Empreendimentos Industriais - APOSTILA
Empreendimentos Industriais - APOSTILA
Empreendimentos Industriais - APOSTILA
Disciplina:
EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS
2012
ENGEWEB.ENG.BR
SUMÁRIO
1 EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS .................................................................................................... 3
1.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO................................................................................................................ 3
1.1.1 Um breve histórico ................................................................................................................... 4
1.1.2 Conceitos fundamentais ........................................................................................................... 5
1.1.2.1 Planejamento .................................................................................................................................................... 5
1.1.2.2 Estratégia .......................................................................................................................................................... 5
1.1.2.3 Tática ................................................................................................................................................................ 5
1.1.3 Elaboração do planejamento estratégico .................................................................................. 6
1.1.3.1 Formulação dos objetivos organizacionais ..................................................................................................... 6
1.1.3.2 Análise interna das forças e limitações da empresa........................................................................................ 6
1.1.3.3 Análise externa................................................................................................................................................. 6
1.1.3.4 Formulação das alternativas estratégicas ........................................................................................................ 6
1.1.4 Planejamento estratégico e estratégia empresarial ................................................................... 7
1.1.5 Planejamento estratégico e sua viabilização ............................................................................. 8
1.1.6 Algumas condições para a elaboração do planejamento ........................................................... 8
1.1.7 O futuro.................................................................................................................................. 10
1.2 EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS ......................................................................................................... 10
1.3 METODOLOGIA FRONT-END-LOADING (FEL®) ...................................................................................... 12
1.3.1 Desenvolvimento das fases do front-end loading (FEL 1, FEL 2 e FEL 3) ............................... 15
1.3.1.1 Análise do Negócio (FEL 1).......................................................................................................................... 16
1.3.1.2 Seleção de alternativas e EVTE (FEL 2) ...................................................................................................... 17
1.3.1.3 Planejamento da implantação do empreendimento (FEL 3) ........................................................................ 18
1.3.2 Práticas recomendadas para desenvolvimento do FEL ........................................................... 19
1.3.3 Etapas de engenharia ............................................................................................................ 20
1.3.3.1 Engenharia baseada em índices ..................................................................................................................... 21
1.3.3.2 Engenharia conceitual .................................................................................................................................... 22
1.3.3.3 Engenharia básica .......................................................................................................................................... 22
1.3.3.4 Engenharia de pré-detalhamento – FEED (EPC 0) ...................................................................................... 22
1.3.3.5 Engenharia de detalhamento (EPC 1) ........................................................................................................... 22
1.3.3.6 Engenharia de Suprimentos (EPC 2)............................................................................................................. 22
1.3.3.7 Construção (EPC 3) ....................................................................................................................................... 23
1.3.3.8 Montagem (EPC 4) ........................................................................................................................................ 23
1.3.3.9 Comissionamento, testes e Pré-operação (EPC 5)........................................................................................ 24
1.3.3.10 Partida da Planta (EPC 6) ......................................................................................................................... 24
1.3.4 Gerenciamento da implantação .............................................................................................. 24
1.3.5 Validação de projetos nos Portões de Verificação................................................................... 24
1.3.5.1 Portão 1 .......................................................................................................................................................... 25
1.3.5.2 Portão 2 .......................................................................................................................................................... 25
1.3.5.3 Portão 3 .......................................................................................................................................................... 26
1.4 GESTÃO INTEGRADA DE RISCOS EM PROJETOS DE ENGENHARIA ............................................................. 26
1.4.1 Conceito de Riscos ................................................................................................................ 27
1.4.1.1 CAPEX ........................................................................................................................................................... 27
1.4.2 Conceito de Gestão Integrada de Riscos ................................................................................ 28
1.4.3 Gestão de riscos no contexto do front-end loading.................................................................. 28
1.4.3.1 Gestão de Riscos na Fase de FEL 1 – Riscos do negócio ............................................................................ 29
1.4.3.2 Gestão de riscos na fase de FEL 2 – Riscos das alternativas ....................................................................... 30
1.4.3.3 Gestão de riscos na fase de FEL 3 – Riscos do projeto ................................................................................ 33
2 APÊNDICE A – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 37
PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA 2
ENGEWEB.ENG.BR
1 Empreendimentos industriais
Segundo Houaiss, estratégia é a "arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe
ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance
de determinados objetivos".
