interna de cada cômodo do ambiente em questão.
Também cabe aqui o mesmo princípio. Os peritos criminais anotam – durante o exame
– todos os dados, a fim de embasar uma descrição do local no grau de aprofundamento que
cada um dos cômodos merece no contexto geral da investigação.
Então, agora é possível você estudar especificamente cada caso. Observe que será
chamada a atenção para coisas mais prováveis de serem encontradas nesses locais. Mas como
esse é um local onde os peritos criminais estarão trabalhando simultaneamente com outros
policiais, é importante que você saiba que em criminalística existem sempre duas situações
em relação ao que se poderá constatar:
Exemplo
O delegado, ao apreender um contrato de uma transação comercial, após embalar e
lacrar despachará no inquérito ou ordem de serviço que o referido contrato seja entregue em
algum outro setor da polícia. Certamente serão outros funcionários que farão essa tarefa, e
eles devem ter plena instrução de como fazer isso sem violar ou deixar qualquer dúvida sobre
o caminho que o documento vai percorrer até chegar em seu destino.
Da mesma forma, quando os peritos chegam ao Instituto de Criminalística com algum
objeto recolhido em local de busca e apreensão, já devidamente lacrado, darão os
encaminhamentos internos para que outros setores da criminalística façam os exames
especializados. Esse caminho também será feito por algum funcionário a partir de rotinas que
já devem estar previamente estabelecidas, visando garantir sempre o transito desse objeto sem
qualquer dúvida sobre o seu manuseio e/ou origem.
Você tem pleno conhecimento do quanto é fácil perder um arquivo que está sendo
manuseado no computador ao tentar acessar comandos inadvertidamente, tamanha é a
complexidade e variedade de opções que nos apresenta.
Tudo isso se torna ainda mais sensível se o suspeito se encontra no local. Os policiais
que farão a entrada de segurança e respectivo domínio do ambiente precisam ficar
extremamente vigilantes para as pessoas que estiverem próximas de computadores, pois um
simples teclar (os infratores – por serem também especialistas no assunto – previamente
preparam essas “bombas” de mascaramento) poderá acarretar a perda de uma série de
informações que estavam presentes naquele momento e que seriam valiosas para a
investigação.
Assim, nesses locais, os peritos criminais devem ser os profissionais a entrarem logo a
seguir do primeiro grupo de domínio, visando garantir a preservação das possíveis
informações que estejam armazenadas em meios magnéticos.
É um tipo de local que demandará muito tempo para procurar por todos os
documentos que venham a caracterizar tais ilícitos. Em princípio, qualquer crime dessa
natureza vai gerar as suas consequências (documentos = vestígios), em que a dificuldade
maior normalmente é encontrá- los, já que os infratores vão procurar ocultá-los ao máximo.
2.4. Lavagem de dinheiro
Em casas de câmbio busca-se normalmente por dinheiro (em moeda nacional e/ou
estrangeira) e documentos de possíveis registros de transações financeiras, tais como remessa
ilegal de dinheiro para o exterior.
Também você vai encontrar dificuldades na busca, pois seus infratores procurarão
esconder esse dinheiro ou documentos.
Exemplo:
Alguém mata uma pessoa com um tiro de pistola. A cápsula vai ejetar e o agressor,
para não deixar aquele vestígio no local, se desloca até onde está a referida cápsula para
apanhá- la. De fato ele eliminou um vestígio, todavia deixou um outro também muito
importante, que é a marca do solado do seu tênis no solo, capaz de identificá-lo diretamente
como presente na cena do crime.
Então, como você pode ver, a principal peculiaridade nos locais de crimes contra a
vida é a multiplicidade de possibilidades que os peritos criminais poderão encontrar.
Também aqui o planejamento prévio é fundamental para se buscar com eficiência tudo q ue
possa ser encontrado naquele local de interesse da investigação.
2.7. Exercício ilegal da profissão
Como você sabe, qualquer profissão de nível superior tem atribuições que lhe são de
competência exclusiva. Assim, uma cirurgia só pode ser feita por um médico. O enfermeiro,
por mais que saiba fazê- la, em função do conhecimento prático, está proibido por força de lei.