Assim as organizações, uma vez definidos seus objetivos, inclusive qualitativa e
quantitativamente, deverão pensar nas estratégias que as levarão a alcançar os objetivos
definidos, dentro da missão assumida.
O planejamento estratégico consiste na análise sistemática dos ambientes externo (política,
tecnologia, economia) e interno (pessoal, know-how, recursos) da empresa, detectando
oportunidades, ameaças, pontos fortes, pontos fracos (a chamada Matriz SWOT - strengths,
weaknesses, opportunities e threats), com a conseqüente definição da missão corporativa,
análise da situação, formulação de objetivos e metas, geração de estratégicas e ações que
permitam o aproveitamento das oportunidades e contornem as ameaças.
A definição clara da missão da empresa, a definição para determinado horizonte, das
estratégias globais, das estratégias funcionais e das políticas, são elementos que devem
constar de um processo de planejamento estratégico competente. A empresa deve
aproveitar, em particular, os casamentos de oportunidades com forças e atacar com energia
as combinações nefastas de ameaças com fraquezas.
Além do compromisso de conquistar e reter clientes satisfeitos, as organizações bem
sucedidas devem estar sempre prontas a se adaptar a mercados em contínua mudança. O
planejamento estratégico orientado ao mercado cumpre exatamente esta função, pois busca
manter uma flexibilidade viável de seus objetivos, habilidades e recursos enquanto mantem
um compromisso com o lucro, o crescimento e sua missão organizacional.
O processo do planejamento estratégico tem o intuito de definir um plano de ação de médio
e longo prazo que leve em consideração acontecimentos passados e do presente como uma
forma de “prever” o futuro dos ambientes internos e externos da empresa. Este
planejamento serve como base para ações que devem ser realizadas no presente para que
se atinjam os objetivos.
Assim, como exemplo, o planejamento estratégico pode concluir que existirá, para atingir os
objetivos planejados, a necessidade de conquista de novos mercados geográficos, auto-
suficiência em matéria prima ou diversificação da produção. Estas estratégias poderiam
gerar decisões do tipo:
• Implantar uma nova fábrica;
• Relocalizar a fábrica; ou
• Expandir a fábrica atual.
Nasce, assim, um empreendimento industrial, com etapas que vão deste as estratégias e
análise do negócio até a partida da planta. O elo de ligação entre as extremidades de um
empreendimento industrial são os projetos industriais multidisciplinares, através do
desenvolvimento da engenharia básica e detalhada.
1.1.2.1 Planejamento
1.1.2.2 Estratégia
1.1.2.3 Tática
Tática é assim como uma estratégia limitada, de curto prazo. Houaiss conceitua tática como
"método ou habilidade para sair-se bem em empreendimentos, disputas, situações de vida
etc.", como em "o time só chegou ao empate depois de mudar de tática".
A empresa define os objetivos globais que pretende alcançar a longo prazo e estabelece a
ordem de importância e prioridade em uma hierarquia de objetivos.
Nesta etapa, faz-se uma análise das condições internas da empresa para permitir uma
avaliação dos principais pontos fortes e dos pontos fracos que a organização possui. Os
pontos fortes constituem as forças propulsoras da organização que facilitam o alcance dos
objetivos organizacionais - e devem ser reforçados, enquanto os pontos fracos constituem
as limitações e forças restritivas que dificultam ou impedem o seu alcance - e que devem ser
superados. Essa análise interna envolve:
• Análise dos recursos (recursos financeiros, máquinas, equipamentos, matérias-
primas, recursos humanos, tecnologia etc.) de que a empresa dispõe para as suas
operações atuais ou futuras
• Análise da estrutura organizacional da empresa, seus aspectos positivos e
negativos, divisão de trabalho entre departamentos e unidades e como os objetivos
organizacionais foram distribuídos em objetivos departamentais;
• Avaliação do desempenho da empresa, em termos de lucratividade, produção,
produtividade, inovação, crescimento e desenvolvimento dos negócios.