Uma perícia contábil é atribuição exclusiva do bacharel em ciências contábeis, não podendo
fazê-la o economista. E assim sucessivamente.
Quando você for efetuar uma busca num local dessa natureza, a principal característica
é a existência de materiais, equipamentos e outros bens que estão diretamente relacionados ao
exercício daquela profissão. Num escritório de contabilidade vão encontrar um livro de
registro de entrada de mercadoria de algum cliente e coisas do gênero; num consultório
dentário, uma cadeira própria e diversos outros equipamentos peculiares a tal atividade.
Você sabe que jogos de azar, realizados mediante a aposta remunerada, são proibidos
no Brasil e, portanto, o local onde são realizados interessa à investigação, e há certamente
muitas coisas a serem descobertas numa busca e apreensão.
Qual seria o objetivo central de uma busca e apreensão nesses locais?! Claro que seria
a comprovação da suspeita de que naquele local estejam se desenvolvendo jogos com apostas
remuneradas.
Então, a peculiaridade principal desses locais é a facilidade com que seus apostadores
podem modificar a situação e descaracterizar a existência de jogos. Por isso q ue a tomada de
um local desses é de fundamental relevância, onde deve atuar uma equipe de policias em
número suficiente para o seu domínio. Nesse caso, não tanto pela necessidade de segurança,
mas para manter intacto o ambiente e os meios de apostas sobre as mesas e balcões, visando o
imediato exame pelos peritos criminais.
Isso vai evitar que algum dos apostadores ou dos responsáveis pelo local modifiquem
ou misturem as cartas de um jogo, p.ex., uma vez que é preciso, logo na seq uência, que os
peritos criminais analisem cada mesa de aposta para caracterizar o tipo de jogo que ali se
desenvolvia e, segundo, que tipo de aposta, a partir de dinheiro porventura utilizado
diretamente, ou por intermédio de fichas previamente valoradas.
Quando for encontrada ficha como meio de pagamento das apostas, naturalmente a
equipe deverá saber que no local existe uma tesouraria e que também precisará ser periciada,
para levantamento de tudo que estiver em seu interior.
Este é um local também muito conhecido de todos e você já sabe o que procurar, mas
a atenção maior está voltada para a localização das drogas no ambiente onde se desenvolve a
busca. Esta é a principal característica: a ocultação das drogas em embalagens camufladas e
que podem dificultar enormemente as buscas.
Esse é um local onde todos os integrantes da equipe devem ficar muito atentos para
essas camuflagens, procurando nos locais prováveis e improváveis.
Verificando a realidade
Em muitas academias de polícia existe exposição de embalagens utilizadas para acondicionar
drogas. Se tiver oportunidade, faça uma visita a um desses locais. Será muito didático para
ilustrar o que foi estudado sobre locais e embalagens improváveis.
Outro aspecto importante nesses locais é que a perícia faça um rigoroso registro do
exato local onde a droga foi encontrada, a fim de evitar qualquer dúvida sobre a origem dela e
possíveis descaracterizações na fase do contraditório do processo criminal.
Atenção especial procure dar quando estiver diante de uma situação de busca e
apreensão em um local onde esteja funcionando algum laboratório de drogas clandestino.
Nesses locais, além de drogas já processadas e/ou embaladas para comércio, vários
outros objetos e produtos poderão estar presentes, como os reagentes químicos utilizados no
refino. A própria embalagem desses produtos é elemento de prova e você deve levar em
consideração. O local, com sistema de bancadas (mesmo que improvisadas) e equipamentos
utilizados no processo de produção da droga também são relevantes.
O exame em um local dessa natureza pode ser muito rico em objetos, instr umentos,
equipamentos e reagentes químicos. Por isso, torna-se importante a apreensão daquilo que for
possível e o que não for, ficar rigorosamente caracterizado pelo respectivo exame pericial,
visando agregar ao processo o máximo de informações sobre o local.