Trata-se de uma análise do ambiente externo à empresa, ou seja, das condições externas
que rodeiam a empresa e que lhe impõem desafios e oportunidades. A análise externa
envolve:
• Mercados abrangidos pela empresa, características atuais e tendências futuras,
oportunidades e perspectivas.
• Concorrência ou competição, isto é, empresas que atuam no mercado, disputando
os mesmos clientes, consumidores ou recursos.
• A conjuntura econômica, tendências políticas, sociais, culturais, legais etc., que
afetam a sociedade e todas as demais empresas.
fazer para cumprir as metas definidas. Alguns pontos podem ser enumerados e seguidos,
são eles:
• Gestão de Pessoas – É precisamos definir Organograma com funções definidas;
definir plano de cargos e salários; criar descrição de cargos com procedimentos
operacionais claros de cada função dentro da organização; promover programas de
treinamento e motivação através reuniões técnicas mensais, semanais ou mesmo
com a participação em cursos externos; envolver os gerentes de setores na
execução do plano e definições de metas, pois a meta precisa ser de todos.
• Gestão Financeira – Começa pelo orçamento, que deve ser feito no mínimo
anualmente, buscando quantificar e prever a aplicação de recursos. A gestão das
despesas e receitas deve ser obrigatória. Saber se existe dotação orçamentária para
execução de uma ação é primordial para a confecção de um bom orçamento.
Desenvolvimento e acompanhamento de Fluxo de caixa e a conciliação de contas
também são indispensáveis a uma boa gestão financeira.
• O nível de precisão e detalhe deve ser reduzido, uma vez que o que se busca é a
capacidade de ação rápida.
• O diagnóstico da situação atual da empresa frente ao ambiente externo e a
identificação das ameaças e oportunidades deverão constituir o ponto de partida
para que se atinja a formulação tanto de objetivos como de Planos táticos.
• O objetivo de atingir sempre níveis crescentes de participação de mercado deve ser
analisado sob novo prisma, pois não há relação necessária entre lucratividade e
participação de mercado.
• O processo de planejamento deve ser descentralizado.
• Não inicie o processo pela formalização do Planejamento - esta sempre deverá ser
resultante.
• Comece pelo fim e verifique o que é preciso para chegar lá.
• Sempre planeje com eventos. Os caminhos para atingir os objetivos devem ser
mensuráveis.
• Não estabeleça objetivos que não possam ser monitorados.
• Planeje em módulos. Certifique-se de que os resultados foram atingidos antes de
iniciar a implementação de outro módulo.
• Assegure o tempo necessário para cada evento.
• O desenvolvimento de uma estratégia em si, não é suficiente para determinar o
sucesso de uma empresa.
• A estrutura deve ser ajustada ao Plano formulado.
Enfim, uma característica fundamental, que marca o processo de planejamento estratégico,
é a ênfase maior nos aspectos estratégicos em detrimento de questões formais. Desta
forma, deve-se preocupar menos com a decomposição de políticas e objetivos em rígidos
Planos Operacionais, que por sua vez se decompõem em arranjados orçamentos. O
enfoque deve ser mais em: quais os movimentos estratégicos que devem ser tomados de
forma a se alcançar os objetivos desejados? Como obter vantagens comparativas em
relação à concorrência?
1.1.7 O futuro
O planejamento estratégico da empresa pode gerar modificações em sua rota, que a levarão
a empreendimentos industriais, ou seja, investimentos únicos e com prazo determinado
(CASAROTTO et al, 2006). Esses empreendimentos, normalmente, compreendem
mudanças de menor ou maior porte. Vão desde substituições de equipamentos industriais
ou de linhas de produção até a implantação de uma nova fábrica, a relocação de parte da
Definição da engenharia
FEL
Empreendimentos que
agregam valor ao negócio
Tecnologia Planejamento da
construção
VIP’s
Práticas que
agregam valor
Figura 1.2 – Pilares fundamentais para a competitividade de projetos de capital. (fonte: adaptado de PR-
E-200, Vale: 2008)
1
São todos os interessados no empreendimento que podem influenciar o projeto ou seus produtos. Pessoas,
organizações e público envolvidos, com atribuições no empreendimento e aqueles que são afetados
positivamente ou negativamente pela execução ou encerramento do projeto.
Continua
Cancela / arquiva
Para subsidiar a tomada de decisão no portão, são realizadas avaliações que medem o
nível de desenvolvimento do FEL no momento anterior a cada um dos portões.
Como resultado das avaliações do desenvolvimento do FEL 1 tem-se o Business FEL, que
avalia a definição e o risco do negócio através da análise de quatro áreas distintas: fatores
do planejamento de negócio, características da interface engenharia/negócio, Engenharia
Conceitual e definições técnicas.
Como resultado das avaliações do desenvolvimento de FEL 2 e FEL 3 tem-se o FEL Índex,
que mede o nível de definição do projeto. Ele é composto por três atributos: Fatores
locacionais, grau de definição da engenharia e planejamento da execução. Para a obtenção
de sucesso no desenvolvimento do FEL é necessário que estes atributos alcancem um alto
nível de definição, no momento da aprovação do empreendimento para a implantação.
É intensa a correlação entre os resultados de um projeto e o índice FEL. Aqueles projetos
que atingem níveis superiores de definição para sua autorização estão associados a prazos
de execução mais rápidos, custo mais baixo, e maior previsibilidade tanto para custos
quanto para prazos, conforme representado na figura 1.4.
Figura 1.4 - Influência do grau de definição do FEL no custo e prazo dos empreendimentos, em relação à
média da indústria (1,0). (fonte: adaptado de PR-E-200, Vale: 2008)
Segundo Smith (Apud RAMOS, 2006), os projetos que possuem um bom FEL, uma boa
integração da equipe e um excelente alinhamento estratégico com as partes interessadas
apresentam melhor desempenho se comparados a outros que não contenha todos estes
atributos.
Assim, conclui-se que o desempenho ruim é uma conseqüência típica da implementação de
um projeto de forma diferente do que foi planejado e estimado. O projeto “diferente” é o
“resultado da influência da organização patrocinadora e/ou das empresas contratadas ou de
um planejamento ruim” (RAMOS, 2006).
Conforme apresentado por Smith (Apud RAMOS, 2006), são as seguintes as causas para
gerar projetos “diferentes”:
• Escopo mal definido: crescimento desordenado do escopo durante as execuções da
engenharia de detalhamento, da estratégia de contratação de suprimentos e da
construção e da montagem. Essas mudanças podem afetar o moral da equipe,
reduzindo a produtividade, aumentando a frustração e o retrabalho.
• Integração ruim da equipe do projeto: as expectativas das partes interessadas
podem ser diferentes e isso poderia gerar conflitos, desapontamentos e frustrações.
O efeito pode ser ainda mais prejudicial se houver falta de alinhamento estratégico. A
integração da equipe visa garantir que as partes interessadas estejam de acordo
com o que foi especificado na definição do escopo do projeto (FEL) e aceitem o
plano de execução desenvolvido, o que minimizaria as mudanças durante a
engenharia de detalhamento, construção e montagem do empreendimento.
A fase de FEL é o momento mais adequado para a construção de um plano de
gerenciamento de riscos mais consistente, além do fato de que mudanças nessa fase
representam custos baixos se comparados às fases subseqüentes.
A metodologia proposta é um eficiente instrumento para aplicação em empreendimentos
industriais, devido a vários aspectos:
• Rápido nivelamento na estrutura organizacional dos riscos envolvidos;
• Harmonia entre os produtos das várias disciplinas envolvidas em cada uma das três
etapas;
Segundo Batavia (Apud RAMOS, 2006), após a fase de FEL, devem ser geradas as
seguintes informações mínimas:
• Objetivos do projeto para a organização patrocinadora;
• Estratégia de execução do projeto;
• Definição dos fornecedores para construção, suprimentos e transporte;
• Política ou plano de contratação;
• Estimativas de custos do projeto;
• Estudos sobre os custos do ciclo de vida do projeto;
• Descrição do processo industrial pertinente;
• Plano de locação (preparação do terreno para construção);
• Especificação de materiais;
• Plano de segurança, saúde e meio-ambiente;
• Especificação de equipamentos;
• Escopo do trabalho para as especialidades de eletricidade, instrumentação,
estruturas metálicas e tubulações industriais;
• Cronograma de engenharia, suprimentos, construção, montagem e
comissionamento.