Sobre esse assunto existem vários tipos de falsificações e engodos que podem
caracterizar os crimes contra a fé pública, sendo os principais deles os documentos públicos e
a contrafação de moeda.
Os policiais necessitam conhecer com detalhes o tipo de fraude que costumam ocorrer
para saber o que procurar. Claro que deverão estudar a forma e o conteúdo normal desses
documentos, a fim de dominarem com segurança os conhecimentos necessários para essas
avaliações preliminares no próprio local, visando a apreensão somente dos documentos que
interessam à investigação.
Atenção: Outra peculiaridade comum nos crimes contra a fé pública é que essas
fraudes podem ocorrer tanto no endereço dos infratores como no órgão púb lico que
monopoliza o controle desses bens, como em cartórios, DETRANs, etc. Nesses casos a busca
deve ser simultânea.
Esse é um tipo de crime que ocorre com relativa incidência e, portanto, pode gerar
muitos mandados de busca e apreensão. Vários são os documentos produzidos para
determinar a posse de um veículo e seus controles junto ao sistema de trânsito.
Também aqui a possibilidade é muito grande de que tais fraudes ocorram por
intermédio de quadrilhas organizadas com funcionários, a fim de fazer os registros
fraudulentos dentro do sistema.
Então, a grande peculiaridade dessa busca é que ela pode também ser feita no
endereço do infrator e no órgão de trânsito. Especialmente quando não se tem nada suspeito
dentro do órgão de trânsito, procure ficar muito atento na busca no endereço do infrator, pois
ali você poderá estar reunindo elementos para obter indícios de que um novo mandado deverá
ser solicitado para implementar nova busca dentro do órgão de trânsito. Nesse caso, analise o
grau de sigilo e da oportunidade e procure conseguir o mandado ainda enquanto se encontra
no endereço do infrator.
Ao executar uma busca no órgão de trânsito, tente ser o mais objetivo possível, no
sentido de procurar os documentos que realmente interessam a sua investigação, uma vez que
se trata de um local onde ficam armazenadas imensas quantidades de papéis e documentos.
É importante obter a relação dos funcionários por setor, a fim de que possa atribuir-
lhes eventuais responsabilidades.
Busca e apreensão em local de produção de moeda falsa você pressupõe que vai
encontrar moeda falsa! É muito provável que sim, mas também muitos outros objetos poderão
ser encontrados, inclusive moeda idônea, petrechos utilizados, tais como papel, tintas,
produtos químicos para lavagem de outras cédulas autênticas de menor valor ou de circulação
inativa, fotolitos, programas de computador no disco rígido e em CDs/DVDs, impressoras,
assim como documentos que possam indicar compras de materiais correlacionados.
Você chegou ao final deste primeiro curso de busca e apreensão, pelo qual você já
pode compreender que o assunto é bastante abrangente e requer dos profissionais de
segurança pública uma atenção especial para o cumprimento das suas regras e procedimentos,
tudo no interesse de que você se prepare adequadamente para executar satisfatoriamente uma
missão dessa natureza.
Mas, você deve ter notado que o estudo do tema ainda não foi completado. Você
estudou neste primeiro curso os fundamentos básicos, tanto os de natureza legal quanto
técnica; no entanto, fica nosso convite para que se matricule no segundo curso, onde todo o
assunto será esgotado e discutido com você.
Agora que terminou o curso, aproveite até a data das inscrições dos novos cursos para
revisar todo esse material, pois tudo isso será fundamental para dar continuidade nos assuntos
do segundo curso.
Referências Bibliográficas
ESPINDULA, Alberi. Perícia criminal e cível. 3ª. ed. Campinas: Millennium Editora,
2009.
DOREA, Luiz Eduardo Carvalho; STUMVOLL, Victor Paulo; QUINTELA, Victor.
Criminalística. 3ª. ed. Campinas: Millennium Editora, 2006.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2005.
AURELIO Buarque de Holanda Ferreira. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa.
Versão eletrônica (corresponde à 3ª. edição, 1ª. impressão). Editora Positivo. 2004.