Alternativa 2
Alternativa 3
Oportu-
nidade Empreendimento
Alternativa 4
Alternativa 5
Figura 1.5 – Processo de execução do FEL. (fonte: adaptado de PR-E-200, Vale: 2008)
Quando a empresa identifica uma oportunidade de negócio, procura fazer uma análise
econômica do empreendimento, estimando o valor da sua implantação (custos e receitas),
bem como o período em que o empreendimento dará rendimentos. Isso é feito para as
alternativas possíveis de implantação.
Assim, esta etapa visa identificar, desenvolver e avaliar a oportunidade de investimento
através da análise da atratividade do negócio. É realizada tipicamente pela organização
patrocinadora ou pela empresa cliente com suas respectivas equipes de desenvolvimento
de negócios. Durante este estágio, é determinado o escopo, a viabilidade comercial do
projeto (aumento de faturamento através da geração potencial de vendas), a análise das
conjunturas políticas e econômicas bem como dos custos e riscos para construir e operar o
empreendimento.
Os pontos chaves são a estratégia empresarial e as previsões de mercado (Matriz SWAT:
pontos fortes, fracos, oportunidades, ameaças), identificando como competir, investir e
desenvolver no negócio.
Como principais atividades do FEL 1, temos (VALE, 2008):
• A criação de valor pela identificação de oportunidades de negócios nas áreas de
planejamento, comercial, operação, segurança, meio ambiente, etc.;
• A seleção de tecnologia;
• O plano de negócios da oportunidade (em algumas áreas, denominado business
case, master plan, ou mesmo o plano de vendas para projetos de expansão),
explorando ao máximo a identificação e caracterização do conjunto de alternativas
técnicas para o projeto;
Para que o projeto possa atingir os resultados observados nas melhores práticas, alguns
itens, identificados como fatores críticos de sucesso, deverão ser aplicados durante o
desenvolvimento do FEL (VALE, 2008):
• Continuidade das informações e critérios consistentemente definidos;
• Participação ativa das equipes de construção, suprimentos, operação e manutenção
ou qualquer outra área que possa introduzir mudanças no projeto, com ênfase nas
etapas do FEL 2 e 3.
• Definição das metas de implantação, produtos e subprodutos do empreendimento e
critérios de aceitação dos mesmos devem ter participação ativa os representantes da
unidade de negócios na equipe do projeto, em especial representantes da operação
e manutenção, bem como os representantes da equipe de construção.
• Todos os produtos do FEL 1, 2 e 3 devem ser formalmente documentados e
auditáveis tal que a passagem do desenvolvimento para a construção não implique
em perda de informação ou descontinuidade de definições e/ou funções.
• Sessões periódicas de design review do projeto básico e detalhado envolvendo a
participação ativa de representantes da operação, manutenção e implantação.
Operação
Negócio Alternativas da Implantação Projeto Documentação fabricação, mento,
Detalhado “as built” construção, testes,
do Empreend.
montagem pré-operação
Engenharia Projeto Projeto
Baseada em Conceitual Básico
Índices
Também chamada de FEED (Front End Engineering Design), é a fase onde se visa
melhorar o detalhamento do projeto e promover os ajustes necessários, antes do início da
implementação do mesmo. Atua como “Ponte” entre a engenharia básica (projeto
conceitual) e a implementação do empreendimento.
Normalmente realizada pelo departamento de engenharia do Contratante para grandes
projetos, embora possa ocorrer a participação de empresas de engenharia para esta tarefa.
Usualmente, existe pouca participação das áreas de operação e manutenção das
contratantes, o que pode levar ao aumento de custos de operação e manutenção quando da
partida da planta;
Ao final desta fase, espera-se que aproximadamente 25% do detalhamento do
empreendimento estejam concluídos.
Fase onde são realizadas as obras civis na unidade e a construção dos dutos. Existência de
grandes conflitos entre o pessoal da engenharia, suprimento e construção, com
possibilidade de perda ou inconsistência de informações.
A engenharia de assistência técnica à fabricação e à construção consiste na alocação,
quando requerida pela equipe de gerenciamento da implantação, de profissionais
especialistas para dirimir dúvidas dos fornecedores quanto à engenharia detalhada
desenvolvida e dar assistência na proposição de alterações necessárias para a adaptação
às melhores condições de fabricação, construção e montagem.
Os documentos produzidos nesta etapa serão constituídos de relatórios, atas de reunião e
notas técnicas.
Os serviços de engenharia relacionados nesta etapa devem ser desenvolvidos por
engenheiros especialistas e técnicos (projetistas) adequadamente capacitados.
Fase onde são realizados todos os testes e ajustes finais para a partida da unidade. São
elaborados os planos de manutenção e de operação da unidade, bem como os treinamentos
das áreas de operação e manutenção.
As atividades de engenharia desta etapa consistem do suporte técnico, no local da
implantação, aos futuros operadores da planta e aos supervisores de montagem dos
fornecedores, responsáveis pela execução das atividades de comissionamento de sistemas,
testes em vazio e testes com carga.
Esse suporte será dado por uma equipe multidisciplinar, formada por engenheiros
especialistas e técnicos que tenham participado da elaboração do projeto.
1.3.5.1 Portão 1
1.3.5.2 Portão 2
1.3.5.3 Portão 3
A gestão integrada de riscos tem seu foco está concentrado na fase de desenvolvimento
(FEL) do projeto. A elaboração e desenvolvimento do FEL é responsabilidade da unidade de
1.4.1.1 CAPEX
Gestão integrada de riscos é a disciplina que faz com que se prospere em circunstâncias de
grandes incertezas. Esta é entendida como um procedimento geral para a resolução de
riscos. Ou seja, quando for aplicada a gestão de riscos em alguma instância, as possíveis
conseqüências são todas possíveis. O risco é apresentado de alguma forma e em algum
grau na maioria das atividades humanas e é caracterizado por ser parcialmente conhecido,
mudar com o tempo e ser gerenciável no sentido que uma ação humana pode ser aplicada
para mudar a sua forma e o grau do seu efeito. O processo de gestão de riscos inicia com
incertezas, preocupações, dúvidas e desconhecimentos que se transformam em riscos
aceitáveis sobre uma base quantitativa.
A gestão de riscos foi difundida, estudada e utilizada, principalmente, nas áreas de saúde,
finanças, seguros e gestão de portfólio. Nestas áreas a gestão de riscos é o negócio em si.
Todos os projetos nessas áreas tratam riscos, pois os lucros dependem de oportunidades
atrativas, balanceadas por riscos bem calculados.
Em investimentos de capital, a gestão de riscos é um mecanismo eficaz para minimizar
falhas de projeto, evitar fatalidades e retrabalho, além de implementar a estabilidade,
confiabilidade e competitividade dos empreendimentos.
Atualmente, o tratamento dos riscos em projetos evoluiu, passando de uma análise dentro
do modelo de desenvolvimento, para se tornar uma gestão que deve permear todos os
processos do ciclo de vida do empreendimento.
Figura 1.7 – Evolução da gestão de riscos durante a fase de desenvolvimento de um projeto (Fonte:
adaptado de PR-E-230, Vale:2008)
Plano de Negócios
Identificação
de falhas
fatais
FEL 2
Alternativa 1 Pré-viabilidade
Alternativa 2
Seleção da
Engenharia conceitual CAPEX / OPEX alternativa
(...)
Tabela 1.1 – Índices envolvidos na Análise de Riscos Locacionais (fonte: VALE, PR-E-232 / B, 2007)
Proximidade a comunidades
Interferência com grupos sociais específicos
Desenvolvimento socioeconômico
Interferência com patrimônio histórico e cultural
Passivos socio-ambientais
Fatores gerais
Meio ambiente
relacionados à
Clima
localização
Atividade sísmica
Riscos das Direitos de uso do solo
alternativas Oferta de energia
locacionais Fatores políticos
Conflitos armados
Extensão da área inundada
Fatores Volume do reservatório
específicos Distância à primeira concentração populacional ou instalações à jusante
para Diferença de cotas entre a superfície do reservatório e a concentração
localização de populacional ou instalações a jusante
barragens Tipo construtivo da barragem
Altura da barragem
Tabela 1.2 – Índices envolvidos na Análise de Riscos do Processo (fonte: VALE, PR-E-232 / B, 2007)
Energia liberada na reação principal
Reações Maior energia liberada nas reações secundárias
químicas Interação química acidental com outros materiais
Chemical inherent na área de processo
Safety Index (CISI) Inflamabilidade
Substâncias
Explosividade
utilizadas no
Toxicidade
processo
Corrosividade
Volume de materiais classificados no processo
Volume de materiais classificados em utilidades e infra-estrutura
Temperatura
Pressão
Inherent Safety Equipamentos de processo
Equipamentos de utilidades e infra-estrutura
Index (ISI)2
Tecnologia
Status da engenharia
Base de definição dos balanços de massa e
Process inherent
energia
Safety Index (PISI)
Tratamento de resíduos e emissões
Confiabilidade e Especificação dos insumos do processo
operabilidade do Características dimensionais e capacidade do
processo processo
Confiabilidade
Testes e verificação do processo
Base de definição da meta de disponibilidade
Base de definição da meta de ramp-up
Propriedade industrial
2
Para os índices relacionados aos riscos do processo, adota-se, conforme sugerido no procedimento PE-E-232/B
da VALE (Gestão integrada de riscos em FEL 02 – Riscos das alternativas), a definição internacional do
Inherent Safety Index, ISI, desenvolvido por Heikkilä e Hurme em 1996 e 1999. Os 12 parâmetros envolvidos no
ISI são selecionados para representar um grande conjunto de processos (reação, separação, etc). Muitos dos sub-
índices podem ser facilmente estimados a partir das propriedades das substâncias envolvidas ou baseados nas
condições operacionais.
Tabela 1.3 – Índices envolvidos na Análise de Riscos de Execução das Alternativas (fonte: VALE, PR-E-
232 / B, 2007)
Complexidade das interfaces (para montagem, integração e
testes)
Fatores relacionados à
Técnicas de construção
construção
Riscos de Disponibilidade local de empreiteiras e montadoras
execução das Qualificação das empreiteiras e montadoras disponíveis
alternativas Empacotamento e modalidade de contratação
Fatores relacionados à
Percentual do CAPEX em equipamentos
estimativa e
Meta de partida
planejamento
Complexidade do cronograma
O Relatório de Análise de Riscos das Alternativas não deve ser um documento extenso. Ele
serve para registrar o quadro comparativo das alternativas, os riscos identificados nas
alternativas, o processo de análise (metodologia e grupo de trabalho), a alternativa
selecionada e o plano de gestão dos riscos da alternativa selecionada. O relatório deve
referenciar todos os documentos que serviram de entrada à análise, bem como as restrições
e limitações do estudo e as recomendações para estudos futuros ou ações complementares.
Todas as informações resultantes da análise devem estar contidas nestes registros e devem
ser claras e compreensíveis, principalmente para pessoas que não participaram da equipe
envolvida no estudo.
Ameaça
Ameaças
Falha fatal
RISCOS
Oportunidade
Figura 1.10 – Conceito de riscos.
3
A ameaça é um risco não intencional que pode ocorrer de maneira inesperada e tem um efeito negativo sobre o
projeto. Além disso esta ameaça pode ser uma falha fatal, ou seja, caso venha a ocorrer pode impedir a
continuação do empreendimento definitivamente; ou não fatal, que tem apenas um efeito negativo (perda) ao
projeto, normalmente elevando os custos e/ou atrasando as atividades.
4
A oportunidade é um risco intencional em que a equipe do projeto assume a sua ocorrência objetivando o efeito
positivo (ganho) que o mesmo pode proporcionar ao projeto.
VPL
Estimativa do CAPEX
5
Piping and Instrumentation Diagram, ou Diagrama de Instrumentação e Tubulações. Representação
esquemática de todas as tubulações, vasos, válvulas, filtros, bombas, compressores, etc, do processo. Os P&ID's
mostram todas as linhas de processo, linhas de utilidades e suas dimensões, além de indicar também o tamanho e
especificação das tubulações e válvulas, incluindo toda a instrumentação da instalação.
6
Process Flow Diagram, ou Fluxograma de Processo. É a representação esquemática do fluxo seguido no
manuseio ou na transformação de matérias-primas em produtos intermediários e acabados. É constituída de
equipamentos de caldeiraria (tanques, torres, vasos, reatores, etc); máquinas (bombas, compressores, etc),
tubulações, válvulas e instrumentos principais, onde devem ser apresentados dados de pressão, temperatura,
vazões, balanços de massa e de energia e demais variáveis de processo.
7
São os pontos do processo, localizados através dos fluxogramas de processo e diagramas de instrumentação e
tubulações que serão analisados nos casos em que admitam desvios.
8
São palavras simples utilizadas para assegurar que as questões que são levantadas para testar a integridade de
cada componente da instalação explorarão qualquer maneira possível na qual possa ocorrer o desvio de uma
dada intenção de operação.
9
Os desvios são afastamentos das intenções de operação, que são evidenciados pela aplicação sistemática das
palavras-guia aos parâmetros do processo em cada nó-de-estudo (p. ex., mais pressão), ou seja, são distúrbios
hipotéticos com relação ao equilíbrio do sistema.
Estimativa do CAPEX
Figura 1.12 – Momento ideal de aplicação da análise de segurança e operabilidade (fonte: VALE, PR-E-
235: 2006)
A aplicação mais eficaz do HazOp ocorre quando o estudo é desenvolvido com base no
projeto básico, com os P&ID’s, PFD’s, diagramas elétricos unifilares, arranjos e
especificações técnicas dos principais equipamentos concluídos e definitivos. Neste ponto o
sistema está suficientemente definido para permitir respostas significativas às questões
emergentes do procedimento do HazOp. Além do mais, neste ponto, qualquer alteração que
necessite ser realizada, em função dos riscos analisados, pode ser feita com um custo mais
baixo, se comparado àqueles na etapa de detalhamento e construção do projeto, evitando
com isso que modificações tenham que ser feitas após a definição das metas do projeto.
Estudos da IPA® demonstram que, em média, projetos que não passam por uma análise
HazOp formal na fase de desenvolvimento realizam 3% a 6% de desvios no custo total de
implantação. Isto ocorre porque várias necessidades de segurança e operabilidade são
observadas no comissionamento e entrega à operação o que introduz custos que não foram
previstos na estimativa autorizada para implantação.
A execução de análises de segurança e operabilidade permite:
• Elevar a segurança do projeto, com relação à integridade física das pessoas
(funcionários e comunidades), proteção dos ativos físicos e meio ambiente;
• Elevar a confiabilidade /continuidade do processo, mitigando os riscos de perdas
operacionais;
• Verificar a efetividade da instrumentação de segurança do projeto;
• Verificar /adequar os arranjos de equipamentos: distâncias seguras, medidas de
mitigação, ergonomia e proteção a incorporar no projeto;
• Verificar restrições ou problemas de operação e manutenção com relação ao projeto
atual;
• Verificar a segurança dos procedimentos planejados para operação de um processo;
• Desenvolver uma lista de questões (check-list) a serem apresentadas ao fornecedor
de determinada tecnologia;
• Implementar um processo de aquisição e representação do conhecimento no
domínio dos processos e instalações industriais nos diversos segmentos de negócios
da empresa.
HELMUS, Frank Peter. Process Plant Design - Project Management from Inquiry to
Acceptance. Wiley-VCH Verlag GmbH & Co: KGaA, Weinheim, 2008.
ROSAS E SILVA, Diva Martins. Aplicação do método AHP para avaliação de projetos
industriais. Tese. PUC-RJ. 20/08/2007.
VALE. PR-E-232 - Gestão Integrada de Riscos em FEL 2 - Riscos das Alternativas. Rev.
0. Belo Horizonte, 2007.